UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO UBIRATAN GOMES MOREIRA JÚNIOR VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE CABOTAGEM NO PORTO DE CABEDELO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA: LOGÍSTICA João Pessoa – PB Agosto de 2008 UBIRATAN GOMES MOREIRA JÚNIOR VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE CABOTAGEM NO PORTO DE CABEDELO Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às Exigências para a Obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientadora: Professora Maria Valéria Pereira de Araújo João Pessoa – PB Agosto de 2008 À Professora Orientadora Maria Valéria Pereira de Araújo Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Ubiratan Gomes Moreira Júnior. João Pessoa, 28 de agosto de 2008. ___________________________ Prof. Carlos Eduardo Cavalcante Coordenador do SESA Parecer do Professor Orientador: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ UBIRATAN GOMES MOREIRA JÚNIOR VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE CABOTAGEM NO PORTO DE CABEDELO Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em: 28 de agosto de 2008. Banca Examinadora _______________________________ Prof.ª Maria Valéria Pereira de Araújo Orientador __________________________ Prof.ª Sandra Leandro Pereira Examinadora ___________________________ Prof. Jailson Ribeiro de Oliveira Examinador DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado à minha família. AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Professora Maria Valéria Pereira de Araújo, que soube compreender minhas dificuldades, ensinando-me os caminhos mais inteligentes na condução deste trabalho. Ao Professor Rosivaldo de Lima Lucena, pelos ensinamentos referentes à metodologia do trabalho científico durante a elaboração desta monografia. Ao meu amigo Marcos Antônio Oliveira, pela valiosa contribuição na elaboração desse trabalho. A todos que direta ou indiretamente colaboraram para a elaboração deste trabalho. RESUMO O presente trabalho é um estudo de caso que teve como objetivo geral estudar a viabilidade de implantação de uma linha de navegação de cabotagem no porto de Cabedelo-Pb. Para isso, realizou-se um estudo de campo na Companhia Docas da Paraíba, DOCAS-PB. Como resultado principal constatou-se que o Porto de Cabedelo desfruta de uma posição geográfica privilegiada, no centro da costa brasileira, sendo também o porto mais oriental das Américas estando, portanto mais próximo dos portos africanos e europeus; tem capacidade para operar com carga geral, granéis sólidos e granéis líquidos; possui áreas de armazenagem fechada e aberta; Quanto à infraestrutura terrestre, possui dois silos para estocagem de grãos, área de tancagem e áreas retroportuárias destinadas a estocagem de contêineres; possui sessenta tomadas elétricas para alimentação de contêineres frigoríficos e uma balança rodoviária com capacidade para oitenta toneladas.A infra-estrutura aquaviária é composta por canal de acesso, quebra-mar, bacia de evolução e cais acostável com quatro berços. Na área do porto organizado existe um terminal para processamento e armazenagem de pescados. Em termos de equipamento de movimentação de carga o porto possui três guindastes elétricos, sendo um com capacidade de içamento de seis toneladas e dois com capacidade de içamento de três toneladas e meia, vinte empilhadeiras com capacidade para três toneladas e quatro empilhadeiras com capacidade de sete toneladas. Quanto ao potencial de carga do porto para a cabotagem, este está relacionado a gêneros alimentícios e produtos industrializados e ao serviço feeder. No que refere aos possíveis impactos foram identificados a proximidade com o Porto de Suape e a falta de alinhamento estratégico dos agentes locais com o propósito. Palavras – Chave: Cabotagem. Infra-estrutura. Potencial de Carga. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AFRMM – Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários CFN – Companhia Ferroviária do Nordeste CNT – Conferência Nacional de Transporte DOCAS – PB – Companhia Docas da Paraíba EDI – Intercâmbio Eletrônico de Dados GEROP – Gerência de Operações do porto de Cabedelo. ISO - International Organization for Standardization MERCOSUL – Mercado Comum do Sul PNLT – Plano Nacional de Logística e Transporte PORTOBRAS – Empresa de Portos do Brasil S.A SEP – Secretaria Especial dos Portos SMS – Supplay Chain Manegement (Gerenciamento da Cadeia de Suprimento) TI – Tecnologia da Informação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 09 1.2 Justificativa 11 1.3 Objetivos 13 1.3.1 Objetivo Geral 13 1.3.2 Objetivos Específicos 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14 2.1 Evolução da Logística 14 2.2 Conceito de Logística 17 2.3 Atividades de Logística 18 2.4 Cabotagem 20 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 34 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 37 5 CONCLUSÃO 51 5.1 Considerações Finais 51 5.2 Contribuições Gerenciais do Estudo 52 5.3 Limitações do Estudo 52 5.4 Sugestões para Futuras Pesquisas 53 REFERÊNCIAS 54 APÊNDICE A 57 1 INTRODUÇÃO 1.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema de Pesquisa O Porto de Cabedelo está situado na margem direita do estuário do rio Paraíba, em frente à Ilha da Restinga, na parte noroeste da cidade de Cabedelo, vizinho ao Forte de Santa Catarina. O início da obra se deu em agosto de 1908, tendo sido construidos inicialmente 178m de cais e um armazém, em 16 de dezembro de 1917. Depois de longa paralisação, as obras foram retomadas na primeira metade do ano de 1932, como resultado de um compromisso assumido em 1930 pelo Governo Federal com o governo do Estado da Paraíba, que reivindicava a execução de instalações adequadas às exportações do algodão produzido naquele estado. O porto foi finalmente inaugurado no dia 28 de dezembro de 1935 e desde então foi administrado pelo Governo do Estado da Paraíba até 28 de dezembro de 1978, data em que o Governo Federal através da Empresa de Portos do Brasil,PORTOBRÁS assuniu o controle acionário e administrativo do porto paraíbano. Atualmente, o Porto de Cabedelo é administrado pela Companhia Dodas da Paraíba, DOCAS-PB, através de um Convênio de Delegação entre a União e o Estado da Paraíba. O Porto de Cabedelo desfruta de uma posição geográfica privilegiada pois está situado no centro do Atlântico Sul e, o que é mais importante, é o porto mais oriental das Américas, consequentemente, é o porto mais próximo da Europa e também da África, possui 602m de cais acostável que compreendem quatro berços de atracação com profundidade de 11m, sendo um exclusivo para navios que transportam granéis líquidos derivados de petróleo e álcool,o berço Nº1. Os berços, Nº3, Nº5 e Nº7 são destinados aos demais tipos de navio, que transportam carga geral e granéis sólidos, dispõe de sete armazéns com capacidade de armazenamento de 3.000 m² destinados à carga geral e a carga a granel, além e de um armazém frigorífico que está desativado e tem capacidade de armazenamento de 1.500m².Também fazem parte da capacidade de estocagem do Porto de Cabedelo, nove pátios, sendo dois cobertos e destinados à armazenagem de carga geral e outros sete, à céu aberto, destinados a armazenagem de conteineres e eventualmente, a armazenagem de granéis sólidos. Fazem parte da área de armazenagem do porto instalações do setor privado, compreendendo dois silos com capacidade para estocar 5.000t, e 50 tanques destinados ao armazenamento de álcool e derivados de petróleo.Na área retroportuária, distante 6Km do porto, está instalado um terminal para armazenagem de carvão mineral e coque verde de petróleo com capacidade para 70 mil toneladas. Porto de Cabedelo dispões de uma gama de equipamentos capaz de atender às mais diversas modalidades de operação portuária. Fazem parte desse conjunto, três guindastes de pórtico com acionamento elétrico, sendo um com capacidade de içamento de seis toneladas e dois com capacidade de de três toneladas e meia, dois grabs com capacidade de 1,6 metros cúbicos e 2,2 metros cúbicos, cinco moegas destinadas à desgarga de granéis sólidos e ao carregamento de vagões, vinte empilhadeiras com capacidade de três toneladas utilizadas para armazenagem e estivagem de carga paletizada ou marinizada, duas empilhadeiras com capacidade de sete toneladas específicas para conversão de slings e duas empilhadeiras, também com capacidade para 7 toneladas, utilizadas na remoção e no posicionamento de moegas.Também fazem parte do conjunto de equipamento disponibilizados pelo Porto de Cabedelo, 60 tomadas elétricas para alimentação de contêineres frigoríficos, além de uma balança rodoviária com capacidade para pesar até 80 toneladas. O acesso marítimo ao porto se dá através do canal que possui 6Km de extenção ,150 m de largura e 9,14m de profundidade na preamar.O Porto de Cabedelo está integrado à malha rodoviária nacional através da BR230, cujo Km 0 está situado em frente ao seu portão principal, e à BR101 através da bifurcação da BR 230 a 18Km da Cidade de Cabedelo, no município de João Pessoa e ao sistema ferroviário através do ramal ferroviário instalado dentro do porto e pertencente à Companhia Ferroviária do Nordeste CFN. Embora possua condições favoráveis para movimentar grande volume de carga, o Porto de Cabedelo sempre enfrentou um grande problema ao longo de sua existência, a falta de uma carga perene que garanta o seu pleno funcionamento durante todos os meses do ano. Como já foi citado anteriormente, o Porto de Cabedelo, foi criado para movimentar essencialmente carga geral, porém, com o decorrer do tempo, os métodos de acondicionamento de cargas passaram por processos de evolução, a tradicional carga geral, composta por sacaria, caixaria, fardos , barricas, atados e etc., ou seja, volumes soltos, foi gradativamente substituida pela carga unitizada, paletizada ou marinizada. O processo de globalização desencadeado em meados dos anos 80, estabeleceu uma nova ordem no mundo do trasporte de carga. A carga geral foi praticamente extinta, sendo substituida pela carga conteinerizada, ou seja, as cargas que antes eram enbarcadas diretamente nos porões dos navios, passaram a ser acondicionadas em cofres de carga, os mundialmente conhecidos contêineres, para depois serem embarcadas nos navios. A conteinerização de cargas forçou os portos de todo o mundo a buscar novos modelos de instalações, de processos, de treinamento e reciclagem de pessoal de forma a se adequarem a essa nova realidade. Os portos de maior porte responderam de forma mais eficiente e rápidamente à esse imperativo logístico, porém, o Porto de Cabedelo ficou à margem desse processo, em virtude da falta de recursos financeiros, da inexistência de uma carga perene que justificasse investimentos e dos entraves burocráticos. A demora na resposta às solicitações dessa nova ordem fez com que o volume de cargas no Porto de Cabedelo viesse a diminuir dia após dia. Restou ao Porto de Cabedelo, apenas a movimentação de granéis sólidos e líquidos, cargas com baixo valor agregado além de uma pequena parcela de carga geral produzida no Estado da Paraíba e destinada à portos dotados de poucos recursos tecnológicos, o que os tornam inaptos para receber carga conteinerizada. Essa limitaçaão tecnológica, também decretou a sazonalidade das operação portuárias do Porto de Cabedelo. Em face das considerações aqui apresentadas, o propósito da monografia é estudar o seguinte problena de pesquisa: como viabilizar o sistema de cabotagem de carga geral no Porto de Cabedelo? 