Área: Fitotecnia PRODUTIVIDADE DE GRÃOS SECOS DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DO MANEJO E DA DENSIDADE POPULACIONAL Weslley Costa Silva1; Vanessa Oliveira Teles2; Paulo José de Moraes Maximo3; Antônio Marcos Duarte Mota3; Felipe Thomaz da Camara4 1 Graduando do curso de Eng. Agronômica, Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri, Rua: Vereador Sebastião Maciel Lopes, S/N no Bairro São José, Crato, CE. Bolsista PID. Email: [email protected] 2 Graduanda do curso de Eng. Agronômica, Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri. Bolsista PIBIC/CNPq. 3 Granduando do curso de Eng. Agronômica, Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri. Bolsista Proext 2013 4 Professor Adjunto do curso de Engenharia Agronômica – Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri. . Resumo – O feijão-caupi é umas das principais fontes de proteína vegetal na alimentação humana na região Nordeste, podendo ser consumido em grãos verdes e secos. Entretanto verifica-se que o manejo da densidade de plantas é um dos principais fatores limitantes à produtividade, com base nisto este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do manejo e da densidade sobre o rendimento de grãos secos de feijão-caupi e seus componentes. Este trabalho foi conduzido no município de Missão Velha-CE em um delineamento experimental em blocos casualizados, em esquema fatorial 3 x 2 (três populações e dois manejos culturais), os resultados foram submetidos às análises de variância pelo teste F, com médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Pôde-se verificar que não houve diferença significativa na maioria das variáveis analisadas, sendo que verificou-se a ocorrência de uma relação inversa entre o número de grãos por vagem e o número de vagens por planta, em função da queda ou aumento da população. A população de 60.000 plantas (com e sem raleio), apresentaram os melhores resultados, para quase todas variáveis analisadas. Palavras-chave: Vigna unguiculata, população inicial, raleamento. Introdução O feijão-caupi, também conhecido como feijão-de-corda é um dos principais componentes na dieta alimentar na região Nordeste, isso pode ser explicado pelo fato dele apresentar um elevado valor nutritivo, sendo cultivado principalmente para a produção de grãos, secos ou verdes, além de apresentar uma baixa exigência hídrica e elevada rusticidade. Ele também pode ser usado como forragem verde, adubo verde e proteção do solo. O estado do Ceará é considerado como um dos maiores produtores da região Nordeste, apresentando uma produtividade de 159.471 toneladas (EMBRAPA, 2003). Em virtude de apresentar uma elevada rusticidade, tolerância a temperaturas elevadas, à seca e apresentar ciclo curto é considerada uma planta adaptada às condições edafoclimáticas da região (SILVA et al. 2011), sendo amplamente cultivada nos perímetros irrigados do nordeste (OLIVEIRA et al., 2002). Segundo Bastos et al. (2012), possui uma grande importância socioeconômica, pois, além de fixar mão-de-obra no campo é uma significativa fonte de proteína vegetal. 1 Contudo, o manejo da densidade de plantas é uma das práticas culturais mais importantes para determinar o rendimento de grãos de feijão, isto porque a densidade interfere diretamente no aproveitamento de luz, altura de planta, concorrência por nutrientes e por água. O objetivo deste experimento foi estudar o efeito do manejo e da densidade sobre o rendimento de grãos secos de feijão-caupi e seus componentes. Material e Métodos O trabalho de pesquisa foi realizado no Sítio Pintado no município de Missão Velha - Ceará, com localização geodésica definida pelas coordenadas 07º14’ latitude sul e 39º08' longitude oeste, com altitude média de 360 m. A região apresenta temperatura média anual de 26ºC, umidade relativa média de 62%, precipitação média anual de 930 mm. O clima da região, segundo a classificação de Köeppen, é do tipo Bsh, definido como semiárido quente. O solo da área experimental foi classificado como ARGISSOLO AMARELO de textura franco-arenosa. O experimento foi conduzido no delineamento de blocos ao acaso com três repetições. A área útil das parcelas foi de 25 m2 e a época de semeadura e colheita foram nos meses de agosto a novembro, respectivamente. Para a densidade de plantio foi determinadas três populações desejadas (40.000; 60.000 e 80.000 plantas por hectare), com espaçamento de 0,5 m entre linhas e de 0,5; 0,33 e 0,25 metros entre plantas, respectivamente. Em todas as parcelas foi necessária a aplicação de inseticida Lorsban 480 BR, para controle do pulgão e mosca branca, pragas chave da cultura. Para obtenção da produtividade foram analisadas as seguintes características: número de grãos por vagem (NGV) – para determinação do número de grãos por vagem, foi realizada a contagem do número de grãos de 25 vagens por ponto amostral, escolhidas ao acaso; massa de 1000 grãos (Massa_1000_grãos) – após a colheita das vagens e debulha, os grãos foram pesados a 11% de umidade, obtendo-se a massa pela média contida nas vinte e cinco vagens. Para a massa de 1000 grãos, foi efetuada a relação entre a massa de grãos por vagem e o número de grãos por vagem, e o resultado extrapolado para massa de 1000 grãos; número de vagens por planta (NVP) – para isto foram coletadas e contadas, vagens de 10 plantas por parcela amostral; número de vagens por hectare (Vagens/ha) – foi determinada através da relação entre o número de vagens/planta e a população estimada de plantas por hectare; e produtividade (Produtividade) – foi determinada através da colheita manual em três fileiras de plantas com 3 m de comprimento cada, que correspondem a uma área de 4,5 m² por ponto amostral. Os valores foram extrapolados para quilogramas por hectare. Para comparar e interpretar os resultados, os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, conforme recomendação de Banzatto & Kronka (2006). Resultados e Discussão Verifica-se na Tabela 1, que o número de grãos por vagem e massa de 1000 grãos não diferiram significativamente entre os fatores analisados. Estes resultados corroboram com Cardoso & Ribeiro (2001) que verificaram que o aumento no número de plantas/m2 não aumenta significativamente a massa de grãos de feijão. Em contrapartida, a variável número de vagens por planta e por hectare, apresentou diferenças significativas, com a maior população analisada (80.000 plantas/ha) apresentando os menores resultados. Nota-se 2 que os tratamentos que apresentam um maior número de plantas obtiveram resultados inferiores aos demais. Onde a competição intraespecífica, provavelmente, foi o motivo principal da redução do número de vagem por planta, em virtude da diminuição no vingamento de flores. Resultado este também observado por Távora et al. (2001). Tabela 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para número de grãos por vagem (NGV), massa de 1000 grãos (M_1000_grãos), número de vagens por planta (NVP), número de vagens por hectare (Vagens/ha) e produtividade (Produtividade). Tratamentos NGV Massa_1000_grãos NVP Vagens/ha Produtividade (Unid) (g) (Unid) (Unid) (kg) Fator 1 – Com Raleio 14,7 a 210 a 7,5 a 336247 a 1049 a Raleamento (R) Sem Raleio 14,9 a 214 a 3,3 b 409811 a 1309 a 40000 pl/ha 14,6 a 208 a 6,9 a 382741 ab 1171 ab 60000 pl/ha 14,5 a 214 a 6,1 a 473346 a 1492 a 80000 pl/ha 15,3 a 214 a 3,1 b 263000 b 874 b NS NS 2,9 NS Fator 2 – População (P) TESTE F R 0,42 P 1,54 NS R*P CV % 3,9 2,3 NS 1,42 6,11 NS 2,33 37,9 ** 1,7 NS 1,63 NS 11,4 ** 4,67 * 3,09 * NS 0,33 NS 2,2 NS 27,2 0,15 32,04 36,6 **: significativo (P<0,01); *: significativo (P<0,05); NS: não significativo; CV%: coeficiente de variação. Com relação a variável produtividade, nota-se que houve diferença significativa entre os tratamentos. Sendo que o cultivo conduzido com um estande de 60.000 plantas/ha apresentou melhores resultados, em relação às demais, fato que contradiz a pesquisa de Cardoso & Ribeiro (2005) que demonstraram que a diminuição na densidade populacional, provoca quedas significativas na produção de grãos. A produtividade foi semelhante a obtida por Santos et al. (2009), variando de 972,38 a 1646,09 kg/ha. Estes resultados evidenciam que, nas condições que o trabalho foi desenvolvido, este arranjo proporcionou condições que não interferissem tanto na produtividade, se comparado as demais densidades. Conclusões Diante a forma que o experimento foi conduzido, verifica-se que o aumento na população de plantas, apresenta uma relação inversamente proporcional entre o número de grãos por vagem e o número de vagens por planta. Com relação ao rendimento, verifica-se que a população de 60.000 plantas (sem e com raleio), apresentaram os melhores resultados para o número de vagens por hectare e produtividade. Referências BANZATTO, D.A.; KRONKA, S. N. Experimentação agrícola. 4ª ed. Jaboticabal: FUNEP, 2006. BASTOS, E. A.; RAMOS, H. M. M.; ADER ANDRADE JÚNIOR, A. S.; NASCIMENTO, F. N.; CARDOSO, M. J. Parâmetros fisiológicos e produtividade de grãos verdes do feijão-caupi sob déficit hídrico. Water Resources and Irrigation Management. v.1, n.1, p.31-37, Sept-Dec, 2012. 3 CARDOSO, M. J.; RIBEIRO, V. Q. Produtividade de grãos de feijão caupi relacionada à densidade de plantas e à associação com milho em solo de tabuleiro costeiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE CAUPI, 5., 2001, Teresina. Avanços Tecnológicos no Feijão Caupi: Anais. Teresina: Embrapa Meio-Norte, p. 76-79, 2001. CARDOSO, M. J.; RIBEIRO, V. Q. Produtividade de grãos de feijão-caupi em função do arranjo de plantas. In: CONGRESSO NACIONAL DE FEIJÃO-CAUPI, 1.; REUNIÃO NACIONAL DE FEIJÃO-CAUPI, 6., 2006, Teresina. Tecnologias para o agronegócio: anais. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2006. EMBRAPA – MEIO NORTE. 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