UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos Tese Efeitos da secagem e da incidência de defeitos na qualidade de grãos de milho, e do processamento na qualidade de grãos de milho pipoca Ricardo Tadeu Paraginski Pelotas, 2014 1 Ricardo Tadeu Paraginski Efeitos da secagem e da incidência de defeitos na qualidade de grãos de milho, e do processamento na qualidade de grãos de milho pipoca Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Universidade Alimentos da Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias Coorientadores: Prof. Dr. Maurício de Oliveira Prof. Dr. Alvaro Renato Guerra Dias Pelotas, 2014 2 Universidade Federal de Pelotas / Sistema de Bibliotecas Catalogação na Publicação P221e Paraginski, Ricardo Tadeu ParEfeitos da secagem e da incidência de defeitos na qualidade de grãos de milho, e do processamento na qualidade de grãos de milho pipoca / Ricardo Tadeu Paraginski ; Moacir Cardoso Elias, orientador ; Maurício de Oliveira, Alvaro Renato Guerra Dias, coorientadores. — Pelotas, 2014. Par161 f. : il. ParTese (Doutorado) — Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, 2014. Par1. Amido. 2. Armazenamento. 3. Defeitos. 4. Milho pipoca. 5. Secagem. I. Elias, Moacir Cardoso, orient. II. Oliveira, Maurício de, coorient. III. Dias, Alvaro Renato Guerra, coorient. IV. Título. CDD : 633.15 Elaborada por Gabriela Machado Lopes CRB: 10/1842 Banca examinadora: Prof. Dra. Elessandra da Rosa Zavareze (UFPEL - FAEM) Prof. Dr. Fabrizio da Fonseca Barbosa (UFPEL - CCQFA) Prof. Dr. Jorge Adolfo Silva (UFPEL – FAEM) Prof. Dr. Manoel Luiz Brener de Morais (UFPEL - FAEM) Prof. Dr. Moacir Cardoso Elias (UFPEL - FAEM) 3 Aos meus pais, Jorge e Cleusa, e a meu Tio Elmar dedico. 4 Agradecimentos A Deus, por me guiar e proteger durante toda minha vida e pelas oportunidades colocadas em meu caminho ao longo desse período. A meus pais Jorge e Cleusa, pessoas admiráveis, pais amorosos, carinhosos e dedicados, por todo o amor, carinho e apoio que me deram ao longo de todos esses anos longe de casa, e apesar das situações vivenciadas, sempre continuam me dando força para continuar estudando. Ao meu tio Elmar Paraginski, que apesar das dificuldades nestes anos que estive fora de Santo Augusto sempre demonstrou um carinho enorme, e após os últimos acontecimentos, aumenta minha admiração e respeito por ele. Ao professor e orientador Dr. Moacir Cardoso Elias, pelo apoio e oportunidades de crescimento pessoal e profissional ao longo desses anos no Laboratório de Grãos, serei eternamente grato pelos ensinamentos pessoais e profissionais proporcionados. Ao coorientador e amigo Professor Dr. Maurício de Oliveira, pelos ensinamentos proporcionados ao longo desses anos de trabalho junto, um exemplo de dedicação e comprometimento, e acima de tudo pela amizade construída nesse período. Ao colega de pós-graduação e amigo, doutorando Eng. Agrônomo Nathan Levien Vanier, pela oportunidade de trabalhar junto, pelos ensinamentos proporcionados ao longo desses anos. A colega de mestrado, Engenheira de Alimentos Rosana Colussi, pela amizade e pelo apoio na realização das análises. Obrigado por tudo. Aos professores do DCTA, Alvaro Renato Guerra Dias, Cesar Valmor Rombaldi, Elessandra da Rosa Zavareze, Fábio Clasen Chaves, Leonardo Nora e Manoel Artigas Schirmer pelas contribuições ao longo de período de mestrado no programa. Aos colegas do Laboratório de Grãos, em especial aos colegas de mestrado e doutorado Aline Pereira, Bruna Klein, Bruna Arns, Barbara Biduski, Claudia Camargo, Cristiano Dietrich Ferreira, Daniel Rutz, David Bandeira da Cruz, Diego Batista Zeni, Félix Hasing, Flávia Fernandes Paiva, Jarine Amaral 5 do Evangelho, Joana Maria Leite de Souza, Jorge Tiago Schwanz Göebel, Josiane Bartz, Luciane Piettro, Nelisa Lamas, Rafael de Almeida Schiavon, Shanise Lisie Mello El Halal, Valmor Ziegler, Vânia Zanella Pinto, Wagner Schellin Vieira da Silva, Wilner Peres, muito obrigado pelo apoio e a amizade. Aos estagiários do Laboratório pela amizade e auxílio nas análises, em especial aos bolsistas de iniciação científica André Talhamento, Bruno Artur Rockenbach, Ismael Aldrighi Bertinetti, Felipe Borges, Franciene Almeida Villanova, Jean Ávila Schwartz, Karina Medeiros Madruga, Márcio Peter, Rodrigo Fernandes dos Santos, Veridiana Zanetti. Aos colegas do DCTA, Aline Tiecher, André Martins, Fábio José Mattei, Gustavo Zimmer, Juliele Dambros, Isadora Rubin, Maurício Seifert, Michele Crizel, Josiane Rutz, Roseane D’Avila, Tanize dos Santos Acunha, pelo apoio e pela amizade. Aos colegas da ATA 2011/1 que apesar da distância, a amizade continua acima de tudo, em especial aos colegas Alexandre da Silva, Cristiano Portz, Márcio Renato Nunes, Marcos Ernani Prezotto, Pablo Rostirolla, Paulo Benedetti, Renato Lopes Crizel, Vinicius Guilherme Kiesow Macedo e Wildon Panziera. Aos moradores da República Belarmino, Pablo Ricardo Belarmino Cadore, Michele Moura e Candida Belarmino Busatto, pelo convívio e pela amizade. À Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ao Polo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, muito obrigado. 6 “Com talento ganhamos partidas; com trabalho em equipe e inteligência ganhamos campeonatos”. (MICHAEL JORDAN) 7 Resumo PARAGINSKI, Ricardo Tadeu. Efeitos da secagem e da incidência de defeitos na qualidade de grãos de milho, e do processamento na qualidade de grãos de milho pipoca. 2014, 161f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, cujos grãos apresentam elevado valor comercial, seja para alimentação animal, consumo humano ou uso industrial, destacando-se entre essas formas de consumo, os grãos de milho pipoca. A qualidade do produto para consumo está relacionada com as etapas de pós-colheita que ocorrem com os grãos, dentre eles, secagem, armazenamento, industrialização e processamento. Assim, considerando a importância dos grãos de milho, e estudos prévios realizados, o trabalho foi dividido em quatro estudos objetivando: 1) avaliar os efeitos da temperatura de secagem na qualidade tecnológica e parâmetros viscoamilográficos e térmicos de grãos de milho; 2) avaliar os efeitos dos diferentes defeitos presentes em grãos de milho na qualidade da farinha e do amido isolado; 3) avaliar o efeito do processamento em micro-ondas com e sem a presença de óleo durante o processo de expansão de grãos de milho pipoca nas propriedades do amido ao longo do processo de expansão; 4) avaliar os efeitos da cor do pericarpo e da forma de processamento na qualidade sensorial, tecnológica e nutricional de grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, branco e amarelo. Os resultados indicaram que: 1) temperaturas de secagem superiores a 80°C afetam a qualidade dos grãos, reduzindo a qualidade fisiológica, viscoamilográfica, térmica e a solubilidade das proteínas, reduzindo a qualidade industrial dos grãos; 2) a presença de defeitos nos grãos de milho afeta a qualidade da farinha e do amido isolado, reduzindo a qualidade colorimétrica, viscoamilográfica e térmica, principalmente nos grãos ardidos e germinados; 3) o aumento do tempo de expansão de grãos de milho pipoca altera as propriedades do amido, sendo intensificado com a presença de óleo durante o processo, provocando redução da viscosidade de quebra, pico de viscosidade, viscosidade final, e redução das temperatura de pico, da entalpia e da cristalinidade do amido, indicando que alterações ocorrem na estrutura granular do amido durante o processo de expansão; 4) a cor do pericarpo e a forma de processamento afetam a qualidade dos grãos de milho pipoca após a expansão, principalmente os parâmetros de qualidade sensorial e nutricional. Palavras-chave: Amido, Armazenamento, Milho-Pipoca, Secagem, Defeitos Abstract PARAGINSKI, Ricardo Tadeu. Effects of drying and incidence of defects in the quality of grains of corn, and processing in grain quality of popcorns. 2014. 161f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas. Brazil is the world's third largest producer of maize, the grains have a high commercial value, either for animal feed, human consumption or industrial use, especially between these forms of consumption, the grains of popcorn. The quality of the product for consumption is related to post-harvest stages that occur with the beans, among them, drying, storage, processing and industrialization. Thus, considering the importance of corn, and previous studies, the work was divided into four studies aiming to: 1) evaluate the effects of drying temperature on quality and technological viscoamilográficos and thermal parameters of corn kernels; 2) evaluate the effects of different defects present on the grain quality of flour and isolated starch; 3) evaluate the effect of microwave processing with or without the presence of oil during the process of expanding popcorn grains on the properties of the starch during the expansion process; 4) evaluate the effects of the pericarp color and shape processing technology in sensory quality and nutritional grain popcorn with red pericarp, white and yellow. The results indicated that: 1) the drying temperatures above 80°C affects the quality of the grains, reducing physiological conditions pasta, thermal and solubility of proteins, reducing the quality of industrial grain; 2) the presence of defects in the grains of corn affects the quality of flour and isolated starch, reducing colorimetric, pasta and thermal quality, especially in burned and sprouted grains; 3) increasing the expansion time of grains of popcorn alters the properties of the starch being enhanced by the presence of oil during the process, causing the reduction of viscosity break, peak viscosity, final viscosity, and reduction of peak temperature , and the enthalpy of the starch crystallinity, indicating that changes occur in the granular structure of the starch during the expansion process; 4) the color of the pericarp and the form of processing affect the grain quality of popcorn after the expansion, mainly the parameters of sensory and nutritional quality. Keywords: Drying, Storage, Starch, Popcorn, Defects 9 Lista de figuras Figura 1 Evolução da produção de milho e da área cultivada no Brasil de 1989 a 2011. FONTE: Adaptado de dados da CONAB (2012) .................................................................... 24 Figura 2 Anatomia da estrutura dos grãos de milho ......................... 26 Figura 3 Estrutura dos grânulos de amido extraídos do endosperma vítreo (A) e endosperma farináceo (B) de grãos de milho. FONTE: Delcour & Hoseney (2010) .......... Figura 4 Estrutura do β-caroteno, carotenoide com maior atividade pró-vitamínica ..................................................................... Figura 5 27 28 A) Estrutura da amilose [polímero linear composto por unidade de D-glicose unidas em ligações α-(1-4)]. B) Estrutura da amilopectina [polímero ramificado composto por unidades de D-glicose unidas em ligações α-(1-4) e α(1-6)]. FONTE: Adaptado de Lajolo e Menezes (2006) ...... Figura 6 36 A) Classificação das cadeias da amilopectina em cadeias tipos A, B e C; B) Estrutura da amilopectina formando as regiões amorfas e cristalinas no grânulo de amido; C) Modelo da estrutura interna do grânulo de amido com a visualização dos anéis de crescimento e centro ou hilum. FONTE: Adaptado de Parker & Ring (2001) ...................... Figura 7 39 Difratogramas de raio -X de diferentes amidos. (A) referese ao padrão tipo A de amidos de cereais, (B) tipo B de amidos de tubérculos, (C) tipo C de amidos de leguminosas, e (V) tipo V de amilose complexada. FONTE: Liu (2005) adaptado de Zobel (1988) ................... Figura 8 40 Esquema de uma curva típica de comportamento de pasta obtido de um Rapid Visco Analyzer (RVA). FONTE: adaptado de Kaur et al. (2009) ........................................... Figura 9 45 Curvas de secagem dos grãos de milho, com umidade de 27%, secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C .................................................................................. 10 54 Figura 10 Parâmetros viscoamilográficos dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C ...... Figura 11 Propriedades térmicas dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C ........................... Figura 12 64 65 Amostras de grãos separadas para extração de amido: sem defeitos (1), quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7), chochos e imaturos (8) ....................................................... Figura 13 69 Parâmetros viscoamilográficos de grãos sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8) …………………………………………………. Figura 14 74 Propriedades de pasta dos amidos de grãos de milho sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8) ……………………………..……… Figura 15 80 -1 Poder de inchamento (g.g ) dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos ………………………………………… Figura 16 83 Solubilidade (%) dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos ………………………………………………………... Figura 17 84 Propriedades térmicas dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8) ………………… Figura 18 85 Gráficos de raio-X dos amidos isolados de grãos de milho sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), Figura 19 ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8) ………………… 87 Curvas de RVA dos grãos de milho pipoca amarela com 95 11 óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ......... Figura 20 Curvas de RVA do amido extraído dos grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ........................................................ Figura 21 103 Poder de inchamento dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo (a) e sem óleo (b) ao longo do processo de expansão ......................................... Figura 22 106 Solubilidade (%) dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo (a) e sem óleo (b) ao longo do processo de expansão ........................................................ Figura 23 108 Curvas de DSC dos amidos dos grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ............................................................................ Figura 24 110 Cristalinidade dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo (a) e sem óleo (b) ao longo do processo de expansão: (1 – 5) sem tratamento; (2 – 6) 30 segundos; (3 – 7) 60 segundos; (4 – 8) 90 segundos ........ Figura 25 113 Grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidos por diferentes formas de processamento: (1) Integral com pericarpo vermelho; (2) Panela com óleo - pericarpo vermelho; (3) Micro-ondas com óleo - pericarpo vermelho; (4) Micro-ondas sem óleo - pericarpo vermelho; (5) Pipoqueira com óleo - pericarpo vermelho; (6) Pipoqueira sem óleo - pericarpo vermelho; (7) Integral com pericarpo branco; (8) Panela com óleo pericarpo branco; (9) Micro-ondas com óleo - pericarpo branco; (10) Micro-ondas sem óleo - pericarpo branco; (11) Pipoqueira com óleo - pericarpo branco; (12) Pipoqueira sem óleo - pericarpo branco; (13) Integral com pericarpo amarelo; (14) Panela com óleo - pericarpo amarelo; (15) Micro-ondas com óleo - pericarpo amarelo; (16) Micro-ondas sem óleo - pericarpo amarelo; (17) Pipoqueira com óleo - pericarpo amarelo; (18) Pipoqueira 12 118 sem óleo - pericarpo amarelo ............................................. Figura 26 Tabela utilizada para avaliação sensorial dos grãos de milho pipoca de pericarpo amarelo, vermelho e branco expandidas de diferentes formas ........................................ Figura 27 119 Parâmetros de cor avaliados por escala sensorial dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas por diferentes processos (p≤0,01) ..... Figura 28 125 Parâmetros de forma e tamanho avaliados por escala sensorial dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas por diferentes processos (p≤0,01) ............................................................. Figura 29 Avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho expandidos com diferentes formas de processamento ................................................................... Figura 30 expandidos com diferentes formas de processamento ................................................................... 128 Avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo amarelo expandidos com diferentes formas de processamento ................................................................... Figura 32 127 Avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo branco Figura 31 126 129 Parâmetros viscoamilográficos da farinha das pipocas de grãos de milho de pericarpo vermelho (a), pericarpo branco (b) e pericarpo amarelo (c) ..................................... 13 133 Lista de tabelas Tabela 1 Limites máximos de tolerância (%) para classificação de grãos de milho pela legislação que entrou em vigor a partir de setembro de 2013 ................................................. Tabela 2 Composição química das diferentes frações do grão de milho ................................................................................... Tabela 3 60 Parâmetros tecnológicos de qualidade de grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C ..... Tabela 7 59 Parâmetros fisiológicos de qualidade de grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C ..... Tabela 6 58 Parâmetros colorimétricos da farinha dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C ..... Tabela 5 26 Composição centesimal (%) de grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C .................... Tabela 4 25 60 Índice de absorção de água, de solubilidade em água e capacidade de absorção de óleo da farinha dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C .................................................................................. Tabela 8 Parâmetros viscoamilográficos dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C ...... Tabela 9 63 Propriedades térmicas dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C ........................... Tabela 10 62 66 Parâmetros do perfil colorimétrico e teor de proteína bruta de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos ………………………………………… Tabela 11 73 Parâmetros viscoamilográficos dos grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos Tabela 12 75 Rendimento de extração, teor de amilose, parâmetros de cor e pureza dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, 14 79 mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos Tabela 13 Propriedades de pasta do amido extraído de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos ………………………………...……………………… Tabela 14 81 Propriedades térmicas dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos ………………………………………………………... Tabela 15 85 Cristalinidade dos amidos isolados de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos Tabela 16 87 Propriedades viscoamilográficas dos grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ........................................................ Tabela 17 94 Índice de absorção de água, solubilidade em água e capacidade de absorção de óleo dos grãos de milho pipoca amarela avaliadas com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ................................................... Tabela 18 97 Parâmetros colorimétricos de grãos de milho pipoca amarela avaliados com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ........................................................ Tabela 19 98 Rendimento de extração, teor residual de proteína bruta e lipídios dos amidos extraídos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ............................................................................ Tabela 20 99 Parâmetros colorimétricos dos amidos extraídos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ........................................................ Tabela 21 101 Propriedades de pasta dos amidos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do Tabela 22 processo de expansão ........................................................ 102 Poder de inchamento (g/g) dos amidos isolados de grãos 105 15 de milho pipoca amarela com e sem óleo ao longo do processo de expansão ........................................................ Tabela 23 Solubilidade (%) dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com e sem óleo ao longo do processo de expansão ............................................................................ Tabela 24 107 Propriedades térmicas dos amidos extraídos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ........................................................ Tabela 25 109 Cristalinidade dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão ........................................................ Tabela 26 112 Propriedades físicas de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento ................................. Tabela 27 Parâmetros viscoamilográficos (RVA) de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento ...... Tabela 28 130 134 Parâmetros colorimétricos da flor e da flor moída de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento ...... Tabela 29 137 Composição nutricional de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento ................................. Tabela 30 Parâmetros tecnológicos de qualidade de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento ...... Tabela 31 140 142 Compostos com potencial antioxidante de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas ..................................... 16 145 Sumário 1 Introdução .................................................................................................. 19 1.1 Objetivos ................................................................................................. 21 1.2. Hipóteses ............................................................................................... 21 2 Revisão Bibliográfica ................................................................................. 23 2.1 O milho ................................................................................................... 23 2.2 Estrutura e composição do grão de milho .............................................. 25 2.3 Utilização dos grãos de milho ................................................................ 29 2.4 Secagem e armazenamento .................................................................. 30 2.5 Amido ..................................................................................................... 34 2.5.1 Usos do amido de milho ...................................................................... 34 2.5.2. Estrutura do amido ............................................................................. 35 2.5.3 Propriedades do amido ....................................................................... 39 2.6 Milho pipoca ........................................................................................... 45 2.6.1 Produção de grãos de milho pipoca .................................................... 45 2.6.2 Fatores que afetam a capacidade de expansão dos grãos do milho pipoca ........................................................................................................... 46 2.6.3 Caracteres correlacionados a qualidade do milho pipoca ................... 48 2.6.4 Principais problemas da cultura do milho pipoca no Brasil ................. 49 2.6.5. Constituição química do grão de milho pipoca ................................... 50 2.6.6. Processamento de pipoca .................................................................. 51 3. Capítulo 1 - Efeitos da temperatura de secagem na qualidade de grãos de milho ........................................................................................................ 53 3.1. Introdução .............................................................................................. 53 3.2. Material e métodos ................................................................................ 53 3.3. Resultados e Discussão ........................................................................ 68 3.4. Conclusão .............................................................................................. 66 4. Capítulo 2 - Qualidade do extraído de grãos de milho com defeitos ..... 67 4.1. Introdução .............................................................................................. 67 4.2. Material e métodos ................................................................................ 68 4.3. Resultados e Discussão ........................................................................ 72 4.4. Conclusão .............................................................................................. 88 5. Capítulo 3 - Efeitos da presença de óleo durante o processo de expansão de grãos de milho pipoca ............................................................. 89 5.1. Introdução .............................................................................................. 89 5.2. Material e métodos ................................................................................ 90 5.3. Resultados e Discussão ........................................................................ 93 5.4. Conclusão .............................................................................................. 113 6. Capítulo 4 - Efeitos da cor do pericarpo e do processo de expansão na qualidade nutricional e sensorial de grãos de milho pipoca ......................... 115 6.1. Introdução .............................................................................................. 