ENTREVISTA Pedro Jaime Ziller, presidente da Anatel, fala sobre o Fust SOLUÇÕES Serpro participa da Mostra de Tecnologia Aplicada ao Setor Público GOVERNO e-PING promove integração dos sistemas Interoperabilidade segue Plano de Gestão Pública Comitê divulga balanço do Software Livre SOCIAL Telecentros levam internet à periferia de São Paulo Serpro leva inclusão digital a São Gonçalo - Rio de Janeiro Do Editor Expediente Cartas Fale Conosco SEGURANÇA Pesquisa Naciona revela cumprimento da legislação TECNOLOGIA Serpro busca terceiro nível em CMM As novidades no site da Receita Federal Soluções que garantem eficiência a sistemas de grande porte ARTICULISTAS Roberto Leibholz Costa - A responsabilidade civil dos profissionais da informação Cesar Taurion - Grid Computing em órgãos governamentais Roni Rodrigues Ferreira - e-Public Services: uma releitura do Governo Eletrônico. do editor Esta edição da Tema é especial por vários motivos: neste ano, o Serpro completa seu 40º aniversário, a ser comemorado em 1º de dezembro de 2004. Consideramos que a Empresa atinge agora uma maturidade histórica, com um roteiro de sucessos e avanços em uma área na qual foi pioneira no país, na já longínqua década de 60. O processamento de dados, hoje rebatizado de Tecnologia da Informação, ganhou em sua nomenclatura a adesão do termo Comunicações, que explicita e expande as atribuições e estratégias da Empresa dentro da nova concepção traçada pela Diretoria que assumiu os rumos da Casa com o governo Lula. O segundo é a mudança na editoria da Revista, com a chegada da jornalista Jane Araújo, que tem o desafio de imprimir uma marca nova numa publicação que sempre foi destaque na imprensa pela qualidade de conteúdo e seriedade no tratamento dos assuntos e fatos relacionados à informação no Brasil. Com Ana Lúcia Carvalho, a quem o Serpro agradece os anos dedicados à produção de uma das melhores revistas de TI do país, a Tema ganhou dois Prêmios Aberje. E, por último, esta edição é especial porque estaremos completando o primeiro ano da nova direção do Serpro e já podemos mostrar alguns frutos das atuais diretrizes da Empresa. Entre estes frutos está o e-Ping, que é tema desta edição e será de outras ainda. Esta Tema traz uma série de matérias com as pessoas mais categorizadas e envolvidas com a elaboração do ePing, para que você, leitor, tenha mais subsídios sobre a importância da interoperabilidade no nosso cotidiano. Aproveitamos também para cumprimentar os promotores de mais uma edição da Mostra de Tecnologia da Informação, evento que já se tornou um marco no calendário da Capital Federal, e do qual tivemos a honra de coordenar o Comitê Técnico. Estamos certos de que Brasília assistirá mais uma vez a um encontro de alto nível com os mais ilustres especialistas de TIC, trazendo novidades e compartilhando seus conhecimentos com um público altamente interessado e dedicado a essa área. a Henrique Costabile Diretor-presidente do Serpro expediente REVISTA TEMA - A revista do Serpro ano XXVIII - nº 172 - março/abril 2004 A revista não se responsabiliza por matérias assinada. As matérias podem ser reproduzidas, desde que mencionada a fonte. Diretor Presidente Henrique Costabile Diretor Superintendente Wagner José Quirici Diretores Antônio Sérgio Borba Cangiano Armando Frid Luiza Koshino Sérgio Rosa Conselho Diretor Gildenora Batista Dantas Milhomem Henrique Costabile Juscelino Antônio Dourado Rogério Santanna dos Santos Sérgio Amadeu da Silveira Tarcisio José Massote de Godoy Conselho Fiscal Daniel Sigelmann Francisco Tadeu Barbosa de Alencar Marco Aurélio de Alencar Lima Conselho Editorial José Alberto Carneiro da Cunha Cadais Luis Gustavo Loyola dos Santos Raimundo Nonato da Costa Roberto da Silva Plá Sérgio Rosa Wagner José Quirici Endereço Sede: SGAN, Q. 601, Mód. V CEP: 70836-900 - Brasília / DF Fones: (61) 411-8180 / 411-8181 Fax: 411-8531 a cartas Até recentemente, ocupava o cargo de Diretor de Negócios - Governo da Microsoft/Brasil. Recebia regularmente a Tema. Recentemente, assumi a vicepresidência da Brisa. Gostaria, pois, de continuar a receber os exemplares da revista. Aproveito, por oportuno, para reiterar o que já tive oportunidade de dizer-lhe pessoalmente a respeito da excelente qualidade do material publicado nessa prestigiada publicação. Carlos Geraldo Santoro Trigueiro Vice-Presidente de Negócios - Setor Público da Brisa Brasília – DF Gostaria de parabenizá-los pelo excelente trabalho editorial da Revista Tema, principalmente no que se refere às soluções em TI aplicadas ao setor público. Acredito que as soluções apresentadas serão proveitosas para aplicações aqui na CNEN. José Alves, Coordenação de Instalações Nucleares e Radiativas - CORAD Rio de Janeiro - RJ Estou vendo a nova Tema, como sempre belíssima, atraente de texto e de ilustrações. Uma curiosidade: percebi que várias matérias não são assinadas, como a do Amyr Klink. Fica a dúvida: ela foi compilada de outra publicação; a Tema desenvolveu o texto a partir de pesquisa na internet; ou algum repórter fez contato? Curiosidade de quem adorou a matéria, como tudo que há na Tema!!! Edson Freitas – fortaleza/ce NR: As informações são da Assessoria de Imprensa e site da HP do Brasil. Gostaria de receber a revista Tema. Somos uma empresa de informática e estamos focando nosso serviços em software livre. Por este motivo, temos interesse em seu recebimento. MWS Tecnologia e Informática Ltda. Porto Alegre – RS Por questão de justiça ao projeto GNU (seu sistema operacional e seus softwares livres), seria melhor que a revista Tema se referisse ao "sistema operacional" Linux como GNU/Linux, já que o sistema operacional se chama GNU, e Linux é apenas o kernel do sistema. Percebe-se, em entrevistas, do Richard Stallman (criador do GNU), que ele se chateia pela falta de reconhecimento, que está vindo aos poucos, com as publicações passando a se referir ao sistema operacional como GNU/Linux, além de diferenciar bem quando está se falando do sistema operacional como um todo ou apenas o seu kernel (que no caso do GNU/Linux são projetados de forma diferente). Agradeço pela atenção e espero ter contribuído com essa revista de que gosto tanto. Rafael M. Raposo Brasília – DF NR – A Revista Tema agradece a contribuição. Gostaria de parabenizá-los pela revista e aproveito para perguntar como posso fazer a assinatura? Roberto F. Junior Coordenador de Tecnologia e Redes Ministério do Meio Ambiente Brasília DF Gostariamos de saber como podemos receber a Revista Tema em nossa Prefeitura, já que se trata de uma publicação que muito vem contribuir também para as administrações públicas municipais, além de sempre trazer informações relacionadas ao E-Gov, um projeto que, aos poucos, estamos implantando em nossa cidade. Samuel Souza Assessoria de Comunicação Prefeitura de Imperatriz - MA Sou estudante universitário, cursando Sistema de Informação, 5º período. Gostaria de saber como faço para adquirir esta revista. Navegando pelo site www.softarelivre.gov.br vi o link relacionado e me interessei pela revista para usar nos meus projetos na Faculdade. Alex Cordeiro Moreira Bom Jesus do Itabapoana - RJ Sou analista de Sistema da Prefeitura Municipal de Ribeirão Claro (PR) e há mais ou menos dois anos e meio recebo regularmente a revista Tema. É muito difícil encontrar uma revista com excelente qualidade em suas matérias, principalmente na área de informática na Gestão Pública. Marcos Alexandro de Oliveira Ribeirão Claro – PR a entrevista UNIVERSALIZAÇÃO DIGITAL A Agência Nacional de Telecomunicações tem uma grande notícia para o programa de inclusão digital: a utilização de R$ 3 bilhões acumulados do Fundo de Universalização para o Serviço de Telecomunicações – Fust na implantação de pontos de acesso à Internet em todo o país. Até o final deste ano, tão logo seja concluído o processo de concessão do Serviço de Comunicações Digitais (SCD) será iniciada a instalação de computadores em 185 mil escolas públicas, 63 instituições da área de saúde, 5 mil bibliotecas, além de pequenas localidades e pontos de fronteiras. Antes de lançar o edital de concessão, a Agência precisa consolidar as contribuições da sociedade civil à consulta pública que realizou no início deste mês de março. Nesta entrevista, o presidente da Agência, Pedro Jaime Ziller, conta quais são os próximos passos para que o Fust finalmente saia do papel. O que o Serviço de Comunicações Digitais traz de novo para o setor? O SCD é o meio escolhido pelo governo para aplicar recursos do Fundo de Universalização para o Serviço de Telecomunicações (Fust) no programa de inclusão digital. A concepção inicial de universalização estava relacionada à disseminação do acesso ao serviço de voz. Em 2000, o Congresso Nacional ampliou esta visão e estendeu sua utilização ao acesso às redes digitais, particularmente a internet. A Lei do Fust contempla explicitamente a utilização dos recursos na aquisição de computadores, infra-estrutura de banda larga e instalação de pontos de conexão em todas as escolas públicas, bibliotecas e hospitais universitários do país. Por que só agora estes serviços estão sendo criados? Em 2001, a Anatel fez uma consulta pública na qual estabelecia que apenas as concessionárias pertencentes ao STFC (empresas do sistema de telefonia fixa) podiam participar. O processo foi bloqueado por inúmeras ações judiciais. No início do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, a preocupação do Ministério das Comunicações era com o Fust, que já somava cerca de R$ 2,3 bilhões sem possibilidade legal de utilização (na época, Pedro Jaime Ziller era um dos secretários do Ministério). O problema é que um fundo setorial que não é aplicado vira imposto. Examinadas as várias alternativas de destinação, resolvemos consultar o Tribunal de Contas da União para evitar futuras complicações. A dúvida básica era se deveríamos nos pautar pela Lei 8.666/93, de Licitações, ou se, pela LGT – Lei Geral de Telecomunicações. Qual foi a resposta do TCU? O TCU esclareceu que as duas leis eram aplicáveis e recomendou a criação de um serviço em regime público para que todos tivessem acesso. Decidimos implantar um serviço de banda larga que facilitasse a inclusão digital. É lógico que a lei estabelece sistemática para a elaboração dos regulamentos, contratos, editais, etc. Todos estes dados foram levantados pelo Ministério das Comunicações e repassados à Anatel e, hoje, estamos no momento da consulta pública ao PGM – Plano Geral de Metas. Qual o conceito adotado neste serviço de banda larga? Criamos um serviço para que o Brasil pudesse se universalizar digitalmente. A inclusão digital vai ser financiada por quem está pagando o Fust. A idéia é que todo mundo tenha acesso. O que não significa que todo mundo tenha um acesso, porque o ponto será público. Serão 300 mil pontos instalados em escolas e bibliotecas públicas. Se considerarmos que um único ponto de 256 k pode ser ligado a vários computadores, facilmente teremos milhões de pessoas atendidas. Estes números não vieram do acaso. Foram tirados do Gesac - Serviços de Atendimento ao Cidadão, do Ministério das Comunicações. O Gesac foi o laboratório do Fust. Por que o SCD só aceita plataformas em software livre? Na primeira licitação, só era aceito um determinado software proprietário e houve contestação judicial. A questão principal é que nós não impedimos que implantem o software proprietário. Mas o Fust não paga por software proprietário. A intenção do governo é alavancar uma série de processos por meio do programa de inclusão digital. O software é a maior possibilidade de expandir a indústria baseada em bens de capital. Como vamos desenvolver softwares pagando todo o tempo por licença de uso? Segundo dados do ITI, o Brasil gasta, por ano, US$ 1 bilhão nestas licenças. A intenção é que o Fust fortaleça a indústria nacional? Desenvolver software é uma importante política. Software livre não é software gratuito. O usuário pode fazer alterações e passar para frente, mas o fundamental é que quem desenvolveu vai receber pelo trabalho e a plataforma continua livre. Com isso, cria-se uma cadeia de crescimento importante para o Brasil que não envolve capital intensivo. Desenvolver software livre é uma política pública de governo. Assim como também o é a inclusão digital. A Anatel está usando todos os recursos disponíveis para cumprir esta política. Qual o próximo passo na implantação do Fust? Fizemos uma consulta pública, no início de março, que contou com uma participação efetiva da sociedade. A audiência foi concorrida com a participação de empresas interessadas, usuários, ONG`s. Agora, uma equipe está trabalhando na consolidação das sugestões. O próximo passo é submeter a proposta de edital e contrato a uma nova consulta pública. Quais aspectos dos serviços já estão definidos? São serviços prestados na modalidade concessão em regime público, por vinte anos, em 11 regiões do país. As empresas deverão ser constituídas especificamente para este fim e serão remuneradas para colocar computadores nas escolas e bibliotecas, proporcionar o acesso à banda larga, fazer a manutenção e instalar os softwares básicos. Estas são metas de demanda mandatória e universalização obrigatória. Todas as despesas de infra-estrutura e operação nos 300 mil pontos serão integralmente pagas pelo Fust. Quanto vai ser investido para o cumprimento destas metas? O Fust dispõe de cerca de R$ 2,8 bilhões. Serão gastos anualmente entre R$ 400 e 500 milhões. Esta verba não é contigenciada e está disponível para aplicação imediata. Como não são recursos do Orçamento Geral da União, está previsto, em lei, que como fundo setorial o saldo de um ano pode ser aplicado no ano seguinte. A nossa previsão é que a implantação do SCD, em todas as regiões do país, nas zonas urbanas e rural, seja iniciada até o último trimestre deste ano, com investimentos de R$ 40 milhões. A expectativa é que no prazo de quatro ou cinco anos todas as escolas sejam atendidas. “O Fust dispõe de cerca de R$ 2,8 bilhões. Serão gastos anualmente entre R$ 400 e 500 milhões. Esta verba não é contigenciada e está disponível para aplicação imediata.” Qual informação estará disponível nos pontos de acesso? Vai depender do Ministério que atua na área. Por exemplo: o conteúdo pedagógico é de responsabilidade do Ministério da Educação, e não da Anatel. Como o mercado está reagindo à implementação do Fust? Claro