Pró-Reitoria de Graduação Curso de Enfermagem Trabalho de Conclusão de Curso USO DE SONDA VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA EM IDOSOS DE UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO IDOSO DO DISTRITO FEDERAL Autoras: Christiane Florêncio de Assis Ester Cassemiro Rodrigues de Lima Orientadora: Profª. MSc. Neuza Moreira de Matos Brasília - DF 2011 CHRISTIANE FLORÊNCIO DE ASSIS ESTER CASSEMIRO RODRIGUES DE LIMA USO DE SONDA VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA EM IDOSOS DE UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO IDOSO DO DISTRITO FEDERAL Monografia apresentada ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof. .Msc. Neuza Moreira de Matos Brasília – DF 2011 Dedicamos este trabalho a Deus, pela bondade misericórdia e por mais uma dádiva concedida, na realização de mais um sonho. Aos nossos pais, por nos ter ensinado a trilhar um caminho de determinação, perseverança e fé. À nossa orientadora Profª. Msc. Neuza Moreira de Matos, pelo exemplo de profissional, pela dedicação, competência e compreensão, com as quais tanto nos incentivou. AGRADECIMENTO Ao nosso Deus por nos dar força, paciência e coragem para encarar os obstáculos e os desafios e porque “o homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dado” (João: 3- 27). Aos nossos pais: Ivaldo Rodrigues de Lima e Marta Cassemiro de Lima (Ester) e Antônio Fernando de Assis e Iracema Florêncio Rocha (Christiane) pelos ensinamentos de vida e amor que moldaram as pessoas que hoje somos. Aos filhos, pela maravilhosa oportunidade de ser mãe, e ser a cada dia uma pessoa melhor. Aos mestres por despertarem em nós nossas próprias expectativas. Aos amigos pela contribuição direta ou indireta na elaboração deste trabalho e pela amizade dedicada. “A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer devoção tão exclusiva, preparo tão rigoroso, quanto à obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma arte; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!” Florence Nightingale “Enfermagem é a arte de cuidar incondicionalmente, é cuidar de alguém que você nunca viu na vida, mas mesmo assim, ajudar a fazer o melhor por ela. Não se pode fazer isso apenas por dinheiro... Isso se faz por e com amor!” Angélica Tavares RESUMO ASSIS, Christiane. LIMA, Ester. O uso de Sonda Vesical de Demora Suprapúbica em idosos de um Serviço de Referência em Saúde do Idoso do Distrito Federal. 2011.66. EnfermagemUniversidade Católica de Brasília, Brasília-DF, 2011. O trato urinário inferior apresenta alterações relacionadas ao envelhecimento, tais alterações podem ocorrer mesmo na ausência de doenças. A Sondagem Vesical de Demora Suprapúbica é um método para estabelecer a drenagem da bexiga através inserção de um cateter por via percutânea ou por incisão da parede abdominal anterior dentro da bexiga, sendo indicada em casos de incontinência urinária, após o trauma e/ ou cirurgias uretrais, pélvicas e patologias relacionadas à próstata. O presente estudo tem como objetivo investigar os cuidados dos idosos em relação à sondagem vesical de demora suprapúbica de um serviço de referência em saúde do idoso do Distrito Federal. Abordou métodos qualitativo descritivo, exploratório utilizando como instrumento de coleta de dados questionário estruturado para entrevista constituído de questões abertas e fechadas. A análise dos dados foi realizada seguindo o método de Bardin, identificando os cuidados, a percepção e as complicações do idoso em relação ao uso da sonda. Concluindo que é preciso adotar uma abordagem mais resolutiva no cuidado de enfermagem quanto à técnica da sondagem e a prevenção das complicações, buscando a atualização através de pesquisas a sobre da sondagem vesical de demora suprapúbica. Palavras-Chave: Sonda Vesical de Demora Suprapúbica, Idoso, Incontinência urinária. ABSTRACT The lower urinary tract presents age-related changes, such changes can occur even in the absence of disease. The Delay catheterization Suprapubic is a method to establish drainage of the bladder through a catheter inserted percutaneous or through an incision in the anterior abdominal wall into the bladder, is indicated in cases of urinary incontinence after the trauma and/ or urethral surgery, and pelvic pathologies related do the prostate. The present study aims to investigate the care of the elderly in relation to catheterization suprapubic delay a referral service for health of elderly in the Federal District. Addressed methods qualitative descriptive, exploratory, using as an instrument of data collection structured questionnaire to interview consisting of open and closed questions. Data analysis was performed following the method of Bardin, identifying care, the perception of the elderly and complications regarding the use of the probe. Concluding that we must adopt a more resolute approach in nursing care and the technique of probing and prevention of complications, seeking to upgrade from research on the survey of urinary catheter suprapubic. Keywords: Suprapubic indwelling catheter, elderly, urinary incontinence. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 10 1.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 12 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 12 1.3 HIPÓTESE ......................................................................................................................... 13 1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 15 2.1 ASPECTOS GERAIS DO ENVELHECIMENTO ............................................................ 16 2.2 O IDOSO E A INDICAÇÃO DO USO DE SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA (SVSP). .................................................................................................................................................. 21 3 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 26 3.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 26 3.2 LOCAL/PERÍODO ............................................................................................................ 27 3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................................................... 27 3.3.1 Critérios de Inclusão ..................................................................................................... 27 3.3.2 Critérios de Exclusão .................................................................................................... 28 3.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 28 3.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 28 3.6 ASPECTOS ÉTICOS ......................................................................................................... 30 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS. ........................... 31 4.1CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE REFERÊNCIA EM SAÚDE ......................... 31 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA E DESCRIÇÃO DOS IDOSOS ......................... 32 4.3 RELATOS DOS IDOSOS QUANTO AOS CUIDADOS COM A MANIPULAÇÃO DA SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA. ..................................................................................... 33 4.4 DESCRIÇÃO DA TÉCNICA DA SONDAGEM VESICAL SUPRAPÚBICA (SVSP). . 41 4.5 DESCRIÇÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM IDOSOS EM USO DE SONDA VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA( SVSP). ............................................... 43 4.6 ALERTA SOBRE POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA SONDAGEM VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA( SVSP) ....................................................................................... 46 5 CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 49 REFERÊNCIA........................................................................................................................51 APÊNDICE..............................................................................................................................59 APÊNDICE A – Roteiro de entrevista......................................................................................59 APÊNDICE B – Descrição dos idosos.....................................................................................60 APÊNDICE C – Informações importantes para os idosos na prevenção de complicações com o uso de sonda vesical de demora suprapúbica (SVSP)............................................................62 APÊNDICE D–Descreve o material utilizado para Sondagem Vesical de Demora Suprapúbica...............................................................................................................................63 ANEXOS..................................................................................................................................64 ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS)..................................................................................................................64 ANEXO B – Cronograma de Atividade da Pesquisa...............................................................65 ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................................66 10 1 INTRODUÇÃO O grupo de pessoas idosas com 60 anos ou mais vem aumentando de forma bastante acelerada no Brasil. O Ministério da Saúde estima que existam atualmente no país cerca de 17,6 milhões de idosos, constituindo assim um segmento populacional com crescimento expressivo nos últimos tempos. Dados do Ministério da Saúde demonstram que o envelhecimento da população configura-se em fenômeno crescente, tal fato ocorre em países desenvolvidos, como também ocorre em países em desenvolvimento, como o Brasil (CAVALHEIRO et al., 2010). Em todo o mundo, a proporção de pessoas acima de 60 anos de idade está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. Cronologicamente são considerados idosos todos aqueles indivíduos com 65 anos ou mais de idade em países desenvolvidos enquanto nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o ponto de corte etário adotado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como a idade de transição para o segmento idoso da população é de 60 anos (WELFER, 2007, p. 14). O envelhecimento pode ser conceituado como “um conjunto de modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, sendo considerado um processo dinâmico e progressivo”. O declínio das funções orgânicas, manifestadas durante o envelhecimento, tende a aumentar com o tempo, com um ritmo que varia não só de um órgão para outro, mas também entre idosos da mesma idade. Essas diferenças no processo de envelhecimento devem-se às condições desiguais de vida e de trabalho, a que estiveram submetidas (FERREIRA et al., 2010, p. 1066). É comum pessoas idosas necessitarem de atenção especial não somente por serem acometidas por doenças crônicas, mas também pela fragilidade nesta fase da vida, resultando em incapacidades, alterações na funcionalidade, que em razão do desgaste físico acabam dificultando ou impedindo o desempenho de atividades cotidianas. As doenças crônicas que por sua natureza não têm cura, geralmente são os fatores de maior demanda entre os idosos por um acompanhamento constante. Essas condições comprometem a qualidade de vida dessa faixa etária e estabelece graus de dependência, que variam entre 15 e 50% (BRASIL, 2007). O aumento de pessoas idosas que necessitam de acompanhamento e consequentemente o aumento dos graus de dependência, vem exigindo uma reorganização do Sistema de Saúde, 11 que hoje se depara com um desafio devido às doenças crônicas apresentadas na população de idosos, além do fato de que incorporam disfunções urológicas nos últimos anos de suas vidas (BRASIL, 2007). Portanto que “as alterações inerentes ao processo de envelhecimento não significam doença, mas a probabilidade de seu aparecimento aumenta com a idade, uma vez que o envelhecimento torna as pessoas mais vulneráveis aos processos patológicos, caracterizando a senilidade” (KUSUMOTA, 2004, p. 526). Tais alterações levam ao envelhecimento da bexiga órgão responsável pelo armazenamento da urina produzida pelo rim e sua expulsão para o meio exterior, a bexiga é submetida, no envelhecimento, a alterações próprias do órgão e extravesicais, que podem levar a exteriorização clínica, cujas repercussões ultrapassam a esfera biológica do individuo, podendo promover inúmeras limitações no campo psíquico, social e profissional da pessoa idosa (FILHO; NETTO, 2006). Sendo assim, Reis et al., (2003) afirma que consequentemente ocorrem disfunções urológicas é a perda involuntária de urina que pode estar associada à incapacidade de esvaziar completamente a bexiga. As principais causas de esvaziamento vesical incompleto são a acontractilidade e a hipocontractilidade da musculatura detrusora, assim como a obstrução ao fluxo urinário. O déficit contráctil da musculatura detrusora e a obstrução ao fluxo urinário podem estar presentes isoladamente ou em conjunto. Em situações extremas, a hiperdistenção vesical faz com que ocorra incontinência urinária por transbordamento, também chamada de incontinência paradoxal. É porque a força da instabilidade detrusora em muitos indivíduos idosos continentes sugere que a relação entre urge-incontinência e instabilidade detrusora seja mais fraca em pessoas idosas do que em jovens. Uma possível explicação para este fato é que, nos idosos, as características das contrações involuntárias, de menor amplitude, necessitem de alterações estruturais e funcionais do esfíncter uretral para que ocorra a