1.2 Justificativa O Brasil é um país que tem sua história e o seu desenvolvimento urbano totalmente vinculado ao mar. São aproximadamente 8.000Km de costa ao longo da qual estão situados os mais importantes polos industriais e as maiores concentrações populacionais do país, sem contar com 32.000Km de rios navegáveis.As capitais dos estados litorâneos que não estão situadas na faixa costeira, distam no máximo 100Km de algun porto. Esse conjunto de fatores propiciam a prática da navegação de cabotagem. A navegação de cabotagem, integra os portos de um mesmo país, transportando todo tipo de mercadoria de forma barata e segura contribuindo para agregar valor ao produto e reduzir o seu preço final. Durante décadas, a navegação de cabotagem foi o maior e praticamente único meio de transporte de cargas e tanbém de passageiros entre os estados litorâneos do nosso país até os anos 30 quando o governo do presidente Washington Luiz priorizou a construção de rodovias e ferrovias.Nos anos 50 e 60, a matriz rodoviária ganhou mais força com a chegada da indústria automobilística ao país.Nos anos 70 todas as capitais estavam interligadas através das BRs, com exceção de Belém e Manaus contribuindo ainda mais para a priorização do modal rodoviário em relação ao marítimo. A economia brasileira foi severemente afetada pelo faro de haver adotado o modal rodoviário como prioritário e praticamente único. Além desestimular modais alternativos ao transporte de carga via rodoviária, tais como o transporte ferroviário e o tranporte marítimo, o pais tornou-se refém do modal rodoviário.Distâncias enorme tais como o percurso entre as cidades de Manaus no Estado do Amazonas e São Paulo no estado do mesmo nome, ainda hoje são cobertas por caminhões, encarecendo as mercadorias que incorporam ao preço das mercadorias além do valor do frete, o custo dos seguros de carga que são exorbitantes em se tratando de transporte rodoviário em virtude do risco inerente à atividade. Nos anos 90, com o advento das privatizações das estradas federais e a consequente cobrança depedágio, houve um significativo aumento no valor dos fretes rodoviários. Diante desse cenário de decadência do trasporte rodoviário de longa distância, com altos custos e baixo desempenho, algumas empresas de navegação marítima que operavam com navios porta-contêiner, visualizaram um novo nicho de mercado, a navegação de cabotagem. A retomada da utilização do modal marítimo em substituição ao modal rodoviário no transporte de cargas em grandes distâncias ganhou força nos últimos anos em virtude de apresentar um grande diferencial competirivo apresentado em relação ao transporte rodoviário, principalmente nos quesitos prazo de entrega , custos logísticos consumo de combustível e menor es índices de atmosfera. emissão de gases poluentes na O trasporte de cabotagem atualmente é uma atividade que está sendo redescoberta em nosso país, o modal que teve baixa utilização durante mais de três décadas,porém, atualmente transporta uma grande diversidade de produtos entre os quais se incluem,alimentos, veículos, produtos de informática, eletrodomésticos, enfim, qualquer tipo de carga que possa ser acondicionado em um contêiner, pode ser transportado por via marítima no sistema de cabotagem. Sabemos que a navegação de cabotagem representa uma nova fronteira no mundo do trasporte doméstico de cargas, como também, uma poderosa ferramenta logística no processo de entrega de mercadorias porta a porta.As empresas que atuam no ramo da navegação de cabotagem, não se limitam apenas ao transporte da carga por via marítima, elas realizam o ciclo completo da logística, ou seja, captam a carga na porta do cliente remetente, realizam o transporte e entregam na porta do cliente destinátário, disponibilizando informações sobre a carga durante todo o processo. O nosso estudo será direcionado no sentido de mostrar a viabilidade da inclusão do Porto de Cabedelo no rol dos portos brasileiros que operam com carga geral através de navios conteineiros no sistema de cabotagem. 1.3 Objetivos 1.3.1 Obgetivo Geral Estudar a viabilidade de implantação de uma linha de navegação de cabotagem no Porto de Cabedelo-PB. 1.3.2 Objetivos Específicos Avaliar o potencial de carga do Porto de Cabedelo para o sistema de cabotagem; Estudar a infra-estrutura atual do porto para o sistema de cabotagem; Investigar os elementos críticos que podem impactar na viabilidade da proposta. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Evolução da Logística Na Antiguidade as atividades econômicas eram desenvolvidas com o intúito apenas de garantir as necessidades de sobrevivência das populaçãoe locais. Os produtos de consumo,alimentos ou bens materiais,eram geralmente produzidos em lugares específicos, e disponibilizados em quantidades suficientes,somente em determinadas épocas do ano. Não havia uma ampla variedade de produção. Devido a ausência de uma logística integrada, as mercadorias precisavam ser consumidas nos pontos de coleta, ou então, transportadas por meios próprios dos consumidores, para locais onde pudessem ser armazenadas (BALLOU,1999). Entende-se que a logística é um fator determinante para o sucesso da ativicade econômica, sem ela, não seria possível a expanção dos mercados nem tampouco a satisfação de clientes localizados longe dos pontos de produção de bens e de serviços. As atividades logísticas passaram a ser praticadas a partir de quando o homem começou a exercer a atividade econômica da troca dos excedentes de sua produção.Os produdos que não eram consumidos passaram a ser considerados estoque e presisavam ser guardados, ou seja, armazenados e posteriormente transportados do local da coleta até o local de consumo.Dessa forma, o homem passou a praticar as três funções fundamentais da logistica, estoque , armazenagem e transporte. Para Ballou (1993) A atividade logística militar da Segunda Guerra Mundial foi um início para muitos dos conceitos logísticos utilizados atualmente.Entende-se que a II Guerra Mundial despertou o empresariado para uma nova forma de gerenciar estoques e de promover a distribuição física , forma essa que acabara de ser testada nos campos de batalha, revelando na prática as melhores estratégias a serem adotadas com vistas ao sucesso .Segundo Ballou (1993) “Por volta de 1945, algumas empresas já haviam colocado transporte e armazenagem de produtos acabados sob um único gerente. As indústrias alimentícias foram pioneiras nesse aspecto.” Percebe-se que os ensinamentos otidos nas trincheiras foram logo utilizados por empresários de um dos ramos de atividade que mais exige da logística que é o setor de alimentos, uma vez que a indústria alimentícia precisa agregar aos seus produtos valor de tempo e de lugar. A logística permaneceu em estado latente até cerca de 1950, não havendo uma filosofia dominante para conduzí-la. Nessa época, a empresa dividia as atividades-chave da logística sob responsabilidade de diferentes áreas. Geralmente, o transporte estava sob o comando da gerência de produção; ao estoques eram responsabilidade de marketing, finanças ou produção e o processamento de pedidos controlado por finanças ou produção. Isto causava conflitos de objetivos e responsabilidades para as atividades logísticas.(CHING,2001). Observa-se em Ching que não demandou muito tempo entre disseminação das práticas de logística militar bem sucessedidas fossem absorvidas pelo empresariado. Se considerarmos o cenário predominante nos anos quarenta, onde os veículos de comunicação eram infinitamente inferiores aos de hoje e onde ainda não havia qualificação profissional direcionada para a gestão de negócios, cinco anos é um período de tempo razoável para adoção de conhecimentos inovadores. Novaes (2004) afirma que, na primeira fase da logística, as empresas procuravam formar lotes econômicos para transportar seus produtos, dando menor importância aos estoques. Entende-se que o pensamento predominante nessa fase da logística estava focado no trasporte de baixo custo, através de uma visão unilateral do fabricante ou do comerciante. Não existia a cultura das relações ganha-ganha nnem tampouco a preocupação com a qualidade do produto no momento da entrega e a consequente satisfação do cliente. Durante os anos de formação da logística empresarial existiram mudanças populacionais com substancial impacto nos custos logísticos. Houve migração das áreas rurais com direção aos centos urbanos já estabelecidos. Isto em si poderia reduzir a distribuição pelo incremento dos volumes movimentados para uma menor quantidade de centros de demanda. Ao mesmo temo, populações começaram a migrar do centro das cidades para para os subúrbios circundantes. Varejistas seguiram a população para os subúrbios com pontos de venda adicionais. Servir com entregas uma maior área metropolitana e manter maiores os estoques totais requeridos pelas filiais adicionais incrementaram o custo da distribuição.(BALLOU, 1993). Essas condições forçaram o empresariado a buscar soluções para problemas antes nunca enfrentados. Em um ambiente onde predominava o lucro e onde a preocupação maior era vender e produzir, a distribuição surgiu como um elemento novo e de início gerou um grande impacto. Neese novo cenário, a distribuição passou a ser peça-chave do sucesso dos negócios, tão importante quanto as vendas e a produção. A partir da década de 70, a logística empresarial passou para o estado de semimaturidade, já que os princípios básicos amplamente definidos estavam proporcionando benefícios a empresas. Mesmo assim, a aceitação do mercado ainda era vagarosa, oma vez que as empresas se preocupavam mais com a geração de lucros do que com o controle de custos. Contudo, algumas forças de mudança e eventos influenciaram cada vez mais a logística, como a competição mundial, a falta de matérias-primas, a súbita elevação de preços do petróleo , o aumento da inflação mundial. Houve mudança de filosofia que passou de estímulo de demanda para melhor gestão de suprimentos (CHING,2001). Dentro deste contexto surgiu uma verdadeira proliferação de produtos cada vez mais variados que provocaram na população, além do aumento da demanda, a exigência por melhor qualidade. Nessa época surgiram os depósitos para que a distribuição fosse melhor executada, o controle de estoques e a programação de rotas dos veículos de distribuição e de entrega. Os anos oitenta representam um marco altamente significativo no desenvolvimento da logística empresarial, motivado pela disponibilidade de recursos tecnológicos de uma forma geral, e principalmente pela utilização massissa da tecnologia da informação (TI). Também concorreram para esse verdadeiro salto evolutivo o crescimento da economia dos países chamados emergentes, como também o surgimento dos blocos comerciais, Alca, Mercosul e Comunidade Européia, além é claro, do maior de todos os fenômenos econômicos dessa década, a globalização. Novaes (2004) afirma que na terceira fase, que começou em fins da década de 1980 e ainda está sendo implantada em muitas empresas, o intercâmbio de informações entre dois elementos da cadeia de suprimentos passou a se dar por via eletrônica, através do EDI(Intercâmbio Eletrônico de Dados). Observa-se que nessa fase o enfoque principal é a Tecnologia da Informação (TI) e que essa tecnologia vai além de permitir o intercâmbio eletrônico de dados na cadeia de suprimento, possibilita também lançar as bases do comércio eletrônico, amplamente utilizado nos dias de hoje. Prosseguindo sobre a quarta fase da logística, Novaes (2004) afirma que nessa fase as empresas da cadeia de suprimento passam a tratar a logística de forma estratégica, o que significa ter uma visão uma visão macro do negócio, exergar o negócio como um todo e não de forma estanque. Esse novo posicionamenmto das empresas envolve as demais empresas componebtes da cadeia de suprimento de forma sistêmica. Nesse contexto, o papel da logística é tornar as empresas mais competitivas e flexíveis. Ainda segundo Novaes (2004), a quarta fase da se caracteriza pela adoção do SMS-Supplay Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimento), cuja principal característica é a integração dos processos componentes da cadeia de suprimento dentro daqueles conceitos básicos de fluxo de materiais, de informações e de recursos financeiros, porém, com todos os agentes do processo alinhados de forma estratégica, visando satisfazer o cliente, reduzindo custos e desperdicios, reduzindo estoques e agregando valor ao produto. 2.2 Conceito de Logística Para Goebel, (apud Cruz, 2007), a logística foi criada na área militar como uma forma combinar de maneira mais eficiente, tempo, custo, e os demais recursos disponíveis para realizar o deslocamento das tropas e supri-las com armamentos, munição e alimentos durante o trajeto, expondo-as o mínimo possível ao inimigo. Ao longo do tempo, esses conceitos evoluíram e extrapolaram os limites dos quartéis, passaram a fazer parte da estratégia competitiva das empresas, notadamente no que tange a custos logísticos presentes principalmente em atividades de transporte, gerenciamento de estoque, armazenagem e processamento de informação. Na logística empresarial, a forma de pensar é a mesma da logística militar, porém, os elementos são diferentes. Mantimentos e munições dão lugar a mercadorias, os inimigos são substituídos pelos concorrentes e o campo de batalha desse novo cenário é o mercado. Embora tenha sido desenvolvida para atender as necessidades da guerra, a logística com enfoque militar é perfeitamente utilizável no competitivo cenário global em que estamos inseridos, onde as empresas adotam a excelência como meta, o que as torna altamente competitivas em um mercado cada vez mais dividido e disputado. A origem militar da logística é preservada em muitas empresas que buscam absorver lições de estrátegis e táticas militares para adaptá-las ao ambiente empresarial.é perfeitramente possível estabelecer uma analogia entre as decisões tomadas e as maobras executadas por um general num campo de batalha e um executivo à frente de uma empresa. Etimológicamente,”logística” é oriunda do radical grego logos, que significa razão. Pode-se depreender disso que a logística implica “arte de calcular” ou “a manipulação dos detalhes de uma operação”.(HARA,2005,p17). É claramente perceptível que a logística traz em sua essência o foco na previsão e no planejamento com vistas a suportar uma outra ação futura, elementos fundamentais para o atingimento das metas a que se propõe, ou seja, transportar mercadorias desde o seu ponto de produção ou de aquisição até o ponto de consumo e manter ou fluxo de informação que acompanhe a mercadoria por todo o percurso. Para Lamb Júnior (2004) Logística é um termo emprestado dos militares e que descreve o procerro de gerenciar de maneira estratégica o fluxo e o armazenamento eficientes de matérias-primas, estoque em processo e bens acabados, do ponto de origem ao ponto de consumo. Aí fica evidente a característica principal da logística, a de atividade meio, imprescindível em qualquer atividade econômica e que com o passar dos anos vem adquirindo cada vez mais importância na qualidade do produto entregue ao cosumidor final, bem como, no custo desse produto. 