EDITORIAL Em Dezembro de 2003 saía o número zero da revista INFO assumida, desde logo no editorial subscrito pelo Conselho de Administração, como meio essencial de desenvolvimento de uma política de comunicação orientada para os objectivos institucionais e para o envolvimento dos profissionais. Esta é a décima edição da INFO! Um número denunciador de percurso ainda jovem mas sugestivo para que dele se faça um misto de regozijo e reflexão. Ao longo das várias edições, a INFO tem procurado manter-se fiel à orientação editorial que lhe foi definida, isto é, espaço aberto à colaboração de todos na partilha de conhecimentos e informação em sintonia com a missão e os valores que norteiam a instituição. À semelhança do que aconteceu com o número zero, também agora a INFO publica, na íntegra e em separata, o regulamento interno da instituição e o organograma representativo da sua matriz organizacional. De Sociedade Anónima de Capitais exclusivamente Públicos a Entidade Pública Empresarial, e pesem embora as particularidades jurídicas que lhe marcam um estatuto distinto, permanece a mesma determinação na busca da prestação de cuidados de saúde de excelência na área da oncologia. Essa determinação consubstancia-se num conjunto de actividades que os profissionais, das mais diversas áreas, levam a cabo no seu quotidiano de trabalho e de que a INFO tem procurado dar notícia. Por aqui têm passado artigos que dão conta da evolução dos principais projectos do IPOCFG, de técnicas clínicas relevantes para o tratamento e/ou para a investigação, de importantes trabalhos científicos e prémios atribuídos aos respectivos autores, de procedimentos recomendáveis como boas práticas, dos resultados de avaliações internas e/ou externas à “performance” da instituição, entre outros assuntos de interesse. Numa abordagem mais informal, como é a entrevista, procura-se destacar uma actualidade relevante para o mérito do(s) profissional(ais) e consequentemente da própria instituição. Aqui, como na secção lúdica da revista, há também espaço para conhecer o outro lado, menos visível, do(s) interlocutor(es): opiniões, preferências, gostos pessoais. Também o doente participa nesta partilha de informação, em espaço que periodicamente reservamos para a divulgação dos seus comentários e opiniões, cuja análise, de que se ocupa o Gabinete do Utente, constitui sempre um excelente barómetro da imagem institucional. A abertura da secção lúdica é marcada com a presença habitual da rubrica “ARTE – o perfume da vida” da autoria do nosso colaborador Dr. Matos Coimbra, entusiasta desde a primeira hora, a quem queremos expressar um vivo Bem-Haja! Congratulamo-nos, enfim, com a crescente procura de publicação de artigos, afinal razão de ser da INFO. Ela existe porque, quer no papel de leitor quer no papel de colaborador, há matéria-prima que lhe dá vida o que, sem dúvida, encoraja a prosseguir o caminho traçado. Ana Vaz Ficha Técnica Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, E.P.E. Direcção Editorial: Conselho de Administração do Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, E.P.E. Direcção Executiva: Ana Vaz e Maria João Dallot, Ano de Fundação: 2003, Tiragem: 1500 exemplares, Periodicidade: 3/ano, Distribuição gratuita, Design Editorial: João Alves Design | Liliana Jesus para WTA. Comunicação, Ilustração e Fotografia: João A. Moreira Alves, Impressão: Litografia Coimbra S.A. Processos de Integração entre países e a “livre circulação” de doentes Uma janela de avaliação por abrir Carlos Paiva, Administrador Hospitalar*, Coordenador do Gabinete do Utente Carlos Santos, Administrador Executivo Pela actualidade do tema na agenda mediática das questões da política de saúde sugerem-se algumas reflexões que mais não pretendem do que enquadrar esta matéria. O motor dos processos de integração são, tradicionalmente, as questões económicas e geopolíticas. Os mecanismos de harmonização social vêm normalmente a reboque daquelas. O grau de integração entre os países apresenta 5 estádios principais: 1 - ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO – Eliminação de quotas e barreiras alfandegárias. 2 - UNIÃO ALFANDEGÁRIA – Adopção de tarifas e quotas comuns para as relações comerciais externas. 3 - MERCADO COMUM – Eliminação de restrições de circulação de mercadorias, capitais e pessoas. 4 - UNIÃO MONETÁRIA – adopção de uma moeda única. 5 - CONFEDERAÇÃO – O mais profundo estádio de integração. As desigualdades sociais e territoriais constituem verdadeiras barreiras não tarifárias à integração. Daí a importância dos Fundos Estruturais. Os países da U.E. têm tradição na garantia de protecção social. São amplos sistemas de bem-estar distintos quanto ao modelo de organização mas com uma matriz comum de carácter público, de solidariedade social e de cobertura universal. Até ao momento, o reconhecimento das heterogeneidades internas dos sistemas de saúde, a garantia de protecção da saúde tem permanecido responsabilidade de cada estado membro. No entanto, entre 1958 e 1998 cerca de 233 regulamentos da U.E. afectaram os Serviços de Saúde. A livre circulação de pessoas (mercadorias e capitais) tem repercussões óbvias nos Sistemas de Saúde, seja quanto à garantia de direitos sociais, seja quanto à oferta de profissionais de saúde. A segurança e saúde dos trabalhadores e as condições de trabalho são harmonizadas desde o início da U.E. de forma a permitir a livre circulação de trabalhadores. Existe há muito regulamentação sobre a livre circulação de mercadorias na saúde, em aspectos como distribuição de medicamentos, vigilância sanitária, criação da EMEA (European Medicines Agency – Agência Europeia de Medicamentos). A livre circulação de capitais tem impacto nos investimentos hospitalares e pode vir a dificultar a regulação e o planeamento da oferta hospitalar. A Regulamentação do acesso à Saúde em outro Estado-Membro O acesso a Serviços de saúde em outro Estado-Membro foi regulamentado ainda nos anos 70 (Direitos de Segurança Social para Trabalhadores migrantes): Regulamento CEE Nº 1408/71, posteriormente a garantia de acesso para estadias temporárias, como o Modelo E 111 e, mais tarde, a autorização de deslocação para tratamento. Existem vários formulários, mas o E 112 autoriza viagem para tratamento predefinido por motivos de falta ou dificuldade de prestação do serviço no país de origem, como por exemplo por lista de espera. Com estes regulamentos existentes o impacto numérico e financeiro da circulação de doentes tem sido diminuto. Dados de 1998 demonstram que o fluxo de pacientes correspondeu ape- nas a 0,1% dos gastos públicos em saúde na U.E. (2 Euros per capita). Em 2004 entrou em circulação o cartão europeu de seguro de doença que substituirá gradualmente os formulários “E” excepto o E 112. As decisões do Tribunal de Justiça Europeu nos casos Kohll e Decken (1998) e Smits/Reerbooms e Vanbraekel (2001) confirmam que as pessoas têm liberdade de procurar serviços de saúde em outro Estado-Membro sob certas condições: – O atendimento deve ser nas mesmas condições que ao cidadão residente. – É garantido o direito ao reembolso sem autorização prévia e com fundamento na livre circulação. Mas mesmo estas decisões reconhecem que a situação desejada não é garantia de escolha máxima pelo cidadão, como “consumidor” de serviços de saúde, pois isso comprometeria o planeamento e a organização dos serviços e acções de saúde nacionais. Fala-se com insistência na necessidade de definir um pacote europeu virtual de cuidados de saúde. A garantia do acesso aos serviços e produtos de saúde no interior do mercado europeu foi utilizada para romper barreiras de circulação. Na modalidade de integração assumida, a queda de barreiras à circulação de pessoas, produtos, serviços e capitais significou, na saúde, a livre movimentação de profissionais, doentes, trabalhadores, fármacos, tecnologias e serviços. Tem havido intensos debates sobre a matéria, relançados recentemente pelo Comissário Europeu, tal como referimos acima, mas a posição dominante tem sido a de que fundamentar decisões sobre o acesso à saúde no imperativo do mercado preconiza a lógica individual do consumo em detrimento da lógica colectiva de protecção social a ser garantida pelo Estado. A discussão está agora a iniciar-se. Quando me decido por determinada loja para comprar determinado produto, quando me decido por comprar determinado bem em detrimento de outro estou a apreciar a qualidade da loja, a qualidade do atendimento, a qualidade do produto face ao preço de venda. Entendendo quase nada de automóveis, mas, se precisar de adquirir um, sou eu quem, finalmente, decide. Sem perceber coisa alguma de papas para bebés, e, me dispuser a comprar esse produto para as minhas netas, sou eu quem decide nos momentos cruciais de retirar o pacote da prateleira do supermercado e de o apresentar na caixa registadora para pagamento. Em todos estes exemplos posso socorrer-me do auxílio das informações disponibilizadas pelos fornecedores, através de anúncios ou de outros documentos informativos ou da colaboração de amigos ou familiares, bons conselheiros. Mas no momento da decisão sou implacável, opto por uma loja, por um produto, em detrimento absoluto das outras possibilidades. De nada vale aos produtores queixarem-se de que eu nada percebo do assunto ou de que estou mal informado, e aos donos das outras lojas de que nada percebo da organização dos serviços comerciais ou de assistência após a venda, etc.. É ao cliente/utente, ainda que sujeito a influências que não domina, que é disponibilizado o poder absoluto de julgar. Ocorrem-me estas considerações a propósito da apresentação sucinta dos dados relacionados com as exposições dos utentes do IPOCFG, E.P.E., ao Gabinete do Utente em 2005 e 2006. É que, efectivamente, aos utentes dos serviços de saúde portugueses está vedado optar, com facilidade, por este ou por aquele serviço, em função da sua apreciação da qualidade dos cuidados que recebe ou prevê receber (em relação ao preço, nem se discute pois ou praticamente não existe ou encontra-se tabelado por imposição tutelar). Nestas condições, é de atribuir a maior relevância às exposições dos utentes dos serviços de saúde que “se atrevem” a expor o que sentem acerca dos serviços de saúde prestados, quer se trate de elogios, sugestões ou reclamações e qualquer que seja o assunto versado (organização dos serviços, qualidade e oportunidade dos cuidados prestados, etc.). De nada vale aos gestores dos serviços de saúde ou aos prestadores de cuidados de saúde assinalar que os doentes nada sabem de organização dos serviços ou que ignoram tudo ou quase tudo sobre medicina e sobre os cuidados que a sua situação clínica merece. Se fosse dada aos utentes dos serviços de saúde a mesma possibilidade de optar tal como está disponível em geral na aquisição de outros bens e serviços, seriam sempre eles os “julgadores finais” e os serviços de saúde menos qualificados sujeitos às consequências resultantes da perda de utentes… É neste contexto que vale a pena apreciar os dados relativos às exposições de utentes recebidas pelo Gabinete do Utente do IPOCFG, E.P.E., em 2005 e 2006, constantes dos quadros que seguem. Pode constatar-se que o número global de exposições, bem como o número de reclamações, sugestões e elogios variam sem qualquer significado. Importante é assinalar que entre as reclamações relacionadas com a prestação de cuidados de saúde, o número de reclamações incidindo sobre o “tempo