ANÁLISE DA EVOLUÇÃO E AS MODIFICAÇÕES DOS SETORES-CHAVE DA ECONOMIA BRASILEIRA NO PERÍODO 1996, 2001 E 2005 LAERTE RODRIGO ALTENHOFEN1 MARIA DA PIEDADE ARAÚJO2 Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo identificar setores-chave na economia brasileira no que diz respeito aos índices de ligação para frente e para trás, Rasmussen-Hirschman. Desta maneira fez-se uma análise evolutiva das modificações entre os setores no período 1996, 2001 e 2005. Os resultados demonstraram que o país apresentou alteração da dinâmica da economia. Houve um decréscimo de setores-chave nas duas formas de análise, restrita e menos restrita. Foram identificados a presença de quatro setores dinâmicos, Siderurgia, Papel e gráfica, Elementos químicos e Refino de petróleo. O setor Agropecuária apresentou queda expressiva em seu índice, o que indica que o país passou a depender menos desta atividade para crescer e desenvolver, embora ainda seja muito influente na economia. Os segmentos industriais como automobilístico, construção, bens de capital e consumo, e segmentos ligados a serviços, dentre eles telecomunicações, energia e transporte apresentaram ganho significativo na composição industrial. Palavras-Chave: insumo-produto, setores-chave, Rasmussen-Hirschman, economia brasileira. Abstract: The goal of this study is to identify key sectors in the Brazilian economy with regard to rates of Rasmussen-Hirschman backward and forward linkages. In this sense it was an evolutionary analyzed of changes between sectors in the period 1996, 2001 and 2005. The results showed that the country had change the dynamics of the economy. There was a decline of key sectors in the two methodological of analysis, restricted and less restricted. There was identified the presence of four dynamic sectors, steel, paper and printing, chemical elements and oil refineries. The agricultural sector showed significant drop in its index, which indicates that the country became less dependent on this activity to grow and develop, although it is still very influential in the economy. The industrial segments like automobile, construction, capital goods and consumption, and segments related to services, including telecommunications, energy and transport showed significant gains in industrial composition. Keywords: input-output, key sectors, Rasmussen-Hirschman, Brazilian economy. 1 Aluno do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Cascavel. Bolsista do Programa de Iniciação Científica. Rua Academia, 1346, Jardim Universitário, Cascavel – PR. CEP: 85819-110. [email protected] 2 Dra. em Economia Aplicada pela ESALQ/USP, Profa. Adjunta do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Cascavel. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Economia Aplicada – GPEA.UNIOESTE, Curso de Ciências Econômicas, Rua Universitária, 2069, Jardim Universitário, Cascavel – PR. CEP: 85819-110. Fone: (45) 3220-3223, FAX: (45) 3220-3136. [email protected] ou [email protected] 1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o Brasil passou por profundas mudanças no seu crescimento econômico, sobretudo no que está correlacionado com a estrutura produtiva, sejam elas, intrarregional ou inter-regional. Diante das mudanças ocorridas desde o início da industrialização através do sistema de substituição das importações até meados da década de 1970, segundo Rodrigues et al (2005), se imaginava haver um país totalmente industrializado e integrado economicamente, com fontes energéticas em excedente, infra-estrutura, logística, mão-de-obra especializada em contraponto aos parâmetros anteriores, entretanto tomou-se outro rumo. O choque do petróleo e a crise da dívida externa no início da década de 1980 dificultaram a manutenção do processo de desenvolvimento industrial interno, conduzindo o Brasil a seguir caminhos diferentes dos almejados anteriormente. Considerando as significativas mudanças ocorridas, os estudos das articulações industriais no Brasil relevam-se importantes para a identificação e a inserção do país no contexto mundial, uma vez que, por vários anos o país teve seu crescimento avançando de maneira tão lenta, que ainda hoje enfrenta dificuldades em diversos campos produtivos para a retomada do processo de desenvolvimento. Mesmo considerando o avanço das reformas estruturais vivenciadas pelo país, proporcionando melhorias nos serviços e auxiliando a renovação da estrutura produtiva, Cruz, Teixeira e Lírio (2008) destacam a importância da compreensão da composição industrial dos estados e do país. Segundo os autores, esta compreensão está associada à ciência mais profunda das relações presentes entre os setores econômicos. Esta leitura do nível de existência de relações entre as atividades produtivas é de extrema relevância para orientar e permitir o desenvolvimento de políticas de desenvolvimento regional. Considerando a necessidade destes estudos e as políticas de desenvolvimento regional, Leontief (1983) destaca que quando meios de análises mais modernas puderem auxiliar a iniciativa privada e governos a perceber os efeitos de políticas e mudanças institucionais, estas podem provocar novos estímulos à realização de novos investimentos por estes agentes. Assim, cabe ao governo e a iniciativa privada financiar a elaboração destes estudos. Salienta o autor, que a partir do momento em que se realiza um exame mais profundo da economia e, posteriormente um planejamento dos investimentos de caráter público ou privado, estes passam a serem menos custosos ao progresso econômico, contribuindo para a elevação da taxa de crescimento e desenvolvimento econômico. Visando acelerar o progresso econômico, principalmente pelo governo, devem-se direcionar primeiramente recursos a setores mais importantes, ou então mais dinâmicos. Na literatura econômica existem varias maneiras de se identificar setores e atividades que possibilitam ao país um desenvolvimento mais acelerado. Um destes conceitos é o de setores-chave, ou seja, há setores que possuem uma interligação setorial superior às demais, contribuindo estas atividades ao desenvolvimento acima da média das demais atividades produtivas da economia. Ao elevar investimentos nestes setores, é característica via transbordamento, um maior efeito no produto final na economia, se comparado com outros setores. Desta maneira é importante a busca pela definição de quais são os setores-chave e as atividades de menor dinamismo da economia. Após esta definição, verificam-se a possibilidade e posteriormente a realização de programas de investimentos acentuados nestas áreas, auxiliando na geração de maior efeito de progressão de emprego, renda, consumo e produto além da melhora nos serviços prestados aos agentes econômicos. Considerando que os governos estaduais e federal veem desenvolvendo políticas de desenvolvimento regionais, sendo que uma delas compreende ações conjuntas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tem-se assim, adotado medidas que asseguram um ambiente econômico dotado de infra-estrutura, linhas de crédito, novas plantas industriais, sendo mais propícias à realização de investimentos. Contudo, a realização destas estratégias de desenvolvimento deve estar pautada em criteriosos estudos teóricos e técnicos, pois são fundamentais para que não se desperdice estes financiamentos estratégicos. Neste sentido, este estudo objetiva avaliar os setores produtivos da economia brasileira, no que diz respeito aos índices de ligação para frente e para trás, Rasmussen-Hirschman. Especificamente, faz-se uma análise evolutiva e as modificações entre os setores-chave no período 1996, 2001 e 2005. Seus resultados possibilitam um aprofundando do conhecimento da composição setorial da economia quanto ao seu desenvolvimento industrial, produtivo e estrutural. Este trabalho encontra-se dividido em cinco seções, primeiramente esta introdução; a segunda seção compreende uma revisão da evolução econômica apresentada pelo país nos últimos anos e uma breve revisão de literatura. Na terceira seção é a descrita a estrutura metodológica do trabalho. Na quarta seção são discutidos os resultados e finalmente na quinta seção são feitas considerações finais. 