2.3 Atividades da Logística Segundo Ballou (1993, p.24) A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. Essa definição nos transmite a idéia de que a logística tanto lida com aspectos físicos, tangíveis, quanto com a intangibilidade ela divide-se em dois grandes grupos: as atividades primárias e as atividades de apoio. As atividades primárias são os transportes, a manutenção de estoques e o processamento de pedidos, recebem essa denominação por representarem a maior parte dos custos logísticos. As atividades de apoio, constituídas por: armazenagem, manuseio de materiais, embalagem, obtenção, programação e informação, são assim denominadas pelo fato de darem apoio às atividades primárias. O transporte é a atividade que mais absorve custos na cadeia logística, representando de um a dois terços dos custos totais do processo. Porém é uma atividade vital para qualquer sistema logístico, sem ele nada se movimenta e conseqüentemente não cumpre a principal missão da logística que é agregar valor de lugar aos produtos. Sem transportes eficientes e bem planejados, corre-se o risco de perder mercadorias retidas no canal de distribuição, seja por deterioração no caso de produtos perecíveis, ou por obsolescência como é o caso de produtos sazonais. Estoques representam um mal necessário as atividades produtivas, pois gera altos para as empresas, mas é através deles as empresas asseguram o equilíbrio entre a oferta e a demanda, eles também asseguram a continuidade do processo produtivo. Administrá-los e mantê-los constitui-se numa atividade-chave para a empresa, eles devem situar-se em níveis baixos, porém suficientes para atender as necessidades dos clientes externos e internos. São os estoques que agregam valor de tempo aos produtos. Processamento de pedidos é o item menos dispendioso em se tratando de atividades logísticas primárias em comparação ao transporte e à manutenção de estoques. É o elemento determinante do tempo de entrega dos bens e serviços. As atividades de apoio, como a própria denominação sugere, são atividades acessórias e complementares das atividades primárias. São elas: armazenagem; Manuseio de materiais; Embalagem de proteção; Obtenção; Programação de produtos; Manutenção de informações. Ballou (1993), afirma que armazenagem é a administração do espaço necessário para manter estoques. Entende-se que o espaço no armazém deve ser utilizado de forma tal que não haja perda, devem-se usar as três dimensões, exceto quando essa prática não for possível, o arranjo físico deve permitir o acesso a todos os itens do estoque sem que aja necessidade de remoção de outros itens, também deve ser levado em consideração na administração do estoque, o tipo de equipamento de movimentação que melhor se adéqua ao espaço físico tridimensional e ao tipo de mercadoria a ser manuseada. Entende-se por manuseio de materiais a movimentação de mercadorias já recebidas, dentro do próprio armazém. O manuseio pode ser feito com o objetivo de liberar espaço no armazém, de proceder a inventário ou fiscalização. Embalagem de proteção tem por objetivo evitar avarias à mercadoria e torná-la uniforme, facilitando assim o manuseio e o empilhamento no interior do armazém. Obtenção é a programação das compras, não no aspecto comercial, mas no que se refere à logística. É através da atividade de obtenção ou de suprimento, como é também conhecida, que a empresa decide qual o produto a ser comprado, onde vai ser comprado e em qual período. Programação de produto, também conhecida como expedição, refere-se à distribuição ou ao fluxo de saída em uma empresa industrial. As atividades de manutenção de informação dão suporte às demais atividades logísticas. Através dela é possível localizar clientes, conferir estoques, avaliar padrões de entrega e desempenho das vendas. As informações permeiam todas as atividades logísticas. 2.4 Cabotagem Navegação de cabotagem é o transporte de cargas ou de passageiros realizado entre os portos de um mesmo país, utilizando a via marítima ou vias navegáveis interiores, ou seja, rios, lagos e canais. No Brasil, temos duas modalidades de navegação de cabotagem, a cabotagem tradicional entre portos brasileiros e a grande cabotagem que além dos portos brasileiros, estende-se a portos de países vizinhos como Argentina e Uruguai, Venezuela e as Guianas. Segundo Oliveira (2007), a palavra origina-se do vocábulo francês caboteur, que significa navegação entre cabos e portos do mesmo país. A opção de navegar entre cabos representava para os pioneiros da navegação na costa brasileira uma forma segura de navegar, sem correr o rico de perder a orientação, já que navegavam tendo pontos da costa como referencia visual. Considerando que as embarcações daquela época não dispunham de nenhum recurso tecnológico, e também, a inexistência de cartas náuticas da costa brasileira, a experiência dos navegadores baseada nas observações dos sinais em terra, era a única forma segura de navegar através da costa do Brasil sem correr grandes riscos. A navegação no Brasil está intimamente ligada ao descobrimento, foi através do mar que chegaram os primeiros europeus ao território brasileiro para aqui desencadearem o processo de exploração e comercialização de nossos recursos humanos e matérias. Podemos considerar como marco inicial da cabotagem, a expedição de Martim Afonso de Souza no ano de 1530 que percorreu a costa brasileira, desde o Cabo de Santo Agostinho no atual Estado de Pernambuco até a região de Buenos Aires, na Argentina. O transporte de cabotagem representa uma alternativa viável para compor a cadeia de suprimentos de diversos setores, contribuindo de maneira significativa na preservação ambiental, transferindo a demanda de transporte de cargas terrestres para o modal marítimo, ajudando a reduzir os níveis de poluição no planeta, reduzindo a necessidade de manutenções freqüentes nas rodovias e evitando o desmatamento para a construção de novas estradas. O Brasil apresenta hoje um atraso de pelo menos 20 anos em investimentos no setor, o que requer a recriação de uma cultura de uso do modal, já que a cabotagem atingiu o seu auge na década de 50, porém devido o grande investimento público na construção de rodovias, desequilibrou a matriz de transporte com efeito negativo para a cabotagem. Muitas foram as razões para o quase desaparecimento de nossa cabotagem. A mais importante, mas não a única, foi a ineficiência e os custos das operações portuárias. Outro ponto, algo subjetivo, era a inflação elevada, tornando os transportes mais rápidos, porém, mais caros, aceitáveis para pequenas cargas com alto valor agregado. Com a promulgação da chamada Lei de Modernização Portuária em 1993, foi modificada a forma de prestação das operações portuárias tornando-as mais eficazes e, em conseqüência, seus custos mais racionais. A partir dessa época teve início uma lenta reativação da cabotagem. O crescimento da navegação de cabotagem vem sendo sentido por todo o mercado de navegação como um dos movimentos mais positivos de todo o cenário nacional. Diversas áreas de negócio já migraram para a cabotagem, tais como móveis automóveis, calçados, brinquedos e outros. A tendência é que haja o incremento do volume dessas mercadorias no modal. Um dos grandes desafios da logística no cenário da navegação de cabotagem brasileira é evitar o descompasso entre a descarga de contêineres cheios e o embarque de contêineres vazios. Se essa diferença for muito expressiva em determinado porto, seguramente afetará a oferta de serviços de navegação, uma vez que o contêiner vazio ocupa o mesmo espaço que ocupa um contêiner cheio. O problema do descompasso entre contêineres cheios e vazios tende a diminuir cada vez já que existe uma tendência mundial de portos possuírem uma grande área em seu entorno, destinada à instalação de indústrias e de empresas prestadoras de serviços relacionados com operações portuárias. Porém, enquanto os portos brasileiros se adéquam à essa nova realidade, a logística tem que procurar sanar esse problema. A Região Nordeste exerce papel de destaque no processo de utilização dos serviços de cabotagem e o Porto de Suape-PE é a referência nesse novo cenário do transporte de carga no Brasil. O porto pernambucano movimenta uma grande gama de cargas de cabotagem em contêineres, que vai desde alimentos até autopeças. Suape também está se constituindo em um importante ponto de apoio do serviço feeder inclusive operando com cargas destinadas a outros países. O Plano Nacional de Logística e Transporte - PNLT confere à cabotagem o papel de buscar o equilíbrio entre os modais de carga, atualmente desbalanceado em favor do modal rodoviário. O foco do plano não é eliminar o transporte rodoviário da matriz de transporte brasileira, mas promover o multimodalismo, envolvendo toda a cadeia logística ligada aos transportes e a efetiva mudança na matriz de transportes do Brasil. O cenário econômico e político da atualidade propiciam o exercício da atividade comercial de forma mais segura, em virtude dos baixos índices de inflação,da queda dos juros e da modernização dos portos, sintetizada na Lei 8.630/93. Nesse ambiente, a cabotagem passa a ter um papel de destaque e contribuir para o reequilíbrio da matriz de transporte de carga no Brasil,até então dominada pelo modal rodoviário. Para Oliveira (2007),outro fato que coloca em pauta a questão da cabotagem é o advento do Mercado Comum do Sul – Mercosul. De fato, em função de sua extensa área de abrangência que compreende além do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, países servidos pela navegação marítima e fluvial e também pelo fato de a maior parte das cargas comercializadas por esses países ser transportada por navios, o Mercosul é um grande impulsionador da cabotagem. O aumento na produtividade dos portos brasileiros nos últimos quinze anos, se deu principalmente pela aplicaçaão da Lei de Modernização dos Portos, ou seja, a Lei 8.630/93.Foi após a referida lei que as empresa ligadas ao setor marítimo passaram a usufruir de benefícios tais como a redução dos custos portuários em função da livre concorrência entre os portos e o aumento da eficiência destes.Antes da implantação da referida lei, as taxas portuárias eram negociadas de forma linear para todos os portos brasileiros.Especificidades regionais e até mesmo locais, eram ignoradas e muitas vezes influenciavam de forma negativa no bom funcionamento dos portos. O aumento da produtividade portuária, associado à redução dos custos do setor, despertaram o intetresse das empresas para essa modalidade de transporte. Para Keedi (2004) a cabotagem entrou no jogo e passou a representar mais uma opção de transporte. Realmente, essa nova ordem norteadora dos serviços portuários no Brasil, possibilitaram o ressurgimento da cabotagem, agora contando com serviços adicionais de coleta e de entrega. A cabotagem é uma vocação natural do País, que tem 8.000 km de costa e 32 portos ao longo dela – 80% da população vive em cidades que ficam até 200 km da costa brasileira. Apesar do crescimento registrado nos últimos anos, ainda existe uma demanda reprimida para a cabotagem. Isso mostra que muitas empresas ainda desconhecem as vantagens do modal, inclusive a possibilidade de interiorizar o serviço por meio de parcerias com empresas rodoviárias e ferroviárias, ou até mesmo através das hidrovias. Além da redução dos riscos enfrentados nas estradas, a cabotagem oferece outros grandes benefícios, como redução de custos, de avarias e roubos. O transporte marítimo também garante pontualidade nas entregas, boa estrutura de armazenagem e controle das informações através de rastreamento, desde a coleta até a chegada da mercadoria ao destino final. A utilização do modal marítimo na movimentação interna de cargas não significa abandonar a matriz rodoviária, mas equilibrar a matriz de transporte do País. Obviamente, a utilização do caminhão continuará a existir, porém, em distâncias menores, na função de alimentador, como transporte de coleta entre o ponto de aquisição e o ponto de carregamento e como transporte de entrega entre o ponto de descarga o cliente final. O transporte de cabotagem é uma atividade em franco desenvolvimento no Brasil. Os riscos oferecidos pelas rodovias brasileiras, como acidentes, roubo de cargas e poluição, fazem com que algumas empresas prefiram, cada vez mais, utilizar o modal marítimo para transportar suas mercadorias. A cabotagem vem crescendo no Brasil e seu conceito deixou de ser apenas a navegação entre os portos do País para se transformar no serviço de entrega porta a porta, oferecido pelas empresas de logística que atuam no modal marítimo. Além da quase que inexistência de riscos que já foram incorporados ao quotidiano das estradas, a cabotagem oferece outros grandes benefícios se comparada ao transporte rodoviário de longa distância, como redução de custos, de avarias e roubos, além, da inexistência de cobrança de pedágios. O transporte marítimo também garante pontualidade nas entregas e controle das informações através de rastreamento, desde a coleta até a chegada da mercadoria ao destino final. De acordo com uma Pesquisa Aquaviária CNT (2006), 41,3% dos clientes consideram a cabotagem mais vantajosa que outros meios de transporte por causa do menor custo do frete; 25,9% em função da segurança da carga; 12,2% pela confiabilidade dos prazos; e 11,1% pelo baixo nível de avarias. O levantamento também revelou que a maioria dos