Texto lido pelo presidente Francis Bogossian
na missa de 30º dia de João Américo, realizada no auditório da AEERJ em 11/10/2012
João Américo
Empreiteiro. Era o que ele era e se orgulhava de ser. Foi voto vencido quando a AEERJ decidiu
alterar a razão social substituindo a palavra “Empreiteiro” por “Empresas de Engenharia”. Ele se
orgulhava das obras que administrou, principalmente do Sambódromo. Durante os mais de 40 anos de
vida profissional trabalhou em apenas três grandes empreiteiras do Rio, Cobe-Companhia Brasileira de
Estruturas, Esusa Engenharia e Construções e Carioca Engenharia e uma paulista, a Passarelli.
Extremamente fiel as empresas que trabalhava, era um empreiteiro nato, conhecia tudo e todos. Sabia
quem eram os sérios e os desonestos. E gostava de contar estórias e fazia-o muito bem.
Mas em primeiro lugar vinha a família. A Vera, as filhas e netos era o que mais amava.
O bom humor era sua marca registrada, mesmo nestes últimos anos depois da descoberta da
doença. Sempre alegre e brincalhão, mas ao mesmo tempo sério e firme nas suas opiniões. Era difícil
fazê-lo mudar de opinião.
Conhecia a AEERJ desde sua fundação, mas foi na segunda gestão de Ivan da Costa Pinto, entre
1989 e 1992, que teve uma atuação efetiva, como vice-presidente da Associação. Seu envolvimento
maior, no entanto, se deu a partir de 1996 quando fui eleito presidente da AEERJ e trouxe João Américo
de quem era amigo a vida toda, para ser o diretor administrativo-financeiro. Com ele na administração
financeira da AEERJ sabia que não precisaria me preocupar e poderia ficar livre para trabalhar para
fortalecer e tornar a entidade mais respeitada junto ao poder público e as outras entidades de classe do
setor.
Com a morte de Haroldo Guanabara, convidei-o para assumir o cargo de Diretor Executivo da
AEERJ, já que estava se afastando das funções de diretor de empreiteira. Era um momento difícil para as
construtoras do Rio. O volume de obras tinha caído muito. Nos orçamentos das obras não estavam
incluídos os impostos, despesas indiretas e muito menos o lucro das empresas. Os atrasos de pagamento
eram uma constante e os juros bancários exorbitantes. Ingredientes da receita perfeita para a falência
das empresas. Muitas empresas sérias com ótimas equipes fecharam suas portas. João Américo sempre
lamentava isto. E a AEERJ só não fechou também porque ele assumiu as rédeas. Na época nossa quebra
de braço foi grande. Enxugou a AEERJ o mais que pode, reduzindo o número de funcionários, contratos
de prestação de serviço e acompanhando com lupa as receitas e as despesas. E deu certo. A Associação
conseguiu superar aquele momento difícil graças a João Américo.
Em entrevista a revista Construir ele confirmou “Eu estava habituado a trabalhar pelos interesses
de uma empresa. A Associação me deu oportunidade de trabalhar para todas as empreiteiras. E o
melhor, conseguir avançar nesses objetivos, o que me dá uma grande satisfação pessoal”.
João Américo deixou-nos em um momento excepcional para o Rio. Na posse da última diretoria
em 2011, já doente, festejava: “Nunca vivi momento similar. O desenvolvimento do Estado está sendo
bom para as empresas de maneira geral e, isto se reflete no número de associados da AEERJ, perto de
200”. Quando ele assumiu a diretoria executiva da AEERJ em 2004 eram 90 empresas.
Mas mesmo com o caixa da AEERJ folgado não abria a guarda. Gastar dinheiro era inadmissível.
Conseguir que ele aprovasse alguma despesa era uma áfrica. Na última entrevista que deu a revista
Construir deixou um recado: “A prudência é uma importante característica dos vencedores. Este é um
dos segredos da Carioca Engenharia, que foi uma grande escola pra mim. É preciso estar sempre atento
para os custos das obras (insumos e mão de obra). E, além disso, é necessário se associar à AEERJ e
manter atuante a entidade que defende os interesses da categoria.”
Ele ficará sempre na memória de todos nós.
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