que há muitas empresas interessadas. Comparativamente, não é muito dinheiro. O Fust só corresponde a 1% do faturamento das operadoras. Para as grandes empresas não é muita coisa. Mas se você pensar em termos de programa de inclusão digital, é muita coisa. Com o SCD, a Anatel está fechando o ciclo da universalização iniciado com a LGT? Estamos cumprindo mais uma etapa deste ciclo. A universalização está voltada a preencher as lacunas existentes no acesso aos serviços de voz. Com o Fust, o que está se tentando fazer é criar uma infra-estrutura mínima para tapar estes buracos. Ao se colocar um ponto de acesso numa escola, localizada na zona rural, uma cooperativa que esteja situada ao lado também será beneficiada. O scd abrancerá Todos os programas de inclusão digital? Não sou tão otimista. Acho que é um bom começo. O Fust não pode, por exemplo, financiar telecentros porque há impeditivos legais. A escola pode mobilizar a comunidade e criar um telecentro, mas esta iniciativa foge à nossa competência. A Anatel tem outras contribuições para o programa de inclusão digital? A aplicação dos recursos do Fust é a nossa prioridade no momento. É claro que podemos participar de outras iniciativas do governo, como já está ocorrendo no caso da TV Digital. O papel da Anatel, no processo, ainda não está definido, mas é certo que participará do processo. Como o Serpro pode colaborar neste processo? O Serpro trabalha com desenvolvimento do software, está envolvido no projeto de software livre e nos ajudou na implantação do Gesac,7 no Ministério das Comunicações. Mesmo sem relação direta com a Agência, temos um envolvimento comum no esforço de inclusão digital do governo. a soluções SERPRO PARTICIPA DA MOSTRA DE TECNOLOGIA APLICADA AO SETOR PÚBLICO Vitrine Digital Brasília sedia Mostra de Tecnologia aplicada ao setor público Já virou tradição. Todo ano, Brasília sedia a "Mostra de Soluções em Tecnologia da Informação e Comunicações Aplicadas ao Setor Público". Durante três dias, os fornecedores, de um lado, e os usuário e gestores de tecnologia da informação do governo, do outro, trocam experiências que colaboram no processo de construção de soluções para o setor público. Na versão deste ano, o tema central é Colaboração e Desenvolvimento Social, desenvolvido em sub-temas como novo modelo globalizado de tecnologia da informação e comunicação, integração pelo governo eletrônico, inclusão digital, segurança da informação, direitos do cidadão e democracia digital. O Serpro, que participa do evento como coordenador do Comitê Técnico, foi responsável pela elaboração da grade temática e definição dos palestrantes. Participam desta grade tanto os formuladores das políticas públicas de tecnologia da informação e comunicação quanto as empresas públicas que são grandes implementadoras de soluções. A programação também é direcionada a empresas e profissionais que atuam em projetos de desenvolvimento, implantação, administração e gestão de sistemas corporativos, e-business e representantes da Universidade. Correios, Banco Central do Brasil , UnB, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Dataprev, Ministério da Ciência e Tecnologia, Universidade de Brasília, Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Sucesu e Prodasen. "A riqueza do evento é ser direcionado a diferentes públicos: governo, fornecedores, universidades e organizações da sociedade civil", diz o coordenador do Comitê, Luís Gustavo Loyola. De fato, não existe no mercado nenhum encontro de tecnologia da informação com público tão diverso. "O governo se reúne com seus fornecedores para falar e ser ouvido", resume. Loyola explica que além das palestras e debates, haverá espaço para que as empresas apresentem em seus estandes o que há de mais avançado no segmento. Os expositores também realizarão oficinas empresariais, abertas para à participação de clientes interessados nas soluções. "A programação foi estruturada de forma que não haja choques de horário entre as palestras e as oficinas", garante. Este também pode ser considerado um diferencial. A prática do mercado é realizar atividades simultâneas, impedindo que os convidados usufruam de toda a programação. As oficinas ficarão sob a responsabilidade das empresas Attachament, ACL, Bea, CastMetta, Cisco, CSC Brasil, CTIS, Embratel, HP, Itautec, Novell, Perroti&Partner, Politec, TBA e TechSupply, patrocinadores do evento. "A riqueza do evento é ser direcionado a diferentes públicos: governo, fornecedores, universidades e organizações da sociedade civil". Luís Gustavo Loyola, do Serpro Soluções Serpro A Mostra vai ultrapassar os limites geográficos de Brasília. Uma solução conjunta da Brasil Telecom, a GTronics e Serpro, permitirá a participação a distância, por meio de vídeoconferência transmitida para as dez capitais brasileiras onde a Empresa tem filiais. Nos auditórios das regionais do Serpro, além dos empregados, representantes do meio acadêmico e outros convidados, estarão participando das palestras e oficinas. A conferência traz parte do portifólio de serviços que o Serpro exibirá em seu estande. Implantada este ano na Empresa, a solução agora está disponível para os clientes nas versões vídeo conferência, que permite a participação interativa de todos os usuários, e a video streaming, usada para palestras, na qual apenas uma pessoa interage com os demais participantes. As novidades do Serpro não param aí. Também serão apresentadas as soluções que ampliam os níveis de acessibilidade, com destaque para os novos equipamentos destinados a pessoas portadoras de necessidades especiais. Outra inovação é a versão para download do Receitanet em plataforma Linux. Outras empresas públicas também mostrarão suas soluções. A Caixa Econômica Federal vai divulgar a estratégia de utilização de portais de cidadania através da internet e o uso de diferentes meios de acesso para estender benefícios e serviços aos cidadãos em todos os pontos do país. O representante da Caixa no Comitê, Flávio Silveira, diz que a intenção é divulgar exemplos práticos da prestação de serviço através dos portais de cidadania. "O objetivo dos portais da Caixa é garantir a transparência pública das contas do governo, como da responsabilidade fiscal". Fim das filas O impacto das mudanças tecnológicas, o aumento da demanda e a importância do envolvimento da equipe na organização, este é o tema que o Banco Central vai apresentar na Mostra. Segundo Alfredo de Barros Pereira, do departamento de Tecnologia da Informação, diagnóstico feito pelo Gartner Group em 2000 identificou a tendência para uma evolução no cenário tecnológico, de uma plataforma baseada em mainframes para um ambiente voltado para sistemas em rede e multiplataforma. E isto exigiu das pessoas a superação da insegurança e uma grande a ênfase na capacidade pessoal de cada um. "Procuramos ouvir as pessoas criando o escritório de projetos, que estimulava a troca de experiências em palestras realizadas durante as oficinas de trabalho", conta Pereira. Uma das melhores notícias da Mostra vem da Dataprev. Ao solicitar um benefício da Previdência Social, o cidadão brasileiro passava por uma verdadeira maratona para conseguir a documentação que provasse a sua condição. Hoje, por conta do Cadastro Nacional de Informações Sociais, que conta com um sistema totalmente informatizado, o gerenciamento das informações adianta o processo de tal modo que o cidadão passa ter a resposta no momento em que fizer a solicitação. De acordo com o gerente do Departamento de Negócios e Benefícios da Dataprev, João Paulo Tinoco, a alimentação do cadastro é feita através de diversos dispositivos. "Uma das fontes é o número do PIS/PASEP e o número do contribuinte individual", explica. Por se tratar de informações particulares do cidadão, os dados são tratados com a máxima segurança. "Todos os acessos via Internet utilizam sistemas criptografados", ressalta. As Soluções do mercado A Mostra de Soluções é a grande chance de o mercado mostrar ao cliente governo as soluções que desenvolveu para o setor público. A Itautec, empresa patrocinadora do evento, apresentará o Webway Health - Software, voltado para o segmento da saúde em instituições privadas, filantrópicas e públicas, que auxilia no gerenciamento e controle de atendimento a pacientes, agendamentos, administração de centros cirúrgicos, contas médicas, faturamento, repasses, prontuários eletrônicos, administração de materiais, farmácia, entre outras aplicações. A Itautec também apresentará o seu Sistema de Gestão do Atendimento (SIGA) - Solução de Gestão de Atendimento voltada para qualquer estabelecimento que possua atendimento ao público e necessite controlar o fluxo de suas filas e a produtividade de sua equipe. Oferece recursos completos de monitoração como performance dos operadores, quantidade de atendimentos realizados, previsão de atendimento ao último cliente e tempo médio de espera. Com a interface web o gestor obtém os dados em tempo real. O Terminal Emissor de Senha (TES), equipamento que compõe a solução, foi premiado com o IF Design Award, Alemanha. A 3Com vai mostrar seu Switch 7700R, equipamento de maior performance da companhia. O lançamento amplia a linha de soluções para comunicação corporativa, para garantir o alto nível de capacidade de recuperação exigido pela maioria das aplicações centrais de grandes redes. O produto traz funções de gerenciamento, largura de banda e redundância para aplicações convergentes de voz, vídeo e dados, além de identificar e priorizar o tráfego de informações críticas. Esta linha é voltada a organizações de grande porte, para otimizar o uso da infra-estrutura da rede local (LAN) e de sistemas wireless em Wide Area Network (WAN), obter convergência, confiabilidade e segurança de ponta a ponta. A 3Com apresentará também uma solução inovadora para monitorar, em tempo real, as operações de centros de atendimento telefônico. E as linhas de roteadores 3Com Router 5000, voltada para grandes corporações, que oferecem aos clientes uma opção aos sistemas proprietários complexos e de alto custo de administração e de suporte encontrados no mercado A linha, formada por roteadores de médio porte baseados em padrões abertos, suporta aplicações de voz e dados e garante serviços de internet para grandes, médias e pequenas empresas. governo e-PING PROMOVE INTEGRAÇÃO DOS SISTEMAS Integração é a palavra de ordem quando se fala em sistemas de informações. Velho sonho dos gerentes de tecnologia, também faz alegres os gestores pela redução dos custos combinada com aumento dos resultados. Para leigos, não diz muita coisa – o que o usuário percebe mesmo são os benefícios que aparecem na tela do computador. A decisão do governo de definir padrões para seus sistemas atende tanto a gerentes quanto a usuários. Designado com um nome quase impronunciável interoperabilidade – este avanço inicia uma nova fase no relacionamento, por meio eletrônico, do governo com a sociedade civil. E-ping A hora da integração A nova era da interface do governo com a sociedade civil tem nome: e-PING (Padrões de Interoperabilidade do Governo Eletrônico), iniciativa conjunta da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do Ministério do Planejamento, do Instituto de Tecnologia da Informação - da Presidência da República - e do Serpro. O e-PING estabelece a arquitetura de padrões de interoperabilidade para sistemas do governo. A partir de agora, a integração com estes sistemas só será possível se observado o conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas que regulamentam a utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação – conjunto de soluções que atende pela sigla TIC - na administração pública federal. Na parte mais visível da iniciativa estão os avanços no programa Governo Eletrônico (e-GOV), que ainda não conta com a fixação de padrões que facilitem a interação com outros sistemas governamentais, empresas e usuários. "Vamos melhorar e simplificar o atendimento", garante o diretor de redes da SLTI/MP, Rogério Machado Xavier, coordenador do e-PING. A importância do e-PING está relacionada a um velho desafio dos gerentes de tecnologia da informação: estabelecer condições para a integração, interna e externa, dos sistemas gerenciados pelo governo federal. Compreende as áreas de interconexão, segurança, meios de acesso, organização e troca de informações do setor público disponíveis em sistemas estruturadores. Já fez um ping? Nos corredores de empresas onde predomina o uso da Internet, como ferramenta de trabalho, é usual ouvir: "Já fez um ping"? No Português corrente, o interlocutor quer saber se o computador está conectado à web via protocolo TCP/IP. "O ping é um comando nativo do protocolo que executa diagnósticos de conexão", explica o diretor do Serpro, Armando Frid. Na reunião em que se discutia a denominação para o projeto de interoperabilidade do governo, Frid de imediato sugeriu o "empréstimo" do nome. "O ping está na gênese da interoperabilidade, pois são os protocolos que permitem a comunicação de máquina a máquina. A idéia remete exatamente ao que estamos falando: a integração de ambientes distintos", diz. Numa coincidência feliz, PING também é a sigla de Programa de Interoperabilidade do Governo. A interoperabilidade de tecnologia, processos, informação e dados passou a ser uma prioridade para o governo na reestruturação que está sendo feita no e-GOV. E é parte integrante da política pública para Tecnologia da Informação e Comunicação. O Brasil segue assim tendência de países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia. A construção do modelo de interoperabilidade do governo brasileiro tem como base o e-GIF (Government Interoperability Framework) do governo britânico, em operação desde o ano 2000. O e-GIF é, atualmente, uma referência com maturidade reconhecida internacionalmente. "Nossa preocupação é oferecer um novo modelo de tecnologia para o governo. O ePING representa uma tecnologia de melhor qualidade", define o diretor do ITI, Renato Martini. Na visão de Martini, os sistemas serão mais eficazes a custos mais baixos. Mais que isso: resolverão a velha dor de cabeça dos gerentes que ficam presos a produtos que não permitem a integração com outras soluções disponíveis no mercado. "A eficácia do e-PING depende de sua constante atualização. É um projeto ad eternum". Rogério Xavier, da Secretaria de logística e tecnologia da Informação