urgeincontinência. Fatores como o trofismo vaginal e a presença de distopias também influenciam a presença da urgeincontinência (REIS et al., 2003). O papel da enfermeira é voltado para as orientações frente à conduta de reestruturação da incontinência, prevenindo e melhorando a condição dos idosos incontinentes, através de cuidados básicos, higiene, prevenção de lesões no períneo, favorecerem um ambiente adequado para manter a continência, conservando-o seco e evitando outras complicações. É de fundamental importância, que a enfermeira geriátrica reconheça o impacto que esta 12 condição gera na população idosa, para trabalhar todos os aspectos que influenciam o quadro do problema: psicológico, social e ambiental (FLORENTINO, 2010). O mesmo autor op.cit., (2010) reforça que a infecção do trato urinário é uma condição freqüente em idosos, principalmente com o uso do cateter de demora. O uso do cateter vesical de demora por período superior a trinta dias aumenta a flora microbiana, porém, o uso do antimicrobiano, não reduz a incidência de complicações, mas contribui para o aumento da resistência bacteriana. Por isso, não deve ser feita de forma intempestiva, onde os riscos superam os benefícios. Sabe-se que as bactérias multiplicam-se, rapidamente, na urina estagnada na bexiga. Além disto, a distensão excessiva impede o fluxo sangüíneo para a parede da bexiga, aumentando a suscetibilidade à infecção por crescimento bacteriano. O esvaziamento regular e total da bexiga reduz grandemente o risco de infecção (MAGALHÃES; CHIOCHETTA, 2002). Verificar o conhecimento dos profissionais de saúde que manuseiam e realizam a instrumentação do trato urinário constitui-se etapa diagnóstica, fundamental para a instituição de programas operacionais que contribuam para a adesão às medidas recomendadas para o controle de infecção (SOUZA, 2007). Esta pesquisa é de caráter qualitativo descritivo e exploratório, e para que os objetivos fossem alcançados, utilizou como instrumento e coleta de dados questionário estruturado para entrevista, composto por questões abertas e fechadas. Dessa forma, o estudo descreve o uso da sonda vesical de demora suprapúbica (SVSP) em idosos e identifica quais os cuidados do idoso em relação ao uso da SVSP, verifica a percepção do idoso utilizando o método de Bardin (2009) quanto ao seu uso descreve detalhadamente a técnica de troca da SVSP e alerta quanto à possibilidade de complicações pela inobservância de cuidados. 1.1 OBJETIVO GERAL Investigar os cuidados dos idosos em relação à sondagem vesical de demora suprapúbica (SVSP) de um serviço de referência em saúde do idoso do Distrito Federal. 13 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar quais os cuidados do idoso em relação à manipulação da SVSP; Verificar qual a percepção dos idosos em relação ao uso da SVSP; Descrever detalhadamente a técnica de troca da SVSP; Alertar sobre as possíveis complicações da SVSP. 1.3 HIPÓTESE O papel do enfermeiro em relação aos idosos em uso de sonda vesical de demora suprapúbica (SVSP) é de extrema relevância, sabendo que este é o profissional responsável pelas instruções passadas a esses idosos quanto aos cuidados. Essas instruções provavelmente são executadas pelos mesmos. Os idosos que utilizam a SVSP estão devidamente orientados pelo enfermeiro a respeito dos cuidados necessários a manipulação. Bem como, sobre os aspectos sociais que envolvem o uso desse procedimento. Estima-se que eles tenham uma convivência ruim com o uso da SVSP, como também, a literatura é escassa em relação à descrição detalhada da técnica e dos seus cuidados. 1.4 JUSTIFICATIVA O envelhecimento populacional constitui uma das maiores conquistas do presente século. Poder chegar a uma idade avançada, já não é mais privilégio de poucas pessoas (VELOZ; SCHULZE; CAMARGO, 1999). Como o crescimento da população idosa é uma realidade, não só no Brasil, mas em todo o mundo há necessidade de se cuidar de pessoas cada vez mais idosas e cuja expectativa de vida é cada vez mais longa. Faz-se necessário que os profissionais de saúde direcionem cuidados específicos rejeitando atitudes negativas. E mesmo para aqueles idosos mais fragilizados o cuidado deve ser baseado na manutenção da autonomia e da qualidade de vida (SANTOS, 2000). Nesse processo vale ressaltar ás alterações estruturais e funcionais, embora variem de um indivíduo para outro, são encontrados em todos os idosos e são próprias do processo do envelhecimento normal. Contudo, doenças podem induzir maior intensidade em tais 14 modificações, que consequentemente se manifestam clinicamente, exteriorizando-se de maneira a tornar possível sua caracterização. Porém, não é fácil estabelecer os limites entre a senescência e a senilidade, isto é, entre as modificações peculiares do envelhecimento e as decorrentes de processos mórbidos mais comuns em idosos (WELFER, 2007, p.18). Nos idosos do sexo masculino a principal causa de esvaziamento vesical deficiente é a hiperplasia benigna da próstata e, menos freqüentemente, o adenocarcinoma prostático e as estenoses da uretra. A ocorrência de obstrução em mulheres é menos freqüente que nos homens e, decorrem da presença de grandes prolapsos genitais ou de complicações das cirurgias para a correção de incontinência urinária (OLIVEIRA; AMARAL; FERRAZ, 2005). A indicação para a cateterização vesical de demora suprapúbica (SVSP) em pacientes cirúrgicos na maioria das vezes, é feita de forma eletiva em pacientes que já estão internados e apenas eventualmente em situações de urgência. Nos pacientes com patologias clínicas e que na sua maioria, procedem da comunidade, a indicação da cateterização e feita exclusivamente em situações de urgência (STAMM; COUTINHO, 1999). A relevância do tema reside no fato deste procedimento apresentar um menor risco de infecção aos idosos que utilizam a sonda vesical suprapúbica (SVSP), uma vez que, para que haja uma melhor assistência a estes idosos, dependerá da capacitação de recursos humanos para qualificar a assistência de enfermagem. Como consequentemente passaram orientações importantes aos idosos sobre os cuidados com a sonda, e realizarão a troca da SVSP da melhor maneira. Embora seja escassa a literatura especializada essa é uma pesquisa que pode fornecer esclarecimentos sobre a técnica e suscitar pesquisas, abordando aspectos ausentes neste estudo. A sondagem vesical de demora suprapúbica tratar-se de uma técnica exercida exclusivamente pelo enfermeiro ou médico treinado,e esta pesquisa se justifica, na medida em que o conhecimento e os cuidados sobre essa técnica vão propiciar a adoção de medidas no sentido de promover o conforto do paciente bem como medidas que propiciem a redução de infecções. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO Segundo Nasri (2008) a transição demográfica encontra-se em diferentes fases ao redor do mundo. Em conjunto com a transição epidemiológica, resulta no principal fenômeno demográfico do século 20, conhecido como envelhecimento populacional. Esta transição demográfica exigiu do sistema de saúde uma reorganização, pois os idosos necessitam de cuidados que se tornam um desafio devido às doenças crônicas que apresentam, além do fato de que incorporam disfunções nos últimos anos de sua vida. Tais disfunções podem ocorrem no trato urinário inferior que apresenta alterações relacionadas ao envelhecimento que acontecem mesmo na ausência de doenças. Além das alterações decorrentes da senilidade dos tecidos, doenças próprias do indivíduo idoso também contribuem para o desenvolvimento de incontinência urinária (REIS et al., 2003). Rodrigues; Mendes (1994) afirma que o tratamento do idoso incontinente deve ser realizado pela equipe de saúde com a participação do paciente e das pessoas que lhes prestam cuidados. O trabalho do enfermeiro é identificar a incontinência urinária em idosos, planejar as estratégias de intervenção, aplicá-las e avaliar os resultados. Sua meta é prevenir novos casos de incontinência, melhorar a condição dos idosos incontinentes por meio de cuidados básicos de higiene, da educação para o controle miccional e da prevenção de lesões no períneo, além de favorecer um ambiente adequado para manter a continência conservando o idoso seco, evitando dessa forma outras complicações. Durante muito tempo acreditou-se que a melhor forma de tratar pacientes com alterações do aparelho urinário seria a utilização de cateteres de demora. Pode-se dizer que, esse procedimento trouxe juntamente com os benefícios, problemas e riscos potenciais associados à manipulação do trato urinário. A infecção urinária passou a ocupar um dos primeiros lugares dentre as infecções hospitalares principalmente entre os idosos (HOMENKO; LELIS; CURY, 2003). Os riscos de infecção relacionados aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos podem ser minimizados, uma vez que dependem diretamente da capacitação de recursos humanos. Assim, apesar dos avanços e medidas estabelecidas para prevenção e controle das infecções nesta topografia, têm se observado baixa adesão às recomendações, sendo um desafio para as instituições de saúde, devido ao desconhecimento ou à dificuldade em mudar hábitos sedimentados ao longo da vida profissional (SOUZA, et al., 2007). 16 Marvulo (2001) descreve as consequências clínicas do cateterismo uretral como resultantes de erros na inserção do cateter, indicação inapropriada para a cateterização prolongada e assistência imprópria com relação ao cateter de demora. Não só o cateterismo vesical de demora como também a sonda vesical suprapúbica (SVSP), podem acarretar complicações, embora com menor frequência. Para Souza (2007) são várias as vantagens da drenagem suprapúbica: os pacientes são capazes de urinar mais precocemente, é mais confortável do que uma sonda de demora transuretral, possibilita maior mobilidade ao paciente, maior facilidade de troca da sonda e, principalmente, apresenta um menor risco de infecção urinária. Como desvantagem apresentase o fato de se tratar de um método cirúrgico. 2.1 ASPECTOS GERAIS DO ENVELHECIMENTO Para Souza (2010) o processo de envelhecimento é compreendido como processo de vida, ou seja, o ser envelhece porque vive e muitas vezes sem se dar conta disso. Segundo o autor o processo de envelhecimento comporta a fase da velhice, mas não se esgota nela. A qualidade de vida e, consequentemente, a qualidade do envelhecimento guarda relação com a visão de mundo do indivíduo, com a sociedade em que ele está inserido e com o estilo de vida conferido a cada ser. Há cerca de quatro décadas tem sido observado o aumento da população idosa, particularmente nos países em desenvolvimento. O Brasil é um exemplo típico dessa afirmativa, onde o envelhecimento populacional tem revelado crescimento exponencial e cuja projeção para o ano de 2025 mostra que o número de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 32 milhões (Guerra; Caldas, 2010, p. 2932). Em relação ao envelhecimento da população, Ramos (2003), cita que o maior desafio no século XXI será cuidar de uma população numerosa de idosos, a maioria com baixo poder aquisitivo, nível social e educacional desfavorecido além de alta prevalência de doenças crônicas incapacitantes. O avançar da idade traz consigo sensíveis alterações no estilo de vida da população idosa, as quais podem surgir por problemas de saúde ou pelo processo fisiológico do envelhecimento, que se configura como um processo múltiplo e desigual de comprometimento e decadência das funções que caracterizam o organismo vivo em razão do tempo de vida (GARBIN, 2010). 