2 Conjuntura econômica brasileira 2.1 Inflação e diversificação econômica A economia brasileira por muito tempo foi considerada um colapso em diversos campos econômicos, porém, diante de algumas ações tomadas a partir de meados da década de 1980, possibilitaram ao país uma importante mudança em sua ordem econômica. A abertura comercial, a contenção da inflação galopante, as melhorias apresentadas nas contas públicas, a ampliação e diversificação do parque industrial são exemplos de medidas realizadas pelos mais diferentes governos, desde então. Embora ainda esteja muito longe de ser modelo a ser seguido, o país apresentou melhoras significativas neste período. Conforme destaca Leon (2009), diante da crise mundial que se acentuou a partir do segundo semestre de 2008, o Brasil vem apresentando importante resiliência como resposta. Este fato se deve a diversificação apresentada pela economia, sua abertura comercial e competitiva desenvolvida no decorrer das últimas décadas. O país apresentou nos últimos anos um mercado interno em franco crescimento, conseqüência do controle da inflação; vem gerando significativos superávits fiscais o que vem garantindo um endividamento interno decrescente, ainda, apresenta um importante acumulo de reservas internacionais, a qual supera as dívidas externas, deixando o país em uma situação de credor externo, bem como em uma circunstância mais confortável para eventuais mudanças bruscas na economia mundial. Seu mercado financeiro possui uma baixa taxa de ativos problemáticos, apresentando um sistema financeiro com elevada solidez e liquidez. Menciona o autor, que isto caracteriza o país entre as maiores democracias modernas. No que se refere à diversificação econômica apresentada pelo Brasil, ressalta Leon (2009) o PIB de US$ 1,3 trilhão – entre os dez maiores do mundo – também, seu desenvolvimento econômico não mais é depende somente das commodities agrícolas e minerais, mas sim dos segmentos industriais entre eles, automobilístico, construção, bens de capital e consumo, e segmentos ligados a serviços, dentre eles telecomunicações, energia e transporte. Estes fatos são comprovados pela relação de setores que apresentaram vantagens comparativas em relação ao mercado internacional. Diante da pesquisa realizada pela Sobeet para a reportagem, na qual considerou 28 setores na economia brasileira, 47% (13 setores) deles apresentaram vantagem comparativa em relação ao mercado externo, do restante, 15, 32% (nove setores) apresentaram melhoras significativas no período de comparação 1999-2008, e apenas 21% (seis setores) apresentam piora. Há de se considerar que neste período alguns setores foram prejudicados pelos efeitos do câmbio e a concorrência chinesa. Embora o país tenha apresentado um acelerado desenvolvimento em alguns setores nos últimos anos, em parte isso foi proporcionado pela ampliação do mercado consumidor interno, que após o controle da inflação, a partir do Plano Real em 1994, proporcionou ao segmento de assalariados da população uma elevação em seu poder de compra, sendo nos últimos cinco anos um ganho de 30%. (Leon, 2009). Como destaca a Fig. 1, o período 2000-2002 desenvolveu um processo de inflação levemente acelerado, ressalta-se que este período ainda encontra-se muito aquém do que ocorria no período que antecedeu o Plano Real. 14 12 10 8 6 4 2 0 12,53 9,3 7,67 7,6 5,97 5,9 5,69 4,46 3,14 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Inflação Figura 1 – Inflação medida pelo IPCA - 2000/2008 Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados do Banco Central do Brasil. Outro fator contribuinte para o aumento da demanda interna foi a ampliação do crédito, especialmente direcionado ao consumo, onde entre 2005 e 2008 houve um salto de 28% para 40% do valor do PIB em operações de crédito, sendo expressiva sua contribuição para a elevação da demanda de consumo bens durável. Um terceiro fator foi o programa de distribuição de renda desenvolvidos pelos governos. (Leon, 2009). 2.2 PIB, PIB per capita e população Conforme destaca a Fig. 2, o Brasil apresentou nos últimos anos uma elevação da taxa de crescimento do PIB, entre os anos de 2000 a 2003, houve um crescimento médio de 2,4% ao ano e entre 2004 a 2008, de 5,2% ao ano. Esta evolução do PIB pode ser verificada em termos correntes onde no ano de 2000, o PIB somou R$ 1.179.482 bilhões e já em 2008, R$ 2.889.719 bilhões. (IBGE, 2009). Logo, o PIB per capita entre os anos 2000 a 2003 cresceu a uma taxa média de 0,9% ao ano e entre 2004 a 2008, 3,7% ao ano. Este aumento no PIB per capita reforça o que foi mencionado anteriormente sobre a elevação do poder aquisitivo e a aceleração da demanda interna. 5,7 6,0 5,0 5,1 4,3 4,5 4,3 4,0 3,0 5,7 4,0 4,0 3,2 2,8 2,7 2,7 1,9 2,0 1,3 1,2 1,1 1,0 0,0 -0,2 -1,0 2000 2001 -0,2 2002 2003 PIB 2004 2005 2006 2007 2008 PIB per capita Figura 2 - Taxa (%) de crescimento do PIB e PIB per capita 2000-2008 Fonte: IBGE (2009). Quanto à população, no final de 2008 (IBGE 2008), o país apresentou uma população de aproximadamente 189.6 milhões de habitantes, com uma taxa de crescimento populacional em um patamar decrescente, sendo para aquele ano de 1,05%. Estima-se que o país atinja o ano de 2039 com um crescimento populacional zero (nulo) e em 2050 a taxa de crescimento esteja no patamar decrescente de -0,291%, com uma população de 215,3 milhões de habitantes. 2.3 Exportações e Importações Como foi destacado anteriormente por Leon (2009), a abertura comercial proporcionou ao país elevar sua capacidade produtiva bem como diversificar sua matriz exportadora, onde não mais depende apenas das commodities agrícolas e mineiras, mas também de alguns produtos industrializados, como produtos da indústria automobilística, máquinas agrícolas, papel, petróleo, carnes. Segundo BNDES (2007) no ano de 2006 o país alcançou uma participação considerável, para os parâmetros brasileiros, nas exportações mundiais em relação aos últimos 20 anos, representou 1,16% no comércio mundial. Este índice embora pequeno é importante ao Brasil, pois representou para aquele ano 16,8% do PIB. Isto somente foi possível pela diversificação de mercados de destino e ganhos de participação na pauta importadora dos principais parceiros comerciais. Embora o ganho comercial tenha sido menor nas áreas mais desenvolvidas, países como China, México, Argentina e África do Sul compensaram com um aumento significativo na demanda por produtos brasileiros. Leon (2009) destaca o aumento da participação das exportações brasileiras em relação ao comércio mundial. Em 2000, sua participação representava 0,86%, já em 2007, 1,18%, o que justifica desta forma o acentuado acumulo de reservas internacionais para os padrões históricos brasileiros, superando os US$ 200 bilhões. A Fig. 3 destaca a evolução das exportações, importações e a balança corrente de comércio do Brasil no período 2000-2008. 375.000.000.000 350.000.000.000 325.000.000.000 300.000.000.000 275.000.000.000 250.000.000.000 225.000.000.000 200.000.000.000 175.000.000.000 150.000.000.000 125.000.000.000 100.000.000.000 75.000.000.000 50.000.000.000 25.000.000.000 0 2000 2001 2002 Exportações 2003 Importações 2004 2005 2006 2007 2008 Corrente de Comércio Figura 3 - Balança comercial brasileira e corrente de comércio - 2000/2008 Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados do Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior (2009). No ano de 2000, o país ainda apresentou um déficit na balança de comercial. Naquele ano o Brasil exportou US$ 55.118.919.865 enquanto importou US$ 55.850.663.138, o que representou em saldo um déficit de US$ 731.743.273. Já em 2006, o Brasil apresentou o maior superávit do período, diante de exportações no valor de US$ 137.807.469.531 e importações de US$ 91.350.840.805, verificou-se um saldo de US$ 46.456.628.726. É importante ressaltar o avanço apresentando no período da conta corrente do comércio, sendo em 2000 de US$ 110.969.583.003 e em 2008 US$ 371.139.076.664, isso representa um crescimento de 3,34 vezes o valor do movimento do comércio corrente em nove anos. (BRASIL, 2009). 