Consultas Públicas Para garantir a eficácia do e-PING, o grupo de trabalho inicial valorizou a participação de diferentes segmentos da sociedade no processo de definição dos padrões a serem adotados. "Os padrões serão estabelecidos depois de ampla discussão com representantes do governo e da sociedade", diz o diretor de Integração de Sistemas da SLTI/MP, Ricardo Sigaud, que integra o grupo. Segundo Sigaud, depois que os padrões forem definidos democraticamente, sua adoção será obrigatória para o governo e para os sistemas externos que queiram estabelecer interfaces com o e-GOV. Para atender às diferentes demandas, o projeto básico do e-PING estabelece três níveis de padrões: transitórios, recomendados e adotados. A idéia do governo é ouvir o maior número possível de interessados para que, no futuro, os padrões sejam amplamente aceitos. Por isso, optou pela modalidade de consultas públicas no processo de implantação do e-PING. A primeira será feita no final deste mês de março em torno da chamada "versão 0". De caráter consultivo, essa versão foi elaborada com base nas diretrizes estabelecidas pelo Comitê Executivo de Governo Eletrônico e alinhando às necessidades da sociedade com a evolução do mercado e da tecnologia. Rogério Xavier diz que, após a consulta pública, será elaborada a versão "1", desta vez com caráter normativo. A democratização é intrínseca a qualquer ação que objetive a interoperabilidade. Para Rogério Xavier, o e-PING é uma base para a integração dos sistemas que depende da contínua atualização para funcionar adequadamente. "É um projeto ad eternum", define. De fato, a estrutura colaborativa é de considerável importância nas questões cruciais. "O dia seguinte é o mais importante. Deveremos tomar decisões relevantes, tais como: quem vai homologar os produtos e quem vai estabelecer as regras de padronização e as responsabilidades pela manutenção", avalia Rogério. O processo de decisão em torno dos padrões do e-PING indica uma nova e forte tendência do mercado mundial. "O mercado está receptivo a produtos abertos, certificados por organismos internacionais e instituições públicas", explica Renato Martini. Neste sentido é que vem complementar iniciativas do governo como o Programa de Software Livre (veja matéria na pág. 20), mais baratas, democráticas e eficientes. "O mercado está receptivo a produtos abertos, certificados por organismos internacionais e instituições públicas". Renato Martini, do Instituto de Tecnologia da Informação. governo INTEROPERABILIDADE SEGUE PLANO DE GESTÃO Mais cidadania, maior economia Interoperabilidade atende o Plano de Gestão Pública ao fazer do cidadão o foco da ação pública A base conceitual da versão brasileira de interoperabilidade é a transparência e facilidade no acesso às informações de interesse público, meta que integra as prioridades do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. No Plano de Gestão Pública (veja www.gestaopublica.gov.br) destacam-se a necessidade de significativas transformações nas instituições públicas e a meta de fazer do cidadão o foco da ação pública. Para cumprir esta meta, o governo enfrenta grandes desafios. "O caminho do desenvolvimento do Governo Eletrônico, como forma de o Estado atender a sociedade, em busca de um padrão de serviços ao cidadão, possui barreiras culturais. A maioria excluída, sequer alfabetizada, necessita ser incluída socialmente e digitalmente, convergindo os esforços do Estado para a geração de emprego e renda", avalia o diretor do Serpro, Antônio Sérgio Cangiano. "A maioria excluída, sequer alfabetizada, necessita ser incluída socialmente e digitalmente, convergindo os esforços do Estado para a geração de emprego e renda". Antônio Sérgio Cangiano, do Serpro. Para Sérgio Cangiano, a solução é otimizar os gastos públicos, racionalizando os recursos de TIC, proporcionando melhores serviços aos cidadãos e empresas, integrando os sistemas e serviços do Estado, de forma a atender a sociedade. Para implementar estas políticas, é necessária a implantação de sistemas contínuos de monitoramento e avaliação que otimizem os processos por meio da incorporação de inovações tecnológicas. E é sobre este foco institucional que surgiu o e-PING. "A interface com o Governo Eletrônico precisa ser amigável e o acesso aos dados sob uma perspectiva do cidadão e não da máquina do Estado", defende Cangiano. Na prática isso significa que o usuário deve dispor de todas as informações do seu interesse numa única página ou forma de navegação. Cumprindo o plano de governo, as formulações do e-PING buscam soluções tecnológicas que objetivem a redução de custos. Isso é possível com ferramentas que redimensionem, quantitativa e qualitativamente, os recursos humanos, orçamentários, financeiros e logísticos. O projeto básico do programa recomenda que os sistemas de TIC precisam ter uma infra-estrutura interoperável, trabalhando de forma íntegra, segura e coerente em todo o setor público. É explicável a preocupação dos aspectos econômicos no uso da tecnologia. A evolução das aplicações na prestação dos serviços públicos aumentou a percepção de que os recursos de informação do governo são ativos econômicos. "Ao garantir que a informação governamental possa ser rapidamente localizada e transmitida entre os setores público e privado, mantidas as obrigações de privacidade e segurança, o governo auxilia no aproveitamento máximo deste ativo, impulsionando e estimulando a economia do país", explica Paulo Cezar Czarnewski, do Serpro. Com as políticas e especificações do Governo Eletrônico claramente definidas para interoperabilidade e gerenciamento de informações, proporcionando altos níveis de integração nos ambientes externos e internos, estes ativos tendem a ser potencializados. Por esta razão, o e-PING foi concebido como estrutura fundamental para a estratégia das políticas públicas definidas. Em respeito à sua estrutura democrática, não faz imposição aos usuários, mas o governo brasileiro estabelece essas especificações como o padrão por ele selecionado e aceito. O e-PING está sendo coordenado por um Comitê Constituinte. Além das três entidades que lançaram o projeto – SLTI, Serpro e ITI – participam do grupo entidades e empresas governamentais que possuem sistemas de grande porte, tais como, Dataprev, Banco do Brasil, Ministério das Comunicações, Caixa Econômica Federal e Datasus. É atribuição do Comitê definir a sua gestão, a criação dos grupos de trabalhos segmentados e o estabelecimento do cronograma de implantação. "A participação do Serpro está ligada à colaboração que seus sistemas – Receitanet, Comprasnet, Siafi, Siscomex, Renavam, dentre outros – prestam à governança do Estado", afirma Cangiano. Conceito que compreende democratização e transparência da administração pública com o fornecimento de serviços simplificados e precisos ao cidadão, rompendo as fronteiras departamentais e estruturais e combatendo a visão hoje fragmentada das ações governamentais. Ferramenta de divulgação A busca da interoperabilidade é a mais ousada iniciativa do governo brasileiro em torno da sonhada integração dos sistemas governamentais. Tem o objetivo de aprimorar o fluxo de informações dentro e fora do governo. Para atingir esta meta, as atribuições na gestão do e-PING foram delegadas ao Comitê Executivo do Governo Eletrônico. Ao Cege, caberá a administração da arquitetura de interoperabilidade do governo, provendo a infra-estrutura gerencial necessária para sua correta utilização e garantindo sua atualização. O e-PING será o centro de coordenação dos esforços de interoperabilidade, assegurando a coerência das iniciativas empreendidas pelos órgãos de governo e administrando o relacionamento do Poder Executivo Federal, instâncias públicas ou privadas. Também cabe ao comitê coordenar o processo de consultas públicas, gerenciar a interação com outros segmentos (governamentais ou privados) e com organismos de especificação, bem como a homologação dos padrões a serem estabelecidos para o governo. O comitê, ainda, será responsável por garantir a unicidade de concepção, conceitos, definições e padrões de interoperabilidade. O site do e-PING, a ser criado e administrado pelo Cege, será a grande ferramenta de divulgação do paradigma de interoperabilidade para serviços de e-GOV. Por meio da internet, estará disponível toda a documentação relativa à arquitetura: versões oficiais e respectivos "releases", documentação técnica de apoio, documentação legal e institucional correlata, etc. Também estarão acessíveis recomendações, determinações, especificações técnicas e políticas para validação, homologação e recebimento de comentários e sugestões dos usuários, assim como links para documentos, padrões, normas ou qualquer outro tipo de referência constante do e-PING. Toda a divulgação tem como foco o relacionamento do governo com a sociedade, ou seja, o setor público, o cidadão, o segmento privado e o terceiro setor. A interoperabilidade no Poder Executivo Federal contempla a participação compulsória de todos os níveis da administração pública federal, suas agências e organismos reguladores e as empresas e instituições públicas. A adesão ocorrerá de maneira gradativa, de acordo com plano de implementação, que considerará a situação de cada uma dessas instituições em relação à possibilidade de se adequar às determinações e recomendações do Cege. "A visão de toda arquitetura de sistemas e de interoperabildade deve nortear as decisões locais e prioritárias em termos de utilidade. Queremos obter estruturas de processos integrados e que suportem os principais benefícios aos cidadãos e empresas", explica Cangiano. Embora as diretrizes gerais sejam definidas pelo Comitê, cada instituição em particular terá sua responsabilidade na gestão e garantia de uso dos padrões recomendados, no plano de implementação e adequação da organização à arquitetura do e-PING e na aplicação dos recursos financeiros para dar suporte aos processos. Em sua segunda etapa, o e-PING será estendido a outras instâncias de governo nas esferas federais, estaduais e municipais. Esta é uma meta considerada prioritária a ser buscada tão logo sejam estabelecidos e firmados os padrões no âmbito federal. As organizações do setor privado e do terceiro setor serão estabelecidas por mecanismos como consultas públicas, solicitação de comentários e recebimento de sugestões. Todas as entidades dessa natureza que participarem de processos de licitação de produtos e serviços para o Governo Federal deverão atender às determinações e recomendações do e-PING. "A participação dessas instituições está vinculada a critérios que garantam a transparência e eqüidade de oportunidades", ressalta Czarnewski. Este amplo espectro torna o programa mais próximo do seu maior desafio : chegar ao cidadão. É consenso, entre os seus formuladores, que o e-Gov Eletrônico significa, essencialmente, servir melhor às necessidades do cidadão utilizando os recursos de tecnologia, informação e comunicação na prestação de serviços de forma íntegra, segura e coerente. E, também, que o e-PING deve incentivar a sociedade a opinar, comentar e contribuir com sugestões de inovações que possam ajudá-la a melhorar o acesso à informação e à prestação de seus serviços. "Todos os processos de divulgação e de inter-relacionamento do e-PING prevêem a participação ativa do cidadão no processo de construção e gestão da arquitetura", garante Czarnewski. Estruturação em segmentos Seguindo a política governamental de inclusão digital, o e-PING adota padrão mínimo referencial de navegador na internet estabelecido para direcionar o desenvolvimento dos serviços de Governo Eletrônico. A novidade, neste aspecto, é que está sendo considerado o atendimento a usuários que não tenham acesso às tecnologias mais recentes disponíveis no mercado. Assim como também as necessidades de atendimento aos usuários portadores de necessidades especiais, com a utilização de recursos mais sofisticados e de uso restrito. "A informação governamental, rapidamente localizada e transmitida, com privacidade e segurança, é um ativo financeiro que impulsiona e estimula a economia do país". Paulo Cezar Czarnewski, do Serpro. A arquitetura e-PING foi segmentada em cinco partes, com a finalidade de organizar as definições dos padrões. Para cada um dos segmentos, foi criado um grupo de trabalho específico, composto por técnicos atuantes em órgãos do governo federal, especialistas em cada assunto. Esses grupos foram responsáveis pela elaboração da versão “0” da arquitetura, base para o estabelecimento dos padrões de interoperabilidade do Governo Brasileiro. Os cinco segmentos foram subdivididos em componentes, para os quais foram estabelecidas as políticas e especificações técnicas a serem adotadas pelo governo federal. O segmento interconexão fixa as condições de interoperação entre o governo e a sociedade, envolvendo Protocolo de Transferência de Hipertexto, transporte e segurança de mensagem eletrônica, acesso seguro à caixa postal, diretórios, domínios, protocolos e intercomunicação LAN/WAN. No aspecto da segurança, estão sendo considerados os padrões para segurança de IP e correio eletrônico, criptografia, desenvolvimento e serviços de Rede. No segmento meios de acesso estão sendo estudadas as questões relativas à padronização dos dispositivos de acesso aos serviços de Governo Eletrônico. Nesta versão, são abordadas apenas as políticas e especificações para as estações de trabalho, os smart-cards, os tokens e outros cartões. Em versões futuras, serão tratados outros dispositivos, tais como telefone celular, hand-helds e televisão digital. O segmento de organização e intercâmbio de informações aborda os aspectos relativos ao tratamento e à transferência de informações nos serviços de governo eletrônico. Inclui tratamento de metadados, elaboração de lista de categorias de governo, catálogo de padrões de dados, metadados de gestão de conteúdo e padrões (linguagem para intercâmbio de dados, transformação, descrição e modelagem de dados). A organização do e-PING também considera as áreas de negócio com as quais o governo federal tem relacionamento. Para cada uma dessas áreas serão estabelecidos padrões de documentos e mensagens representados, principalmente, por esquemas definidos e administrados de forma a possibilitar sua reutilização futura. Esses esquemas serão construídos por meio de convênios com instituições