de espera no dia da consulta, exame ou tratamento” se revela como o motivo de reclamação de maior incidência (66,7 % em 2005 e 61,8% em 2006). Parece bem clara a mensagem a recolher das reclamações apresentadas por utentes do IPOCFG, E.P.E.: O tempo de espera no dia da consulta, exame ou tratamento constitui uma ocorrência que pesa muito na sensibilidade dos utentes, constituindo um factor de ponderação importante na sua avaliação dos cuidados prestados. Esta constatação implica, certamente, a necessidade de apreciar os procedimentos de agendamento e de definição da ordem de chamada dos doentes, a fim de verificar o que pode (deve) ser modificado, em face da sensibilidade constatada. Exposições 2005/2006 80 60 1-70 As recentes declarações do Comissário Europeu sobre a livre circulação de doentes no espaço da União Europeia abriram uma discussão que, no essencial se situa na confluência de dois interesses aparentemente contraditórios: o da liberdade de circulação de pessoas, mercadorias e capitais e o da sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde. 68 40 62 20 27 26 0 Reclamação 2005 Elogio 2006 Reclamação 2006 Sugestão 2005 Tipologia das Reclamações 2006 40 20 34 12 0 6 14 20 0 Elogio 2005 Sugestão 2006 Prestação de Cuidados de Saúde Tipologia (2006) 25 20 15 10 5 0 21 6 7 Prestação de cuidados de saúde Actos Administrativos/Gestão Cuidados desadequados Doente sem cuidados Relacionais/Comportamentais Infraestruturas/Amenidades Tempo de espera para cuidados Tipologia das Reclamações 2005 40 16 14 39 12 8 12 Prestação de Cuidados de Saúde Tipologia (2005) 30 25 20 15 10 5 0 26 4 9 Prestação de cuidados de saúde Actos Administrativos/Gestão Cuidados desadequados Doente sem cuidados Relacionais/Comportamentais Infraestruturas/Amenidades Tempo de espera para cuidados *com a participação das colaboradoras do Gabinete do Utente do IPOCFG, E.P.E. (Ana Cruz e Ângela Vinha) na elaboração dos quadros. O Serviço Social na Doença Oncológica: Perspectiva interdisciplinar Serviço Social do IPOCFG, E.P.E. No dia 10 de Novembro de 2006 decorreram, no auditório do Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, E.P.E. (IPOCFG, E.P.E.), as Jornadas subordinadas ao tema: “O Serviço Social na Doença Oncológica – Perspectiva Interdisciplinar”. A organização esteve a cargo do Serviço Social e contou com o apoio de toda a Instituição bem como do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRC – LPCC) e ainda dos Laboratórios Janssen-Cilag Farmacêutica, Lda, Ferrer Azevedos e Águas das Caldas de Penacova. Estiveram presentes 140 pessoas, com diferentes formações académicas. A escolha do tema resultou da sua pertinência e actualidade. Pertinência essa justificada por uma necessidade acrescida de uma abordagem ao doente enquanto ser bio-psico-social. As Jornadas tiveram como objectivo principal a partilha de experiências relativamente ao apoio social prestado ao doente oncológico, em diferentes contextos institucionais, bem como a perspectiva do cuidador seja este informal (familiar/amigo/ vizinho, etc.) ou formal (profissionais de saúde). Os vários temas abordados, numa perspectiva pluridisciplinar, fundamentam o desafio a novas práticas de actuação por parte dos profissionais de saúde, tendo em conta a dignidade intrínseca do doente enquanto ser humano. Os trabalhos incluíram quatro mesas redondas, sobre os temas “Oncologia e Interdisciplinaridade” moderada pelo Dr. Manuel António Silva, Presidente do Conselho de Admi- nistração (C.A.) do IPOCFG, E.P.E., “Apoio Social ao Doente Oncológico – partilha de experiências” moderada pelo Dr. Carlos Santos, Administrador Executivo do IPOCFG, E.P.E., “Continuidade de Cuidados – trabalho em rede” moderada pela Dr.a Margarida Pires, Assistente Social do IPOCFG, E.P.E., “Olhar de quem cuida” moderada pela Dr.ª Maria de Lurdes Gonçalves, Assistente Social do NRC-LPCC e uma conferência subordinada ao tema “Repensar a Intervenção do Serviço Social em Oncologia” presidida pela Dr.ª Teresa Antunes da Silva1, Assistente Social do IPOCFG, E.P.E.. A sessão de abertura foi presidida pelo Dr. Manuel António Silva, e contou com as seguintes participações: Dr. Fernando Jesus Regateiro, Presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, Eng.º Pedro Coimbra, representante do Instituto de Solidariedade e Segurança Social de Coimbra, Dr. Joaquim Correia dos Santos, Presidente do NRC-LPCC e a Dr.ª Maria Manuela Estevens Ferreira Simões, Directora do Serviço Social do IPOCFG, E.P.E.. As Jornadas contaram com a participação de diversos especialistas de reconhecido mérito, nomeadamente, Dr. Óscar Vilão, Director do Serviço de Medicina Interna e Cuidados Paliativos do IPOCFG, E.P.E., Dr.ª Esperança Silva, Directora do Serviço Social do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, E.P.E. (IPOPFG, E.P.E.), Dr. Eduardo Carqueja, responsável da Consulta de Psicologia Oncológica da Unidade de Oncologia Médica do Hospital de S. João, Enf.ª Ana Maria Pereira, do IPOCFG, E.P.E., Dr.a Manuela Paiva do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPOLFG, E.P.E.), Dr.ª Conceição Toscano, Directora do Serviço Social do Hospital Distrital da Figueira 1 da Foz, Dr.ª Cristina Varandas, Coordenadora do Serviço Social do Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra (HG – CHC), Dr.ª Natércia Freire e Dr.ª Graça Almeida, Assistentes Sociais dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Dr.ª Teresa Sousa, Assistente Social do IPOCFG, E.P.E., Dr.ª Sónia Guadalupe, Docente do Instituto Superior Miguel Torga, Dr.ª Marta Fael, Assistente Social da Unidade de Cuidados Continuados do Núcleo de Vale de Cambra, Dr.ª Cristina Santos, Assistente Social do Centro de Saúde de Santa Comba Dão, Dr.ª Eva Seguro, Directora Técnica da Academia Cultural e Social de Maceira, Enf.º Rodrigo Nunes do IPOCFG, E.P.E. , Sr. Armando Silva, Coordenador do Voluntariado do NRC – LPCC, Eng.ª Susana Maia, familiar de doente oncológico. Para a organização deste evento foi muito gratificante a presença de todos a quem publicamente se agradece. Consideramos que foram alcançados os objectivos inicialmente propostos e que este encontro se revelou como uma “mais-valia” para todos os presentes. Sem pretensão de ver encerrado, nestas Jornadas, o debate de questões tão preponderantes em Oncologia, no trabalho em equipa e no próprio desempenho do papel do Serviço Social, levantamos algumas questões para reflexões futuras, nomeadamente no que concerne à interdisciplinaridade, trabalho em equipa e rede social de suporte. No que respeita à interdisciplinaridade e trabalho de equipa propriamente dito é consensual, por parte dos diferentes profissionais, de que o trabalho hoje em dia desenvolvido, tem uma qualidade e uma capacidade de resposta superior ao trabalho que foi realizado em décadas anteriores. Contudo e porque o ser humano é em si um ser em constante evolução, as áreas e ciências que com ele trabalham, têm que encerrar em si mesmas uma constante mudança no sentido de se adaptarem às novas e mais exigentes necessidades do doente. Numa intervenção holística torna-se urgente a partilha de diferentes saberes e perspectivas de forma a que as necessidades do doente, diversas e em constante mutação, sejam correspondidas. Isto só é viável quando numa equipa cada elemento, apesar de trabalhar para um todo, respeita a especificidade de cada profissional e os seus próprios limites de actuação, tendo a comunicação como um dos principais instrumentos de trabalho. De salientar ainda, a importância da partilha entre as instituições de suporte ao doente oncológico e sua família. A qualidade e o acompanhamento do doente, não dependem unicamente da estrutura em que está inserido em determinado momento, mas de toda uma rede social de suporte que se articula entre si, oferecendo respostas consensuais e adequadas que valorizem o próprio nível de suporte percebido pelo doente. Pela sua actualidade, pela necessidade constante de debate destas questões e pela promoção do crescimento das equipas e, obviamente, pelos resultados que se desejam obter através de um acompanhamento cada vez mais cuidado e com maior qualidade ao doente oncológico e sua família, a realiza- Aposentada desde Abril de 2006. ção de novos encontros é um assunto em agenda. Só da partilha, discussão, análise e reflexão podem surgir novas práticas profissionais que permitam ir de encontro ao que é hoje a Saúde e no que consiste a prática e a promoção da mesma. Radiologia e Biópsia Mamária Idílio Gomes, Director do Serviço de Imagiologia Das intervenções apresentadas gostaríamos de destacar a conferência da Mestre Guadalupe, Docente do Instituto Superior Miguel Torga – “(Re)pensar a intervenção do Serviço Social em Oncologia” que efectuou uma resenha histórica do Serviço Social na Saúde e na Oncologia, o papel actual do Serviço Social nesta área e os novos desafios dos quais gostaríamos de destacar alguns pontos: 2. 1. 4. 3. 6. 5. 1. A intervenção do Serviço Social ainda entendida como compensatória 2. A Importância da continuidade dos cuidados 3. A importância da sinalização social 4. O trabalho interdisciplinar 5. O impacto da doença oncológica 6. A inovação no Serviço Social 7. A intervenção do Serviço Social como emancipador 7. Introdução Nas últimas décadas o cancro da mama tem sido uma preocupação crescente da raça humana e em particular da medicina, devido ao facto de ser o cancro mais frequente da mulher (10 em cada 100 mulheres vão ter um cancro da mama ao longo da sua vida). A sua incidência tem crescido nos últimos anos. A prevenção desta doença é de abordagem muito difícil, embora possamos actuar discretamente em algumas variáveis, tais como estimular os chamados “hábitos de vida saudáveis”. A nós, profissionais da saúde, cabe-nos o papel de alertar e implementar o diagnóstico precoce da doença, numa tentativa de melhorar os ratios de cura da doença e/ou aumentar as taxas de sobrevida. A história dos últimos vinte anos demonstrou, fruto das campanhas de rastreio efectuadas nos países mais desenvolvidos (onde nos incluímos), que embora tenha duplicado o número de cancros de mama, a sua mortalidade diminuiu. É uma certeza que de todos os factores que contribuíram para esta melhoria da taxa de mortalidade, o mais substantivo foi o diagnóstico precoce. Diagnóstico imagiológico Para o diagnóstico precoce do cancro da mama concorrem essencialmente duas técnicas imagiológicas complementares – mamografia e ecografia mamária. É numa fase infra-clínica que convém fazer o diagnóstico. Há que banir o conceito de que não sinto ou não palpo nada, então não necessito de pesquisar. É justamente nessa altura que devemos actuar. Existem vários protocolos de diagnóstico precoce do cancro da mama. Todos eles têm argumentos válidos e todos eles têm justificações económicas que os apoiam ou reprovam. No entanto há que ter algum bom senso. A partir dos quarenta anos há que pesquisar com periodicidades nunca superior a dois anos e se possível, com periodicidade anual. Quem tiver antecedentes familiares deverá iniciar a sua pesquisa dez anos antes em relação à idade de aparecimento no familiar. percutânea até atingir a lesão e depois retira um bocado de lesão para análise anátomo-patológica. Abordagem que pode ser feita para lesões palpáveis ou lesões infra-clínicas (não palpáveis), mediante marcação prévia com arpão ou carbono. Actualmente esta prática está em desuso e nos centros de referência é praticada, em casos seleccionados. É