2.4 Aplicações do modelo insumo-produto Diante deste cenário de mudanças estruturais da economia brasileira, o modelo de insumoproduto torna-se uma ferramenta de análise para as diversas áreas econômicas, com aplicação em modelos regionais, setoriais, empresariais entre outras. Rodrigues et al (2007) realizaram um estudo referente às transformações que se desencadearam na estrutura produtiva do Estado do Paraná nas décadas de 1980 e 1990. Para tanto, estimaram cinco matrizes de insumo-produto para a economia paranaense, dispondo-as em 32 setores. Além de identificar quais seriam os setores-chaves da economia, o estudo buscava identificar as transformações interindustriais e econômicas no período. Para a realização destes objetivos, os autores utilizaram-se dos modelos econômicos do campo de influência, dos índices de ligação de Hirschman-Rasmussen e puros, GHS, e os multiplicadores setoriais. Diante da metodológica citada, Rodrigues et al (2007) identificaram, através do método de Rasmussen-Hirschman e dos índices puros, que o Estado apresentou uma elevação da comercialização com o mercado externo, seja ela interestadual ou com outros países, sendo isto identificado pela redução do valor, ao longo do período, dos índices de ligação interna e dos multiplicadores de produção. Ao mesmo tempo em que o Estado apresentou uma ligação maior como o comércio externo, também apresentou uma diminuição da dependência dos setores agropecuária e alimentar para a promoção do desenvolvimento e crescimento econômico, ou seja, houve uma convergência maior à diversificação do parque produtivo. Para que isso fosse possível, houve um aumento da importância produtiva dos setores da indústria de transformação e dos serviços. Diante de aumentos na demanda final (impactos na demanda final), o setor alimentar confirmou sua importância ao Estado, sendo os maiores contribuintes à produção. Outro resultado deste método de avaliação foi a contribuição para concluir que o Estado apresentou uma integração maior com o mercado externo. Em outro estudo, realizado por Vieira Filho, Cunha e Fernandes (2006), o estado de Minas Gerais, influenciado pelo processo de globalização apresentado pelo Brasil no decorrer da década de 1990, passou por uma forte reorganização no parque produtivo. O país desenvolveu um acentuado processo de desestatização da economia, entre os setores privatizados destacam-se o setor de energia elétrica tema de estudo dos autores, telecomunicações, petroquímico e fertilizantes. Porém, no estado mineiro, manteve-se no setor público o controle do setor de energia elétrica. Para a realização do estudo, que objetivava compreender o desempenho do setor e sua importância para a economia do estado e sua influência na economia do país. Vieira Filho, Cunha e Fernandes (2006) utilizando-se do modelo de insumo-produto, buscaram identificar os setoreschave investigando qual o impacto de novos investimentos. Para isto, dividiram a economia em duas regiões, Minas Gerais (objeto de estudo) e Resto do Brasil, em 10 setores produtivos, para o ano de 1996. Ainda que o estado mineiro tenha maior influencia nos setores de produção de bens de consumo intermediário, o setor de energia elétrica é marcante por ser desenvolvida por uma empresa pública. Embora o setor de energia elétrica apresente um percentual superior na agregação de valor à produção do estado mineiro do que para o Brasil, seu multiplicador de produção apresenta um valor mínimo se comparado aos demais setores, ou seja, este setor apresenta um impacto reduzido quando estimulado por um aumento na demanda final em relação aos demais setores. Este multiplicador demonstrou-se não somente inferior para a economia mineira, como também para a economia brasileira. Ainda, quando ocorre um aumento na demanda final de energia elétrica pelo estado mineiro, 11% são produzidos pelo resto do país, o contrario não ocorre ao país, sendo que uma variação na demanda final por energia elétrica, apenas de 0,7% são oriundos da economia mineira. (Vieira Filho, Cunha e Fernandes, 2006). Ainda segundo os autores, através da metodologia de Rasmussn-Hisrchaman se averiguou que diante da agregação utilizada, Minas Gerais apresentou somente o setor mínero-metalúrgico com setor-chave, ao contrario, o Resto do país apresentou agronegócio, minero-metalúrgico, químico, automotivo e indústrias diversas. O setor de energia elétrica em nenhuma região se apresentou como setor dinâmico. Embora o setor mínero-metalúrgico tenha se apresentado como setor-chave, para elevar a demanda por energia elétrica, considerando os coeficientes técnicos diretos e indiretos, outros setores também apresentam destaque, como os setores químico e o têxtil, vestuário e calçados. 3 METODOLOGIA De acordo com Cruz, Teixeira e Lirio (2008), atuar com políticas públicas de planejamento, embora seja complexo é importante, pois, diante das inúmeras possibilidades de investimentos, o governo priorize um setor para que este seja o principal corredor de investimentos. O conceito desta prática, busca via vazamentos atingir o maior número de setores, uma vez que se considera que esta atividade em que houve um acentuado aporte de recursos, passa a demandar insumos de outras atividades, encadeando o maior número possível de setor na economia. Contudo, existem na literatura econômica diferente métodos que possibilitam realizar a leitura da economia, identificando setores que possuem esta capacidade de estimulo ao maior número de atividades dentro de uma região. A estes setores denominam-se setores-chave. Desta maneira, considerando que a conceito de setor-chave remete a idéia de escolha de setores que desencadeiam o maior número de novos investimentos dentre as diversas atividades econômicas, os métodos de análise baseados no modelo de insumo-produto atendem os objetivos de identificação destes setores. (Cruz, Teixeira e Lirio, 2008). 3.1 O modelo de Insumo-Produto3 A metodologia de análise insumo-produto consiste de uma derivação da teoria neoclássica de equilíbrio geral. O modelo considera a interdependência quantitativa entre as atividades econômicas inter-relacionadas para seus estudos empíricos. (Leontief, 1983). Embora originalmente tenha sido desenvolvida para o estudo das economias nacionais, sua disseminação ocorrem aos mais diferentes empregos, como em aplicações regionais e para setores específicos da economia. Neste sentido, qualquer que seja sua aplicação, o método de abordagem insumo-produto consiste em um mesmo fundamento. Consiste na interdependência entre os setores individuais de um lado da economia, exposto por um conjunto de equações lineares, sendo que sua natureza é reflexo da grandeza numérica dos coeficientes dessas equações e, sua determinação realizada de maneira empírica. Assim, a tabela insumo-produto refere-se ao fluxo de bens e serviços entre os setores econômicos, para dado período de tempo. (Leontief, 1983). Segundo Guilhoto (2004), a economia, em sua maior parte, busca equacionar a demanda e a oferta de bens dentre os vários setores. Assim, o modelo idealizado por Leontief faz a representação das atividades econômicas, demonstrando as relações entre estas atividades. Conforme Miller e Blair (1985) a abordagem matemática de um sistema insumo-produto versa de um conjunto de n equações lineares com n incógnitas, sendo possível de esta forma ser descritas por representações matriciais. Embora as soluções das equações de insumo-produto, através de sua matriz inversa, sejam simples matematicamente, há por trás de sua construção o interesse econômico pelas interpretações de seus resultados algébricos. Além da interpretação destes resultados, são importantes determinadas propriedades matriciais, sobretudo de sua diagonal principal, quando úteis para a representação de determinadas relações no modelo. Para o desenvolvimento do modelo, ele assume alguns pressupostos: (i) equilíbrio geral na economia a um dado nível de preços; (ii) inexistência de ilusão monetária por parte dos agentes econômicos; (iii) retornos constantes a escala; (iv) preços constantes. Desta maneira a construção da tabela insumo-produto assume que o valor monetário deve relacionar o fluxo do setor i para setor j por z ij . Neste sentido, a demanda por insumos de outros setores pelo setor j esta relacionado com a produção total do bem j durante determinado período. Além disso, em qualquer região econômica, existe a demanda dos compradores considerados demandantes finais pelos setores industriais – por exemplo, famílias, governo e comércio exterior. A demanda destes está condicionada às suas necessidades e objetivos. Sendo assim, são geralmente determinados por considerações que são relativamente independentes para a quantidade a ser produzida em cada uma das unidades. 