atuantes nessas áreas. A estratégia de implantação do e-PING seguirá o esquema de versionamento. Está prevista a elaboração de uma versão anual, com publicação intermediária de "releases", sempre que alguma modificação significativa a justificar. A versão inicial está na fase de consulta pública. Políticas Gerais do e-PING • Alinhamento com a internet - Todos os sistemas de informação da administração pública deverão estar alinhados com as principais especificações usadas na internet e com a World Wide Web. • Adoção do XML - Padrão primário para integração de dados e ferramentas de apresentação para todos os sistemas do setor público. • Browser – Os navegadores serão o principal meio de acesso de todos os sistemas de informação de Governo. Outras interfaces são permitidas em situações específicas, como em rotinas de atualização e captação de dados, onde não haja alternativa tecnológica disponível baseada em navegadores. • Metadados - Os recursos de informação do governo serão potencializados com o desenvolvimento e adoção de um Padrão de Metadados do Governo Eletrônico, baseado em modelo aberto e internacional. • Lista de Categorias do Governo - Desenvolvimento e manutenção da "Lista de Categorias do Governo" que contemple todos os assuntos relacionados com a atuação de Governo. • Suporte de mercado – As especificações contemplam soluções amplamente apoiadas pelo mercado. O objetivo a ser alcançado é a redução dos custos e dos riscos na concepção e produção de serviços nos sistemas de informações governamentais. • Escalabilidade – As especificações selecionadas deverão ter a capacidade de atender alterações de demanda no sistema - mudanças em volumes de dados, quantidade de transações ou quantidade de usuários – e os padrões estabelecidos não poderão ser fator restritivo no desenvolvimento de serviços. • Transparência – Os documentos serão colocados à disposição da sociedade, via internet. Estão previstos mecanismos de divulgação, recebimento e avaliação de sugestões. • Plataforma Livre - Sempre que possível serão adotados padrões abertos nas especificações técnicas. Padrões proprietários são aceitos, de forma transitória, mantendo-se as perspectivas de substituição assim que houver condições de migração. Sem prejuízo dessas metas, serão respeitadas as situações em que haja necessidade de consideração de requisitos de segurança e integridade de informações. • Adesão – A adesão é obrigatória para todos os órgãos do Poder Executivo do Governo Federal. O Governo Federal não pretende impor o uso das especificações às entidades, mas estabelece que esses são os padrões em que deseja interoperar. • Foco na interoperabilidade – O foco de trabalho são as especificações que forem relevantes para garantir a interconectividade de sistemas, integração de dados, acesso a serviço de governo eletrônico e gerenciamento de conteúdo. A palavra é ...... Interoperabilidade Os conceitos que fundamentam o entendimento do governo brasileiro sobre interoperabilidade: • "Intercâmbio coerente de informações e serviços entre sistemas. Deve possibilitar a substituição de qualquer componente ou produto usado nos pontos de interligação por outro de especificação similar, sem comprometimento das funcionalidades do sistema." (Governo do Reino Unido) • "Habilidade de transferir e utilizar informações de maneira uniforme e eficiente entre várias organizações e sistemas de informação." (Governo da Austrália) • "Habilidade de dois ou mais sistemas (computadores, meios de comunicação, redes, software e outros componentes de tecnologia da informação) de interagir e de intercambiar dados de acordo com um método definido, de forma a obter os resultados esperados." (ISO) • "Interoperabilidade define dois componentes de um sistema, desenvolvidos com ferramentas diferentes, de fornecedores diferentes, podem ou não atuar em conjunto." (Lichun Wang, Instituto Europeu de Informática – CORBA Workshops) A amplitude destes conceitos indica que interoperabilidade não pode ser entendida somente como integração de sistemas ou de redes. Ou que representa unicamente a troca de dados entre sistemas ou a seleção de tecnologia. Interoperabilidade compreende a soma de todos esses quesitos, considerando o legado de sistemas, e as plataformas de hardware e software instalados. Trata da diversidade de componentes, com a utilização de produtos diversos de fornecedores distintos. Tem por meta a consideração de todos os fatores necessários para que os sistemas possam atuar cooperativamente, fixando as normas, as políticas e os padrões necessários para consecução desses objetivos. Te governo COMITÊ DIVULGA BALANÇO DO SOFTWARE LIVRE Passos Largos Balanço do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre mostra o avanço do programa no governo federal O mais recente encontro do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre (CISL), realizado em fevereiro, confirmou o que os especialistas já previam: a plataforma livre já é uma realidade no governo Federal. Durante a reunião, convocada para avaliar os resultados do Programa de Software Livre do governo Federal, em 2003, os relatos apresentados demonstraram que a cada dia cresce o número de órgãos públicos que estão migrando seus sistemas para a plataforma GNU/Linux. Com mais de 40 órgãos representados e aproximadamente 100 participantes, o Comitê tornou-se referência nos avanços da implantação do software livre no Brasil por ser o fórum onde as políticas públicas para migração das plataformas são discutidas. Mesmo não sendo compulsórias, as diretrizes estabelecidas pautam as estratégias de mudança implementadas pelo Governo Federal, por meio do Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), órgão vinculado à Presidência da República e Serpro. Durante a reunião de avaliação do Comitê, gerentes de Tecnologia da Informação do governo relataram suas experiências. O Ministério das Minas e Energia está avançando na migração depois que diagnosticou as necessidades dos usuários e desenhou as soluções adequadas. Apesar de estarem em fase anterior, os Ministérios do Meio Ambiente e da Relações Exteriores já iniciaram o processo de planejamento que antecede a migração. Também os Ministérios das Cidades e do Desenvolvimento Agrário estão trabalhando com equipse próprias dedicadas aos estudos de adoção da plataforma livre. As experiências apresentadas no Comitê indicam que as ações andam a passos largos. Em dezembro, o ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, lançou o programa "Terra Crime" que vai operar em plataforma livre (veja Box). Um dia antes da reunião do Comitê, o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, esteve pessoalmente no ITI para comunicar que a migração para o software livre é prioridade na nova gestão do Ministério. "É necessário sair do discurso para a prática e unir esforços de toda a administração para que esses resultados e os seus benefícios sejam mais visíveis para a sociedade", afirmou Campos. O coordenador da gerência de rede do MCT, Eduardo Viola, disse que a migração para código livre começou com a adoção do OpenOffice, programa que realiza todas as funções do pacote Office da Microfsoft. Outro ministro que se envolveu pessoalmente na questão foi o da Cultura, Gilberto Gil, que anunciou a adesão do Ministério ao GNU/Linux. Cinco dias após a reunião do Comitê, o presidente do ITI, Sérgio Amadeu, foi avisado pelo secretário-executivo do Ministério da Educação, Fernando Haddad, que o MEC estava iniciando seu processo de migração para o software livre. "Junto com o ITI e o Serpro, o MEC vai contribuir para o avanço desse novo paradigma tecnológico do governo brasileiro", anunciou Haddad. "É necessário sair do discurso para a prática para que os resultados e os benefícios do software livre sejam mais visíveis". Eduardo Campos, ministro da Ciência e Tecnologia. A mudança para o software livre não se restringe aos ministérios. O diretor-geral da Imprensa Nacional, Fernando Tolentino, anunciou a migração da estrutura interna do órgão possibilitando ao usuário optar por qualquer navegador para acessar as informações ou encaminhar material para publicação no Diário Oficial da União. Também em órgãos da administração pública estadual, a solução de software livre está avançando. Na reunião do Comitê, o coordenador da assessoria de informática da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, José Geraldo da Silva Neto, informou que a Ceagesp já começou a migrar para o código aberto. A primeira decisão da equipe de TI foi instalar o OpenOffice para edição de textos e planilhas. Segundo José Geraldo, a expectativa é de que até o fim de 2004 todo o Cegaesp tenha adotado o GNU/Linux em seus servidores e desktops. Projeto Agência Livre O sucesso na adesão ao software livre pela administração pública federal se deve, em grande parte, ao esforço que vem sendo desenvolvido nos últimos anos pelas empresas de tecnologia da informação. Na Dataprev, órgão responsável pelo processamento de dados da Previdência Social, os técnicos se debruçam em soluções que consolidem o uso do software livre em seus sistemas. Com a perspectiva de migrar completamente as estações de trabalho do INSS para Linux, a empresa criou o Projeto Agência Livre, que tem como objetivo estudar um modelo de máquina adequado para seus serviços e funcionários. Levantamento realizado nos escritórios estaduais do órgão, realizado no início deste ano, indica que 395 servidores trabalham usando Linux como plataforma. O gerente de escritório da empresa, Mato Grosso do Sul, José Luis, em Pissin, coordenou a pesquisa e garante que a Dataprev é a empresa pública que mais utiliza servidores rodando software livre no Brasil. O estudo de Pissin revelou que o processo de migração já chegou aos desktops. Recentemente, o INSS adquiriu 3.000 novos computadores com a suíte de escritório OpenOffice e o navegador de Internet Mozilla instalados sob plataforma proprietária. Além destas máquinas, outras 3.000 com o mesmo pacote de software serão adquiridas pelo INSS. Com a adoção do OpenOffice, a redução dos custos com licenças chegará a R$ 400 mil. Cada escritório estadual dispõe de dois instrutores para o treinamento dos funcionários nestes aplicativos. A participação do Serpro também é expressiva na consolidação do software livre. Durante a reunião do CISL, a Empresa apresentou um dos mais importantes avanços para a implementação do software livre no âmbito do Governo Federal. Desde fevereiro, os sistemas estruturadores são acessados por outros navegadores, inclusive o Mozilla. Esses sistemas são responsáveis pela emissão de folha de pagamento, pela administração da execução orçamentária e financeira da União, pelo controle das atividades de gestão de recursos humanos, pela operacionalização do funcionamento das atividades de gestão de materiais, serviços, licitações e contratos, entre outros. O avanço é significativo porque o acesso aos sistemas, parte fundamental das consultas à informações da administração federal por meio eletrônico, era limitado a um único navegador que impedia a migração completa dos órgãos. Na reunião do Comitê, o diretor do Serpro, Antônio Sérgio Cangiano, ressaltou a segurança do Linux, ao narrar que os servidores da Empresa, baseados em software livre, recebem 1.200 ataques diários e nenhum obtém sucesso na invasão. Tecnologia contra o crime O Ministério da Justiça está distribuindo o software de georeferenciamento "Terra Crime", que mapeia áreas de incidência criminal. A distribuição é gratuita para órgãos de segurança pública das cidades brasileiras interessadas. Com o sistema, o Ministério pretende redefinir as políticas de segurança pública ao fornecer informações detalhadas aos responsáveis por ações na área de segurança. Registrado como o primeiro software livre em língua não inglesa com licença CC-GPL da Free Software Foundation e da Creative Commons - o que garante maior segurança ao direito autoral e à política de distribuição - o aplicativo é considerado um dos mais avançados na área. Ele poderá ser usado por cidades que tenham um mapa territorial e registros de boletins de ocorrência digitalizados. A partir da análise do mapa e dos boletins, o "Terra Crime" permitirá o monitoramento e facilitará o controle da criminalidade em ambiente urbano. A grande novidade do programa é a visualização ágil de estatísticas sobre crimes. Hoje, muitos locais já contam com aplicativos que registram as ocorrências e formam coordenadas cartográficas num mapa digital. Cada ocorrência de crime aparece como um pontinho na tela. O software foi desenvolvido com tecnologia nacional, resultado do trabalho conjunto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Senasp e Presidência da República. No total, os investimentos para o desenvolvimento do "Terra Crime" foram de cerca de R$ 100 mil, valor abaixo do mercado, por conta da utilização de software livre O programa já pode ser instalado em 35 cidades, dentre as quais o Rio de Janeiro, Manaus, São Paulo, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Cuiabá, Goiânia e Campinas. Projeto piloto do programa já foi implantado em Porto Alegre. Novidades em software livre A reunião do CISL não se restringiu aos anúncios de migração. Muitas novidades foram levadas aos integrantes do Comitê. A primeira delas foi o site do governo federal dedicado à divulgação das atividades que envolvem a implantação do código aberto na estrutura governamental (www.softwarelivre.gov.br). O site, administrado pelo Serpro, possui área para desenvolvimento compartilhado, com códigos fontes que podem ser baixados, utilizados e melhorados. Também foram divulgados os endereços dos sites "Colaborar" (http://colaborar.softwarelivre.gov.br), que tem a tarefa de reunir os esforços em software livre, na esfera federal, estadual e municipal, e o do "Interagir" (http://interagir.softwarelivre.gov.br), plataforma na web que implementa gerenciador de documentação, base de conhecimento, grupo de discussão e espaço para o debate e desenvolvimento de projetos. Essas características possibilitam que várias pessoas, mesmo separadas geograficamente, interajam criando conteúdo. Os membros do Comitê puderam conhecer as licenças CC-GNU e CC-GNU LGPL que asseguram as quatro liberdades básicas do software livre: usar, estudar, melhorar e redistribuir o código-fonte. E também os estudos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações – Cepesc sobre a distribuição "GNU/Linux Seguro". A solução será usada exclusivamente na estrutura pública. Sobre o projeto Linux Seguro, o presidente do ITI, Sérgio Amadeu, esclareceu durante o encontro do Comitê que a intenção do governo não é criar uma distribuição do GNU/Linux mas sim tornar disponível um kernel auditado para utlização pública. Segundo Amadeu, "o grande problema do software proprietário é que os códigos não podem ser auditados, o que compromete sua credibilidade". Eleições no Comitê Gestor da Internet Elei2004 será ano de eleições também no Comitê Gestor da Internet. Pela primeira vez desde sua criação, em maio de 1995, o Comitê terá representantes da sociedade civil que serão eleitos e participarão diretamente das deliberações do órgão. De acordo com o Decreto 4.829/2003, o Comitê é composto por 21 membros. Nove são indicados pelo governo Federal, um pela diretoria do Fórum Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência e Tecnologia e 11 são eleitos, sendo quatro do setor empresarial, quatro do terceiro setor e três da comunidade científica e tecnológica. Os membros serão escolhidos em colégio eleitoral formado por entidades e representantes de cada segmento. As eleições serão realizadas via internet utilizando-se certificados digitais da ICPBrasil. O processo será implantado pela Registro.br, instituição responsável pelo registro de domínios da web no Brasil, com a orientação técnica do ITI - Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Pelo calendário eleitoral, as inscrições dos candidatos deverão ocorrer na segunda quinzena de abril e o resultado estará publicado até 31 de maio. Mais informações sobre o processo estão disponíveis no site www.softwarelivre.com.br "Os programas de código aberto e o software livre consolidam um conceito abrangente e flexível de propriedade intelectual na sociedade da informação" diz o embaixador Almir Barbuda. A reunião do Comitê encerrou com a discussão em torno da participação do Governo Federal no V Fórum Internacional de Software Livre, que acontecerá em Porto Alegre, em junho, e da agenda do Comitê para 2004. Política pública O impulso que os ministérios deram aos seus programas de migração encontra respaldo na decisão do governo Federal de transformar a adoção do software livre numa política pública da atual gestão. Em diversas ocasiões, autoridades de peso deixaram claro esta decisão. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse no final do ano, durante o IV Fórum do Planalto, promovido para discutir o desenvolvimento com distribuição de renda, que a adoção do software livre faz parte do conjunto de políticas estruturantes do Governo Federal. Dirceu afirmou que se trata de uma iniciativa com amplo apoio do Poder Legislativo ao lembrar que os presidentes do Senado Federal, José Sarney, e da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, são entusiastas da idéia. Fora do Brasil, o interesse do governo pelo software livre é reforçado pelo Itamaraty. Poucos dias antes da realização da I Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação, em Genebra, o subsecretário-geral do serviço exterior do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Almir Barbuda, antecipou a posição da delegação brasileira em favor da plataforma livre. Apoiando a universalização de acesso e o livre fluxo de informação e de conhecimento, o país defendeu na Cúpula a necessidade de novos mecanismos de transferência de tecnologia. Para o embaixador, o debate remete a um novo modelo de governança da internet multilateral, transparente e democrático. "Os programas de código aberto e o software livre consolidam um conceito abrangente e flexível de propriedade intelectual na sociedade da informação", disse Almir Barbuda. Durante a Cúpula, o ministro interino das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, confirmou a posição brasileira. Para o ministro, as tecnologias da informação e a internet oferecem à humanidade oportunidade inédita em sua história de universalizar o acesso à informação ao permitir a apropriação do conhecimento por todos. "As aplicações das tecnologias da informação em áreas como saúde, educação e trabalho poderão contribuir para que muitos países venham a superar etapas de desenvolvimento, promovendo o crescimento econômico e a justiça social". Levando o tema da plataforma livre à Cúpula, o ministro lembrou que a produção e ocompartilhamento do conhecimento em TI se dão por meio do software. "O Brasil vê o software livre como emblemático da Sociedade da Informação e de uma nova cultura de solidariedade e compartilhamento, um instrumento para garantir o acesso e o domínio por todos dessa linguagem universal", disse. Para o ministro interino das Relações Exteriores, o desenvolvimento do software livre necessita ser estimulado pelos governos, segmentos do setor privado e pela sociedade civil. social TELECENTROS LEVAM INTERNET À PERIFERIA DE SÃO PAULO Internet para todos Projeto e-cidadania da Prefeitura de São Paulo leva computador às áreas mais pobres da cidade A cidade de São Paulo está liderando a luta no combate à exclusão digital. O e-cidadania, plano de inclusão digital da Prefeitura, está levando a tecnologia da informação a 300 mil pessoas por meio de 105 telecentros nas áreas mais carentes da cidade. Os telecentros são espaços públicos com computadores e internet, com conexão em banda larga, onde são oferecidos cursos de informática básica e oficinas especiais. A gerência de cada unidade, que possui entre 10 e 20 estações de trabalho, é feita pela própria comunidade por meio de um conselho gestor. "O programa é um sucesso", comemora a coordenadora Beatriz Tibiriçá. "Escolhemos regiões onde o programa possa contribuir para mudar a realidade da população desses locais". O sucesso do e-cidadania atravessou o Oceano Atlântico. A iniciativa foi um dos destaques apresentados pela delegação brasileira durante a I Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, realizada em Genebra, no final do ano passado. O objetivo dos telecentros vai além da tentativa de diminuir os índices de exclusão digital. Sua abrangência também compreende a capacitação profissional, a disseminação do uso do software livre, a requalificação de espaços comunitários e a divulgação do jornalismo comunitário. Os usuários dos telecentros podem se inscrever, gratuitamente, para fazer cursos de introdução à informática e utilizar os softwares livres disponíveis nas unidades. O curso tem duração de 20 horas – duas horas por dia, de segunda a sexta-feira e quatro horas - no sábado. Segundo Beatriz Tibiriçá, desde o início do projeto, em junho de 2001, cerca de 70 mil pessoas já se formaram nos cursos oferecidos nos telecentros. Do total de computadores em cada telecentro, 75% são usados para os cursos oferecidos; os 25% restantes são de uso livre. O uso livre tem uma freqüencia média de 5 mil pessoas por semana. Neste espaço livre, o usuário pode tudo – menos acessar conteúdos pornográficos. Democraticamente, desenvolvem atividades que normalmente fazem parte do cotidiano de pequena parcela de brasileiros com acesso ao computador e à internet: navegar livremente pela web, fazer pesquisas, ler notícias, participar de salas de bate-papo, jogar online, digitar documentos e currículos, enviar e-mails, etc. Quem já tem prática em informática pode participar das oficinas de criação de sites, jornalismo comunitário, história da comunidade e processamento de imagens (veja box). Os benefícios dos telecentros não se restringem à capacitação. "O Telecentro Cidade Tiradentes ajudou na recuperação do conjunto comercial da Cohab local, que hoje oferece serviços à população", relata Beatriz. A unidade de Tiradentes, foi a primeira a ser instalada em junho de 2001. O critério dos locais de implantação seguiu o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade, segundo dados do Mapa da Exclusão/Inclusão Social, elaborado em 2000 pela PUC/SP, Instituto Pólis e Inpe. Foram escolhidas as regiões de pior qualidade de vida e menor presença do Estado. Os telecentros são espaços públicos com computadores e internet, conectados em banda larga. o conselho gestor da comunidade é responsável pela gerência dos telecentros. Dos 107 Telecentros, 53 são conveniados e 52 são administrados diretamente pela Prefeitura. As unidades do governo funcionam em prédios públicos que estavam abandonados ou subutilizados. Nas localidades onde a Prefeitura não possuía locais próprios, foram feitas parcerias com organizações não governamentais. Nestes casos, o Poder público é responsável pelos equipamentos, o pagamento dos funcionários e a verba de manutenção. A parceria com a sociedade civil anima o poder público a ampliar o e-cidadania. "Nosso objetivo, este ano, é construir mais 23 telecentros, aprimorando o relacionamento da rede com as populações, oferecendo serviços diferenciados e incentivando projetos locais", antecipa Beatriz Tibiriçá. Software Livre Para garantir a implantação do maior número de telecentros possíveis, a Prefeitura adotou a estratégia do baixo custo. Dados da Coordenadoria do Governo eletrônico de São Paulo mostram que as unidades próprias custam R$ 130 mil, enquanto que a construção de um telecentro chega a R$ 275 mil. Computador sem disco rígido, com uma configuração básica, que tem sua manutenção feita por meio de um servidor. Os programas também rodam pelo servidor. Em 2002, foram gastos R$ 2 milhões com a compra de 1.600 computadores 'thin client' e 80 servidores para 80 telecentros da prefeitura. Este baixo custo foi possível graças à opção pelo software livre. Além de economizar com o programa em si (não pagando licenças de uso, já que eles podem ser baixados da internet), a opção pelo software livre permite o uso de thin clients nos telecentros. Nas estações de trabalho, foram instalados o sistema operacional GNU/Linux, a interface gráfica Gnome, o programa de produção de desenhos G-Paint e o pacote openoffice.org. Esta configuração permite o acesso gratuíto ao processador de textos OpenWriter e à planilha de cálculo OpenCalc. Todos os aplicativos são de fácil manuseio e similares aos programas existentes no sistema operacional Windows. Caso os programas usados nos equipamentos das unidades não fossem softwares livres, o custo dos telecentros aumentaria em pelo menos 50%. A opção pelo software livre permite a aquisição de computadores com hardware de menor capacidade, menos potentes, portanto mais baratos, tendo um aproveitamento igual a hardwares superiores, mais caros, utilizando plataformas não-gratuitas. Além de divulgar o uso de plataformas livres, o programa colabora no combate à pirataria. Os técnicos orientam os usuários a trocarem seus programas piratas por softwares livres GNU/Linux. Também podem levar seus computadores ao telecentro mais próximo e trocar os programas irregulares instalados no computador. Com a troca, os usuários têm direito, inclusive, à assistência técnica gratuita. A Coordenadoria do Governo Eletrônico inicia, em março de 2004, a distribuição de seu pacote de programas em Linux, batizado de Sacix. É o mesmo conjunto de programas utilizados nos 105 telecentros em funcionamento na cidade. A distribuição dos CDs será feita nas unidades mas também estará disponível na página www.telecentros.sp.gov.br Beatriz Tibiriçá diz que desde o início do projeto, em junho de 2001, cerca de 70 mil pessoas já se formaram nos cursos oferecidos nos Telecentros. As Oficinas O mais forte vínculo dos Telecentros da Prefeitura de São Paulo com os usuários são as oficinas de informática, que oferecem atualmente. Conheça algumas delas: Comunicação comunitária – Grupo de comunicadores locais que publicam histórias das comunidades que integram os telecentros. O projeto visa a atualizar sites noticiosos voltados para as comunidades. Durante os encontros, os participantes são incentivados a ler e escrever. Também entram em contato com as técnicas básicas do jornalismo e debatem as questões éticas que envolvem o trabalho de um comunicador responsável. Os grandes desafios do grupo de comunicadores locais são manter o veículo de comunicação atualizado, mesmo depois de terminada a oficina, e envolver a comunidade, em geral, neste projeto de comunicação. Pesquisa na Rede: Conexão de Saberes - Realizar uma pesquisa na internet tem um significado muito mais amplo do que acessar sites de busca. O objetivo desta oficina é transformar esta busca em oportunidade de aprendizado. Como a busca de informações é apenas o primeiro passo, os participantes são incentivados a gerar conhecimentos e organizar ações coletivas a partir de pesquisas colaborativas na rede. A oficina foi criada para que os participantes compreendam o caráter colaborativo da internet e para estimular o auto-aprendizado. Criação de Sites - Grupo que permite aos usuários dos Telecentros criarem e manterem sites na internet, disseminando informações e gerando conhecimentos. A oficina apresenta conceitos de transmissão e publicação de dados via internet, comandos básicos da linguagem XHTML e noções de navegação e comunicação na web, ou seja, ajuda a descobrir como é construído um bom site na internet. A oficina visa transformar consumidores de conteúdos em participantes ativos da Internet e produtores de informação. Educação Ambiental – A oficina estimula o desenvolvimento da consciência sobre questões locais. Os participantes são capacitados a ler mapas, a localizar o telecentro e suas redondezas, o que permite a realização de diagnósticos georreferenciados e a montagem de projetos de intervenção direta no meio. Pretende, também, construir uma rede de informações ambientais, aproveitando a Internet para agilizar e ampliar a comunicação dos participantes. Arte Digital - A oficina mostra que o mundo das artes visuais e o uso de ferramentas de manipulação, edição e produção de imagens digitais são acessíveis a pessoas comuns. Aborda noções de tratamento de imagens, tópicos da história das artes visuais, conceitos de estética e de trabalho colaborativo em rede. Obras emblemáticas de movimentos artísticos são analisadas e discutidas à medida em que os participantes produzem suas próprias imagens. Ao final do projeto, será possível montar uma galeria virtual com pelo menos cinco obras de cada participante. Serviços Públicos na Internet - Em algumas situações, já não é mais necessário ir até