entrevistados 69,2% considera satisfatório o desempenho das empresas de cabotagem. Para Keedi (2004), a vantagem dos custos portuários e a possibilidade de transporte de grandes quantidades, principalmente de carga em contêineres, têm permitido à cabotagem um crescimento digno de nota e de esperança no futuro. Entende-se que o contêiner representa o elemento central na atual navegação de cabotagem. Sua versatilidade e uniformidade são fatores relevantes do seu sucesso como facilitador do transporte de carga geral. Observa-se também como ponto positivo da utilização de contêineres a comodidade oferecida ao usuário desse serviço quanto tempo e a maneira de acondicionar a carga dentro do contêiner para a operação de embarque ou dele retirá-la no caso da operação de descarga. O corredor logístico Manaus-Santos, é um bom exemplo do sucesso da navegação de cabotagem. Metade da produção da Zona Franca de Manaus é escoada para os estados do Nordeste, Sul e Sudeste através do modal marítimo e boa parte dos artigos consumidos na área de influência do Porto de Manaus, principalmente gêneros alimentícios, são transportados pela navegação de cabotagem em contêineres. Em um país de dimensões continentais como é o Brasil, a navegação de cabotagem representa o único modal alternativo à matriz rodoviária, capaz de integrar todas as regiões, visto que o modal dutoviário é quase que inexistente, principalmente em função de seu alto custo de instalação, Também não existe uma malha ferroviária que abranja todo o país, aliás, as malhas ferroviárias existentes no Brasil não são integradas, existe padronização de bitolas de trilhos. Para que a cabotagem se consolide como melhor opção de transporte de cargas porta a porta, é preciso que os procedimentos nos portos de desembarque sejam menos burocráticos. É fundamental que o governo reveja também a incidência de impostos sobre o combustível. Atualmente, o custo do combustível é maior para as embarcações da cabotagem do que para os navios estrangeiros. A Pesquisa Aquaviária CNT (2005) revela o percentual de cargas transportadas por cabotagem. Os alimentos representam 20,8%, produtos químicos e inflamáveis representam 17,7%, celulose e papel representam 10,0%, eletroeletrônicos representam 9,2%. Outros produtos também transportados por cabotagem são materiais de construção, produtos de higiene e limpeza, produtos metalúrgicos, veículos e autopeças, móveis e utensílios domésticos, embalagens e vasilhames, rações, madeira e derivados, minérios, bebidas, calçados e confecções, borracha e plásticos. Embora esse não seja o foco da pesquisa, podemos observar que todos os tipos de carga mencionados podem ser acondicionados e transportados em contêineres. Considerando a diversidade de produtos, fica mais uma vez confirmada a versatilidade do contêiner. Como já foi dito anteriormente, a cabotagem hoje representa mais que o sistema de navegação entre os portos de um mesmo país, é uma ferramenta operacional relevante, no serviço de transporte de carga porta a porta e o grande facilitador desse processo é a utilização de contêineres marítimos ou cofres de carga. Atualmente, 10% dos contêineres que circulam pelos portos brasileiros são utilizados pela navegação de cabotagem. O primeiro passo na direção da retomada da navegação de cabotagem foi dado 1990 pela empresa de navegação Aliança que implantou uma linha regular de carga geral através de contêineres entre os portos de Santos em São Paulo e o Porto de Manaus, no Amazonas. Esse empreendimento não logrou êxito devido à instabilidade da moeda e aos elevados índices de inflação, que tornavam impossível um lead time superior a uma semana para cargas domésticas. Quase uma década depois da primeira tentativa, foi finalmente possível reativar a navegação de cabotagem, segundo Ono (2001), em 1999, em um contexto bem diferente do que ocorreu em 1990, com uma economia estabilizada e índices de inflação controlados. De fato, no final dos anos noventa, a cabotagem veio para ficar e atualmente compete com o modal rodoviário em distâncias longas, não apenas no que se refere ao preço do frete, mas também ao tempo de entrega. A precarização das estradas, o envelhecimento da frota de caminhões, em contrapartida, a modernização dos serviços portuários foram decisivos em favor do modal marítimo. O grande facilitador desse processo de retomada da navegação de cabotagem na costa brasileira de mercadorias com alto valor agregado foi a utilização de contêineres marítimos. Dentre as inúmeras vantagens apresentadas quando da utilização de contêineres, uma das principais reside no fato de tratar-se de um volume único, independente do que esteja acondicionado em seu interior. Para Lacerda (2004), a introdução do contêiner para o transporte marítimo de cargas, modificou a operação tanto nas empresas de navegação quanto nas áreas portuárias. Observa-se que a oferta de serviços de transporte marítimo tendo o contêiner como elemento central é uma tendência mundial motivada principalmente pela praticidade e flexibilidade que o contêiner oferece. O transporte de carga geral exigia navios específicos, tais como, navios frigoríficos enquanto que o transporte de contêiner não apresenta essa exigência o que possibilita aos armadores (Proprietários de navios) reduzir seus gastos com a construção de vários navios especializados, concentrando-se apenas na produção de um tipo de navio que atende a demanda de diversos tipos de carga. A grande utilização de contêineres na navegação forçou os portos e terminais a procederem a modificações em suas estruturas físicas e também a buscarem especialização para a mão-de-obra utilizada nas operações portuárias, essa mão-de-obra, passou por um processo de redução devido à exigência de menor número de pessoas para manusear os contêineres. Lacerda (2004) aponta como uma das maiores vantagens da utilização do contêiner no transporte de carga geral o fato de o acondicionamento das cargas nos contêineres pode ser descentralizado e realizado na origem das mercadorias, nas fábricas, ou por meio de serviços especializados, dentro ou fora das áreas dos portos. Realmente esse é um fator de grande importância que reflete diretamente e de forma positiva na velocidade das operações portuárias e tem como conseqüência a redução do tempo de estadia dos navios nos portos. A utilização de contêineres no modal de cabotagem proporcionou um grande impulso à navegação de longo curso. Através dos Hub Ports,( Portos Concentradores), é possível importar determinadas cargas através de navios que operam apenas na navegação de longo curso e posteriormente essas cargas são reembarcadas em navios das linhas de cabotagem e entregues no destino final. No porto de Suape em Pernambuco, é frequentemente realizada esse tipo de operação denominada feeder. As cargas movimentadas pelos navios de cabotagem estão subdivididas em três grupos: 1 – Cargas domésticas que entram no sistema de transporte através de uma logística interna de distribuição. A documentação exigida para o transporte desse tipo de carga é apenas a nota fiscal, não necessita de nenhum desembaraço aduaneiro ou movimentação em recinto alfandegado. 2 - Cargas do Mercosul, são aquelas destinadas ou oriundas dos países que compõem o bloco de comércio Sul-americano. 3 - Cargas feeder, estas são provenientes de um porto concentrador ou a este destinada. Esse tipo de carga necessita de documentação aduaneira, pois se trata de importação ou exportação. Os contêineres marítimos, também conhecidos como cofres de carga, são recipientes metálicos que se destinam ao acondicionamento dos mais diversos tipos de carga destinadas ao transporte marítimo,são fabricados segundo especificações da International Standard Organization(ISO), o que facilita a sua intermodalidade. Segundo Keedi (2003, p.54), o contêiner surgiu na década de 50 e sua concepção é de uma caixa construída em aço, alumínio ou fibra, desenvolvida para o transporte de mercadorias unitizadas, permitindo o intercâmbio em diversos modais de transporte. O contêiner é suficientemente resistente para o uso contínuo, fixação rápida e segura ao veículo transportador, não havendo, portanto, o manuseio da mercadoria, o que torna a movimentação rápida, reduzindo os índices de avarias. Existem vários tipos de contêineres, estes devem ser utilizados conforme as especificidades da carga:. 1- Dry box- É utilizado para o acondicionamento da maior parte das cargas gerais secas, tais como caixaria, sacaria e cargas paletizadas. 2 - Carregamento lateral, inclusão completa. Equipado com porta lateral para uso em acondicionamento em descarga de carga onde não seja prático o uso de portas finais, também quando o container necessita permanecer nos trilhos enquanto a carga e colocada ou removida do container. 3 - Abertura de Topo – Open Top Usado para cargas pesadas, ou de difícil manuseio onde o carregamento ou descarregamento da carga através das portas finais e laterais seja impraticável.Como não existe teto, os contêineres open top são cobertos com uma lona removível fixada por cabos finos. 4 - Isolantes Para cargas que não poderiam ser expostas a mudanças rápidas ou bruscas de temperatura. Disponíveis em versões ventiladas e não ventiladas. Algumas transportadoras provêm contêineres com sistema de aquecimento para uso especial. 5 - Refrigerados Isolante e equipadas com sistema de refrigeração embutido, gerado por conexões elétricas diretas ou por geradores a gasolina ou a diesel. É usado primariamente para alimento ou outros artigos que requerem temperatura controlada de meio-ambiente. 6 - Volume Líquido - Tank Container tipo tanque para transporte de líquidos. Alguns têm sido designados para especificações de alto nível. Para transporte de certos materiais perigosos. 7 - Volume Seco Designado para transporte de carga tais como produtos químicos secos e grãos. 8 - Prateleiras Retas Disponíveis com vários modelos e tamanhos, as prateleiras retas são usadas para madeira, produtos de moinho pesados, largos e desajeitado, maquinário e veículos. Alguns são equipados com laterais removíveis. 9 - Auto Usado para o transporte de veículos, disponível nas versões abertas ou fechadas. 10 - Animais Vivos Configurado para o transporte de animais; os contêineres são disponíveis para o transporte de gado, aves domésticas e outros animais. 11- High Cube Estes contêineres são usados para cargas de alto-volume baixo peso e pode aumentar a área cúbica. Disponível para armazenamento da cabeça. Os contêineres “High-cube”. São de nove pés e meio de altura e comprimento de no máximo de quarenta e oito pés. 12 - Vestuário Com prendimentos especiais, e encaixes de teto internos, este contêineres podem ser usados para pendurar vestuário. A movimentação de carga geral conteinerizada nos portos brasileiros pelo sistema de cabotagem representa uma atividade de grande importância, não apenas na condição de atividade fim, mas também, como atividade meio de cunho estratégico para as linhas de exportação de grandes armadores internacionais através do já citado serviço feeder, através do qual, cargas provenientes ou destinadas à navegação de longo curso são transportadas do ponto de aquisição até o ponto de embarque e vice-versa. O grande volume de cargas de cabotagem movimentada através da costa brasileira, demanda melhores serviços portuários, o que despertou o interesse do empresariado pelo gerenciamento de terminais marítimos capazes de capazes de proporcionar maior agilidade nas operações e maior confiabilidade no serviço prestado motivou várias companhias de navegação a participar da administração dos terminais de seu interesse estratégico ou até mesmo implantarem terminal próprio. Um exemplo evidente dessa realidade é o terminal da Cia. de Navegação Libra localizado no Porto de Santos. A legislação que regula a cabotagem objetiva entre outras metas, a redução dos custos operacionais com vistas a possibilitar o aumento e a melhoria do serviço e o conseqüente aumento da demanda por navios, demanda essa a ser suprida pelos estaleiros nacionais. Entretanto, a construção de navios em estaleiros brasileiros impõe ao usuário do serviço de cabotagem um adicional de frete da ordem de 10%, o que de certa forma, encarece o serviço como um todo e aumenta o preço final do produto. A navegação de cabotagem também possui os seus gargalos, os que estão relacionados a cargas e operações portuárias, foram praticamente eliminados de todos os portos brasileiros, persistem, porém, aqueles atrelados às decisões governamentais, dentre eles destaca-se o Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), comumente denominado adicional de frete. Este adicional da ordem de 10% sobre o valor dos fretes marítimos tem por objetivo, como o próprio nome sugere financiar a renovação da frota mercante brasileira de cabotagem, porém, a grande reclamação dos armadores reside no fato de os recursos gerados por esse fundo só poderem ser utilizados para aquisição de navios brasileiros ou para construção de navios em estaleiros brasileiros. Essa reserva de mercado é nociva para a concorrência internacional e obriga ou armadores a adquirirem navios mais caros se quiserem fazer uso do fundo. Outro entrave ao desenvolvimento da atividade de cabotagem é a carência de embarcações para suprir a demanda pelo. Atualmente, apenas 17 embarcações atuam na cabotagem brasileira, é um número insuficiente para cobrir os 10.000 km que correspondem à distancia entre Rio Grande no Rio Grande do Sul e Manaus, no Amazonas, respectivamente o início e o final das linhas de cabotagem na costa brasileira. A indústria naval brasileira atualmente não está produzindo em condições de preços, prazos e qualidade compatíveis com o mercado internacional o que torna o navio construído no Brasil bem mais caro que um similar produzido no exterior. Adquirir navios nem sempre é a melhor opção para as empresas operadores do transporte de cabotagem principalmente por causa do elevado custo de aquisição. O afretamento de embarcações muitas vezes representa a alternativa mais econômica para o transportador, porém, a legislação reguladora da atividade de cabotagem é restritiva nesse ponto, embora não impeça, restringe muito essa prática concorrendo para a diminuição da oferta de embarcações. Outro entrave para o setor é a obrigatoriedade dos navios terem bandeira brasileira para atuar como cabotagem. A compra de navios no mercado internacional também se torna inviável devido à tarifação da ordem de 55%sobre o preço da embarcação. Além disso, a aquisição precisa da autorização dos ministérios dos Transportes e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A navegação de cabotagem é regida pela Lei Federal nº9.532, promulgada em 08 de janeiro de 1997 que define a atividade como sendo a navegação entrre portos brasileiros através da utilização da via marítima, além dos rios e lagos.Legalmente, a cabotagem só pode ser exercida por embarcações brasileiras.Embarcações estrangeiras podem atuar na cabotagem, desde que estejas afretadas à uma empresa brasileira. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários(ANTAQ), regula e supervisiona a navegação de cabotagem. A agência elabora e edita regulamentos relativos a prestação de serviços de transporte, incentiva a competição entre os operadores e fiscaliza o funcionamento e a prestação de serviço pelas empresas de navegação.É função da Antaq autorizar as empresas brasileiras de navegação de cabotagem. Os portos brasileiros, como também os terminais sejam de uso público ou particular, são regidos pela Lei Federal 8.630/93 ou Lei de Modernização dos Portos, como é mais conhecida. Esta lei dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias. A Lei dos Portos definiu duas modalidades para a exploração de instalações portuárias por empresas privadas: os terminais de uso público, explorados mediante contratos de concessão para prestação de serviços a terceiros, e os terminais de uso privativo, para movimentação de carga própria. Nessa categoria criou-se uma subdivisão, com a figura dos terminais de uso privativo misto, que podem movimentar cargas próprias e de terceiros. Em 2005, a resolução 517 da ANTAQ estabeleceu condições para a outorga de autorizações aos terminais de uso privativo misto. A norma prevê que a empresa interessada nesse tipo de terminal deve provar que a carga própria justifica o investimento. Antes da promulgação da Lei 8.630, o controle das operações nos portos brasileiros eram pulverizado, o transporte e manipulação de cargas em terra ficava a cargo das Companhias Docas, empresas de economia mista, com participação majoritária do governo federal.O serviço de estivagem de cargas, executado a bordo era executado e controlado pelas empresas tomadoras de serviço que utilizavam mão-deobra avulsa.Com a promulgação da Lei dos Portos (Lei 8.630/93) foi criada a figura do Operador Portuário que é responsável pelo planejamento, execução e controle das operações portuárias tanto em terra quanto à bordo.O controle das operações portuárias sendo efetuado por uma só entidade propiciou maior produtividade e redução nas tomadas de decisão gerando por conseguinte, maior eficiência portuária. O governo, com o intuito de criar condições apropriadas para o desenvolvimento da navegação de cabotagem, dará mais liberdade à iniciativa privada para investir na construção e operação dos portos. Por meio de decreto presidencial, autorizará a abertura de terminais privados para movimentar cargas de terceiros, sem limites percentuais, em regime de concessão. Os projetos terão necessariamente que passar por licitação pública, contrariando o desejo de parte dos empresários, mas o vencedor da concorrência ficará desobrigado de provar que existe carga própria em quantidade suficiente para justificar o investimento. Lacerda (2004) entende que a infra-estrutura portuária é composta por ativos fixos e sobre os quais é realizada a movimentação de cargas entre os navios e os modais terrestres. Entende-se que os componentes da infra-estrutura são imóveis, prestam-se exclusivamente à atividade portuária no porto no qual estão instalados. Deprende-se portanto que a infra-estrutura portuária é o conjunto de elementos integrados ao porto, cuja função é dar suporte ao desenvolvimento das atividades portuárias, como parte integrante de uma corrente e sob uma ótica sistêmica. A infra-estrutura portuária se divide em dois ramos, a infra-estrutura terrestre, composta pelas vias rodoviárias e ferroviárias, dutos, correias transportadoras, pátios e armazens e a infra-estrutura aquaviária da qual fazem parte os canais de acesso aos portos e as bacias de evolução, os quebra-mares e os berços de atracação. Entende-se por vias rodoviárias o conjunto composto por ruas principais e auxiliares que possibilitam o fluxo de veículos utilizados no transporte de cargas destinadas à armazenagem, pesagem, embarque ou descarga. Também faz parte das vias rodoviárias do porto de cabedelo a faixa pavimentada que contorna toda a extenção do cais acostável. Vias ferroviárias, como o próprio nome sugere, são as linhas férreas que servaem para a movimentação das locomotivas e dos vagões dentro do espaço físico do porto. Em alguns portos, devido a questões referentes à segurança ou mesmo devido à exiguiade de espaço para manoras, os vagões são movimentados por tratores no lugar das locomotivas. Dutos são tubos com grande extenção e diâmetro, cuja finalidade é transportar cargas a granel especialmente granéis líquidos. O exemplo mais comun de carga transportada através do sistema dutoviário é o petróleo. No Brasil esse sistema é pouco utilizado, porém em países que extraem petróleo em terra firme, como é o caso da maioria dos países do Oriente Médio, esse modal é utilizado em grande escala. A maior parte da carga contêinerizada de cabotagem é movimentada através de terminais públicos arrendados à iniciativa privada e de terminais privativos.O processo de arrendamento de terminais e instalações portuárias se da através de leilões. A Lei de Modernização dos Portos sancionada em 1993 permitiu e incentivou esse tipo de arranjo produtivo, porém manteve os serviços de infra-estrutura portuária a cargo do poder público. O Governo Federal planeja aquecer o transporte de cabotagem no País com isenções de tributos para a compra do óleo bunker, o combustível utilizado pelos navios. Aprovada pela Câmara Federal por meio da Medida Provisória 428/08, a proposta também prevê incentivos à construção, conservação e modernização das embarcações. Entre os incentivos propostos, a eliminação da cobrança de impostos sobre o bunker deverá ter um efeito mais rápido. O preço do combustível representa cerca de 15% dos custos totais da navegação de cabotagem, ou seja, a movimentação de mercadorias por via marítima entre portos de um mesmo país. Uma maior abertura da cabotagem enfrenta, no entanto, forte resistência da indústria naval e dos armadores nacionais e também em alguns setores mais tradicionalistas do Governo Federal, que são totalmente contrários a certas medidas que se tomadas facilitariam significativamente a nossa navegação de cabotagem, tais como a importação de navios fabricados no exterior. A possibilidade de adquirir embarcações apropriadas para o serviço da cabotagem a preços 40% menores que os praticados no nosso mercado de construção naval certamente estimulará os armadores a ampliarem as suas frotas e consequentemente melhorarem a qualidade do serviço prestado e reduzirem o lead time. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os procedimentos metodológicos apresentados a seguir serviram de base para a realização desta pesquisa, cujo objetivo geral é estudar a viabilidade de implantação do sistema de cabotagem de carga geral no Porto de Cabedelo-PB. O trabalho aqui apresentado é classificado como um estudo de caso, visto que se refere à viabilidade da inserção do Porto de Cabedelo no rol dos portos brasileiros que movimentam carga geral acondicionada em contêineres através do sistema de cabotagem. O presente trabalho consiste em uma pesquisa de campo, na qual os dados foram coletados diretamente na empresa pesquisada. Segundo Gil (1994), o estudo de caso compreende em um estudo profundo de um ou poucos objetos, de maneira que permita um conhecimento mais detalhado da realidade da pesquisa. O mesmo autor afirma que o estudo de caso tem busca explorar situações reais, cuja principal característica é a definição dos limites preservar o caráter unitário do objeto estudado; descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos. A pesquisa tem caráter descritivo, por abordar de maneira narrativa, vários aspectos relevantes, do ponto de vista analítico, da implantação de uma linha de navegação de cabotagem no Porto de Cabedelo-Pb. Segundo Martins (2000), a pesquisa descritiva tem a finalidade de revelar as características de um fenômeno, além de estabelecer relações entre variáveis e fatos. O trabalho de pesquisa foi realizado no Porto de Cabedelo-PB, mais especificamente na Gerência de Operações Portuárias (GEROP). Trata-se de um setor gerencial do Porto de Cabedelo-Pb, responsável pelo acompanhamento das operações portuárias, armazenagens e controle do fluxo de entrada e de saída de mercadorias no porto. A área operacional do Porto de Cabedelo é composta por quinze funcionários distribuídos em três setores, armazenagem, inspeção e gerência. Em virtude de esta pesquisa estar focada no campo das decisões, optamos por escolher como sujeito da pesquisa o gerente de operações portuárias, responsável por toda a área operacional e consequentemente, conhecedor de todas as etapas do processo. O presente trabalho utilizou dados primários, já que foi feita uma pesquisa de campo no Porto de Cabedelo e dados secundários coletados com base em livros, artigos, revistas eletrônicas, portais eletrônicos, entre outras fontes. Os dados primários foram coletados através de várias entrevistas com o sujeito da pesquisa, e também através da observação direta do autor ao longo de vários anos de trabalho como operador portuário no Porto de Cabedelo. Neste estudo de caso, o instrumento escolhido para a obtenção dos dados foi um roteiro de entrevista, em virtude da facilidade de acesso ao entrevistado, bem como, pelo fato de ser enriquecedor para a pesquisa. Vale salientar que as entrevistas se constituíram em conversas informais que aconteceram à medida que dúvidas surgiam e fazia-se necessária o esclarecimento das mesmas. Também foi importante para obtenção dos dados primários, a experiência profissional do autor diretamente relacionada com o objeto da pesquisa. . Na pesquisa em questão, tanto os dados primários quanto os secundários foram tratados de forma qualitativa. Os dados primários colhidas pelo pesquisador, através do roteiro de entrevista, foram apresentados em forma de texto. Após ter sido feita uma análise sobre o conteúdo das respostas, buscou-se construir teoria a partir do significado e das explicações que o entrevistado atribuiu ao evento pesquisado. A pesquisa buscou analisar os dados primários, indo além de uma simples narrativa do que foi coletado, o que proporcionou uma versão teórica da realidade observada. 