uma prática onerosa e mutilante, pouco aceitável nas lesões onde se conclui pela benignidade (que deverá constituir cerca de 50% dos resultados). Na nossa instituição é usada apenas em situações seleccionadas de lesões com características muito especiais ou em casos que outros tipos de biópsia, menos mutilantes, não conseguiram esclarecer o diagnóstico. A cicatriz deste tipo de biópsia provoca distorção das margens da lesão podendo dificultar ou impossibilitar uma remoção da lesão (tumorectomia), com margens de segurança, caso seja essa a opção terapêutica. Citologia – Consiste em usar uma agulha fina, introduzi-la na lesão e aspirar material para ser analisado. É uma técnica rápida e económica. Técnica muito usada desde há muitos anos e com excelentes resultados em alguns países, nomeadamente em Portugal. Exige Citologistas de excelência (temos o privilégio de privar com eles). É uma técnica com algumas limitações devido à impossibilidade de afirmar o carácter invasivo de uma lesão maligna, não fornecer todos os marcadores hormonais e, para as Diagnóstico anátomo-patológico Após conhecimento de uma lesão mamária e no caso dela traduzir algum grau de suspeição para malignidade, é imperioso submeter essa lesão a investigação anátomo-patológica. Existem várias técnicas para explorar uma lesão mamária e tentar obter um diagnóstico, e que consiste em retirar bocados de lesão ou células da mesma e enviar para análise anátomo-patológica. A boa prática médica exige que a colheita seja representativa da lesão, não permitindo falsos resultados, pouco mutilante para o paciente, com baixos custos e que o tempo para o diagnóstico seja muito breve. As diversas técnicas existentes são as seguintes: Biópsia a céu aberto – O cirurgião faz uma abordagem Mamografo digital com estereotaxia. Continuamos esperançados em melhorar a nossa prática e servir o melhor possível os nossos utentes e continuar a merecer a sua confiança. lesões infra-clínicas, apresenta uma taxa elevada de punções não contributivas. Algumas equipas não aceitam os seus resultados para tratamento, designadamente o uso de quimioterapia ou mastectomia. Penso que é uma técnica que deve ser usada em algumas situações, designadamente, lesões com componente líquido predominante ou situações palpáveis com critérios clínicos e imagiológicos sugestivos de malignidade (BI-RADS 5). Nota: BI-RADS 5 – lesões com probabilidade de malignidade superior a 95%. Biópsia com pistola automática (microbiópsia) – Usa agulhas com calibres mais grossos (14, 16 e 18 gauge), acopladas a uma pistola com sistema de disparo para recolha de material. Nós usamos habitualmente agulhas de 14 gauge, para obter maior quantidade de tecido (excepcionalmente usamos o 16 gauge – em situações onde a dureza do tecido exige uma agulha mais fina para facilitar ou permitir a penetração da agulha na lesão). Técnica usada pela nossa instituição há muitos anos para lesões palpáveis e desde os finais dos anos noventa para lesões infra-clínicas. Desde 2003 e com a colaboração e estímulo constante da Dr.ª Manuela Lacerda (distinta Anátomo-patologista da nossa Instituição) generalizámos o uso desta técnica às lesões infra-clínicas com tradução ecográfica, com resultados excelentes, sem resultados falsos positivos para malignidade. Em 2006 efectuámos este procedimento em mais de quatrocentos pacientes. Pensamos que esta técnica não deve ser usada nas abordagens de lesões com outras técnicas imagiológicas (mamografia, ressonância magnética ou TAC) e, consequentemente, em lesões sem tradução ecográfica. Biópsia por vácuo (macrobiópsia) – Usa agulhas mais grossas (8, 10, 11 e 12 gauge). As agulhas estão associadas a uma pistola com sistema de aspiração, para recolher diversos fragmentos da lesão. No nosso serviço usamos agulhas de 10 gauge. Desde os finais de 2006 generalizámos esta abordagem às lesões sem tradução ecográfica e que eram candidatas a biopsia cirúrgica marcada com arpão. Uma vez mais, contámos com a distinta colaboração e dedicação da Dr.ª Manuela Lacerda. Decisiva no êxito dos nossos resultados. A.B.B.I. – É um misto de macrobiópsia com a biopsia a céu aberto. Usa cânulas de 0,5 a 2,0 cm de calibre. Faz uma biopsia percutânea, excisando a lesão. É uma técnica mais onerosa que as outras macrobiópsias, mais mutilante e não está validada como técnica terapêutica em lesões malignas. A nossa Instituição tem uma larga experiência (nove anos) e casuística nesta técnica, com óptimos resultados. Julgamos que é uma técnica a considerar em situações seleccionadas. É nossa convicção que, no estado actual da arte, a quase totalidade das lesões mamárias com suspeita de serem pré-malignas ou malignas, podem ter uma abordagem em ambulatório, com baixo custo para o erário público e para o paciente, com uma mutilação desprezível para o paciente e com um tempo de diagnóstico muito curto por parte do anátomo-patologista (um menor nº de lâminas para avaliação). Tipos de lesão: De uma forma geral, as lesões mamárias podem dividir-se em dois grandes grupos: Lesões palpáveis – onde a punção aspirativa ou a biópsia com pistola pode ser feita orientada pela palpação. Na nossa experiência temos verificado que nestas lesões é desejável, sempre que possível, orientá-las por ecografia, orientando a zona de colheita, permitindo ter a certeza da colocação da agulha e evitando zonas de necrose, anulando o n.º de actos não contributivos, (n.º não desprezível e pouco aceitável em lesões palpáveis). Lesões não palpáveis – onde a punção ou a biópsia com pistola tem de obrigatoriamente ser orientada por uma das técnicas radiológicas que a diagnosticou. Em todas as lesões que tenham tradução ecográfica, a orientação para punção ou biópsia deverá ser orientada por esta técnica. É uma técnica barata, disponível, acessível, rápida e eficaz. A nossa prática: Em Novembro de 2006 criámos um grupo multidisciplinar de decisão diagnóstica de patologia mamária, composto por anátomo-patologistas, cirurgiões, ginecologistas e radiologistas. Para este grupo são orientados todos os casos de lesões mamárias infra-clínicas e um n.º crescente de lesões palpáveis para selecção da melhor técnica de recolha de material da lesão e posteriormente o mesmo grupo efectua a correlação histo-radiológica para validação dos resultados e envio a reunião de grupo de decisão terapêutica. Todas as lesões classificadas em BI-RADS 4 (probabilidade de malignidade maior que 2% e menor que 95%) e 5 e uma pequena parcela de BI-RADS 3 (probabilidade de malignidade menor que 2%) são orientadas para investigação anátomo-patológica. Cerca de 2/3 das lesões têm expressão ecográfica e são orientadas para microbiópsia ecoguiada. Como já foi dito é uma técnica efectuada em ambulatório e após o procedimento a doente pode retomar a sua vida normal. É um procedimento efectuado com anestesia local. A hemorragia e a infecção são complicações muito raras. As cicatrizes cutâneas são inexistentes ou pouco perceptíveis. É desejável recomendar aplicação de gelo local nos dias seguintes à intervenção. 1/3 é referenciado para macrobiópsia (1/3 para A.B.B.I.). Qualquer uma das técnicas é feita em ambulatório, com anestesia local e após o procedimento a doente pode retomar a sua vida normal. A hemorragia não é rara, mas facilmente controlável. A infecção é uma complicação rara. No A.B.B.I. a cicatriz nem sempre é desprezível. Nestes procedimentos, mais invasivos que a microbiópsia é desejável efectuar uma cobertura antibiótica, analgésica e anti-inflamatória. Os A.B.B.I., efectuámos numa mesa prono, dedicada, aumentando imenso os custos deste procedimento, por custos de equipamento e de espaço. As restantes macrobiópsias efectuamos no mamógrafo digital do serviço, equipado com estereotaxia digital e com uma marquesa dedicada para intervenção mamária que permite efectuar todos estes procedimentos em decúbito. A propósito gostaria de alertar para muita bibliografia e publicidade que enaltecem e valorizam as mesas dedicadas prono para a intervenção mamária. Na nossa experiência adquirimos uma opinião divergente. 1. A posição de decúbito ventral é muito desconfortável para a paciente e uma limitação para a execução em muitos pacientes idosos. 2. Habitualmente a qualidade digital da imagem destes equipamentos é inferior à qualidade dos mamógrafos digitais usados para diagnóstico. 3. Na mesa prono, como a posição da mama não reproduz a posição radiografada aquando do exame diagnóstico, existem diversas áreas da mama inacessíveis, designadamente lesões posteriores. As mamas pequenas também são de abordagem muito difícil. 4. No mamógrafo digital nunca tivemos nenhuma lesão que visualizássemos no exame diagnóstico e que depois não fosse possível biopsá-la, pela simples razão que reproduz as mesmas condições de adaptação da mama à aquisição de imagem. Aproveitamos esta oportunidade para sensibilizar o poder político para estimularem os números hospitalares de cirurgia ambulatória em detrimento da cirurgia em internamento. A actual filosofia de financiamento hospitalar não valoriza com substância a cirurgia ambulatória e a radiologia de intervenção, esquecendo os custos elevados, directos e indirectos dos procedimentos efectuados em internamento. O nosso sucesso deve-se a diversos contributos, dos quais destaco: – O apoio incansável e substantivo do Conselho de Administração e das sucessivas Direcções Clínicas aos nossos projectos e rumos, que permitiram dotar o Serviço de Imagiologia com excelentes equipamentos e óptimos profissionais; – O estímulo constante e dedicação da directora do Departamento de Anatomia Patológica; – A excelência do trabalho dos Serviços de Citopatologia e Histopatologia; – A colaboração, respeito e dedicação dos Serviços de Cirurgia, Ginecologia e seus directores; – A escola deixada pelo meu ex-director, o Dr. Dário Bettencourt Cruz. Para terminar gostaria de afirmar publicamente que me sinto honrado por trabalhar nesta Instituição, que tanto dignifica o nosso País, e de dirigir um Serviço recheado de excelentes profissionais. Um n.º insignificante é referenciado para biopsia cirúrgica, em situações muito seleccionadas e um pequeno n.