17 Guerra; Caldas (2010, p. 2932) enumera algumas das dificuldades e problemas advindos do envelhecimento, assim como, também lista as recompensas atribuídas à velhice: Dificuldades e Problemas: Incapacidade, perda da utilidade social, aposentadoria, exclusão devido a questões sagradas, esquecimento, raciocínio lento, desgaste físico, perda de resistência, demência, senilidade, degeneração física e mental, inatividade, declínio da imagem, enfretamento da aparência do corpo, aparecimento de rugas, preconceito, desrespeito aos idosos, à sexualidade, dependência, inutilidade, exclusão dos prazeres da vida, rejeição familiar, isolamento, abandono, solidão, tristeza, depressão, institucionalização como morte social e proximidade da morte. Recompensas: experiência, conhecimento, participação, independência, integração, autonomia física e mental, presença de apoio e suporte familiar, participação em grupos extras familiares, passe livre em transporte coletivo, fila preferencial. Seguindo a linha de pensamento de Guerra; Caldas (2010), cita que é possível observar que muitas das dificuldades citadas, são consequências de fatos anteriores e que, de modo geral, as recompensas dependem das escolhas e possibilidades internas desses idosos; quer sejam construídas ao longo da vida, como recursos financeiros, afeto da família e rede social, quer sejam as recorridas para suprir algumas das dificuldades encontradas na velhice, como a busca por grupo de terceira idade. Muitas vezes essas recompensas ajudam a manter os idosos funcionalmente independentes, é o primeiro passo para que os idosos atinjam melhor qualidade de vida. O mesmo autor reforça, para que exista melhoria na qualidade de vida dessa faixa etária, que é necessária a implementação de programas específicos de intervenção, visando a eliminação de fatores de riscos relacionados com a incapacidade funcional. Além disso, é imprescindível a elaboração de ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação, que interfiram diretamente no sentido da manutenção da capacidade funcional dos idosos. Ramos (2003) complementa chamando a atenção para a preparação e capacitação de profissionais no sentido de eliminar fatores de risco relacionados com a incapacidade funcional: 18 A manutenção da capacidade funcional é, em essência, uma atividade multiprofissional para a qual concorrem médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais. A presença desses profissionais na rede de saúde deve ser vista como uma prioridade. Contudo, para que a atenção ao idoso possa se realizar em bases interprofissionais, é fundamental que se estimule a formação de profissionais treinados (RAMOS, 2003, p.797). No que diz respeito ao treinamento e capacitação de profissionais Nunes (2003) sugere que esses sejam baseados em estudos sobre o envelhecimento e suas implicações; objetivando contribuir para a melhoria da qualidade das práticas de saúde dirigidas aos idosos. Conforme o autor essa tomada de atitude no sentido de treinar e capacitar pessoas na rede de saúde é especialmente importante, principalmente pelo momento histórico vivido no país em que o percentual dessa população cresce em ritmo acelerado. Sabe-se que apesar da atuação da medicina preventiva, ainda há uma alta prevalência de doenças crônicas na velhice, que compromete o estilo de vida dos idosos acometidos pelas complicações das patologias e pelas diversas limitações decorrentes do tratamento, como diminuição na realização de atividades diárias e na função cognitiva. Dessa forma, a qualidade de vida vai depender do controle desses quadros patológicos com o tratamento adequado (VITORELI, 2005, p.112). Os estudos de Lehr (1999, p. 32-33) revelam que o envelhecimento ocorre de diversos modos, que podem ser: pela herança biológica e genética, fatores sociais, ambientais, culturais e políticos. Ainda há uma série de influências adquiridas na infância, adolescência, começo e meio da vida adulta, porém a atual condição de vida do idoso, também influencia no bem estar do envelhecimento. O declínio das funções orgânicas, manifestadas durante o envelhecimento, tende a aumentar com o tempo, com um ritmo que varia não só de um órgão para outro, mas também entre idosos da mesma idade. Essas diferenças no processo de envelhecimento devem-se às condições desiguais de vida e de trabalho, a que estiveram submetidos (FERREIRA, et al., 2010, p. 1066). Welfer (2007) comenta que o processo do envelhecimento caracteriza-se biologicamente como um processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível o qual inicia no nascimento e acompanha por todo o tempo de vida possível e só termina com a morte. Contudo, doenças podem acelerar o envelhecimento. Além disso, a transição demográfica expressa alteração no perfil de morbimortalidade em que doenças infecciosas são substituídas por doenças crônicas. As doenças crônicas acarretam incapacidades e alteram a qualidade de vida do idoso, levando-o a utilizar os serviços hospitalares com mais frequência. O tratamento das doenças crônicas é mais prolongado, a recuperação é mais lenta e complicada, o que eleva o custo da assistência à saúde na velhice. 19 Na tentativa de se compreender comumente o processo fisiológico do envelhecimento, algumas funções de certos órgãos mostram-se alteradas, o que seria decorrente da diminuição do número de células ou da menor capacidade funcional desses órgãos (FILHO; NETTO, 2006). O idoso é mais vulnerável a doenças degenerativas de começo insidioso, como as cardiovasculares e cerebrovasculares, o câncer, os transtornos mentais, os estados patológicos que afetam o sistema locomotor e os sentidos. Inegavelmente, há uma redução sistemática do grau de interação social como um dos sinais mais evidentes de velhice (ZASLAVSKY; GUS, 2001, p. 365). Com o avanço dos anos, o sistema cardiovascular passa por uma série de alterações, tais como arteriosclerose, diminuição da distensibilidade da aorta e das grandes artérias, comprometimento da condução cardíaca e redução na função barorreceptora. As estatísticas mostram que a maior causa de mortalidade e morbidade é a doença cardiovascular. A doença coronariana é a causa de 70 a 80% de mortes, tanto em homens como em mulheres e a insuficiência cardíaca congestiva, mais comum de internação hospitalar, de morbidade e mortalidade na população idosa. Ao contrário da doença coronariana, a insuficiência cardíaca congestiva continua aumentando (ZASLAVSKY; GUS, 2001, p. 635 - 636). Neves e Chen (2002) explicam que as alterações cerebrovasculares revelam algumas das funções psíquicas como memória, concentração, associação, que são mais sensíveis ao envelhecimento, porém certamente também são determinados por uma série de fatores sociais, emocionais e de antecedentes pessoais. A relação de vida dessas pessoas pode facilitar muito o não agravamento destas condições. Por exemplo: manutenção de atividades de leitura, escrita, jogos, lazer, hobbies e a convivência social. Os mesmos autores op. cit. (2002, p.2) reforçam que no sistema muscular observam-se as modificações da massa corpórea, com a queda do metabolismo basal, aumento da concentração de gordura e enfraquecimento muscular. Neste sentido, há uma predominância de posturas em flexão pela dificuldade em vencer a força da gravidade. A coluna cervical curva-se para frente podendo aparecer problemas como uma cifose dorsal, imobilismo da coluna lombar, os membros tendem a fletir ao nível dos cotovelos, joelhos e articulação coxofemoral. A atividade física, os exercícios de mobilidade e técnicas corporais podem ser de grande valia neste processo evitando as deformidades, a imobilidade e as deficiências físicas ou processos dolorosos. Vale ressaltar que os pulmões diminuem de volume e perde a elasticidade, os músculos respiratórios perdem parte de sua capacidade resultando em uma diminuição da 20 ventilação. A capacidade vital no idoso poderá estar diminuída em até 60 a 70% sem que isso signifique uma patologia respiratória, porém associada à falta de atividade física ou hábitos como fumo podem acarretar problemas secundários (NEVES; CHEN, 2002, p. 2). O aparelho digestivo do idoso evolui para alterações fisiológicas próprias da idade, expressas nos distúrbios motores funcionais, na função secretória e absortiva que se estendem para as glândulas anexas, principalmente o fígado. O extremo proximal – esôfago e o distal intestino grosso são os segmentos mais afetados. Nestes as alterações funcionais da peristalse e do esfíncter inferior dificultam a deglutição coordenada e provocam sintomas, tais quais os da acalasia e da doença do refluxo gastresofágico (SANTOS, 2003, p. 308). O mesmo autor op. cit. (2003, p. 308) ressalta que ocorrendo, os sintomas predominantes que são os da constipação e do aparecimento de divertículos aos quais se associam várias complicações. O esvaziamento gástrico e a progressão do conteúdo cólico são lentos no idoso. O fígado sofre diminuição de sua massa, por diminuição do número de hepatócitos, mas em comparação com outros órgãos sólidos essa glândula sofre menos e mantém quase intacta a sua reserva funcional. Segundo Moraes (2008) o rim é um dos órgãos mais sensíveis ao processo do envelhecimento. Com o advento da senilidade, o rim normal, aquele que não foi atingido por nenhuma nefropatia, sofre modificações involutivas sob os pontos de vista anatômicos e funcionais. Essas alterações merecem ser reconhecidas, pois acarreta maior vulnerabilidade do órgão pela redução da sua capacidade de adaptação, conferindo certa peculiaridade a enfermidade correspondente encontrada nessa faixa etária. Uma das modificações dos rins é o peso que é de 50 g no nascimento; pesa entre 230 e 250 g na fase adulta, proporcionalmente a área corporal do indivíduo; e a partir da quarta década, com o inicio do processo de envelhecimento renal, pode atingir cerca de 180 g. A diminuição do seu peso, reduzindo a área de filtração glomerular e, consequentemente, das suas funções fisiológicas, expressa universalmente pela medida do ritmo de filtração glomerular, em geral quantificada na clínica pela depuração da creatinina endógena (FILHO; NETTO, 2006, p. 690). Filho; Netto (2006, p. 693) afirma que ocorre também o envelhecimento da bexiga o órgão responsável pelo armazenamento da urina produzida pelo rim e sua expulsão para o meio exterior. A bexiga é submetida, no envelhecimento, á alterações próprias do órgão e extravesicais, que podem levar a exteriorização clínica, cujas repercussões ultrapassam a esfera biológica do individuo, podendo promover inúmeras limitações no campo psíquico, social e profissional da pessoa idosa. 21 Consequentemente no trato urinário inferior ocorrem alterações mesmo na ausência de doenças. A força de contração da musculatura detrusora, a capacidade vesical e a habilidade de adiar a micção aparentemente diminuem, no homem e na mulher. Contrações involuntárias da musculatura vesical e o volume residual pós-miccional aumentam com a idade em ambos os sexos. Entretanto, a pressão máxima de fechamento uretral, o comprimento uretral e as células da musculatura estriada do esfíncter alteram-se predominantemente nas mulheres (KUSUMOTA, 2004, p. 526). Todas as alterações relacionadas são fisiológicas e ocorrerão de forma individual em cada idoso. Embora não sendo patológicas, o acúmulo dessas alterações, com o transcorrer do tempo, pode levar à limitação das chamadas atividades de vida diária do idoso. Esse quadro torna-se mais acentuado e mais rápido na vigência de doenças geralmente crônico degenerativo (DUARTE, 1994, p. 191). Kusumota (2004) conclui que essas alterações são inerentes ao processo de envelhecimento e não significam doença, no entanto, a probabilidade de seu aparecimento aumenta com a idade, uma vez que o envelhecimento torna as pessoas mais vulneráveis aos processos patológicos, caracterizando a senilidade. Dentro desse contexto ressalta-se a importância não só de cuidados com a saúde do idoso como também um reconhecimento dessa parcela da população pela sociedade e pelo Estado. 2.2 O IDOSO E A INDICAÇÃO DO USO DE SONDA VESICAL DE DEMORA SUPRAPÚBICA (SVSP) A SVSP está indicada, principalmente, em seis situações: incontinência urinária de difícil controle; incontinência urinária em pacientes com vida sexual ativa; drenagem urinária após algumas cirurgias pélvicas e uretrais; retenção urinária aguda, quando não for possível a passagem de um cateter pela uretra; trauma uretral ou pélvico; problemas persistentes com cateteres uretrais, tais como irritação uretral ou obstrução frequente da sonda (MONTEIRO; SANTANA, 2006, p. 1274). Nettina (2003, p. 677) reforça que a SVSP é um método para estabelecer a drenagem da bexiga introduzindo um cateter por via percutânea ou por uma incisão através da parede abdominal anterior dentro da bexiga. As indicações de uso desse tipo de sonda condizem com a situação funcional do idoso embora não seja uma regra. Outros problemas que levam a SVSP, conforme Napoleão (2009) é a patologia relacionada à próstata que atualmente atinge um elevado número de homens, especialmente 22 acima dos 60 anos. Dentre as patologias que acometem esta glândula estão a Hiperplasia Benigna da próstata (HBP) e o câncer de próstata. Parta Rodrigues (2003) outro fato de que a incontinência urinária (IU) é um dos problemas silenciosos na geriatria, e guarda relação com o declínio filosófico e funcional da pessoa idosa, e muitas vezes esse problema é negligenciado pelos profissionais da saúde. Pode-se verificar que a IU não é considerada como uma patologia do envelhecimento, mas entendida como uma consequência de várias alterações decorrentes do processo de envelhecimento. Com o aumento da expectativa de vida é preciso qualificação e desenvolvimento de aptidões para identificar e tratar a IU na população idosa, o que pode influenciar significativamente na sua qualidade de vida (VIEGAS et al., 2009, p. 56). Para Silva e Santos (2003, p. 37) vários fatores têm sido relacionados à ocorrência de sintomas da IU, sendo considerado o mais importante a idade avançada, [...] e algumas doenças prevalentes em idosos como o Acidente Vascular Cerebral e o Mal de Parkinson, além de medicações e cirurgias que são potencialmente capazes de provocara diminuição do tônus muscular pélvico e/ou gerar danos nervosos. Segundo Nettina (2003, p. 177) existem quatro tipos básicos de IU: Estresse: é a perda involuntária da urina com aumentos na pressão intra-abdominal. Normalmente causada por fraqueza e lassidão da musculatura do assoalho pélvico, ou fraqueza do colo da bexiga; Urgência: envolve extravasamento da urina por causa da incapacidade de retardar a micção depois de percebida a sensação da plenitude vesical, o que é associado à hiperatividade do detrusor, distúrbios do sistema nervoso central ou condições geniturinárias locais; Hiperfluxo: ocorre devido a extravasamento da urina decorrente das forças mecânicas sobre bexiga hiperdistendida, o que resulta da obstrução mecânica ou de bexiga que não se contrai; Funcional: envolve o extravasamento urinário associado à incapacidade de chegar até o banheiro por causa do funcionamento cognitivo e/ou físico. A IU não é uma doença, mas sim um sintoma e um sinal de disfunção vesical e/ou do mecanismo esfincteriano uretral. O Comitê de padronização da Sociedade Internacional de Continência (ICS) considera que IU é “a queixa de qualquer perda involuntária de urina”. 