115 6.2. Material e métodos ................................................................................ 116 6.3. Resultados e Discussão ........................................................................ 124 6.4. Conclusão .............................................................................................. 146 7. Referências Bibliográficas ........................................................................ 147 1 Introdução Os grãos de milho apresentam elevado valor comercial e são utilizados na alimentação animal para fabricação de rações e na alimentação humana, consumidos na forma “in natura”, ou a partir da elaboração de derivados, onde óleo, farinha e amido são os principais produtos. Com isso os grãos necessitam ser armazenados por longos períodos para atender a demanda das indústrias alimentícias durante o período de entressafra. Uma das formas mais utilizadas para a conservação dos grãos é a secagem, em que ocorre uma redução da atividade de água dos grãos, auxiliando na conservação, porém muitas vezes temperaturas muito elevadas e condições inadequadas podem comprometer a qualidade dos grãos antes mesmo do armazenamento. Trabalhos realizados por Malumba et al. (2009) e Setiawan et al. (2010), relataram que temperaraturas muito elevadas de secagem afetam os parâmetros de qualidade do amido, podendo impedir a utilização comercial devido as elevadas alterações. Durante o armazenamento, vários fatores interferem na qualidade dos grãos, como temperatura, umidade dos grãos, umidade relativa do ar, atmosfera de armazenamento, teor de grãos quebrados, teor de impurezas, presença de micro-organismos, insetos, ácaros e tempo de armazenamento, podendo resultar na formação de grãos com diferentes defeitos, como fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados, e de acordo com os padrões de comercialização nacional, determinados pela Instrução Normativa Nº 60, de 22 de dezembro de 2011, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a presença de defeitos reduz o valor comercial do produto, deixando muitas vezes de ser utilizados, devido a baixa qualidade (Brasil, 2011). Do total de amido consumido no mundo, aproximadamente 80% do total é amido de milho (Jobling, 2004), sendo importante o fornecimento de matéria prima para extração, os grãos com defeitos podem ser utilizados para essa finalidade. Paraginski et al. (2014) avaliaram a extração de amido de arroz de grãos beneficiado polido com defeitos (ardidos, mofados, amarelos, picados, manchados, rajados, verdes e gessados), e concluiram que a presenças destes 19 afetou as propriedades da farinha e do amido, sendo as diferenças mais intensas na farinha do que no amido isolado, podendo estes grãos, muitas vezes denominados como “resíduo do seletron” pelas indústrias de beneficiamento, serem utilizados comercialmente para extração de amido, pelas características e propriedades do amido de arroz desejadas pelos consumidores. Os grãos de milho são grandemente utilizados na industrialização para extração de amido, óleo vegetal, dextroses e produtos extrusados, sendo que recentemente tem crescido o consumo de grãos de milho pipoca, devido à qualidade nutricional e também sensorial deste produto. Durante o processamento, alguns consumidores preferem utilizar óleo vegetal e outros não, sendo que a presença deste pode interferir na qualidade do amido que é o principal responsável pela expansão que ocorre nos grãos. A utilização de micro-ondas aumenta a cada ano, sendo que poucos relatos existem sobre as alterações que ocorrem nos alimentos durante o processamento neste tipo de equipamento. A busca dos consumidores por alimentos mais saudáveis também cresceu nos últimos anos, aumentando o consumo de produtos pigmentados, principalmente com coloração vermelha e amarela, associando estas características a uma maior quantidade de compostos com potencial antioxidante, como antocianinas, carotenoides e compostos fenólicos, que são benéficos para a saúde, auxiliando na prevenção de danos celulares, doenças crônicas, envelhecimento, diabetes (Xia et al., 2006; Hyun & Chung, 2004; Koide et al., 1996), inflamações (Hu et al., 2003), arterioscleroses (Xia et al., 2006; Ling et al., 2001), desenvolvimento de células cancerígenas (Chen et al., 2006), hiperlipidemia (Guo et al., 2007; Kwon et al., 2007), hipoglicêmia (Sasaki et al., 2007). Grãos de milho apresentam uma grande variabilidade genética, apresentando cultivares com pigmentação branca, vermelha e amarela, que apresentam composição nutricional diferente, conforme descrito por Žilić et al. (2012), porém durante o processamento para consumo, estas características podem ser afetadas. Grãos de milho pipoca são processados de diferentes formas antes do consumo, sendo que a forma de preparo pode afetar a 20 qualidade nutrional e sensorial dos grãos expandidos, podendo muitas vezes não proporcionar os benefícios desejados pelo seu consumo. 1.1 Objetivos 1.1.1 Avaliar os efeitos da temperatura de secagem nos parâmetros nutricionais, tecnológicos, fisiológicos, viscoamilográficos e térmicos de grãos de milho. 1.1.2 Avaliar as propriedades físico-químicas, de cristalinidade, de pasta, térmicas e morfológicas do amido extraído dos grãos de milho com diferentes tipos de defeitos. 1.1.3 Avaliar o efeito do processo de expansão de grãos de milho pipoca amarelo com óleo e sem óleo em micro-ondas nas propriedades do amido isolado. 1.1.4 Avaliar os efeitos da cor do pericarpo e do processo de expansão nos parâmetros físicos e na qualidade nutricional e sensorial de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidos em panela com óleo, micro-ondas com óleo e sem óleo e pipoqueira elétrica com óleo e sem óleo. 1.2 Hipóteses 1.2.1 A secagem com temperatura superior a 60°C afeta os parâmetros nutricionais, tecnológicos, fisiológicos, viscoamilográficos e térmicos de grãos de milho, comprometendo a qualidade industrial de utilização. 1.2.2 A extração de amido de grãos de milho com defeitos é uma alternativa para agregar valor ao produto, devido às pequenas alterações que ocorrem no amido isolado dos grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados, chochos e imaturos. 21 1.2.3 O aumento do tempo durante o processo de expansão afeta as propriedades dos grãos de milho pipoca, principalmente as propriedades de pasta, térmicas e de cristalinidade do amido isolado, sendo que a presença de óleo intensifica as alterações. 1.2.4 A cor do pericarpo e a forma de processamento de grãos de milho pipoca afetam os parâmetros de qualidade nutricional, sensorial e tecnológica, sendo as principais alterações observadas nos grãos com pericarpo colorido, e no processamento com a presença de óleo. 22 2 Revisão Bibliográfica 2.1 O milho A espiga de milho mais antiga que se tem conhecimento foi descoberta em 6000ac. no vale do Tehuacán no México, entretanto, a origem do milho é até hoje muito discutida, devido a duas hipóteses para a possível origem do milho. Para alguns o milho originou da seleção realizada pelo homem a partir do melhoramento de teosinto, uma planta da família poaceae, com ciclo anual, originária do México e da Guatemala. Um segundo grupo, defende que o milho e o teosinto diferenciaram-se á mais tempo de um mesmo ancestral, originando as duas plantas com estrutura diferentes. Apesar destas duas correntes sobre a origem do milho, há alguns milhares de anos o milho foi domesticado pelos indígenas americanos, em processos contínuos de melhoramento, onde as melhores plantas eram selecionadas, e os seus melhores grãos separados e semeados novamente. Durante esse processo, a planta que apresentava vários colmos e espiguetas pequenas com poucos grãos foi aos poucos evoluindo até transformar-se em uma planta ereta, com um único colmo, uma inflorescência masculina e outra feminina separada na mesma planta, com espigas maiores contendo maior quantidade e qualidade de grãos. Atualmente são conhecidos cinco grupos de milho, sendo: pipoca, duro, dentado, farináceo e doce, que já existiam na América por ocasião do descobrimento. O milho é um dos cereais que possui maior capacidade produtiva, pois é uma planta de metabolismo C4, que é mais eficiente na produção de matéria seca por área e consequentemente na produção de grãos. Por essa característica tornou-se a mais importante cultura na alimentação animal e indispensável no processo de rotação de culturas no plantio direto, fornecendo uma maior quantidade de palha e matéria orgânica para o sistema. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, com uma produção anual superior a 56 milhões de toneladas (FAO, 2013), depois de Estados Unidos da América (EUA) e China. Os principais estados produtores do país são Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A produção de grãos de milho vem aumentando nos últimos anos, principalmente 23 devido a grande demanda dos grãos para utilização na alimentação animal, pois cada vez mais produtores deixam de produzir em sistemas extensivos, passando a produzir em sistemas intensivos, como ocorreu em confinamentos de bovinos de corte e leite, além das atividades já tradicionais de suinocultura e avicultura, onde a necessidade de grãos para a fabricação de rações também segue aumentando. Apesar da grande valorização do preço do milho nos últimos anos, principalmente na safra 2011/2012 com valores recordes atingidos pela saca do produto, a área cultivada continua praticamente constante, pois a área agrícola expandida na região centro-oeste do país foi utilizada para a produção de outras culturas, principalmente soja e algodão, sendo o milho uma cultura opcional, geralmente utilizada na segunda safra, denomina “safrinha” nestas regiões. O aumento da produção total de milho deve-se ao processo de melhoramento genético dos cultivares utilizado, além do manejo de cultivo da cultura, com técnicas de semeadura e adubação avançadas, que elevaram os níveis médios produtivos inferiores a 2.000 Kg.ha-1 na década de 90, para aproximadamente 4000 Kg.ha-1 na safra 2011/2012 no território nacional (Figura 1), porém, sabe-se que produtores que utilizam altos níveis tecnológicos de produção conseguem níveis de produtividades acima de 16.000 Kg.ha-1. Figura 1 - Evolução da produção de milho e da área cultivada no Brasil de 1989 a 2011. FONTE: Adaptado de dados da CONAB (2012). 24 Os grãos de milho foram comercializados no Brasil até setembro de 2013 segundo Portaria do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) Nº 845 de 08 de novembro de 1976, publicada no Diário Oficial da União de 19/11/1976 com alterações dadas pela Portaria MAPA nº 11, de 12 de abril de 1996, publicada no Diário Oficial da União 15/04/1996 que determinam as especificações para à Padronização, Classificação e Comercialização Interna do Milho. As necessidades de alteração nos padrões de classificação dos produtos de origem vegetal devido a portarias antigas, que apresentavam problemas conceituais e equivocados, tornaram necessária a elaboração de uma nova portaria para a comercialização dos grãos de milho. Assim, a partir de 1º de setembro de 2013 passou a vigorar a Instrução Normativa N° 60, de 22 de dezembro de 2011, publicada no Diário Oficial da União de 23/12/2011, com alterações dadas pela Instrução Normativa MAPA No 18, de 4 de julho de 2012, que estabelecem o Regulamento Técnico do Milho, ficando revogadas a Portaria MAPA N° 845, de 8 de novembro de 1976 e a Portaria SARC Nº 11, de 12 de abril de 1996, determinando os novos padrões de qualidade para comercialização dos grãos de milho (Tabela 1). Tabela 1. Limites máximos de tolerância (%) para classificação de grãos de milho pela legislação que entrou em vigor a partir de setembro de 2013. Matérias Grãos avariados Grãos Enquadramento Estranhas e Carunchados quebrados Ardidos Total Impurezas Tipo 1 1,00 6,00 3,00 1,00 2,00 Tipo 2 2,00 10,00 4,00 1,50 3,00 Tipo 3 3,00 15,00 5,00 2,00 4,00 Fora de Tipo 5,00 20,00 > 5,00 > 2,00 8,00 2.2 Estrutura e composição do grão de milho O grão de milho é composto por endosperma, gérmen, pericarpo e ponta, conforme apresentado na figura 2, entretanto em função da grande diversidade existente entre as cultivares, pode apresentar variações nesta estrutura, apresentando diferentes composições de nutrientes e tamanhos nas estruturas, conforme apresentado na tabela 2. As principais causas de variação na composição química dos grãos de milho são relacionadas às características 25 do material genético, solo, adubação, condições climáticas e estádio de maturação da planta (PATERNIANI; VIÉGAS, 1987; GOMES et al., 2004). Figura 2 - Anatomia da estrutura dos grãos de milho. FONTE: Adaptado de: http://cerealscientech.blogspot.com.br/2013/04/the-structure-of-corn.html Tabela 2. Composição química das diferentes frações do grão de milho. % da parte % Estrutura do grão Amido Lipídios Proteínas Minerais Açúcares Endosperma 82,00 86,6 0,86 8,60 0,31 0,61 Gérmen 11,00 8,30 34,4 18,50 10,30 11,00 Pericarpo 5,00 7,30 0,98 3,50 0,67 0,34 Ponta 2,00 5,30 3,80 9,70 1,70 1,50 Fonte: Adaptado de Bemiller & Whistler, 2009. O endosperma concentra aproximadamente 98% do total de amido, formado por grânulos com diâmetro médio de 20μm e forma variando desde poliédrica a esférica. Com base na distribuição dos grânulos de amido e da matriz proteica, o endosperma é classificado segundo Delcour e Hoseney (2010) em dois tipos: farináceo e vítreo. No primeiro, os grânulos de amido são arredondados e estão dispersos, não havendo matriz proteica circundando essas estruturas, o que resulta em espaços vagos durante o processo de secagem do grão, a partir dos espaços onde antes era ocupado pela água, durante o desenvolvimento do grão. Por outro lado, no endosperma vítreo, a matriz proteica é densa, com corpos proteicos estruturados, que circundam os grânulos de amido de formato poligonal, não permitindo espaços entre estas estruturas. A diferença da estrutura dos grânulos pode ser observada na figura 3. 26 Figura 3 - Estrutura dos grânulos de amido extraídos do endosperma vítreo (A) e endosperma farináceo (B) de grãos de milho. FONTE: Delcour & Hoseney (2010). As proteínas de reserva possuem quantidades elevadas dos aminoácidos glutamina, leucina, alanina e prolina, que conferem alta hidrofobicidade ao resíduo proteico extraído do endosperma no processo de produção do amido de milho (Shotwel & Larkins, 1989), mas são pobres em lisina e triptofano, essenciais à nutrição humana e de alguns monogástricos, sendo considerada assim proteína de baixa qualidade, pois corresponde a 65% da constituição presente no leite, considerada padrão para a nutrição humana. Esse produto é considerado, nos países desenvolvidos, como de grande importância industrial, sendo utilizado como matéria-prima para a fabricação de filmes comestíveis destinados ao revestimento de frutas, verduras e grãos, com o objetivo de estender a vida de prateleira desses produtos. Além desse uso, as zeínas são utilizadas na fabricação de fibras para várias aplicações, como no encapsulamento de sementes e na fabricação de embalagens biodegradáveis (LAWTON, 2004). As proteínas do endosperma do milho, que caracterizam a matriz proteica, podem ser classificadas de acordo com a solubilidade em quatro frações: albuminas, globulinas, prolaminas e glutelinas, que constituem respectivamente 3%, 3%, 60% e 34% do total de proteínas do endosperma (PATERNIANI & VIÉGAS, 1987). Estudos têm demonstrado que o conteúdo de proteína, em especial de zeínas, está associado com diferenças na dureza dos grãos de cereais (PRATT et al., 1995; CHANDRASHEKAR & MAZHAR, 1999). No endosperma, especificamente, na camada de aleurona e no endosperma vítreo, estão também presentes os compostos fenólicos, e 27 também os carotenoides, substâncias lipídicas que conferem a cor aos grãos de milho, sendo zeaxantina, luteína, betacriptoxantina, alfa e beta carotenos, os principais carotenoides nos grãos de milho (PAES, 2006) . O β-caroteno (Figura 4) é o carotenoide que apresenta maior atividade pró-vitamínica, além de α-caroteno, betacriptoxantina e zeinoxantina também possuírem atividade pró-vitamínica (RODRIGUEZ-AMAYA, 2001), sendo que o β-caroteno apresenta duas vezes a atividade do α-caroteno e β-criptoxantina por apresentar dois anéis β não substituíveis. Figura 4 - Estrutura do β-caroteno, carotenoide com maior atividade pró-vitamínica. O grão de milho, apesar de possuir baixa concentração de β-caroteno, motivo alvo de processos de melhoramento, apresentam altas concentrações de luteína e zeaxantina, sendo considerada uma espécie carotenogênica, ou seja, fonte de carotenoides. Nos grãos de milho, os carotenoides, estão uniformemente distribuídos, com quantidades significativas na camada de aleurona e no endosperma (KONOPKA et al., 2004). O gérmen representa 11% do grão de milho, concentrando aproximadamente 83% de lipídios (óleo e vitamina E), 78% de minerais, além de conter quantidades importantes de proteínas (26%) e açúcares (70%). No gérmen estão presentes as proteínas do tipo albuminas, globulinas e glutelinas, que diferem significativamente, em composição e organização molecular, daquelas encontradas no endosperma e, consequentemente, diferindo das primeiras em qualidade nutricional e propriedades tecnológicas. A composição do óleo presente no gérmen do milho é distinta dos outros óleos vegetais quanto aos percentuais de ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados, sendo aproximadamente 58% de poliinsaturados, 29% de monoinsaturados e 13% de saturados (PAES, 2006). Entretanto, o óleo de milho possui composição de ácidos graxos poliinsaturados semelhante aos óleos de soja e girassol. Nesses óleos 28 vegetais, o principal componente é o ácido graxo linoleico (ômega 6), contendo um pequeno percentual do ácido graxo linolênico (ômega 3), que são considerados essenciais à nutrição humana e de alguns animais, dada a incapacidade de síntese dos mesmos pelo organismo. De acordo com Paes (2006), o pericarpo representa em média 5% do grão, é a estrutura que protege as demais estruturas do grão da elevada umidade do ambiente, insetos e micro-organismos. As camadas de células que compõem essa fração são constituídas de polissacarídeos do tipo hemicelulose (67%) e celulose (23%), embora também contenha lignina (0,1%). A ponta é a menor estrutura do grão (2%), sendo responsável pela conexão do grão ao sabugo na espiga, única área do grão não coberta pelo pericarpo, e que possui sua composição essencialmente de material lignocelulósico. 2.3 Utilização dos grãos de milho A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas formas de utilização, que vão desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia, sendo que a alimentação animal representa a maior parte deste consumo, aproximadamente 70%. Portanto os grãos produzidos precisam ser armazenados para posterior consumo nas próprias propriedades agrícolas, ou mesmo para comercialização, sendo que processos adequados de pós-colheita devem ser empregados para manutenção das características qualitativas e quantitativas dos grãos. Para alimentação humana, apenas 15% do total da produção é utilizado, e isso se deve a falta de informação sobre suas formas de utilização e de qualidade nutricional, entretanto, no mercado de amido, o milho apresenta uma grande importância, pois do total de amido produzido, aproximadamente 80% é obtido de grãos de milho (ECKHOFF, 2004). Na alimentação animal, a qualidade do milho é importante, uma vez que pode afetar o custo da produção, o desempenho zootécnico e a qualidade de carnes, ovos e leite produzidos, devendo-se ter um grande controle na comercialização do milho para evitar problemas mais sérios ao final do processo produtivo, no momento do consumo de alimentos. Para não comprometer o desenvolvimento de 29 cadeias produtivas de animais, principalmente suínos e aves, as indústrias produtoras de rações exigem análises de micotoxinas para comercialização do milho, sendo que a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina os limites máximos para comercialização, onde para Aflatoxinas B1, B2, G1, G2 no milho em grão (inteiro, partido, amassado e moído), farinhas ou sêmolas de milho o limite máximo de tolerância é de 20 μg.kg-1. Nos grãos de milho armazenados, o desenvolvimento de micotoxinas ocorre por fungos principalmente do gênero Aspergillus, que necessitam de temperatura, umidade relativa do ar e substrato adequados para o desenvolvimento. Umidade relativa de 80 a 85%, umidade dos grãos de 17% e temperatura de 24 a 35°C são condições ótimas para produção de aflatoxinas em grãos de milho (DILKIN et al., 2000), porém sabe-se que com umidade de 12%, temperaturas elevadas, aliado a presença de oxigênio e um longo período de armazenamento, condições facilmente encontradas nos silos de armazenamento, pode haver a produção de micotoxinas. O crescimento fúngico afeta a quantidade de nutrientes presentes nos grãos, como carboidratos, certas vitaminas, lipídios e proteínas, resultando em um menor rendimento nas indústrias produtoras de rações, além da produção de micotoxinas, que podem causar problemas na saúde e no desempenho de animais, reduzindo o ganho de peso e a qualidade final dos lotes. 2.4 Secagem e armazenamento Os grãos de milho geralmente são colhidos com umidade elevada, entre 25 e 30%, necessitando de secagem para redução até níveis desejados para o armazenamento seguro. Porém, nem sempre é possível a realização de secagem correta, em função do grande fluxo de grãos que chegam as unidades armazenadoras, assim, os teores são reduzidos a níveis superiores a 13%, permanecendo em silos durante vários meses até a utilização. Durante a secagem, a utilização de temperaturas elevadas, pode comprometer a qualidade final do produto. A utilização de temperaturas de massa superiores a 60°C durante a secagem, produz amido de baixa viscosidade e rendimento no processo de extração por moagem úmida, e milhos secos a partir de umidades elevadas (28-30%) em temperaturas acima 30 de 82°C também apresentam baixo rendimento de óleo e reduzido teor de proteínas (BEMILLER & WHISTLER, 2009). Segundo Queiroz e Pereira (2001), a secagem em baixas temperaturas é um processo lento e pode demorar uma semana e, em determinados casos, devido às condições psicrométricas do ar, até um mês, comprometendo todo o restante da produção. A adequação das condições de secagem é de fundamental importância para a qualidade do processo, pois a utilização de temperaturas elevadas pode afetar as propriedades térmicas (ALTAY & GUNASEKARAN, 2006; HAROS et al., 2003), reológicas (HARDACRE & CLARK, 2006) e estruturais, reduzindo o poder de inchamento do amido. Em trabalho desenvolvido por Malumba et al. (2009), a alta temperatura de secagem conferiu aos grânulos de amido uma rigidez que diminuiu o poder de inchamento e os índices de solubilidade de água durante o processo de gelatinização, sendo que estas mudanças estruturais nos grânulos de amido afetam as características de comportamento de pasta, reduzindo o pico máximo de viscosidade e a viscosidade de quebra (breakdown) durante o período de aquecimento da amostra, entretanto aumentam a temperatura inicial de gelatinização, além de afetar os parâmetros texturométricos de gel. A umidade elevada dos grãos, aliada a temperaturas altas, acelera o processo metabólico, iniciando focos de aquecimento no interior da massa de grãos, acarretando em perdas elevadas, se medidas adequadas não forem realizadas. A qualidade de armazenamento está relacionada com a qualidade inicial dos grãos, porém durante o período de armazenamento os grãos são influenciados por fatores como temperatura, umidade dos grãos, umidade relativa do ar, atmosfera de armazenamento, teor de grãos quebrados, teor de impurezas, presença de micro-organismos, insetos, ácaros e tempo de armazenamento. Faroni et al. (2005), ao estudar temperaturas de armazenamento de grãos de milho entre 20 e 40°C, verificaram reduções de até 20% na massa específica aparente dos grãos de milho armazenados durante 180 dias, e atribuiu esta redução ao ataque de insetos, e a redução da condutividade elétrica dos grãos à deterioração da membrana celular desses grãos, devido à maior lixiviação de eletrólitos do interior celular. Estudo desenvolvido por Costa 31 et al. (2010), avaliaram o armazenamento de milho em silos hermeticamente fechados, e concluiu que os grãos podem ser armazenados sem alterações na tipificação em temperaturas de até 35°C com umidade de 14% durante 180 dias, porém ocorreram alterações nos teores de germinação, condutividade elétrica e massa específica dos grãos armazenados ao final do período. Paraginski et al. (2014) avaliando grãos de milho armazenados nas temperaturas de 5, 15, 25 e 35°C concluíram que em temperaturas superiores a 15°C ocorrem alterações nas propriedades dos grãos, reduzindo a solubilidade proteica e alterando os parâmetros viscoamilográficos de qualidade, além de aumentar a acidez do óleo e o teor de grãos mofados, e reduzir o pH. Segundo Rehman et al. (2002), reduções na qualidade nutricional ocorrem durante o armazenamento de grãos de milho na temperatura de 25°C, mas em menor extensões que na temperatura de 45°C, no entanto, nenhuma alteração significativa em qualquer nutriente foi observado no armazenamento de grãos de milho a 10°C. Embora a amplitude das temperaturas do trabalho ser elevadas, novos estudos devem ser realizados com menores faixas de variação, pois reduções nos conteúdos de lipídios, carboidratos, proteínas e vitaminas durante o período de armazenamento resultam em perdas de material orgânico, do peso volumétrico, da matéria seca, bem como do valor comercial e nutricional do milho (FLEURAT-LESSARD, 2002). O armazenamento de grãos em condições inadequadas resulta em aumentos na oxidação lipídica e do conteúdo de ácidos graxos livres (GALLIARD, 1986), formando um complexo com a amilose helicoidal ou reduzindo o comprimento das cadeias longas de amilopectina, alterando as propriedades físicas e nutricionais do grão e dos seus produtos finais (HAYFA & COPELAND, 2007; HASJIM et al., 2010). O armazenamento por longos períodos reduz o rendimento de extração do amido durante a moagem por via úmida devido à degradação do amido e as interações entre o amido e os outros componentes do grão (ABERA & SUDIP, 2003). O armazenamento dos grãos também provoca uma diminuição na solubilidade e digestibilidade da proteína nos grãos (CHRASTIL, 1990a). Em estudo desenvolvido por Chrastil et al. (1992), os autores relataram que o 32 armazenamento aumentou o peso molecular da proteína nos grãos de arroz através da formação de ligações dissulfídicas, podendo alterar a atividade e as propriedades de enzimas endógenas presentes no grão, tais como amilases, proteases, fosfatases. Em estudo realizado por Park et al. (2012) para avaliar o efeito da temperatura no armazenamento de arroz, os autores concluíram que este é um fator que afeta as propriedades fisico-químicas dos grãos, aumentando a acidez dos lipídios, a cor e a dureza dos grãos, alterando as propriedades sensoriais e texturométricas após a cocção. Segundo Patindol et al. (2005), o armazenamento de arroz em casca em temperaturas controladas de 38°C durante nove meses afetou as propriedades térmicas e de pasta do amido, e reduziu a quantidade de cadeias ramificadas longas de amilopectina. Em trabalho desenvolvido por Setiawan et al. (2010), ao avaliar o armazenamento de grãos de milho secos ao sol e em secador artificial, e armazenados na temperatura de 27°C e umidade relativa do ar de 85-90% durante 6 meses, encontraram alterações na estrutura e funções do amido, sendo que a taxa de hidrólise de amido, o pico máximo de viscosidade e a quantidade de cadeias longas de amilopectina reduziram com o armazenamento, porém a temperatura de gelatinização, temperatura de pasta e percentual de cristalinidade do amido isolado aumentou com o armazenamento, e a percentagem de longas cadeias de ramificação de amilopectina diminuiu com o armazenamento de milho, indicando que a hidrólise do amido foi realizada durante o armazenamento. Ao avaliar grãos de feijão armazenados em diferentes sistemas de armazenamento durante 12 meses, Rupollo et al. (2011) encontraram menor cristalinidade, poder de inchamento e energia necessária para a gelatinização do amido, entretanto não encontraram diferenças na solubilidade e propriedades de pasta do amido isolado. Yousif et al. (2003), ao estudarem os efeitos de três diferentes temperaturas (10, 20 e 30°C) e duas umidades relativas do ar (40 e 65%) no armazenamento de feijão adzuki (Vigna angularis L.) durante 6 meses, encontraram um aumento na temperatura de gelatinização do amido, correlacionando positivamente com o aumento da temperatura de armazenamento, entretanto novos estudos devem ser 33 realizados em outras culturas para avaliação do comportamento do amido em diferentes temperaturas de armazenamento. 