uma repartição pública para fazer uma solicitação ou reclamação, retirar um formulário ou pedir a segunda via de um documento. No entanto, poucas pessoas sabem disso ou como utilizar esses serviços na internet. Por isso, foi implantada a oficina Serviços Públicos na internet que tem como objetivo divulgar e, incentivar, nos Telecentros, a utilização dos serviços e informações públicas disponíveis na web. Na oficina, discute-se a importância da prestação de serviços pelo Poder público, apresentam-se alguns sites e explica-se o funcionamento dos serviços públicos na internet em especial, aqueles disponíveis no Portal da Prefeitura e no site do SAC – Sistema de Atendimento ao Cidadão. social SERPRO LEVA INCLUSÃO DIGITAL A SÃO GONÇALO - RIO DE JANEIRO Serpro solidário Empresa leva projeto de inclusão digital a São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Uma Sociedade Global de Informação Inclusiva é aquela em que todas as pessoas, sem distinção, estão habilitadas livremente para criar, receber, compartilhar e utilizar informação e conhecimento para seu desenvolvimento econômico, social e político. A definição é encontrada em diversos documentos do Comitê Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da ONU. O contexto imaginado é uma sociedade onde todos, especialmente os menos favorecidos, tenham acesso à informação para seu crescimento pessoal e profissional. O governo brasileiro está engajado neste desafio por meio do projeto IPT – Informática Para Todos. Diversos órgãos da administração federal foram mobilizados em torno da inclusão digital. O Serpro adotou como estratégia o desenvolvimento de projetos em parceria com entidades governamentais, empresas privadas e com a sociedade civil organizada, na forma de Associações, Sindicatos, Fundações e ONG’s. Por meio de contrato de comodato, a Empresa equipa estas entidades com microcomputadores e redes locais, além de formar mão-de-obra especializada para monitoria de cursos de informática. "O IPT tem como finalidade contribuir para ampliação da democracia participativa, através do estímulo à cidadania como capacidade de ação dos diferentes atores políticos", explica a gerente Ana Cristina Leitão, responsável pelo projeto na Regional do Serpro no Rio de Janeiro. Além de colaborar na construção da cidadania, o projeto oferece a capacitação e a requalificação de jovens e adultos, estejam eles inseridos ou não no mercado de trabalho. Um dos exemplos mais ricos onde o IPT saiu do papel para a realidade foi na cidade de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Em parceria com o Centro de Estudos Brasil - África, ONG criada há quase 30 anos, que atua há 28 anos no Município de São Gonçalo/RJ, o Serpro operou projetos voltados às comunidades carentes. Coube à Empresa ceder os equipamentos e, em parceria com a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, instalar o "Governo eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão". Com o Gesac, as comunidades têm acesso a serviços e informações do governo Federal por meio da Internet, via satélite. Chamados de Telecentros, os núcleos do Projeto IPT foram abertos na Fundação Menino Jesus de Praga, que fica no bairro Engenho do Roçado, e no Shopping Corcovado, no centro de São Gonçalo. Nesses núcleos, serão ministrados cursos básicos de software livre e palestras de Direito Constitucional, Estatuto da Criança e do Adolescente e Saúde Familiar. Todos os alunos terão certificados fornecidos pelo Núcleo de Estudos Tecnológicos, empresa privada, reconhecida pelo Ministério da Educação. O próximo Telecentro será instalado em parceria com a entidade Centro Pró-Melhoramento, no Bairro do Porto Novo. segurança PESQUISA NACIONAL REVELA CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO Responsabilidade e Transparência Pesquisa nacional de segurança aponta maior preocupação dos gestores em atender às exigências da legislação O ano de 2004 começou com transformações significativas na postura adotada pelos executivos de organizações governamentais e privadas em relação à Tecnologia da Informação. A explicação para essas mudanças está no surgimento de normas, legislações e regulamentos de segurança que afetam todos os segmentos do mercado. "A segurança está deixando de ser técnica para ser normativa", diz Fernando Nery, da Módulo Security, ao divulgar os resultados apontados pela 9ª Pesquisa Nacional de Segurança da Informação, realizada em 50% das mil maiores empresas brasileiras. A pesquisa apontou que as principais mudanças foram resultado do arcabouço técnico-legal, desenhado nos últimos dois anos por diferentes reguladores, e no qual destacam-se o Decreto 4553, do Governo Federal, a Resolução 2554, do Banco Central, o certificado ISO 17799, a Regulamentação da ICP-Brasil, a Resolução 358 da Comissão de Valores Mobiliários e o - Control Objectives for Information and related Technology. Para Fernando Nery, o mercado apresenta uma tendência de maior responsabilização e transparência nas relações corporativas. A regulação da segurança em tecnologia da informação no país segue a tendência mundial de aumentar a responsabilidade civil dos administradores, particularmente dos gestores de atividades governamentais, de bancos ou companhias de capital aberto. A implantação do novo Código Civil é um exemplo de como este novo tipo de conceito já passou a ser adotado no país. "Teremos mais mudanças. Muitos departamentos jurídicos e de segurança da informação têm se movimentado para orientar os gestores", revela Nery. O advogado Gilberto Martins de Almeida diz que a edição de medidas legais aumenta a pressão sobre os administradores. "Caso eles não as usem, poderão ser responsabilizados por negligência, tendo que arcar com seu patrimônio pessoal para ressarcir as conseqüências de tal negligência", alerta. Em compensação, os administradores terão também maior respaldo cível e criminal para proteger as empresas contra crimes e fraudes, pois as novas leis garantem a efetivação das indenizações e a execução das punições previstas. A expectativa, hoje, é em torno da aprovação do Projeto de Lei 84/99, que tipifica os crimes de informática, ainda este ano. "As condutas ilícitas ficarão mais claras e precisas. Acredito que teremos uma grande movimentação nos tribunais porque as discussões sobre segurança e culpa (negligência, imprudência e imperícia) serão intensas", diz o advogado Renato Opice Blum, professor de Direito Eletrônico da Fundação Getúlio Vargas. Segurança da Informação no Governo Federal Com o incremento dos serviços públicos disponíveis na internet, aumentou a preocupação do governo com a segurança da informação. Ao mesmo tempo em que agiliza o cumprimento de tarefas burocráticas e proporciona conforto e satisfação ao cidadão, o avanço trouxe novos riscos e ameaças para os sistemas do país. "Neste cenário, o principal desafio da segurança da informação está em como disponibilizar informações íntegras, confiáveis e com confidencialidade, sem expor, desnecessariamente, a privacidade de pessoas e organizações", diagnostica João Rufino, especialista em segurança da informação. Para enfrentar mais este desafio, o governo implantou o Comitê Gestor da Segurança da Informação (CGSI), criado pelo Decreto 3.505, de 13 de junho de 2000. "Nesses mais de três anos de funcionamento, o Comitê baseou sua atuação nos objetivos da Política Nacional de Segurança da Informação, nos órgãos e entidades da administração pública federal", explica João Rufino, que faz parte do CGSI. Dentre as ações promovidas pelo Comitê, neste período, o especilista destaca a criação de normas de segurança da informação para sites da Internet e de classificação de ativos, os estudos para criação de um centro de resposta a incidentes, a regulação da criptografia comercial e edição de normas técnicas, a legislação de interesse do setor, entre outros. Agora, o Comitê concentra-se num minucioso planejamento para a implementação de novas medidas que aperfeiçoem a segurança da informação no ambiente governamental. "O que hoje é considerado como seguro, amanhã pode ser vítima de uma nova tecnologia. É preciso pensar sempre no aprimoramento das medidas já implementadas", diz. "A segurança está deixando de ser técnica para ser normativa e atender às exigências da legislação”. Fernando Nery, da Módulo Security A implementação do Centro de Tratamento de Incidentes em Redes de Computadores (CTIR/Gov) está nos planos do Comitê. "No Brasil, o governo Federal responde por uma grande parte do tráfego de informações on-line. Os ataques a ambientes de rede estão se tornando cada dia mais freqüentes e chegamos a conclusão de que é necessário centralizar em um único local o atendimento a incidentes de segurança", revela. Rufino considera importante a disseminação da cultura da segurança no governo. "Após alguns anos de aplicação de programas voltados para a segurança da informação nos setores público e privado, percebemos que a prevenção e segurança não fazem parte da nossa cultura. Temos que buscar a articulação com os diversos setores da sociedade para melhorar o conhecimento dela sobre o tema", propõe. tecnologia SERPRO BUSCA TERCEIRO NÍVEL EM CMM Em busca do terceiro nível Serpro investe nos processos de desenvolvimento para aumentar sua capacitação em CMM De um lado, uma das maiores empresas públicas de tecnologia da informação e comunicações da América Latina. Do outro, um dos mais respeitáveis centros de pesquisas científicas do país. No centro das negociações, uma ferramenta capaz de impulsionar o processo de desenvolvimento de softwares para o setor público. Este é o cenário da negociação entre o Serpro e a UFRJ, por meio da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe), em torno da utilização da ferramenta Taba, desenvolvida para melhoria do processo de fabricação de softwares em conformidade com o modelo Capability Maturity Model – CMM. Concluído o projeto básico, as negociações caminham para a formalização de um contrato que, caso seja efetivado, promete agregar valor às duas partes. Para o Serpro, além da incorporação de uma nova ferramenta, a principal vantagem é o custo. Por ser uma instituição pública, os preços da UFRJ não incluem lucros. Para a Coppe, a vantagem é testar seu aplicativo em uma empresa de tecnologia em ambinente de grande porte. "A estação Taba pode ser muito útil ao Serpro na customização do seu processopadrão", avalia Ricardo Pupo Moreno, coordenador do Programa Serpro de Melhoria do Processo de Desenvolvimento de Software – PSMPES. A ferramenta pode apoiar os processos de qualificação da Empresa no nível 3 do CMM, desde que seja customizada para atender às necessidades específicas do Serpro. A expectativa é que a UFRJ desenvolva formas mais simplificadas e ágeis de adaptar o Processo Serpro de Desenvolvimento de Soluções (PSDS) ao processo de qualificação em CMM. A julgar pelo entusiasmo da Coppe, este entendimento está muito próximo. "A certificação em CMM é muito importante porque aumenta a credibilidade das empresas no mercado. E a ferramenta Taba pode ajudar o Serpro neste processo", garante a professora Ana Regina Cavalcanti Rocha. Certificação de softwares De fato, a certificação em CMM é um dos requisitos de qualificação de uma empresa no mercado. Com a crescente exigência dos clientes em relação à qualificação das empresas, dos seus funcionários, processos e soluções, o reconhecimento de uma instituição de credibilidade passou a ser imperativo para as conquistas de mercados. A tendência mundial é de investimento na melhoria do processo de software para aumentar a qualidade, a produtividade e a previsibilidade dos resultados finais. Neste cenário, as empresas não poupam esforços no aperfeiçoamento dos seus processos de desenvolvimento por meio da adesão a modelos consagrados pelo mercado. A escolha do Serpro recaiu sobre o CMM, criado pelo Software Engineering Institute, da Carnegie-Mellon University, Estados Unidos. O CMM se organiza em cinco níveis de maturidade (veja Box). A certificação é um referencial que cresceu junto com o aperfeiçoamento da indústria de software. "Como os engenheiros de Sistema têm à disposição um arsenal de técnicas, métodos e ferramentas para o desenvolvimento de aplicações que permitem agregar uma infinidade de funcionalidades ao produto de software, para atender às necessidades do cliente, estes estabelecem critérios cada vez mais refinados de qualidade para o produto final", explica Pupo Moreno. Para atender à crescente demanda de seus clientes, a Empresa implantou o PSDS com o objetivo de organizar os processos de desenvolvimento que levem aos níveis maiores de maturidade estabelecidos pelo CMM. A avaliação é feita por unidades da Empresa. "Devido à complexidade do ambiente de desenvolvimento da Empresa, a implantação do PSDS foi subdividida em etapas. Algumas unidades já obtiveram a certificação no nível 2 e estão trabalhando para atingir o nível 3, enquanto outras deverão atingir o nível 2 este ano", relata Pupo Moreno. Depois de ser a primeira empresa de governo na América Latina a ter certificação CMM no nível 2, a meta do Serpro, para este ano, é que pelo menos três unidades cheguem ao nível 3. Os esforços da qualificação CMM iniciaram-se em meados de 2000, com a criação do Programa de Modernização do Desenvolvimento, com o objetivo de manter níveis de qualidade e aperfeiçoamento dos processos, capacitando a Empresa a atingir o nível 2 das práticas do CMM (Capability Maturity Model). Atualmente, os processos de certificação estão sob a responsabilidade do PSMPES. Os níveis do CMM Nível 1 (Inicial): o processo de software é caracterizado como aleatório e, ocasionalmente, até caótico. Poucos processos estão definidos e o sucesso depende de esforços individuais e heróicos. Por definição, todas as empresas não avaliadas estão no nível 1; Nível 2 (Repetível): os processos básicos de gerenciamento de projetos estão estabelecidos para acompanhar custo, cronograma e funcionalidade. A necessária disciplina de processo está implantada para repetir os sucessos anteriores em projetos similares. Nível 3 (Definido): os processos de gerenciamento e de engenharia estão documentados, padronizados e integrados num processo padrão da Organização. Todos os projetos usam uma versão customizada, aprovada, do processo de software padrão da Organização para desenvolvimento e manutenção de software. O sucesso