Alta da gasolina começa a favorecer venda de etanol
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10/03/2015 - 05:00
Alta da gasolina começa a favorecer venda de
etanol
Por Fabiana Batista
Concorrente da gasolina C nos tanques dos carros flex fuel que rodam no país, o etanol hidratado tende a
tornar essa disputa ainda mais acirrada em 2015. O aumento dos preços do combustível fóssil desde 1º
de fevereiro começou a provocar uma reação perceptível por parte dos motoristas, que já recorrem mais
ao biocombustível para "completar" o tanque de seus veículos.
O mercado estima que, até o fim de março, o "market share" do hidratado no Estado de São Paulo, maior
consumidor de combustíveis do país, deverá atingir 50%, ante os 41% estimados para 2014. O recorde
histórico foi em 2009, quando o etanol representou 56% do mercado do Ciclo Otto (que inclui gasolina e
hidratado).
Ainda não há ainda dados oficiais sobre essa divisão no mês
de fevereiro. Mas, conforme Luciano Libório, diretor de
abastecimento e regulamentação do Sindicato Nacional das
Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), a
volta da incidência da Cide sobre a gasolina - que significou
um acréscimo de R$ 0,22 por litro no preço na refinaria - já
provocou uma migração da demanda para o hidratado. "A
percepção é que ela ocorreu, mas ainda não fechamos os
números".
Ainda que o etanol também tenha ficado mais caro ao consumidor final na esteira da alta da gasolina, o
impacto dos reajustes do derivado fóssil falou mais alto ao consumidor, dizem especialistas. Nos postos
de combustíveis de São Paulo, o preço médio do litro da gasolina C, que estava em R$ 2,908 em meados
de janeiro (antes do anúncio da volta da Cide) ficou em R$ 3,177 entre 1º e 7 de março, segundo pesquisa
da ANP. Um aumento, portanto, de R$ 0,27 por litro. Mas a ANP identificou o teto de R$ 3,499 em
alguns postos.
Nas estimativas da comercializadora de etanol SCA Trading, no mês de fevereiro esse deslocamento de
demanda causada pela alta da gasolina significou de 4 a 5 pontos percentuais de "market share" a favor
do etanol - o que significa um aumento de consumo mensal de 260 milhões a 300 milhões de litros,
considerando como base o consumo de etanol registrado em janeiro deste ano em todo o país, que foi de
1,251 bilhão de litros, segundo a ANP.
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10/03/2015
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Responsável por 60% da demanda nacional por etanol hidratado, o Estado de São Paulo deverá liderar,
mais uma vez, o avanço do etanol sobre a gasolina. Após o recorde de 2009, a participação do
biocombustível no mercado paulista declinou até 2012, quando chegou a 36%. Desde então vem
esboçando alguma recuperação. Em 2013, subiu para 39%, e em 2014 bateu em 41%, nas contas do
diretor da trading de etanol Bioagência, Tarcilo Rodrigues.
"Em janeiro, esse percentual já foi a 45% em São Paulo. Em fevereiro ou março, essa participação vai a
50%", estima o especialista.
Em linhas gerais, o consumidor opta por abastecer com etanol hidratado quando seu preço equivale, nos
postos, a menos de 70% do preço da gasolina. Esse parâmetro, atualmente o mais aceito pelo mercado,
foi estabelecido com base na eficiência energética do biocombustível, que é equivalente a 70% do
desempenho do concorrente fóssil.
Nos últimos 12 meses, essa vantagem deu o tom em quatro Estados brasileiros - além de São Paulo, em
Goiás, Mato Grosso e Paraná. Deverá fazer parte do grupo o Estado de Minas Gerais, onde entra em
vigor neste mês a redução da alíquota de ICMS do etanol hidratado de 19% para 14%, além da elevação
da alíquota da gasolina de 27% para 29%.
"Com o diferencial tributário de 15 pontos, o consumo de hidratado no Estado tem potencial para dobrar
dos atuais 750 milhões de litros para 1,5 bilhão de litros por ano", calcula o presidente do Sindicato das
Indústrias Sucroenergéticas de Minas, Mário Campos.
Em 2014, o mercado de combustíveis do Ciclo Otto cresceu 7,7%. O mercado estima que, mesmo com a
desaceleração da economia brasileira em 2015, a demanda por esses combustíveis vá aumentar ao
menos 4% neste ano. "A previsão é que a frota flex cresça 8%. Menos que em 2014, mas ainda um
aumento expressivo. Assim, se o etanol tiver a mesma paridade com a gasolina que teve em 2014, o
mercado será 8% maior", diz o sócio da consultoria FG Agro, Willian Hernandes.
A velocidade do repasse da queda dos preços na usina ao consumidor final também pesará na conta. "Os
preços na usina em São Paulo caíram de R$ 1,30 para R$ 1,210 por litro. Se esse recuo tivesse sido
repassado ao consumidor final, a paridade com a gasolina, atualmente em 66%, seria de 61%, o que
potencialmente poderia dobrar o consumo do biocombustível", afirma Hernandes.
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