Os solos
Definição:
O solo é um recurso renovável que facilmente se pode perder por mau uso ou
gestão deficiente. O solo forma-se a partir da alterabilidade (meteorização química
e/ou física) das rochas da superfície terrestre.
Conceito e caracterização do solo
A pedologia, ciência que estuda os solos, tem por objectivo o conhecimento da
génese dos solos, ou pedogénese, e dos processos intervenientes na sua formação.
Os solos, pelo ponto de vista físico são caracterizados por uma fase sólida, que à
superfície representa uma média de 50%, uma fase líquida constituída por água,
com cerca de 25%, e uma fase gasosa com cerca de 25% de ar.
Fase sólida do solo
A fase sólida de um solo é constituída por mais de 70% de matéria mineral e a
restante fracção por matéria orgânica. A fracção mineral inclui minerais primários,
como o quartzo, o feldspato, as piroxenas e as anfíbolas; também minerais
secundários (que resultam da alteração dos primários) como a argila, óxidos de
alumínio (Al), óxidos de ferro (Fe), silicatos e alguns compostos carbonados.
Húmus: Fracção orgânica do solo
É caracterizado por ter uma baixa densidade, uma grande quantidade de água, carga
eléctrica negativa e uma grande capacidade de permuta de iões.
Papel do Húmus num solo
O húmus promove a agregação das partículas minerais, constitui um reservatório de
compostos de azoto, enxofre, fósforo, carbono, nutrientes essenciais das plantas. É
também um regulador de ph do solo. Os principais constituintes do húmus são:
•
Ácidos húmicos
•
Ácidos fúlvicos
•
As huminas
Ácidos fúlvicos e as huminas
Os ácidos fúlvicos e as huminas surgem predominantemente em solos de regiões
com climas frios e húmidos e duma cobertura de coníferas (pinheiro).
Existem três tipos de Húmus
Húmus mor ou bruto
É uma acumulação orgânica superficial geralmente caracterizada por uma estrutura
laminar de restos de vegetais pouco decomposto. É característico de climas frios e
húmidos.
Húmus mull
É caracterizado pela presença de material completamente humidificado, arejado e
misturado com o material inorgânico do solo; onde existe grande actividade biológica
de minhocas, bactérias, e fungos. A formação deste húmus ocorre em climas
temperados.
Húmus moder
É uma forma intermediária entre o mor e o mull, o material orgânico encontra-se
decomposto e moderadamente misturado com o material inorgânico, o ar contido no
solo é por vezes, insuficiente para os seres vivos vegetais.
Tem características ecológicas muito variadas; o moder surge quando um factor
limita a formação de mull como, por exemplo, a pobreza do meio em argilas, meios
ácidos em que predominam os ácidos fúlvicos.
Fase gasosa do solo
A fase gasosa do solo é condicionada por um lado por processos bioenergéticos
(respiração/fermentação), e por outro pelas trocas gasosas solo/atmosfera.
De um modo geral, o dióxido de carbono aumenta com a profundidade e o oxigénio
diminui, consequência da dificuldade de trocas entre os diversos níveis.
A fase gasosa é essencial para as plantas terrestres. A sobrevivência das plantas
exige no mínimo 3% de oxigénio, mas para seu desenvolvimento são necessários
mais de 10%.
Fase líquida
Na fase líquida considera-se:
•
a água capilar
•
a água gravítica
•
a água higroscópica
Água capilar
Circula entre as partículas sólidas, formando um filme (película), ocupando os poros:
desloca-se por capilaridade, podendo ser utilizado pelas plantas.
Água gravítica
Desloca-se por acção da gravidade, sendo pouco utilizada pelas plantas por se
escoar rapidamente atravês dos poros de maiores dimensões, após precipitação.
Água higroscópica
Fixa-se às partículas sólidas de dimensão coloidal, por forças elevadas de tensão
superficial. Esta água apenas se desloca por difusão e no estado de vapor, não
sendo por isso utilizável pelas plantas.
Horizontes do solo
O solo encontra-se organizado em camadas de contorno mais ou menos irregular e
paralelo á superfície de terreno, resultantes da actuação de processos
pedológicos. O conjunto das diversas camadas, denominados horizontes do solo,
constitui um perfil de subos horizontes de solo classificam-se em horizontes
orgânicos e horizontes minerais.
Estrutura e textura de um solo
A estrutura de um solo é caracterizada pelo modo como se organizam as partículas
(agregadas ou simples), pelas suas dimensões, natureza da matéria, forma e
distribuição de vazios entre essas partículas, ou seja, da porosidade.
A textura de um solo é caracterizada pelas dimensões das partículas presentes e
pelas suas proporções relativas. Assim, de acordo com as dimensões das partículas,
estabelecem-se classes.
