ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SOLO ARGILOSO NITROGEN FERTILIZATION TO CORN IN CLAY SOIL 1 1 1 2 SOUZA, G. B ; STURIAO, W.P. ; MANTOVANI, J. R. Aluno do Curso de Agronomia da Universidade José do Rosário Vellano, Unifenas, Alfenas-MG 2 Professor do Instituto de Ciências Agrárias da Unifenas 1 e-mail: [email protected] Resumo Avaliou-se o efeito da adubação nitrogenada na produtividade de grãos e em componentes de produção do milho. O experimento teve 5 tratamentos e 5 repetições, totalizando 25 parcelas. Os tratamentos foram de 0, 60, 120, 180 e 240 kg/ha de N, tendo sido aplicado aplicado 20 kg/ha de N no plantio e o restante em cobertura, quando as plantas estavam com 4 a 6 folhas. Utilizou-se a uréia como fonte de N. De acordo com a condição do experimento pode-se concluir que a dose de 226Kg/ha de N foi a que proporcionou, teoricamente, a maior produtividade de grãos e também o maior ganho nos componentes de produção. A dose de 120 kg/ha de N proporcionou uma produtividade de grãos apenas 9% menor do que a máxima produtividade teórica. Abstract The Labor aimed to assess the effect of fertilization nitrogen in productivity of grain and components in the production of com. The experiment was done with 5 treatments and 4 replicates per treatment, totaling 20 parcels. The treatments were 0, 60, 120, 180 and 24OKgIha of N, where N was applied 2OKg/ha of the planting and the remainder of the dose, according to the treatments, was implemented in coverage when the plant was 4 to 6 sheets. According to the condition of the experiment can conclude that the dose of 226Kg/ha of N was the theory that provided the greatest productivity of grain and also a greater gain significant components in the production, whereas the dose of l2OKg/ha of N provided a productivity of grain only 9% Iess, and a reduction in Iow percentage of the components production, concluding that this is the best dose for the production of maize considering the economy of the element. Introdução Dentre as culturas exploradas no Brasil, o milho é uma das principais e o nitrogênio é o nutriente mais exigido pela cultura. A adubação nitrogenada influencia não só a produtividade, mas também a qualidade do produto em conseqüência do teor de proteína nos grãos de milho. No mundo, a eficiência de uso do N em cereais é de apenas 33%. Considerando os 67 % de N que não são aproveitados, há uma perda estimada anual de 15,9 bilhões de dólares com a adubação nitrogenada. Além da perda econômica, as perdas de NO3 por lixiviação causam impactos negativos ao meio ambiente. A alta mobilidade do NO3 no solo justifica a preocupação em relação ao manejo da adubação nitrogenada em solos agrícolas, e o aumento da concentração de NO 3 na água tem gerado grande discussão sobre os seus efeitos à saúde e ao ambiente, estimulando pesquisas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da adubação nitrogenada na produtividade de grãos e em componentes de produção do milho. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Sitio Esteves situado no município de Alfenas-MG, em 2 uma área de cerca de 200m . Nessa área de Latossolo Vermelho distrófico, textura argilosa, foram coletadas vinte amostras simples na profundidade de 0 a 20 cm para caracterização inicial da fertilidade do solo, cujo os resultados foram: pH em H2O = 5,6; P (Mehlich 1) = 3 3 2+ 3 2+ 3 3+ 3 11mg/dm ; K = 147 mg/dm ; Ca = 1,5cmolc/dm ; Mg = 0,8 cmolc/dm ; AI = 0,1 cmolc/dm 3 3 acidez potencial (H+AI) = 2,9 cmolc/dm ; soma de bases (SB) = 2,7 cmolc/dm ; saturação por bases = 48%; saturação por alumínio = 4% e, MC 1,2 dag/Kg. Com base no índice de saturação por bases inicial do solo (V%) foi calculada a quantidade de calcário dolomítico (PRNT= 90%) necessária para elevar o V% para 70. O calcário foi aplicado manualmente em área total, cerca de 60 dias antes do plantio, e incorporado com arado de disco na profundidade de 0 a 20cm. Foi empregado delineamento experimental em blocos ao acaso, com 5 tratamentos e 5 repetições totalizando 25 parcelas. Cada parcela teve cinco linhas de plantas com 5m de comprimento, espaçamento entre linhas de 0,80m e ocupou 16m2, sendo que os 3 m centrais das 2 linhas centrais foram considerados como área útil. Os tratamentos foram constituídos de 5 doses de nitrogênio: 0; 60; 120; 180 e 240 kg/ha de N, das quais 20 kg/ha de N foi aplicado no plantio, manualmente, e o restante foi aplicado em cobertura, quando as plantas estavam com 4 a 6 folhas. A fonte de nitrogênio utilizado foi a uréia. A adubação de plantio foi feita conforme recomendação de Alves et aI.