3 Este item esta baseado em Miller e Blair (1985), cap. 2; p. 6-15. Partindo destes pressupostos assinalados anteriormente, a economia pode ser dividida em n setores, em que X i identificam a produção total (produção) do setor i e Yi a demanda final total pelo setor i , assim sendo, pode-se descrever: Xi zi 2 z ii zin Yi zi1 (1) Aos termos dispostos à direita, z ’s, tem-se a representação das vendas interindustriais pelo setor i . Assim o lado direito concentra a soma das vendas realizadas por todos os setores i ’s e as vendas para a demanda final. Conforme descrito na Eq. (1), esta representa a distribuição de oferta dos setores i . A Eq. (2), a seguir, representa a distribuição de oferta dos setores i considerando os n setores. X1 z11 z12 z1i z1n Y1 X2 z 21 z 22 z 2i z 2 n Y2 Xi Xn z i1 z i 2 z ii z in Yi z n1 z n 2 z ni z nn Yn (2) Estes elementos representam as vendas (oferta) do setor i , ou seja, os termos i são compras de produtos realizadas pelos diversos setores produtores; a coluna representa, assim, as fontes e magnitudes dos insumos do setor i demandados por outros setores. Ao mesmo tempo em que o processo produtivo demanda insumos físicos para a produção, este demanda insumos classificados de insumos de capital, entre eles trabalho e inventariados, esta modalidade de insumos são aqueles que realizam a transformação dos insumos interindustriais. Estes por sua vez, são considerados em conjunto como valor adicionado ao setor. O mesmo ocorre para insumos importados. Estes fatores de produção são geralmente agrupados como compras a partir daquilo que é denominado por pagamentos do setor, ou intraindustriais, cabem então a z caracterizar as compras a partir da transformação do setor. (Miller e Blair, 1985). Conforme Miller e Blair (1985) as grandezas destes fluxos interindustriais e intraindustriais podem ser transcritos em um quadro, tendo-se do lado esquerdo os setores de origens (vendedores) e, na parte superior setores de destinos (compradores). Estes dados são as bases para a análise insumo-produto. A denominação insumo-produto é oriunda da observação das colunas que compõe a tabela, sendo elas a demonstração de todos os insumos do setor. Um pressuposto fundamental para o modelo, é que os fluxos interindustriais de i para j depende inteiramente e exclusivamente sobre a produção total do setor j para o mesmo período de tempo. Após a observação da relação existente em z ij , tem-se uma relação de entrada e saída realizada pelo fluxo de entrada de i para j , e X j , a remuneração total (bruta) de saída j , descrita por aij : (Eq. 3). aij z ij Xj (3) Esta razão é compreendida como um coeficiente técnico, também conhecido por coeficiente direto ou coeficiente de entrada. Este coeficiente expressa a relação entre dois bens, ou a quantidade demandada de determinado bem para que se produza outro. Por exemplo, para a produção de uma mesa, utiliza-se 95% dos insumos madeira, desta forma o coeficiente direto seria 0,95, o restante, 0,05, seriam materiais diversos, como cola, parafusos, mão-de-obra, entre outros insumos. Partindo deste raciocínio, a Eq. (1) pode ser reescrita, substituindo cada elemento de z ij do lado direito por cada um aij X j . X1 a11 X 1 a12 X 2 a1i X i a1n X n Y1 X2 a 21 X 1 a 22 X 2 a 2i X i a 2 n X n Y2 Xi Xn ai1 X 1 ai 2 X 2 aii X i ain X n Yi (4) a n1 X 1 a n 2 X 2 a ni X i a nn X n Yn A Eq. (4) torna explícita a dependência dos fluxos interindustriais de cada setor em relação à localização de suas produções. Contribuem ainda para a compreensão das relações entre os insumos necessários para o suprimento de uma elevação na demanda final. Desta maneira, tem-se que os valores de Y1 , Y2 ,, Yn são conhecidos, assim como os coeficientes aij e, X 1 , X 2 ,, X n serão determinados endogenamente. Logo, colocando todos os termos X para a esquerda, tem-se o que é expresso pela Eq. (5). X 1 a11 X 1 a12 X 2 a1i X i a1n X n X2 Y1 a21 X 1 a22 X 2 a2i X i a2 n X n Y2 (5) X i ai1 X 1 ai 2 X 2 aii X i ain X n Yi X n an1 X 1 an 2 X 2 ani X i ann X n Yn E, observando que o grupamento X 1 está em conjunto na primeira equação, o X 2 , na segunda, assim sucessivamente, tem-se: 1 a11 X 1 a12 X 2 a1i X i a1n X n a 21 X 1 Y1 1 a 22 X 2 a 2i X i a 2 n X n Y2 ai1 X 1 ai 2 X 2 1 aii X i ain X n a n1 X 1 a n 2 X 2 a ni X i 1 a nn X n Yi (6) Yn Desta maneira, para um determinado conjunto de Y 's isto é simplesmente um conjunto de equações lineares nas n incógnitas, X 1 , X 2 ,, X n ; podendo ou não ser possível encontrar uma solução única. Em termos matriciais, tem-se: A a11 a 21 a12 a1i ain a 22 a 2i a 2 n a n1 a n 2 a ni a nn , X X1 X2 ,Y Xn Y1 Y2 Yn A partir da Eq. (4), e usando a álgebra matricial, o sistema n n completo pode ser escrito pela Eq. (7), tem-se: I AX Y Considerando a não singularidade da matriz I conforme Eq. (8). X Em que I A 1 I (7) A , pode-se encontrar a solução para X , 1 (8) A Y é a matriz inversa de Leontief, denominada a partir de agora de B . Sendo os elementos I na Eq. (9). A 1 referidos por aij , então estes podem ser resumidos conforme X1 a11Y1 a12Y2 a1 j Y j Xi Xn ai1Y1 ai 2Y2 a n1Y1 a n 2Y2 a nj Y j aij Y j a1nYn ainYn (9) a nnYn A Eq. (9) torna explicito a dependência existente entre cada Produto Final X n sobre os valores finais de cada uma das demandas a nnYn . 3.2 O índice de Rasmussen/Hirschman4 O índice de Rasmussen/Hirschman é uma derivação do modelo de insumo-produto descrito anteriormente. Rasmussen (1956)5 e Hirschman (1958)6, citados por Guilhoto (2004), desenvolveram um modelo que possibilita definir quais são os setores com maior encadeamento na economia, ou quais seriam os setores-chave da economia. A partir do desenvolvimento deste modelo, podem-se calcular os índices de ligação para trás e para frente, o que significa dizer que ao calcular este índice, tem-se o índice de demanda de determinado setor para com os demais setores, bem como o índice de demanda dos demais setores para com este setor em questão. Neste sentido, determina-se bij um elemento da matriz inversa de Leontief B ou 1 B I A , e B a média de todos os elementos de B . Ainda, B j e B i , pela soma de uma coluna e de uma linha peculiar de B . A partir destas definições, têm-se, os índices como sendo: Índices de ligações para trás (poder da dispersão): 4 Este item esta baseado em Guilhoto (2004). 5 Rasmussen, P. (1956). Studies in Intersectoral Relations. Amsterdam: North Holland. 6 Hirschman, A.O. (1958). The Strategy of Economic Development. New Haven: Yale University Press. Uj B j /n /B (11) Índices de ligações para frente (sensibilidade da dispersão): Ui B i /n /B (12) Através destes dois índices, quando seus valores calculados forem superiores a um, definese este setor como sendo um setor chave da economia. 