2.5 Amido 2.5.1 Usos do amido de milho O amido é o principal constituinte responsável pelas propriedades tecnológicas que caracterizam grande parte dos produtos processados, uma vez que contribui para diversas propriedades de textura em alimentos, possuindo aplicações industriais como espessante, estabilizador de coloides, agente geleificante e de volume, afetando a adesividade, retenção de água, dentre outras propriedades tecnológicas (DENARDIN & SILVA, 2009). O amido extraído de grãos de milho é responsável por mais de 80% do mercado mundial de amidos, e a maior produção se encontra nos Estados Unidos (JOBLING, 2004). No Brasil, as fontes de amido mais utilizadas industrialmente são milho e mandioca, sendo que do total produzido a partir de grãos de milho, aproximadamente 70% é convertido em xarope de milho, produto que possui alto teor de frutose e dextrose (BILIADERIS, 1991). Segundo Singh et al. (1997), transformações químicas, bioquímicas e operações mecânicas envolvidas no processo industrial de moagem úmida na obtenção do amido de milho, separam o grão de milho em frações relativamente puras de gérmen, fibra, amido e proteína. O procedimento pode ser dividido em seis etapas principais: maceração, primeira moagem, separação do gérmen, segunda moagem, separação das fibras e separação proteína-amido. A primeira etapa, denominada de maceração, é a mais importante, pois nela ocorrem os fenômenos químicos e bioquímicos que preparam os grãos para obtenção de maior eficiência no processo de moagem úmida, também denominado de wet-milling. Os fenômenos mais importantes, nesta etapa são a hidratação dos grãos, a ativação de proteases e reações de quebra das redes de proteínas que envolvem os grânulos de amido dentro do endosperma. Para que isto aconteça, é imprescindível que ocorra a difusão de três componentes para o interior do grão: água, dióxido de enxofre (SO 2) e ácido lático, conforme relatado por Lopes Filho et al. (2006). 34 O amido de milho normal se caracteriza pela formação de um gel consistente, muito utilizado em sopas desidratadas e molhos que requerem viscosidade do produto a quente. Para produtos que necessitam de armazenamento refrigerado, o amido de milho não é indicado, devido à elevada sinérese (exsudação de água), consequência do fenômeno de retrogradação (WEBER et al., 2009). Nesses casos, é mais indicado o uso do amido de milho ceroso (waxy), que não possui amilose, apresentando maior estabilidade nas baixas temperaturas, devido a amilose possuir elevada retrogradação, assim formam géis fracos, altamente viscosos no cozimento, claros e coesivos. No mercado, podem ser encontrados amidos de milho com alto teor de amilose, acima de 50%, denominas high-amilose, que gelificam e formam filmes com maior facilidade devido ao alto conteúdo de amilose (PARKER & RING, 2001). 2.5.2 Estrutura do amido O amido encontra-se amplamente distribuído em diversas espécies vegetais como carboidratos de reserva, sendo as fontes potenciais mais importantes de amido segundo Freitas et al. (2003): grãos de cereais (40 a 90% do seu peso seco), legumes (30 a 70% do seu peso seco) e os tubérculos (65 a 85% do seu peso seco). Segundo Denardin e Silva (2009), diversas pesquisas sobre a avaliação da relação existente entre a estrutura molecular do amido e seu comportamento em algumas propriedades físico-químicas sugerem que diversas características estruturais, como teor de amilose, distribuição de comprimento das cadeias de amilopectina e grau de cristalinidade dos grânulos, podem estar intimamente relacionada aos eventos associados com a gelatinização e a retrogradação, tais como inchamento dos grânulos, lixiviação de amilose e/ou amilopectina, perda da estrutura radial (birrefringência), supramolecular (cristalinidade), molecular e de recristalização. O amido, que se apresenta em forma de grânulos com tamanho variável, é um homopolissacarídeo composto pelas macromoléculas amilose e amilopectina (Figura 5). As cadeias de amilose e amilopectina não existem livres na natureza, mas como agregados semicristalinos, organizados sob a forma de grânulos (DENARDIN & SILVA, 2009). O tamanho, a forma e a 35 estrutura dos grânulos de amido de milho variam com as fontes botânicas, geralmente variam entre 1 a 100 μm de diâmetro, e os formatos podem ser regulares ou irregulares (SINGH et al., 2003; LIU, 2005). Figura 5 - A) Estrutura da amilose [polímero linear composto por unidade de D-glicose unidas em ligações α-(1-4)]. B) Estrutura da amilopectina [polímero ramificado composto por unidades de D-glicose unidas em ligações α-(1-4) e α-(1-6)]. FONTE: Adaptado de Lajolo e Menezes (2006). 36 A amilose é formada por unidades de glicose unidas por ligações glicosídicas -1,4, originando uma cadeia linear. Já a amilopectina é formada por unidades de glicose unidas em -1,4 e - 1,6, constituindo uma estrutura ramificada. As proporções, em que essas estruturas aparecem, diferem em relação às fontes botânicas, variedades de uma mesma espécie e, em uma mesma variedade, de acordo com o grau de maturação da planta (ELIASSON, 2004; TESTER et al., 2004). 2.5.2.1 Amilose A amilose é um polímero essencialmente linear, composto quase que completamente de ligações α-1,4 nas unidades de D-glicose, entretanto, algumas evidências sugerem a presença de algumas ramificações nesse polímero (LIU, 2005). Embora ilustrada tipicamente por uma estrutura linear de cadeia, a amilose é frequentemente helicoidal. O interior da hélice contém átomos de hidrogênio (característica de hidrofobicidade), permitindo que a amilose forme complexos com ácidos graxos livres com componentes glicerídios dos ácidos graxos, com alguns alcoóis e com o iodo, formando com este, um complexo de coloração azul (THOMAS & ATWEL, 1999). A massa molecular da amilose é dependente da fonte e das condições de processamento empregadas na extração do amido, mas geralmente varia de 1,5.105-106, com tamanho médio de 103 unidades de glicose (FRANCO et al., 2001). O amido de milho contém entre 25-28% de amilose, enquanto o de mandioca possui apenas 17%. A amilose possui habilidade em formar pasta depois da gelatinização do grânulo de amido, e este comportamento é evidente em certos amidos que contêm maiores teores de amilose. Amido de milho, trigo, arroz e particularmente amido de milho com alto teor de amilose são usualmente considerados amidos formadores de pasta. A formação da pasta decorre principalmente da reassociação (chamado de retrogradação) dos polímeros de amido solubilizados depois da gelatinização (THOMAS & ATWEEL, 1999). 37 2.5.2.2 Amilopectina A amilopectina é uma macromolécula altamente ramificada e consiste em cadeias lineares mais curtas de ligações α-1,4 contendo de 10 a 60 unidades de glicose e cadeias laterais com 15 a 45 unidades de glicose com uma média de 5% de ligações α- 1,6 nos pontos de ramificação (VAN DER MAAREL et al., 2002). O peso molecular da amilopectina é cerca de 1000 vezes o peso molecular da amilose e varia de 1x10 7 a 5x108 g.mol-1 (YOU et al., 2002). Segundo Vandeputte e Delcour (2004), a amilopectina apresenta um grau de polimerização de 4700 a 12800 unidades de resíduos de glicose com comprimento médio de 17 a 24 e limite de -amilose de 55 a 60%. As cadeias individuais podem variar entre 10 e 100 unidades de glicose (DENARDIN & SILVA, 2009). As cadeias de amilopectina estão organizadas de maneiras diferentes, sugerindo uma classificação de cadeias A, B e C (Figura 6). O tipo A é composto por uma cadeia não-redutora de glicoses unidas por ligações -(1,4) sem ramificações, sendo unida a uma cadeia tipo B por meio de ligações (1,6), já as cadeias do tipo B são compostas por glicoses ligadas em -(1,4) e -(1,6), contendo uma ou várias cadeias tipo A e podem conter cadeias tipo B que são unidas por meio de um grupamento hidroxila primário, e a cadeia C é única em uma molécula de amilopectina, sendo composta por ligações -(1,4) e -(1,6), com grupamento terminal redutor (ELIASSON, 2004; VANDEPUTTE & DELCOUR, 2004; LAJOLO & MENEZES, 2006). A amilopectina é estrutural e funcionalmente a mais importante das duas frações, pois sozinha é suficiente para formar o grânulo, como ocorre em mutantes que são desprovidos de amilose. Quanto à amilose, a sua localização exata dentro do grânulo ainda é uma tarefa difícil, acreditando-se que ela esteja localizada entre as cadeias da amilopectina e aleatoriamente entremeada entre as regiões amorfas e cristalinas. As moléculas de amilose maiores estão concentradas no centro do grânulo e, provavelmente, participam das duplas hélices com a amilopectina, enquanto as moléculas menores, presentes na periferia, podem ser lixiviadas para fora do grânulo. Apesar de seu limitado papel na formação de cristais, a amilose pode influenciar a organização das 38 duplas hélices, interferindo na densidade de empacotamento das cadeias de amilopectina (OATES, 1997; TESTER et al., 2004). Além disso, estudos de Kuakpetoon e Wang (2007), sugerem que parte da amilose pode cristalizar juntamente com a amilopectina, formando lamelas cristalinas, porém a organização exata desses componentes dentro do grânulo ainda não está totalmente esclarecida. Figura 6 - A) Classificação das cadeias da amilopectina em cadeias tipos A, B e C; B) Estrutura da amilopectina formando as regiões amorfas e cristalinas no grânulo de amido; C) Modelo da estrutura interna do grânulo de amido com a visualização dos anéis de crescimento e centro ou hilum. FONTE: Adaptado de Parker & Ring (2001). 2.5.3 Propriedades do amido 2.5.3.1 Cristalinidade Os grânulos de amido nativos contêm entre 15 e 45% de material cristalino com modelos de difração de raios-X, que correspondem a duas poliformas (A ou B) ou a uma forma intermediária (C), as quais têm a sua classificação baseada em variações no conteúdo de água e na configuração de empacotamento de duplas hélices (IMBERTY et al., 1991). Os padrões de cristalinidade (Figura 7) são definidos com base nos espaços interplanares e intensidade relativa das linhas de difração de raio-X (CEREDA, 2001). 39 Figura 7 - Difratogramas de raio -X de diferentes amidos. (A) refere-se ao padrão tipo A de amidos de cereais, (B) tipo B de amidos de tubérculos, (C) tipo C de amidos de leguminosas, e (V) tipo V de amilose complexada. FONTE: Liu (2005) adaptado de Zobel (1988). Segundo Zobel (1988), o padrão de cristalinidade tipo A é aquele que apresenta picos fortes nos espaços interplanares de 5,8; 5,2 e 3,8 Å (angstrons), o tipo B apresenta um pico de intensidade forte a 5,2 Å e vários picos de intensidade média de 15,8; 6,2; 4,0 e 3,7 Å, e o tipo C apresenta semelhança com o padrão A, tendo um pico adicional a 15,4 Å de intensidade fraca. A amilose quando estiver complexada com compostos orgânicos, água ou iodo, pode aparecer no padrão tipo V. O padrão V apresenta picos em 12,0; 6,8 e 4,4 Å, sendo que o pico de 4,4 Å é normalmente usado como a primeira indicação de que o complexo V está sendo formado (ZOBEL, 1988; BILIADERIS, 1991). A cristalinidade tipo A ocorre na maioria dos cereais (milho, arroz, trigo, aveia) e é descrita como uma unidade celular monocíclica altamente condensada e cristalina, em que 12 resíduos de glicose de duas cadeias no sentido anti-horário abrigam quatro moléculas de água entre as hélices. A estrutura de padrão tipo B (tubérculos, arroz com alto teor de amilose e amido retrogradado) é mais claramente definida, sendo composta por uma unidade básica de cadeias que são empacotadas em um arranjo hexagonal, onde a unidade celular tem duas duplas hélices no sentido anti-horário, alinhadas e arranjadas em paralelo. Essa estrutura contém 36 moléculas de água (27%) para cada 12 resíduos de glicose, sendo que a metade dessa água é 40 fortemente ligada às duplas hélices, e a outra metade é concentrada em um eixo em parafuso (OATES, 1997; ELIASSON, 2004). Além de serem considerados mais ricos em amilose, esses tipos de amido apresentam formatos e tamanhos semelhantes, sendo resistentes à hidrólise, tanto enzimática quanto ácida (LAJOLO & MENEZES, 1996). Certas raízes e sementes (ervilha lisa e fava) possuem uma estrutura intermediária entre os modelos A e B, a qual é denominada de padrão C e é subclassificada em Ca, Cb e Cc, de acordo com a semelhança com os padrões A e B ou entre os dois tipos, respectivamente (ELIASSON, 2004). A maior suscetibilidade a hidrólise dos amidos com cristalinidade do tipo A ocorre devido à presença de poros superficiais que podem ser alargados pela ação das enzimas, facilitando a sua ação no interior do grânulo. Outra possível explicação para essa maior suscetibilidade a erosões químicas e enzimáticas nos grânulos do tipo A, quando comparados aos do tipo B, é a presença de cascas protetoras (chamados blocos cristalinos), incorporadas estruturalmente ao redor dos grânulos tipo B, que são menos fortemente empacotados (OATES, 1997). A técnica de difração de raio-x, detecta as repetições ordenadas regulares das hélices, refletindo a ordem tridimensional dos cristais do amido. Através desta classificação pode-se agrupar a maioria dos amidos de acordo com as suas propriedades físicas (DONNALD et al., 2004). Esta técnica é o melhor método para estimar a cristalinidade, entretanto é um procedimento lento porque todas as amostras precisam conter a mesma quantidade de água para efeito de comparação. A hidratação interfere na análise, uma vez que aumenta a ordem estrutural e a resolução dos resultados (LELOUP et al., 1992). 2.5.3.2 Poder de inchamento e solubilidade O amido puro tem coloração branca, é insípido, e se adicionado à água fria e mantido em agitação, forma uma suspensão de aspecto leitoso, separando-se após o repouso. Entretanto, uma pequena fração torna-se solúvel quando agitado em água, ocasionando um pequeno inchamento, sendo considerado como praticamente insolúvel. 41 A insolubilidade dos grânulos de amido é devida às fortes ligações de hidrogênio que mantêm as cadeias unidas (CEREDA, 2001). Porém, quando o amido é aquecido em excesso de água, acima da temperatura de empastamento, a estrutura cristalina é rompida pelo relaxamento das pontes de hidrogênio e as moléculas de água interagem com os grupos hidroxilas da amilose e da amilopectina. Isso causa um aumento do tamanho dos grânulos devido ao inchamento com parcial solubilização (HOOVER, 2001). De maneira geral, a solubilidade e o poder de inchamento apresentamse correlacionados (LEACH et al., 1959). O amido de milho apresenta inchamento limitado que ocorre em dois estágios, sugerindo que dois tipos de forças estão envolvidos nas interações entre as cadeias poliméricas que relaxam a diferentes temperaturas (PERONI, 2003). Amidos ricos em amilose mostram inchamento e solubilidade restritos, mesmo após um período prolongado de aquecimento. As curvas de inchamento e solubilidade dos grânulos indicam um elevado grau de associação nesses amidos (CEREDA, 2001). O poder de inchamento dos grânulos, que pode ser determinado pelo aquecimento da amostra de amido em excesso de água, é definido como o peso do sedimento inchado (gramas) por grama de amido. A solubilidade do amido também pode ser determinada na mesma suspensão; sendo expressa como a porcentagem (em peso) da amostra de amido que é dissolvida após aquecimento (LEACH et al., 1959). 2.5.3.3 Gelatinização e retrogradação O aquecimento de suspensões de amido em excesso de água e acima de uma determinada temperatura causa uma transição irreversível denominada gelatinização. A gelatinização do amido é o colapso do arranjo molecular, em que o grânulo de amido sofre mudanças irreversíveis em suas propriedades, ocorre perda da cristalinidade, absorção de água, intumescimento do grânulo e lixiviamento de alguns componentes, principalmente amilose (ZHONG et al., 2009). A retrogradação é um processo que ocorre quando as moléculas de amido gelatinizado começam a se reassociar em uma estrutura ordenada. Fatores como temperatura, tamanho e concentração dos grânulos e a presença 42 de lipídios podem influenciar o comportamento geral do amido (JANE et al., 1999). As propriedades de inchamento e gelatinização são controladas, em parte, pela estrutura molecular da amilopectina (comprimento de cadeia, extensão de ramificação, peso molecular), pela composição do amido (proporção amilose/amilopectina e teor de fósforo) e pela arquitetura granular (proporção entre regiões cristalinas e amorfas). Convencionalmente, altas temperaturas de transição têm sido associadas a altos graus de cristalinidade, os quais fornecem a estabilidade estrutural e tornam os grânulos mais resistentes à gelatinização (SINGH, 2003). Quando é armazenado e resfriado, o amido gelatinizado pode sofrer um fenômeno denominado de retrogradação. Com o passar do tempo, as moléculas do amido vão perdendo energia e as ligações de hidrogênio tornamse mais fortes, e assim as cadeias começam a reassociar-se num estado mais ordenado. Essa reassociação culmina com a formação de simples e duplas hélices, resultando no entrelaçamento ou na formação de zonas de junção entre as moléculas, formando áreas cristalinas. Como a área cristalizada altera o índice de refração, o gel vai se tornando mais opaco à medida que a retrogradação se processa (ELIASSON, 1996). A amilose exsudada de grânulos inchados forma uma rede por meio da associação com cadeias que rodeiam os grânulos gelatinizados. Como consequência, a retrogradação aumenta (setback), convertendo-se num sistema viscoelástico turvo ou em concentrações de amido suficientemente altas (> 6 p/p) em um gel elástico opaco (LAJOLO & MENEZES, 2006), em que, às vezes, ocorre a precipitação de cristais insolúveis de amido, levando à separação de fases. A forte interação das cadeias entre si promove a saída da água do sistema, sendo essa expulsão denominada sinérese. Atualmente, várias técnicas têm sido empregadas para avaliar o comportamento dos grânulos frente à gelatinização, como difração de raios X, dispersão de nêutrons de pequeno ângulo, microscopia com luz polarizada e, principalmente, calorimetria diferencial de varredura (DSC - Differential Scanning Calorimetry). Além disso, alguns equipamentos também avaliam a viscosidade de pastas de amido, como o viscoamilógrafo Brabender, o visco43 analisador rápido (RVA - Rapid Visco-Analyser) e os viscômetros de rotação, os quais dão uma ideia do comportamento do amido na gelatinização (SINGH et al., 2003; ELIASSON, 2004). A técnica de DSC quando aplicada ao amido, fornece medidas quantitativas do fluxo de calor associado à gelatinização, em que os picos endotérmicos são indicativos de fusão. Para detecção das fases de transição nos amidos, os métodos de DSC têm a vantagem de serem independentes da birrefringência dos grânulos. As mudanças de entalpia observadas em DSC geralmente são relacionadas à transição do tipo ordem e desordem dos cristais, presentes em extensos arranjos ordenados internos e em regiões de menor ordem cristalina do grânulo (YU & CHRISTIE, 2001; KARLSSON & ELIASSON, 2003). A determinação do comportamento de pasta durante o aquecimento e resfriamento do amido é determinada no RVA, conforme Figura 8. Durante a fase inicial de aquecimento de uma suspensão aquosa de amido, é registrado um aumento na viscosidade quando os grânulos começam a inchar. Neste ponto, polímeros com baixo peso molecular, particularmente moléculas de amilose, começam a ser lixiviadas dos grânulos. Um pico de viscosidade é obtido durante o empastamento, quando existe a maioria dos grânulos totalmente inchados, grânulos intactos e o alinhamento molecular de qualquer polímero solubilizado ainda não ocorreu dentro do campo de atrito do instrumento (TSAI et al.,1997). Durante a fase de temperatura constante (95°C) os grânulos começam a se romper e a solubilização dos polímeros continua, ocorrendo neste ponto uma quebra na viscosidade (breakdown). Durante a fase de resfriamento, polímeros de amilose e amilopectina solubilizados começam a se reassociar, e outro aumento na viscosidade é registrado. Este segundo aumento da viscosidade é conhecido como tendência a retrogradação (setback). 44 Figura 8 - Esquema de uma curva típica de comportamento de pasta obtido de um Rapid Visco Analyzer (RVA). FONTE: adaptado de Kaur et al. (2009). 2.6 Milho pipoca 2.6.1 Produção e de grãos de milho pipoca O milho pipoca (Zea mays L.) é uma classe de milho que tem como característica principal, grãos duros e pequenos que tem a capacidade de estourar devido a uma pressão de 135 psi formada dentro do grão quando aquecidos em torno de 177°C (HOSENEY et al., 1983). Em trabalhos antigos, o milho pipoca foi classificado como Zea mays L. var. everta (Sturtev) L.H. Bailey. Entretanto, Graner e Godoy Junior (1959), relatam que o gênero Zea é monotípico, e que todos os grupos de milho, antigamente classificados como espécies ou subespécies, não passam de formas genéticas bem definidas e outras complexas, da estrutura do grão. As principais regiões produtoras de milho pipoca no Brasil são regiões onde atuam as grandes empresas empacotadoras de milho pipoca, através de contratos de parceria com produtores, desenvolvendo o fornecimento de sementes e a compra parcial ou total da produção. Como exemplo, temos as 45 regiões de Nova Prata - RS e Campos Novos do Parecis - MT, que são atualmente as maiores regiões produtoras de milho pipoca do Brasil. O principal parâmetro para avaliação da qualidade dos grãos do milho pipoca é o índice de capacidade de expansão (ICE), que tem relação direta com a maciez da pipoca e com o número de piruá. O ICE dos grãos de milho pipoca é obtido pela relação entre o volume da flor de pipoca obtido com determinado volume ou massa de grãos. Devido à maior precisão de medição da amostra de grãos em balanças de precisão do que em provetas, o ICE atualmente mais utilizado é o de volume/massa, com unidade de mL.grama-1. As amostras para determinação do ICE, devem ser uniformes quanto à umidade e com mínimo de dano mecânico na trilhagem e secagem dos grãos, principalmente nos trabalhos de pesquisa, tanto na avaliação de cultivares como na seleção de plantas ou progênies. Quando as amostras de grãos estão com umidade abaixo de 13%, são reidratados em uma câmara com umidade em torno de 70% por vários dias, até atingir umidade de 13 a 14%. O preparo dos grãos é obtido pela eliminação dos grãos miúdos que passarem pela peneira 12 ou 13, e catação dos grãos avariados por pragas ou fungos. Além do ICE, o número de grãos sem estourar (piruás) também pode ser usado como parâmetro para avaliação da qualidade do milho pipoca, sendo este parâmetro muito importante na avaliação dos consumidores, que consideram uma boa pipoca aquela que produz pouco piruá. 