23 Caracteriza-se como um problema comum de eliminação urinária alterada, principalmente na população feminina. A prevalência de incontinência urinária varia de 14% a 57% entre mulheres com idade entre 20 e 89 anos, com episódios de perda urinária que variam de esporádicas a diárias. Entre os homens, a prevalência é bem mais baixa, em geral cerca de 3% a 11% (HIGA, 2008, p. 566). Seguindo a linha de raciocínio Higa (2008) alerta que na incontinência urinária por transbordamento ocorre a perda incontrolável de pequenas quantidades de urina de uma bexiga muito cheia. A perda ocorre quando a bexiga torna-se dilatada (bexigoma) insensível devido à retenção crônica de urina. A pessoa pode tornar-se incapaz de urinar porque o fluxo encontra-se bloqueado ou porque os músculos da parede da bexiga (músculo detrusor) não conseguem mais contrair. Higa (2008) afirma que no exame do abdômen o médico freqüentemente consegue palpar a bexiga cheia. As causas deste tipo de incontinência urinária são: obstrução do fluxo urinário por aumento da próstata câncer da próstata (CA) e Hiperplasia prostática benigna (HPB); estenose uretral congênita nas crianças; disfunção nervosa; musculatura enfraquecida da bexiga e uso crônico de diuréticos. O tratamento imediato para o alívio dos sintomas é a punção vesical suprapúbica, realizada por médico pronto-socorrista ou urologista. A sondagem vesical pela uretra, nos casos de obstruções por aumento da próstata, pode ser perigosa podendo causar lesões na uretra prostática, falso trajeto até a bexiga e sangramento urinário. O mesmo autor op. cit. (2008, p. 566) considera que além dos problemas de ordem física, a IU causa restrições à vida pessoal e profissional das pessoas incontinentes. Assim, além do tratamento cirúrgico ou medicamentoso, o tratamento comportamental e a orientação quanto ao manejo adequado do problema devem ser valorizados e implementados tão logo ele seja identificado. Ao contrário da incontinência outro problema frequente é a retenção urinária crônica. Esse problema é decorrente da falta de contração adequada (hipocontratilidade ou ausência de contração) da bexiga. Dentre as opções de tratamento para essa alteração, pode-se citar: sondagem de demora, cateterismo intermitente limpo (CIL) e estimulação elétrica (ZAMBOM, 2009, p. 221). Segundo Potter (2009) a retenção urinaria é um acúmulo de urina resultante de uma incapacidade da bexiga em esvaziar adequadamente. Normalmente, a produção de urina enche lentamente a bexiga e impede a ativação de receptores de distensão, até que ela se distenda a certo nível, o reflexo de micção ocorre e a bexiga esvazia. Na retenção urinária, a bexiga é incapaz de responder ao reflexo de micção e assim incapaz de esvaziar. A urina continua a se 24 acumular na bexiga, distendendo suas paredes e causando sensações de pressão, desconforto, sensibilidade ao longo da sínfise púbica, inquietude e diaforese (sudorese). O tratamento da retenção urinaria crônica de acordo com de se dá a partir da drenagem permanente com uma sonda uretral, ou sondagem intermitente ou cistostomia suprapúbica (cateter inserido através da parede abdominal diretamente no interior da bexiga) este com a baixa incidência de complicações (TIMBY; SMITH, 2005, p. 1040). Complementando os autores supracitados Zambon (2009) postula que o uso de sonda vesical suprapúbica (SVSP) é uma alternativa terapêutica em casos de retenção ou quando a família e o paciente apresentam dificuldades para manusear o cateter. Nesse sentido Souza (2007) ressalta as dificuldades de adesão a esse procedimento pela resistência às mudanças. Já os pacientes com câncer prostático o cuidado inicial deve ser de drenagem da bexiga que pode ser por SVSP. Nos casos em que o paciente é um candidato ao tratamento radical iremos considerar se a tentativa de retirar a sonda por um tratamento cirúrgico paliativo, tratamento hormonal ou farmacológico (GARCIA, 1996). Quanto ao diagnóstico urológico mais comum em homens com menos de 50 anos de idade é a prostatite, constitui 8% dos motivos de consultas de Urologia. A prostatite é histologicamente, um aumento do número de células inflamatórias no parênquima prostático. A prevalência em homens com 85 anos que tiveram prostatite aguda ou prostatite crônica é de 26% (OLIVEIRA, 2005, p. 205). A Prostatite Aguda (PA) geralmente está relacionada com uma infecção bacteriana da próstata e pode ocorre em homens de qualquer idade. Qualquer organismo capaz de produzir uma infecção do trato urinário pode produzir uma prostatite bacteriana aguda. As bactérias mais frequentes que causam a PA são: Escherichia coli, bem como, Kleisellapneumoniae, Proteusmirabilis, Pseudômonas Aeroginosa, Staphylococus Aureus, Enterococos e Anaeróbios Bacteróidesspp (LOPEZ et al., 2007, p. 51). Outra indicação para SVSP são as alteração do funcionamento vesicoesfincteriano decorrente de problemas neurológicos, que se entende por bexiga neurogênica ou bexiga reflexa. Normalmente, armazena-se urina em condições especiais e a solta sob o controle voluntário, nos momentos oportunos. As condições especiais de armazenamento urinário incluem reservatório com capacidade satisfatória para períodos adequados de autonomia, baixa pressão de armazenamento que não comprometa os esvaziamentos ureterais, e ausência de refluxo para os ureteres (MORITZ et al., 2005, p.5). Dentre as alternativas para tratamento de bexiga neurogênica, apenas a sondagem vesical de demora pode ser transitória. As outras formas podem ser definitivas, mas exigem 25 que o paciente aceite a perda urinária ou se adapte à realização do cateterismo vesical intermitente. Este pode ser usado de forma temporária ou definitiva, com ampla aceitação pelos pacientes e familiares. É necessário o uso de medicação profilática, nos primeiros meses de cateterismo (MAGALHÃES; CHIOCHETTA, 2002, p. 9). Vale ressaltar que a bexiga reflexa é potencialmente grave, pois promove perdas urinárias frequentes, é acompanhada de altas pressões intravesicais causadas pela contração vesical contra a resistência esfincteriana e persiste com resíduos urinários, devido ao desaparecimento da contração vesical antes de seu esvaziamento total. Esse padrão de disfunção miccional causa problemas pela perda urinária frequente e incontrolável. Havendo consciência do fato e em presença de lesões parciais, há urgência miccional, sendo a tentativa apressada de esvaziamento causa frequente de quedas e fraturas em idosos (BRUSCHINI, 2006, p. 87-88.). 26 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA Esta pesquisa é qualitativa descritiva e exploratória. Para que os objetivos fossem alcançados, utilizando como instrumentos de coleta de dados, questionário estruturado para entrevista constituído de questões abertas e fechadas. O uso de múltiplas fontes visa, de acordo com Vergara (2000, p. 46) conferir maior credibilidade ao estudo que se desenvolveu em duas etapas principais: revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Segundo Lima-Costa e Barreto (2003 apud Meireles et al., 2007, p. 72) os estudos qualitativos descritivos têm como objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar ou as características dos indivíduos. Podem fazer uso de dados secundários, examinando a incidência ou a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde, a qual varia de acordo com determinadas características, como: sexo, idade, escolaridade, renda, dentre outras. A pesquisa exploratória, na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, é o estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer. Uma das características da pesquisa exploratória refere-se à especificidade das perguntas, o que é feito desde o começo da pesquisa, como única maneira de abordagem (PIOVESAN; TEMPORINI, 1995, p. 319-321). A pesquisa foi realizada na Unidade Mista de Saúde de Taguatinga - Distrito Federal (UMST). A ideia inicial foi realizar a pesquisa com oito idosos em uso de sonda suprapúbica, no entanto, dois dos participantes foram excluídos. Um pesquisado era adulto com 28 anos, e um idoso se recusou a assinar o termo de livre esclarecido. Para a análise dos dados utilizou-se a técnica de analise de conteúdo de Bardin 2009 tal procedimento nas áreas das ciências sociais, a história, a psiquiatria ou psicologia visa, entre outras coisas ir além das estatísticas e das descrições. Há que passar para o campo das interpretações e das inferências. A análise qualitativa permite fazer interpretações e inferências. 27 3.2 LOCAL/PERÍODO A coleta de dados foi realizada durante a consulta de Enfermagem no dia da troca da sonda no ambulatório de sondagem do Centro de Referência a Saúde do Idoso do Distrito Federal na UMST-DF. A inviabilidade das pesquisadoras em contato com a maioria dos pacientes optou-se fazer a aplicação do instrumento na própria residência do idoso, devido à dificuldade de agendamento na unidade de saúde ou de coletar os dados no mesmo dia da troca da sonda vesical de demora suprapúbica. A pesquisa foi realizada, no período de agosto a outubro de 2011. 3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA A população alvo foi composta por seis participantes, sendo quatro idosos com idade a partir de 60 anos e dois adultos, incluídos por aproximação de idade, respectivamente com 57 e 58 anos. Todos estão em uso de sonda vesical suprapúbica, atendidos no ambulatório de sondagem do Centro de Referência em Saúde do Idoso, da UMST-DF. Durante a pesquisa todos serão considerados e chamados idosos. 3.3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Os critérios de inclusão dos sujeitos para participação no estudo foram: ter realizado troca da sonda vesical suprapúbica no período estabelecido para a coleta de dados; encontrarem-se na unidade selecionada; encontrar-se consciente, orientado e em condições de responder às questões constantes do instrumento de coleta de dados; aceitar participar do estudo; assinar termo de consentimento livre e esclarecido, de acordo com as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CONEP). Observados os critérios de inclusão, a amostra foi composta por oito pacientes. Assim foram aceitos os indivíduos de ambos os sexos, que estão em uso de sonda suprapúbica, com idade acima de 60 anos ou aproximada (entre 55 e 59), tendo em vista a raridade dos casos, e que permitiram por livre consentimento participar da entrevista. 28 3.3.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Foram excluídos os indivíduos com menos de 55 anos, idosos em uso de sondas vesical de demora e indivíduos em uso de sonda suprapúbica que se recusaram a participar da pesquisa ou em assinar o termo de consentimento livre esclarecido. 3.4 COLETA DE DADOS Os dados foram obtidos por meio de entrevista semiestruturadas aplicadas aos idosos com uso de sonda vesical suprapúbica, com questões fechadas e abertas utilizadas na produção de dados relativos às características individuais: sexo e idade e perguntas relacionadas ao cuidado e a convivência com a sonda suprapúbica, de forma individual com gravação autorizada pelos sujeitos, possibilitando ao entrevistado fornecer dados sobre a sondagem a que são submetidos onde cada idoso por meio de sua vivência pudesse relatar sua experiência com a sonda suprapúbica (APÊNDICE A). 3.5 ANÁLISE DOS DADOS As questões abertas da entrevista (Apêndice A) de 1 a 3 são apresentadas de forma direta após leitura simples dos dados, e as questões de 4 a 7 são analisadas por meio do método de (BARDIN, 2009). Segundo o método de Bardin (2009) a análise de conteúdo é um conjunto de instrumentos metodológicos que se aplicam a discursos diversificados. É dividido em torno de três polos cronológicos: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e interpretação (BARDIN, 2009). Pré-análise: é a fase inicial de organização da pesquisa, que pode utilizar vários procedimentos, tais como: leitura flutuante, hipóteses, objetivos e elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação; 29 Exploração das informações: consiste nas operações de codificação, decomposição ou enumeração dos dados; Tratamento dos resultados obtidos e interpretação: é a categorização, que consiste na classificação dos elementos segundo suas semelhanças e por diferenciação, com posterior reagrupamento, em função de características comuns. O primeiro nível para a análise de entrevistas, segundo Bardin (2009) consiste no processo de decifração estrutural centrado em cada entrevista. Esta abordagem procura compreender a partir do interior da fala realizar interpretações, atitudes e valores de uma pessoa. Trata-se de uma atitude que exige esforço, não excluindo a intuição, na medida em que, é necessário fazer uma abstração de si mesmo e das entrevistas anteriores. Após a decifração de várias respostas, outras perguntas se acrescentarão por comparação. Para tal se faz necessário uma leitura sintagmática (segue um encadeamento) e ao mesmo tempo paradigmática (tem em mente o universo dos possíveis: isto não foi dito, mas podia tê-lo sido) (BARDIN, 2009). Para Bardin (2009) existem diferentes possibilidades analíticas: Análise temática: o texto pode ser dividido em alguns temas principais; Características associadas ao tema central: concentrar-se no tema geral de investigação e buscar características associadas a esse tema nas entrevistas das pessoas; Análise sequencial: a entrevista é dividida seqüencialmente. Consiste em enumerar as frases de partida da entrevista; seu desenvolvimento; o aprofundamento do tema; estilo e encerramento; Análise das oposições: dois universos opostos; Análise de enunciação: uma leitura da “maneira de dizer”, separada da leitura temática, pode completar e aprofundar a análise; O esqueleto da entrevista (estrutural e semântico): pode-se simplificar a complexidade da entrevista por uma estrutura base. Bardin (2009) apresenta seis técnicas de análise de conteúdo: análise categorial (temática), de avaliação, de enunciação, análise proposicional do discurso, análise da expressão e análise das relações. 