3.5 Níveis de agregação utilizados e Base de Dados O princípio da agregação utilizada neste trabalho pode ser compreendido de maneira mais simples conforme apresenta a Tabela 1. A distribuição da economia nos 42 setores utilizados neste trabalho busca simplificá-la para sua melhor compreensão. Ressalta-se que as matrizes utilizadas encontram-se na mesma distribuição, ou seja, não houve modificações no número de setores em relação aos dados originais. Tabela 1 – Agregação dos setores da matriz de insumo produto continua 7 Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 7 Setores conforme IBGE Agropecuária Extrativa mineral Extração de petróleo e gás Minerais não-metálicos Siderurgia Metalurgia não-ferrosos Outros metalúrgicos Máquinas e tratores Material elétrico Equipamentos eletrônicos Automóveis, caminhões e ônibus Outros veículos e peças Madeira e mobiliário Papel e gráfica Indústria da borracha Elementos químicos Refino do petróleo Químicos diversos Farmacêutica e de perfumaria Artigos de plástico Indústria têxtil Artigos do vestuário Fabricação de calçados Indústria do café Beneficiamento de produtos vegetais Abate de animais Indústria de laticínios Na classificação segundo IBGE, a economia é classificada em 42 setores, sendo de 1 a 43, com exceção ao número 9. Neste trabalho, para efeitos de simplificação da análise, utilizou-se a classificação de 1 a 42. Ressalta-se que apenas houve esta mudança em termos números. conclusão 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 Indústria de açúcar Fabricação de óleos vegetais Outros produtos alimentares Indústrias diversas Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Transporte Comunicações Instituições financeiras Serviços prestados às famílias Serviços prestados às empresas Aluguel de imóveis Administração pública Serviços privados não-mercantis Fonte: baseado em IBGE (2004). É importante ressaltar, que neste trabalho adotou-se a hipótese de tecnologia do setor, ou seja, para a construção dos setores se considera que a tecnologia para a produção de bens é restrita a aquela atividade. Do mesmo modo, as informações disponíveis são sobre as estruturas de insumo de cada atividade. Para realizar o cálculo da composição de insumo, considera-se a média ponderada das estruturas das atividades que os produzem, considerando como peso o market-share de cada atividade na produção do produto (cotas de mercado). (IBGE, 2008). Para o desenvolvimento deste trabalho será utilizadas três matrizes de insumo-produto. A primeira delas ano base 1996, publicada pelo IBGE (2008). Considerando o fato que posteriormente o IBGE não mais publicou a matriz de insumo-produto para os outros anos, as matrizes para os anos de 2001 e 2005 foram estimadas por Cunha8. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Nesta seção serão discutidos os resultados obtidos através da análise da estrutura produtiva do Brasil, utilizando os dados das matrizes de insumo-produto 1996, 2001 e 2005. Através do método de Rasmussen-Hirschman são identificados e discutidos os setores-chave que compõem a economia brasileira. 4.1 O índice de Rasmussen/Hirschman A Tabela 2 destaca os resultados dos Índices de ligação Rasmussen-Hirschman para frente, que representa o índice do setor como ofertante para a economia e, para trás, que representa o índice do setor como demandante, para os respectivos anos da pesquisa. Na tabela encontra-se também a ordem de importância do setor. 8 As matrizes de Insumo Produto para os anos de 2001 e 2005, utilizadas neste trabalho, foram estimadas e gentilmente cedidas pelo Pesquisador Colaborador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp – NIPE, Marcelo Pereira da Cunha. Ressalte-se que estas matrizes não foram publicadas pelo autor. Tabela 2 – Índice de ligação para trás e para frente de Rasmussen-Hirschman - Brasil - 1999, 2001 e 2005 1996 Para trás 2001 Para frente Para trás 2005 Para frente Para trás Para frente ordem valor ordem valor ordem valor ordem valor ordem valor ordem valor 1 Agropecuária 30 0,850 1 3,498 38 0,820 1 2,736 32 0,883 1 2,748 2 Extrativa mineral 22 1,040 25 0,771 27 0,970 18 0,831 29 0,939 18 0,871 3 Extração de petróleo e gás 34 0,814 19 0,853 29 0,948 8 1,234 30 0,916 8 1,437 4 Minerais não-metálicos 19 1,059 16 0,915 24 0,997 25 0,745 25 0,981 24 0,724 5 Siderurgia 2 1,323 3 1,721 14 1,095 10 1,094 17 1,053 9 1,326 6 Metalurgia não-ferrosos 13 1,135 14 1,021 17 1,031 21 0,787 20 1,024 23 0,733 7 Outros metalúrgicos 9 1,187 10 1,263 25 0,993 12 1,063 24 0,986 11 1,124 8 Máquinas e tratores 28 0,919 12 1,167 18 1,029 20 0,803 14 1,083 20 0,766 9 Material elétrico 10 1,157 28 0,706 15 1,058 22 0,774 19 1,048 22 0,744 10 Equipamentos eletrônicos 31 0,848 38 0,569 20 1,012 26 0,704 18 1,049 29 0,667 11 Automóveis, caminhões e ônibus 17 1,112 40 0,538 4 1,216 39 0,572 2 1,286 38 0,570 12 Outros veículos e peças 8 1,189 15 0,918 16 1,052 17 0,845 9 1,136 15 0,976 13 Madeira e mobiliário 21 1,048 30 0,690 28 0,960 30 0,675 22 0,990 28 0,670 14 Papel e gráfica 15 1,124 11 1,210 23 1,000 9 1,132 21 1,002 12 1,076 15 Indústria da borracha 18 1,105 18 0,886 13 1,097 36 0,619 15 1,077 33 0,626 16 Elementos químicos 23 1,036 17 0,888 21 1,007 13 1,050 16 1,069 10 1,125 17 Refino do petróleo 26 0,965 2 2,451 5 1,169 2 2,462 7 1,157 2 2,676 18 Químicos diversos 20 1,058 9 1,273 10 1,121 15 0,912 11 1,118 17 0,919 19 Farmacêutica e de perfumaria 27 0,938 39 0,543 30 0,947 34 0,629 28 0,959 35 0,591 20 Artigos de plástico 24 0,985 20 0,847 11 1,107 16 0,901 12 1,103 16 0,928 21 Indústria têxtil 12 1,138 7 1,356 19 1,014 14 1,020 23 0,988 14 0,979 22 Artigos do vestuário 14 1,130 41 0,521 22 1,001 42 0,532 26 0,978 42 0,513 23 Fabricação de calçados 16 1,123 37 0,624 7 1,142 32 0,658 10 1,131 32 0,629 24 Indústria do café 4 1,269 31 0,677 2 1,230 38 0,583 4 1,245 39 0,562 25 Beneficiamento de produtos vegetais 11 1,143 32 0,669 12 1,098 41 0,534 8 1,140 41 0,522 26 Abate de animais 6 1,206 36 0,648 6 1,146 31 0,662 5 1,168 30 0,646 27 Indústria de laticínios 5 1,243 33 0,658 3 1,217 35 0,622 3 1,268 36 0,585 28 Indústria de açúcar 3 1,290 29 0,704 8 1,125 27 0,703 13 1,097 27 0,707 29 Fabricação de óleos vegetais 1 1,326 21 0,838 1 1,286 28 0,676 1 1,339 26 0,720 30 Outros produtos alimentares 7 1,193 27 0,733 9 1,122 24 0,767 6 1,161 19 0,788 31 Indústrias diversas 25 0,973 34 0,655 26 0,976 40 0,562 27 0,976 40 0,546 32 Serviços industriais de utilidade pública 36 0,799 5 1,475 31 0,934 6 1,755 36 0,824 6 1,707 33 Construção civil 33 0,820 35 0,649 33 0,914 33 0,656 33 0,876 31 0,631 34 Comércio 32 0,836 4 1,667 41 0,725 3 2,173 41 0,715 3 2,252 35 Transporte 29 0,896 6 1,389 34 0,896 5 1,878 31 0,912 5 1,786 36 Comunicações 40 0,644 24 0,779 32 0,916 11 1,087 34 0,868 13 1,043 37 Instituições financeiras 39 0,713 13 1,057 39 0,802 7 1,596 40 0,739 7 1,456 38 Serviços prestados às famílias 35 0,813 22 0,811 35 0,845 19 0,805 35 0,846 25 0,722 39 Serviços prestados às empresas 38 0,719 8 1,310 37 0,830 4 2,102 38 0,769 4 1,963 40 Aluguel de imóveis 42 0,542 26 0,744 42 0,556 23 0,768 42 0,539 21 0,747 41 Administração pública 37 0,721 23 0,802 40 0,756 37 0,617 39 0,750 37 0,585 42 Serviços privados não-mercantis 41 0,570 42 0,509 36 0,844 29 0,676 37 0,812 34 0,614 Fonte: resultados da pesquisa. Avaliando os índices de Rasmussen-Hirschman para trás, para o ano de 1996, a economia brasileira apresentou, 23 setores-chave, ou seja, dentre os 42 setores estudados, (2) Extrativa mineral, (4) Minerais não-metálicos, (5) Siderurgia, (6) Metalurgia não-ferrosos, (7) Outros metalúrgicos, (9) Material elétrico, (11) Automóveis, caminhões e ônibus, (12) Outros veículos e peças, (13) Madeira e mobiliário, (14) Papel e gráfica, (15) Indústria da borracha, (16) Elementos químicos, (18) Químicos diversos, (21) Indústria têxtil, (22) Artigos do vestuário, (23) Fabricação de calçados, (24) Indústria do café, (25) Beneficiamento de produtos vegetais, (26) Abate de animais, (27) Indústria