º de lesões, devido à sua composição é orientada para estudo citológico, isoladamente ou em associação com estudo histológico. Em situações de adenopatias suspeitas é desejável efectuar estudo citológico do gânglio. As nossas previsões para 2007 são de um crescimento significativo relativamente a 2006. Deveremos efectuar cerca de 250 macrobiópsias e cerca de 500 microbiópsias. Os nossos resultados deverão manter os critérios de qualidade actuais, onde esperamos ter uma média de 50% de lesões não benignas. Continuamos esperançados em melhorar a nossa prática e servir o melhor possível os nossos utentes e continuar a merecer a sua confiança. Acresce a isto a vontade de optimizar os nossos recursos humanos e financeiros e contribuir de forma decisiva para o combate ao desperdício na saúde. Macrobiópsia mamária. Projecto “Bem-Estar” Massagem e Relaxamento para Alívio da Dor Oncológica Carla Oliveira, Enfermeira Licenciada, Serviço de Cirurgia Carla Rato, Enfermeira Graduada Licenciada, Serviço de Cuidados Paliativos Cristina França, Enfermeira Graduada, Serviço de Gastrenterologia Graça Folhas, Enfermeira Graduada, Unidade de Cuidados Intermédios RESUMO O Doente Oncológico pela sua especificidade, exige uma intervenção no cuidar do alívio da Dor, por parte dos ENFERMEIROS, competente e fundamentada, no olhar sobre a pessoa e os cuidados de saúde, orientado por princípios éticos universais e motivada pelos valores específicos do exercício da profissão. Neste sentido, um grupo de Enfermeiros do Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil – Entidade Pública Empresarial (IPOCFG-E.P.E.), elaboraram e implementaram um projecto inserido na Unidade da Dor, com vista à redução e alívio da Dor recorrendo a técnicas não farmacológicas. Apesar de recente, é possível constatar as suas vantagens e o seu contributo para a prestação de cuidados de excelência. PALAVRAS-CHAVE Dor Oncológica; Unidade da Dor; Massagem; Relaxamento; Enfermeiro. INTRODUÇÃO A dor é dos sintomas mais comuns e penosos da doença, tornando-se por isso, num fenómeno complexo, cuja vivência afecta a vida humana no mundo inteiro, é pois, um conceito abstracto que desafia uma definição rigorosa e mensurável. No Plano Nacional de Luta Contra a Dor, considera-se a dor como “um fenómeno complexo, constantemente especulativo nas suas vertentes biofisiológicas, bioquímicas, psicossociais, comportamentais e morais, que importa ser entendida” (2001:5). A dor em oncologia além do seu carácter de cronicidade, tem subjacente uma patologia neoplásica que, só por si, suscita prognósticos capazes de influenciar, decisivamente, a qualidade de vida dos doentes. Assim sendo, cuidar o doente com dor, assume-se como uma intervenção abrangente, ao englobar as componentes sensorial e emocional da pessoa entre outras. Segundo os enunciados descritivos da Ordem dos Enfermeiros pessoa é “um ser social e agente intencional de comportamentos baseados nos valores, nas crenças e nos desejos da natureza individual, o que torna cada pessoa num ser único, com dignidade própria e direito a autodeterminar-se.” (2003: 144). Considerando as várias dimensões da Pessoa, impõe-se necessariamente, um conceito de cuidados holísticos, de modo a satisfazer a complexidade das necessidades que estes doentes evidenciam. A preocupação social em torno da problemática da dor reflecte-se no conteúdo do despacho ministerial n.º 10 324/99 – 2.ª Série, publicada no Diário da República n.º 122, de 26 de Maio de 1999, referindo que “A abordagem e gestão da Dor é uma prioridade consignada na estratégia nacional de saúde, uma vez que não deve continuar a ser encarada como uma fatalidade, quando existem importantes meios que a permitem controlar eficazmente”. Também a Circular Normativa n.º 9/DGCG refere que “O controlo eficaz da dor é um dever dos profissionais de saúde, um direito dos doentes que dela padecem e um passo fundamental para a efectiva humanização das unidades de saúde” (2003: 1), assim como o Plano Nacional de Luta Contra a Dor, editado em 2001, pelo Ministério da Saúde. Para responder às intervenções autónomas de enfermagem previstas no referido plano, este documento ressalva as técnicas não farmacológicas, salientando que “(…) o enfermeiro, tendo em conta o tempo de presença junto dos doentes e famílias, bem como a relação terapêutica próxima na perspectiva da relação de ajuda, é, por excelência, uma pedra basilar na implementação, execução e avaliação de uma estratégia multidisciplinar de controlo da dor” (Plano Nacional de Luta Contra a Dor, 2001:49). O PROJECTO “Bem-Estar” Com o objectivo de proporcionar aos doentes oncológicos, que frequentam a Unidade da Dor do IPOCFG – E.P.E., alívio da dor, diminuição da ansiedade e optimização da qualidade de vida, entrou em funcionamento nesta mesma Unidade, a 15 de Novembro de 2005, o projecto “Bem-Estar”, desenvolvido por Enfermeiros, assente em intervenções não farmacológicas, proporcionando sessões de massagem, relaxamento guiado por voz e musicoterapia. Inicialmente teve a designação de “Projecto dos enfermeiros do serviço de cirurgia sobre técnicas de massagem e relaxamento a desenvolver na unidade da dor”, dado que os enfermeiros envolvidos neste projecto pertenciam ao serviço anteriormente referido. Actualmente o grupo foi alargado, sendo constituído por sete enfermeiros: Ana Lúcia Morais (Serviço de Cirurgia Internamento) Carla Oliveira (Serviço de Cirurgia Internamento) Carla Rato (Serviço de Cuidados Paliativos) Cristina França (Serviço de Gastrenterologia) Graça Folhas (Unidade de Cuidados Intermédios) Raquel Nogueira (Serviço de Cuidados Paliativos) Sérgio Santiago (Serviço de Cirurgia Internamento) O interesse por esta área surgiu no decorrer de um curso leccionado na Escola Superior de Enfermagem de Bissaya Barreto, hoje integrada na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, frequentado por estes Enfermeiros, ministrado pela Professora Doutora Fátima Dias, intitulado “Técnicas de redução de stress, gestão de emoções, controlo da dor e aumento da produtividade” e na tentativa de dar resposta às necessidades sentidas na Unidade da Dor, de forma a cumprir o Plano Nacional de Luta contra a Dor. A formação nesta temática tem continuado a despertar interesse nos elementos do grupo, verificando-se investimento e aprofundamento de conhecimentos nestas áreas, e noutras áreas complementares da massagem terapêutica. O desenvolvimento deste projecto só tem sido possível devido ao interesse, à disponibilidade e cooperação tanto por parte da equipa multidisciplinar da unidade da dor como da grande abertura e sensibilidade nesta área do Conselho de Administração desta instituição e dos Enfermeiros chefes dos respectivos serviços a que pertencem os enfermeiros deste grupo. Desenvolvimento do Projecto No cuidar, as diferentes formas de comunicação utilizadas pelos Enfermeiros, sustentam o fundamento da relação enfermeiro-doente e permitem considerar a mesma como uma competência profissional, que exige treino e perícia. Mais do que uma ferramenta terapêutica, a comunicação é uma atitude profissional promotora de autonomia, confiança, alegria e felicidade (Costa, 2004). Partindo desta premissa delineamos para este projecto os seguintes objectivos específicos: Aumentar o nível de tolerância à dor, capacitando o doente para a adopção de estratégias de controlo da mesma e da ansiedade; Diminuir a intensidade da dor tendo em vista a redução do recurso aos analgésicos; Romper o ciclo Dor – Mal-Estar – Dor; Melhorar a qualidade do sono e repouso; Reforçar a auto-estima e a autonomia. As sessões de massagem e relaxamento funcionam às terças-feiras das 8h00 às 16h30, na Unidade da Dor numa sala destinada e equipada para o efeito, sendo estas asseguradas por um dos sete enfermeiros provenientes de diferentes serviços, mediante um plano de distribuição mensal. Os doentes são propostos às sessões pelos elementos da Unidade da Dor, considerando o tipo de dor, a situação clínica, a vontade própria do doente e facilidade de transporte. São atendidos em cada sessão seis doentes, permitin- do assim uma frequência semanal e/ou quinzenal mediante a gravidade da situação do doente. Segundo protocolo de actuação o Enfermeiro: 1. Acolhe o doente – nas sessões de primeira vez o enfermeiro apresenta-se, dá a conhecer o objectivo destas técnicas terapêuticas e avalia a expectativa do doente relativamente às mesmas. Durante o acolhimento procura-se desde logo estabelecer uma relação empática e de confiança com o doente; 2. Elabora uma colheita de dados – a mais completa possível com base em toda a informação disponível; 3. Avalia e caracteriza a dor – quanto ao tipo, intensidade, frequência, localização, factores que agravam ou aliviam a dor; 4. Garante a privacidade e conforto do doente – como factores preponderantes para o sucesso da terapia, realçando o cuidado com a intensidade da luz, a temperatura ambiente adequada e a música relaxante de acordo com a preferência do doente; 5. Adequa a técnica a utilizar à situação clínica de cada doente – a escolha do tipo de massagem para o alívio da dor nestes doentes subentende a avaliação física, psicológica e clínica, comprovando a inexistência de contra indicações; 6. Avalia e valoriza o “Feedback” do doente – no final da sessão realiza-se a avaliação com o doente relativamente ao benefício imediato das técnicas aplicadas através da utilização de instrumentos de avaliação (EVA e Escala Qualitativa); 7. Regista as actividades de Enfermagem – são registadas as técnicas efectuadas, o feedback do doente e planeia-se a próxima sessão, tendo em conta a técnica que mais o beneficiou. Relativamente às técnicas aplicadas, os objectivos terapêuticos e os efeitos biológicos decorrem das características dos diferentes componentes da massagem tais como: duração, ritmo, direcção e pressão. As técnicas mais aplicadas são: – Deslizamento superficial (Effleurage) – Amassamento (Pétrissage) – Drenagem linfática; – Reflexologia; – Relaxamento guiado por voz De um modo geral, as sessões iniciam e terminam com deslizamento superficial, evitando desencadear estímulos nociceptivos, têm a durabilidade média de sessenta minutos, o ritmo é predominantemente lento com movimentos de direcção centrípeta e pressão ligeira. Reflexão Sobre o Trabalho Realizado O projecto”Bem-estar” acolheu, até ao momento, nas suas 207 sessões, quarenta doentes, 82,5 % do sexo feminino e 17,5 % do sexo masculino (gráfico 1) cuja média de idades é de 54 anos (quadro 1). doentes, de modo a que sirvam de base para estudos comparativos, promover formação no âmbito desta temática na instituição e ainda desenvolver trabalhos de investigação. Pretendemos ainda alargar o horário de atendimento para dois dias semanais. Gráfico 1 CONCLUSÃO A dor tem uma história, um contexto e uma interpretação pessoal, pelo que o seu tratamento constitui um grande desafio para os profissionais de saúde. A boa prática de enfermagem, pressupõe que o exercício profissional assente em princípios humanistas, requerendo sensibilidade por parte dos enfermeiros, para lidar com as diferenças, tendo presente que bons cuidados significam coisas diferentes em diferentes pessoas (Ordem dos Enfermeiros, 2003). Ainda de acordo com Whight (2005), o objectivo ético e obrigatório dos profissionais de saúde, deverá ser: reduzir, diminuir, aliviar ou mesmo curar o sofrimento emocional/ físico e/ou espiritual da pessoa. A acessibilidade ao tratamento da dor oncológica é um direito do doente com cancro e um imperativo de natureza ética, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, impedindo que a fatalidade da doença continue a ser acompanhada pela expectativa de um sofrimento doloroso inevitável, a que o enfermeiro em oncologia não é indiferente. As terapias não-farmacológicas no alívio da dor, integradas no cuidar do doente oncológico, têm constituído preocupação crescente nos enfermeiros do IPOCFG – E.P.E.. Temos consciência do longo caminho a percorrer, quer a nível da formação, quer a nível da mudança de atitudes, face a estas novas abordagens de tratamento, pois segundo Sousa (1998, p. 30) citando Hipócrates, “Nada deve ser omitido na arte quando interessa a todo o mundo, quando pode beneficiar a humanidade que sofre e quando não põe em risco a vida ou o conforto das pessoas.”. Quadro 1 N.º de sessões 207 N.