Estratégias de utilização de antirretrovirais na prevenção da transmissão sexual do HIV Coordenação de Cuidado e Qualidade de Vida Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais/SVS/MS Dados gerais • Estima-se 600,000 PVHA e 215,000 pessoas estão em tratamento • Epidemia concentrada – População geral 0.6% – Gays e outros HSH: 10.5% – Usuários de drogas: 5.9% – Profissonais do Sexo: 5% • Casos acumulados em 2008 (37.465) e 2009 (38.538) não diminuiram • Taxa de incidência em 100.000 habitantes inalterada em 2008 (19,8) e 2009 (20,1) • Nº óbitos inalterado em 2008 (11.839) e 2009 (11.815) – Coeficiente de mortalidade (por 100.000 habitantes) 2008 – 6,2 2009 – 6,2 Focalização deve estabelecer medidas que promovam aumento do acesso das populações mais vulneráveis às ações de prevenção, diagnóstico e promoção a saúde, incluindo a intervenção conjunta e complementar com a sociedade civil organizada. A intensificação deve ter como estratégia central o emprego da testagem rápida para o diagnóstico, particularmente em ações externas aos serviços de saúde, as denominadas ações extramuros. No campo da prevenção, deve incluir a combinação de medidas comportamentais com as estratégias biomédicas com emprego de antirretrovirais, seja pelo início precoce do tratamento antirretroviral ou na profilaxia pós-exposição sexual (PEP sexual). ARV para prevenção - multicomponentes Teste Seguimento no serviço Inicio do ARV Testagem HIV Positivo Prevenção positiva Ligação com Adotar comportamento cuidado seguro Tratamento Adesão ao tto Manutenção da supressão viral Diminuir a transmissão Profilaxias Profilaxias - Recomendações do MS – PEP Violência sexual – PEP Exposição ocupacional – PEP Sexual – PEP no contexto da reprodução PEP Sexual • Base racional: plausibilidade biológica • Existe uma breve “janela” entre a exposição e a infecção definitiva: • Em 24 a 48 horas o HIV migra até o linfonodo chegando no LT- CD4+ • Em 72 horas dissemina-se pelo sangue • Modelos animais de PEP sexual: em Macacos foi efetiva quando iniciada antes ou poucas horas após (< 12 a 36h) a inoculação (preferencialmente até 2h). Custo-efetividade: • Publicada pela agência britânica de avaliação de tecnologias (Health Technology Assessment) em 2009 uma revisão dos estudos com PEP sexual • Resultados sugerem que PEP foi uma intervenção custo-efetiva para: – HSH com parceiro conhecido ou desconhecido; – mulheres em relações de alto risco. PEP Sexual Objetivo: ampliar as oportunidades de prevenir a transmissão do HIV • Público que se destina a intervenção: pessoas expostas a situações de risco • Reforça caráter complementar e abordagem equilibrada entre práticas sexuais seguras e o emprego de antirretrovirais • Enfoca a indicação de PEP em exposições de risco para além das relações estáveis Avaliação de risco: parâmetros considerados Tipo de exposição Risco de transmissão % Penetração anal receptiva 0,1 – 3,0 Penetração vaginal receptiva 0,1 – 0,2 Penetração vaginal insertiva 0,03 – 0,09 Penetração anal insertiva 0,06 Sexo oral receptivo* 0 – 0,04 População Prevalência Comentário Geral 0,6% Baixa Gays e outros HSH 10,5% Alta Usuários de drogas 5,9% Alta Profissionais do sexo ~ 5,0% Alta Indicações de PEP Sexual Tipo de exposição Anal receptiva Anal insertiva ou vaginal Oral receptiva com ejaculação HIV – positivo Recomendar Recomendar Considerar Desconhecida (população de alta prevalência) Recomendar Considerar Considerar Considerar Não Recomendar Não Recomendar Sorologia do parceiro Desconhecida (população de baixa