LEVANTAMENTO DA CONTAMINAÇÃO POR COBRE EM CACHACAS REGISTRADAS
PRODUZIDAS NA BAHIA
SURVEY OF COPPER CONTAMINATION IN CACHAÇA REGISTERED PRODUCED IN
THE STATE OF BAHIA
Carlos Alexsandro Borges1, Marcondes Viana da Silva2 , Valfredo Azevedo Lemos
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Mestrando em Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Professor Titular–Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB
Palavras-chave: Aguardente de cana, teor de cobre, controle de qualidade.
Introdução
A qualidade da cachaça e regulamentada pela Instrução Normativa n° 13 (BRASIL, 2005).
Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil,
com graduação alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito por cento em volume a vinte graus
Celsius, obtida pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com
características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas
por litro, expressos em sacarose (BRASIL, 2005). No Brasil, a produção oficial de
aguardente é de aproximadamente 1,3 bilhões de litros por ano (INSTITUTO BRASILEIRO
DA CACHAÇA, 2009). O Estado da Bahia destaca-se na produção artesanal de cachaça,
sendo o segundo maior produtor do Brasil. A cachaça artesanal é, geralmente, produzida
em alambiques de cobre, o qual confere melhor qualidade ao produto quando comparado
aos alambiques confeccionados com outros materiais, como aço inox; porém, podem
contaminar o produto quando o manejo (principalmente a higiene) da produção é
inadequado (FARIA, 1989; NASCIMENTO et al., 1998). Dentre os compostos inorgânicos, o
cobre assume grande importância na qualidade final do produto, sendo permitida uma
quantidade máxima de 5 mg por litro de aguardente, de acordo com a legislação nacional.
O excesso de cobre solúvel no organismo (hipercupremia) pode ser tóxico devido à
afinidade do cobre com grupos S-H de muitas proteínas e enzimas, causando doenças
como epilepsia, melanoma, artrite reumatóide, bem como a perda do paladar
(SARGENTELLI et al. 1996). Tendo em vista a possibilidade analisar algumas cachaças
registradas produzidas no estado da Bahia, objetivou-se com o presente estudo a
quantificação do cobre nestas bebidas por meio de absorção atômica em espectrofotômetro
de absorção atômica
Material e Métodos
Foram utilizadas 11 marcas comerciais de cachaças do estado da Bahia registradas no
Ministério da Agricultura, sendo adquiridos dois lotes de cada, onde cada lote continha duas
unidades, e estas foram levadas ao laboratório de química da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, Campus de Jequié, BA, para análise. A quantificação do cobre presente
nas cachaças foi realizada por meio de espectrofotômetro de absorção atômica da marca
PERKIN ELMER modelo A ANALYST 200, com gás combustível acetileno e ar como
suporte, lâmpada de cátodo oco, fenda 0,2, comprimento de onda 324,8 nm, voltagem 460 V
e amperagem 3. A solução padrão utilizada foi da marca VETEC. As quantidades de cobre
foram determinadas por meio de comparação das leituras observadas nas amostras de
aguardente, com valores das leituras referentes a curvas analíticas lineares com coeficiente
de correlação não inferiores a 0,9813. A quantidade de cobre foi expressa em miligrama de
cobre por litro de amostra. A estatística utilizada para avaliação dos resultados foi o SAS.
Resultados e Discussão
As amostras apresentaram diferenças no teor de cobre, em que as aguardentes 2 e 6
estavam fora dos padrões (Figura 1). Foi constatada a contaminação de cobre em 9,09%
das amostras, as quais se encontram com valores acima do permitido pelo MAPA. Segundo
Cardoso et al. (2001), a higiene do alambique no momento da destilação é imprescindível
para evitar contaminações com o metal. Cardoso (2001) recomenda que a primeira
destilação deva ser feita adicionando-se suco de limão à água (ácido cítrico), à base de 5
litros do suco para cada 100 litros de água. Assim, essa solução removerá o azinhavre do
alambique, principalmente àquele existente no interior da serpentina de condensação dos
vapores hidroalcoólicos.
mg/litro
Limite Maximo permitido
Cachaças registradas
FIGURA 1 – Concentrações de cobre nas diferentes aguardentes analisadas e seu limite
máximo permitido pelo Decreto Federal 2314 de 4 de setembro de 1997 do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Conclusões
Dentre as 44 amostras de aguardentes analisadas, 9,09% apresentaram níveis de cobre
acima do permitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, indicando a
falta de higienização por parte de alguns produtores.
Referencias Bibliográficas
BRASIL, Instrução Normativa n°13, de 30 de junho de 2005. Aprova o Regulamento Técnico
para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Aguardente de Cana e para
Cachaça. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Diário Oficial da União, DF,
30 de junho de 2005, Seção 1.
CARDOSO, M. das G. Análises físico-químicas de aguardente. In: Produção de
aguardente de ca-na-de-açúcar. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001. p. 152-173.
FARIA, J. B. A influência do cobre na qualidade das aguardentes da cana (Saccharum
officinarum, L.). 1989. Dissertação (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) - Faculdade
de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
INSTITUTO BRASILEIRO DA CACHAÇA. Mercado interno. Disponível em:
http://www.ibrac.net. Acesso em: 22 jul. 2009.
SARGENTELLI, V.; MAURO, A. E.; MASSABNI, A. C. Aspectos do metabolismo do cobre no
homem. Química Nova, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 290- 293, 1996.
Autor a ser contactado: Marcondes Viana da Silva, Prof. Titular do Departamento de Estudos Básicos e
Instrumentais DEBI/UESB-e-mail: [email protected]
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