º de doentes 40 Mulheres 33 Homens 7 Média de idade 54 Masculino, 17,5% Feminino, 82,5% A análise das manifestações expressas pelos doentes, permitiu concluir que as sessões atingiram, na generalidade, um elevado nível de satisfação, sendo possível discernir efeitos imediatos e mediatos a nível físico e emocional. No que concerne aos efeitos imediatos recolheram-se os seguintes testemunhos: Benefícios físicos: “Senti menos peso nas pernas.” “Senti alívio das dores no final da sessão.” Benefícios emocionais: “O peso do peito desapareceu.” “Apresento muito menos dor e uma calma que já não tinha há alguns dias.” No que concerne aos efeitos mediatos recolheram-se os seguintes testemunhos: Benefícios físicos: “Já consigo andar melhor e subir escadas.” ”Realizei actividades, durante as férias, que anteriormente não podia, por dor na perna.” Benefícios emocionais: “Desde que ando nas massagens, durmo melhor.” “A medicação alivia a dor, mas não relaxa e isto é o complemento que falta à medicação.” “Sinto muito mais energia e alegria no dia-a-dia.” PERSPECTIVA FUTURA A introdução das terapias não-farmacológicas na prática da enfermagem leva à melhoria dos cuidados, mas também a uma maior satisfação dos enfermeiros nessa mesma prática. Se pretendemos uma efectiva incorporação destas práticas no cuidar, é necessário: – Treino efectivo das mesmas, para que sejam aplicadas com eficiência. – Investigação nesta área, para aumentar a credibilidade destas terapias e para justificar a sua utilização nos cuidados de Enfermagem. Assim, propomo-nos manter actualizados os nossos conhecimentos através da formação para pudermos aperfeiçoar a utilização destas técnicas. Propomo-nos igualmente a colher e a tratar de forma sistematizada os dados fornecidos pelos BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Hugo Leite; ALMEIDA, Armanda – Dor. Será o nosso cérebro masoquista? Ser saúde. N.º 2. Ano 2006. p. 62 - 78; COSTA, Larry – Massagem Mente e Corpo. Rotinas de Massagens Terapêuticas para Aliviar e Relaxar. Civilização Editores, Lda., 2006; COSTA, Maria Arminda – Relação Enfermeiro-Doente. In NEVES, Maria do Céu Patrão; PACHECO, Susana – Para uma Ética de Enfermagem. Coimbra: Lusodidacta, 2004; Direcção Geral da Saúde – Plano Nacional de Luta Contra a Dor. Lisboa: Ministério da Saúde, 2001; Comissão de Ética Relatório de Actividades 2005/2006 Como tem sido habitual e no âmbito das atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto-Lei n.º 97/95, de 10 de Maio, uma parte considerável da actividade desenvolvida pela Comissão de Ética foi a emissão de pareceres sobre trabalhos/protocolos de investigação científica e a qualificação dos investigadores participantes, por forma a proteger e a garantir a dignidade e a integridade humana. Neste contexto, durante o ano de 2005, foram efectuadas onze reuniões, tendo sido emitidos pareceres sobre 48 trabalhos assim discriminados: – Ensaios Clínicos, num total de 10 (21%); – Trabalhos de Investigação, num total de 18 (38%); – Outros pareceres (ex.: emendas), num total de 20 (41%). Ensaios Clínicos 41% 38% Trabalhos de Investigação Outros pareceres 1) Evidenciada ao longo destes anos a repetição de trabalhos sobre os mesmos temas, e no sentido de proteger os doentes já de si fragilizados, sugeriu-se ao Conselho de Administração que fosse efectuada uma selecção prévia de trabalhos apresentados a esta Instituição; 2) Uma vez que as alterações da lei retiraram as funções de análise preliminar dos Ensaios Clínicos a realizar nesta Instituição, propôs-se ao Conselho de Administração que desse conhecimento à Comissão de Ética de todos os Ensaios a decorrer, permitindo deste modo um melhor acompanhamento da sua evolução. Com o objectivo de dar cumprimento ao referido no ponto 2), foi decidido que, aleatoriamente, fossem escolhidos trabalhos/ensaios clínicos a decorrer ou já efectuados nesta Instituição, para serem apresentados pelo respectivo Investigador em reuniões desta Comissão. 21% Durante o ano de 2006, e perante o início de funções da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC), criada pelo Decreto-Lei n.º 46/2004, de 19/08, a actividade desta Comissão de Ética foi substancialmente reduzida no que respeita à apreciação de ensaios clínicos. Desta forma, foram efectuadas seis reuniões nas quais foram dados pareceres sobre 23 trabalhos (100%) assim distribuídos: – Ensaios Clínicos, num total de 1 (4%); – Trabalhos de Investigação, num total de 18 (79%); – Outros pareceres (ex.: emendas), num total de 4 (17%). Ordem dos enfermeiros – Código Deontológico do Enfermeiro – Anotações e Comentários. Edição: Ordem dos Enfermeiros, 2003; PINHEIRO, João Páscoa – Medicina de Reabilitação em Traumatologia do Desporto. Lisboa: Editorial Caminho, 1998; intuito de um desempenho efectivo das suas funções, sendo de salientar: 17% 4% Portugal. Ministério da saúde; Direcção Geral da Saúde. Circular Normativa N.º 9/DGCG – A Dor como 5.º sinal vital. Registo sistemático da intensidade da Dor, de 14 de Junho de 2003; Ensaios Clínicos Trabalhos de Investigação Neste sentido, foi feita uma alteração no ponto 7) do formulário intitulado “Projecto de Investigação/Estudo”, em que se informa o autor do projecto dessa eventualidade. Esta prática foi iniciada no passado dia 20/12/2006 com a apresentação efectuada pela Dr.a Margarida Pires, do Serviço Social, versando o tema “Prognóstico Social das Famílias com Doentes Oncológicos em Fase Terminal/Paliativa”. Esta Comissão, na procura contínua da melhoria da qualidade e na aquisição e transmissão de conhecimentos, teve oportunidade de participar nos “Encontros CEIC-CES” que decorreram em Coimbra, no dia 20/10/2006, no Auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Entende esta Comissão que o âmbito das suas funções deverá ser mais abrangente, podendo eventualmente dar o seu contributo para a resolução de eventuais problemas éticos que surjam no dia-a-dia. Outros pareceres SOUSA, Maria Margarida Oliveira e – Terapias Complementares: Sua Utilização pelos Enfermeiros. Pensar enfermagem. Volume 3, N.º 3, 1999, p. 26-31; 79% THELAN, Lynne A. – Enfermagem em Cuidados Intensivos, Diagnóstico e Intervenção. 2ª Edição. Lusodidacta, 1996. No decurso da sua actuação, a Comissão de Ética apresentou ao Conselho de Administração algumas propostas no Desta forma, queremos sensibilizar todos os profissionais, utentes e familiares para a criação de um espaço comum, onde, em conjunto, pudessem ser debatidas algumas dessas questões. Coimbra, 1 de Março de 2007 Pel’ A Comissão de Ética O Presidente Dr. Jorge Martins Redução de Erros de Medicação Graça Rigueiro, Farmacêutica e Interlocutora do Risco Clínico dos Serviços Farmacêuticos Rui Sousa Silva, Médico e Gestor do Risco Clínico A prestação de cuidados de saúde, particularmente em ambiente hospitalar, está sujeita ao risco e ao erro da mesma forma que várias outras actividades, como, por exemplo, a indústria aeronáutica. Se assim é, porque é que nesta última já há diversos anos existe um apertado controlo de qualidade no sentido de evitar o erro e, na primeira, esse processo ainda continua a dar os seus primeiros passos? A resposta não pode ser encontrada no facto de que, sempre que acontece um acidente de aviação, centenas de pessoas poderem vir a ser afectadas. Se escolhermos essa explicação, o que dizer sobre as centenas de doentes que colocam as suas vidas nas mãos dos profissionais de saúde diariamente? Nos Estados Unidos da América, já desde 1999, altura da publicação do relatório “To err is human: Building a safer health system”1 (Errar é humano: Construíndo um sistema de saúde mais seguro) pelo Institute of Medicine, que se deu uma inversão da atitude de não se pensar no erro médico. Ao ponto de surgirem múltiplas iniciativas respeitantes à segurança baseadas no pressuposto de que é inaceitável que os doentes sejam lesados pelo mesmo sistema que existe para os conduzir à cura e ao bem-estar. A Gestão do Risco Clínico tem como principal objectivo acautelar a segurança do doente. Assim, de uma maneira lógica, as áreas em que o nível de risco da ocorrência de um evento adverso, quer pela sua maior probabilidade, quer pela possibilidade de se apresentar com elevada gravidade, são as que maior atenção suscitam à partida. Como tal, uma das temáticas que elegemos para vigilância mais estreita é a do sistema de utilização de medicamentos. Este sistema pode ser definido, segundo a JCHCO2, como o conjunto de processos interrelacionados cujo objectivo comum é a utilização dos medicamentos de forma segura, eficaz, apropriada e eficiente. Integrados neste sistema estão: a selecção e gestão; a prescrição; a validação/ transcrição; a preparação e a dispensa; a administração e a monitorização da terapêutica. Por sua vez, cada um destes passos é a resultante de uma associação de diversas variáveis. A prescrição constitui um procedimento fulcral, não só por definição, mas também porque depende de múltiplas variáveis, entre as quais a adequada identificação do doente, a correcta avaliação diagnóstica, a selecção da terapêutica apropriada, entre muitas outras. Em todos os passos anteriormente referidos, existem, por um lado, indivíduos intervenientes e, por outro, um sistema mais ou menos complexo. Quanto aos primeiros, são quem move o sistema e, simultaneamente, os responsáveis pela sua segurança. Por outro lado, o próprio sistema deve incluir mecanismos de segurança que funcionem como barreiras à ocorrência de eventos adversos. Todas as etapas são igualmente importantes dado que o erro pode ter origem em qualquer fase do processo. O erro de medicação pode definir-se, de acordo com o National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention3, como um evento passível de prevenção, que pode causar ou levar ao uso inadequado de um medicamento ou dano a um doente, enquanto esse medicamento estiver sob o controlo de um profissional de saúde ou do doente/consumidor. Tal evento pode estar relacionado com as práticas dos profissionais de saúde e com os próprios medicamentos. Também os procedimentos e os sistemas podem estar em questão, nomeadamente: prescrição, comunicação, rotulagem do produto, embalagem, nomenclatura, manuseamento, dispensa, distribuição, administração, educação, monitorização e uso. Nos dados norte-americanos (FDA) publicados, 60% destes erros são provenientes da transcrição da prescrição, 30% erros de administração e 10% erros de dispensa. Cerca de Tabela 1. Sistema de Utilização do Medicamento num Hospital PROCESSO PROFISSIONAIS EXEMPLOS DE POTENCIAIS CAUSAS DE ERRO Prescrição Médicos Lapso, uso de abreviaturas, identificação incompleta, falta de informação sobre história clínica do doente. Transcrição/Validação Preparação/Distribuição Preparação/Administração Tratamento/Monitorização Médicos/Enfermeiros/Farmacêuticos Farmacêuticos/Técnicos Enfermeiros Enfermeiros/Médicos Escrita ilegível, semelhança ortográfica, interpretação incorrecta. Aparência semelhante a outros medicamentos (cor, forma ou tamanho), aparência que induza a erro, falta de conhecimentos sobre o medicamento. Falta de conhecimentos sobre o medicamento, preparação incorrecta, erro no dispositivo de doseamento (ex. seringa). Confusão no nome do doente, erro no cálculo da dose ou velocidade de administração, stress ou sobrecarga de trabalho. 