prevalência) Dispensa de profilaxias - 2011 (jan a dez): Fonte SICLOM PEP-sexual • Estratégia de prevenção direcionada para populações vulneráveis • TARV para evitar transmissão • Atrai segmentos vulneráveis para a rede • acesso ao diagnóstico • vínculo com serviços • redução de vulnerabilidade e risco para adoção de práticas seguras • composição de coortes soronegativos de populações vulneráveis UF 1- AC 2- AP 3- TO 4- AM 5- RR 6- RO 7- PA 8- SE 9- AL 10- PB 11- PE 12- PI 13- RN 14- MA 15- BA 16- CE 17- GO 18- DF 19- MS 20- MT 21- SP 22- RJ 23- ES 24- MG 25- PR 26- RS 27- SC Total Casais Sorodiscordantes 0 0 0 0 0 3 4 2 0 0 22 3 0 0 15 11 0 34 5 3 336 82 18 55 40 75 28 736 Exposição Sexual Ocasional 0 0 1 2 0 1 8 1 0 14 13 0 12 0 17 11 6 54 16 21 831 94 29 126 134 145 64 1600 Total 0 0 1 2 0 4 12 3 0 14 35 3 12 0 32 22 6 88 21 24 1167 176 47 181 174 220 92 2336 PrEP Não recomendada pelo MS como estratégia de saúde pública: • • • • • • • • • • Qual seria o impacto em saúde pública? Quais os efeitos da intervenção fora das condições de pesquisa em relação a adesão e aconselhamento? Como manejar com a fadiga com uso ao longo do tempo? Quais EA ao longo do tempo em pessoas saudáveis? Ou em portadores de DCV ou DM? Quais consequências para sexo casual e práticas seguras? Qual a consequências para resistência secundária na infecção aguda não detectada? Duração da intervenção Pacote ainda inexistente no sistema de saúde Contextos específicos – Estudo em mulheres foi interrompido por falta de proteção Avanço no conhecimento – Necessário desenvolver ferramentas de monitoramento e controle PrEP Ambiente de pesquisa “Pacote” oferecido: • Testes mensais para o HIV • Aconselhamento pré e pós-teste • Camisinhas (15 ou mais por visita) • Teste para DST se sintomático • Rastreamento para DST, cada 24 sem. • Tratamento de parceiros sexuais • PEP, se exposição recente • Vacina contra o HBV Saúde Pública Tratamento como prevenção • A utilização de TARV permite excluir todo risco relevante de transmissão • Em caso de carga indetectável o risco de transmissão sexual sem uso de preservativos é zero • Para casais que decidirem por sexo desprotegido, a adesão e aconselhamento se tornarão temas centrais na sua relação • Consequência para casais sorodiscordantes: após informações e aconselhamento decidir sobre sexo desprotegido desde que CV suprimida e ausência de DST Selecionadas 11 coortes que acompanharam 5021 casais e identificaram 461 eventos (transmissões) Somente 5 estudos incluíram casais sorodiscordantes quando o parceiro HIV+ utilizava TARV Os estudos analisados não identificaram transmissão em casais heterossexuais sorodiscordantes quando o parceiro soropositivo estava em tratamento e tinha CV sanguinea < 400 cópias. Comparação pelo uso ou não de TARV demonstrou uma redução de transmissão de 92% (de 5.64 para 0.46/100 pessoas/ano) Impacto depende do contexto epidemiológico e configuração da rede de parcerias sexuais Efetividade reduzida pela carência de disponibilidade de serviços de saúde A projeção do estudo não forneceu predição do efeito da intervenção na toxicidade, resistência, necessidade de 2ª linha, etc Coorte prospectiva que incluiu 3381 casais heterossexuais sorodiscordantes de 7 países africanos Identificados 103 episódios de transmissão e apenas 1 envolvendo pessoa sob tratamento (ocorreu nos 3 meses inicais de terapia e foi na direção mulher → homem) Diminuição nas relações sexuais desprotegidas após o início da TARV de 6.2% para 3.7% 70% das transmissões ocorreram com CD4 > 200 e CV > 