A importância da cartografia temática na visualização e análise geográfica de dados socioeconômicos XI Salão de Iniciação Científica PUCRS Camila de Quadros Pires¹, Rodrigo Costa de Aguiar², Iván G. Peyré Tartaruga³ (orientador) ¹ Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Curso de geografia, PUCRS, ² Departamento de Geografia, Curso de geografia, UFRGS, ³ Centro de Estudos Econômicos e Sociais, Fundação de Economia e Estatística (FEE) Resumo Este trabalho visa salientar a importância da cartografia temática na visualização e na análise do espaço geográfico, identificando os melhores métodos de representação espacial de dados socioeconômicos (Jenks, quantil, intervalos iguais e manual), e tendo como objeto de análise os mapas da Fundação de Economia e Estatística (FEE) (http://mapas.fee.tche.br/). Ao confeccionarmos mapas para uso público, entendemos que os mesmos deverão primar pela sua aparência e utilidade. É imprescindível a busca de conceito e conhecimento na produção dos mesmos, para que a necessidade específica de cada caso seja atendida. . Introdução Temos como objeto de estudo da Geografia, o espaço geográfico, onde o objeto de representação é o próprio espaço, um espaço social resultante da produção humana ao longo do tempo. Sendo assim, entende-se que é de suma importância a cartografia, que foi criada a partir das necessidades do homem em relação à localização e análise do espaço. Os produtos gerados pela cartografia constituem dados em que, sobre uma base cartográfica são representados fenômenos geográficos; demográficos; geológicos; biológicos; socioeconômicos, os tratados aqui; entre outros. Segundo LOCH (2006), para que um mapa seja bem interpretado, ele depende de uma linguagem de qualidade, que é inerente ao processo de comunicação, em que o pesquisador deverá materializar os dados da pesquisa através dos símbolos representados no mapa. Quanto XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 916 mais adequada a linguagem utilizada, melhor será a análise do espaço geográfico. Para apresentar características ou conceitos específicos do espaço geográfico analisado, temos os chamados mapas temáticos, em que a compreensão dos dados fica mais evidente e claro do que os mesmos dados dispostos em tabelas. Neste trabalho, analisaremos mapas quantitativos coropléticos, que mostram variação em valor, quantidade ou densidade das várias distribuições. Em termos práticos, foram estudados mapas referentes ao Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese) dos quatro blocos temáticos – renda, educação, saneamento e domicílio e saúde –, do produto interno bruto (PIB) e PIB per capita e discutiremos sua melhor forma de representação. Metodologia Este trabalho foi realizado através da análise dos dados de PIB, PIB per capita, e os blocos temáticos do Idese, por municípios, em diferentes anos, do estado do Rio Grande do Sul. Para comparar estas informações, foram construídos mapas no software ArcGIS 9.2, nos seguintes métodos de determinação do intervalo de classes , conforme BUZAI e BAXENDALE(2006) e LOCH (2006): Quebras naturais ou Jenks, que identifica pontos de quebra que melhor agrupem valores similares e maximizem a diferença entre as classes; quantil, em que as classes possuem uma quantidade igual de unidades para cada cor classe; intervalos iguais, que tem a amplitude da distribuição de frequência dividida pelo número de classes; e por fim, o método manual, onde são escolhidos arbitrariamente o número de classes e o ponto de cortes. Resultados e Discussão Com este trabalho foi possível compreender a importância de uma adequada representação cartográfica em análise de dados socioeconômicos, visto que o desconhecimento da ciência cartográfica pode alterar, de diversas formas a percepção da realidade de um espaço. Abaixo, podemos analisar dois mapas representando os mesmos dados (Idese/educação-RS/2006), mas com diferentes classificações, trazendo distintas interpretações. Fica nítida a diferença entre os mapas na variável cor, onde aparenta que, com os mesmos dados, nos mesmos espaços, a realidade em cada mapa se torna diferente. No mapa A, da figura 1, esta questão fica bastante evidente e rapidamente se percebe um XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 917 contraste com os demais mapas, pois o mesmo é praticamente abrangido por apenas uma classe, e os mapas B, C e D são mais variados. Figura 1. Mapas do Idese/educação representados em diferentes métodos de classificação, por municípios, no RS-2006 (Fonte dos dados brutos: FEE/CIE. Cartografia: IBGE) Conclusão Ao fim deste trabalho, concluímos que o conhecimento dos diversos métodos de representação cartográfica é imprescindível para a elaboração de um mapa, para que o mesmo possa traduzir as informações (fenômenos socioeconômicos) de modo coerente para o leitor, tendo como base o conhecimento do espaço a ser representado. Desta forma, a comunicação fica mais clara e a representação mais próxima da realidade. Referente aos mapas da FEE, entendemos que os mesmos poderiam ser disponibilizados em duas, ou mais, classificações, deixando o leitor escolher a mais conveniente para seu estudo. Referências XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 918 LOCH, R. E. N., Cartografia: Representação, comunicação e visualização de dados espaciais. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. 2006. BUZAI, G. D; BAXENDALE, C. A, Análisis Socioespacial com Sistemas de Información Geográfica. Buenos Aires: Gepama, 2006 . XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010 919