(1999) e foi utilizado, além do N, 50 kg/ha de K2O, 120 kg/ha de P2O5 e 2 kg/ha de Zn. As fontes desses nutrientes foram, respectivamente, cloreto de potássio, superfosfato simples e sulfato de zinco. Após a adubação de plantio foi feita a semeadura do milho (híbrido Soma, Syngenta) de forma manual, em 15 de novembro de 2006, sendo colocados dez sementes por metro linear, a cerca de 3cm de profundidade. Uma semana após a emergência das plantas foi feito desbaste, de modo a serem mantidos cinco plantas por metro linear. Os tratos culturais e fitossanitários foram realizados de acordo com as exigências da cultura. Cerca de 120 dias após a semeadura foi feita a colheita do milho, tendo sido avaliado na área útil de cada parcela a produtividade de grãos, corrigida para 13% de umidade, e os componentes de produção: número de fileiras de grãos por espiga; número de grãos por fileira e peso de 100 grãos. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e a regressão polinomial. Resultados e Discussão As plantas do tratamento testemunha apresentaram durante a condução do experimento sintomas de deficiência de N. Verificou-se efeito quadrático da adubação nitrogenada na produtividade de grãos de milho (Figura 1). De acordo com a equação de regressão, a produtividade máxima teórica (5691 kg/ha de grãos) seria obtida com a dose de 226 kg/ha de N. Ainda de acordo com a equação de regressão da Figura 1, o tratamento que recebeu a maior dose de N (240 kg/ha) teve uma produtividade 66% maior do que o tratamento testemunha, pois produziu 5682 kg/ha de grãos, enquanto na testemunha obteve-se 3405 kg/ha de grãos. O tratamento que recebeu 120 kg/ha de N teve uma produtividade estimada de 5189 kg/ha, ou seja, 9% a menos que a produtividade máxima teórica. Verificou-se efeito linear da adubação nitrogenada no número de fileiras de grãos por espiga (Figura 2). De acordo com a equação de regressão, o tratamento que recebeu a maior dose de nitrogênio teve um número médio de fileiras de grãos por espiga 15% maior que o tratamento testemunha (0 kg/ha de N), ou seja, 19 fileiras de grãos por espiga enquanto na testemunha obteve-se 16. O tratamento que recebeu a dose de 120 kg/ha de N teve, de acordo com a equação de regressão, um número médio de fileiras de grãos por espiga de 17, ou seja, 7% menor do que o tratamento que recebeu 240 kg/ha. Verificou-se efeito quadrático da adubação nitrogenada no número médio de grãos por fileira (Figura 3). De acordo com a equação de regressão, o tratamento que recebeu a maior dose de nitrogênio (240 kg/ha de N) teve um número médio de grãos por fileira 38% maior que o tratamento testemunha (0 kg/ha de N), ou seja, 36 grãos por fileira, enquanto na testemunha obteve-se 26 grãos por fileira. Obteve-se no tratamento que recebeu 120 kg/ha de N, um número de grãos por fileira de 34, ou seja, 6% menor do que o tratamento que recebeu 240Kg/ha. Verificou-se efeito linear da adubação nitrogenada no peso de 100 grãos (Figura 4). O tratamento que recebeu a maior dose de nitrogênio teve um peso de 100 grãos 13% maior que o tratamento testemunha, ou seja 18,62g enquanto na testemunha obteve- se 16,39g. O tratamento que recebeu a dose de 120 kg/ha de N proporcionou, de acordo com a equação de regressão, um peso de 100 grãos de 17,50g, ou seja, 6% menor do que o tratamento que recebeu 240 kg/ha. Conclusões A maior produtividade teórica de grãos foi obtida com a dose de 226 kg/ha de N, que também proporcionou ganhos significativos nos componentes de produção. A aplicação de 120 kg/ha de N proporcionou uma produtividade de grãos apenas 9% menor do que a máxima produtividade teórica. Referências ALVES, V. M. C.; VASCONCELOS, C.A.; FREIRE, F.M.; PITTA, G.V.E.; FRANÇA, G.E.; RODRIGUES FILHO, A.; ARAÚJO, J.M.; VIEIRA, J.R.; LOUREIRO, J.E. Milho. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ, V.H.V (Ed.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5ª aproximação. Viçosa –MG, 1999. p. 314-316. Figura 1. Efeito da adubação nitrogenada na produtividade de grãos de milho. Figura 2. Efeito da adubação nitrogenada no número de fileiras de grãos por espiga de milho. Figura 3. Efeito da adubação nitrogenada no número de grãos por fileira no milho. Figura 4. Efeito da adubação nitrogenada no peso de 100 grãos de milho.