2.6.2 Fatores que afetam a capacidade de expansão dos grãos do milho pipoca Segundo Sawazaki et al. (1995), os seguintes fatores afetam a capacidade de expansão: umidade dos grãos, danos no pericarpo e endosperma, grãos imaturos e ataque de fungos nos grãos. 2.6.2.1 Umidade dos grãos A umidade dos grãos é um dos principais fatores que afeta a capacidade de expansão dos grãos de milho pipoca. O endosperma do milho pipoca é em maior parte vítreo, com grãos de amido concentrados, circundados por uma 46 matriz proteica dura e elástica, sem espaço entre as estruturas, enquanto que, o endosperma farináceo, constitui uma pequena porção na parte central do grão, onde os grânulos de amidos estão dispersos, formando espaços vazios entre as estruturas, que são ocupados pela água. A umidade ideal para a máxima expansão da pipoca varia com o medidor de umidade, cultivar e se os grãos forem reidratados. Segundo Ziegler e Ashman (1994), a umidade ideal para estourar o milho pipoca está entre 13,5 a 14%, sendo que nos casos de grãos reidratados, a umidade ideal está entre 14 a 15%. Nos trabalhos de melhoramento, temos avaliados os grãos com umidade entre 13 a 14%, para grãos após secagem, e para grãos reidratados, com até 15% de umidade. 2.6.2.2 Danos no pericarpo ou endosperma Os danos mecânicos causados na trilhagem das espigas e no processo de secagem afetam a capacidade de expansão dos grãos do milho pipoca. O dano mecânico devido à trilhagem das espigas despalhadas, variou com o tipo de trilhadeira e com o tipo de pipocador. O dano foi maior quando avaliado no pipocador elétrico da Oliva, que utilizou amostras sem óleo, quando comparado com micro-ondas. Para minimizar os danos mecânico na colheita do milho pipoca, recomenda-se que o teor de umidade dos grãos seja menor que 18%, com redução da velocidade do cilindro batedor, e que as colheitadeiras sejam do tipo axial. Na avaliação de cultivares, recomenda-se para diminuição no dano mecânico e perdas de grãos na trilhagem, a colheita das espigas com palha. No caso das espigas estarem despalhadas, o debulhador mais adequado é o que utiliza rolos emborrachados para trilhagem das espigas. No processo de secagem, a movimentação dos grãos nas esteiras e dentro do secador, favorece a ocorrência de rupturas de camadas de células, que enfraquece o pericarpo, diminuindo sua resistência a pressão gerada no aquecimento dos grãos e consequentemente produzindo uma flor de pipoca menor. Temperatura de secagem elevada (acima de 35°C) causa trincas no endosperma, o que também afeta a capacidade de expansão, e pela nova norma de classificação do milho pipoca colocada em consulta pública, os grãos 47 com endosperma trincados serão considerados grãos avariados, portanto, vão interferir na classificação do tipo de grão. 2.6.2.3 Grãos imaturos e ataque de fungos nos grãos Os grãos de milho pipoca imaturos devido à morte precoce da planta, ocasionada por seca ou doenças foliares ou de colmo, apresentam menor tamanho e densidade dos grãos, tendo como consequência, redução da capacidade de expansão e aumento do número de piruás. O ataque de fungos no pericarpo dos grãos do milho pipoca também afeta a capacidade de expansão, por diminuir sua resistência. 2.6.3 Caracteres correlacionados a qualidade do milho pipoca Alguns caracteres do grão estão correlacionados com a capacidade de expansão da pipoca, sendo o seu conhecimento muito útil no melhoramento, auxiliando a seleção prévia das plantas ou progênies com melhor qualidade da pipoca. Os principais caracteres que podem auxiliar na seleção visual, são a quantidade e distribuição do amido farináceo no endosperma, tamanho e formato dos grãos, tamanho da ponta do grão e do gérmen. Outro caráter correlacionado a capacidade de expansão é a espessura do pericarpo, entretanto, não pode ser avaliado visualmente, precisa de equipamento específico para sua medição (FANTIN et al., 1991). A espessura do pericarpo não é uniforme no grão, é mais fina na coroa do grão e mais grossa nas partes de contato com outros grãos. Em variedades de milho pipoca, a espessura na coroa do grão variou de 55 a 72 microns, e no lado oposto do embrião, a variação foi de 74 a 142 microns (SAWAZAKI, 1996). 2.6.3.1 Proporção de endosperma farináceo O grão ideal de milho pipoca é o que tem maior proporção de endosperma vítreo com pequena quantidade de endosperma farináceo no seu centro, e que seja uniforme em todos os grãos. Temos observado que mesmo em linhagens, existe variação na distribuição e proporção do endosperma farináceo entre grãos de uma mesma espiga. Nos híbridos, manter essa 48 uniformidade é ainda mais difícil. O endosperma vítreo é o que contribui para expansão do grão quando estourado, e o endosperma farináceo é importante por reter água, que é o combustível para estouro do grão. Em linhagens, é importante a seleção de materiais com 100% de endosperma vítreo, que em combinações híbridas, podem contribuir para redução e uniformidade do endosperma farináceo nos grãos. 2.6.3.2 Tamanho e formato dos grãos Grãos muito grandes geralmente apresentam maior proporção de amido farináceo, gérmen grande, grão chato tipo dente e menor índice de capacidade de expansão, mesmo tendo uma flor de pipoca maior. Os grãos que apresentam maior proporção de endosperma são os arredondados, com gérmen pequeno e com menor ponta. Carter et al. (1989), relatam a importância do tamanho dos grãos do milho pipoca, que tem correlação negativa com a capacidade de expansão. Um método adotado pela indústria nos Estados Unidos para classificar os híbridos quanto ao tamanho dos grãos, é pelo número de grãos em 10 gramas. 2.6.3.3 Tamanho da ponta do grão e do gérmen A ponta do grão é um tecido fibroso que prende o grão ao sabugo, e temos observado que a ponta é maior nos grãos compridos e tipo dente, e menor nos grãos arredondados, tipo pérola. Na flor de pipoca, esse tecido fica aderido e contribui para diminuição da maciez. O embrião não contribui para expansão da pipoca, e por ser rico em óleo e proteína, deve afetar o sabor e aroma da pipoca. Visando aumentar o índice de capacidade de expansão está se reduzindo o embrião nas linhagens e híbridos de milho pipoca. 2.6.4 Principais problemas da cultura do milho pipoca no Brasil Na safra de verão e safrinha, os principais problemas observados são: acamamento e quebramento do colmo, agravado pela necessidade de colheita com os grãos com umidade abaixo de 18%; podridão de grãos agravados pelo excesso de chuva no período pós-maturação, alta severidade de doenças foliares, exigindo o controle químico, ataque de lagarta no cartucho e espiga, 49 exigindo várias aplicações de defensivos, danos mecânicos na colheita e secagem, e armazenamento em condições inadequadas para conservação da umidade dos grãos. A indústria do milho pipoca no Brasil trabalha exclusivamente com um único tipo de milho pipoca, que é o tipo americano, que tem maior aceitação pelos consumidores, devido à melhor qualidade dos híbridos americanos. Esse tipo apresenta grãos tipo pérola, de tamanho médio a grande, de cor mais alaranjada brilhante, com pouca ponta e embrião pequeno. Para embalagens de saquinho, requer um mínimo de capacidade de expansão variando de 30 a 37, dependendo da empresa; para micro-ondas, exige-se um mínimo de 40 mL.g-1. 2.6.5 Constituição química do grão de milho pipoca Segundo Germani et al. 1997, os grãos das cultivares de milho pipoca disponíveis em 1997, apresentaram em média 10,4 % de proteína, 3,9% de gorduras, 56,5% de carboidratos e 22,9% de fibra, com valor energético de 302,9 kcal.100gramas-1. Dados de informação nutricional da pipoca Yoki, apresentam valores maiores para carboidratos (68%) e valores semelhantes para proteína (10,8%) e valor energético (312 kcal.100gramas-1). O consumo de grãos de milho pipoca tem aumentado nos últimos anos devido a propriedades nutraceuticas desses grãos, que tem estimulado o consumo, porém poucos trabalhos foram realizados até o momento. Žilić et al., (2012), caracterizou os compostos bioativos de 10 cultivares de milho e correlacionou a cor dos grãos aos principais fatores da presença destes compostos, alterando os níveis de antocianinas, flavonóides e ácidos fenólicos, que apresentam elevada importância devido aos seus efeitos benéficos para a saúde humana, porém avaliou apenas nos grãos sem processamento. O mesmo autor atribuiu a coloração laranja como uma fonte superior de próvitamina A, devido a constituição de carotenoides, sendo duas classes de pigmentos carotenoides, os carotenos e as xantofilas, responsáveis pela cor amarela e laranja do endosperma do milho, em geral, α-caroteno e β-caroteno são os principais carotenos, enquanto β-criptoxantina, luteína e zeaxantina 50 constituem o grupo das xantofilas, porém após o processamento ainda não foram realizados trabalhos para avaliação desses compostos. 2.6.6 Processamento de pipoca Grãos de milho pipoca podem ser expandidos para o consumo de diferentes formas, sendo que as principais são no forno micro-ondas, panela e também em equipamentos próprios para a expansão, sendo que poucos trabalhos foram realizados até o momento para avaliação deste na qualidade dos grãos expandidos. Alguns trabalhos publicados em revistas magazine realizados em micro-ondas, comparando a qualidade de alimentos preparados tradicionalmente e em micro-ondas, afirmam que essa forma de preparo pode favorecer a formação de amido resistente, consituinte este, que apresenta elevada importância na alimentação, com funções fisiológicas significativas, que auxiliam a prevenção de doenças cardiovasculares e cancerígenas, além de fornecer uma quantidade de fibras importante para a alimentação. O consumo de alimentos com pigmentação tem sido incentivado a cada ano devido à importância destes compostos considerados precursores de vitamina A, compostos retinóicos essenciais, atividade anticarcinogênica, com a inibição dos cânceres de cólon, esôfago, pulmão, fígado, mama e pele (CROZIER et al., 2009; GALLAGHER, 2004; RODRIGUEZ-AMAYA, 2001), e como grãos de milho pipoca apresentam variabilidade genética, onde alguns acessos possuem essas características, novos estudos devem ser realizados para avaliação do comportamento destes durante o processamento. A utilização de óleo durante o processamento é uma característica utilizada por muitos consumidores, para melhorar as características sensoriais do produto e também para acelerar o processo de expansão, pois acredita-se que o volume após a expansão seja mais elevado, porém nenhum trabalho foi realizado até o momento para avaliar as alterações que ocorrem nas propriedades do amido durante este processamento, em presença e ausência de óleo, sendo que este tratamento térmico pode resultar em alterações no amido, podendo aumentar ou diminuir a formação de amido resistente. O amido resistente apresenta propriedades nutraceuticas que tem estimulado o seu consumo, principalmente por apresentar funções similares a 51 fibras durante o processo digestivo. Umas das maneiras aumentar o teor de amido resistente é a utilização de tratamento térmico baixa umidade (TTBU), que de acordo com trabalhos realizados, aumentam este teor devido às interações entre as cadeias de amilose e amilopectina, porém em grãos ainda não foram realizados, sendo que mais compostos podem interferir na qualidade destes, como a presença de proteínas e lipídios, entretanto, a realização deste antes do processo de expansão dos grãos de milho pipoca podem ser uma alternativa para aumentar esta concentração. 52 3. Capítulo 1 - Efeitos da temperatura de secagem nos parâmetros nutricionais, fisiológicos e tecnológicos de qualidade de grãos de milho 3.1 Introdução A produção brasileira de grãos de milho (Zea mays L.) na safra de 2012/2013 foi de aproximadamente 60 milhões de toneladas, sendo que estes grãos necessitam de processos de pós-colheita para atender as demandas das indústrias alimentícias ao longo do ano. A secagem destaca-se como processo importante para garantir a qualidade de conservação do produto, onde ocorre a redução da atividade de água dos grãos, para reduzir a velocidade de reações químicas e metabólicas que podem comprometer a qualidade do produto. Na secagem, a temperatura é um dos parâmetros de controle, sendo que atualmente não existem padrões fixos a serem utilizados, devido a grande variabilidade de secadores. Trabalhos realizados com diferentes temperaturas de secagem em secador de leito fluidizado avaliaram as propriedades do amido de milho, e encontraram alterações nas propriedades de pasta, morfológicas, térmicas em temperaturas superiores a 100°C (Malumba et al., 2009; Malumba et al., 2010). Setiawan et al. (2010), avaliaram as propriedades do amido isolado de grãos de milho secos em temperatura ambiente e secador, e relataram alterações nas propriedades do amido, porém, poucos trabalhos foram realizados até o momento para avaliar os efeitos da temperatura de secagem nas propriedades industriais dos grãos. Assim, considerando a importância dos grãos de milho, a utilização no setor industrial, e os efeitos que condições incorretas de secagem podem causar na qualidade dos grãos, o objetivo no trabalho foi avaliar os parâmetros tecnológicos, viscoamilográficos e térmicos de grãos de milho secos nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. 3.2 Material e Métodos 3.2.1 Material Foram utilizados grãos de milho, do grupo semi-duro, classe amarela, produzidos em 2014 no município de Santo Augusto, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, latitude S 27°53’18”, longitude W 53°47’20” e altitude de 489 53 metros. Os grãos foram colhidos mecanicamente com umidade de 27% e transportados até o Laboratório de Grãos, da Universidade Federal de Pelotas, onde foi conduzido o experimento. Amostras de 2,00 Kg foram submetidos a secagem em estufa nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C até a obtenção da umidade de 13%, conforme curvas de secagem apresentadas na figura 9. Após a obtenção da umidade desejada, os grãos foram colocados em sacos de polietileno de 0,2 mm de espessura de filme plástico para equalização da umidade durante 7 dias, para posterior realização das análises. Para realização das análises os grãos foram moídos em moinho Perten 3110 (Perten knife grinder, model Laboratory Mill 3100, Huddinge, Sweden) até partículas de tamanho 70 mesh (0,211 mm). 30 Umidade dos grãos (%) 25 20 15 10 5 0 0 200 400 600 800 1000 Tempo de secagem (minutos) 40 °C 60 °C 80 °C 100 °C 120 °C y = -0,0330x² + 1,7952e-0,05x + 24,6489 y = -0,0755x² + 8,1197e-0,05x + 25,3323 y = -0,0972x² + 7,8650e-0,05x + 25,0000 y = -0,0965x² -0,0003x + 24,9615 y = 0,2360x² - 0,0008x + 25,3100 R² = 0,99 R² = 0,99 R² = 0,99 R² = 0,99 R² = 0,97 Figura 9 - Curvas de secagem dos grãos de milho, com umidade de 27%, secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. 3.2.2 Composição centesimal A umidade foi determinada segundo normas da ASAE (2000), durante 24 horas a 105°C. Os teores de proteína bruta, cinzas, extrato etéreo foram determinados de acordo com metodologia da Association of Official Analytical Chemists - AOAC (2006), e o teor de carboidratos pela diferença dos demais constituintes. 54 3.2.3 Parâmetros de cor Os parâmetros de cor foram realizados em colorímetro Minolta modelo CR-300, com 10 determinações, o qual indica as cores em um sistema tridimensional conforme descrito por Good (2002), onde o parâmetro “L*” é uma medida do brilho de preto (0) ao branco (100). Parâmetro “a*” descreve cores de vermelho a verde, com valores positivos que indicam vermelhidão e valores negativos indicando verdura. Parâmetro “b*” descreve as cores amarelo a azul, valores positivos indicam amarelo e valores negativos indicam cor azul. 3.2.4 Germinação O teor de germinação foi conduzido em quatro repetições de 50 sementes por lote, em rolo de papel toalha, em germinador regulado a 25°C, embebido em água na quantidade de 2,5 vezes o peso do substrato seco, visando adequado umedecimento, com as contagens feitas no 5° dia após a semeadura, seguindo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009). Os resultados foram expressos em percentagem pela média das repetições. 3.2.5 Vigor O teor de vigor foi realizado com o teste de frio, conduzido com quatro repetições de 50 sementes por lote, em rolo de papel toalha, que foram colocadas durante cinco dias na temperatura de 10°C, e posteriormente foram levados para um germinador regulado a 25°C, e as contagens foram realizadas no 5° dia após a semeadura, seguindo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009). Os resultados foram expressos em percentagem pela média das repetições. 3.2.6 Condutividade elétrica A condutividade elétrica da água de hidratação foi determinada segundo metodologia do International Seed Testing Association - ISTA (2008). Foram contadas 4 repetições de 25 grãos, pesados e imersos em 75 mL de água deionizada (em becker de 250 mL), colocadas em germinador regulado para a temperatura constante de 20°C, e posteriormente incubados durante 24 horas. 55 As soluções foram agitadas suavemente e a condutividade elétrica foi determinada com condutivímetro sem filtragem da solução. Os resultados foram expressos em µS.cm-1. 3.2.7 pH O pH foi determinado segundo método proposto por Rehman et al.(2002). Um filtrado de 2 gramas de amostra moída (80 mesh tamanho) agitados em 20 mL de água destilada, foi determinado em um eletrodo de vidro pH metro (Pye Unicam, Inglaterra). 3.2.8 Coeficiente de hidratação A capacidade de hidratação de solução na maceração foi determinada de acordo com método proposto por Nasar-abbas et al. (2008b) com modificações. Foram colocadas em Becker 50 gramas de amostra de grãos de milho imersos em 125 mL de solução de bissulfito de sódio 0,1% (utilizada na maceração durante o processo de extração do amido), permanecendo a uma temperatura de 50°C durante 20 horas. Decorrido este tempo, a solução foi eliminada, e a água livre da superfície dos grãos removida, com o uso de papel absorvente. 3.2.9 Acidez do óleo A acidez do óleo foi determinada seguindo o procedimento de titulação descrito no método AACC 02-01A (AACC, 2000). A acidez titulável foi expressa em mg de hidróxido de sódio necessário para neutralizar os ácidos em 100 gramas de amostra, utilizando uma solução de fenolftaleína como indicador. 3.2.10 Proteína solúvel A solubilidade de proteínas em água foi determinada de acordo com o método descrito por Liu et al. (1992), com modificações. Um grama de amostra foi homogeneizado em 50 mL de água destilada por agitação constante durante 1 hora. O material foi centrifugado a 5300 g, por 20 minutos e coletado 2 mL do sobrenadante. O teor de proteína foi determinado pelo método Kjeldahl e os 56 resultados determinados utilizando-se o fator de conversão 6,25, de acordo com a Association of Official Analytical Chemists - AOAC (2006). 3.2.11 Índice de absorção e solubilidade em água O índice de absorção de água foi determinado segundo metodologia de Anderson et al. (1969). Em um tubo de centrífuga, previamente tarado, foram colocados 2,5 g de amostra e 30 mL de água. Os tubos foram agitados por 30 minutos em agitador mecânico e, em seguida, centrifugados a 4000 rpm por 10 minutos. O líquido sobrenadante foi transferido, cuidadosamente, para cápsula de alumínio previamente tarada e levada para estufa a 105°C por 12 horas. 3.2.12 Capacidade de absorção de óleo A capacidade de absorção de óleo seguiu o método proposto por Lin et al. (1974), com adaptações. Primeiramente foi feito a homogeneização de 0,5 g de amostra com 3 g de óleo de soja refinado em um tubo de centrífuga graduado, durante 1 minuto. Após repousar por 30 minutos, à temperatura ambiente (22 - 25°C), as amostras foram centrifugadas durante 30 minutos a 1200 g. O sedimento do tubo da centrífuga, após separação do sobrenadante, foi pesado, permitindo, então a determinação da capacidade de absorção de óleo. 3.2.13 Parâmetros viscoamilográficos As características viscoamilográficas foram avaliadas com o analisador rápido de viscosidade (RVA- Rapid Visco Analyser), usando programa Thermocline for Windows versão 1.10. O perfil utilizado foi o Standard Analysis 1. A quantidade de amostra utilizada para os testes foi de 5 gramas corrigidas para 14% de umidade, conforme descrito por Singh et al. (2004). 3.2.14 Propriedades térmicas As propriedades térmicas foram avaliadas utilizando um calorímetro diferencial de varredura (DSC, TA Instruments, modelo 2010, New Castle, USA). Foram pesados ± 2,5 mg de amostra em recipientes de alumínio e adicionado água destilada (1:3 p/p). As amostras foram aquecidas em 57 atmosfera de nitrogênio de 20 a 100°C com uma rampa de aquecimento de 10°C por minuto. A entalpia de gelatinização (ΔH), temperatura inicial (To), pico de temperatura (Tp) e temperatura final (Tf) de gelatinização foram computados automaticamente e foi calculada a diferença de temperaturas (Tf - To). 3.2.15 Análise estatística Os resultados foram submetidos à análise de variância ANOVA, e os efeitos da temperatura de secagem foram avaliados pelo teste de Tukey (p≤0,05) com o programa SAS (SAS, INSTITUTE, 2002). 3.3 Resultados e Discussão Na tabela 3 estão apresentados os resultados de composição centesimal dos grãos de milho submetidos a diferentes temperaturas de secagem. Os resultados indicaram que as temperaturas de secagem entre 40 e 120°C não alteraram os parâmetros nutricionais dos grãos. Tabela 3. Composição centesimal (%) de grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. Temperaturas de Umidade Minerais Lipídios Proteína bruta Carboidratos secagem (°C) a (%) (%) (%) 1,26±0,03 a (%) 3,90±0,02 a (%) 40 11,77±0,08 a 9,16±0,49 a 70,65±0,02 a 60 12,27±0,06 a 1,35±0,05 a 3,99±0,01 a 9,24±0,12 a 70,08±0,07 a 80 11,23±0,04 a 1,35±0,03 a 4,04±0,05 a 9,16±0,82 a 70,89±0,09 a 100 10,46±0,08 a 1,35±0,06 a 3,85±0,03 a 8,94±0,32 a 72,22±0,15 a 120 11,76±0,15 a 1,39±0,04 a 4,05±0,06 a 9,20±0,10 a 70,28±0,18 a a Médias aritméticas de três repetições seguidas por letras minúsculas iguais para cada coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Os resultados de parâmetros colorimétricos (Tabela 4) indicam que o parâmetro de cor L* e o parâmetro de cor a* não são afetados pelas temperaturas de secagem, sendo afetado apenas o parâmetro de cor b*, onde o valor reduziu nas temperaturas de 60, 80, 100 e 120°C, indicando um grão com coloração amarela menos intensa. Os resultados estão de acordo com os relatados por Nonier et al. (2004), que estudaram efeitos da temperatura e da luz na degradação de carotenoides em temperatura ambiente e na ausência da luz, verificando que a velocidade de degradação é lenta, porém à medida em 58 que se eleva a temperatura ocorre um aumento da velocidade de degradação, reduzindo o teor total de carotenoides presentes nos grãos. Estruturalmente, a vitamina A (retinol) é essencialmente uma metade da molécula de β-caroteno (Rodriguez-Amaya & Kimura, 2004; Yuan et al., 2011), sendo que a degradação em altas temperaturas reduz sua disponibilidade no momento da ingestão. Tabela 4. Parâmetros colorimétricos da farinha dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. b Parâmetros colorimétricos Temperaturas de Secagem (°C) a L* a* b* 40 86,19±0,89 a -3,41±0,18 a 40,08±0,40 a 60 86,67±1,87 a -3,77±0,20 a 36,24±0,90 b 80 88,17±0,59 a -3,70±0,24 a 37,28±0,36 b 100 89,68±0,58 a -4,01±0,19 a 35,36±1,24 b 120 89,30±0,34 a -3,10±0,88 a 37,22±0,50 b a Médias aritméticas de dez repetições seguidas por letras minúsculas iguais para cada coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). b L* (100= branco; and 0=preto), a* (positivo = vermelho; e negativo = verde), e b* (positivo= amarelo; e negativo=azul). A cor é um importante atributo de qualidade de alimentos, e sua alteração pode indicar perda de qualidade durante seu processamento. Estudo realizado por Chen et al. (1995) mostra correlação entre a perda da coloração verificada no processamento de cenoura e a redução no teor de carotenoides. Segundo Trono et al. (1998) e Farrington et al. (1981), os carotenoide livres (luteínas) são rapidamente oxidados logo após o processo de moagem, quando há exposição destes substratos para a lipoxigenase que, anteriormente, se encontrava nas camadas externas do grão. Os resultados dos parâmetros fisiológicos dos grãos (Tabela 5) indicam que a germinação, vigor e condutividade elétrica são afetadas pela temperatura de secagem. Os teores de germinação e vigor foram reduzidos para 0,00% nas temperaturas de 80,100 e 120°C. Não houve diferença nas temperaturas de 40 e 60°C. A redução do teor de germinação dos grãos decorre das alterações que ocorrem na estrutura das membranas dos grãos, pois quando a temperatura e a umidade dos grãos são elevadas, as alterações são mais 59 significativas, resultando em perda da qualidade final do produto em curtos períodos de tempo. Tabela 5. Parâmetros fisiológicos de qualidade de grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. Temperaturas de Germinação Vigor Condutividade elétrica Secagem (°C) a (%) -1 (%) -1 (µS.cm .g ) 40 99,50±0,58 a 98,50±1,29 a 10,30±0,12 a 60 97,75±1,71 a 98,25±1,71 a 10,28±0,53 a 80 0,00±0,00 b 0,00±0,00 b 13,08±0,77 b 100 0,00±0,00 b 0,00±0,00 b 13,05±0,40 b 120 0,00±0,00 b 0,00±0,00 b 13,55±0,93 b a Médias aritméticas de três repetições seguidas por letras minúsculas iguais para cada coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). A condutividade elétrica aumentou de 10,30 e 10,28 µS.cm -1.g-1 nas temperaturas de 40 e 60°C, respectivamente, para 13,08, 13,05 e 13,55 µS.cm 1 .g-1, nas temperaturas de 80, 100 e 120°C, respectivamente. Segundo Costa et al. (2010) e Faroni et al. (2005), a leitura da condutividade elétrica pode ser utilizada para avaliar o vigor, pois está relacionado com a quantidade de íons lixiviados na solução e a integridade das membranas celulares, sendo que membranas desestruturadas e danificadas, resultado do incorreta práticas de manejo, elevam o valor da condutividade elétrica e consequentemente reduzem o vigor dos grãos e sementes. Na tabela 6 são apresentados os resultados dos parâmetros tecnológicos dos grãos de milho secados nas diferentes temperaturas. Tabela 6. Parâmetros tecnológicos de qualidade de grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. Temperaturas Coeficiente de Acidez do óleo (mg de Proteína solúvel pH a de secagem (°C) hidratação NaOH.100gramas) (%) a 40 6,49 ±0,07 a 68,95 ±0,05 a 0,94 ±0,23 a 18,13 ±1,08 a 60 6,42 ±0,06 a 67,82 ±0,14 a 1,11 ±0,04 a 18,64 ±0,43 a 80 6,46 ±0,02 a 67,85 ±0,12 a 0,87 ±0,09 a 17,15 ±1,23 a 100 6,39 ±0,01 b 66,55 ±0,09 a 0,95 ±0,25 a 13,40 ±0,82 b 120 6,33 ±0,02 c 64,54 ±0,05 b 1,05 ±0,14 a 10,42 ±0,84 c Médias aritméticas de três repetições seguidas por letras minúsculas iguais para cada coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). 