de laticínios, (28) Indústria de açúcar, (29) Fabricação de óleos vegetais e (30) Outros produtos alimentares, apresentaram o índice com resultado superior a uma unidade. Considerando a distribuição destes setores nas três atividades que compõem o PIB, Agropecuária, Indústria e Serviços, nenhum setor encontra-se contemplado nas atividades Agropecuária e Serviços. A atividade industrial contempla todos os 23 setores que foram considerados como setores-chave. Este fato ocorre porque a Indústria é altamente demandante de matéria prima, apresentando desta maneira, elevados índices de ligação para trás. Embora as outras duas atividades também demandem insumos para a produção na agropecuária ou para os serviços, estes se revelaram menos significantes, a ponto de não serem considerados como setores-chave. É possível observar que o país possui mais de 50% da economia como setor-chave, ou seja, a economia brasileira possui um considerável nível de demanda por insumos internos. As atividades ligadas ao setor industrial são altamente demandantes de insumos, pois pouco se pode produzir neste setor, apenas transformar, diferentemente da atividade agropecuária e serviços onde se realiza produção ou se realiza intermediações ao processo produtivo demandado pela atividade industrial. A Fig. 4 representa a dispersão gráfica dos coeficientes de ligação. Como pode ser visto a partir do setor 4 até 30, com exceção a 8, 10, 17, 19 e 20, todos apresentam índice superiores a unidade. Observa-se que entre estes setores não há uma discrepância nos valores dos índices dos setores mais dinâmicos da economia, ou seja, seus coeficientes de ligação apresentam considerável homogeneidade, isto revela que não há um setor com elevado destaque, mas sim um conjunto de setores com índices muito próximos. 1 39 40 41 42 1,4 2 3 1,2 38 4 5 6 1 37 7 0,8 36 8 0,6 35 9 0,4 34 10 Índice para trás 0,2 33 11 0 32 12 31 13 30 14 29 15 28 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 4 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para trás 1996 Fonte: resultados da pesquisa. Como pode ser observado, as áreas que correspondem em parte o 1º e 3º e em sua totalidade o 2º quadrantes, representa os 72% dos setores industriais que correspondem a todos aos setoreschave. Se comparados os setores (29) Fabricação de óleos vegetais que possui o maior índice de ligação para trás e o (40) Aluguel de imóveis que representa o menor, há uma diferença considerável, sendo o primeiro 2,44 vezes superior ao segundo. Considerando apenas os coeficientes de ligação para frente, em 1996 o país apresentou 14 setores-chave, (1) Agropecuária, (5) Siderurgia, (6) Metalurgia não-ferrosos, (7) Outros metalúrgicos, (8) Máquinas e tratores, (14) Papel e gráfica, (17) Refino do petróleo, (18) Químicos diversos, (21) Indústria têxtil, (32) Serviços industriais de utilidade pública, (34) Comércio, (35) Transporte, (37) Instituições financeiras e (39) Serviços prestados às empresas. Diferentemente de como se configurou a distribuição dos coeficientes de ligação para trás, os índices para frente encontram-se distribuídos de maneira mais eqüitativa nas três atividades que compõem o PIB, sendo um na atividade agropecuária, nove na atividade industrial e quatro na atividade de serviços. O setor Agropecuária que foi pouco significativo como demandante de insumos, quando verificado seu índice para frente, este se apresenta como sendo o principal da economia. Isso é ocasionado pela gama de insumos que este setor pode ofertar aos mais diversos demandantes, principalmente ligados a atividades industriais ou de transformação, também, desta maneira, se ressalta a dependência para o crescimento econômico em relação a este setor. A Fig. 5 demonstra a importância dos setores para a economia, sendo destaque o (1) Agropecuária e (17) Refino de petróleo que possuem os índices mais elevados como ofertantes de insumos para os demais setores da economia. 1 39 40 41 42 3,5 2 3 3 38 4 5 6 2,5 37 7 2 36 8 1,5 35 9 1 34 10 Índice para frente 0,5 33 11 0 32 12 31 13 30 14 29 15 28 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 5 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para frente 1996 Fonte: resultados da pesquisa. Por último, cabe analisar os resultados do método de Rasmussn-Hirschamn em sua forma restrita, ou seja, considerando apenas aqueles setores em que os índices para trás e para frente superam a unidade ao mesmo tempo. Analisando sob esta ótica, a economia brasileira possuía em 1996, em meio a 23 setoreschave para trás e 14 para frente, apenas seis na forma restrita do modelo. Estes eram Siderurgia (5), Metalurgia não-ferrosos (6), Outros metalúrgicos (7), Papel e gráfica (14), Químicos diversos (18) e Indústria têxtil (21). Na Fig. 6 podem ser observados conjuntamente estes índices. Assim, na tentativa de acelerar o processo de desenvolvimento econômico, o governo possuía seis setores econômicos que apresentariam uma eficácia maior para efeitos de transbordo, estimulando os demais processos produtivos. 1 39 40 41 42 2 4 3 4 5 3 38 37 36 6 7 8 2 35 9 1 34 33 10 11 0 32 Í ndi ce par a t r ás Í ndi ce par a f r ent e 12 31 13 30 14 29 28 15 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 6 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para trás e para frente 1996 Fonte: resultados da pesquisa. Avaliando de forma menos restrita os índices de ligação para trás, no que se refere à identificação dos setores-chave para o ano de 2001, houve a diminuição no número de setores, sendo que passaram a ser 22 em relação ao ano de 1996. Houve também mudanças entre alguns setores em que deixaram de ser dinâmicos na economia brasileira, segundo o método RasmussenHirschman. As atividades (2) Extrativa mineral, (4) Minerais não-metalicos, (7) Outros metalúrgicos, (13) Madeira e mobiliário e (14) Papel e gráfica apresentaram redução no seu índice de ligação, deixando de ser uma atividade chave para a economia, em contra partida houve a inclusão de (8) Máquinas e tratores, (10) Equipamentos eletrônicos, (17) Refino de petróleo e (20) Artigos de plástico. Esta mudança demonstra que a economia brasileira apresentou avanços em algumas atividades industriais. Quando relacionados os setores analisados com as três atividades que compreendem o PIB, assim como ocorreu em 1996, em 2001 não houve modificações. As atividades de Agropecuária e Serviços novamente não possuem nenhum setor-chave como demandante na economia, apenas a atividade industrial. Não muito diferente do que ocorreu para ao ano de 1996, pode ser observado na Fig. 7 que não existe discrepância entre os valores dos índices dos setores dinâmicos. A área compreendida entre a segunda metade do 1º e em sua totalidade o 2º e 3º quadrantes, representa os 68% dos setores industriais que correspondem a todos os setores-chave. Se comparados os setores 29 (Fabricação de óleos vegetais) que novamente possui o maior índice de ligação para trás e o 40 (Aluguel de imóveis) que representa o menor, há uma diferença considerável, sendo o primeiro 2,31 vezes superior; verifica-se que houve uma queda na diferença em relação a 1996. 