50 000 cópias TARV reduziu o risco de transmissão do HIV em 92%: coincide com estudos anteriores Questionário para avaliação de atitudes e práticas na coorte de pacientes suíços Afirmação suíça teve influência no aumento das práticas desprotegidas em todos grupos com parcerias estáveis e HSH com parceiros ocasionais particularmente quando em TARV e com CV suprimida Total de eventos de transmissão: 39 CD4= 350-500 Tratamento imediato CD4 ≤ 250 Tratamento Adiado 35 4 p < 0.0001 Início precoce do tratamento suprimindo a replicação viral leva a 96% de redução da transmissão sexual do HIV em casais Pode-se considerar TARV CV sanguínea indetectável Reduz o risco de transmissão sexual do HIV entre casais heterossexuais sorodiscordantes. Entretanto, com as evidências atualmente disponíveis, este risco não está completamente eliminado. (Donnell et al. 2010; Atia et al. 2009) Terapia Antirretroviral no Brasil Porcentagem de pacientes em uso de ARV com CV indetectável de 2001 a 2009 – Brasil. 300000 65,14% 250000 61,15% 200000 indetectável 57,58% 400 a 999 copias 56,50% 150000 1.001 a 2.000 copias 51,65% 10.000 a 50.000 copias > 100.000 copias 100000 46,74% 50000 42,05% 37,48 0 32,45 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Foram considerados todos os exames cadastrados no SISCEL e pacientes com idade maior ou igual a 21 anos. Última carga viral /paciente - Periodo: set 2010 a set 2011 Carga Viral < 50 cópias 50 - 1.000 cópias 1.001 to 10.000 cópias 10.001 to 50.000 cópias > 50.000 cópias Total Frequencia Proporção 109 356 67,% 17 877 11% 13 818 8% 11 922 7% 11 110 7% 164 083 100,0% Last viral load/patient - Period: 2010 sep to 2011 sep 7% 7% 8% < 50 copies 50 - 1.000 copies 1.001 to 10.000 copies 10.001 to 50.000 copies 11% > 50.000 copies 67% Tratamento como prevenção como estratégia de saúde pública CONSEIL NATIONAL DU SIDA OPINION AND RECOMMENDATIONS REGARDING THE POTENTIAL FOR TREATMENT AS AN INNOVATIVE TOOL FOR FIGHTING THE HIV EPIDEMIC - 9 APRIL 2009 - ADOPTED BY THE FRENCH NATIONAL AIDS COUNCIL, IN PLENARY SESSION, 9 APRIL 2009 • Tratamento não elimina o risco e não se opõe as medidas de sexo seguro: é medicalizado, não-comportamental, dissociado do ato sexual e responsabiliza apenas quem está sob TARV RECOMENDAÇÕES • PARA AUTORIDADES DE SAÚDE – Fortalecer diagnóstico precoce e estruturar ampliação do tratamento – Financiar estudos que dimensionem o impacto em prevenção, QoL... – Redefinir mensagem de prevenção estabelecendo caráter complementar entre distintas ferramentas: TARV, risco residual e condom Terapia Antirretroviral no Brasil Status clínico e imunológico Recomendação Assintomáticos sem contagem de CD4 disponível ou CD4 > 500 células/mm3 Não tratar (1) (Nível de evidência 5 Grau de recomendação D) Assintomáticos com CD4 entre 500 e 350 células/mm3 Considerar tratamento para determinados subgrupos (2) (Nível de evidência 2b Grau de recomendação B) (2) Subgrupos: -Coinfecção com Hepatite B e C Inclusão de casais sorodiscordantes? -Idade superior a 55 anos -Alterações Neurocognitivas associadas ao HIV -Doença Cardiovascular estabelecida ou risco elevado -Neoplasias mesmo não definidoras de AIDS -Nefropatia do HIV -Carga Viral superior a 100,000 cópias Indicar para casais com CD4 > 500 células? Desafios nacionais Cobertura de testagem para o HIV Percentage of sexually active individuals aged 15 to 54 who have tested for HIV at some time in their lives. Brazil, 1998, 2004 and 2008. Sex 1998 2004 2008 Men 30.1 21.4 28.2 Women 18.0 35.0 49.0 Total 23.9 28.1 38.6 