60 Os resultados indicam que houve uma redução do pH nas temperaturas de 100 e 120°C, reduzindo de 6,46 na temperatura de 80°C, para 6,39 e 6,33, nas temperaturas de 100 e 120°C, respectivamente. A redução observada no pH pode ser atribuído as extremidades livres de aminoácidos, peptídeos e da presença de ácidos, que conforme Fargerson (1969) e Gardner (1979) podem ser resultado dos produtos da Reação de Maillard, devido à alta temperatura utilizada na presença de carboidratos e aminoácidos nos grãos, não comprometendo tecnologicamente a utilização destes grãos. O coeficiente de hidratação reduziu apenas na temperatura de 120°C quando comparado às demais temperatura de secagem (Tabela 6). Segundo Bemiller e Whistler (2009), para permitir uma adequada solubilização das proteínas durante o processo de moagem úmida para extração de amido, os mesmos indicam níveis superiores a 45% como suficientes para promover uma desestruturação das ligações dissulfídicas das proteínas, permitindo a lixiviação do amido durante o processo de moagem úmida. O teor de acidez não sofreu alteração nas diferentes temperaturas de secagem. Segundo Genkawa et al. (2008) o teor de acidez é uma variável analisada de grande importância, porque durante o armazenamento as alterações ocorrem mais rapidamente nos lipídios, quando comparados à amido e proteínas, porém durante a secagem não foram observadas alterações. O teor de proteína solúvel reduziu nas temperaturas de 100 e 120°C, indicando que estas temperaturas provocam alterações na qualidade dos grãos. De acordo com Sirisoontaralak e Noomhorm (2007), interações coloidais entre amido e proteína formam uma estrutura física mais estável, insolúvel em água durante o armazenamento, resultando na redução da solubilidade. Teo et al. (2000), em estudo realizado com farinha de arroz, encontrou resultados que afirmam que um pequeno aumento em ligações dissulfídicas com as proteínas, pode ocorrer redução da solubilidade e afetar o processo de gelatinização da farinha. O processo de extração de amido pelo processo de moagem úmida (wet-milling) é fortemente influenciado pelo aumento das interações entre amido e proteína, reduzindo os rendimentos de extração, sendo necessários 61 utilização de níveis mais elevados de dióxido de enxofre (SO 2) ou maior tempo durante o processo de hidratação dos grãos, fatores estes que podem alterar as propriedades do amido. Os resultados de índice de absorção de água, solubilidade em água e capacidade de absorção dos grãos são apresentados na tabela 7. O índice de absorção de água não diferiu nas temperaturas de secagem utilizadas. O índice de solubilidade em água dos grãos reduziu nas temperaturas de 80, 100 e 120°C, não apresentando diferença nas temperaturas de 40 e 60°C. Comportamento semelhante foi observado para a capacidade de absorção de óleo, sendo que as maiores diferenças foram observadas na temperatura de 120°C. Tabela 7. Índice de absorção de água, de solubilidade em água e capacidade de absorção de óleo da farinha dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. Índice de absorção Índice de solubilidade Capacidade de Temperaturas de de água em água absorção de óleo a secagem (%) (%) (%) 40°C 40,42±0,18 a 5,57±0,08 a 171,72±2,28 a 60°C 38,94±0,15 a 5,64±0,09 a 164,36±1,75 a 80°C 39,58±0,67 a 5,33±0,07 b 145,72±2,25 b 100°C 39,31±0,60 a 5,26±0,15 bc 136,80±2,65 bc 120°C 39,09±0,64 a 5,14±0,06 c 129,59±2,12 c a Médias aritméticas de três repetições seguidas por letras minúsculas iguais para cada coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Na figura 10 e tabela 8 são apresentados os parâmetros de temperatura de pasta, viscosidade máxima, viscosidade de quebra, viscosidade final e retrogradação dos grãos analisados no RVA (Rapid Visco Analyser). De acordo com Perdon et al. (1997), os parâmetros viscoamilográficos indicam o comportamento dos grãos durante o processamento. A temperatura de pasta não apresentou diferença nas temperaturas avaliadas. A viscosidade máxima aumentou apenas na temperatura de 120°C. A viscosidade de quebra reduziu nas temperaturas de 80, 100 e 120°C, apresentando diferença estatística entre essas. A viscosidade final aumentou nas temperaturas de 100 e 120°C, quando comparado às demais temperaturas. A retrogradação reduziu principalmente na temperatura de 80°C. 62 63 a 75,53±0,60 76,35±0,49 76,68±0,11 76,35±0,57 60 80 100 120 a a a a a 305,75±2,01 267,09±6,13 259,96±3,83 273,54±1,47 252,60±3,10 (RVU) a b b b b Viscosidade máxima 19,80±1,24 21,17±3,42 36,88±2,54 72,67±0,00 70,00±0,90 (RVU) d c b a a Viscosidade de quebra 635,21±4,19 568,84±5,49 524,88±2,65 532,21±0,53 530,10±3,50 (RVU) a b c c c Viscosidade final 349,25±3,42 322,92±9,78 301,79±1,36 331,34±2,00 347,50±0,50 (RVU) 63 a bc c ab a Retrogradação Médias aritméticas de três repetições seguidas por letras minúsculas iguais para cada coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). 76,30±0,40 (°C) Temperatura de pasta 40 secagem (°C) a Temperaturas de Tabela 8. Parâmetros viscoamilográficos (RVA) dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. Graphical Analysis Results - 15/04/14 120 120°C°C 600 100°C Viscosity RVU 100 °C 80°C 80 °C 60°C 60 °C 40°C 40 °C RVU 450 300 150 Newport Scientific Pty Ltd 0 0 3 6 9 12 15 Time mins Tempo (minutos) Figura 10 - Parâmetros viscoamilográficos dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. Os parâmetros viscoamilográficos ligados a gelatinização são influenciados pela presença, orientação e natureza da superfície das interações do amido com lípidios e proteínas, que são ricos em aminoácidos básicos e possuem propriedades hidrofílicas, formando ligações glicosídicas e peptídicas (ZHOU et al., 2003; SIRISOONTARALAK & NOOMHORM, 2007). Um pequeno aumento na estrutura das proteínas pode reduzir a fragilidade dos grânulos de amido intumescidos, ficando os grânulos inchados menos suscetíveis à desagregação (HAMAKER & GRIFFIN, 1993), resultando em maior valor de retrogradação. De acordo com Zhou et al. (2003), a redução no valor de viscosidade de quebra é o índice que melhor explica as alterações de qualidade dos grãos, valores que segundo Noomhorm et al. (1997), indicaram uma menor capacidade de rompimentos dos grânulos de amido após o armazenamento, resultado da complexação da amilose, estrutura linear da molécula do amido, com outros constituintes dos grãos, principalmente com proteínas, fortalecendo 64 essas interações, e consequentemente, aumentando a estabilidade dos grânulos durante o aquecimento. Segundo Martin e Fitzgerald (2002), proteínas podem influenciar os parâmetros determinados em RVA, através de ligação com água, que aumenta a concentração da dispersão antes da gelatinização do amido, principalmente pela rede formada pelas pontes de dissulfetos, estando de acordo com os resultados de solubilidade proteica, onde houve uma redução da solubilidade proteica nas temperaturas superiores a 80°C. Na figura 11 e tabela 9 são apresentados os resultados das propriedades térmicas dos grãos de milho determinadas em calorímetro diferencial de varredura. DSC mW/mg 40°C 60°C 80°C 100°C 120°C 60.00 70.00 80.00 Temperatura (°C) T emp [C] 90.00 Figura 11 - Propriedades térmicas dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. Os resultados indicaram que nas temperaturas de 80, 100 e 120°C houve um aumento na temperatura de pico e na entalpia necessária para a gelatinização. A entalpia e as temperaturas de gelatinização, segundo Zhou et al. (2010) ao avaliar as propriedades térmicas de arroz armazenado em diferentes condições são afetadas pela temperatura e pelo tempo de armazenamento. Ji et al. (2004) postularam a hipótese de que o início temperatura de gelatinização seria uma medida da perfeição de cristais de 65 amido, sendo que cristais menos perfeitos mostram baixas temperaturas de início de gelatinização, entretanto no trabalho não foram encontrados variações grandes, o que indica que o aumento na temperatura de secagem não provoca grandes alterações na estrutura dos grânulos de amido, constituintes dos grãos de milho. Tabela 9. Propriedades térmicas dos grãos de milho secados nas temperaturas de 40, 60, 80, 100 e 120°C. a Temperaturas de transição (°C) Temperaturas de Entalpia -1 To Tp Tc ∆T (Tc - To) (J.g ) 40°C 70,09 74,83 79,63 9,54 8,58 60°C 69,54 74,89 81,00 11,46 8,26 80°C 69,31 75,01 79,79 10,48 9,50 100°C 70,27 75,20 81,07 10,80 9,74 120°C 70,00 75,78 80,89 10,89 9,32 secagem a To= temperatura inicial de pico, Tp= temperatura de pico máximo, Tc= temperatura final do pico, ∆T= diferença entre temperatura inicial e temperatura final, ∆H= entalpia de gelatinização. 3.4 Conclusões Temperaturas superiores a 60°C afetam a qualidade dos grãos, reduzindo a qualidade dos parâmetros fisiológicos, viscoamilográficos, térmicos e da solubilidade das proteínas, reduzindo a qualidade industrial dos grãos, principalmente quando destinados a extração de amido, sendo assim necessário ter-se cuidados durante o processo de secagem dos grãos, para garantir uma maior qualidade e valor comercial dos grãos. 66 4. Capítulo 2 - Qualidade do amido extraído de grãos de milho com defeitos 4.1 Introdução A principal fonte botânica utilizada para extração de amido é o milho, representando mais de 80% do mercado mundial (Jobling, 2004). O amido é o principal constituinte dos grãos de milho, aproximadamente 72-73% do total (SANDHU et al., 2007). Entre todos os tipos de amidos, o amido de milho é um ingrediente importante na elaboração de produtos alimentares, e tem sido amplamente utilizado como espessante, estabilizante coloidal, gelificante, na retenção de água e como adesivo (SINGH et al., 2003). Devido a grande importância dos grãos de milho para produção de amido, estes precisam ser limpos, secos e armazenados ao longo do ano para permitirem a utilização industrial. A qualidade de armazenamento está relacionada com a qualidade inicial dos grãos, porém durante o período de armazenamento os grãos são influenciados por fatores como temperatura, umidade dos grãos, umidade relativa do ar, atmosfera de armazenamento, teor de grãos quebrados, teor de impurezas, presença de micro-organismos, insetos, ácaros e tempo de armazenamento. Vários fatores podem resultar na formação de grãos com defeitos, que muitas vezes são impossibilitados de serem comercializados, ou os valores pagos por esses grãos são muitos baixos, necessitando assim uma alternativa para comercialização, que pode ser a extração de amido. Em trabalho realizado por Gloria et al. (2002), os autores avaliaram a qualidade de amido extraído de grãos de milho Tipo 1, Tipo 2, Tipo 3 de acordo com Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de 1976, e encontraram diferenças na pureza e propriedades do amido isolado, porém não avaliaram as alterações provocadas pelos defeitos isoladamento, de acordo com a nova Instrução Normativa, de 2011. Assim, considerando a elevada utilização de amido de milho na indústria alimentícia, e a busca de alternativas para grãos de milho com defeitos, o objetivo no trabalho foi avaliar as propriedades físico-químicas, de cristalinidade, de pasta, térmicas e morfológicas do amido extraído dos grãos de milho sem defeitos, e com os 67 defeitos: quebrados, fermentados, ardidos, mofados, carunchados, germinados, e chochos e imaturos. 4.2 Material e Métodos 4.2.1 Material Foram utilizados grãos de milho (Zea mays, L.), da classe amarela, produzidos no munícipio de Pelotas, e armazenados no Laboratório de Póscolheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Os grãos com elevado teor de defeitos foram separados por classificador oficial de grãos registrado no MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento com número EAC 1.867, de acordo com a Instrução Normativa MAPA N° 60, de 22 de dezembro de 2011, publicada no D.O.U de 23.11.2011. Os grãos foram separados em: Grãos sem defeitos: grãos inteiros que se apresentam isentos da presença de manchas ou outras alterações consideradas defeitos. Grãos quebrados: os pedaços de grãos que vazarem pela peneira de crivos circulares de 5,00 mm (cinco milímetros) de diâmetro e ficarem retidos na peneira de crivos circulares de 3,00 mm (três milímetros) de diâmetro. Grãos fermentados: os grãos ou pedaços de grãos que apresentam escurecimento parcial do gérmen ou do endosperma, provocado por processo fermentativo ou calor, sendo também considerados como fermentados, devido à semelhança de aspecto, os grãos que se apresentam parcialmente queimados; grãos que apresentam plúmula roxa, como característica varietal, não são considerados grãos defeituosos; Grãos ardidos: os grãos ou pedaços de grãos que apresentam escurecimento total, por ação do calor, umidade ou fermentação avançada atingindo a totalidade da massa do grão, sendo também considerados como ardidos, devido à semelhança de aspecto, os grãos totalmente queimados. Grãos mofados: os grãos ou pedaços de grãos que apresentam contaminações fúngicas (mofo ou bolor) visíveis a olho nu, independentemente do tamanho da área atingida, bem como os grãos ou pedaços de grãos que 68 apresentam coloração esverdeada ou azulada no germe, produzida pela presença de fungos. Grãos germinados: os grãos ou pedaços de grãos que apresentam início visível de germinação, induzida artificialmente. Grãos carunchados: os grãos ou pedaços de grãos que se apresentam atacados por insetos pragas de grãos armazenados em qualquer de suas fases evolutivas. Grãos chochos e imaturos: os grãos desprovidos de massa interna, enrijecidos e que se apresentam enrugados por desenvolvimento fisiológico incompleto, sendo que os grãos pequenos e os de endosperma córneo (ponta de espiga) não serão considerados chochos ou imaturos, sendo considerados grãos normais. Figura 12 - Amostras de grãos separadas para extração de amido: sem defeitos (1), quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7), chochos e imaturos (8). Para avaliação das propriedades dos grãos, estes foram moídos em moinho Perten 3100 (Perten knife grinder, model Laboratory Mill 3100, Huddinge, Sweden) com peneira de 60 mesh para uniformização da granulometria das amostras. 69 4.2.2 Métodos 4.2.2.1 Extração do amido A extração foi realizada de acordo com método adaptado de Shandu et al., (2005), com 200 gramas de grãos de milho, adicionando 500 mL de solução de bissulfito de sódio (NaHSO3) 0,1%, e mantidos em temperatura de 50°C durante 20 horas. A água foi drenada e os grãos triturados em moedor até a menor fração possível (moagem úmida). A amostra triturada foi filtrada em peneira de 100 mesh, e o filtrado foi coletado e passado em peneira de 270 mesh, coletando-se novamente o material filtrado. O filtrado amido-proteico foi deixado em repouso durante 4 horas para decantação. O sobrenadante foi removido e a camada de amido sedimentado foi ressuspensa com água destilada. O material foi centrifugado a 5000g por 20 minutos, removendo a camada proteica, e novamente suspendeu-se o amido com água centrifugando e coletando no final apenas o amido precipitado da centrifugação. O amido foi seco em estufa a 40°C durante 12 horas com circulação de ar até umidade de 11%. Depois de seco, o amido foi moído em moinho Perten 3100 (Perten knife grinder, model Laboratory Mill 3100, Huddinge, Sweden) com peneira de 60 mesh para uniformização da granulometria das amostras. O rendimento de extração foi determinado com a pesagem do amido obtido após a secagem, e os resultados expressos em percentagem, considerando 100 gramas de grãos utilizados para extração. 4.2.2.2 Parâmetros de cor Os parâmetros de cor dos grãos e do amido foram realizados em colorímetro Minolta modelo CR-300, com 10 determinações. 4.2.2.3 Pureza do amido Os teores de proteína bruta e lipídios foram determinados de acordo com metodologia da Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 2006). 4.2.2.4 Propriedades de pasta dos grãos e do amido As características viscoamilográficas dos amidos foram avaliadas com o analisador rápido de viscosidade (RVA- Rapid Visco Analyser), usando 70 programa Thermocline for Windows versão 1.10. O perfil utilizado foi o Standard Analysis 1. A quantidade de amostra utilizada para os testes foi de 5 gramas para farinha e 3 gramas para amido, corrigidas para 14% de umidade, conforme descrito por conforme descrito por Singh et al. (2004). 4.2.2.5 Teor de amilose O teor de amilose foi determinado por método colorimétrico com iodo, conforme método de McGrane et al. (1998), com modificações sugeridas por Hoover e Ratnayake (2000). 4.2.2.6 Poder de inchamento e solubilidade O poder de inchamento e a solubilidade dos amidos de milho foram determinados de acordo com o método descrito por Leach et al. (1959). A determinação ocorreu mediante suspensão de 1 grama de amido em 50 mL de água destilada em tubos de centrífuga falcon previamente tarados. A suspensão foi agitada e levada a banho-maria com agitação constante por 30 minutos na temperatura de 90°C. Após os tubos foram resfriados à temperatura ambiente e centrifugados a 1000 g por 20 minutos. O sobrenadante foi coletado e levado à estufa a 105°C até peso constante para a quantificação do amido solubilizado. O amido sedimentado no tubo de centrifuga foi pesado para determinação do poder de inchamento. Calculou-se a solubilidade através da relação entre a massa solúvel e a massa inicial de amido, expressa em porcentagem, sendo o poder de inchamento obtido pela relação entre a massa intumescida e a massa inicial de amido. 4.2.2.7 Propriedades térmicas As propriedades térmicas das amostras foram estudadas utilizando um calorímetro diferencial de varredura (DSC, TA Instruments, modelo 2010, New Castle, USA). Foram pesados ± 2,5 mg de amido em recipientes de alumínio e adicionado água destilada (1:3 p/p). As amostras foram aquecidas em atmosfera de nitrogênio de 20 a 100°C com uma rampa de aquecimento de 10°C por minuto. A entalpia de gelatinização (ΔH), temperatura inicial (To), pico 71 de temperatura (Tp), temperatura final (Tf) de gelatinização foram computados automaticamente e foi calculada a diferença de temperaturas (Tf - To). 4.2.2.8 Índice de cristalinidade relativa (Raio-X) Os padrões de difração de raio-X foram obtidos com um difractômetro de raios X (XRD-6000, Shimadzu, Brasil). A região de varredura da difração variou de 5 a 30°, com uma tensão de 30 Kv, uma corrente de 30 mA e uma velocidade de digitalização de 1° por minuto. O índice de cristalinidade relativa (IC) dos grânulos de amido foi quantitativamente estimado de acordo com método proposto por Rabek (1980). O IC foi definido como a razão entre a área da região cristalina (Ac) e a área total coberta pela curva (Ac + Aa), composta pela área da região cristalina (Ac) e a área da região amorfa (Aa), a partir da equação abaixo. IC (%) Ac x 100 Ac Aa 4.2.2.9 Análise estatística Os resultados foram submetidos à análise de variância ANOVA, e os efeitos da presença dos defeitos foram avaliados pelo teste de Tukey (p≤0,05) com o programa SAS (SAS, INSTITUTE, 2002). 4.3 Resultados e Discussão 4.3.1 Propriedades dos grãos Na tabela 10 são apresentados os resultados de cor e de proteína bruta dos grãos sem defeitos, e dos grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. Os resultados indicaram que os parâmetros do perfil colorimétrico são afetados pela presença de defeitos nas amostras, sendo que o valor L* reduziu nos principalmente nos grãos ardidos, mofados e fermentados. O valor a* mais elevado foi observado nos grãos ardidos. O valor b* reduziu nos grãos ardidos, germinados e carunchados, onde os valores encontrados foram de 23,20, 26,71 e 26,60, respectivamente, quando comparado aos grãos sem defeitos onde os valores 72 obsevados foram de 35,89, indicando que a presença dos defeitos provocu um escurecimento da farinha, reduzindo a coloração amarela, característica desejada para comercialização. Tabela 10. Parâmetros do perfil colorimétrico e teor de proteína bruta de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. b Parâmetros de cor Teor de proteína a Grãos de milho bruta (%) L* a* b* Sem Defeitos 85,97±1,72 a -1,56±1,18 b 35,89±2,20 a 8,72±0,07 b Quebrados 85,99±1,34 a -1,74±0,18 b 35,65±3,06 a 8,97±0,02 b Fermentados 82,47±1,38 c -2,17±0,13 b 30,58±0,88 b 9,00±0,07 b Ardidos 79,09±3,95 d -0,39±0,41 a 23,20±1,47 d 8,75±0,10 b Mofados 81,75±1,13 c -1,94±0,17 b 30,93±1,80 b 8,87±0,17 b Germinados 85,47±0,35 ab -1,70±0,11 b 26,71±0,38 c 8,85±0,17 b Carunchados 80,65±0,56 cd -1,53±0,24 b 26,60±1,28 c 8,93±0,20 b Chochos e imaturos 82,85±2,16 bc -1,86±0,40 b 30,19±1,93 b 10,23±0,21 a a Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). b L* (100= branco; e 0= preto), a* (positivo = vermelho; e negativo = verde), e b* (positivo= amarelo; e negativo = azul). A formação de grãos ardidos, germinados e carunchados, ocorre pela utilização de práticas inadequadas de armazenamento, onde reações ocorrem no interior dos grãos, resultando em formação de pigmentos escuros, exceto para os grãos carunchados, que são originados do ataque de insetos, principalmente do gênero Sitophilus. De acordo com Lamberts et al. (2008), a formação de melanoidinas envolve grupamento carbonila de açúcares redutores e grupamento amino dos aminoácidos (principalmente lisina), peptídos, ou proteínas, induzindo a alterações nutricionais, onde tempos longos sob temperaturas elevadas favorecem a formação destes pigmentos. As reduções podem ser resultado da oxidação dos carotenoides presentes nos grãos, responsáveis pela coloração amarelada (ŽILIĆ et al., 2012) que são degradados em temperaturas mais elevadas, implicando em menor valor b*. Os resultados de proteína bruta (Tabela 10) indicaram que houve um aumento no teor nos grãos chochos e imaturos, onde o teor encontrado foi de 10,23%, superior ao encontrado nos grãos sem defeitos que foi de 8,72%. Os grãos chochos e imaturos, são resultados de desenvolvimento incompleto dos 73 grãos durante o processo de enchimento dos grãos, ou de fatores climáticos como temperatura elevada e baixos índices pluviométricos, que afetam a formação de amido nos grãos, que são os últimos a serem sintetizados, sendo portanto maior o teor de proteína bruta. Na figura 13 e tabela 11 são apresentados os resultados dos parâmetros viscoamilográficos dos grãos sem defeitos e dos diferentes defeitos avaliados. Graphical Analysis Results - 01/07/14 735 800 2 Viscosity RVU 1 RVU 600 8 400 200 4 6 0 Newport Scientific Pty Ltd 0 3 6 9 12 15 Time mins Tempo (minutos) Figura 13 - Parâmetros viscoamilográficos de grãos sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8). 74 75 73,85±0,40 73,43±0,08 75,95±0,05 72,15±0,45 76,98±0,38 85,15±0,43 Fermentados Ardidos Mofados Germinados Carunchados Chochos e imaturos a b e bc d d c d 140,55±2,88 378,58±0,25 22,92±0,17 377,30±5,88 86,88±0,46 307,75±4,00 288,92±3,75 307,75±4,00 d a f a e b c b 6,75±4,08 49,63±1,55 19,38±0,38 48,59±0,76 35,29±0,54 82,92±5,50 49,04±1,79 82,92±5,50 e b d b c a b a 288,92±2,67 485,79±1,96 3,96±0,63 486,63±6,55 110,34±0,34 453,13±1,71 521,46±0,13 453,13±1,71 d b f b e c a c 422,92±1,67 814,75±0,17 7,80±0,13 815,78±0,05 161,84±0,17 677,96±0,21 761,34±1,84 677,96±0,21 d a f a e c b c 75 Médias aritméticas simples de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). 