passa a depender de bons processos. Nível 4 (Gerenciado): medições detalhadas do processo de software e qualidade do produto são coletadas. O processo de software e os produtos são quantitativamente entendidos e controlados. Nível 5 (Otimização): a melhoria contínua de processo é possível pelo retorno quantitativo dos processos e dos pilotos de idéias e de tecnologias inovadoras. tecnologia AS NOVIDADES NO SITE DA RECEITA FEDERAL Para melhor Mudanças no site da Receita Federal melhora a qualidade dos serviços e a interatividade com o contribuinte O site da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br), conhecido pelos serviços que presta ao contribuinte e pelos prêmios que recebeu no Brasil e no exterior, está com novidades. A principal é a facilidade e a agilidade quanto ao acesso às informações, com economia de toques. Seu conteúdo mostra-se bem organizado e estruturado, possibilitando ao usuário obter a informação desejada com rapidez. Na nova versão do site, a página inicial apresenta três grupos de informações divididos em categorias. Localizados na parte superior, estes grupos de informação estão disponíveis em toda as páginas do site, constituindo-se em uma referência para a navegação. Consequentemente, o acesso às informações mais relevantes estará sempre disponível, transmitindo ao usuário a certeza de que está trabalhando no site da Receita Federal e proporcionando maior facilidade e agilidade na localização dos assuntos. O grupo 1 apresenta os assuntos disponíveis no site categorizados segundo os três grandes segmentos temáticos da Secretaria da Receita: contribuintes, empresas e Comércio Exterior. No grupo 2, o usuário pode obter informações ou se comunicar com a Receita por meio dos links institucionais. O grupo 3 disponibiliza uma categorização diferenciada, possibilitando ao usuário um acesso direto aos serviços mais utilizados no site, dentre eles a consulta à legislação. Para poder oferecer os mais diversos serviços, desenvolve-se um constante trabalho de atualização e modernização do site entre a Receita Federal e o Serpro. O trabalho envolve 40 atualizações diárias nas aplicações desenvolvidas no site, dentre as quais, o Sicalc – que permite o cálculo e emissão de documentos de arrecadação fiscal, a consulta à restituição do Imposto de Renda, a emissão de certidão negativa e de declaração de isentos. Receita Virtual Para melhorar a interatividade e a qualidade dos serviços prestados via internet foi instituído o projeto Receita Federal Virtual. O projeto envolve, além da definição de normas e padrões básicos, a reestruturação do site, tornando o acesso mais rápido, eficiente e moderno e adequado ao ambiente de pagamentos de tributos. Uma das novidades do Receita Virtual é a certificação digital como norma de segurança no processo de troca de informações entre o contribuinte e o site. Para isso, a Secretaria instituiu o Serviço Interativo de Atendimento Virtual, com tecnologia que certifica a autenticidade dos emissores e destinatários dos documentos eletrônicos, assegurando sua privacidade e inviolabilidade. Determinados serviços estão utilizando certificados de equipamento/servidor emitidos dentro dos critérios estabelecidos pela infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP. O certificado que possibilita o estabelecimento de conexão segura com os equipamentos da Receita Federal, garantindo que o serviço está sendo prestado pela Instituição. Dessa forma, o usuário está seguro de que as informações enviadas serão dirigidas ao site da Receita Federal e somente por ela serão utilizadas. De acordo com dados estatísticos fornecidos pelo Serpro, a quantidade média de acessos feitos à página Principal do site da Receita Federal foi, neste ano, de 529.039 acessos, em janeiro, e 511.913 em fevereiro. O volume demonstra que o site vem recebendo um retorno bastante positivo da sociedade. O reconhecimento é confirmado por várias indicações e prêmios recebidos, dentre os quais, o Ibest (1999, 2000, 2001, 2002, 2003); TOP de Internet 97, da ADVB; "Experiências Inovadoras no Serviço Público" – Mare; Conip (1998 e 2000); Sucesu; "Hélio Beltrão 98", MARE (Seap) e Melhor Site de Serviços Públicos da INFO (INFO 2000). Mais recentemente, em outubro de 2003, o site da SRF foi escolhido entre os cinco melhores projetos digitais do mundo na categoria e-government do prêmio internacional "World Summit Award (WSA)". O prêmio é conferido pela Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, entidade organizada pela ONU e pela UIT (União Internacional de Telecomunicações). Uma história de vanguarda O site da Receita Federal está sempre na vanguarda e registra marcos na evolução do relacionamento, por meio eletrônico, do governo com a sociedade. Como em 1998, quando foi disponibilizado o serviço on-line de preenchimento e envio do formulário de confirmação do CPF para os cidadãos isentos do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (Declaração de Isento). Em 1999, foi disponibilizada a Declaração Simplificada On-line, permitindo o preenchimento e o envio da declaração de Imposto de Renda Pessoas Físicas com patrimônio reduzido, diretamente do site da Receita Federal, sem necessidade de utilização de formulários. A partir de 2000, foram agregados inúmeros serviços, como a verificação da situação fiscal do contribuinte, cópia de declarações, cadastro de representante legal, Siscomex Exportação, Mantra, consultas e pagamentos, além de acompanhamento de processos, acesso ao Siscomex e atualização e cadastramento das bases pessoa física e de pessoa jurídica por meio de download. tecnologia SOLUÇÕES QUE GARANTEM EFICIÊNCIA A SISTEMAS DE GRANDE PORTE On line e seguro Soluções tecnológicas garantem segurança e eficiência aos sistemas gerenciados pelo Serpro Como ratear o custo de armazenamento por departamento e, ao mesmo tempo, garantir uma cobrança justa, sem duplicidade de documentos, que contemple apenas a porcentagem real do espaço em disco utilizado? Como dispor de uma visualização completa de todos os dados armazenados em discos e assegurar o gerenciamento eficiente dos volumes de aplicações? Imagine as respostas a estas perguntas diante de um ambiente tecnológico equivalente a 25 milhões de disquetes, ou 26 terabytes, usados por centenas de empresas. O Serpro, Empresa Pública de prestação de serviços em Tecnologia da Informação e Comunicação, que administra a maior rede e a maior base de dados do país, não apenas tem a resposta como sabe exatamente onde está armazenado cada arquivo e qual a área responsável por ele. São 1,7 mil equipamentos distribuídos em mais de 330 localidades, capazes ou, que suportam 50 mil usuários/dia e 220 milhões de transações por mês, com 11 terabytes de dados armazenados em mainframe e 15 terabytes, em ambiente distribuído Desenvolvida em parceria com a Computer Associates (CA), a solução traz mais segurança e agilidade no tratamento das informações dos sistemas da Empresa. Não é pouca coisa. O Serpro gerencia várias atividades estratégicas e de missão crítica do governo, tais como o Siscomex – sistema que soma 25 mil usuários ligados às atividades de importação e exportação – o Comprasnet, que permite a realização de compras governamentais via internet e o popular Receitanet, programa de envio da declaração de Imposto de Renda via web, que chega a receber 250 mil acessos simultâneos. Também é a rede de comunicação do Serpro que armazena os códigos de Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam) de todos os veículos fabricados no país. "O acesso aos dados talvez seja o ponto mais crítico da Tecnologia da Informação. Ter um efetivo controle e gerenciamento do ambiente storage é uma condição para aumentar a segurança e minimizar erros, explica Cíntia Duarte de Lima, do Serpro. Ela garante que este controle é mais do que uma necessidade, é uma premissa para viabilizar toda essa operação. Por conta dessa eficiência é que o Brasil está entre um dos únicos países do mundo a ter uma visão em tempo real da balança comercial. Os dados armazenados são tantos e tão críticos que a Empresa já mantém, há bastante tempo, uma equipe responsável pelo gerenciamento de storage. "Sempre fizemos administração de armazenamento para contabilizar os recursos por área", revela Leandro Carneiro Lima, gerente de projetos do Serpro. Com o crescimento do volume de dados, foi necessário automatizar a administração de storage. O desafio foi buscar uma solução única e completa, que possibilitasse o gerenciamento, o controle e a segurança do ambiente. A solução do mercado que atendeu às necessidades do Serpro foi o BrightStor Vantage, da Computer Associates, que garante a disponibilidade dos espaços em discos durante o processamento da produção através de recursos de automação (ações ou alertas). Auxilia , ainda, no planejamento e projeção, na resolução de problemas e controle de alocação de arquivos. Com a ferramenta, o Serpro passou a ter uma visualização completa dos volumes de discos de todos os ambientes mainframes de um único ponto. Esses recursos aumentam a confiabilidade do administrador de storage, ao identificar tendências de utilização que podem causar problemas futuros. "Com a solução BrightStor Vantage, conseguimos obter um alto nível de controle de conhecimento do que efetivamente está sendo usado, o que nos permite uma gestão do recurso de maneira mais eficiente. Não compramos espaço a mais em disco, nem de menos. Também passamos a ter condições de fazer um planejamento mais acurado e uma gestão de custo mais eficiente com um número menor de profissionais envolvidos", esclarece Duarte de Lima. O Serpro também ganhou tempo no acesso aos dados e passou a ter o número exato de quanto cada departamento utiliza de espaço de armazenamento, o que possibilita o rateio de storage. A solução BrightStor Vantage gera ainda relatórios online e faz a administração centralizada dos volumes de disco em tempo real. A ferramenta também faz a projeção de crescimento do ambiente de produção e Banco de Dados. Vencendo dificuldades O ambiente mainframe, onde 40% das aplicações do Serpro são processadas, vem requerendo sucessivas demandas por espaço em disco. Este processo é crescente e acompanha a implantação de novas aplicações e a expansão dos negócios da Empresa. O gerenciamento dos discos exige uma atuação sistemática, muitas delas de formas manuais, como desfragmentar volumes, liberar espaços dos arquivos alocados, de forma superdimensionada, eliminar arquivos expirados/descatalogados (não-catalogados) /duplicados, backups, entre outras ações. A tarefa de acompanhar diariamente estes recursos sem uma solução integrada era complexa. O controle de direcionamento de alocação dos arquivos e o gerenciamento consolidado dos discos/arquivos de todos os mainframes também são atividades fundamentais para a Instituição. Pensando nisso, e consciente de que adquirir mais espaço em disco não era a solução para os administradores de storage, em 1998, o Serpro procurou uma solução de gerenciamento detalhado. O objetivo era implantar um sistema capaz de, não apenas, administrar o armazenamento, mas disponibilizar informações para todos que utilizam o seu espaço sobre o que representa cada byte de dados gravado na composição do custo total do serviço prestado. "Temos bases muito volumosas, o que exige um gerenciamento forte. Como há cinco anos o uso da plataforma baixa era reduzida, o foco foi adotar uma ferramenta de gerenciamento de dados para mainframe, onde sempre houve o conceito de Storage consolidado, ou seja, com CPU de um lado e dados em outro", explica Leandro Carneiro Lima, gerente de projetos do Serpro. Como um prestador de serviço de Tecnologia da Informação, outro problema do Serpro era compor o custo de cada atividade. Manualmente, era praticamente inviável calcular o que representava o espaço utilizado em Storage no custo total dos serviços prestados para o Denatran (responsável pela emissão do código Renavam), por exemplo. Outra dificuldade para fazer o rateio do custo e o gerenciamento efetivo de storage era a falta de padrão dos dados armazenados na rede do Serpro. "Para garantir a gerência automática, nossa equipe trabalhou para padronizar o ambiente. Esta padronização era uma premissa para implantar a solução BrightStor Vantage", lembra Reinaldo Franco, chefe do Setor de Administração de Armazenamento do Serpro. Foco no cidadão "Nós atingimos um patamar de gerenciamento de storage em mainframe bastante adequado e, hoje, esta também é uma necessidade para o ambiente distribuído, responsável por 60% do total do nosso armazenamento", revela Lima. Um dos projetos do Serpro é implantar uma solução como o BrightStor Vantage da CA na plataforma distribuída. "Com o atual governo, o Serpro tem um novo direcionamento que visa a ampliar o leque de serviços disponíveis à sociedade. A expectativa é que sejam lançados novos serviços pensando no inter-relacionamento do governo com as empresas e cidadãos", afirma Benedito Antonio Pontes, superintendente dos Data Centers do Serpro. Serviços que irão gerar novas demandas em storage e que terão como fator decisivo soluções de gerenciamento das áreas em disco, como o BrightStor Vantage CA. articulistas A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO Roberto Leibholz Costa (*) Um panorama geral da responsabilidade civil dos CSO (Chief Security Officers) diretores, gerentes e demais profissionais da área de segurança e TI. Os novos tempos projetam a informação como principal e mais valioso bem das empresas. Em todas as áreas, podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que quem detém a informação detém o poder. Junto a esta valorização da informação vem a valorização do profissional que cuida dela. Seja quem a estrutura (profissionais de TI), seja quem a protege (profissionais de segurança) ganhou mais importância dentro das organizações. Não é à toa que os diretores de TI, hoje, figuram em grau de importância ao lado dos diretores financeiros, e por vezes, acima deles. Como não poderia deixar de ser, o profissional da informação, na medida que conquistou importância, também incorporou responsabilidades. Além da responsabilidade de manter o bom funcionamento e integração dos sistemas eletrônicos, estes profissionais são responsáveis também pelos danos decorrentes de sua atividade. Breve visão sobre danos A internet figura como instrumento