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS De acordo com Gil (1999), logo após a coleta de dados, a fase seguinte da pesquisa é a de análise e interpretação. Apesar de conceitualmente distintos, estes dois processos aparecem sempre estreitamente relacionados. A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos. Considerando que o objetivo desse estudo é averiguar a viabilidade de implantação do sistema de cabotagem de carga geral no Porto de Cabedelo. Optamos por utilizar o enfoque qualitativo na pesquisa objetivando alcançar uma boa interpretação dos dados. A presente secção apresenta os dados obtidos através de entrevista com o Gerente de Operações do Porto de Cabedelo acerca de diversos aspectos relativos às operações portuárias no referido porto. Com base nestes dados, buscaremos soluções para o problema originário desta pesquisa. Para facilitar a compreensão do leitor, a presente análise foi dividida em três partes: potencial de carga, infra-estrutura portuária e elementos críticos. As três etapas de coleta e interpretação de dados encontram-se vinculadas aos objetivos específicos do trabalho. Inicialmente, teceremos comentários acerca do potencial de carga do Porto de Cabedelo. Indagado sobre o tema em tela, o gerente de operações do Porto de Cabedelo nos informou que o volume anual médio de cargas movimentadas pelo referido porto é de 930 mil toneladas, das quais, apenas 60 mil toneladas são carga geral, as 870 mil toneladas restantes compreendem granéis líquidos e granéis sólidos. Vale salientar que o volume de carga geral movimentado, ou seja, 60 mil toneladas por ano é constituído apenas por cargas destinadas à exportação e representa apenas cinco mil toneladas por mês. Considerando que as operações portuárias com carga geral no Porto de Cabedelo são realizadas com velocidade acima da média nacional para as mesmas condições de trabalho e de equipamentos. O volume médio mensal de cinco mil toneladas está muito aquém da capacidade de produção daquele porto. Para movimentar este volume de carga é necessário apenas 48 horas de trabalho. O pequeno volume de carga geral movimentado através do porto de Cabedelo nos conduz à constatação de que existe uma grande capacidade ociosa naquele porto. Como foi citado no embasamento teórico, a carga geral atravessa um momento de declínio, essa modalidade de carga vem sendo substituída por outras formas de embalagem que permitem uma movimentação mais rápida e segura com menores riscos de avarias. Do total de carga movimentada no terminal paraibano, apenas 7% compreende carga geral, mesmo se tratando de carga de exportação, esta quantidade de carga é insignificante para qualquer porto. A baixa movimentação de carga no Porto de Cabedelo reforça a convicção de que, em termos de carga geral, o porto está subutilizado e que é preciso uma mudança de estratégia para que o porto seja mais bem aproveitado. Através da resposta do entrevistado sobre a movimentação de carga geral no Porto de Cabedelo, é possível observar que o foco do porto não é a carga geral e sim a carga a granel, principalmente os granéis líquidos. Considerando que os navios que transportam granéis líquidos atracam em um berço específico, os outros três berços restantes do cais permanecem ociosos durante boa parte do ano, o que demonstra que é totalmente possível atrair outros tipos de carga para serem movimentadas pelo ancoradouro de Cabedelo. Quanto à possibilidade de crescimento da demanda de carga, o gerente de operações do Porto de Cabedelo nos afirmou que esta possibilidade existe visto que a produção industrial da Paraíba apresenta elevados índices de crescimento, prova disso é a grande quantidade de matérias primas importadas pelas indústrias paraibanas, que são desembarcadas em portos vizinhos, principalmente no Porto de Suape-Pe e posteriormente são trazidas para o Porto de Cabedelo através do modal rodoviário. Também constatamos que empresas paraibanas utilizam portos de outros estados para escoar a sua produção. Exemplo dessa afirmação é a movimentação de cimento ensacado acondicionado em contêineres, produzido no Estado da Paraíba e embarcado para portos da Região Norte através do Porto de Suape em Pernambuco. Porém, o caso mais emblemático de carga paraibana movimentada por outros portos, refere-se às Sandálias Havaianas, um dos produtos brasileiros mais conhecidos no exterior, produzido na Paraíba, na cidade de Campina Grande-PB e exportado para todos os continentes do mundo através do Porto de Santos. O transporte dessa carga do local de aquisição, no caso Campina Grande, até o ponto de expedição, no caso o Porto de Santos, é feito através contêineres usando o modal rodoviário através de um percurso de 3.000 km. Conforme citamos na fundamentação teórica, para mover uma tonelada por mil quilômetros, o caminhão consome 40 litros de combustível. O navio, por sua vez, consome cinco litros .Em uma rota maior, de 2.500 quilômetros, como Santos a Suape, a movimentação de 200 contêineres com 20 toneladas cada representaria uma economia de 500 mil litros. A solução mais viável e barata para enviar as Sandálias Havaianas de Campina Grande até Santos seria através do serviço feeder de cabotagem entre do Porto de Cabedelo e o Porto de Santos. Nessa proposta de corredor logístico, o transporte rodoviário seria responsável por apenas 130 km entre a fábrica e o Porto de CabedeloPB. O Estado da Paraíba produz grande parte da betonita utilizada pela industria cerâmica e principalmente nos poços de petróleo, atividade que tem sua maior concentração no litoral do estado do Rio de Janeiro. A betonita é produzida e embalada na região do entorno de Campina Grande, trata-se de uma carga que pode vir a ser movimentada pelo Porto de Cabedelo desde que exista uma linha de cabotagem que permita a entrega regular do produto aos clientes localizados na Região Sudeste dentro dos prazos de entrega estabelecidos. Há alguns anos, os embarques de betonita eram freqüentes no Porto de Cabedelo, porém, como foi citado na fundamentação teórica, nos anos 80, devido aos altos índices de inflação que assolavam a economia brasileira, muitas empresas optavam por transportar suas cargas através do modal rodoviário, que embora fosse muito mais caro que o marítimo, oferecia maior competitividade no quesito valor de tempo fundamental para aqueles tempos de hiperinflação. Outro fator que afugentou as empresas produtoras de betonita do porto paraibano foi a carência de embarcações e a conseqüente elevação do frete marítimo conforme cita o autor na sua fundamentação teórica . Os produtos têxteis e de vestuário também têm grandes possibilidades de se constituírem em cargas a serem movimentadas pelo Porto de Cabedelo já que temos indústrias do setor no estado que vendem seus produtos para outras regiões, notadamente a Região Sudeste, como também, exportam parte de sua produção. Nesse caso, os produtos destinados ao mercado interno poderiam utilizar o serviço de cabotagem tradicional e aqueles produtos destinados à exportação usariam o serviço feeder. Segundo o entrevistado, a solução para o aumento da demanda de carga geral no Porto de Cabedelo é a implantação da modalidade de cabotagem naquele porto. Esta medida possibilitaria o aumento no volume de carga movimentada proveniente do Estado da Paraíba para outros estados da federação, como também viabilizaria o sistema feeder. O gerente de operações do porto nos informou que a consolidação do Porto de Suape como Hub Port (Porto Concentrador), aglutinando em sua área retroportuária um grande volume de indústrias, estaleiros navais, centros de distribuição etc. poderá se constituir em uma grande possibilidade de aumento da demanda de cargas no Porto de Cabedelo, pois a movimentação de alguns tipos de carga se tornaria inviável através do porto pernambucano, devido ao custo operacional para determinadas cargas que certamente se elevará e, neste caso, o Porto de Cabedelo será a alternativa mais viável para a solução desse problema. A afirmação do nosso entrevistado esta baseada em situações semelhantes que ocorreram recentemente nos portos de Santos e de Paranaguá. A grande demanda de cargas no Porto de Santos, fez com que a sua capacidade operacional atingisse o limite, isso motivou alguns exportadores a procurarem alternativas para o problema, ou seja, portos próximos à Santos para realizar as suas movimentações de carga sem que estes tivessem que alterar a sua logística. Neste caso, o porto escolhido foi o de São Sebastião, localizado próximo ao Porto de Santos e que e que ano após ano vem aumentando a sua movimentação de carga. O mesmo processo ocorreu em relação ao Porte de Paranaguá, que em virtude de sua grande movimentação de cargas, especialmente de granéis sólidos, teve parte dos navios desviados para os vizinhos portos de São Francisco do Sul no estado de Paraná e de Itajaí no estado de Santa Catarina. O nosso entrevistado também vislumbra a possibilidade do aumento na demanda de cargas no porto através de da divulgação do porto. Ele nos informou que o porto carece de um trabalho de divulgação dentro do próprio estado para que as empresas que atuam na área de transporte de carga e também aquelas transportam diretamente os seus produtos, conheçam as facilidades e as possibilidades de incluírem o Porto de Cabedelo na composição da sua logística de transporte. Na opinião do nosso entrevistado, um trabalho de divulgação bem feito poderia alavancar os negócios no Porto de Cabedelo, a sua opinião baseia-se na experiência pessoal. Ele nos contou que participou de uma visita a algumas empresas exportadoras e beneficiadoras de granito na região de Campina Grande, e quase a totalidade dos empresários não sabia que existia um porto no Estado da Paraíba, alguns inclusive afirmaram terem enviado carga por via rodoviária para ser embarcada no Porto de Vitória-Es. Outro fator que segundo o entrevistado deve provocar um grande aumento no fluxo de navios no Porto de Cabedelo é a entrada em operação do Porto Pesqueiro de Cabedelo. Localizado em uma área contígua ao cais comercial e dotado de infraestrutura para processar e armazenar pescado, o Porto Pesqueiro irá gerar uma grande demanda por navios mercantes para transportar ou pescados e derivados ali armazenados. Ainda no segmento de pescados e afins, outra carga nova que pode vir a ser movimentada através do Porto de Cabedelo é camarão congelado, segundo o entrevistado, parte do camarão produzido pelo estado da Paraíba é embarcada no vizinho Porto de Natal-Rn. Esta carga é comumente transportada pelo modal aéreo, porém, a custos elevadíssimos inerentes a esse tipo de transporte torna o modal marítimo um concorrente muito forte do modal aéreo, principalmente com relação ao custo final da carga. Outra possibilidade de aumento de demanda de cargas no Porto de Cabedelo, segundo o nosso entrevistado, é a exportação de minério de ferro. A Cia Docas da Paraíba, concessionária do Porto de Cabedelo, já está efetuando os estudos preliminares para adequar a infra-estrutura terrestre ao embarque de minério dessa nova carga. Os revestimentos cerâmicos produzidos na Paraíba, mais especificamente em no Distrito Industrial de João Pessoa, e comercializados no mercado interno, representam outra carga que tem totais condições de ser escoada através do Porto de Cabedelo. A possibilidade de retorno de alguma carga anteriormente embarcada ou descarregada através do Porto de Cabedelo é considerada possível pelo encarregado da GEROP do porto, ele citou a betonita como possível carga que voltará a ser movimentada pelo porto caso haja uma programação de navios regular, também devem retornar ao Porto de Cabedelo o cimento, desta vez conteinerizado, além de gêneros alimentícios. Como já foi mencionado anteriormente na revisão bibliográfica que o serviço de cabotagem denominado feeder (Alimentador) é de fundamental importância para a navegação de longo curso, funciona como uma espécie de subsidiador da navegação de longo curso.Com base nessa afirmação, nosso entrevistado nos afirma que é possível o retorno de várias cargas no sistema feeder, ou seja, cargas provenientes de importação tendo como destino o Estado da Paraíba, mas que são descarregadas em outros portos e posteriormente trazidas para cá através do modal rodoviário. Essas cargas poderiam migrar para o modal marítimo com um custo bastante reduzido. Um exemplo desse tipo de carga são os elevadores, geralmente descarregados nos portos de Santos ou de Buenos Aires. Sobre a possibilidade de alguma carga nova vir a ser movimentada pelo Porto de Cabedelo o nosso entrevistado afirmou que existem várias, dentre elas encontram-se as Sandálias Havaianas, através do sistema de feeder, artigos de cama, mesa e banho, além de diversos tipos de minérios. Além das cargas tradicionais, o Porto de Cabedelo espera contar em breve com a movimentação de automóveis, o entrevistado nos informou que são grandes as chances de uma grande montadora de automóveis manteve contato com a Cia. Docas da Paraíba com o intuito de receber veículos produzidos em uma de suas unidades localizada na Região Sul através do Porto de Cabedelo. O entrevistado salientou que a atração de cargas novas está atrelada à consolidação de linhas de navegação que permitam ao embarcador programar os seus embarque e as suas entregas. Um dos fatores determinantes para a atração de novas cargas para o porto, além de sua posição geográfica é a sua área de influência que abrange os estados de Pernambuco e do Rio Grande do Norte. Considerando essa observação, nosso entrevistado afirmou que o Porto de Cabedelo reúne condições favoráveis para atrair a descarga fertilizantes químicos principalmente os destinados à produção de cana-deaçúcar visto que, além da Paraíba, os estados de Pernambuco e do Rio Grande do Norte também são produtores de cana-de-açúcar e conseqüentemente e estão situados na área de influência do Porto de Cabedelo. Com a utilização maciça dos contêineres como foi citado na fundamentação teórica, é possível que vários tipos de minérios possam voltar a ser embarcados no Porto de Cabedelo, afirmou o entrevistado, segundo ele, o transporte marítimo esta passando por uma revisão de conceito, motivado pelo efeito China. Nesse contexto, o contêiner, com a sua versatilidade, vem ocupando cada vez mais espaço, inclusive sendo utilizado para o acondicionamento de cargas tradicionalmente transportadas a granel, tais como minério de ferro e outras commodities.Isto significa dizer que o potencial de carga do Porto de Cabedelo pode ser ampliado de forma expressiva se dois fatores forem combinados, o acondicionamento de carga em contêineres e a implantação de uma linha de navegação de cabotagem, pois as cargas que se destinam á exportação em outros portos, podem ser escoadas pelo Porto de Cabedelo através do sistema feeder a custos muito baixos, ao invés de serem transportadas pelo modal rodoviário. Indagado sobre as cargas produzidas na Paraíba e destinadas a outros estados ou pelo caminho inverso, as