75,43±0,53 Quebrados a 73,85±0,40 Sem Defeitos Tabela 11. Parâmetros viscoamilográficos dos grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. Temperatura Viscosidade máxima Quebra de viscosidade Retrogradação Viscosidade a Grãos de milho de pasta (°C) (RVU) (RVU) (RVU) final (RVU) Os resultados indicam que a temperatura de pasta mais elevada foi observada nos grãos chochos e imaturos, e a menor nos grãos germinados, onde os valores encontrados foram de 85,15 e 72,15°C, respectivamente. O maior valor observado nos grãos chochos e imaturos, é devido a maior presença de cadeias curtas de amido, devido a incompleta formação dos grãos, pois a formação da cadeias longas de amilopectina ocorre no final da síntese, exigindo estas cadeias curtas uma maior temperatura para formação de pasta. O menor valor observado nos grãos germinados, é resultado da atividade enzimática de proteases e alfa-amilases quando inicia o processo de germinação, que degradam proteínas e amido, respectivamente, para iniciar a formação da plântula e o desenvolvimento vegetativo. O maior valor de viscosidade máxima foi observado nos grãos mofados e carunchados, seguidos dos grãos sem defeitos e fermentados. Os menores valores de viscosidade foram observados nos grãos ardidos e germinados, onde os valores de viscosidade foram de 86,88 e 22,92 RVU, respectivamente, indicando que a formação desses defeitos afeta a qualidade da farinha. Em trabalhos realizados com arroz, os autores Dhaliwal et al. (1991) e Awazuhara et al. (2000), atribuíram mudanças no comprimento da cadeia ramificada de amilopectina do amido à hidrólise enzimática, onde a alfa-amilase ataca a região amorfa de amilopectina, que consistia de cadeia longas, hidrolisando essas à cadeias intermediárias, reduzindo o peso molecular da amilopectina. Segundo Hasjim e Jane (2009), a redução no peso molecular do amido pode acelerar a cristalização do amido e aumentar o teor de amido resistente, além disso, Sirisoontaralak e Noomhorm (2006), em estudo realizado com arroz irradiado, afirmam que a redução da viscosidade máxima é resultado da desestruturação da amilose e da amilopectina dos grânulos de amido. De acordo com Zhou et al. (2003), a redução no valor de quebra de viscosidade é o índice que melhor explica as alterações durante o armazenamento dos grãos, sendo que de acordo com Paraginski et al. (2014), a presença de defeitos em grãos de arroz beneficiado polido reduz os valores, indicando que as interações são mais fortes, resultando em um arroz com qualidade inferior. 76 Os grãos germinados e chochos e imaturos foram os que apresentaram os menores valores, 19,38 e 6,75 RVU, respectivamente, indicando que alterações ocorrem nos grãos. Foram observados valores mais elevados nos grãos sem defeitos e fermentados, onde os valores encontrados foram de 82,92 RVU para ambos, confirmando os resultados de que grãos fermentados são “defeitos leves”. Os menores valores de retrogradação foram observados nos grãos germinados e ardidos, respectivamente, onde os valores encontrados foram de 3,96 e 110,34 RVU, indicando que ocorrem alterações na qualidade da farinha quando desenvolvidos esses defeitos, que são considerados “defeitos graves” pela legislação que determina os parâmetros de comercialização. Os valores de viscosidade final reduziram principalmente nos grãos ardidos e germinados, onde os valores encontrados foram de 161,84 e 7,80 RVU, respectivamente, quando comparado aos grãos sem defeitos, onde os valores encontrados foram de 677,96 RVU. Nos grãos mofados e carunchados houve um aumento no valor de viscosidade final. A viscosidade final da farinha é um parâmetro utilizado para avaliar a qualidade de farinha, sendo que de acordo com Tananuwong e Malila (2011), grânulos mais inchados são menos resistentes à força de cisalhamento, aumentando a decomposição, sendo que com o aumento do tempo de armazenamento, ocorre intensificação das ligações dissulfídicas, e forma-se uma rede grande e forte de proteínas, retardando a absorção de água, que afeta os picos de viscosidade, pois a amilose e a amilopectina podem se reassociar e formar uma estrutura altamente ordenada mediante refrigeração, o que explica os resultados obtidos, que indicam o fortalecimento das interações entre amido e proteínas, resultando em aumento da viscosidade final. Martin e Fitzgerald (2002) afirmam que proteínas podem influenciar os parâmetros determinados em RVA, através de ligação com a água, aumentando a concentração da dispersão antes da gelatinização do amido, principalmente pela rede formada pelas pontes de dissulfetos. Segundo Chrastil e Zarins (1992), ao avaliarem armazenamento de arroz, mudanças nas propriedades e interações das proteínas contribuem para alterações nas propriedades de pasta, principalmente na viscosidade de quebra, pois o 77 número de ligações dissulfídicas aumenta com o armazenamento, sendo estas menos sensíveis a degradação. 4.3.2 Propriedades do amido extraído Na tabela 12 são apresentados os resultados de rendimento de extração, teor de amilose, parâmetros de cor e pureza do amido. Os resultados indicaram que o rendimento de extração diferiu apenas nos grãos chochos e imaturos, onde os rendimentos obsevados foram de 43,26%, quando comparado aos grãos sem defeitos, onde os valores encontrados foram de 56,87%. Os rendimentos de extração foram semelhantes aos encotrados por Malumba et al. (2009), que obteve rendimentos de extração entre 43,30 e 64,40% ao avaliar a extração de grãos de milho submetidos a secagem com temperaturas de ar entre 80 e 130ºC, e aos de Paraginski et al. (2014), que obteve rendimento de extração entre 59,07 e 66,94% ao avaliar as propriedades do amido isolado de grãos de milho armazenados nas temperaturas de 5, 15, 25 e 35°C durante doze meses. O menor rendimento observado nos grãos chochos e imaturos pode ser resultado do maior teor de proteína bruta nesses grãos, observado na tabela 10. Segundo Sodhi et al. (2003), durante o armazenamento podem ocorrer interações entre proteínas, ácidos graxos e amido, principalmente com as cadeias de amilose, que de acordo com Salman e Les (2007), formam complexos helicoidais, alterando as propriedades do amido e reduzem o rendimento de extração, sendo as alterações no armazenamento que originam a formação de defeitos. O conteúdo de amilose mais elevado foi observado no amido dos grãos ardidos (24,07%) e o menor foi observado no amido dos grãos germinados (21,40%). O menor valor observado nos germinados pode ser resultado da atividade enzimática, onde pode ocorrer degradação das cadeias de amilose pelas enzimas amilolíticas. Os parâmetros de cor do amido indicaram que não houve diferença no valor L* e valor b* do perfil colorimétrico do amido, sendo que foram observadas diferenças de cor apenas no valor a*, que avalia a cor de vermelho (positivo) a verde (negativo). 78 Tabela 12. Rendimento de extração, teor de amilose, parâmetros de cor e pureza dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. b Rendimento de Conteúdo de Parâmetros de cor Proteínas Lipídios a Grãos de milho extração (%) amilose (%) (%) (%) L* a* b* Sem Defeitos 56,87±2,83 a 22,59±0,74 bc 97,54±2,01 a -1,28±0,19 dc 4,83±0,45 a 0,32±0,02 ab 0,10±0,01 ab Quebrados 52,39±5,07 ab 23,02±0,93 ab 98,39±1,33 a -1,36±0,18 d 5,72±1,34 a 0,32±0,13 ab 0,15±0,01 ab Fermentados 51,24±1,59 ab 22,55±0,12 bc 97,08±2,18 a -1,18±0,18 cd 5,00±1,21 a 0,41±0,02 a 0,20±0,12 ab Ardidos 47,57±2,21 ab 24,07±0,86 a 96,15±2,15 a -0,66±0,06 a 4,95±0,77 a 0,25±0,05 b 0,11±0,03 ab Mofados 51,03±3,25 ab 23,36±0,42 ab 97,15±1,31 a -1,16±0,10 c 5,02±1,16 a 0,26±0,07 ab 0,08±0,00 b Germinados 57,31±2,54 a 21,40±0,37 c 97,78±1,46 a -0,89±0,05 b 4,62±1,11 a 0,38±0,04 ab 0,12±0,02 ab Carunchados 54,39±1,12 a 22,06±0,60 bc 95,73±2,23 a -0,98±0,07 b 4,80±0,77 a 0,32±0,02 ab 0,20±0,00 ab Chochos e imaturos 43,26±2,73 b 23,38±0,52 ab 96,20±2,49 a -1,36±0,14 d 5,47±0,85 a 0,34±0,02 ab 0,21±0,03 a a b 79 Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). L* (100= branco; e 0= preto), a* (positivo = vermelho; e negativo = verde), e b* (positivo= amarelo; e negativo = azul). 79 A pureza do amido, avaliada pelos teores residuais de proteína e lipídios, indicam que o amido apresenta uma boa pureza, pois os teores residuais de proteína variaram de 0,25 a 0,41%, e os de lipídios de 0,08 a 0,21%, estando de acordo com trabalhos realizados por Malumba et al. (2009), que encotraram teor residual de proteína inferior a 1,5%, e a Haros e Suarez (1997), que ao avaliar o rendimento de extração de amido, encontrou teor residual de proteína no amido superior a 0,74%, variando entre 0,90 e 5,72%, e atribuiu ao método de extração utilizado. Na figura 14 e tabela 13 são apresentados os resultados das propriedades de pasta do amido extraído dos grãos sem defeitos e com os defeitos individuais separados. Graphical Analysis Results - 01/07/14 7 320 1 Viscosity RVU 5 3 4 2 8 6 RVU 240 160 80 Newport Scientific Pty Ltd 0 0 3 6 9 12 15 Tempo Time(minutos) mins Figura 14 - Propriedades de pasta dos amidos de grãos de milho sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8). 80 81 73,93±0,53 75,10±0,00 74,00±0,30 75,88±0,03 75,13±0,03 77,53±0,03 Fermentados Ardidos Mofados Germinados Carunchados Chochos e imaturos a c b d c d c d 242,29±1,21 251,17±0,25 211,34±1,92 257,38±1,49 240,04±1,29 250,96±2,04 238,50±1,42 265,50±0,00 d c e b d c d a 60,34±1,09 64,00±4,17 45,96±2,88 74,34±2,84 56,75±3,83 71,88±3,30 64,24±3,41 87,17±0,25 d cd e b d cb cd a 98,25±0,92 112,42±5,34 74,13±7,46 115,79±2,54 100,96±6,21 115,50±1,75 110,84±2,17 124,59±2,67 d bc e ab cd ab bc a 280,21±1,38 299,59±0,99 239,50±6,50 298,50±1,67 284,25±3,67 294,58±0,50 285,04±2,71 302,92±2,42 b a c a b a b a 81 Médias aritméticas de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). 74,73±0,33 Quebrados a 73,50±0,05 Sem Defeitos Tabela 13. Propriedades de pasta dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. Temperatura de Viscosidade máxima Viscosidade de quebra Retrogradação Viscosidade final a Grãos de milho pasta (ºC) (RVU) (RVU) (RVU) (RVU) Os resultados indicaram que a temperatura de pasta mais elevada foi observada nos amidos isolados dos grãos chochos e imaturos, estando de acordo com os resultados observado na farinha, onde os valores mais elevados foram nestes grãos. De acordo com Wang et al. (2002), à interação entre o amido e as proteínas de constituição dos grãos, podem retardar o intumescimento e proteger o amido do cisalhamento mecânico, resultando em uma temperatura de pasta mais elevada. A viscosidade máxima reduziu para todos os defeitos quando comparado aos grãos sem defeitos (265,50 RVU), sendo que os menores valores foram observados nos grãos germinados (211,34 RVU), quebrados (238,50 RVU), ardidos (240,04 RVU) e chochos e imaturos (242,29 RVU). Singh et al. (2011), relataram que a diminuição da viscosidade máxima pode ser atribuída ao aumento da ligação de hidrogênio inter e intra-molecular nas ligações de cadeias do amido. A quebra de viscosidade também reduziu no amido extraído dos grãos com defeitos, sendo que as maiores alterações foram observadas nos grãos germinados, onde os valores reduziram de 87,17 RVU no amido dos grãos sem defeitos, para 45,96 RVU no amido dos grãos germinados. A redução da viscosidade de acordo com Singh et al. (2003), reflete a redução da habilidade dos grânulos para inchar livremente antes de seu esgotamento físico, e segundo Jane et al. (1999), podem ser afetados pelo teor de amilose, comprimento e distribuição das cadeias de amilopectina, alterando as propriedades de pasta do amido, principalmente a viscosidade máxima. A retrogradação reduziu principalmente no amido dos grãos germinados e chochos e imaturos, onde os valores encontrados foram de 74,13 e 98,25 RVU, respectivamente, quando comparado ao amido dos grãos sem defeitos, que foi de 124,59 RVU. De acordo com Hughes et al. (2009), estes maiores valores de retrogradação e viscosidade de quebra refletem o maior poder de inchamento dos grânulos de amido e a rápida agregação das cadeias de amilose lixiviadas, respectivamente. A viscosidade final reduziu principalmente nos grãos germinados (239,50 RVU), sendo que não foram observadas diferenças nos amidos isolados dos grãos fermentados, mofados e carunchados, quando comparado ao amido dos grãos sem defeitos. 82 Na figura 15 são apresentados os resultados de poder de inchamento do amido extraído dos grãos sem defeitos e dos diferentes defeitos separados. -1 Figura 15 - Poder de inchamento (g.g ) do amido extraído de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. Os resultados indicam que o poder de inchamento reduziu principalmente no amido extraído dos grãos mofados, germinados, chochos e imaturos, onde os valores foram respectivamente de 12,48, 13,57 e 13,58 g.g-1, quando comparado ao amido dos grãos sem defeitos, onde o valor encontrado foi de 14,62 g.g-1. Os resultados estão de acordo com Sandhu e Singh (2007), que relataram valores de poder de inchamento entre 13,0 e 20,7 g.g-1 em nove variedades de milho do Estado de Iowa (EUA). Segundo Leach et al. (1959) a força de ligação dentro dos grânulos de amido influenciam o poder de inchamento, sendo que um amido altamente associado deve ser relativamente resistente ao aumento de volume, consequentemente, deve apresentar menor poder de inchamento. Na figura 16 são apresentados os resultados de solubilidade do amido extraído dos grãos sem defeitos e dos diferenes defeitos separados. 83 Figura 16 - Solubilidade (%) do amido extraído de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. Os resultados indicaram que houve um aumento na solubilidade do amido, principalmente no extraído dos grãos germinados (10,13%), sendo que estes valores reduziram nos grãos fermentados, ardidos, carunchados e chochos e imaturos, quando comparados ao amido extraído dos grãos sem defeitos. O maior valor de solubilidade pode ser atribuído a uma estrutura menos rígida dos grânulos de amido obtido de grãos armazenados, permitindo a lixiviação de compostos durante o aquecimento. Segundo Nayouf et al. (2003) a solubilidade é resultado de grânulos inchados sem água intesticial entre as partículas, obtidos após o arrefecimento e centrifugação. Na tabela 14 e figura 17 são apresentados os resultados das propriedades térmicas do amido extraído dos grãos sem defeitos e dos diferentes defeitos isolados. Os resultados indicaram que o amido extraído dos grãos chochos e imaturos, apresentaram as maiores diferenças de temperatura de pico, variação de temperatura entre o pico inicial e final, e na entalpia necessária para gelatinização, quando comparado ao amido dos grãos sem defeitos. A maior temperatura de pico observada está de acordo com os resultados de temperatura de pasta da análise de RVA, onde os valores mais elevados foram observados na farinha e amido dos grãos chochos e imaturos, 84 confirmando a hipótese de Malumba et al. (2010), que afirmaram que esses dois parâmetros possuem relação. DSC mW 1 2 3 4 5 6 7 8 50.00 60.00 70.00 T emp [C] (°C) Temperatura 80.00 90.00 Figura 17 - Propriedades térmicas dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8). Tabela 14. Propriedades térmicas dos amidos extraídos de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. a Temperatura de transição (°C) Entalpia Grãos de milho -1 (J.g ) To Tp Tf ΔT Sem Defeitos 65,61 70,12 75,19 9,58 8,41 Quebrados 67,09 71,29 76,21 9,12 8,85 Fermentados 66,49 70,78 75,05 8,56 7,41 Ardidos 65,84 70,06 75,06 9,22 9,06 Mofados 65,77 70,21 75,15 9,38 8,92 Germinados 66,56 70,46 74,67 8,11 8,41 Carunchados 66,62 71,06 75,28 8,66 7,51 Chochos e Imaturos 66,47 71,98 77,75 11,28 13,53 a To= temperatura inicial de pico, Tp=temperatura de pico máximo, Tf= temperatura final de gelatinização, ∆T= diferença entre temperatura inicial e temperatura de conclusão, ∆H= entalpia de gelatinização. 85 De acordo com Barichello et al. (1990), altas temperaturas de transição de gelatinização são indicativos de um elevado grau de cristalinidade, o que proporciona maior estabilidade estrutural e torna a gelatinização do amido difícil. Os resultados de variação entre a temperatura inicial e final de pico, indicam a estrutura do amido (Paraginski et al., 2014) sendo que o maior valor observado no amido dos grãos chochos e imaturos quando comparado ao amido dos grãos sem defeitos, indicaram uma menor estrutura organizacional das cadeias de amilose e amilopectina, indicando que a formação do amido nestes grãos é incompleta, como descrito anteriormente no que refere-se a fatores que interferem na qualidade deste amido. Ji et al. (2004), sugeriram que a temperatura inicial de gelatinização seria uma medida da perfeição dos cristais de amido, onde cristais menos estruturados mostram baixas temperaturas iniciais de gelatinização. O valor de entalpia, calculado a partir do gráfico de DSC, indica a energia necessária para que ocorra a gelatinização do amido, sendo que quanto maiores estes valores, maior é a energia necessária para que ocorra uma gelatinização mais elevada. O maior valor observado no amido isolado dos grãos chochos e imaturos, indicam que o amido apresenta uma maior estrutura morfólogica, o que dificulta a gelatinização, sendo exigida uma maior quantidade de energia. Alvani et al. (2011), afirmaram que a entalpia de gelatinização é um indicativo de perda da organização molecular ou do rompimentos das pontes de hidrogênio no interior dos grânulos. Na figura 18 e tabela 15 são apresentados os resultados de raio-X do amido extraído dos grãos com e sem defeitos. Os padrões de cristalinidade são definidos com base nos espaços interplanares e na intensidade relativa das linhas de difração dos raios-x, sendo que todas as amostras de amido mostraram o padrão de difração típico do tipo A, com maiores picos 2θ em 15º, 17º, 18º, e 23º, (Zobel, 1964). Os resultados indicam que houve uma redução na cristalinidade do amido isolado dos grãos ardidos e quebrados, onde os valores reduziram de 21,79% dos grãos sem defeitos, para 17,59% e 18,06%, respectivamente. No amido dos grãos chochos e imaturos houve um aumento na cristalinidade (23,51%), e estes resultados estão de acordo com os resultados de DSC e 86 RVA, indicando que a formação dos grãos é incompleta, e afeta as Intensidade propriedades do amido. 1 2 3 4 5 6 7 8 0 10 20 30 40 50 Ângulo de difração (2) Figura 18 - Gráficos de raio-X dos amidos isolados de grãos de milho sem defeitos (1), e de grãos quebrados (2), fermentados (3), ardidos (4), mofados (5), germinados (6), carunchados (7) e chochos e imaturos (8). Tabela 15. Cristalinidade dos amidos isolados de grãos de milho sem defeitos, e de grãos quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados e chochos e imaturos. Intensidade dos picos (CPS*) Cristalinidade Amostras relativa (%) 15 17 18 20 23 Sem Defeitos 1020 1090 1178 758 1004 21,79 Quebrados 1032 1198 1176 828 994 18,06 Fermentados 1026 1182 1092 826 990 19,01 Ardidos 1004 1058 1136 804 912 17,59 Mofados 998 1100 1092 802 984 20,41 Germinados 1008 1168 1140 820 970 22,00 Carunchados 1014 1152 1106 848 1018 20,56 Chochos e imaturos 984 1034 1136 764 982 23,51 * CPS - counts por segundo Segundo Setiawan et al. (2010), a alfa-amilase ataca a região amorfa da amilopectina, principalmente as cadeias longas, hidrolisando para cadeias de comprimentos intermédios, o que reduz o peso molecular da amilopectina, entretanto estes resultados não foram observados nos grãos germinados. Em trabalhos realizados com arroz, os autores Dhaliwal et al. (1991) e Awazuhara 87 et al. (2000), atribuíram mudanças no comprimento da cadeia ramificada de amilopectina do amido à hidrólise enzimática, onde a alfa-amilase ataca a região amorfa da amilopectina, composta por cadeias longas, hidrolisando as cadeias intermediárias e reduz o peso molecular da amilopectina. 4.4 Conclusões A presença de defeitos afetaram as propriedades de pasta e colorimétricas da farinha dos grãos de milho com defeitos, principalmente nos grãos ardidos e germinados, sendo a extração de amido uma alternativa para esses grãos, pois a presença dos defeitos avaliados (quebrados, fermentados, ardidos, mofados, germinados, carunchados, chochos e imaturos), provocou alterações no rendimento apenas nos grãos chochos e imaturos, onde houve uma redução, não comprometendo totalmente a qualidade para utilização deste amido. As propriedades de pasta foram afetadas, sendo as alterações menos intensas quando comparado às alterações observadas nas farinhas, entretanto as maiores alterações foram observadas no amido extraído dos grãos ardidos e germinados, quando comparado aos demais defeitos. 88 5. Capítulo 3 - Efeitos da presença de óleo nas propriedades do amido durante o processo de expansão de grãos de milho pipoca em microondas 5.1 Introdução O milho pipoca (Zea mays L.) é um tipo de milho que tem como característica principal, grãos duros e pequenos que tem a capacidade de estourar devido a uma pressão de 135 psi formada dentro do grão quando aquecidos em torno de 177°C (HOSENEY et al., 1983). Os grãos de milho pipoca podem ser expandidos para o consumo de diferentes formas, sendo que as principais são em micro-ondas, panela e também em equipamentos próprios para a expansão, sendo que poucos trabalhos foram realizados até o momento para avaliação deste na qualidade dos produtos. A utilização de micro-ondas é observada em diversas operações de processamento de alimentos, como o aquecimento, descongelamento, cozimento, pasteurização, secagem e expansão (DECAREAU & PETERSON, 1986). O funcionamento de micro-ondas ocorre com ondas eletromagnéticas na faixa de frequência de 300-300.000 MHz. Moléculas polares, como água ou íons, absorvem a energia de micro-ondas e tentam orientar-se com respeito ao campo elétrico. A rápida mudança na sua orientação gera calor pela fricção molecular causada por rompimento de fracas ligações de hidrogênio (SUMNU, 2001). A utilização de óleo durante o processamento é uma característica utilizada por muitos consumidores, para melhorar as características sensoriais dos produtos alimentícios e também a acelerar o processo, porém nenhum trabalho foi realizado até o momento para avaliar as alterações que ocorrem nas propriedades do amido durante este processamento, em presença e ausência de óleo em micro-ondas. Assim, considerando a grande utilização de micro-ondas e a falta de informações sobre as alterações no amido durante o processo de expansão de grãos de milho pipoca, o objetivo no trabalho foi avaliar o efeito da presença e ausência de óleo sobre as propriedades físicoquímicas, viscoamilográficas, térmicas e de cristalinidade do amido isolado 89 durante e após o processo de expansão de grãos de milho pipoca amarela em micro-ondas. 5.2 Material e Métodos 5.2.1 Material Foram utilizados grãos de milho pipoca da classe amarela obtidos no comércio local do munícipio de Pelotas, Brasil. A expansão foi realizada com auxílio de micro-ondas (Modelo Electrolux Ponto Certo MEP 41, Brasil). Foram colocados 50 gramas de grãos de milho pipoca no interior de sacos elaborados com papel “mata-borão”, e os grãos foram colocados em micro-ondas durante os tempos de 30, 60 e 90 segundos. Nos tempos de 0 segundo (sem tratamento), 30 segundos e 60 segundos, os grãos de milho pipocas não expandiram, sendo que alguns grãos expandidos foram retirados da amostra de trabalho. No tratamento de 90 segundos houve a expansão da pipoca, sendo retirados os grãos não expandidos para extração de amido dos grãos de milho pipoca não expandidas. Para avaliação dos parâmetros químicos, os grãos foram moídos em moinho Perten 3100 (Perten knife grinder, modelo Laboratory Mill 3100, Huddinge, Sweden) com peneira de 60 mesh para uniformização da granulometria das amostras. 5.2.2 Métodos 5.2.2.1 Extração de amido A extração de amido dos grãos de milho pipoca foi realizada de acordo com método adaptado de Shandu et al. (2005), com 200 gramas de grãos de milho, adicionando 500 mL de solução de bissulfito de sódio (NaHSO3) 0,1%, e mantidos na temperatura de 50°C durante 20 horas. A água foi drenada e os grãos triturados em moedor até a menor fração possível (moagem úmida). A amostra triturada foi filtrada em peneira de 100 mesh, e o filtrado foi coletado e passado em peneira de 270 mesh, coletando-se novamente o material filtrado. O filtrado amido-proteico foi deixado em repouso durante 4 horas para decantação. O sobrenadante foi removido e a camada de amido sedimentado foi ressuspensa com água destilada. O material foi centrifugado a 5000 g por 90 20 minutos, removendo a camada proteica, e novamente suspendeu-se o amido com água, centrifugando e coletando no final apenas o amido precipitado da centrifugação. O amido foi seco em estufa a 40°C durante 12 horas com circulação de ar até umidade de 11%. Depois de seco, o amido foi moído em moinho Perten 3100 (Perten knife grinder, modelo Laboratory Mill 3100, Huddinge, Sweden) com peneira de 60 mesh para uniformização da granulometria das amostras. 5.2.2.2 Parâmetros de cor Os parâmetros de cor dos grãos e dos amidos foram realizados em colorímetro Minolta modelo CR-300, com 10 determinações, onde o parâmetro “L” é uma medida do brilho de preto (0) ao branco (100). Parâmetro “a” descreve cores de vermelho a verde, com valores positivos que indicam vermelhidão e valores negativos indicando verdura. Parâmetro “b” descreve as cores amarelo a azul, valores positivos indicam amarelo e valores negativos indicam cor azul. 5.2.2.3 Composição química Os teores de proteína bruta e lipídios foram determinados de acordo com metodologia da Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 2006). 