de interconexão entre organizações e principal meio de transporte da informação. Através da Internet, infinitas e inéditas possibilidades de relacionamento podem existir. É sem dúvida a maior revolução do século. Por outro lado, o que pode ser utilizado para o bem, também pode ser utilizado para o mal. Em épocas onde as empresas mantinham seus sistemas isolados, os riscos de danos eram restritos a ações internas da empresa, desta forma, bem menores que os atuais. Através da internet, é possível realizar negócios, buscar e trocar informações, mas também é possível invadir sistemas, furtar informações sigilosas, causar danos irreparáveis. Como exemplo, temos o recente apagão de 14 de agosto que afetou parte dos Estados Unidos e Canadá. Segundo Gary Seifert, pesquisador do Departamento de Energia dos EUA, o vírus MSBlast teria provocado um congestionamento nos links de comunicação usados pelos técnicos daquelas empresas, o que impediu que eles tomassem providências imediatas para evitar o incidente. Se é verdade ou não, isso nunca saberemos, contudo, a possibilidade não é descartável. A exposição ao risco é tamanha que me assusto ao imaginar um hacker no comando das comportas da Usina Hidrelétrica de Itaipu. A responsabilidade Civil Além da responsabilidade ética e profissional daqueles que cuidam da informação e meios de comunicação, temos ainda a responsabilidade legal. Alargada pelo novo Código Civil, atualmente os profissionais desta área respondem legalmente pelos danos causados através dos meios eletrônicos. Vejamos o que diz o novo Código Civil: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem" Se neste momento você deu um salto de espanto e indignação, peço calma. Esta responsabilização e o conseqüente dever de indenizar obedecem critérios. Em primeiro lugar, devemos observar seu cargo e atribuições, formação societária da empresa entre outros critérios. Em segunda análise, seus atos e a relação (nexo causal) que eles têm com o dano. Vejamos o que dizem os artigos 186 e 187 do mesmo código: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. “Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” O artigo 186 é importante porque tem o seguinte significado: ação ou omissão = significa praticado ou deixado como estava; negligência ou imprudência = não ter tomado os devidos cuidados. Desta forma, para que exista o dever de indenizar, você deve, no exercício de suas funções, ter sido displicente ou pouco cauteloso e essa conduta ter gerado dano a outrem. Para ser mais prático, existiria hipoteticamente responsabilidade e dever de indenizar se, por exemplo, um hacker destruísse o banco de dados de uma empresa e o gerente de segurança soubesse que o firewall estava com o software desatualizado por três versões e nada tivesse feito para corrigir. Fatos imprevisíveis como terremoto, atentado terrorista e furacão são chamados, no Direito, de caso fortuito ou força maior. Esses, para o seu sossego, não geram responsabilidade. Contudo, a invasão, entre outros eventos danosos, não pode, no mundo moderno em que vivemos, ser considerada como imprevisível. Uma boa conduta É certo que você, como bom profissional que é, já deve estar tomando todos os cuidados para o bom funcionamento e segurança das informações de sua organização. Infelizmente, existem milhares de pessoas mal-intencionadas querendo atrapalhar o seu trabalho e trazer-lhe surpresas desagradáveis. Existem algumas formas de você se abster da responsabilidade e seguir com seu trabalho tranqüilamente. Veja algumas dicas: 1- Tenha um descritivo atualizado de suas funções, atribuições e responsabilidades. 2- Descreva a situação atual da organização com relação a sua área, enfatizando todos os riscos que possam existir. 3- Proponha soluções e melhorias, elabore um projeto ideal. Se ele não for aceito em razão de custo (muito comum) ou outra razão, faça constar que você o propôs. 4- Observe as normas de segurança. Atualmente, temos diversas normas nacionais e internacionais. Uma norma de segurança importante a ser observada é a ABNT NBR ISO/IEC 17799, que dispõe sobre práticas para a gestão da segurança da informação. 5- Mantenha-se informado, esteja atualizado em relação a novas vulnerabilidades e correções de segurança. Participe de listas de discussão por e-mail e visite regularmente os sites dos fornecedores. Não se deixe levar por boatos; procure fontes seguras. Alguns sites e listas são de visita obrigatória (www.securityfocus.com, www.securitymagazine.com.br, www.cert.org/contact_cert/certmaillist.html,www.cert.org/advisories, www.cert.org/current/current_activity.html www.incidents.org) Conclusões A vida dos profissionais da informação, que já é das mais atarefadas; deve reservar um espaço para o estudo jurídico dos impactos das novas tecnologias no Direito. Não se trata apenas de questões curiosas e sim de questões que repercutem profundamente no dia-a-dia do profissional. Observar a lei é mais que precaução, é um dever. (*) Advogado, atua na área do Direito eletrônico, no escritório Opice Blum Advogados Associados. É assessor jurídico da Associação Brasileira de Ebusiness e coordenador do Comitê de Tributação no Comércio Eletrônico da Ebusiness Brasil. Atuou vários anos como gerente-técnico em projetos de redes de internet e telecomunicações. articulistas GRID COMPUTING EM ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS Cezar Taurion (*) Inovações que hoje estão concentradas na área científica poderão estar, em poucos anos, disseminadas no âmbito empresarial. Aconteceu com o Unix, o TCP/IP e a World Wide Web, que em muito pouco tempo transformaram a indústria de tecnologia da informação. Atualmente, o assunto grid computing (computação em grade) trilha o mesmo caminho. Nasceu no ambiente científico e começa a se disseminar no cenário das empresas privadas e públicas. Na maioria das organizações, um grande número de computadores ficam ociosos boa parte do tempo. A utilização dos milhares de servidores (para não falarmos nos desktops) de grandes empresas nos revela resultados surpreendentes: em média, apenas uma pequena parcela do poder computacional dos servidores web, de banco de dados e de aplicações são usados. Este desperdício também aparece no armazenamento de informações em discos. O modelo computação em grade se propõe a aproveitar esta capacidade disponível e, muitas vezes ociosa, fazendo com que estes computadores trabalhem em conjunto, aproveitando todo seu potencial. A idéia é simples: distribuir um determinado trabalho entre milhares de servidores e desktops, criando um "computador virtual" que aglutinará a capacidade de processamento de todos os equipamentos envolvidos neste processo. Com as primeiras experiências bem sucedidas, em ambientes científicos e acadêmicos, começa a ser debatida a possibilidade deste modelo ser aplicado com sucesso no âmbito empresarial e em órgãos governamentais. Inicialmente, podemos pensar em uma "consolidação virtual de computadores", com as grades restritas a um único órgão ou empresa pública (dentro de seu firewall). A computação em grade possibilita implementar uma arquitetura de TI com custos reduzidos para suportar aplicações de alto desempenho, como pesquisas meteorológicas, ambientais, oceânica, neurociência, biotecnologia e nanotecnologia, entre outras. Um exemplo prático pode ser o aumento da capacidade instalada dos sistemas da Embrapa, para potencializar sua capacidade de pesquisa de organismos geneticamente modificados. Com a utilização do conceito de "services grid" podemos desenvolver soluções que permitam a integração entre aplicações completamente diferentes com as tecnologias Web Services, baseadas em padrões abertos. Entre os benefícios, está o aumento na velocidade dos trabalhos de integração. Por exemplo, para criarmos um portal do cidadão, que reflita a linha de vida, do nascimento até a sua morte e as demandas específicas que este faz aos órgãos de governo, temos que enfrentar o grande desafio de integrar as inúmeras aplicações dispersas por dezenas de órgãos públicos. Podemos pensar também em soluções de "computação pública" com o uso doado de ciclos de CPU ociosos por cidadãos que se predisponham a participar voluntariamente de pesquisas específicas para doenças tropicais, como dengue e malária. A computação em grade não pode ser ignorada. Órgãos e empresas públicas têm muito a ganhar se considerarem este modelo em seus planos estratégicos. Vale a pena uma investigação mais profunda. (*) Gerente de Novas Tecnologias Aplicadas da IBM. articulistas e-PUBLIC SERVICES: UMA RELEITURA DO GOVERNO ELETRÔNICO (*)Roni Rodrigues Ferreira O conceito já difundido e consolidado é o compromisso de dar suporte eletrônico para dados, comunicações e transações para processos G2C (Governo para Cidadãos) e G2B (Governo para Empresas), bem como processos de G2G (Governo para Governo). Autoridades públicas em todo o mundo aceitaram os desafios provenientes da globalização, tecnologias da internet e aplicações de e-business. Em vários países, as Administrações Nacionais, tal como o Ministério da Fazenda, reestruturaram com sucesso seus processos administrativos de backoffice ou, então, introduziram intranets para os seus funcionários. No nível local, municípios já estão oferecendo serviços on-line para os cidadãos, como consultas de informações, solicitações de serviços (fiscais, infra-estrutura básica, saneamento, escolas), denúncias, consultas a autos de infração de trânsito, regularização de situação fiscal ou o downloading de formulários administrativos e legislação pública. Toda a indústria de TI, caracterizada como provedora de soluções e serviços de ebusiness, identificou no Governo um importante segmento de mercado com enorme potencial a longo prazo. As organizações governamentais estão enfrentando a globalização do mesmo modo que o mundo corporativo e o cidadão comum. Em particular, o programa de governo eletrônico brasileiro é o estado-da-arte na matéria e merecedor de premiações internacionais. Até recentemente, administrações públicas pareciam estar ficando para trás quanto à introdução de novos métodos e soluções, se comparadas à indústria, mas agora há realizações impressionantes a serem observadas em todos os níveis das administrações e em diferentes áreas de aplicação (e-Diário Oficial, e-Post, B.O. Eletrônico, e-NegóciosPúblicos, e-CNPJ). De fato, a Tecnologia da Informação está transformando fortemente o modo como os governos fornecem serviços ao público, na forma de trabalho interno e entre administrações e parceiros de negócios. O Comércio Eletrônico revoluciona cada vez mais o governo ao perpassar as fronteiras organizacionais, introduzindo possibilidades para serviços de auto-atendimento para cidadãos, a partir de um único ponto de entrada 24x7x365. Historicamente, a partir da adoção de tecnologias de internet pelas instituições públicas, três ondas de inovação são percebidas: Na primeira onda, a presença das autoridades na internet tornou possível para cidadãos e empresas obterem acesso a informações governamentais via websites. Na segunda onda, informações e serviços simples com transações unidirecionais foram disponibilizados on-line: downloading de formulários e o envio de formulários eletrônicos preenchidos, mas sem valor legal. A terceira onda passa a oferecer serviços on-line, públicos e comerciais, através de portais e marketplaces virtuais. Estes serviços incluem a transmissão segura de dados (Certificação Digital) e o pagamento para a administração pública (uma variação do e-BPP) e transações comerciais. e-Public Services é sinônimo de reestruturação do ambiente interno das instituições públicas e agilidade dos serviços públicos aos cidadãos e empresas. Modernizar e realinhar uma instituição governamental tradicional para torná-la uma organização voltada aos serviços públicos com excelência em qualidade requer um conjunto de ações e vontade política. Muitas ações já são vistas em curso em muitos países, embora em diferentes estágios de maturidade. Na maioria das vezes, o repensar do papel do governo e a reinvenção dos processos governamentais aparecem combinados ao desafio da redução de custos da administração pública e à introdução das Tecnologias da Informação mais avançadas. Isto, geralmente, leva ao enxugamento das atividades governamentais, concentrando-se em seu core business (atividades principais) e, por conseguinte, à terceirização de grande parte de seu processo de negócios e de sua infra-estrutura de TI (Business Process Outsourcing – BPO), ou mesmo à realização de parcerias entre a iniciativa privada e o governo: um modelo de PPP. Tecnologias da Informação adotadas globalmente como padrões de mercado, com total interoperabilidade, são o fator chave em qualquer estratégia de e-governo vale ressaltar, aqui, a iniciativa do e-Ping - para fornecer serviços públicos mais eficientes e integrados, com custos otimizados, e que venham a englobar interações entre diferentes órgãos governamentais, governos estrangeiros, empresas e cidadãos. Os pontos de entrada para se ter acesso a tais serviços são os portais governamentais e novos marketplaces, com sistemas de segurança baseados em smart cards, com assinaturas legalmente aceitas e/ou reconhecimento biométrico. Documentos transitando por quaisquer redes, locais ou interligadas (LAN, WAN ou MAN), podem ser criados e compartilhados, auxiliando o governo a integrar aplicativos em um mix de sistemas em mainframe legados, client server e internet/web. Nas novas soluções que as instituições de governo estão buscando, vêem-se presentes dispositivos de Internet da próxima geração para assegurar acesso universal aos serviços públicos – inclusão digital – e proporcionar às pessoas a escolha de onde e como elas querem acessar tais serviços: do desktop de casa ou do trabalho, via WAP e de outros dispositivos sem fio ou, ainda, via webTV. Serviços públicos melhores, personalizados para atenderem às necessidades do cidadão e de empresas, requerem um fluxo eficiente de informações através de toda a estrutura de governo. Tecnologias avançadas, padrões abertos e políticas transparentes estabelecem a infra-estrutura básica para as organizações do setor público poderem se concentrar em melhor servir "seus clientes", gerando informações e serviços com valor agregado. (*) Responsável pela área de negócios para o setor público do Grupo Procwork.