30 No presente trabalho foi usada a análise temática onde se baseou em operações de desmembramento do texto em unidades, ou seja, descobrir os diferentes núcleos de sentido que constituem a comunicação, e posteriormente, realizar o seu reagrupamento em classes. 3.6 ASPECTOS ÉTICOS O projeto de pesquisa seguiu as orientações do Comitê de Ética da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciência da Saúde (FEPECS), sendo aprovado mediante parecer Nº 0158/2011 (Anexo A). Teve como base a resolução do conselho nacional de saúde (CNS/MS) Nº196/96 que dispõe as diretrizes e normas em pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil. Esta pesquisa seguiu o cronograma de atividades da pesquisa mostrado no (Anexo B). Antes da coleta de dados foi solicitada a assinatura do termo de consentimento livre esclarecido (Anexo C), em duas vias, uma destinada aos participantes e a outra retirada para o projeto. Durante a abordagem foi esclarecido que o entrevistado usufruía da liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu termo de consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma ou prejuízo a sua pessoa. No instrumento utilizado não consta a identificação pessoal mantendo a identidade preservada. Ao final da pesquisa, os resultados serão apresentados para docentes e acadêmicos de Enfermagem da Universidade Católica de Brasília visando um maior esclarecimento sobre os cuidados de enfermagem em pacientes idosos com uso de Sonda Suprapúbica. 31 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS 4.1CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE REFERÊNCIA EM SAÚDE Conforme Júlio (2006) no ano de 1980 houve uma reformulação nas políticas dos postos de atendimento do então órgão responsável pela previdência social; o Instituto Nacional de Previdência Social (INAMPS) o qual transferiu para as Secretarias de Estado de Saúde o gerenciamento dos atendimentos. Esse dado está respaldado pelas seguintes leis: Lei Nº. 233 de 15 de Janeiro de 1992 dispõe sobre a implantação de Ambulatórios e Clínicas Geriátricas na Rede Hospitalar do Distrito Federal; Lei Nº. 1.548 de 15 de Julho de 1997 dispõe sobre o atendimento prioritário aos idosos nos centros de saúde do Distrito Federal; Lei Nº. 2.282, de 07 de Janeiro de 1999; institui o Programa de Assistência MédicoGeriátrica a Idosos, nos Centros Comunitários de Idosos do Distrito Federal; Lei Nº. 2.009 de 23 de julho de 1998 cria o Cartão Facilitador da Saúde para atendimento aos idosos na rede do Sistema Único de Saúde - SUS - do Distrito Federal. O mesmo autor op. cit. (2006) cita que o processo de reformulação do Distrito Federal foi progressivo com os postos de atendimento buscando adaptação aos novos programas e serviços impostos pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal. O Pronto Atendimento Médico (PAM) recebeu novo nome passando a denominar-se Policlínica. Essa instituição presta importante serviços, não somente à cidade onde está situada como também às cidades vizinhas: Ceilândia; Samambaia; Recanto das Emas, Brazlândia e cidades do entorno. Taguatinga é tida como a cidade satélite que mais cresce no DF, sendo uma região considerada independente, pois possui o próprio comércio, indústrias, bem como hospitais (JÚLIO, 2006). A Unidade Mista de Saúde de Taguatinga - Distrito Federal (UMST-DF), embora a comunidade ainda se refira a ela como Policlínica; desenvolve diversos programas de saúde dentre eles destaca-se o Programa de Atenção à Saúde do Idoso o qual recebeu status de 32 serviço de referência de atendimento em geriatria e gerontologia há mais de 2 anos (JÚLIO, 2006). Segundo Júlio Duarte em reportagem ao portal da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, na Unidade Mista o atendimento é integral. Por meio de uma equipe multiprofissional a equipe se reúne uma vez por semana para discutir as doenças crônicas e os problemas dos pacientes que justifiquem uma atenção especial (JÚLIO, 2006). O Centro de Referência em Geriatria visa promover a saúde do idoso, manter a sua independência e assim tornar o seu convívio no lar mais agradável e evitar a sua internação em hospitais ou casas de apoio ao idoso. Há aproximadamente dois anos a unidade conta com o ambulatório de sondagem vesical o que é de grande valia para os idosos visando que estes merecem uma atenção redobrada, e um atendimento, mas eficaz, que proporcione conforto e bem-estar (JÚLIO, 2006). 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA E DESCRIÇÃO DOS IDOSOS Inicialmente a amostra foi composta por oito participantes sendo excluídos dois indivíduos, totalizando ao final da pesquisa seis idosos. Todos do sexo masculino, sendo quatro idosos jovens (entre 60 e 66 anos) e dois adultos com 57 e 58 anos respectivamente, que foram incluídos pela proximidade da idade. Já era esperado durante a pesquisa um maior número de indivíduos do sexo masculino tendo em vista que estes dados estão coerentes com a afirmação na literatura, que há número elevado de homens a partir dos 60 anos de idade que apresentam problemas relacionados à próstata. Apesar de a literatura apresentar o maior índice de incontinência urinária em mulheres este fator não é relevante para a SVSP, explicando-se pelo fato desta poder ser reversível pelas cirurgias, como afirma Castro et. al., (2006), já foram descritos aproximadamente 100 técnicas cirúrgicas para a correção da incontinência urinária de esforço. Atualmente, as técnicas de eleição têm índices de cura acima de 80%. Todos os idosos desta pesquisa fazem uso de sonda vesical de demora suprapúbica por um período menor que dois anos. O tempo de uso entre os pesquisados variou entre (110 dias, 12 meses, 15 meses, 18 meses e 24 meses), apenas um idoso faz uso prolongado da sonda, 24 anos. Estes dados diferem da literatura, visto ser comum o uso prolongado da sonda suprapúbica. Acredita-se que isso ocorra pelo fato da rotatividade dos indivíduos no serviço na UMST-DF. Durante a pesquisa dos 15 indivíduos listados, três idosos haviam feito reversão, 33 três haviam mudado o local de troca e um não foi possível contato. A descrição mais detalhada se encontra no (APÊNDICE B). Brunner (2009) e Nettina (2003) explicam a periodicidade dessa sonda. O cateterismo suprapúbico pode constituir uma medida temporária para desviar o fluxo da urina da uretra quando a via uretral não tem passagem (devido a lesões, estenoses, obstrução prostática), depois de cirúrgica ginecológica ou outra cirurgia abdominal, quando é provável a ocorrência da disfunção vesical, e ocasionalmente, depois das fraturas pélvicas. As sondas suprapúbicas também podem ser usadas em uma base em longo prazo para mulheres com destruição uretral secundária às sondas uretrais de demora. Os mesmos autores op.cit.(2003) relatam que a drenagem através do cateterismo suprapúbico pode ser mantida continuamente durante várias semanas, o cateter suprapúbico geralmente permanece no local até que o paciente possa urinar com sucesso. 4.3 RELATOS DOS IDOSOS QUANTO AOS CUIDADOS COM A MANIPULAÇÃO DA SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA Os relatos dos idosos pesquisados foram colhidos de maneira informal e simples, cada um o seu modo apresentou suas limitações com poucas palavras, alguns se mostraram até mesmo tímidos ou tinham vergonha de falar. Já era esperada a vergonha em se expor, visto se tratar de um tipo de sondagem muito próximo da região genital, além do fato de serem idosos do sexo masculino e as entrevistadoras serem mulheres. Todos os idosos fazem a higiene das mãos e o indivíduo 2 reforça que lava as mãos antes e após manipular a sonda. A maioria (quatro indivíduos) lava a extensão da sonda com água e sabão durante o banho. Quanto aos relatos do cuidado com ingestão hídrica, a maioria dos indivíduos (quatro) relatam fazer uma ingestão hídrica abundante apenas o indivíduo 1 não cita ingestão hídrica como um cuidado. Apresentado no quadro 1. 34 CATEGORIAS SUBCATEGORIAS EXPRESSÕES DEFINIDORAS Idoso nº 1 “Eu lavo bem as mãos, porque tenho medo de contaminar e ter uma infecção”. Risco de infecção Diminui o risco de infecção Contato com secreção e excreção corporal Manter higiene corporal após contato com a urina Idoso nº 4 “Eu lavo bem as mãos porque tenho nojo da secreção”. Higiene das mãos Ingestão hídrica VERBALIZAÇÕES (EXEMPLOS) (Sonda) Material contaminado Evitar contato com a sonda Idoso nº 2 “Vejo a sonda como um material contaminado por isso todas as vezes que toco nela lavo minhas mãos”. Evitar obstrução da sonda por presença de grumos Não entupir a sonda Idoso nº 3 “Sempre dou uma conferida no cateter antes de deitar”. Melhorar o aspecto da urina e diminuir infecção Higiene Pessoal Lavagem da extensão da sonda durante o banho Esvaziar a bolsa em tempo regular, quando estiver cheia. Manter a sonda com aspecto limpo Idoso nº 2 “Sempre esvazio a bolsa”. Indivíduo nº. 6 “quando saio de casa fico atento para ver se ela não enche”. Idoso nº 6 “Lavo a extensão da sonda durante o banho, porque não tem como não lavar, e acho mais higiênico”. Quadros 1 - Cuidados do idoso com a manipulação da SVSP Os idosos apontaram como principais cuidados com manipulação da SVSP a lavagem das mãos, a ingesta hídrica e a lavagem da extensão da sonda durante o banho. Outros cuidados, entretanto devem ser evidenciados pela enfermagem na abordagem ao idoso, como: 35 não desconectar o sistema fechado do coletor, não reinserir a sonda caso a mesma saia, seguir o tempo de troca recomendados pela enfermagem e realizar a técnica asséptica durante o procedimento. Apenas os cuidados necessários foram citados, talvez esse fato seja explicável, pela falta de assimilação de informações, estas prestadas pela enfermagem nos primeiros contatos com o idoso que faz uso da SVSP. Quatro idosos da pesquisa fazem uso da bolsa coletora sistema fechado, exceto dois idosos que usam tubete (tubo de anestesia de lidocaína usado por dentistas) de forma improvisada, sabendo que o tubete causa maior mobilidade e conforto ao paciente que faz uso prolongado de SVSP. Vale ressaltar que esses dois idosos têm o maior tempo de uso da sonda suprapúbica. O indivíduo 4 ainda cita como cuidado o fato de esvaziar a bexiga com frequência. Já o idoso 3 reforça a importância de deixar o orifício sempre tampado, visto que o mesmo é cadeirante. E o idoso 1 mantém a bolsa sempre abaixo da cintura. Sabe-se que a higiene é fundamental para a promoção de saúde e bem-estar independentemente do estado em que um indivíduo se encontre, isto é, esteja ele saudável ou não. No caso específico do uso da sonda vesical suprapúbica a higiene é primordial. O risco de infecção é reduzido quando o procedimento é cuidado com bons hábitos de higiene como lavar as mãos. De acordo com Tipple et. al., (2010) as mãos possuem a capacidade de abrigar microrganismos e transferi-los de uma superfície a outra. Assim, a adoção de medidas como a higienização das mãos com a água e sabão líquido ou pelo uso do álcool a 70% possui comprovadamente alta eficácia na prevenção e controle de infecções. A higienização das mãos surge como a mais simples e mais importante medida na prevenção da infecção nosocomial. Se feita corretamente, remove os microrganismos transitórios adquiridos no contato com a sonda. É uma conduta de baixo custo e de grande valor para a realidade. Deve ser um hábito, mas sua adesão é um desafio (SOUZA, 2007). Quanto à limpeza da sonda e do orifício da cistostomia esta deve ser estimulada, segundo Smeltzer (2005) para higienização nesta região deve ser realizada lavagem delicada com água e sabão durante o banho diário. Estes cuidados ajudam a diminuir o risco de ocorrência de pressão e tração que podem ter como consequência traumas, infecção, sangramento. No que diz respeito à ingestão hídrica do paciente com sonda vesical, Hendricks (2006) afirma que a ingestão hídrica de 30 ml/kg de peso é atualmente recomendada (a não ser que os problemas individuais de saúde do paciente imponham restrições), pois este volume permitirá uma eliminação urinária diária de aproximadamente 1.500 a 2.000 ml em 24 36 horas. Este volume de saída auxilia a manter a urina diluída e ajuda a diminuir incrustações que possam aparecer no cateter. O mesmo autor op. cit. (2006) relata ainda que a eliminação urinária adequada possa auxiliar a diminuir a formação de cálculos e o desenvolvimento de infecções urinárias associadas ao cateter. Por exemplo, o trato urinário, devido ao funcionamento anormal da bexiga e a constante manipulação dos cateterismos, apresentam episódios de distensão vesical e alteração das características da urina, que adquire aspecto turvo devido aos sedimentos provocados pela infecção. Pode requerer para seu esvaziamento, a utilização de manobras específicas não invasivas, como a estimulação suprapúbica (estimulação digital por leves toques com as pontas dos dedos na região suprapúbica), Credê (compressão em baixo ventre com a mão espalmada ou fechada), Valsalva (inspiração profunda seguida de expiração forçada, o que aumenta a pressão intrabdominal), de acordo com a presença ou ausência de atividade vesical reflexa. É bom lembrar que tais estímulos sensitivos induzem ao esvaziamento vesical incompleto e sem o controle do paciente (HENDRICKS, 2006). Mahan (2010) diz que o hábito de ingerir entre dois e três litros de líquido por dia aumenta o débito urinário e contribui para a prevenção de infecções do trato urinário. Antes de dormir e uma hora após cada refeição (café da manhã, almoço ou jantar), o esvaziamento da bexiga deve ser viabilizado. A falta de ingestão hídrica é relatada pela literatura como fator de risco para infecção, observa-se pelos dados obtidos na pesquisa que os participantes têm conhecimento sobre a importância da ingestão hídrica sabendo estes da necessidade relacionada ao volume de líquidos a ser ingerido, denotam uma deficiência de adesão apenas no início da inserção do cateter. 