1 39 40 41 42 1,4 2 3 1,2 38 4 5 6 1 37 7 0,8 36 8 0,6 35 9 0,4 34 10 0,2 33 Índice para trás 11 0 32 12 31 13 30 14 29 15 28 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 7 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para trás 2001 Fonte: resultados da pesquisa. Considerando apenas os coeficientes de ligação para frente, em 2001 o país manteve o número de 14 setores-chave se comparados com o ano de 1996. Porém, houve mudanças nos setores que compõem este grupo. Setores como (6) Metais não-ferrosos, (8) Máquinas e tratores e (18) Químicos diversos tiveram seus índices reduzidos a menos de uma unidade, em contra partida (3) Extração de petróleo e gás, (16) Elementos químicos e (36) Comunicações elevaram seus índices, superando a unidade, desta maneira passaram a responder como dinâmicos para aquele ano. Diferentemente de como se configurou a distribuição dos coeficientes de ligação para trás, os índices para frente encontram-se distribuídos mais equitativamente nas três atividades que compõem o PIB. A atividade agropecuária continuou com um setor, a atividade industrial perdeu um setor, resultando em oito e por último a atividade de serviços acresceu um setor, resultando em cinco. Embora tenha mantido o maior índice, a Agropecuária apresentou uma redução considerável em seu valor, passando de 3,498 para 2,736, ou seja uma queda aproximada de 22%. Outro setor que apresentou acentuada queda foi o setor de Siderurgia, aproximadamente de 36% em seu valor de índice. Uma das causas desta queda é a diversificação que ocorreu na economia durante o período de 1996 a 2001. Outros setores passaram a ter um índice maior, sinalizando a diversificação ocorrida na oferta de insumos. Os setores que auferiram elevação expressiva em seu coeficiente compõem as atividades ligadas a Serviços, o setor (39) Serviços prestados às empresas apresentou o maior ganho de índice, 0,792, seguidos por (34) Comércio, 0,507 e (35) Transporte, 0,489. A Fig. 8 demonstra a importância dos setores para a economia, sendo destaque o (1) Agropecuária e (17) Refino de petróleo que possuem os maiores índices Rasmussen-Hirschman para frente. 1 39 40 41 42 3 2 3 4 2,5 5 38 6 2 37 36 7 8 1,5 35 9 1 34 10 0,5 33 Índice para frente 11 0 32 12 31 13 30 14 29 15 28 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 8 – Índice de Rasmussen-Hirschman –Índices de ligação para frente 2001 Fonte: resultados da pesquisa. Analisando os resultados na forma restrita, ou seja, considerando apenas aqueles setores em que os índices para trás e para frente superam a unidade conjuntamente. A economia brasileira para o ano de 2001, apresentou quatro setores-chave (5) Siderurgia, (16) Elementos químicos, (17) Refino do petróleo e (21) Indústria têxtil. Em comparação a 1996, houve significativas mudanças. Os setores (5) Siderurgia e (21) Indústria têxtil se mantiveram como dinâmicos, porém os setores (6, 7, 14 e 18) deixaram de ser. A Fig. 9 permite observar conjuntamente os dois índices. Uma das conseqüências desta diminuição de setores-chave é tornar o país dependente de uma gama muito pequena de atividades que possam auxiliar de manira mais intensa no processo de crescimento econômico, assim, verificase um menor dinamismo econômico. 1 39 40 41 42 2 3 3 4 2,5 38 5 6 2 37 36 7 8 1,5 35 9 1 34 10 0,5 33 11 0 32 Í ndi ce par a t r ás Í ndi ce par a f r ent e 12 31 13 30 14 29 28 15 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 9 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para trás e para frente 2001 Fonte: resultados da pesquisa. Os resultados da aplicação do método Rasmussen-Hirschman para o ano de 2005 não diferem muito do ano de 2001. Entre o período destacado houve a diminuição de um setor na economia, sendo somente 21 os setores-chave na economia. As diferenças observadas foram pequenas, os setores (21) Indústria têxtil e (22) Artigos do vestuário, deixaram de ser dinâmicos e (14) Papel e gráfica passou a ser novamente setor-chave, como no ano de 1996. A Fig. 10 demonstra a dispersão dos índices. Novamente não há discrepância entre os valores dos setores-chave. Entre eles destacam-se apenas (29) Fabricação de óleos vegetais, (11) Automóveis, caminhões e ônibus, (27) Indústria de Laticínios e (24) Indústria do café, com os maiores índices. No restante dos setores verifica-se uma diminuição gradual do índice. 1 39 40 41 42 1,4 2 3 1,2 38 4 5 6 1 37 7 0,8 36 8 0,6 35 9 0,4 34 10 Índice para trás 0,2 33 11 0 32 12 31 13 30 14 29 15 28 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 10 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para trás 2005 Fonte: resultados da pesquisa. Os resultados dos índices de ligação para frente, ano 2005, pouco diferem do que se verificou para 2001. No período o número de setores-chave decresceu em um setor. Desta maneira, o setor correspondente ao (21) Indústria têxtil deixou de ser chave para a economia brasileira. Não muito diferente dos outros dois períodos analisados, o setor (1) Agropecuária continua apresentando o maior índice de ligação para frente, ou seja, este setor possui o maior dinamismo como ofertante de insumos da economia. Como podem ser observados na Fig. 11, os índices para frente possuem um considerável nível de discrepância entre seus valores. A distribuição destes setores entre as três atividades componentes do PIB também se manteve praticamente inalterada em relação aos outros anos. A atividade agropecuária continuou com um (1) setor, a atividade industrial passou a deter sete (7) setores dinâmicos na economia e por fim, a atividade de serviços continuou com cinco (5) setores dinâmicos. 1 39 40 41 42 2 3 3 4 2,5 38 5 6 2 37 36 7 8 1,5 35 9 1 34 10 0,5 33 Í ndi ce par a f r ent e 11 0 32 12 31 13 30 14 29 28 15 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 11 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para frente 2005 Fonte: resultados da pesquisa. Diante da análise separada dos índices para frente e para trás do ano 2005, cabe ainda a análise em sua forma restrita, ou seja, apenas considerando os setores que apresentam índices superiores a unidade nas duas formas. O ano de 2005 apresentou quatro setores-chave, conforme podem ser observados na Fig. 12, os resultados não muito diferem muito dos resultados em relação a 2001, houve apenas uma mudança entre os setores, (14) Papel e gráfica novamente passou a ser um setor-chave para a economia brasileira, assim como ocorria em 1996. Em contrapartida (21) Indústria têxtil deixou de ser considerado chave. 1 39 40 41 42 3 2 3 4 2,5 5 38 6 2 37 36 7 8 1,5 35 9 1 34 10 0,5 33 11 0 32 12 31 13 30 Índice para trás Índice para frente 14 29 15 28 16 27 17 26 25 24 23 21 20 19 18 22 Figura 12 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para trás e para frente 2005 Fonte: resultados da pesquisa. Finalmente cabe destacar a evolução da economia brasileira considerando os três períodos descritos anteriormente em uma única construção gráfica, conforme Figs. 13 e 14. Os setores de (5) Siderurgia, (7) Outros metalúrgicos, (21) Indústria têxtil e (22) Artigos do vestuário, no decorrer do período apresentaram quedas superiores a 0,15 nos valores de seus índices, sendo as mais expressivas. Essas quedas proporcionaram uma diversificação na demanda de insumos, ou seja, a demanda de outros setores por diferentes insumos passou a ser mais representativa na economia. 1 40 41 42 1,4 2 3 4 1,2 39 38 5 6 1 37 7 0,8 36 8 0,6 35 9 0,4 34 10 0,2 1996 2001 33 11 0 32 2005 12 31 13 30 14 29 15 28 16 27 17 26 18 25 24 23 21 20 19 22 Figura 13 – Índice de Rasmussen-Hirschman - Coeficientes de ligação para trás 1996, 2001 e 2005 Fonte: resultados da pesquisa. Com elevação superior a 0,15, os setores (8) Máquinas e tratores, (10) Equipamentos eletrônicos, (11) Automóveis, caminhões e ônibus, (17) Refino do petróleo e (42) Serviços privados não-mercantis apresentaram os maiores ganhos de índice. Significa dizer que estes setores passaram a ser mais representativos na economia. Neste sentido, no decorrer do período 20 setores apresentaram uma queda no valor de seu índice, os 22 restantes apresentam uma elevação no valor. Ao final observa-se que a economia apresentou uma diversificação de demanda, ou seja, embora a economia tenha apresentado uma queda no número de setores-chave, essa queda proporcionou aos outros setores elevar a sua participação na demanda dos insumos, acentuando que o país passou a depender menos de determinados setores. Esta elevação na dinâmica industrial é justificada conforme foi destacado por Leon (2009) onde, o país apresentou um crescimento destes setores mencionados anteriormente, o que acarretou na elevação de demanda por estes. Analisando o índice de Rasmussen-Hirschman para frente, os setores (1) Agropecuária, (4) Minerais não-metálicos, (5) Siderurgia, (6) Metalurgia não-ferrosos, (8) Máquinas e tratores, (15) Indústria da borracha, (18) Químicos diversos, (21), Indústria têxtil e (41) Administração pública, apresentaram queda superior a 0,15 no valor do índice. Destaca-se o setor (1) Agropecuária, que apresentou a maior queda, seguidos por (5) Siderurgia, (21), Indústria têxtil, que apresentaram quedas acentuadas superando 0,3, conforme destaca o Fig.14. 