2% dos internamentos são resultado de erros de medicação, sendo que 770.000 doentes sofrem danos ou morrem em cada ano e mesmo o custo económico associado é assustadoramente alto. Se algo de errado ocorrer nesta “linha de produção” e nenhum mecanismo de protecção for activado, o evento adverso transformar-se-á em erro que poderá chegar junto do doente e causar-lhe danos, ou mesmo, no limite, a morte. No que respeita às consequências do erro, podemos considerar várias categorias, consoante este chegue a ocorrer ou não, produza ou não dano ao doente e ainda de acordo com as suas repercussões (ver Tabela 2). goria da gravidade dos erros de medicação; Processo da cadeia terapêutica onde se originou o erro; Tipos de erros de medicação detectados; Causas dos erros de medicação registados. A classificação do erro foi feita de acordo com o tipo de consequências geradas, ver tabela 2. Tabela 2. Consequências do Erro Gráfico 1. No total, à data da presente divulgação, constavam 114 registos de intervenção. Os resultados encontrados foram o que em seguida se mostram graficamente. Quanto à categoria de gravidade, apresentam-se em seguida os resultados obtidos (gráfico 1): 6% ERRO POTENCIAL Categoria A Circunstâncias ou incidentes com capacidade de causar erro 1% 10% 13% Categoria A, 10% Categoria B, 70% ERRO SEM DANO Categoria B Produz-se erro, mas não atinge o doente Categoria C Erro atinge o doente, mas não causa dano Categoria D Erro atinge o doente e não causou dano, mas é necessária monitorização e/ou intervenção ERRO COM DANO Categoria E Erro causa dano temporal e necessita de intervenção Categoria F Erro causa dano temporal e é necessária, ou prolonga, a hospitalização Categoria G Erro contribui ou causa dano permanente Categoria H Erro compromete a vida do doente e é necessária intervenção para manter a vida ERRO MORTAL Categoria I Categoria C, 13% Categoria D, 6% Categoria E, 1% 70% No que respeita ao processo onde se originou o erro, encontraram-se os resultados que se mostram no gráfico 2: Gráfico 2. 0 - Tratamento/Monitorização Erro contribui ou causa a morte do doente DESCONHECIDO 7 - Preparação/Administração 22 - Preparação/Dispensa No entanto, até os designados “quase erros” devem ser considerados de importância primordial, porque permitem sinalizar determinado elo fragilizado da cadeia. Isto vai permitir que se corrijam mecanismos com eficácia, antes que algo de deletério suceda ao doente. Tal como já referido, a Gestão do Risco Clínico elegeu como prioritária a problemática do erro de medicação. Nesse sentido, em articulação com os Serviços Farmacêuticos do IPOCFG, EPE, analisou os dados obtidos com o registo de intervenções farmacêuticas, efectuado desde o ano de 2003. Este registo foi instituído em resposta às exigências colocadas pelo processo de acreditação do Health Quality Service, que impõem a implementação de um sistema de gestão do erro de medicação. O método de recolha de informação consistiu em coligir as diversas notificações elaboradas pelos Serviços Farmacêuticos aquando da detecção dum incidente crítico (i.e. impondo actuação) envolvendo medicamentos. A partir dos registos elaborados foi construída uma base de dados onde toda a informação foi sistematizada de acordo com a literatura disponível4, 5. Assim, quantificou-se o número de ocorrências de acordo com: a cate- 16 - Transcrição/Validação 68 - Prescrição 0 20 40 60 80 Quanto à análise do tipo de erros encontrados, os dados revelam o seguinte (gráfico 3): Doente trocado, 6% Gráfico 3. Dose incorrecta, 39% 6% Duração do tratamento incorrecta, 2% 39% 9% Frequência de aministração errada, 3% 9% Erro de preparação/manipulação /acondicionamento, 4% Forma farmacêutica errada, 1% Medicamento deteriorado, 1% Medicamento errado, 26% 26% 1% 4% 3% 2% Omissão de dose/medicamento, 9% Outros, 9% 1% E, finalmente, da análise efectuada aos dados obtidos, a possível causa do erro encontrou envolvimento humano na sua grande maioria, como o demonstra o gráfico 4: Gráfico 4. 10 - Problemas na etiquetagem/embalagem/informação 13 - Problemas de interpretação da prescrição 80 - Factores humanos 8 - Confusão no nome do medicamento 3 - Confusão no nome do doente 0 20 40 60 80 Quando se observa os gráficos, destaca-se no gráfico 2 o processo onde se originou o erro, a prescrição. Como já referimos anteriormente, este é um processo crucial no sistema de utilização dos medicamentos, pela complexidade de variáveis e porque o trabalho dos restantes profissionais de saúde é feito a partir dele. O resultado tem esta expressão já que este trabalho foi desenvolvido nos Serviços Farmacêuticos onde se transcreve e valida todas as prescrições médicas, ou seja, grande parte do trabalho desenvolvido neste departamento é dedicado a este passo da cadeia. Se a farmácia cede a medicação prescrita é de esperar que seja principalmente nessa fase que detecta os incidentes. Assim, é errado considerar que, se o processo onde se originou o erro é a prescrição então estamos perante um erro de prescrição! Os erros podem ocorrer, por exemplo, porque há uma prescrição que gera dúvida aquando da sua transcrição e não se desencadeiam os mecanismos de esclarecimento junto do médico responsável. Na verdade os erros de prescrição são erros iniciados na prescrição. Quanto ao tipo de erros contabilizado, este número tão elevado para a categoria B está condicionado ao método utilizado para a recolha dos dados. Quando se faz a transcrição e a validação das prescrições podem detectar-se situações que conduziriam a um erro de medicação de consequências mais graves mas, em resultado de intervenção, são minimizadas antes da medicação ser cedida. Podemos então concluir que os dados obtidos e ora apresentados não podem ser generalizáveis a toda a instituição, porque demonstram apenas aquilo que se detecta ao nível de uma das estações do sistema de utilização dos medicamentos (os Serviços Farmacêuticos). Dessa forma, tudo o que se passa antes, nomeadamente a nível da prescrição nas enfermarias e da respectiva transcrição, não foi avaliado. De igual forma, também muito do que se passa após a dispensa pela farmácia também não é evidente nos dados apresentados, já que escapa aos métodos utilizados. De facto, só através da participação generalizada destes eventos, tal como preconizado pelo novo sistema de “Participação de Ocorrências Adversas”, se poderá vir a ter uma visão adequada porque global e, por isso, o menos enviesada possível. Muitos dos erros detectados a nível da prescrição são fruto de uma propagação do erro ao longo do processo de uti- lização do medicamento, i.e., surge um erro de prescrição que apenas chega a ser detectado a nível da farmácia, não havendo intercepção prévia em qualquer das outras fases (pode a própria farmácia não fazer essa intercepção) – falhas de comunicação, ex: prescrições ilegíveis, uso de siglas não consensuais, preenchimento incompleto dos formulários. Com este trabalho pretende-se chamar a atenção para a problemática dos erros de medicação. Eles existem. Cabe a todos os profissionais de saúde a responsabilidade de minorar o risco dos erros de medicação. Muito pode ser feito neste capítulo e é nisso que se pretende investir e solicitar a colaboração de todos. Ao alcance de um clique está a “Participação de Ocorrências Adversas” na intranet (http://192.168.3.7/intranet/index.php?option=com_ docman&task=cat_view&gid=21&Itemid=51), para além do suporte em papel (Ordem de Serviço nº3/2007 de 22 de Janeiro). Neste âmbito, é também intenção da Gestão do Risco Clínico a elaboração e divulgação de listas de “medicamentos homófonos” (Tabela 3) e de “medicamentos de risco”, potenciais fontes de erro no dia-a-dia, alertando assim os profissionais para o risco que implicam. Estas listas serão objecto de frequente actualização de acordo com a informação que formos recolhendo, através das participações de ocorrências adversas. ARTE “o perfume da vida” suplemento destacável para coleccionar (...) vamos retomar o discurso em direcção à Grécia; mas não sem antes se fazer notar que deixámos de lado uma civilização de alta importância para a arte em geral (...) Tabela 3. Lista de Medicamentos Homófonos, de risco de potencial confusão MEDICAMENTO 1 MEDICAMENTO 2 Nome Genérico Nome Comercial Nome Genérico Nome Comercial Ácido fólico Folicil Ác. ursodesoxicólico Ursofalk Arimidex Anastrazole Ácido folínico Messalazina Salofalk Femara Letrozole Bromelaína Bromexina Cefazolina Cefradina Cisplatina Carboplatina Fenobarbital Luminal Lamotrigina Lamictal Melfalan Alkeran Clorambucil Leukeran Nilutamida Paclitaxel Bicalutamida Taxol Docetaxel Vinblastina Vincristina Sulpiride Amilsulpiride Taxotere BIBLIOGRAFIA 1 - “To err is human: Building a safer health system”. Committee on Healthcare in America, Institute of Medicine, Washington D.C., National Aca-demy Press, 1999. 2 - “Medication Use: A Systems Approach to Reducing Errors”. Oakbrook Terrace, IL Joint Commission on Healthcare Organizations, pgs. 5-17, 1998. 3 - “National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention”. NCCMERP- Taxonomy of Medication Errors, 1998. 4 - “Errores de medicación: estandarización de la terminologia y clasificación”. Farmacia Hospitalaria, Vol. 27, nº3, pgs.137-149, 2003. VIII 5 - U.S. Pharmacopeia. National Council focuses on coordinating error reduction efforts. Quality review, pg. 57, 1997. ARTE ARTE “o perfume da vida”, VIII ‘‘o perfume da vida’’, VIII Matos Coimbra, Cirurgião Pediatra Conforme prometido, vamos retomar o discurso em direcção à Grécia; mas não sem antes se fazer notar que deixámos de lado uma civilização de alta importância para a arte em geral, bem como influente da arte na própria Grécia. É minha a responsabilidade da escolha, dentre os imensos temas ligados à arte, quais vão ser abordados e quais vão passar-nos ao lado. Decidi não abordar o tema do “Egipto”, e tenho alguma dificuldade, em explicar a mim próprio a razão desta escolha, ou melhor, desta não escolha. Só encontro duas “razões”. A primeira é que me estou a dar conta de que esta obra ameaça ser muito mais longa do que eu imaginava ao princípio, antes de começar; estamos todos de acordo em que, a este ritmo viremos a abordar a época de passagem do séc. XIX para o XX lá para meados deste nosso séc. XXI… Acresce que ando cá a magicar em visitas de estudo, como a efectuada às Caldas da Rainha; outro empecilho para o avanço da matéria. Mas esta razão só por si não justificaria a exclusão do “Egipto antigo”da nossa abordagem. Tenho de encarar uma outra razão, embora me custe fazê-lo; é uma espécie de confissão de uma culpa: a verdade é que eu próprio nunca dediquei a este tema a atenção, o es- Fig. 1: “ Mediterrâneo, o Mare Nostrum” tudo, que ele realmente merece por direito próprio, e mais uma vez estou em dificuldade ao tentar explicar uma sucessão de acontecimentos em que uns, os anteriores, influenciariam outros, os seguintes, sem ter mencionado os primeiros. É que a evolução do Homem é uma progressão contínua (às vezes interrompida ou modelada por fenómenos da natureza) em que a operação de adição nos leva à compreensão da multiplicação, se me permitem o exemplo. Ou uma escada em que um degrau leva ao seguinte; se na escada faltar aqui ou acolá um degrau, a ascensão será dificultada. Para tentar redimir-me, assim que tiver ocasião vou estudar o Egipto como deve ser, redijo um pequeno resumo à medida habitual desta série, e então tentar convencer os responsáveis pela Info a publicar aquelas poucas páginas como se fosse um aditamento, isto é, sem prejudicar a sucessão natural do escrito. Lembrar-se-ão que em números anteriores aludimos ao clima que fazia nessas épocas recuadas no sul da Europa, no Norte de Africa, no Próximo Oriente; escavações naquilo que hoje é o deserto de Sahara tem trazido à superfície moinhos de duas mós, manuais, Fig. 2: Mar Egeu Literatura Pintura Escultura FotografiaJardinagem Bricolage Desporto Coleccionismo... ARTE ‘‘o perfume da vida’’, VIII de cereal em grão: mais não é preciso para se pensar que aquele DESERTO já fôra searas