5.2.2.4 Propriedades de pasta dos grãos e do amido As características viscoamilográficas dos amidos foram avaliadas com o analisador rápido de viscosidade (RVA- Rapid Visco Analyser), usando programa Thermocline for Windows versão 1.10. O perfil utilizado foi o Standard Analysis 1. A quantidade de amostra utilizada para os testes foi de 5 gramas corrigidas para 14% de umidade, conforme descrito por Singh et al. (2004). 5.2.2.5 Poder de inchamento e solubilidade O poder de inchamento e a solubilidade dos amidos de milho pipoca foram determinados de acordo com o método descrito por Leach et al. (1959). A determinação ocorreu mediante suspensão de 1 grama de amido (base 91 úmida) em 50 mL de água destilada em tubos de falcon previamente tarados. A suspensão foi agitada e levada a banho-maria com agitação constante por 30 minutos nas temperaturas de 60, 70, 80 e 90°C. Após os tubos foram resfriados à temperatura ambiente e centrifugados a 1000 g por 20 minutos. O sobrenadante foi coletado e levado à estufa a 105°C até peso constante para a quantificação do amido solubilizado. O amido sedimentado no tubo de centrifuga foi pesado para determinação do poder de inchamento. Calculou-se a solubilidade através da relação entre a massa solúvel e a massa inicial de amido, expressa em porcentagem, sendo o poder de inchamento obtido pela relação entre a massa intumescida e a massa inicial do amido. 5.2.2.6 Propriedades térmicas As propriedades térmicas das amostras foram estudadas utilizando um calorímetro diferencial de varredura (DSC, TA Instruments, modelo 2010, New Castle, USA). Foram pesados ± 2,5 mg de amido em recipientes de alumínio e adicionado água destilada (1:3 p/p). As amostras foram aquecidas em atmosfera de nitrogênio de 20 a 100°C com uma rampa de aquecimento de 10°C por minuto. A entalpia de gelatinização (ΔH), temperatura inicial (To), pico de temperatura (Tp), temperatura final (Tc) de gelatinização foram computados automaticamente e foi calculada a diferença de temperaturas (Tc - To). 5.2.2.7 Índice de cristalinidade relativa (Raio-X) Os padrões de difração de raio-X foram obtidos com um difractômetro de raios X (XRD-6000, Shimadzu, Brasil). A região de varredura da difração variou de 5 a 30°, com uma tensão de 30 Kv, uma corrente de 30 mA e uma velocidade de digitalização de 1° por minuto. O índice de cristalinidade relativa (IC) dos grânulos de amido foi quantitativamente estimado de acordo com método proposto por Rabek (1980). O IC é definido como a razão entre a área da região cristalina (Ac) e a área total coberta pela curva (Ac + Aa), composta pela área da região cristalina (Ac) e a área da região amorfa (Aa), a partir da equação abaixo. 92 IC (%) Ac x 100 Ac Aa 5.2.2.9 Análise estatística Os resultados foram submetidos à análise de variância ANOVA, e o efeito do tempo de expansão e da presença do óleo foram avaliados pelo teste de Tukey (p≤0,05) com o programa SAS (SAS, INSTITUTE, 2002). 5.3 Resultados e Discussão 5.3.1 Propriedades dos grãos Na tabela 16 e figura 19 são apresentadas as propriedades de pasta da farinha dos grãos de milho pipoca. Os resultados indicam que o aumento do tempo de tratamento provocou uma redução na temperatura de pasta apenas aos 90 segundos. A viscosidade máxima no tratamento com óleo reduziu apenas no tempo de 60 segundos, entretanto no tratamento sem óleo reduziu de 48,29 RVU (sem tratamento), para 28,42 RVU (30 segundos) e 12,50 RVU (60 segundos), resultado de uma gelatinização parcial que começa a ocorrer no amido, entretanto no tratamento com óleo, estes afetam a análise de RVA. A quebra de viscosidade no tratamento com óleo aumentou apenas no tempo de 90 segundos, não diferindo nos grãos sem tratamento, 30 e 60 segundos. Nos grãos sem óleo, a viscosidade de quebra mais elevada foi observada no tratamento 30 segundos. A redução da viscosidade de quebra pode ser atribuída á uma interação entre as cadeias de amilose com os demais constituintes dos grãos durante o aquecimento, principalmente com proteínas e lipídios, que dificultam a gelatinização total do amido. De acordo com Zhou et al. (2003), a redução no valor de quebra de viscosidade é o índice que melhor explica as alterações entre os constituintes dos grãos, valores que indicam uma menor capacidade de rompimento dos grânulos de amido, resultado da complexação da amilose, estrutura linear da molécula do amido, com outros constituintes dos grãos, principalmente com proteínas, fortalecendo essas interações. 93 94 Nd* 90 segundos a b b a b 46,13±0,80 12,50±0,00 28,42±0,25 a c b 48,29±2,10 ª 171,04±9,29 146,96±6,38 175,13±7,71 ª 185,83±3,25 ª b b b b 3,80±0,13 2,54±0,04 c d 5,67±0,09 ª 4,88±0,46 34,00±2,83 ª 12,38±1,80 16,71±1,63 12,21±0,29 d c 58,54±0,71 21,96±0,29 52,00±0,33 b d c 100,21±2,21 ª 228,29±8,04 296,25±9,50 404,92±8,42 b 501,09±7,16 ª d c b 16,21±0,21 12,00±0,33 29,25±0,17 c d b 55,71±1,71 ª 91,25±6,08 161,68±9,92 246,50±9,33 327,46±3,63 ª 94 * Valor não determinados. a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Nd* 95,00±0,00 30 segundos 60 segundos 88,90±0,00 Sem tratamento Sem óleo 70,65±4,45 81,63±0,72 ª 60 segundos 90 segundos 80,70±0,85 ª 30 segundos a 79,38±0,42 Sem tratamento Com óleo Tabela 16. Propriedades viscoamilográficas dos grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Temperatura de pasta Viscosidade máxima Quebra de viscosidade Viscosidade final Retrogradação a Processo de expansão (°C) (RVU) (RVU) (RVU) (RVU) Figura 19 - Gráficos de RVA dos grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. A viscosidade final reduziu com o aumento do tempo nos grãos com a presença de óleo, reduzindo de 501,09 RVU nos grãos sem tratamento para 228,19 RVU no tratamento de 90 segundos. Nos grãos sem a presença de óleo, os valores de viscosidade final reduziram de 100,21 RVU nos grãos sem 95 tratamento, para 52,00, 21,96 e 58,54 RVU nos tratamentos de 30, 60 e 90 segundos. Os resultados encontrados estão de acordo com Arns et al. (2014), que ao avaliar o tratamento térmico em arroz casca antes da parboilização, nos tempos de 10, 30 e 60 minutos, encontraram alterações nas propriedades de pasta, ocorrendo redução no pico de viscosidade, na viscosidade de quebra, viscosidade final e na retrogradação. A retrogradação reduziu com o aumento do tempo de tratamento, em ambos os tratamentos, com óleo e sem óleo. Estes resultados estão de acordo com Arns et al. (2014), que encontraram redução na retrogradação de grãos de arroz em casca submetidos a diferentes tempos de tratamento antes da parboilização. Além disso, alterações na estrutura das proteínas podem reduzir a fragilidade dos grânulos de amido intumescidos, estando os grânulos inchados menos suscetíveis à desagregação (HAMAKER & GRIFFIN, 1993), aumentando o valor de retrogradação. De acordo com Cereda (2001), a quebra de viscosidade é função da fragilidade dos grânulos intumescidos, por ação do calor e agitação mecanica, sendo que segundo Cereda (2003), quanto maior o valor de quebra, maior a retrogradação. Na tabela 17 são apresentados os resultados de índice de absorção e solubilidade em água, e capacidade de absorção de óleo. Os resultados indicaram que houve um aumento do índice de absorção de água com o aumento do tempo de tratamento, de 30 para 60 segundos, nos tratamentos com óleo e sem óleo. O aumento da capacidade de absorção de água com o aumento do tempo de expansão pode ser resultado da maior danificação da estrutura granular, pois de acordo com Gutkoski et al. (2007), a absorção de água aumenta com a intensidade de danificação dos grânulos de amido. O índice de solubilidade mais elevado foi observado no tempo de 90 segundos para os tratamentos com e sem óleo (Tabela 17). No tratamento sem óleo não houve diferença nos grãos sem tratamento, 30 segundos e 90 segundos. Os resultados estão de acordo com Fernandes et al. (2002), que descreve que o aumento do índice de solubilidade em água se deve, principalmente a maior fragmentação do amido, aumentando a quantidade de sólidos solúveis presentes. A capacidade de absorção de óleo mais elevada foi observada nos grãos submetidos a tratamento de 90 segundos nos tratamentos com e sem 96 óleo. Nos grãos sem tratamento, 30 segundos e 60 segundos, com e sem a presença de óleo, não houve diferença. Tabela 17. Índice de absorção de água, solubilidade em água e capacidade de absorção de óleo dos grãos de milho pipoca amarela avaliadas com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Índice de absorção Índice de Capacidade de Processo de expansão a de água solubilidade em água absorção de óleo (%) (%) (%) Com óleo Sem tratamento 240,71±6,12 d 5,47±0,20 b 216,59±18,63 b 30 segundos 294,82±4,89 c 4,13±0,21 c 238,75±33,73 b 60 segundos 370,88±7,34 b 4,00±0,16 c 249,26±05,43 b 90 segundos 520,50±4,63 ª 12,65±0,43 ª 617,05±14,08 ª Sem óleo Sem tratamento 249,46±6,72 d 3,75±0,02 b 213,51±14,34 b 30 segundos 263,78±2,65 c 3,87±0,03 b 207,58±12,04 b 60 segundos 321,00±6,53 b 3,61±0,05 b 218,09±06,87 b 90 segundos 508,46±4,77 ª 11,40±0,41 a 1068,08±38,86 a a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Na tabela 18 são apresentados os resultados dos parâmetros colorimétricos da farinha. O aumento do tempo de tratamento com óleo e sem óleo provocou um aumento no valor L* e uma redução no valor b*, aumentando os valores de 75,51 para 91,81 e reduzindo de 57,83 para 19,55, respectivamente nos grãos com óleo. Nos grãos sem óleo, houve um aumento de 86,42 para 90,82 no valor L*, nos grãos sem tratamento e com 90 segundos. O valor b* reduziu de 41,64 nos grãos sem tratamentos para 16,15 nos grãos com 90 segundos de tratamento. Ao avaliar o perfil colorimétrico, considerando todos os valores, houve uma redução de 95,30 para 93,87 nos grãos com óleo, e de 95,98 para 92,22 nos grãos sem óleo, ao comparar os grãos sem tratamento com 90 segundos. De acordo com Zilic et al. (2012), as reduções de pigmentação amarela podem ser resultado da oxidação dos carotenoides presentes nos grãos, responsáveis pela coloração amarelada, que são degradados em temperaturas mais 97 elevadas, resultando em menor valor b*. Nonier et al. (2004), ao estudarem efeitos da temperatura e da luz na degradação de carotenoides, concluíram que em temperatura ambiente e na ausência da luz, a velocidade de degradação é lenta, porém à medida em que se eleva a temperatura, ocorre aumento da velocidade de degradação, reduzindo o teor total de carotenoides presentes nos grãos, o que pode ter resultado na alteração do valor b* do perfil colorimétrico Tabela 18. Parâmetros colorimétricos de grãos de milho pipoca amarela avaliados com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. b Parâmetros colorimétricos a Tratamentos L* a* b* ∆E Com óleo 75,71±1,20 d 0,80±0,23 ª 57,83±1,47 ª 95,30±1,64 ª 85,92±0,70 c -1,85±0,14 b 41,20±1,37 b 94,31±0,95 ª 60 segundos 86,75±0,28 b -1,79±0,11 b 37,97±0,93 c 94,71±0,31 ab 90 segundos 91,81±0,53 ª -2,08±0,10 c 19,55±0,29 d 93,56±0,50 b 86,42±1,07 c -2,30±0,13 b 41,64±2,26 ª 30 segundos 87,64±1,38 b -2,54±0,12 c 34,97±0,87 b 93,85±1,10 b 60 segundos 87,74±0,61 b -2,29±0,40 b 34,04±0,44 b 94,33±0,55 b 90 segundos 90,82±0,38 a -0,95±0,03 a 16,15±0,66 c 92,06±0,38 c Sem tratamento 30 segundos Sem óleo Sem tratamento 95,25±0,76 ª a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). b L* (100= branco; e 0= preto), a* (positivo = vermelho; e negativo = verde), e b* (positivo= amarelo; e negativo = azul). 5.3.2 Propriedades do amido isolado Na tabela 19 são apresentados os rendimentos de extração de amido, e teor residual de proteína e lipídios. Os resultados indicaram que o aumento do tratamento provocou uma redução no rendimento da extração de amido, sendo que estes reduziram de 46,79% (sem tratamento) para 28,09% e 25,67% nos tempos de 30 e 60 segundos. O rendimento de extração de amido dos grãos sem tratamento reduziu de 42,32% nos grãos sem tratamentos, para 34,92% (30 segundos), 21,41% (60 segundos) e 23,57% (90 segundos). Os resultados de rendimento de extração do amido foram inferiores aos encontrados por Malumba et al. (2009), que encontraram rendimentos de extração entre 43,30% 98 e 64,40% ao avaliar a secagem de grãos de milho com temperaturas de ar entre 80 e 130°C, provavelmente devido a estrutura mais compacta dos grãos de milho pipoca, que apresentam maior quantidade de endosperma vítreo, e um pericarpo mais espesso, o que pode ter dificultado a extração de amido, principalmente com o aumento do tempo de expansão. Tabela 19. Rendimento de extração, teor residual de proteína bruta e lipídios dos amidos extraídos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Rendimento de Resíduo de proteína Lipídios a Processo de expansão extração (%) (%) (%) Com óleo Sem tratamento 46,79±1,00 a 1,05±0,23 c 0,78±0,01 c 30 segundos 28,09±0,20 b 2,66±0,15 c 0,52±0,01 c 60 segundos 25,67±1,60 b 5,03±0,68 b 1,39±0,01 b 90 segundos 38,82±0,40 ab 8,22±0,72 ª 6,65±0,29 ª Sem óleo 0,59±0,16 b 0,12±0,01 c ab 0,73±0,14 b 0,13±0,00 c 21,41±0,90 b 0,69±0,14 b 0,16±0,00 b 23,57±0,10 b 7,51±0,34 a 0,76±0,01 a Sem tratamento 42,32±1,40 ª 30 segundos 34,92±1,10 60 segundos 90 segundos a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Os teores de proteína e lipídios são utilizados para determinar a pureza do amido extraído. Os resultados indicaram que o aumento do tempo de tratamento provocou um aumento no teor residual de proteína no amido, sendo que nos tempos de 60 e 90 segundos dos grãos submetidos a expansão com a presença de óleo, os teores de proteína foram superiores a 5,00%, resultado da forte interação que a ocorre devido a presença de óleo no aquecimento. Nos grãos submetidos a expansão sem a presença de óleo, o teor residual de proteína foi elevado apenas aos 90 segundos da expansão, sendo o valor de 7,51%, quando comparado aos grãos sem tratamento, que foi de 0,59%. O teor residual de lipídios, foi inferior a 0,80% em todos os tratamentos, exceto para os grãos submetidos a expansão no tempo de 90 segundos com a presença de óleo, onde o valor encontrado foi de 6,65%. Nos grãos submetidos 99 a tratamento, sem a presença de óleo, houve um incremento no teor residual de lipídios no amido a partir dos 60 segundos, indicando que as interações entre estes constituintes e o amido aumentam, com o aumento da intensidade do tratamento. De acordo com Haros e Suarez (1997), ao avaliar o rendimento de extração de amido, encontraram teor residual de proteína no amido superior a 0,74%, variando entre 0,90 e 5,72%, e atribuíram ao método de extração utilizado. Segundo Sodhi et al. (2003), podem ocorrer interações entre proteínas, ácidos graxos e amido, principalmente com as cadeias de amilose, que de acordo com Salman e Les (2007), formam complexos helicoidais, alterando as propriedades do amido e reduzindo o rendimento de extração. De acordo com Debet e Gidley (2006), o teor residual de proteínas e a presença de lipídos nos grânulos de amido podem provocar restrição do poder de inchamento durante a gelatinização do amido. Haros et al. (2003), e Altay e Gunasekaran (2006) afirmaram que as proteínas que permanecem no amido de milho, podem, possivelmente, reduzir a entrada de água para dentro dos grânulos durante a gelatinização, limitando as interações entre a água e os componentes de amido e provocando aumento nas temperaturas de gelatinização. Os parâmetros colorimétricos do amido são apresentados na Tabela 20. Os resultados indicam que no amido extraído dos grãos de milho pipoca expandidos com óleo, houve uma redução no valor L* nos tempos 60 e 90 segundos. O valor a* reduziu principalmente no tempo de 90 segundos, e no valor b*, o aumento do tempo de tratamento provocou um aumento de 9,36 (sem tratamento), para 12,82 (30 segundos), 15,58 (60 segundos) e 40,36 (90 segundos). No amido extraído dos grãos de milho pipoca submetidos a expansão sem a presença de óleo, houve uma redução no valor L* apenas no tempo de 90 segundos, sendo que o amido não apresentou diferença no sem tratamento, 30 e 90 segundos. O valor a* e o valor b* apresentaram diferença, sendo que as maiores diferenças foram observadas no tratamento 90 segundos quando comparado ao amido extraído dos grãos sem tratamento. As maiores valores observados no valor b* estão de acordo com os observados na tabela 19, pois o maior teor de proteína residual provoca um aumento da coloração amarela do amido, pois a proteína predominante nos grãos de milho, denominada de 100 zeaxantina, apresenta coloração amarela. Conforme descrito por Paraginski et al. (2014), ao avaliar a qualidade do amido extraído de grãos de milho armazenados em diferentes temperatura, o aumento do valor b* está relacionado com o maior teor residual de proteína, devido a dificuldades que ocorrem durante o processo de extração, sendo que de acordo com trabalhos realizados, este é resultado do fortalecimento das ligações dissulfídicas durante o armazenamento que dificultam a separação do amido e da proteína durante o processo de “wet-milling” ou “moagem úmida” (PARK et al., 2012; ZHOU et al., 2003; MARTIN & FITZGERALD, 2002). Tabela 20. Parâmetros colorimétricos dos amidos extraídos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. b Parâmetros colorimétricos a Processo de expansão L* a* b* ∆E Com óleo Sem tratamento 9,36±0,33 d 98,31±0,56 ª 12,82±0,28 c 98,21±0,36 ª 15,58±0,72 b 95,89±0,66 b c 40,36±0,94 ª 94,90±0,38 c -1,21±0,09 b 5,98±0,56 d 98,61±1,27 ª -1,57±0,10 c 6,95±0,54 c 99,08±0,50 ª -1,77±0,07 d 9,56±0,37 b 98,49±1,22 ª 0,23±0,05 a 34,01±0,66 a 87,40±1,01 97,85±0,57 ª -1,53±0,11 ª 30 segundos 97,36±0,38 ª b 60 segundos 94,60±0,73 b -1,60±0,09 ª 90 segundos 85,83±0,61 c -3,11±0,06 98,56±1,35 ª -1,75±0,10 Sem óleo Sem tratamento 30 segundos 98,83±0,51 ª 60 segundos 98,01±1,22 ª 90 segundos b 80,35±1,23 b a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). b L* (100= branco; e 0= preto), a* (positivo = vermelho; e negativo = verde), e b* (positivo= amarelo; e negativo = azul). Os resultados de propriedades de pasta (Figura 20 e Tabela 21) indicaram que o aumento do tempo de expansão provocou um aumento na temperatura de pasta. No amido dos grãos expandidos com a presença de óleo, o valor aumentou no tempo de 60 segundos, e o valor variou de 74,68°C (sem tratamento) para 83,55°C. No amido dos grãos sem óleo, houve um aumento no tempo de 60 e 90 segundos, onde os valores aumentaram de 74,33°C (sem tratamento) para 75,55°C (60 segundos) e 95,43°C (90 segundos). 101 102 74,30±0,00 75,55±0,45 95,43±0,13 30 segundos 60 segundos 90 segundos a b c c d c 92,92±3,75 200,88±3,88 272,59±0,34 d c b 297,29±1,29 ª 35,29±2,29 76,84±5,34 237,17±4,67 b 271,08±5,33 ª c c 24,83±0,75 81,04±3,04 129,96±2,71 d c b 143,54±1,79 ª 7,30±0,13 6,75±0,42 105,00±2,50 b 112,80±2,54 ª d c 138,38±3,71 180,84±3,09 243,63±0,46 d c b 270,13±1,63 ª 57,75±2,08 87,42±5,34 229,92±7,00 b 261,17±3,84 ª b c 70,29±0,71 61,00±2,24 101,00±2,83 c d b 116,38±1,46 ª 29,75±0,08 17,34±0,42 97,75±4,83 ª 102,21±1,04 ª 102 * Valor não determinados. a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). 74,33±0,08 Sem tratamento Sem óleo Nd* 83,55±0,45 ª 60 segundos 90 segundos 74,68±0,38 b 30 segundos b 74,68±0,42 Sem tratamento Com óleo Tabela 21. Propriedades de pasta dos amidos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Temperatura de pasta Viscosidade máxima Quebra de viscosidade Viscosidade final Retrogradação a Tratamentos (°C) (RVU) (RVU) (RVU) (RVU) Figura 20 – Curvas de RVA do amido extraído dos grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo, ao longo do processo de expansão. A viscosidade máxima reduziu com o aumento do tempo de expansão para os grãos de milho pipoca com óleo e sem óleo. A redução foi mais 103 elevada no amido extraído dos grãos de milho pipoca expandido com óleo, onde houve uma redução de 271,08 para 35,29 RVU, quando comparado ao processamento sem óleo, onde houve uma redução de 297,29 para 92,92 RVU. Os resultados estão de acordo com Hormdok e Noomhorm (2007), que ao realizar tratamento térmico em amido de arroz, com 27% de umidade, também encontrou redução no pico de viscosidade. A quebra de viscosidade do amido reduziu com o aumento do tempo de expansão, não diferindo apenas ao comparar os tratamentos com óleo nos tempos de 60 e 90 segundos, onde os valores foram de 6,75 e 7,30 RVU, respectivamente. A redução do valor da viscosidade de quebra indica que o amido sofreu alterações com o aumento do tempo de expansão, sendo resultado de perda da estrutura morfológica dos grânulos, tornando-se estes mais estáveis durante o aquecimento e a agitação mecânica, estando de acordo com Hormdok e Noomhorm (2007), Olayinka et al. (2008) e Watcharatewinkul et al. (2009). A viscosidade final do amido reduziu com o aumento do tempo de expansão para os grãos expandidos com e sem a presença de óleo, sendo que maiores reduções foram observadas nos grãos expandidos com a presença de óleo, onde os valores reduziram de 261,17 RVU (sem tratamento), para 229,92 RVU (30 segundos), 87,42 RVU (60 segundos) e 57,75 RVU (90 segundos). A retrogradação do amido diminuiu com o aumento do tempo de expansão, para os grãos expandidos com e sem a presença de óleo. Lan et al. (2008) afirmaram que a capacidade de retrogradação é influenciada pela quantidade de amilose lixiviada, pelo tamanho dos grânulos e pela presença de grânulos inchados desfragmentados e rígidos na rede de amilose lixiviada. De acordo com Watcharatewinkul et al. (2009), mudanças ocorridas nas propriedades de pasta dos amidos tratados com calor e baixa umidade, são devido às associações entre as cadeias dentro da região amorfa do grânulo e às alterações na cristalinidade durante este tratamento. Singh et al. (2011), relataram que a diminuição do pico de viscosidade pode ser atribuída ao aumento da ligação de hidrogênio inter e intra-molecular nas ligações de cadeias do amido. Na tabela 22 e figura 21 são apresentados os resultados de poder de inchamento do amido. Os resultados do poder de inchamento mostraram que o 104 aumento da temperature no decorrer da análise (60°C a 90°C) provocou um aumento no intumescimento dos grânulos de amido, conforme esperado. -1 Tabela 22. Poder de inchamento (g.g ) dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Temperaturas a Tratamentos 60 °C 70 °C 80 °C 90 °C Com óleo Sem tratamento 4,54±0,07 d 9,81±0,03 ª 11,90±0,00 a 12,49±1,46 b 30 segundos 5,05±0,01 b 9,19±0,01 b 11,35±0,09 b 14,59±0,35 ª 60 segundos 4,85±0,09 c 7,05±0,09 c 6,78±0,05 c 8,16±0,04 c 90 segundos 6,49±0,00 a 6,39±0,00 d 5,53±0,01 d 6,23±0,03 c 4,95±0,04 d 9,53±0,03 ª 12,15±0,03 ª 15,20±0,29 ª 5,46±0,00 c 9,43±0,03 b 12,27±0,07 ª 15,07±0,04 ª 60 segundos 5,61±0,04 b 8,90±0,02 c 9,95±0,05 b 11,82±0,26 b 90 segundos 7,98±0,05 a 7,07±0,01 d 6,07±0,05 c 6,85±0,01 c Sem óleo Sem tratamento 30 segundos a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). Quando a temperatura de uma suspensão de amido supera o limite de gelatinização, as pontes de hidrogênio são rompidas, as moléculas de água se ligam aos grupos hidroxilas liberados e os grânulos continuam intumescendo (LIMBERGER et al., 2008). De acordo com Lawal et al. (2005), o aumento do poder de inchamento com a temperatura é resultado do aumento na mobilidade das moléculas de amido, que facilitam a entrada de água e consequentemente aumentam o intumescimento e a solubilidade. O aumento do tempo de tratamento na temperatura de 60°C provocou um aumento no poder de inchamento no tempo de 90 segundos com e sem a presence de óleo durante a expansão dos grãos. Na temperatura de 80 e 90°C houve uma redução no poder de inchamento do amido. Os resultados estão de acordo com Sandhu e Singh (2007) que relataram valores de poder de inchamento entre 13,0 e 20, 7 gramas de água por grama de amido seco em nove variedades de milho do Estado de Iowa (EUA). Debet and Gidley (2006) associam um aumento do residual de proteínas e de lípidios no grânulo de amido à restrição da sua capacidade de 105 inchamento durante a gelatinização. Segundo Leach et al. (1959), a força de ligação dentro dos grânulos de amido influencia o poder de inchamento, sendo que um amido altamente associado deve ser relativamente resistente ao aumento de volume, consequentemente, deve apresentar menor poder de inchamento. 18 (a) Sem tratamento 30 segundos 60 segundos 90 segundos Poder de Inchamento (g.g-1) 16 14 12 10 8 6 4 2 50 60 70 80 90 100 Temperatura (°C) 18 16 Poder de inchamento (g.g-1) (b) Sem tratamento 30 segundos 60 segundos 90 segundos 14 12 10 8 6 4 50 60 70 80 90 100 Temperatura (°C) Figura 21 - Poder de inchamento dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo (a) e sem óleo (b) ao longo do processo de expansão. 