37 CATEGORIA Nenhum constrangimento e Convivência ruim Constrangimento e Convivência parcial Constrangimento e Boa convivência Nenhum constrangimento e Boa convivência SUBCATEGORIA Não ter vergonha EXPRESSÕES DEFINIDORAS Incomodado VERBALIZAÇÕES (EXEMPLOS) Idoso nº 1 “Não me sinto constrangido pelo fato de ter que usar a sonda. Mais minha convivência é ruim não me sinto a vontade”. Idoso nº 2 “Nunca tive constrangimento, mas minha convivência é ruim fico muito incomodado”. Sentir-se envergonhado Necessidade do uso Aceitação da sonda Conformado Idoso nº 3 “Me sinto muito constrangido não deixo ninguém ver a sonda pendurada na minha barriga, eu convivo é parcial nem boa nem ruim com ela”. Adaptado Idoso nº 4 “Me sinto muito constrangido tenho muita vergonha, mas minha convivência é boa porque sei que é necessário”. Sensação de bem estar Idoso nº 6 “Não tenho nenhum constrangimento por usar a sonda, e minha convivência é boa”. Quadro 2 - Verificação da percepção: Quanto aos constrangimentos e a convivência dos idosos em relação ao uso de Sonda Vesical de demora Suprapúbica (SVSP). Durante a entrevista cada um dos participantes foi revelando as dificuldades pelas quais passavam, e passada a timidez inicial foram revelando seus sentimentos em relação ao uso da sonda. Foi possível perceber sentimentos como: frustração, incômodo, tristeza e conformação. 38 Quanto à percepção dos idosos em relação ao uso da sonda SVSP foi variável, não houve a predominância do constrangimento e nem da ruim convivência. Talvez por serem idosos, os mesmos acabam por se adaptar ou se conformar com a situação do uso prolongado da sonda. Para Napoleão (2009, p. 287) os pacientes que passam por uma cirurgia geniturinária podem apresentar várias reações, como sentimento de medo, vergonha, desamparo, hostilidade, raiva e tristeza. Supõe-se que as expectativas em relação ao que poderá ocorrer e as dúvidas em relação ao autocuidado contribuam para a ocorrência ou exacerbação destas reações. A autora ressalta que a equipe de enfermagem possui um importante papel no sentido de atenuar essas reações, com uma atuação voltada para o provimento de informações, ensino do autocuidado ao paciente e família, acompanhamento do paciente, encaminhamentos a outros profissionais em momento oportuno. As complicações relatadas pelos idosos devido ao uso da SVSP foram questionadas com intenção de se saber quais são as mais evidenciadas e com isso poder elaborar um folheto informativo contendo importantes informações para os idosos na prevenção de complicações com o uso da SVSP este será disponibilizado na Unidade Mista de Saúde de Taguatinga, como forma de contribuição da pesquisa para a unidade (APÊNDICE C). 39 CATEGORIA EXPRESSÕES SUBCATEGORIA Infecções recorrentes Uso constante de medicamento Sinais e sintomas de infecção Infecção Urinária Infecção pelo tempo prolongado da troca da Sonda. Falta de ingestão hídrica VERBALIZAÇÕES (EXEMPLOS) DEFINIDORAS Idoso nº 5 “Eu tive varias infecções. Tive que fazer urocultura quinzenalmente e usei muitos medicamentos, tinha muito mal estar quando a infecção me atacava”. Idoso nº 6 “Quando eu coloquei a sonda perdi as contas de quantas vezes tive infecção à urina mudava a cor e o cheiro e me dava febre”. Idoso nº 4 “Tive muita dificuldade para trocar a sonda pela minha debilidade e por precisar da ajuda de alguém pra ir até um Falta de assistência posto de saúde, minha esposa cuida de mim, dos profissionais mas me levar no posto é difícil pra ela, tenho ou de recursos que esperar meu filho ficar de folga para me materiais. levar. Ele me levou em todos os postos aqui perto, mas não foi trocada, a gente teve que ir a um posto de outra cidade ai deu certo”. Falta de suporte Idoso nº 5 “Deixei passar mais de 30 dias familiar. para trocar a sonda pela falta de atendimento do posto de saúde próximo e pela demora de atendimento do hospital. Consegui no posto perto do meu trabalho”. Infecção decorrente da Falta de ingestão hídrica. Idoso nº 3 “Quando comecei usar sonda eu não tinha costume de beber água, mesmo tendo orientações de que deveria beber muita água, eu tomava de pouco em pouco e por isso tive infecções, mas quando comecei a tomar água direito nunca mais tive nada”. Indivíduo nº 2 “Se eu não beber muita água eu sei que mais na frente eu vou ter infecção, às vezes eu me esqueço e fico dois três dias sem beber água ai já me sinto mal’’. Quadro 3 - Complicações relatadas pelos idosos devido ao uso da (SVSP). Em abordagens aos pacientes submetidos ao uso de sonda, observou-se a falta de adesão dos idosos no inicio da cateterização, a necessidade do ensino quanto aos cuidados com o cateter urinário, sinais de complicação e conduta diante dos mesmos. Foi possível 40 verificar que as dificuldades financeiras, assistência ineficiente da família e falta de assistência profissional ou recursos materiais foram tidas como as causas do tempo prolongado para a troca. Embora não tenha sido abordado entre os pesquisados o assunto acerca do conhecimento dos familiares quanto ao cuidado, identifica-se a necessidade desta abordagem para que o plano de cuidados dos pacientes responda mais adequadamente às necessidades dos mesmos. Segundo Potter (2009) um cuidado de enfermagem de alta qualidade é essencial no tratamento do idoso. Quando os idosos se tornam dependentes de outros para o cuidado pessoal, a manutenção de sua saúde urinária entra no domínio da prática de enfermagem. Quanto ao problema das infecções os pesquisados, em sua simplicidade de entendimento colocam suas preocupações de forma generalizada, para eles o uso de medicamento é a solução mais fácil. Dois indivíduos acreditam que a demora da troca é o maior fator de infecções. No entanto não há um período preestabelecido para a troca do cateter vesical e não se recomenda sua troca em intervalos fixos. O ideal é que se faça uma avaliação constante de sua necessidade, a fim de se detectar sinais que indiquem sua troca, como: formação de resíduos, vigência de sepsis, febre de origem desconhecida, obstrução da luz do cateter ou tubo coletor; suspeita ou evidências de incrustações no lúmen do cateter, contaminação do cateter por técnica inapropriada na instalação ou no manuseio, desconexão acidental do cateter com o tubo coletor, mau funcionamento, deterioração do cateter, tubo ou saco coletor e finalmente piúria visível. É importante lembrar que deve ser trocado todo o sistema, ou seja, cateter, tubo e saco coletor (SOUZA, 2007, p.734). É de responsabilidade de o enfermeiro orientar os indivíduos em uso de sonda SVSP sobre a manipulação do cateter para evitar possíveis traumas devido à falta de conhecimento sobre sua manipulação. Recomenda-se ao paciente e a sua família, que se faça o registro da ingesta hídrica, do padrão miccional, da quantidade, do aspecto da urina e também de quaisquer sensações sistêmicas incomuns que estiverem ocorrendo. Pode-se concluir que a abordagem por diagnósticos de enfermagem junto aos pacientes em uso de sonda vesical suprapúbica pode oferecer um embasamento eficiente para que sejam elaborados planos de cuidados enfatizando o relevante papel que a enfermagem possui junto a estes pacientes em relação aos cuidados específicos com a sondagem vesical supraúbica. 41 Conclui-se que com este estudo foi possível discutir o conhecimento dos cuidados dos idosos que fazem uso de SVSP e tudo aquilo que a mesma representa para os sujeitos que a vivencia. 4.4 DESCRIÇÃO DA TÉCNICA DA SONDAGEM VESICAL SUPRAPÚBICA (SVSP) Esta técnica é de execução relativamente complexa, suas dificuldades não devem ser subestimadas, pois qualquer insucesso pode resultar em um ferimento vesical extraperitoneal. Para realização da cateterização vesical suprapúbico é importante que se tenha bastante cuidado. Primeiro orientar o paciente quanto ao procedimento, lavar as mãos, reunir todo o material, colocar um biombo para manter a privacidade do idoso, deixá-lo numa posição confortável, realizar a aplicação correta da técnica asséptica, higienizar o orifício da cistostomia (é uma conexão criada cirurgicamente entre a bexiga urinária e a pele), utilizando luvas estéreis. Por sua vez, os antissépticos, utilizados modernamente, são a clorhexidina e o iodopolividona em solução não alcoólica dergermante ou tópico (CAMARA, 2009). Para uma adequada assépcia, ao nível do orifício é necessária uma manobra com ambas as mãos com auxílio de gazes e pinça esterilizada. Todo o material a ser utilizado durante o procedimento deve estar disponível em mesa auxiliar, com campo estéril. É desejável se necessário à participação de um auxiliar de enfermagem. Deve-se dispor no recinto sondas de outros números (ROSSI, 2008). Os cateteres de Foley são um tipo de sonda de demora, que por disporem de um balão em sua extremidade, ficam retidas enquanto necessário. Esse balão tem uma capacidade máxima inscrita na sonda em ml (5, 15, 30 ou 45), o ideal é que a sonda seja dois números abaixo do diâmetro interno: o motivo é que os tecidos ocuparão parte da luz do mesmo e dificultarão a passagem se o número for muito próximo ao do diâmetro interno. Para ser insuflado, é necessário utilizar uma seringa cujo bico seja liso e sem rosca para ser encaixada na válvula da via do balão. Este deve ser previamente testado, quanto à possibilidade de ser inflado, desinflado e quanto a vazamentos (CAMARA, 2009). O campo, seringas, sistema de drenagem fechado, gazes serão obrigatoriamente estéreis. Utilizar seringa compatível com o volume inserido no balão. Após colocação de campo fenestrado a etapa seguinte será a aplicação do anestésico, no orifício, e comunicar ao paciente que vai introduzir a sonda (ROSSI, 2008). 42 Deve merecer destaque a recomendação para que se mantenha a sonda nova enrolada em uma das mãos e a do orifício na outra, de tal modo que a mão que retira a sonda do orifício não toque na nova, e vice-versa. Durante a passagem do cateter, é seguro que retire rapidamente cateter anterior e introduza um novo cateter, de forma que não lesione o orifício da cistostomia (CAMARA, 2009). O mesmo autor op. cit., (2009) completada a técnica do exemplo descrito, deve-se retirar o campo fenestrado, e conectar o coletor de urina com válvula e sistema fechado. A saída do coletor deve ser previamente fechada. Para permitir adequada fixação da sonda, fixase no abdome, com esparadrapo, para evitar uma tração ocasionada pelo peso da sonda, extensão, coletor, e da própria urina, sobre o colo vesical. Isso consiste em profilaxia de estenose uretral, fístulas e divertículos. A sonda após introdução deve progredir suavemente, até seu final, quando então será inflado o balão. Discreta resistência ao nível do esfíncter pode significar um espasmo do mesmo que costuma desaparecer quando o paciente consegue relaxar ou após pressão suave do cateter por alguns instantes (CAMARA, 2009). O mesmo autor op. cit., (2009) reforça que para anestesia será necessária à utilização de lidocaína hidrossolúvel. Infelizmente, a maioria dos produtos industrializados com esse fim não dispõe de embalagem totalmente estéril. Usualmente, após antissepsia do lacre de alumínio do tubo e da ponta cônica localizada na parte externa da tampa, um auxiliar comprime o tubo, após desprezar o jato inicial do anestésico. E importante que se “anestesie” apenas a sonda. Rossi (2008) cita que ao insuflar o balão utiliza-se água destilada, por ser preferível ao soro fisiológico. O receio é que a cristalização na via do balão cause obstrução. O volume a ser utilizado deve sempre ser o menor possível, uma vez que quanto mais líquido em seu interior, menos eficiente será a drenagem vesical, pois os orifícios de drenagem estarão mais distantes do colo vesical. O volume usual é de 5 ml. Enquanto que em pacientes com prostatectomia transvesical, o volume será determinado na hora conforme a necessidade e as dimensões prostáticas. Quando o idoso estiver agitado ou em confusão mental e remover o cateter por tração violenta, ocorrerá trauma vesical, seja qual for o volume do balão. O mesmo autor op. cit., (2008) informa que o fato intrigante para profissionais inexperientes é o que ocorre ao se realizar sondagem suprapúbica em paciente com retenção urinária, que ao ser insuflado o balão, a urina não flui pela sonda. A razão é, evidentemente, a obstrução da luz do cateter pelo anestésico tópico. Para resolver este problema basta que se 43 aspire ao interior da sonda com a seringa ou se pressione o hipogástrio, ou mesmo que se solicite ao paciente uma manobra de esforço. Rossi (2008) complementa que os cateteres vesicais de demora devem ser substituídos conforme a avaliação do enfermeiro ou médico capacitado. A permanência por tempo excessivo pode causar a incrustação de cristais. Erro comum é a elevação do coletor acima do púbis, o que produz refluxo da urina; conquanto exista a válvula na entrada do coletor, é notório que os pacientes sondados sintam desconforto vesical, quando o mesmo é elevado, pelo retorno da urina contida na extensão, cuja conexão a sonda não contém válvula. Por vezes o próprio paciente senta-se sobre o coletor ou o eleva inadvertidamente. O mesmo autor op. cit., (2008) afirma que nunca se deve clampear uma sonda de Foley incluindo a via do balão, pois se a borracha ficar grudada dificultará seu esvaziamento. Para a retirada de um cateter de Foley, deve-se esvaziar o balão, introduzindo-se a extremidade de uma seringa sem rosca, na válvula da via do balão, e removendo todo seu conteúdo. A tração suave da sonda permitirá sua saída sem qualquer desconforto. Se houver dor ou resistência, o balão deve conter ainda algum volume. Quando um balão não esvaziar, há vários procedimentos que podem ser realizados. Inicialmente, deve-se rodar a sonda em seu eixo longitudinal e repetir a utilização da seringa. A hiperdistensão também deve ser abandonada por risco de lesão vesical. Quando a sonda for finalmente removida deve-se conferir se o balão está completo para que não tenha restado algum fragmento dentro da bexiga que se torne núcleo de cálculo. Deve-se anotar o procedimento no prontuário (ROSSI, 2008). O conhecimento dos cuidados de enfermagem e da técnica detalhada da troca da SVSP pelos enfermeiros se faz necessária, visto aumentarem o risco de complicações para esses idosos em uso de SVSP e seus familiares sobre a prevenção das complicações do uso da sonda, todas às vezes durante a troca e não apenas em uma única consulta. Os materiais necessários para a sondagem vesical suprapúbica estão descritos no (APÊNDICE D). 