O método manual
A textura de um solo pode ser obtida com relativa facilidade pelo método manual,
sem ser necessária análise mecânica, a análise mecânica utiliza diversos
procedimentos e determinações como, crivagem, velocidade de sedimentação,
densimetria e outros.
O método manual tem limitações pois pressupõe que o operador tenha uma certa
experiência. A avaliação da textura pelo método manual baseia-se no sentido do
tacto, evidenciando a diferença entre areia, limo, cilte e argila
Tipos de solo
Os solos não evoluídos
Os solos não evoluídos ou brutos, apresentam características muito próximas da
rocha-mãe, ou seja ainda sem nenhum horizonte definido. Estes solos têm origem
em erosão intensa. Ocorrem em climas desérticos, quentes e sem interesse agrícolas.
Os solos pouco evoluídos
Ocorrem na tundra apresentam um horizonte típico A e C.
Considerando os múltiplos
classificações de solo.
factores
intervenientes,
são
possíveis
diversas
Uma das classificações clássicas baseia-se no clima e nos materiais presentes, e
permite estabelecer os grandes grupos de tipos de solo.
O pedalfer é caracterizado por um horizonte B com acumulação de óxidos de ferro e
argilas ricas em alumínio. Em regiões com precipitação muito intensa, os sais
solúveis, como o carbonato de de cãlcio, são lixiviados e transportados para as águas
subterrâneas. Os óxidos de ferro menos solúveis e argilas mudam de horizonte A
para o horizonte B, ficando este horizonte com cor castanha-avermelhada.
As regiões das estepes marginam os desertos e em condições de seca e rigidez,
ocorrem cristas calcárias ou pedocal. Este tipo de solo é caracterizado por pequena
lixiviação, escasso húmus e movimento da água do solo para a superfície. A subida
da água deve-se é existência de uma sub superfície. A evaporação abaixo da
superfície do solo pode provocar a precipitação de sais no interior do solo estes são,
geralmente, de carbonato de cálcio.
Em regiões de clima árido ou semi-árido podem formar-se, no solo próximo da
superfície, uma camada dura resultante da cimentação dos materiais detríticos. O
aumento é constituído por carbonato de cálcio e outros sais que se precipitam no
solo por evaporação da água. Os solos com estas características denominam-se
caliche.
Nas regiões tropicais caracterizadas por terem temperaturas altas e pluviosidade
abundante, logo nelas formam-se solos lateríticos. Pois surgem condições para o
aparecimento de forte lixiviação que remove os materiais solúveis como a calcite e a
própria sílica. Os solos lateríticos são, geralmente, vermelhos e compostos
inteiramente por óxidos de ferro e alumínio.
Estrutura e textura de um solo
Designação das classes
Dimensão das partículas (mm)
Blocos
>256
Seixos
>64 e <256
Cascalho
>2 e <64
Areia Grossa
>0,2 <2,0
Areia fina
>0,02 e <0,2
Limo
>0,002 e <0,02
Argila
<0,002
Processos de formação de um solo
Os porcessos mais importantes para a formação de um solo são:
-Lixiviação
-Podzolização
-Argiluviação
-Rubefacção
-Ferratilização
-Gleização
Lixiviação
Consiste na remoção por lavagem de permuta de iões com carácter básico (Na+, K+,
Ca+ e Mg+) com o ião H+ das águas de percolação.
Podzolização
Caracteriza-se pela mobilização do ferro e do alumínio de um determinado horizonte
E (eluvial ou de lixiviação) e a sua acumulação num outro horizonte B (iluvial ou de
acumulação), quando o seu pH é superior a 4, na escala ácido-base.
Argiluviação
Em regiões de clima húmido, mas com estação seca bem delimitada, pode ocorrer
transporte da argila pela água de percolação de um horizonte E(eluvial) para outro
horizonte B(iluvial).
Curiosidade: Quase ¼ dos solos portugueses são argiluviados.
Rubefacção
Em condições de clima mediterrâneo e subtropical, com a precipitação maior que a
evapotranspiração e períodos secos bem delimitados, surgem horizontes B de cor
avermelhada. Devido à lixiviação e argivulação nos períodos de precipitação, levando
á remoção de sílica e de iões com carácter básico.
Ferratilização
Em regiões tropicais com clima quente e húmido, sem estação seca bem definida,
com precipitação abundante e maior que a evapotranspiração, a alteração química é
muito grande. Assim, os minerais primários são alterados, lixiviados e libertados de
bases de ferro, de alumínio e sílício, levando à formação de solos designados
ferralíticos.
Gleização
Ocorre em regiões de clima temperado húmido. A água está presente e o seu nível
subterrâneo oscila todo o ano, condiciona o horizonte B, promovendo fenómenos de
oxidação-redução que afectam o ferro e manganês. O excesso de água é resultado
da topografia, pela existência de vales e depressões ou pela presença de argila
impermeável, num dos horizontes.
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