verdejantes; nas épocas áureas do Império Romano, o Norte de África era o grande fornecedor de trigo para em Roma se coser o Pão. O aquecimento global do paralelo do mediterrâneo vai formar o deserto no norte de África e vai tornar mais facilmente habitável o sul da Europa, criando cenários que o Homem desde logo pretendeu usufruir. Compreende-se assim as migrações das populações humanas e de animais; claro que as pessoas levam consigo os seus conhecimentos para os locais de nova residência, continuando a evolução por si próprios e por interacção com outros vindos de outras regiões (Fig. 1). E é o Mediterrâneo que actua como grande placa giratória pondo em contacto uns e outros; grande mar interior, de navegabilidade relativamente fácil, era o traço de união entre todas as terras que banhava. Desta visão de conjunto do Mediterrâneo interessa-nos particularmente a zona denominada mar Egeu onde se situa (Fig. 2): a) Círculo azul – a ilha de Creta tendo a norte as ilhas Ciclades. b) Círculo encarnado – a Grécia mais continental que inclui Atenas. c) Círculo verde – Costa oriental do mar Egeu onde se terá situado a cidade de Tróia. De tudo isto me irei ocupar no próximo número, mas gostava de deixar desde já um apontamento: daí vêem histórias verídicas e também muitas lendas, muitos mitos que inspiraram poetas e outros escritores; estou-me a lembrar de Ulisses e das suas aventurosas viagens marítimas, como da famosa guerra de Tróia com o protagonismo da bela Helena; lembram-se do famoso cavalo de Tróia? Este mar Egeu foi palco destes acontecimentos na época que tratamos (Fig. 3). Como nota de rodapé gostaria de dizer uma palavra sobre abreviatura de datas, guiando-me, quando possível, pelo dicionário da Porto Editora, 8ª Edição. a = ano C= cerca de sec.= Século a.C.= antes de Cristo A.D. = ano do Senhor (em latim anno Domini) Milénio = ka (mil anos), à semelhança de km – quilómetro ou kg – quilograma As siglas que causam algumas dúvidas são a.C. e A.D.. Ambas tomam como referência a figura de Jesus Cristo e com alguma lógica deveria usar-se a.C. e d.C. ou seja antes de Jesus Cristo e depois de Jesus Cristo; assim não acontece, e dá alguma confusão, porque o uso consagrou outra realidade. Quanto à sigla ka: não é muito usada mas é muito cómoda para as datações mais correntes. JUDO O Judo, sendo um “estilo de vida”, incorpora um certo cerimonial. É praticado num espaço próprio (Dojo), em cima de um tapete (Tatami), e os seus praticantes utilizam um KimoJudo, ou traduzindo para português, Via da Suavidade, é no (Judogi) e um cinturão (Obi) que através da cor indica a encarado de diversas formas pelas diferentes pessoas que o sua graduação, ou seja, o que confere ao judoca o seu nível praticam. Pode ser, entre outras coisas, uma arte, um des- de conhecimento, habilidade e liderança. Nenhuma activiporto divertido, um “programa de fitness”, uma actividade dade no Tatami começa sem que se proceda a uma saurecreacional ou social, uma disciplina, um meio de defesa dação (Rei) ao mestre ou aos outros praticantes presentes. pessoal ou um estilo de vida. Este desporto, em relativa- Esta saudação pode ser realizada na posição de pé (Ritsurei) mente poucos anos, “conquistou” todo o globo e é actual- ou de joelhos (Zarei) e consiste numa vénia. mente praticado em quase todos os países do mundo por Em termos gerais, o Judo pode caracterizar-se por luta em pé milhões de pessoas (cerca de 12.000 em Portugal). (Nage-Wasa), onde o objectivo é projectar o oponente para O Judo deriva do sistema de luta existente no que este caia com as costas no tapete, e Japão feudal. Em 1882, Jigoro Kano, mestre luta no chão (Ne-Wasa), onde se pretende o fundador do Judo, cria a primeira escola de Judo controle do adversário através da utilização Código Moral do Judo do mundo, que baptizou de Kodokan. Kano rede técnicas de imobilização, chaves (luxaAmizade finou a antiga arte marcial do Jujutsu, estudou ções às articulações) e estrangulamentos. Auto-controlo as suas diversas formas e integrou e adaptou o Em termos desportivos, o Judo é um desporCortesia que considerou serem as suas melhores técnicas, to olímpico desde 1964, e é constituído por Coragem criando assim o desporto actual que é o Judo. um rígido conjunto de regras que regem a Honra Em termos básicos, o Judo é um método de competição e que garantem a segurança dos Modéstia defesa pessoal, assente na harmonia física praticantes. Em competição, os atletas são diSinceridade e mental do praticante, que consiste no vididos por sexo e por categorias de peso. aproveitamento da força e movimentos do O Judo é uma actividade física completa, oponente para o vencer. Privilegia, desta perfeitamente adaptada a qualquer sexo, forma, a técnica sobre a força ou, se se preferir, em termos idade ou capacidade motora. É um desporto barato, que se filosóficos, da cultura humana e da inteligência sobre a vio- pode praticar todo o ano. O Judo desenvolve a auto-discilência, sendo por isso, mais do que um desporto, uma ética plina, o respeito pelo próprio e pelos outros, abre caminho e uma estética. É de facto um método universal de desco- para a auto-confiança, concentração e capacidades de lideberta do indivíduo que extravasa o desporto e se projecta rança. Em termos físicos, desenvolve a coordenação motora, para outros campos da vida, e constitui um meio de defesa força, flexibilidade, equilíbrio, e capacidade reactiva. prático e eficaz, para além do peso, altura, força, idade ou Assim, em sentido lato, Judo é um método de treino para sexo do praticante, já que é perfeitamente adaptável às suas o corpo e mente que se reflecte na forma como vivemos a aptidões e possibilidades. nossa vida em toda a sua amplitude. Os princípios do Judo podem ser condensados em dois conceitos, que se podem aplicar neste desporto, mas também * Praticante de Judo na Associação Académica de Coimbra desde 1980, a qualquer área da nossa vida: “Máxima Eficiência com Mí- Cinto Negro 1.º Dan nimo Esforço” e “Prosperidade e Benefícios Mútuos”. O fim em Coimbra: último do Judo é o máximo desenvolvimento pessoal, sem- Judo Secção de Judo da Associação Académica de Coimbra pre tentando atingir a perfeição, para que assim se consiga Sala de Judo no Pavilhão II do Estádio Universitário de Coimbra Atendimento todos os dias das 18H00 às 20H00 uma contribuição válida para o mundo. Pedro Simões, Administrador Hospitalar* Fig. 3: O fresco do Toureiro, Ilha de Creta 1500 a.C. IPOCFG em notícia I Encontro LusoGalaico de Enfermagem Comunitária O desenvolvimento de comunidades saudáveis exige o envolvimento dos indivíduos, das famílias e da sociedade, através de estratégias de saúde que apoiem melhores cuidados de saúde, de planeamento, de educação e de promoção da saúde e prevenção da doença, apoiada na participação intersectorial e multidisciplinar. Assumindo esta estratégia de intervenção como determinante para a construção de estilos de vida saudáveis de forma a promover uma cidadania responsável, os enfermeiros Ana Cristina Ferreira, António Pedro Mendes, Isabel Fernandes e Regina Ferreira, que se encontram a frequentar a Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Comunitária, estiveram presentes no I Encontro Luso- galaico de Enfermagem Comunitária que decorreu na cidade da Maia nos dias 20 e 30 de Setembro de 2006. Este Encontro teve como principais objectivos a partilha de experiências, o conhecimento dos diversos contextos de trabalho na saúde comunitária e a divulgação de projectos de intervenção comunitária encarados enquanto contributos para a melhoria dos cuidados de enfermagem à comunidade. Sendo um evento internacional, esta participação foi encarada como mais uma oportunidade de representação e divulgação do IPOCFG, E.P.E. e o seu envolvimento com a comunidade, tendo sido esta, a única instituição portuguesa fora da região norte com representação no mesmo. Assim, participaram com a apresentação de três trabalhos, uma comunicação livre subordinada ao tema “Lombalgias como alvo de intervenção da saúde ocupacional”, um poster e comunicação livre intitulados “A Escola, a Saúde e o Cancro da Pele” – um projecto de intervenção comunitária, tendo esta sido distinguida com o 3º Prémio para a categoria de comunicação livres. Congratulados com esta experiência, os autores pretendem dar continuidade à sua participação neste tipo de eventos e integrar parcerias de intervenção comunitária. Ana Ferreira, Unidade da Dor António Mendes, Serviço de CCPU Internamentos Isabel Fernandes, Unidade de Cuidados Intermédios Regina Ferreira, Unidade de Cuidados Intermédios Tiró-Alvo: Identificação e validação de novos marcadores moleculares/alvos terapêuticos para o cancro da tiróide (LRP1B e TACSTD2) Uma equipa multidisciplinar do IPO de Coimbra, liderada pelo Laboratório de Patologia Molecular, foi premiada com a primeira edição da bolsa de investigação Professor E. Limbert para Patologia da Tiróide, atribuída pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e a Genzyme. O projecto, intitulado “Tiró-alvo: Identificação e validação de novos marcadores moleculares/alvos terapêuticos para o cancro da tiróide (LRP1B e TACSTD2)”, tem por objectivo identificar e validar novos marcadores moleculares e alvos terapêuticos para o carcinoma diferenciado da tiróide de origem folicular e financiará parte do trabalho de doutoramento do Dr. Hugo Prazeres do Laboratório de Patologia Molecular, cuja orientação está a cargo da Doutora Teresa Martins (Laboratório de Patologia Molecular do IPO de Coimbra) e da Prof. Doutora Paula Soares (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto – IPATIMUP). Para além destes, a equipa envolvida conta com a experiência de vários profissionais altamente qualificados do IPO de Coimbra, nomeadamente os endocrinologistas Drs. Fernando Rodrigues, Plamen Naidenov e Beatriz Campos, os cirurgiões Drs. João Ganho e João Hen- riques Pereira e os anatomo-patologistas Drs. Paulo Figueiredo e Daniela Gomes. Esta bolsa vem premiar o trabalho de investigação que tem vindo a ser desenvolvido no Laboratório de Patologia Molecular do IPO de Coimbra nos últimos anos. No mesmo contexto, é de referir a aprovação da candidatura ao Programa Saúde XXI feita pelo IPO de Coimbra tendo em vista o desenvolvimento do mesmo laboratório e que permitirá dotá-lo de tecnologia de ponta. O Laboratório de Patologia Molecular está organizado em 2 sectores: o de diagnóstico molecular e o de investigação aplicada. O sector de Diagnóstico Molecular tem como objectivo apoiar os serviços clínicos na informação da patologia molecular. As informações obtidas pela Biologia Molecular podem, em muitos casos, contribuir para a adopção de uma atitude terapêutica mais específica e “personalizada”, possibilitando a detecção de doença residual mínima assintomática e a exclusão de doentes de programas de vigilância, poupando tempo de consultas e todos os custos inerentes a esses programas. Estão já a ser feitas análises a: carcinoma medular da tiróide familiar e sindroma de neoplasias endócrinas múltiplas do tipo 2 (MEN2), feocromocitomas hereditários, paragangliomas hereditários, cancro da mama e/ ou ovário hereditário, síndroma de von Hippel Lindau, polipose adenomatosa familiar, síndroma de Lynch, linfomas, tumores do estroma gastrointestinal, carcinoma do colo uterino e neurofibromatose. Prevê-se que, no decorrer do 2.