1 40 41 42 3,5 2 3 4 3 39 38 5 6 2,5 37 7 2 36 8 1,5 35 9 1 34 10 0,5 1996 2001 33 11 0 32 2005 12 31 13 30 14 29 15 28 16 27 17 26 18 25 24 23 21 20 19 22 Figura 14 – Índice de Rasmussen-Hirschman – Índices de ligação para frente 1996, 2001 e 2005 Fonte: resultados da pesquisa. Quando avaliados os setores que apresentaram um significativo aumento na participação como ofertantes de insumos na economia brasileira, destaca-se o setor (39) Serviços prestados às empresas, que apresentou a maior variação, seguidos por (34) Comércio, (3) Extração de petróleo e gás, em que superaram a variação positiva de 0,5. Os setores (16) Elementos químicos, (17) Refino do petróleo, (32) Serviços industriais de utilidade pública, (35) Transporte, (36) Comunicações, (37) Instituições financeiras, apresentaram uma elevação no índice superior a 0,15. Em suma, embora tenha sofrido uma queda acentuada, o setor (1) Agropecuária continua sendo o principal ofertante de insumo para economia. A elevação do índice em outros setores demonstra que no período houve a diversificação na oferta de insumos e, que o país passou a depender menos do setor Agropecuária para crescer economicamente. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise dos índices de Rasmussen-Hirschman para trás, apresentou na comparação entre os anos 1996, 2001 e 2005, uma queda no número de setores-chave. Inicialmente havia 23, sendo ao final apenas 21. Analisando da mesma maneira os índices para frente, a economia apresentou novamente uma queda no número de setores, passando de 14 em 1996 para 13 em 2005. Considerando os setores de maneira restrita, a economia também apresentou queda no número de setores, sendo de seis (6) para quatro (4). Avaliando as modificações ocorridas entre os setores, no que tange ao índice para frente, o setor Agropecuária continua sendo o mais dinâmico, embora este tenha sido o setor que apresentou a maior queda em relação ao seu índice. Por outro lado, o maior ganho de participação foi apresentado pelo setor de Serviços prestados às empresas. Verifica-se desta maneira, que as atividades relacionadas a serviços apresentaram um importante ganho de participação na economia. Analisando as modificações proporcionadas pelos índices para trás, conclui-se que houve um ganho de participação dos setores ligados a prestação de serviços na demanda por insumos; o mesmo ocorrendo nas atividades ligadas a Agropecuária. Em compensação, verificou-se uma perda dos setores ligados a indústria, embora ainda se concentre ali todos os setores-chave no conceito para trás. Uma das causas desta diminuição de setores-chave demonstra que a economia apresentou no período um processo de dinamização produtiva, isso permite concluir, que o país passou a depender de um número maior de setores para crescer e não somente um seleto grupo de atividades. Isso pode ser visto conforme foi mencionado na revisão da conjuntura brasileira. Quando analisado um curto espaço de tempo, o caso de 2001 e 2005, poucas mudanças podem ser observadas, porém no prazo maior, 1996 e 2005, verifica-se que o país apresentou avanços consideráveis. Ainda, constata-se que como mencionado no início do trabalho os setores ligados aos segmentos industriais automobilístico, de construção, de bens de capital e consumo, e segmentos ligados a serviços, dentre eles telecomunicações, energia e transporte apresentaram ganhos na participação do crescimento da economia. Em contrapartida os segmentos ligados ao setor Agropecuária, embora ainda sejam muito expressivos, perderam participação. Por fim, é importante ressaltar a importância da realização de estudos relativos à compreensão do processo de desenvolvimento da economia, suas relações setoriais e industriais. É importante mencionar que as questões aqui levantadas não se esgotam, possibilitando a realização de novos estudos diante de diferentes métodos e enfoques para o conhecimento das transformações ocorridas no país. REFERÊNCIAS BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL: Visão do desenvolvimento: exportações brasileiras crescem com mudança de mercados. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/conhecimento/visao/visao_23.pdf>. Acesso em: 14 abr 2009. BRASIL. Banco Central do Brasil. Histórico de metas para a inflação no Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/Pec/metas/TabelaMetaseResultados.pdf>. Acesso em: 14 abr 2009. BRASIL. Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior. Balança comercial brasileira e corrente de comércio US$ FOB janeiro / dezembro. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1985&refr=1161>. Acesso em: 02 abr 2009. CRUZ, Aline Cristina da; TEIXEIRA, Erly Cardoso e LIRIO, Viviani Silva. Análise das relações intersetoriais na economia mineira. Disponível em: <http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2008/D08A111.pdf>. Acesso em: 16 mar 2009. GUILHOTO, Joaquim José Martins. Análise de insumo-produto: teoria e fundamentos. Disponível em: <http://www.erudito.fea.usp.br/PortalFEA/Repositorio/835/Documentos/Guilhoto%20Insumo%20P roduto.pdf>. Acesso em: 28 jan 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA: Contas Nacionais Trimestrais. Indicadores de Volume e Valores Correntes - Nova Série, outubro/dezembro 2008. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Contas_Nacionais/Contas_Nacionais_Trimestrais/Fasciculo_Indicadores_IBG E/>. Acesso em: 02 abr 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema de contas nacionais: Matriz de insumo-produto, 2000/2005. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/matrizinsumo_produto/publicacao.pdf>. Acesso em: 03 mar 2009. Rio de Janeiro, 2008. V 23. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema de contas nacionais: Séries relatórios metodológicos. Rio de Janeiro, 2004. V. 24 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA: Projeção da População do Brasil. IBGE: população brasileira envelhece em ritmo acelerado. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1272&id_pag ina=1>. Acesso em: 02 abr 2009. LEON, Gustavo Ponce de; Capacidade reforçada de resistir a choque externos: economia muito saudável e ambiente institucional sólido põem o Brasil em situação privilegiada diante da crise mundial. Revista Valor Especial: oportunidades de investimento, São Paulo, mar 2009. LEONTIEF, Wassily; A economia do insumo-produto. São Paulo, SP: Abril Cultural, 1983. MILLER, Ronald E.; BLAIR, Peter D. Input-output analysis: foundations and extensions. Englewood Cliffs: Prentice-Hall. 1985. RODRIGUES, Rossana Lott; MORETTO, Antonio Carlos; CROCOMO, Francisco Constantino e GUILHOTO, Joaquim José Martins. Transações inter-regionais e intersetoriais entre as macroregiões brasileiras em 1985 e 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbe/v59n3/a05v59n3.pdf>. Acesso em: 03 set 2008. Revista Brasileira de Economia. 2005, vol.59, nº 3, p. 445-482. RODRIGUES, Rossana Lott; PARRÉ, José Luiz; MORETTO, Antonio Carlos; ALVES, Alexandre Florindo. Transformações na estrutura produtiva da economia paranaense nos anos 80 e 90. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ecoa/v11n1/04.pdf>. Acesso em: 03 set 2008. Economia aplicada. São Paulo. janeiro-março 2007. vol. 11, nº 1, p. 73-93. VIEIRA FILHO, José Eustáquio Ribeiro; CUNHA, Marcelo Pereira da; FERNANDES, Candido Luiz de Lima. O setor de energia elétrica em minas gerais: uma análise insumo-produto. Disponível em: <http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2006/D06A028.pdf>. Acesso em: 04 fev 2008.