cargas que o estado adquire dos demais estados da federação e também sobre as cargas destinadas ao exterior ou dele provenientes e que não são movimentadas através do Porto de Cabedelo, o entrevistado afirmou que existe uma grande quantidade desse tipo de carga. Ele citou como exemplo de cargas nacionais destinadas ao nosso estado e descarregadas em outros portos vizinhos ao nosso, gêneros alimentícios, principalmente arroz e conservas. Como exemplo de cargas produzidas na Paraíba e escoadas por outros portos ele citou produtos industrializados, principalmente calçados. Segundo o entrevistado, os produtos destinados ao mercado paraibano e desembarcados em outros portos são principalmente matérias-primas, geralmente destinadas às indústrias de calçados, pneus, tecidos, motocicletas, etc. Como exemplo de produtos paraibanos exportados por outros portos, o entrevistado citou como os mais significativos fio de sisal, carpetes, frutas e produtos derivados de frutas. Ainda sobre as mercadorias produzidas ou consumidas na Paraíba e deveriam ser movimentadas pelo Porto de Cabedelo, porém, são embarcadas ou descarregadas em outros portos, o entrevistado nos forneceu uma informação de grande relevância, grande parte dos revestimentos cerâmicos consumidos na Paraíba provinha de outros estados, principalmente do Estado de Santa Catarina, atualmente, a Paraíba converteu em um estado produtos de cerâmica cuja produção poderia ser escoada através do Porto de Cabedelo. Para o entrevistado, vários fatores impactam diretamente no potencial de carga do Porto de Cabedelo, estes fatores podem estar relacionados a diversos segmentos diferentes e nem sempre correlacionados, podem ser fatores internos como é o caso da infra-estrutura portuária até fatores tipicamente externos, aqui exemplificado pela redução no consumo de derivados do trigo ocasionada por uma greve de produtores desse gênero alimentício na Argentina. O entrevistado explicou que o potencial de carga de um porto, pode sofrer impactos das mais diversas ordens, além do exemplo do trigo argentino, ele citou outro exemplo prático que envolve dois fatos aparentemente sem nenhuma relação, mas que geraram grande impacto na movimentação de cargas no Porto de Cabedelo. Nos anos 80, as indústrias que produziam fio de algodão no Estado da Paraíba eram abastecidas pelo algodão produzido na região, nos anos 90, essas mesmas indústrias passaram a importar algodão do continente africano a um custo mais baixo que o do produto similar brasileiro. Essa mudança na logística de transporte do algodão se deveu a dois fatores completamente excludentes, o primeiro foi a conhecida praga do bicudo que praticamente dizimou as plantações de algodão do Nordeste, forçando os produtores de fio a buscar alternativas para o problema, o outro fator, que coincidentemente concorreu paralelamente à praga do bicudo foi o fim de uma guerra civil na África, exatamente na região produtora de algodão, o que possibilitou a retomada de produção e exportação da referida mercadoria. Além dos aspectos relacionados ao consumo da população e à produção industrial do estado, outros fatores também impactam diretamente no potencial de carga do porto, estes fatores embora pertençam à outra esfera igualmente concorrem para a determinação do potencial de carga do porto de Cabedelo. O primeiro fator que tem influência direta no potencial de carga do Porto de Cabedelo está diretamente relacionado à infra-estrutura portuária, trata-se da necessidade de periódica de execução de serviços de dragagem. Esse tipo de serviço, segundo o entrevistado, apresenta uma série de dificuldades desde a sua fase de projeto até a fase final que é a sua execução. Por tratar-se de um custo muito elevado, esse serviço é custeado pelo Governo Federal com um aporte de verbas do Governo Estadual. Outra dificuldade inerente no serviço de dragagem e mencionada pelo entrevistado refere-se à dificuldade na contratação de empresas capacitadas para executar esse tipo de serviço. A demanda nesse caso é bem maior que a oferta. O Porto de Cabedelo está situado na foz do Rio Paraíba, esta posição geográfica determina a necessidade de dragagens periódicas visto que os detritos trazidos pelo rio se acumulam na área do porto reduzindo o seu calado. Para que o Porto de Cabedelo tenha o seu potencial de carga elevado, se faz necessário um calado suficiente para atender às necessidades dos usuários que precisam ter a garantia de que os navios por eles contratados, tenham a garantia de entrar e sair do porto sem nenhum tipo de avaria decorrente das condições do calado. Ainda sobre o calado, sabemos que existe uma tendência mundial no sentido de elevar cada vez mais o tamanho dos navios para que estes possam transportar maior volume de carga por viagem e conseqüentemente reduzir o custo do frete. O entrevistado nos informou que devido à falta de calado adequado, o Porto de Cabedelo deixou de movimentar cerca de 500.000 toneladas por ano de granéis sólidos, mais especificamente coque de petróleo e clinquer. Sabemos que a velocidade com que se processam as operações portuárias representa um relevante diferencial competitivo para um porto, vários fatores combinados concorrem para que esse objetivo seja alcançado. Esses fatores variam de um porto para outro. No caso específico do Porto de Cabedelo, fomos informados que existe uma grande carência de equipamentos de movimentação de carga, mais especificamente de guindastes com capacidade de içamento superior a 45 toneladas e alcance superior a 30 m. Outro elemento necessário para facilitar as operações portuárias no Porto de Cabedelo é o suprimento de energia elétrica, atualmente, o porto depende exclusivamente do fornecimento de energia elétrica da concessionária do setor. Segundo o entrevistado, para que o porto possa operar de forma plena e com a segurança de que as fainas não sofrerão solução de continuidade em função da falta ou da insuficiência de energia elétrica é necessário que seja instalado naquele terminal, um gerador de energia elétrica capaz de suprir todos os setores, principalmente o operacional. Outro fator que exerce grande impacto sobre o potencial de carga do Porto de Cabedelo é de ordem geográfica, apesar de estar localizado no centro do Atlântico Sul e de ser o porto mais oriental das Américas, tem como vizinhos dois portos com características semelhantes às suas, Porto de Recife-PE e o Porto de Natal-Rn, portos esses que estão inseridos na mesma área de influencia do porto paraibano e competem com este em praticamente todas as modalidades de carga. Além da proximidade com os portos dos vizinhos estados de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, outro fator concorre decisivamente para alterar o potencial de carga do porto paraibano, trata-se da BR 101 que interliga os dois estados citados e a Paraíba. Explica o entrevistado, que por uma questão de redução de frete rodoviário, algumas empresas preferem escoar os seus produtos pelos portos vizinhos, prática que reduz o potencial de carga do porto de Cabedelo. Para finalizar a nossa secção sobre o potencial de carga do Porto de Cabedelo, o entrevistado nos falou sobre a importância da ação do governo do estado como elemento decisivo nessa questão. Segundo o entrevistado, para que o porto seja competitivo e consiga aumentar o seu potencial de carga, se faz necessário um planejamento estratégico para o porto, como também é preciso que se estude a questão fiscal, concedendo renuncia ou isenção fiscal para determinados tipos de produtos que possibilitem uma alavancagem nos negócios do porto. Analisaremos agora as informações obtidas no roteiro de entrevista com o gerente de operações da Cia Docas da Paraíba (DOCAS-PB), a respeito da infraestrutura do Porto de Cabedelo. Perguntado sobre a infra-estrutura aquaviária do porto de Cabedelo, o entrevistado nos informou que esta é composta por um canal de acesso com 6 km de extensão, bacia de evolução com 700m de comprimento e 300m de largura quebra-mar com extensão de 400m e cais acostável com 602m de comprimento e a infra-estrutura terrestre que compreende O conjunto desses elementos compõe infra-estrutura portuária do Porto de Cabedelo. São elementos complementares que possibilitam o tráfego de embarcações naquele ancoradouro, sob condições e normas de segurança internacionais, supervisionadas pela Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos da Paraíba. O canal de acesso é a porta de entrada do porto, a analogia com uma rodovia é totalmente correta. O canal de acesso é sinalizado por bóias e a entrada do mesmo é indicada pelo farol. Todos esses sinais mencionados emitem luz, para que sejam visíveis também durante a noite e possibilitem o trafego marítimo a qualquer hora. O comprimento do canal de acesso do porto de Cabedelo é de 6.000 km e sua profundidade é de 6,15 m. A bacia de evolução é o espaço determinado para que as embarcações que adentram ao porto possam executar manobras tais como girar sobre seu eixo para facilitar a manobra de saída ou de entrada. Está situada exatamente em frente ao cais acostável e tem profundidade de 10m, 700m de comprimento e 300m de largura. O quebra-mar tem como função proteger o porto das ondas do mar, como o Porto de Cabedelo está situado na foz de um rio, é necessário que exista uma barreira que impeça o avanço do mar em direção ao porto. Como foi descrito na revisão bibliográfica, os quebra-mares podem ser estruturas naturais ou artificiais cuja função é manter as águas do ancoradouro permanentemente calmas e livres dos movimentos bruscos das ondas do mar. Essas condições proporcionam segurança às embarcações e possibilitam a execução das operações de embarque e de descarga. O quebra-mar de Cabedelo representa um escudo para as instalações portuárias, constatamos in loco que sem o quebra-mar, todas as instalações que compreendem o Porto de Cabedelo já teriam sido destruídas pela força das marés. A prova dessa afirmação é a Fortaleza de santa Catarina situada ao lado do porto e que teve parte de seus paredões destruídos pelo avanço do mar. Sem o quebra-mar, o mar já teria destruído não apenas a fortaleza, mas também o porto. O cais acostável é o local onde as embarcações são atracadas para que assim possam ser realizadas as operações de embarque e ou de descarga. Essa estrutura é composta por uma plataforma que se projeta para dentro da água e tem toda sua extensão protegida por uma espécie de amortecedor dos contatos das embarcações, denominadas defensas. O cais é o elemento principal de toda essa infra-estrutura aquaviária, pois é a partir dele que tem início todo o processo de movimentação de mercadorias ou de passageiros no porto. A profundidade dos berços do Porto de Cabedelo é de 11m. Sobre a infra-estrutura terrestre, fomos informados pelo entrevistado que esta é composta por sete armazéns destinados a armazenagem fechada de carga geral e granéis sólidos, todos com capacidade 3.000 m² de área, o que representa uma capacidade de armazenagem de aproximadamente 6.000 toneladas, um armazém frigorífico, atualmente desativado, com capacidade para 1.500 toneladas e dois pátios cobertos com 1.500m² de área. Os pátios externos (Descobertos) possuem uma área de 10.000m². Segundo o entrevistado, a função principal dos armazéns é guardar carga geral proveniente de descargas, porém, como o porto não recebe grande volume de desembarques dessa modalidade de carga, estes são utilizados para armazenar cargas destinadas a embarques, granéis sólidos, mais especificamente trigo a granel e cargas provenientes da desova de contêineres descarregados no Porto de Suape-Pe e cujo destino é o Estado da Paraíba. Os pátios externos são utilizados para armazenar cargas que não exigem cuidados especiais e, portanto podem ser armazenadas ao relento tais como bobinas de aço e contêineres. Para oferecer maior flexibilidade e diversidade na armazenagem de contêineres, o porto disponibiliza 70 tomadas elétricas apropriadas para alimentação de contêineres frigoríficos. Perguntado sobre a possibilidade de alteração da infra-estrutura terrestre do Porto de Cabedelo com vistas a adequá-lo à demanda por mais espaço para estocar contêineres caso seja implantada em Cabedelo uma linha regular de navios portacontêiner na modalidade de cabotagem, o entrevistado nos informou que essa possibilidade existe e que já foi sugerida pela Gerência de Operações do Porto de Cabedelo (GEROP) à administração daquele terminal e que será incluída no plano qüinqüenal de zoneamento uma proposta de demolição do armazém frigorífico, que se encontra desativado e do armazém nº4, em cada um dos espaços abertos com as demolições seria possível estocar aproximadamente 400 contêineres, isto elevaria a capacidade de estocagem de contêineres dentro dos limites do porto, de 700 para 1.500 contêineres. Os equipamentos de movimentação de cargas existentes no Porto de Cabedelo são três guindastes de acionamento elétrico, sendo dois com capacidade de içamento de três toneladas e um com capacidade de içamento de seis toneladas. Esses equipamentos são impróprios para movimentação de contêineres, segundo o entrevistado. Operações de embarque e de descarga de contêineres são comumente efetuadas com a utilização de equipamentos específicos denominados porteiner. Esse equipamento consiste em uma ponte rolante capaz de executar movimentos de içamento, transporte horizontal, arriamento