4.5 DESCRIÇÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM IDOSOS EM USO DE SONDA VESICAL SUPRAPÚBICA( SVSP) Os cuidados de Enfermagem para os idosos em uso de Sonda Vesical Suprapúbica, não é limitado sabendo que na sua maioria os idosos requerem uma atenção redobrada, devido aos problemas decorrentes do próprio envelhecimento. O acolhimento ao idoso é o primeiro 44 cuidado, a ser realizado visando entender as suas limitações, o idoso que se sente acolhido pela equipe de enfermagem provavelmente terá uma boa adesão a SVSP. O enfermeiro como profissional responsável pela coordenação da equipe de enfermagem, implantação de normas e rotinas ao serviço e a otimização do cuidado por meio da implementação da educação em serviço, como afirma Souza et al. (2007) deve buscar meios que tornem reais os cuidados direcionados a estes idosos. Os cuidados com a sonda devem ser seguidos rigorosamente sem alterar nenhuma etapa. Segundo Monteiro e Santana (2006) antes da primeira troca da SVSP, que deve ser feita pelo profissional médico ou enfermeiro treinado, são necessários que já exista um trajeto formado entre a bexiga e apele do abdome o que ocorre entre dez dias até quatro semanas, a partir do dia da cirurgia (Cistostomia). Sendo obrigatório o respeito à técnica asséptica, a fim de diminuir os riscos de contaminação do trato urinário. É dever do enfermeiro também verificar a prescrição do procedimento do prontuário médico explicar o procedimento ao paciente e a sua finalidade. Ele deve perguntar ao paciente a respeito de alergias a látex ou iodo antes de começar o procedimento promover a privacidade do paciente colocando biombos envoltos do leito, fechando cortinas e portas fornecendo boa iluminação (MOTTA, et al., 2011, p. 117). Segundo Souza (2007) vale ressaltar que a prevenção de complicações decorrentes da inserção de um cateter vesical, de um modo geral, está nas mãos do enfermeiro e se inicia a partir da decisão pela cateterização, o uso de luvas esterilizadas e a adoção de rigorosa técnica asséptica devem ser observados sempre na realização de um cateterismo, passando pela escolha do cateter, do material e numeração ideais, inserção habilidosa, garantia de uma fixação correta, evitando peso excessivo na bolsa de drenagem e prevenindo a retirada ou tração acidental do mesmo. Segundo Timby e Smith (2005) esse procedimento requer atenção; incluindo a limpeza e troca da sonda cuidadosa do meato uretral ou do local da cistostomia e da porção proximal do cateter, a manutenção da integralidade do sistema de drenagem fechado, a fixação adequada do tubo para evitar a tensão e promover a drenagem e alterações programadas da sonda e do sistema de drenagem de acordo com as normas do serviço. O autor ainda alerta que na inserção de uma sonda de demora sempre utilizar técnica asséptica na cistostomia, é preciso que se faça o teste com balão; que se lubrifique a sonda com hidrossolúvel estéril. Ante a resistência, jamais se deve forçar a sonda. Jamais reinserir uma sonda de demora que é deslocada acidentalmente, substitui-la por uma nova sonda estéril. Os cateteres são conectados a um sistema de drenagem fechado e estéril; manter a 45 bolsa de drenagem abaixo no nível da sonda. Trocar as sondas uretrais e de demora de acordo com a ordem médica ou as normas do serviço. A maioria dos profissionais utiliza o campo fenestrado aberto (pano esterilizado com orifício, próprio para a sondagem.), sabe-se que o mesmo assegura a assepsia da técnica e facilita a sua retirada após a instalação do sistema fechado (SOUZA, 2007). O teste do balonete visa confirmar sua integridade, evitando a saída acidental do cateter, com necessidade de nova cateterização. Ressalta-se a possibilidade de trauma quando o balão é parcialmente preenchido, impedindo a posição ereta do cateter, fazendo com que a ponta do mesmo fique encurvada, possibilitando lesão na mucosa (SOUZA, 2007, p. 730). São cinco os principais cuidados do profissional enfermeiro com a cistostomia: proteger o orifício da cistostomia com gaze seca antes da cicatrização da ferida; lavar, pós a cicatrização, o sítio de inserção com sabão antisséptico e água, preferencialmente duas vezes ao dia; evitar talcos, cremes e sabão perfumados; fazer a limpeza do cateter no sentido oposto ao sítio de inserção; lavar sempre as mãos e usar luvas esterilizadas antes de manipular o cateter. O intervalo usual entre as trocas é de quatro até dez semanas, despendendo do paciente, do tipo de cateter e do protocolo do serviço. Existem, no comércio, vários tipos de cateter, que se diferem, principalmente, em relação ao tipo de material utilizado na sua fabricação, o que determina maior ou menor período entre as trocas (MONTEIRO; SANTANA, 2006). Smeltzer e Bare (2005) afirmam que o enfermeiro que executa o procedimento de cateterização é responsável por avaliar o sistema de drenagem urinária e a identificação de sinais e sintomas de infecção do trato urinário. Após o procedimento o enfermeiro deve registrar as intercorrências ocorridas, o número o volume de diurese drenada, sua coloração e a presença de sedimentos contidos nela na quantidade de líquidos para insuflar o balão (MOTTA et al., 2011, p. 116). Os idosos em uso de sonda suprapúbica devem ser orientados quanto aos cuidados que precisam ter. Para que não existam complicações os enfermeiros devem estimular o autocuidado ensinando passo a passo, a fim de desenvolver um trabalho em parceria com o idoso. Considera-se que o autocuidado deve ser abordado de maneira criativa e dinâmica, principalmente com a população idosa, ponderando que o aspecto cognitivo/perceptivo está sujeito a alterações significativas decorrentes do processo de envelhecimento (BUB et al., 2006). 46 O autocuidado é uma atividade realizada pelo indivíduo em beneficio próprio, visando o bem estar biopsicossocial e concomitantemente à promoção da saúde. Além disso, as ações de autocuidado são voluntárias e intencionais, que envolvem a tomada de decisões e possui o propósito de assegurar a integridade estrutural, o funcionamento e o desenvolvimento humano (BUB et al., 2006, p. 80). 4.6 ALERTA SOBRE POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA SONDAGEM VESICAL SUPRAPÚBICA (SVSP) A ciência da enfermagem está baseada em uma ampla estrutura teórica, e o processo de enfermagem é uma das ferramentas por meio do qual essa estrutura é aplicada à prática da na enfermagem, ou seja, é o método de solução dos problemas do idoso (SAE, 2008). Ao enfermeiro cabe o processo de sistematização da assistência especialmente se tratando do idoso em uso de SVSP. O NANDA (2009-2011) trás o domínio 3 que trata sobre eliminação troca, trazendo diagnósticos como: incontinência urinária prejudicada e retenção nominaria. Nos idosos os alertas para as complicações são relevantes devido às alterações fisiológicas que estes apresentam necessitando de atenção redobrada por parte do enfermeiro. Os idosos muitas vezes não apresentam sintomas visto que fisiologicamente o corpo do idoso muitas vezes apresenta-se diferente cabendo o enfermeiro detectar todas as possíveis alterações que resultarão em uma complicação e até na morte (PITTA, 2008). Um alerta é a desidratação, os idosos desidratam com muita facilidade pelo fato de não se lembrarem de que precisam tomar líquidos. Geralmente a desidratação apresenta sintomas como fraqueza e indisposição para a realização das tarefas do dia a dia; dores de cabeça; tonturas; boca seca; diminuição do volume de urina, tornando-se de cor amarela escura e de cheiro forte. A desidratação, e as infecções, devem ser observadas no idoso com uso da SVSP já que esta apresenta outros sintomas (LENS, 2006). Krause (2005) a água é responsável por aproximadamente 50% do peso de uma pessoa idosa, que é 10% menor do que o peso de um adulto jovem. A diminuição está associada a uma diminuição correspondente na massa corporal magra. A sensação de sede, a ingestão de fluidos e a função renal são reduzidas e a incontinência urinária aumenta o risco de desidratação. 47 Com relação às infecções apresentadas no idoso estas muitas vezes são silenciosas cabendo ao enfermeiro uma identificação precoce, devido a um declínio relacionado à idade no funcionamento do sistema imunológico, chamado envelhecimento imune, aumenta à suscetibilidade do corpo a infecção e letífica a resposta imune global (POTTER, 2009). De acordo com Potter (2009) os idosos são menos capazes de produzir linfócitos para combater desafios ao sistema imune, quando anticorpos são produzidos, a duração da sua resposta é mais curta e menos células são produzidas. Os alertas relacionados às sondagens vesicais no âmbito geral, que é uma atividade exercida pelos enfermeiros, como aparentemente uma técnica simples em que a enfermagem tem participação direta e efetiva, entretanto quando algumas medidas não são observadas, esses procedimentos podem implicar no desconforto ou até mesmo complicações graves para o paciente (MOTTA, et al. p. 2006). O enfermeiro deve ter o conhecimento geral desde a indicação para a cistostomia que é o processo operatório, até os sinais e sintomas que os idosos podem apresentar após a cirurgia. Entre as complicações pós-operatórias mais comuns Monteiro e Santana (2006) citam drenagem inadequada de urina pelo cateter; o que pode dever-se a várias causas, como posicionamento irregular ou obstrução do cateter; infecção do trato urinário; infecção da ferida cirúrgica; crescimento excessivo de tecido de granulação junto ao orifício de saída; perda involuntária de urina pela uretra, sendo essa complicação mais comum em mulheres e podendo estar relacionada à posição irregular do cateter na bexiga, com a mobilização do mesmo geralmente resolvendo o problema. A infecção urinária presente em quase todos os pacientes sondados é reflexo da forma inadequada do procedimento e da assistência prestada, como descreve Lenz (2006) técnica imprópria da lavagem das mãos, inserção do cateter urinário sem a execução da técnica e assepsia correta, sonda vesical desconectada do coletor de urina, saída do coletor de urina tocando a superfície contaminada, urina na sonda vesical ou coletor de urina, sendo permitido reentrar na bexiga (refluxo), irrigações repetidas da sonda vesical com soluções, o uso indiscriminado de cateterismo vesical sem que haja indicação necessária, a permanência aumentada da sonda vesical, além da necessidade do paciente, a dimensão do cateter maior do que a apropriada para a paciente lesa os tecidos e favorece a colonização, o uso de balonetes maiores que o ideal faz com que aumente a quantidade de urina residual, aumentando a probabilidade de infecções. De acordo com Lenz, (2006) a avaliação do enfermeiro para evitar complicações se faz necessária desde a avaliação para a troca da Sonda Vesical Suprapúbica que é de extrema 48 importância, já que este não deve ter um prazo estabelecido cabendo uma avaliação constante. Tanto a falta da troca da sonda quanto o uso prolongado de cateter vesical resultam em sequelas graves por tempo prolongado do cateter; câncer de bexiga, por demora na troca do cateter; e a incrustação de sais urinários na luz e no balonete do cateter de Foley. A presença de câncer vesical está associada a um período muito longo de cateterismo (10 anos, como pode ocorrer em pacientes paraplégicos). Um alerta importante é quanto à fixação adequada do cateter e a limpeza do orifício da cistostomia que deve ser realizado e orientado ao idoso e seus familiares, cuidado esse realizado pela enfermagem para prevenir trações indesejáveis ou remoção acidental com consequente lesão de estruturas como a bexiga e infecções. Para Smeltzer e Bare (2005) a manipulação do cateter é a causa mais comum de trauma da mucosa vesical no paciente cateterizado. Deve-se ainda evitar a limpeza vigorosa da junção orifício - sonda. É importante também que o enfermeiro esteja atento aos medicamentos que podem comprometer as funções urinárias e renais, como os medicamentos antiinflamatórios não esteroidais, anticolinérgicos, simpaticomiméticos, antibióticos aminoglicosídeos. Comunicar de imediato ao médico os resultados anormais da urinálise, urocultura e provas de função renal. A enfermagem atua de forma direta e indireta na assistência e por representar, na maioria das instituições de saúde, o maior percentual de trabalhadores, faz-se imprescindível sua atuação de forma a prevenir e controlar infecções (TIPPLE et al., 2010, p. 51). Destacam-se nesse contexto, que as medidas de prevenção e as medidas alternativas ao uso do cateterismo são medidas equivalentes. Dessa forma, o enfermeiro estará sempre prevenindo as complicações possíveis de ocorrer no idoso. Considerando que utilização de estratégias corretas propicia á equipe de enfermagem um trabalho de qualidade com maior conhecimento, fazendo com que a assistência além de individualizada seja plena e eficaz. 