º trimestre de 2007, o sector de Citogenética do Laboratório de Patologia Molecular inicie a sua actividade. O sector de investigação aplicada tem por objectivo a realização de projectos de investigação na área da Oncobiologia e Imunologia e poderá constituir uma incubadora para o desenvolvimento e demonstração de novas metodologias de diagnóstico e avaliação de doença neoplásica, bem como de previsão de recidivas e de resposta a diferentes terapias. O Laboratório de Patologia Molecular tem já a decorrer vários projectos de investigação financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. As principais linhas de investigação do laboratório incluem o estudo de vários tipos de neoplasias, como é o caso do cancro da tiróide, da mama, do colo do útero associado a infecções pelo papilomavirus humano (HPV) e da próstata, e de alguns aspectos da função imunológica, nomeadamente doenças de autoimunidade e regulação imunológica. Do trabalho de investigação realizado resultou já a publicação de artigos científicos em revistas internacionais e uma patente referente a um kit de detecção de risco para o desenvolvimento de cancro da próstata, em colaboração com o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. Serviço de Imunohemoterapia: Certificação de Qualidade IPAC O Serviço de Imunohemoterapia do IPOCFG, E.P.E. detém desde 2 de Janeiro de 2007 certificação de qualidade IPAC, atribuída após auditoria conduzida pela Bureau Veritas Certification, que declarou a conformidade do sistema de Gestão do Serviço com os requisitos das normas NP EN ISO 9001 : 2000. Teresa Martins, Investigadora Auxiliar e Directora do Laboratório de Patologia Molecular Dar Voz ao Doente PRÉMIO “PROFESSOR LUÍS ANTÓNIO MARTINS RAPOSO” Publicamos aqui algumas cartas entregues, pelos doentes ou familiares, ao Gabinete do Utente do IPOCFG, E.P.E. “….quero manifestar a V. Exas., o meu agradecimento sincero pelos mais de trinta anos em que trataram com tanto carinho a minha querida Mãe, nos vossos serviços. Ainda me lembro do primeiro dia em que fui com ela e era assistida nos pavilhões pré-fabricados que existiam. Felizmente hoje tudo mudou e as condições são diferentes. A todos quantos servem a instituição…, quero deixar o meu sincero “BEM-HAJAM” Este elogio é referente ao Serviço de Cirurgia. “ …depois de várias consultas, só tenho a dizer que fui sempre bem atendida, foi-me feita uma intervenção mamária …fui recebida com todo o carinho e compreensão… fui sempre muito bem acompanhada. Desde já os meus sinceros agradecimentos. PS: Obrigado por terem voluntárias tão atenciosas com todos os pacientes, como tive oportunidade de ver”. BOLSA D. MARIA DO LIVRAMENTO DE ABREU FORJAZ “ Não sei o que me deu para estar a escrever pois nunca tenho palavras. Apenas tenho a dizer que apesar da situação e de isto ser um hospital estou muito satisfeita com tudo. Aqui tratam-se as pessoas com humanismo, carinho, amor, ternura… nem há palavras para descrever. Não tenho nada a dizer de ninguém nesta unidade, apenas um MUITO OBRIGADO” Este elogio é referente ao internamento de Ginecologia. Este elogio é referente ao Serviço de Ginecologia. “É de forma gratificante que faço o elogio seguinte: Era de esperar que todos os hospitais, instituições públicas, Centros de Saúde e outros tirassem o exemplo do IPO de Coimbra. Pois aqui no IPO, não se encontra uma cara feia, um mau feitio, nem uma resposta mal dada, às vezes até penso que as pessoas que aqui trabalham foram escolhidas a dedo. É com muito prazer que eu digo, já ando aqui no IPO há 3 anos e nunca me senti mal tratada por ninguém e sempre que tenho precisado, tenho recebido uma palavra amiga.” Este elogio é referente aos Serviços de Cirurgia e Oncologia Médica. “Eu, filho de…, em meu nome pessoal e de meus irmãos, venho, por este meio, agradecer à Dr.ª Teresa todo o empenho, dedicação e profissionalismo com que cuidou da nossa mãe. Agradecemos igualmente a preocupação demonstrada em todos os momentos em que a contactámos, quer pessoalmente, quer por telefone e, em muito, agradecemos o telefonema que nos fez, para se inteirar do estado de saúde da sua paciente.” Para o ano de 2007, o Prémio “Professor Luís António Martins Raposo” destina-se a trabalhos de Oncologia de índole de enfermagem. O respectivo regulamento poderá ser consultado na Circular Informativa de 25 de Janeiro de 2007. “… após vários contactos neste estabelecimento clínico cumpre-me felicitar todos porque: 1. São todos muito atenciosos; 2. Procuram todos também colocar-se na “pele” do doente; 3. Não encontrei nenhum momento que me levasse a mudar de opinião; 4. Observei que todos: médicos, enfermeiros, administrativos eram dignos de louvor; 5. O pessoal que fazia as limpezas esse era também digno de distinção. Parabéns a todos e não percam essa vontade de fazer e tratar bem o semelhante.” Este elogio é referente aos Serviços de Urologia e Oncologia Médica. “Desde 1998 que frequento este magnífico estabelecimento hospitalar; onde trabalham magníficos profissionais de saúde. Desde a classe médica à enfermagem, sem esquecer todo o pessoal auxiliar, até às equipas de manutenção da limpeza. As instalações naturalmente têm carências mas no que diz respeito ao desempenho nos cuidados médicos, são excelentes. A simpatia, a beleza das enfermeiras, o carinho c/ que tratam os doentes, para além dos cuidados de saúde e higiene c/ que nos tratam, aquando da nossa partida fica sempre uma saudade.” Este elogio é referente ao Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Este elogio é dirigido à Dr.ª Teresa Carvalho (Serviço de Oncologia Médica). NÚCLEO REGIONAL DOS AÇORES LIGA PORTUGUESA CONTRA O CANCRO Regulamento 1. A Bolsa destina-se a incentivar a realização de estudos de investigação científica na área da oncologia. 2. A Bolsa, no valor de €1500, de vigência anual, servirá para apoiar nas despesas relacionadas com a participação em cursos de especialização, pós-graduações, mestrados ou doutoramentos. 3. Poderão candidatar-se licenciados até aos 35 anos de idade que cumpram uma das seguintes condições: a) tenham nascido no arquipélago dos Açores, b) descendam de pais (pai ou mãe) açorianos, c) residam no arquipélago há mais de cinco anos, independentemente da sua nacionalidade. 4. As candidaturas devem ser enviadas até ao dia 31 de Março e dirigidas à Presidente do Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro, sito à Rua da Rosa, n.º 26 – 9700-171 ANGRA DO HEROÍSMO, em correio registado com aviso de recepção. Do requerimento da candidatura devem constar a identificação do candidato, residência, código postal, n.º de telefone e endereço electrónico. Em anexo devem constar o curriculum vitae, comprovativos das habilitações literárias e da formação e experiência profissionais e plano de trabalho a que se destina a Bolsa. 5. O júri do concurso é composto por um membro da Direcção do Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que presidirá, por um membro da família do Dr. Cândido Pamplona Forjaz, responsável pela verba destinada a esta Bolsa, e por um médico ligado à área da oncologia. 6. O júri levará em consideração na apreciação das propostas, não só a sua qualidade específica, como a sua oportunidade para o desenvolvimento das políticas de Saúde da Região Autónoma dos Açores. O júri deliberará no prazo máximo de um mês a seguir à data limite de aceitação das candidaturas. As decisões do júri são soberanas e não estão sujeitas a recurso por parte dos candidatos excluídos. 7. O candidato seleccionado obriga-se a apresentar ao Núcleo um relatório das actividades que desenvolveu, bem como comprovativos ou certificados dos cursos ou estudos em que participou, comprometendo-se também a entregar ao Núcleo qualquer trabalho posterior que tenha ligação com a atribuição desta Bolsa. A não aplicação da Bolsa ao fim destinado implicará a devolução da totalidade da verba por parte do candidato. Angra do Heroísmo, 13 de Fevereiro de 2007 A Presidente Zita Lima “Queria afirmar que nem tudo na saúde está mal, os valores humanos e as relações humanas que encontrei hoje no serviço de Cirurgia/consulta devem ser preservados e incentivados. Muito obrigado pela consideração que têm pelos utentes (doentes).” Este elogio é referente ao Serviço de Cirurgia. Agenda Congresso Nacional de Emergência – Aveiro 2007, 31 de Março Centro Cultural e de Congressos de Aveiro I Congresso de Análises Clínicas e Saúde pública do INSA, 19-21 Abril Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett – Porto Congresso Internacional de Investigação Científica em Enfermagem, 17-19 Maio Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, Terceira – Açores Congresso: Feridas – da Investigação à prática, 24-25 de Maio Centro de reuniões da Fil (Parque das Nações) Séminaire de Techniques chirurgicales Formation à la Détection du Ganglion Sentinelle Dans le Cancer du Sein, 7 e 8 de Junho Institut Gustave Roussy – Villejuif I Jornadas Técnicas de Imagiologia, 7-9 Junho Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio VI Congresso Português de Psico-Oncologia, 13-16 Junho Hotel D. Luis – Coimbra III Mediterranean Academy of Forensic Sciences Congress / V Latin-American Congress of Medical Law / III Iberian Congress of Legal Medicine, 21-23 Junho Fundação Engenheiro António de Almeida – Porto congressos, seminrios, conversas, encontros, formao, debates, cursos... 9º Fórum Nacional de Medicina do Trabalho/VIII Congresso Ibero-Americano de Medicina do Trabalho, 8-10 Novembro Culturgest – Lisboa Encontro Enfermagem Cirúrgica 2007, 26 e 27 de Abril Auditório da Imaculada Conceição Casa de Saúde da Boavista Fórum 07: O Cidadão e a Enfermagem, 10 e 11 de Maio Teatro Académico de Gil Vicente / Instituto Português da Juventude – Coimbra “Health Education and Health Promotion: Theory and Practice (C104) 16-20 de Abril – Spring Courses University Maastricht – The Netherlands 6.º Curso Pós Graduado do Laser Médico e 8.º Curso de Segurança Laser, 4 e 5 de Maio Auditório da Ordem dos médicos – Secção Regional do Sul C&A Cultura e Arte Música Cinema TAGV Grandes Concertos: Ursula Rucker 28 Março, 21h30 Robert Fripp & the League of Crafty Guitarrists 20 Abril, 21h30 Bilhetes: 30 euros TAGV, Coimbra Ciclo de Cinema “Spielberg e a Ficção Científica’ 24 Março, Inteligência Artificial 31 Março, Relatório Minoritário Casa Municipal da Cultura de Coimbra Passeios Passear na Literatura com Miguel Torga Visitas guiadas – Roteiro torguiano Acesso gratuito (10h00 às 12h30) 14 Abril, 19 Maio, 16 Junho. Coimbra Feiras Feira do Livro 19 Abril a 6 Maio Domingo a Quinta: das 15h00 às 23h00 Sextas, Sábados e véspera de feriados: das 15h00 às 24h00 Praça da República, Coimbra Feira das Velharias 4º Sábado de cada mês: Março – dia 24 Abril – dia 28 Maio – dia 26 Junho – dia 23 Julho – dia 28 Agosto – dia 25 das 9h00 às 19h00 Praça do Comércio, Coimbra Teatro Tchékhov e a Arte Menor, textos de Anton Tchékhov Março e Abril (informações pelo telefone 239 718 238) Oficina Municipal do Teatro, Coimbra Sugestões de leitura da Biblioteca do IPOCFG, E.P.E. Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial Vol. 44, n.º 3 [Setembro 2006] Jornal Português de Gastrenterologia Vol. 13, n.º 6 [Novembro/Dezembro 2006] Revista Portuguesa de Pneumologia Vol. XII, n.º 6 [Novembro/Dezembro 2006] Vox Sanguinis Vol. 91, n.º 4 [Novembro 2006] The Journal of Urology Vol. 177, n.º 1 [Janeiro 2007] Radiologic Clinics Vol. 45, n.º 1 [Janeiro 2007] Nursing N.º 218 [Fevereiro 2007] Semana Médica N.º 426 [08 a 14 Fevereiro 2007] Boletim do Hospital de S. Marcos – Braga N.º 2 [2006]