e posicionamento de contêineres no navio durante operação de embarque e na carroceria do caminhão durante a operação de descarga. O citado equipamento é instalado no cais. Para a instalação de um porteiner, é preciso que o cais seja devidamente inspecionado por uma equipe técnica especializada que irá verificar se a estrutura física do cais permite tal instalação, pois o equipamento possui grande envergadura e elevado. Um porteiner também demanda grande consumo de energia elétrica, portanto, é preciso que, além de uma subestação em boas condições operacionais, exista também no porto um gerador de energia elétrica para suprir uma possível falta de energia durante uma operação. O Porto de Cabedelo não possui infra-estrutura terrestre apropriada para receber transteineres, isso demandaria obras de reforço do cais o que importaria em um alto custo, além, é claro, do custo referente à compra do equipamento. As operações de embarque e de descarga de contêineres no Porto de Cabedelo são realizadas com a utilização dos guindastes do próprio navio. Embora esse tipo de operação tenha limitações principalmente no que se refere ao fator tempo, é perfeitamente possível realizá-las. Considerando-se que em cada escala no Porto de Cabedelo, um navio movimente aproximadamente 100 contêineres, a operação com guindastes de bordo não compromete o tempo de estadia do navio. Outro equipamento de fundamental importância para as operações com contêineres, do qual o Porto de Cabedelo é totalmente carente, são as empilhadeiras especializadas na movimentação de contêineres. Os tipos de empilhadeira mais utilizados nesse tipo de faina são as Top loader e as Reach Stacker.As Top loader são equipamentos mais antigos que têm capacidade de empilhar até três contêineres enquanto as Reach Stacker, são máquinas modernas que podem empilhar, dependendo do modelo, até cinco contêineres.Esses equipamentos são indispensáveis para uma boa administração do espaço no pátio de contêineres. Atualmente, as áreas retro portuárias são de vital importância para o sucesso operacional de qualquer terminal de contêineres em qualquer parte do mundo. É nessas áreas que se processam o carregamento dos contêineres, denominada no jargão portuário de ovação, como também o processo inverso, ou seja, a descarga do contêiner denominada desova. Essas operações são realizadas pelo proprietário da carga ou por seu representante legal. O Porto de Cabedelo possui, dentro do seu limite de expansão, três áreas retroportuárias projetadas. Para que estejam prontas para serem utilizadas, essas áreas precisam apenas de pavimentação. O entrevistado nos informou que realizar operação de carga geral acondicionada em contêineres no sistema de cabotagem não é uma novidade para o Porto de Cabedelo, segundo suas informações, nos anos noventa, época do ressurgimento da navegação de cabotagem no Brasil, como foi citado na fundamentação teórica, o porto possuía uma linha de navios de cabotagem, com freqüência mensal de dois navios. Para o entrevistado, o Porto de Cabedelo já absorveu o conhecimento referente a operações portuárias com contêineres e se encontra apto para voltar a realizá-las. Finalmente, perguntamos se seria necessário algum investimento em infraestrutura para que o Porto de Cabedelo recebesse uma linha regular de navios portacontêiner, ele nos respondeu que a infra-estrutura terrestre do porto está apta para realizar operações regulares com navios porta-contêiner sem que seja necessário nenhum investimento, porém, destacou que algumas melhorias poderiam vir a ser executadas visando melhorar o serviço, tais como: capeamento asfáltico das vias internas do porto para possibilitar maior fluidez do tráfego de veículos empregados nas operações; recuperação da malha ferroviária do porto de forma a oferecer maior segurança ao tráfego de vagões, elemento que vem ganhando força como alternativa ao transporte rodoviário em alguns tipos de carga conteinerizada, principalmente no que tange a carga destinada a indústrias. A melhoria das vias que ligam o porto à área retro portuária foi citada pelo entrevistado como sendo um problema difícil de ser sanado uma vez que, embora as referidas vias estejam dentro dos limites da chamada área de expansão do porto, sua pavimentação está a cargo da Prefeitura Municipal de Cabedelo, portanto, a administração portuária precisa solicitar que a prefeitura realize esse tipo de obra que concorre diretamente para o bom fluxo de veículos entre o porto e sua área retro portuária. Sabemos que um dos elementos essências no processo logístico é a comunicação. No nosso objeto de estudo, constatamos através de observação, que o porto não disponibiliza aos usuários, nenhum ponto de apoio para execução de tarefas relacionadas com o controle da movimentação de contêineres. Através de nossa experiência como operador portuário, sabemos que os profissionais que executam o serviço de conferência necessitam de um espaço reservado, livre das intempéries, onde possam elaborar os relatórios referentes às movimentações de carga. Considerando a velocidade com a qual se processam as operações com navios porta-conteiner, é de suma importância que as informações obtidas através da conferência sejam imediatamente transmitidas para que a documentação referente ao embarque ou descarga seja confeccionada. Após coletarmos informações sobre o potencial de carga e sobre a infra-estrutura portuária, indagamos o entrevistado acerca dos elementos que poderiam vir a impactar a viabilidade do nosso propósito que é a consolidação de uma linha de cabotagem para carga geral conteinerizada no Porto de Cabedelo. Para o entrevistado, existem vários fatores que podem dificultar o atendimento desse propósito, são fatores que possuem várias origens, portanto requerem análises e enfoques apropriados e direcionamentos específicos. Para o entrevistado, o primeiro fator impactante na viabilidade da implantação do serviço de cabotagem no Porto de Cabedelo é a falta de alinhamento entre a estratégia adotada e os objetivos a serem alcançados. O desejo de diversificar as atividades do porto e de aproveitar a sua capacidade ociosa está presente em todos que direta ou indiretamente interagem com o porto, porém, poucos têm a noção exata do que é realmente necessário para se implantar a linha de cabotagem. 5 CONCLUSÃO Os estudos realizados nesse trabalho de conclusão de curso tiveram como objetivo avaliar a viabilidade de implantação do sistema de cabotagem no Porto de Cabedelo-Pb. 5.1 Considerações Finais O presente trabalho acadêmico tem por objetivo buscar soluções para o seguinte problema de pesquisa: COMO VIABILIZAR O SISTEMA DE CABOTAGEM DE CARGA GERAL EM CONTÊINERES NO PORTO DE CABEDELO? A pesquisa foi realizada, conforme os procedimentos apresentados nos capítulos anteriores e foram obtidos os seguintes resultados: Quanto ao primeiro objetivo específico - Avaliar o potencial de carga do Porto de Cabedelo para o sistema de cabotagem – constatou-se que: O Estado da Paraíba efetua transações comerciais com outros estados da federação e também com o exterior e que boa parte mercadorias adquiridas fora do estado ou destinadas a outros estados ou ao exterior poderiam ser escoadas através do Porto de Cabedelo. A implantação de uma linha de navegação de cabotagem possibilitaria o retorno ao porto de cargas que antes eram movimentadas por Cabedelo, porém, por falta de regularidade de navios estão sendo movimentadas por outros portos ou por via rodoviária. Pode haver aumento e diversificação do tipo de carga movimentada pelo porto após o início das atividades do Terminal Pesqueiro de Cabedelo, situado dentro da área do Porto de Cabedelo. O Porto de Cabedelo poderá receber cargas que atualmente são movimentadas através do Porto de Suape, em Pernambuco, mas podem deixar aquele terminal devido ao elevado custo das tarifas portuárias ali cobradas. Os segmentos que mais contribuem para a formação do potencial de carga do porto de Cabedelo são os gêneros alimentícios, geralmente provenientes das Regiões Sul e Sudeste e a produção industrial do estado. Com referência ao segundo objetivo específico - Estudar a infra-estrutura atual do porto para o sistema de cabotagem – constatou-se que: A infra-estrutura aquaviária esta em perfeitas condiçõs de receber qualquer tipo de navio atualmente em operação na costa rasileira no serviço de cabotagem. Quanto à infra-estrutura terrestre, serão necessários alguns ajustes para que o porto posa receber uma linha de cabotagem, tais como: pavimentação das vias que dão acesso às áreas retroportuáris; capeamento asfáltico das vias internas do porto e recuperação da malha ferroviária interna. Com relação ao terceiro objetivo específico - Investigar os elementos críticos que podem impactar na viabilidade da proposta – constatou-se que: Falta alinhamento de estratégias entre os agentes envolvidos no propósito de reinvidicar uma linha de cabotagem para Cabedelo. Falta uma carga-âncora que estimule o interêsse dos vários segmentos envolvidos no propósito. A proximidade entre o Porto de Cabedelo e o Porto de Suape, reduz a possibilidade de haver um volume razoável de carga que justifique o serviço feeder em Cabedelo. 5.2 As Contribuições Gerenciais do Estudo As análises contidas neste trabalho nos levam a concluir que o Sistema de Cabotagem no Porto de Cabedelo é viável, principalmente para movimentação de gêneros alimentícios e produtos industrializados. O serviço feeder, no momento, não conta com condições propícias à sua implantação. 5.3 As Limitações do Estudo O presente estudo apresenta as seguintes limitações: • Falta de informações que possibilitassem um enfoque quantitativo ao estudo; • Impossibilidade de contar com um número de agentes da pesquisa. 5.4 Sugestões para Futuras Pesquisas O presente trabalho possibilitou identificar alguns pontos que podem servir de tema para futuras pesquisas, são eles: • Propor a utilização da navegação de cabotagem em substituição ao transporte rodoviário às empresas que fazem o transporte de carga fracionada; • Realizar um estudo comparativo dos custos logísticos entre os modais rodoviário, ferroviário e marítimo; REFERÊNCIAS BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. ________, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 4. Ed. Porto Alegre: Bookman,. 1999. BALAU, José Antônio Cristóvão. As vantagens do modal marítimo. 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Sim, a betonita, antes embarcada em Cabedelo com destino a Vitória-ES. 4- Existe a possibilidade de alguma carga nova vir a ser movimentada pelo porto? Sandálias Havaianas no sistema de feeder para o Porto de Santos-Sp, artigos de vestuário roupas de cama, mesa e banho. 5- Quais as cargas da Paraíba que poderiam ser movimentadas pelo porto de Cabedelo, mas são movimentadas por outros portos? Arroz, conservas, revestimentos cerâmicos, cimento, sandálias. 6- Quais os fatores que impactam no potencial de cargas do Porto de Cabedelo? O consumo de alimentos provenientes de outros estados e a produção industrial paraibana. INFRA-ESTRUTURA 1- Qual a composição da infra-estrutura aquaviária do Porto de Cabedelo? Quebramarcais acostável com 602m de comprimento e quatro berços de atracação,além de bacia de evolução com 700m de comprimento e 300m de largura. 2- Qual a composição da infra-estrutura terrestre? Sete armazéns com capacidade para 6.000 toneladas e um armazém frigorífico (Desativado) com capacidade para 1.500 toneladas. dois pátios cobertos com capacidade para 3.000 ton. cada, além de 10.000m² de pátios descobertos com capacidade para 700 contêineres de 20 pés. 3- Existe a possibilidade de adequação da infra-estrutura terrestre à movimentação de contêineres? Sim. 4- Existem tomadas para contêineres frigoríficos? Quantas?Sim, 60 tomadas. 5- Quais são os equipamentos para movimentação de contêineres existentes no porto? Empilhadeiras com capacidade de sete toneladas. Só podem ser utilizadas na movimentação de contêineres vazios. 6- Receber navios portas-contêiner exigiria algum investimento em infra-estrutura? Não, o Porto de Cabedelo está pronto para receber navios conteineiros no que tange ao aspecto de infra-estrutura. ELEMENTOS CRÍTICOS 1- Existe algum elemento ligado à infra-estrutura terrestre que impeça ou dificulte a implantação do sistema de cabotagem em Cabedelo? Sim. A manutenção das vias que ligam o porto a sua área de estocagem de contêineres. 2- Existe algum elemento ligado à infra-estrutura aquaviária que impeça ou dificulte a implantação do sistema de cabotagem em Cabedelo? Não. A infra-estrutura aquaviária do Porto de Cabedelo permite a entrada, atração e saída de qualquer tipo de navio porta-contêiner em operação na costa brasileira. 3- O clima organizacional do Porto de Cabedelo é propício ao empreendimento? Sim, apesar de algumas divergências, é possível aglutinar todos os segmentos envolvidos em torno de um mesmo propósito. 4- De quais equipamentos o porto dispõe para movimentação de contêineres? O porto não dispõe desse tipo de equipamento. 5- Existe alguma carga específica que justifique a implantação de uma linha de cabotagem em Cabedelo? Não. Para implantar essa linha seria necessário formar um pacote contendo cargas variadas. 6- A concorrência de outros portos dificulta a linha de cabotagem pretendida por Cabedelo? Não propriamente a concorrência, mas a proximidade do Porto de Suape.