49 5 CONCLUSÃO O estudo apresentado nesta pesquisa investiga o uso de sonda vesical de demora suprapúbica (SVSP); em idosos de um serviço de referência em saúde do idoso do Distrito Federal, Identifica quais os cuidados do idoso em relação à manipulação da SVSP; Verifica qual a percepção dos idosos em relação ao uso da SVSP; Descrever detalhadamente a técnica de troca da SVSP e alertar sobre as possíveis complicações da SVSP. Verificou-se que apesar do enfermeiro transmitir as informações necessárias aos idosos que fazem uso da sonda SVSP para a prevenção de complicações estas ainda ocorrem. Notouse que estes assimilam parcialmente as orientações. Necessitando assim estas serem sempre reforçadas. A descrição dos cuidados citados pelos idosos como os principais são, com manipulação da SVSP: A lavagem das mãos, a ingesta hídrica e a lavagem da extensão da sonda durante o banho. Entretanto outros cuidados devem ser evidenciados pela enfermagem na abordagem ao idoso, como: não desconectar o sistema fechado do coletor, não reinserir a sonda caso a mesma saia, seguir o tempo de troca recomendados pela enfermagem e realizar a técnica asséptica durante o procedimento. Quanto à percepção dos idosos em relação ao uso da sonda SVSP foi variável, não houve a predominância do constrangimento e nem da ruim convivência. As complicações relatadas pelos idosos devido ao uso da SVSP foi infecção urinária. Essa infecção urinária na percepção do idoso se dava pelo fato de usar a sonda constantemente, por tempo prolongado de troca da sonda ou por falta de tomar água. O conhecimento dos cuidados de enfermagem e da técnica detalhada da troca da SVSP pelos enfermeiros se faz necessária, visto acometimento de erros durante a troca, como a quebra de técnica asséptica e a falta de orientações adequadas aos idosos, aumentarem o risco de complicações aos usuários. Embora não tenha sido abordado entre os pesquisados o assunto acerca do conhecimento dos familiares quanto ao cuidado, identifica-se a necessidade desta abordagem para que o plano de cuidados dos pacientes responda mais adequadamente às necessidades dos mesmos. O importante é que exista investimento não só na capacitação, como na prática do enfermeiro, para que o idoso em uso de SVSP receba melhor assistência e que esta seja 50 prestada por uma equipe de enfermagem munida de informação, segurança e presteza tornando possível a diminuição dos índices de infecção do trato urinário. Uma única medida não será suficiente, é preciso adotar uma abordagem mais resolutiva quanto à prevenção das complicações possibilitando, programas com trânsito constante de informações que permitam monitorar e avaliar o cuidado e a educação dos profissionais de saúde. Especialmente a equipe de enfermagem que atua na assistência do idoso, visto que o trabalho da equipe é imprescindível para garantir a redução da taxa de complicações do trato urinário relacionada ao uso da SVSP. A vergonha e o constrangimento em responder as questões relacionadas à SVSP é um dos vieses observados durante a pesquisa. Sentimentos que pode ser amenizados quando o pesquisador já fizer parte do serviço de troca de sonda da unidade pesquisada. Concluímos que por meio desta pesquisa observou-se a necessidade de novas pesquisas serem direcionadas para verificar o conhecimento dos enfermeiros sobre a assistência prestada aos indivíduos idosos em uso de SVSP. Como também, a questão do uso tubete em comparação a bolsa coletora sistema fechado e suas importância para o usuário, pois na literatura não consta relatos sobre riscos e benefícios quanto ao uso. 51 REFERÊNCIAS 1- BRUNNER- Tratado de Enfermagem médico-cirúrgica: tratamento de pacientes com disfunção do trato urinário superior ou inferior. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 2- BARDIN, L. Análise de conteúdo. Revista e Actualizada. Trad. Luiz Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, Edição 70, 2009, p. 7-281. 3- BRASIL. Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Cadernos de Atenção Básica nº 19. Brasília – DF, 2007. 4- BUB, M. B. C. et al. A noção de cuidado de si mesmo e o conceito de autocuidado na enfermagem. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php>. Acesso em: ago.2011. 5- CARVALHO C.; PAULA, L.C; SCOZ, M.C. O impacto da atividade física no tratamento da incontinência urinária senil. Jundiaí (SP). 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Obs: Caso o idoso não entenda a pergunta será dada as alternativas. *Convive normalmente como um adereço.*Bom pelo fato de ser necessário.*Ruim*Te causa constrangimento. ________________________________________ ________________________________________ 07- O Senhor (a) já teve alguma complicação devido ao uso da sonda vesical de demora suprapúbica? ( ) Não ( ) Sim, qual? E como essa complicação foi resolvida? ___________________________________ 60 APÊNDICE B Descrição dos Pacientes A pesquisa foi realizada com oito idosos em uso de sonda suprpúbica, visto que dois dos participantes foram excluídos. Um pesquisado era adulto com 28 anos e um idoso se recusou a assinar o termo de livre esclarecido. Idoso 1: 57 anos; 3 meses e 20 dias em uso de sonda vesical suprapúbica – Relata fazer os procedimentos de higiene no manuseio da sonda (lava as mãos, lava a extensão da sonda com água e sabão durante o banho), diz não ter tido nenhum constrangimento pelo uso, porém sua convivência com a sonda segundo ele é ruim, uma vez que se sente incomodado. A complicação relatada por esse paciente foi o prazo de troca extrapolado por falta desse serviço na unidade de saúde próxima à sua casa. Atualmente o paciente realiza a troca na cidade mais próxima, faz uso da bolsa coletora. Idoso 2: 58 anos 15 meses em uso de sonda vesical suprapúbica pratica a higiene necessária para o manuseio da sonda, ingesta hídrica abundante, lava as mãos sempre antes e depois de manipular a sonda. Passou por constrangimento por sentir vergonha de ter que usar sonda. A convivência com a sonda não é muito boa pelo fato de o paciente se sentir envergonhado. As complicações só aparecem quando não faz ingesta hídrica necessária, faz uso da bolsa coletora. Idoso 3: 60 anos 12 meses, caderante em uso de sonda vesical suprapúbica sempre faz a higiene necessária para o manuseio da sonda, não deixa o orifício da cistostomia descoberto, ingesta hídrica abundante, lava as mãos sempre para manipular a sonda. Relata ter passado por constrangimento com sonda por sentir vergonha de ter que usá-la. A convivência com a sonda é boa pelo fato de o paciente saber que é necessário o seu uso. Diz ter sofrido complicações apenas quando não faz ingesta hídrica necessária, faz uso da bolsa coletora. Idoso 4: 65 anos 18 meses em uso de sonda vesical suprapúbica – relata que toma todos os cuidados ao manipular a sonda (lava as mãos, lava a extensão da sonda com água e sabão), ingesta hídrica regular. O paciente não se sente constrangido pelo uso, mas sua convivência com a sonda é ruim, pois ele diz incomodar muito. Não usa piscina por medo de infecção. A complicação vivida por esse paciente também se refere a ter excedido o prazo de troca pelo fato de não encontrar esse serviço na unidade de saúde perto da sua casa. 61 Idoso 5: 66 anos 24 meses em uso de sonda vesical suprapúbica – relata que segue rigorosamente os cuidados de higiene no manuseio da sonda (lava as mãos, lava a extensão da sonda com água e sabão), se diz super-rigoroso com a data da troca; ingesta hídrica abundante. Relata ter passado por constrangimento pelo fato de usar a sonda e a extensão ser vista pelos colegas de trabalho. Teve complicações devido a infecções recorrentes, tratadas com avaliação e urocultura quinzenal e medicamentos. Sua convivência com a sonda é ruim uma vez que ela lhe causa constrangimento, faz uso de tubete. Idoso 6: 63 anos: 24 anos em uso de sonda vesical suprapúbica; bastante cuidadoso no manuseio da sonda, (lava as mãos, lava a extensão da sonda com água e sabão), esvazia sempre a bexiga nunca deixa ficar cheia, ingesta hídrica abundante, pelo tempo de uso convive bem com a sonda, já encara como normal, pois segundo o paciente, não há outro jeito... Não teve caso de constrangimento, já teve complicações devido a infecções recorrentes e por vazamento pelo orifício, o problema da infecção foi sanado com uso de medicamentos e exames periódicos de urina. , faz uso de tubete. 62 APÊNDICE C Informações importantes para os idosos na prevenção de complicações com o uso de sonda vesical de demora suprapúbica (SVSP). Lavar as mãos é um ato importante para prevenção das complicações. Lave as mãos antes e após tocar na sonda. Tome bastante água, porque é necessário para mantê-lo hidratado e prevenir infecções urinárias. Atenção! Não reinsira a sonda quando esta sair. Procure um serviço de saúde. Não desconecte a bolsa coletora da sonda, é um risco para infecções Fique atento quanto aos sinais; Febre, mal estar, calafrio, confusão mental, dor ao urinar e outros sintomas. Pode esta ocorrendo uma infecção. Fique atento!Realize a troca da sonda de acordo com o recomendado pela Enfermeira (o). Pois o tempo prolongado da sonda aumenta o risco de infecção urinária. Quando for realizar a troca da sonda esvazie bem a bexiga. 63 APÊNDICE D Posso (2006, p.108) descreve o material utilizado para sondagem vesical de demora: Bandeja; Um pacote de cateterismo vesical estéril (uma cuba rim, uma cuba redonda, uma pinça cheron, gazes, campo fenestrado); Sonda vesical (duas vias) de calibre adequado ao paciente; Um tubo de xilocaína gel; Um par de luvas estéril; 1 seringas de 20ml; Uma agulha 40x12; Uma ampola (10 ml) de água destilada; Fita adesiva (esparadrapo ou micropore); Solução anti-séptica aquosa; Biombo s/n (se necessário); Saco plástico para lixo; Bolsa coletora de urina (sistema fechado). 64 ANEXO A 65 ANEXO B CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA PESQUISA JAN. Atividade 2009 Escolha do Tema Revisão Bibliográfica Preparação do Projeto de Pesquisa Apresentação ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da FEPECS Pesquisa de Campo / Coleta de dados Tabulação dos dados Análise e Discussão dos Resultados Conclusão e Finalização da Monografia Preparação Apresentação Oral Apresentação oral a banca - UCB Entrega ao CEP/FEPECS FEV. MAR. ABR. MAI. JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. 66 ANEXO C Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O (a) Senhor (a) está sendo convidada a participar do projeto: “Os Cuidados de Enfermagem para Idosos em uso de sonda vesical suprapúbica em um serviço de referencia em saúde do Idoso”. O nosso objetivo geral é Descrever os cuidados de Enfermagem para Idosos em uso de Sonda Vesical de Demora Suprapúbica (SVSP) em um Serviço de Referência em Saúde do Idoso do Distrito Federal. Objetivos específicos são Identificar quais os cuidados do Idoso em relação ao uso (SVSP). Verificar qual a percepção dos Idosos em relação ao uso da (SVSP). Descrever detalhadamente a técnica de troca da (SVSP). Alertar sobre as possíveis complicações da (SVSP). Descrever detalhadamente a técnica de troca da (SVSP). Alertar sobre as possíveis complicações (SVSP). O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a). A sua participação será através de um questionário que você deverá responder Durante a Consulta de Enfermagem ou no dia da troca de sonda no ambulatório de sondagem, na data combinada com um tempo estimado para seu preenchimento de: 30 minutos. Não existe obrigatoriamente, um tempo pré-determinado, para responder o questionário. Será respeitado o tempo de cada um para respondê-lo. Informamos que a Senhor (a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o senhor (a). Os resultados da pesquisa serão divulgados na Universidade Católica de Brasília (UCB) podendo inclusive ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda do Programa de Atenção Integral à Saúde do Idoso (Paisi). Se o Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para Dra: Neuza Moreira de Matos 3357-2921 ou 9933-5853, em qualquer horário. Ou para as acadêmicas de enfermagem: Ester Cassemiro Rodrigues de Lima 81407768/33591662 em qualquer horário e Christiane Florêncio de Assis 84829701/3254740 em qualquer horário. Este projeto foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SES/DF. As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos através do telefone: (61) 3325-4955. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com o sujeito da pesquisa. ____________________________________ Idoso (Assinatura) _____________________________________ Pesquisador Responsável – Neuza Moreira de Matos Nome e assinatura ____________________________________________ Christiane Florêncio de Assis e Ester Cassemiro R de Lima Nome e assinatura Brasília, __________de __________de __________