Sources: Berquó, 1998; PCAP, 2004; PCAP, 2008. Diagnóstico tardio CD4 no momento do diagnóstico Year CD4 < 200 CD4 200-349 CD4 350-499 CD4 > 500 2003 32.1 22.5 19 26.4 2004 29.9 22.3 19.4 28.4 2005 30.6 21.1 19.4 28.8 2006 32.5 20 17.9 29.6 2007 31 19.5 18.8 30.6 2008 32.2 18.1 17.4 32.3 2009 31.1 17.7 17.8 33.4 2010 31.7 17.7 17.9 32.6 Como evitar novas infecções? Estimate – 600.000 PLWHA 250,000 do not know their status (15 – 49y) 350,000 on follow up 220,000 on treatment 130,000 Not elegible for ARV Como evitar novas infecções? População Prevalência Comentário Geral 0,6% Baixa Gays e outros HSH 10,5% Alta Usuários de drogas 5,9% Alta Profissionais do sexo ~ 5,0% Alta Epidemia no Brasil é concentrada TARV para casais sorodiscordantes é a intervenção biomédica mais efetiva Benefício maximo observado nos maiores estudos* Eficácia (C.I.) ART for HIV-positive partner 96% (72% – 99%) (HPTN 052) Male circumcision 57% (42% – 68%) (Orange Farm, Rakai, Kisumu) PrEP 44% (15% – 63%) (iPrEx - oral tenfovir/emtricitabine) Microbicide 39% (6% – 60%) (CAPRISA 004 - tenofovir gel) HIV Vaccine 31% (1% – 51%) (Thai RV144) 0 * Some studies of the same interventions showed divergent results 10 20 30 40 50 60 70 Efficacy (%) Adapted from Padian et al, 2010; Abdool Karim, 2010; Grant et al , 2010; Cohen et al, 2011 80 90 100 Perspectivas Nacionais Alinhamento: intensificação e focalização Armadilhas retóricas: feminização heterossexualização interiorização “todos somos vulneráveis” Diagnóstico • Intensificação e focalização com novos modelos de testagem • articulação com ONG que acessam as populações vulneráveis - testagem no campo com unidades móveis e estrutura de ONG - emprego da testagem rápida • potencializar oportunidades para diagnóstico advindas da PEP sexual • intervenções em espaços comunitários com facilitação da testagem em serviços • ampliação da testagem entre portadores de tuberculose Novas frentes na resposta nacional • Atenção – adequação de CTA para atendimento de populações vulneráveis soronegativas (travestis, trans, HSH, profissionais do sexo), considerando pelo menos 1 serviço • Programa de cuidado integral para estas populações: aconselhamento, abordagem sindrômica, procedimentos para DST, vacinas, testagem, diagnóstico etiológico de DST, silicone; • Centros sentinela para infecção recente • Formação de coortes de populações vulneráveis • Adequação de estrutura física: recursos acumulados na política de incentivo, edital nacional, etc • Contrapartida de RH: equipe com aconselhadores, especialista em DST, proctologista, urologista, GO, profissionais da saúde mental Novas frentes na resposta nacional Alinhamento das estratégias à epidemia concentrada Focalização e intensificação • Prevenção – potencializar tecnologias biomédicas de prevenção: ampliar diagnóstico precoce, instituição precoce do tratamento para reduzir a carga viral coletiva, ampliar o acesso a PEP • Diagnóstico – • Estratégias de diagnóstico com parceria da sociedade civil, p. ex. Quero Fazer como política de governo Atenção – adequação de CTA para atendimento de populações vulneráveis soronegativas (travestis, trans, HSH, profissionais do sexo), considerando pelo menos1 serviço/estado conforme região • Programa de cuidado integral para estas populações: abordagem sindrômica, procedimentos para DST, vacinas, testagem, diagnóstico etiológico de DST, silicone; • Centros sentinela para infecção recente • Formação de coortes de populações vulneráveis • Adequação de estrutura física: edital nacional • Contrapartida de RH