106 Vários autores têm encontrado a redução do poder de inchamento pelo tratamento térmico em baixa umidade em amido de batata, mandioca (NAKAZAWA e WANG, 2004; GUNARATE e HOOVER, 2002), trigo (TESTER et al., 1998), arroz (HORMDOK e NOOMHORM, 2007), sorgo (OLAYINKA et al., 2008) e milho (NAKAZAWA e WANG, 2004; QI et al., 2005; CHUNG et al., 2009). Na tabela 22 e figura 21 são apresentados os resultados de solubilidade dos amidos isolados dos grãos de milho pipoca submetidos ao processo de expansão com óleo e sem óleo. Tabela 23. Solubilidade (%) dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Temperaturas a Tratamentos 60 °C 70 °C 80 °C 90 °C Com óleo 1,73±0,31 c 30 segundos 1,63±0,01 c 60 segundos 2,14±0,01 90 segundos Sem tratamento 6,49±0,11 ª 11,36±0,08 ª 22,22±0,98 ª 5,86±0,28 ab 11,01±0,19 ª 15,45±0,16 b b 5,21±0,47 b 8,01±0,12 b 9,91±0,05 d 3,85±0,03 c 6,20±0,06 a 8,09±0,22 b 11,94±0,26 c 1,47±0,08 c 5,26±0,89 ª 10,30±1,60 ª 24,23±0,24 ª 30 segundos 1,80±0,04 bc 5,90±0,02 ª 12,40±0,30 ª 18,44±0,01 b 60 segundos 1,85±0,08 b 5,96±0,18 ª 10,68±1,07 ª 14,32±1,27 c 90 segundos 4,34±0,25 a 4,86±0,05 b 7,86±1,96 d Sem óleo Sem tratamento a 6,63±0,20 a Médias aritméticas simples ± desvio padrão, seguidas por letras minúsculas iguais na mesma coluna, para os tratamentos com óleo e sem óleo não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05). O aumento do tempo de expansão provocou um aumento da solubilidade, sendo que maiores valores de solubilidade foram encontrados nas temperaturas elevadas, como já era esperado. O maior valor de solubilidade pode ser atribuído á uma estrutura menos rígida dos grânulos de amido, permitindo a lixiviação de compostos durante o aquecimento. Na temperatura de 80 e 90°C, o aumento do tempo de expansão provocou uma redução na solubilidade, resultado das maiores alterações que ocorrem na estrutura dos grânulos de amido. A solubilidade, de acordo com Nayouf, Loisel e Doublier 107 (2003) é resultado de grânulos inchados sem água intersticial entre as partículas, obtido após o arrefecimento e centrifugação. 30 (a) Sem tratamento 30 segundos 60 segundos 90 segundos 25 Solubilidade (%) 20 15 10 5 0 50 60 70 80 90 100 Temperatura (°C) 30 25 Solubilidade (%) (b) Sem tratamento 30 segundos 60 segundos 90 segundos 20 15 10 5 0 50 60 70 80 90 100 Temperatura (°C) Figura 22 - Solubilidade (%) dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo (a) e sem óleo (b) ao longo do processo de expansão. A solubilidade é consequência do lixiviamento da amilose. A redução da solubilidade dos amido indica que houve um fortalecimento das ligações, com o 108 aumento nas interações entre as moléculas de amilose e amilopectina e entre as moléculas de amilopectina formando uma estrutura mais estável e reduzindo o lixiviamento das moléculas de amilose (Gomes et al., 2005). Olayinka et al. (2008) e Tester e Morrison (1990) sugeriram que a redução do poder de inchamento e da solubilidade do amido tratado em TTBU poderia ser atribuída a formação de complexos de amilose-lipídios dentro dos grânulos. Na figura 23 e tabela 24 são apresentados os gráficos e os resultados de calorimetria diferencial de varredura (DSC). Tabela 24. Propriedades térmicas dos amidos extraídos de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. To Tp Tf ∆T Entalpia Tratamentos -1 (Tc – To) (ºC) (ºC) (ºC) (J.g ) Com óleo Sem tratamento 67,30 70,91 75,25 7,95 22,73 30 segundos 67,03 70,88 76,00 8,97 28,75 60 segundos 69,24 73,86 80,55 11,31 8,01 90 segundos 65,51 67,02 71,34 5,83 0,02 Sem tratamento 67,19 70,81 75,68 8,49 32,70 30 segundos 66,68 69,99 74,43 7,75 99,12 60 segundos 67,96 71,54 75,70 7,74 11,19 90 segundos 56,74 64,48 73,22 16,48 0,14 Sem óleo a To= temperatura inicial de pico, Tp= temperatura de pico máximo, Tf= temperatura final do pico, ∆T= diferença entre temperatura inicial e temperatura final, ∆H= entalpia de gelatinização. Os resultados indicaram que o aumento do tempo de expansão provoca uma redução nas temperaturas de pico, sendo maiores reduções observadas nos grãos expandidos sem a presença de óleo. O pico de viscosidade reduziu no amido dos grãos de milho pipoca expandido sem a presença do óleo de 70,81 para 64,48°C. Esta redução é resultado da gelatinização do amido, pois de acordo com Zavareze e Dias (2011), temperatura inicial, de pico e final de gelatinização aumentam os valores com o aumento do calor e umidade aplicados durante uma modificação. 109 Com óleo DSC mW/mg Sem tratamento 30 segundos 60 segundos 90 segundos 50.00 60.00 70.00 80.00 90.00 100.00 80.00 90.00 100.00 Temp [C] Temperatura (°C) Sem óleo DSC mW/mg Sem tratamento 30 segundos 60 segundos 90 segundos 50.00 60.00 70.00 Temp [C] (°C) Temperatura Figura 23 – Curvas de DSC dos amidos dos grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Ji et al. (2004), sugeriram que a temperatura inicial de gelatinização seria uma medida da perfeição dos cristais de amido, onde cristais menos 110 estruturados mostram baixas temperaturas iniciais de gelatinização, entretanto não foram observadas diferenças no trabalho, indicando que poucas alterações ocorrem na morfologia dos grânulos de amido durante o armazenamento. O aumento da temperatura inicial de gelatinização, pode ser comparado ao aumento da temperatura de pasta observada na análise em RVA, estando de acordo com os resultados de Malumba et al. (2010). A variação entre a temperatura inicial e final de gelatinização sugere o grau de heterogeneidade dos cristalitos dentro dos grânulos de amido (Paraginski et al., 2014), sendo que quanto mais elevada essa variação, maior a desorganização dos grânulos. O aumento do tempo de tratamento nos grãos expandidos sem a presença de óleo aumentou a variação de temperatura, variando de 8,49°C no amido dos grãos sem tratamento, para 16,48°C no tempo de 90 segundos. A entalpia do amido dos grãos de milho pipoca reduziu com o aumento do tempo de expansão, sendo que nos grãos expandidos com óleo o valor reduziu de 32,70 mJ (sem tratamento) para 0,14 mJ (90 segundos). Nos grãos expandidos sem óleo o valor reduziu de 22,73 mJ (sem tratamento) para 0,02 mJ (90 segundos). Esta redução dos valores para próximas a 0,00 mJ, indicaram que ocorrem uma elevada gelatinização no tempo de 90 segundos. Para ocorrer a gelatinização do amido são necessários temperatura e umidade, sendo que quanto mais elevadas as temperatura, menor é o tempo necessário para que ocorra a gelatinização do amido. Alvani et al. (2011) afirmam que a entalpia de gelatinização (ΔH) é um indicativo de perda da organização molecular ou do rompimentos das pontes de hidrogênio no interior dos grânulos, confirmando os resultados de que o aumento do tempo de expansão afeta as propriedades do amido isolado. Na tabela 25 são apresentadas as intensidades de pico e a cristalinidade dos amidos obtidas dos gráficos de raio-X apresentados na figura 24. Os padrões de cristalinidade são definidos com base nos espaços interplanares e na intensidade relativa das linhas de difração dos raios-x, sendo que todas as amostras de amido mostraram o padrão de difração típico do tipo A, com maiores picos 2θ em 15°, 17°, 18°, e 23°, (Zobel, 1964). Os picos observados nos gráficos de raio-X estão de acordo com Setiawan et al. (2010), que ao avaliar amido de milho, relataram que este 111 amido apresenta tipo A, que é típico de cereais. A redução observada na cristalinidade relativa é resultado de uma pré-gelatinização que ocorre no amido, que altera a estrutura tridimensional das cadeias de amilopectina, que são responsáveis pela cristalinidade do amido. Os resultados indicaram que a cristalinidade do amido reduziu com o aumento do tempo de expansão para os grãos expandidos com e sem a presença de óleo, sendo que maiores reduções foram observadas nos grãos com a presença de óleo, estando de acordo com os resultados observados nas propriedades térmicas e de pasta. A redução deve-se ao aumento da intensidade dos picos, principalmente nos picos 17°, 18° e 20° (Tabela 25), que é resultado de um rearranjo que deixou os cristais mais organizados, como foram observados nos resultados de DSC. Mudanças no comprimento da cadeia ramificada de amilopectina do amido à hidrólise enzimática, onde a alfa-amilase ataca a região amorfa da amilopectina, composta por cadeias longas, hidrolisando as cadeias intermediárias e reduz o peso molecular da amilopectina (DHALIWAL et al., 1991; AWAZUHARA et al., 2000). Tabela 25. Cristalinidade dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo e sem óleo ao longo do processo de expansão. Intensidade dos picos (CPS*) Cristalinidade Tratamentos relativa (%) 15 17 18 20 23 Com óleo Sem tratamento 1686 1916 1977 1202 1503 28,20 30 segundos 1576 1725 1706 1241 1439 18,45 60 segundos 1787 2088 2163 2028 1875 18,15 90 segundos 1488 1746 1900 1952 1482 4,50 Sem tratamento 1522 1612 1588 1124 1332 27,37 30 segundos 1498 1635 1613 1156 1345 27,35 60 segundos 1456 1568 1571 1191 1317 23,66 90 segundos 1389 1854 1793 2106 1586 6,99 Sem óleo * CPS - counts por segundo 112 Intensidade (a) 8 7 6 5 5 10 15 20 25 30 Ângulo de difração (2) Intensidade (b) 4 3 2 1 5 10 15 20 25 30 Ângulo de difração (2) Figura 24 - Cristalinidade dos amidos isolados de grãos de milho pipoca amarela com óleo (a) e sem óleo (b) ao longo do processo de expansão: (1 – 5) sem tratamento; (2 – 6) 30 segundos; (3 – 7) 60 segundos; (4 – 8) 90 segundos. 5.4 Conclusões O aumento do tempo de expansão altera as propriedades do amido, sendo intensificado com a presença de óleo durante o processo. As propriedades térmicas e de pasta são fortemente intensificadas pelo tratamento 113 térmico, ocorrendo uma redução da viscosidade de quebra, pico de viscosidade, viscosidade final, e redução nas temperaturas de pico, da entalpia e da cristalinidade do amido, indicando que alterações ocorrem na estrutura granular do amido durante o processo de expansão, sendo intensificada com a presença de óleo vegetal, muitas vezes utilizado para melhorar a qualidade sensorial do alimento antes do consumo. 114 6. Capítulo 4 - Efeitos da cor do pericarpo e do processo de expansão na qualidade nutricional e sensorial de grãos de milho pipoca 6.1 Introdução A pipoca é um prato elaborado a partir de uma variedade especial de milho, que estoura quando aquecido, pois ao aquecermos os grãos desse milho de maneira rápida, sua umidade interna é convertida em vapor. Em um determinado ponto, a pressão estoura a casca externa, transformando a parte interna numa massa pouco consistente de amidos e fibras, maior do que o grão original. No Brasil, existem poucas informações sobre área de cultivo, bem como a produção e a quantidade importada de milho pipoca. Atualmente nota-se o aumento da produção e do consumo, em decorrência do advento ao comércio nacional do milho pipoca importado dos Estados Unidos da América, para uso em forno de micro-ondas. Segundo estimativas do Grupo Mega-agro (2004), o consumo nacional de milho pipoca, para o ano de 2003, foi em torno de 65 a 70 mil toneladas, sendo que aproximadamente 15 a 20 mil toneladas são importadas, onde nota-se que ocorreu um decréscimo no consumo em relação ao ano de 2000, que foi de 80 mil toneladas. O consumo de alimentos com pigmentação tem sido incentivado a cada ano devido à importância destes compostos considerados precursores de vitamina A, compostos retinóicos essenciais, atividade anticarcinogênica, com a inibição dos cânceres de cólon, esôfago, pulmão, fígado, mama e pele (CROZIER et al., 2009; GALLAGHER, 2004; RODRIGUEZ-AMAYA, 2001), e como grãos de milho pipoca apresentam grande variabilidade genética, onde alguns acessos possuem essas características, novos estudos devem ser realizados para avaliação do comportamento destes durante o processamento. A pipoca, embora seja um produto consumido em horas de lazer, possui boa qualidade nutricional. Primeiro pelo seu teor de fibra na dieta, em média 17,79%, e também pelo seu baixo teor calórico, se for preparada sem óleo ou gordura, possuindo de 25 a 55 calorias em 250 mL. Os tipos de maior aceitação comercial são os de grãos redondos, tipo pérola, e com endosperma alaranjado. Para consumo doméstico os grãos geralmente são pequenos (76 a 105 grãos em 100 gramas) e amarelos, e a pipoca é do tipo borboleta, que é a 115 mais macia, porém existem poucas informações sobre as alterações das pipocas devido as diferentes formas de processamento que são utilizadas pelos consumidores. Assim, considerando o crescimento no consumo de pipoca, e a busca dos consumidores por um alimento com maior qualidade nutricional, sem entretanto perder a qualidade sensorial, o objetivo no trabalho é avaliar os efeitos da cor do pericarpo e do processo de expansão nos parâmetros físicos, e na qualidade nutricional e sensorial de grãos de milho pipoca. 6.2 Material e Métodos 6.2.1 Material Foram utilizados grãos de milho pipoca com pericarpo amarelo, vermelho e branco produzidos no município de Passo Fundo, Brasil. Os grãos foram submetidos a 5 métodos de expansão: panela com óleo (1), micro-ondas com óleo (2), micro-ondas sem óleo (3), pipoqueira elétrica com óleo (4) e pipoqueira elétrica sem óleo (5), para avaliar os efeitos do processamento na qualidade sensorial e nutricional (Figura 25). Para avaliação dos parâmetros nutricionais, os grãos expandidos foram moídos em moinho Perten 3100 (Perten knife grinder, model Laboratory Mill 3100, Huddinge, Sweden) com peneira de 60 mesh para uniformização da granulometria das amostras. 6.2.2 Métodos 6.2.2.1 Avaliação sensorial A avaliação sensorial das pipocas foi realizada conforme descrito por Minim (2006), que descreve diferentes formas de avaliação sensorial para estudo com consumidores. Foram utilizados 50 avaliadores não treinados, entre funcionários, alunos e visitantes da Universidade Federal de Pelotas, com base no interesse e na disponibilidade de participar dos testes sensoriais, sendo estes avaliadores não treinados, de ambos os sexos, com idade entre 15 e 45 anos, para avaliação em um painel contendo as amostras logo após o preparo, conforme apresentado na figura 26. Os parâmetros de forma e tamanho dos grãos de milho pipoca expandida com pericarpo amarelo, branco e vermelho foram avaliados em 116 escala sensorial. A forma de processamento foi avaliada com teste de aceitação global para os grãos de pipoca com pericarpo amarelo, branco e vermelho. Os resultados foram tratados pela determinação dos valores críticos de diferença de soma de ordens para comparação de tratamentos entre si (p<0,05) baseado no teste de Friedman. 117 118 14 13 15 9 3 16 10 4 17 11 5 18 12 6 118 Figura 25 - Grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidos por diferentes formas de processamento: (1) Integral com pericarpo vermelho; (2) Panela com óleo - pericarpo vermelho; (3) Micro-ondas com óleo - pericarpo vermelho; (4) Micro-ondas sem óleo - pericarpo vermelho; (5) Pipoqueira com óleo - pericarpo vermelho; (6) Pipoqueira sem óleo - pericarpo vermelho; (7) Integral com pericarpo branco; (8) Panela com óleo - pericarpo branco; (9) Micro-ondas com óleo - pericarpo branco; (10) Micro-ondas sem óleo - pericarpo branco; (11) Pipoqueira com óleo - pericarpo branco; (12) Pipoqueira sem óleo - pericarpo branco; (13) Integral com pericarpo amarelo; (14) Panela com óleo - pericarpo amarelo; (15) Micro-ondas com óleo pericarpo amarelo; (16) Micro-ondas sem óleo - pericarpo amarelo; (17) Pipoqueira com óleo - pericarpo amarelo; (18) Pipoqueira sem óleo - pericarpo amarelo. 8 2 7 1 Figura 26 - Tabela utilizada para avaliação sensorial dos grãos de milho pipoca de pericarpo amarelo, vermelho e branco expandidas de diferentes formas. 6.2.2.2 Parâmetros físicos e nutricionais 6.2.2.2.1 Tempo de expansão O tempo de expansão foi determinado nos diferentes equipamentos e formas de preparo, adotando-se o tempo de 5 segundos entre a expansão de um grão e outro, para determinação do tempo final de expansão. 6.2.2.2.2 Peso das pipocas após expansão O peso das pipocas após a expansão foi determinado com auxílio de balança analítica, realizando-se a pesagem das pipocas após a expansão. 119 6.2.2.2.3 Índice de expansão O índice de expansão dos grãos de milho pipoca foi obtido pela relação entre o volume da flor de pipoca obtido com determinado volume de grãos baseada em trabalhos de Sawasaki et al. (1986). Os grãos foram expandidos nos diferentes equipamentos, sendo utilizados 30 gramas de pipoca, onde foi medido o volume antes e após a expansão no interior de provetas, considerando o tempo de expansão determinado. 6.2.2.2.4 Resíduo de expansão O teor de piruá após a expansão das pipocas foi calculado pelo número de grãos não expandidos em relação ao número total de grãos submetidos ao processo de expansão. 6.2.2.2.5 Textura das pipocas A dureza e o número de picos foram determinados em programa específico para avaliação de pipocas de texturômetro TPA (Texture Analyser TA.XTplus, Stable Micro Systemn, 2007), com adaptações. 6.2.2.2.6 Parâmetros viscoamilográficos As características viscoamilográficas foram avaliadas com o analisador rápido de viscosidade (RVA- Rapid Visco Analyser), usando programa Thermocline for Windows versão 1.10. O perfil utilizado foi o Standard Analysis 1. A quantidade de amostra utilizada para os testes foi de 5 gramas corrigidas para 14% de umidade, conforme descrito por conforme descrito por Singh et al. (2004). 6.2.2.2.7 Parâmetros colorimétricos das pipocas A cor das pipocas após a expansão foi determinada com colorímetro Minolta modelo CR-300, onde foi determinada a cor da “flor” de dez pipocas escolhidas aleatoriamente após a expansão, e da farinha obtida após a moagem das pipocas expandidas. 120 6.2.2.2.8 Composição química e valor energético A umidade foi determinada segundo normas da ASAE (2000), durante 24 horas a 105°C. Os teores de proteína bruta, cinzas, extrato etéreo foram determinados de acordo com metodologia da Association of Official Analytical Chemists - AOAC (2006). O teor de fibra bruta total foi realizado utilizando método químico, determinando o resíduo orgânico insolúvel da amostra, após digestão ácida e alcalina, sendo descontados destes os valores de cinzas (BRASIL, 1991). O cálculo do valor energético foi determinado considerando o valor energético de 4 kcal.g-1 (proteína bruta), 9 kcal.g-1 (lipídios), 2 kcal.g-1 (fibra bruta) e 4 kcal.g-1 (carboidratos). 6.2.2.2.9 Acidez A acidez do óleo foi determinada seguindo o procedimento de titulação descrito no método AACC 02-01A (AACC, 2000). A acidez titulável foi expressa como o mg de hidróxido de sódio necessária para neutralizar os ácidos em 100 gramas de amostra, utilizando uma solução de fenolftaleína como indicador. 6.2.2.2.10 Proteína solúvel A solubilidade de proteínas em água foi determinada de acordo com o método descrito por Liu et al. (1992), com modificações. Um grama de amostra foi homogeneizado em 50 mL de água destilada por agitação constante durante 1 hora. O material foi centrifugado a 5300 x g por 20 minutos e coletado 2 mL do sobrenadante. O teor de proteína foi determinado pelo método Kjeldahl e os resultados determinados utilizando-se o fator de conversão 6,25. A solubilidade de proteínas foi calculada conforme a equação abaixo: PS (%) Psob x100 Pamostra onde: PS (%) = Teor de proteína solúvel; Psob = Teor de proteína do sobrenadante; Pamostra = Teor de proteína bruta dos grãos. 121 6.2.2.2.11 pH O pH foi determinado segundo método proposto por Rehman et al.(2002). Um filtrado de 2 gramas de amostra moída (80 mesh tamanho) em 20 mL de água destilada, utilizando um eletrodo de vidro pH metro (Pye Unicam, Inglaterra). 6.2.2.2.12 Antocianinas O teor de antocianinas totais foi determinado de acordo com método proposto por Abdel-Aal e Hucl (2003). A extração foi realizada com 500 mg de amostra extraída por mistura com 10 mL de metanol acidificado com 1N HCl (85:15, v / v) e agitado durante 30 minutos à temperatura ambiente. O extrato bruto foi centrifugado a 8000 g durante 20 minutos a temperatura ambiente, e absorbâncias do sobrenadante em 535 nm foram medidas para detectar antocianinas. Níveis de antocianinas foram expressos em mg de cianidina 3glicosídeo equivalentes (CGE) por kg em base seca, usando o coeficiente de extinção molar de 25.965 Abs / M × cm e um peso molecular de 449,2 g.mol-1. 6.2.2.2.13 Teor de carotenoides totais O teor de carotenoides totais foi determinado segundo método proposto por Rodriguez-Amaya (2001), com adaptações. Foram pesados 3 gramas de amostra moída em tubo de falcon (ao abrigo da luz), adicionados 20 mL de água destilada e agitados em vortex durante 60 segundos. Os tubos foram colocados em banho à temperatura de 85°C durante 5 minutos, removidos, agitados novamente durante 60 segundos e colocados no banho por mais 5 minutos. Os tubos foram removidos e acrescentou-se 30 mL de acetona refrigerada com antioxidante (0,01%), e agitou-se durante 60 segundos. O material foi filtrado em papel para o interior de becker de 200 mL, sendo o resíduo sólido novamente suspenso em 30 mL de acetona e agitado durante 60 segundos mais 2 vezes. O extrato obtido foi colocado em funis de separação, com 20 mL de éter de petróleo, separado durante 3 vezes, onde em cada uma delas procedeu-se a separação com 300 mL de água destilada, durante 15 minutos, descartando-se a parte inferior. Ao final do processo, quando todo o extrato foi adicionado, o conteúdo de carotenoides estava dissolvido em éter de petróleo, e este volume foi aferido em balões volumétricos de 25 mL com 1 122 grama de sulfato de sódio anidro. Os balões foram agitados, e a leitura foi realizada em espectrofotômetro com comprimento de onda de 450 nm. O cálculo do teor de carotenoides totais foi realizado conforme fórmula abaixo: Carotenóides totais ( g.g -1 ) ABS x volume de extrato (mL) x10 6 2500 x100 x pesa da amostra 6.2.2.2.14 Teor de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante 6.2.2.2.14.1 Obtenção de extrato A obtenção do extrato foi realizada segundo metodologia proposta por Shen et al. (2009) com adaptações. Foram pesados 5 gramas de amostra em tubos de falcon e adicionado 20 mL de metanol – ácido clorídrico 1%. A solução foi agitada a cada 2 horas durante 24 horas a 25°C (temperatura ambiente). Os extratos metanólicos foram centrifugados a 6000 rpm durante 20 minutos na temperatura de 25°C em centrífuga (Eppendorf Centrifuge 5430R) e o sobrenadante armazenado a 4°C para realização das análises de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante pelos radiais ABTS (2,2-azino-bis (3 etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) sal diamônio) conforme descrito por Re, et. al. (1999), e DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil) conforme descrito por BrandWillians et al. (1995). 6.2.2.2.14.2 Compostos fenólicos totais O teor de compostos fenólicos totais foi determinado pelo método de Folin-Ciocalteau, conforme citado por Zielinski e Kozlowska (2000). Foi adicionado 20 µL de extrato em tubo de falcon de 15 mL e completado o volume para 500 µL com água destilada. Adicionou-se 250 µL de reagente Folin-Ciocalteau 1N e aguardou-se 8 minutos para redução dos compostos fenólicos com o reagente Folin-Ciocalteau. Após, foi adicionado 1,25mL da solução de carbonato de sódio (20%) ao tubo de falcon, agitado e colocado em ambiente ao abrigo da luz. A leitura foi realizada após 2 horas em espectrofotômetro a 725 nm. 6.2.2.2.14.3 Atividade antioxidante – radical DPPH* A atividade antioxidante pelo método do radical DPPH foi determinada 123 com 10 µL de extrato e 90 µL de metanol p.a., adicionando-se posteriormete 3,9 mL de solução de DPPH com absorbância entre 1,080 e 1,120 nm. A mistura foi agitada em vortex e realizou-se a leitura em espectrofotômetro a 515 nm após 2 horas e 30 minutos, com aparelho zerado com metanol. A atividade antioxidante foi expressa em µM trolox.Kg de amostra-1. 6.2.2.2.14.4 Atividade antioxidante – radical ABTS* A atividade antioxidante pelo método do radical ABTS foi determinada com 0,1 mL (100µL) do extrato em tubo de falcon de 15 mL misturando-se 3,9 mL (3900 µL) da solução diluída de ABTS com absorbância de 0,700±0,05 nm. A mistura foi agitada em vortex, e após 6 minutos foi realizada a leitura em espectrofotômetro a 734 nm, com aparelho zerado com álcool etílico. A atividade antioxidante foi expressa em µg de equivalente trolox.g de amostra-1. 6.2.2.2.15 Análise estatística Os resultados foram submetidos à análise de variância ANOVA, e os efeitos do processamento para cada cor de pericarpo (vermelho, branco e amarelo) foram avaliados pelo teste de Tukey (p≤0,05) com o programa SAS (SAS, INSTITUTE, 2002), exceto a avaliação sensorial dos grãos de milho pipoca expandidos. 6.3 Resultados e Discussão 6.3.1 Parâmetros sensoriais Na figura 27 são apresentados os resultados da avaliação sensorial de preferência referente a cor dos grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidos com diferentes métodos de processamento. Os resultados do somatório dos avaliadores indicaram que a preferência para os grãos das três cores foi para o processamento na pipoqueira elétrica com e sem óleo, não diferindo estatisticamente entre eles. Para os grãos de pericarpo branco e amarelo, o processamento em panela com óleo não diferiu da pipoqueira. Nos grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, a menor aceitação foi no processamento em micro-ondas com óleo. 124 a Figura 27 - Parâmetros de cor avaliados por escala sensorial dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas por diferentes processos (p≤0,01). Na figura 28 são apresentados os resultados da avaliação sensorial de preferência referente a forma e tamanho dos grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidos com diferentes métodos de processamento. Os resultados indicaram que a maior preferência pelo somatório foi no processamento realizado em panela com óleo para as três classes de pipoca, seguida pelo processamento em pipoqueira elétrica com e sem óleo nos grãos de pericarpo vermelho e branco. Nos grãos de pericarpo amarelo, a menor aceitação foi no processamento realizado em micro-ondas com óleo, estando de acordo com os resultados da figura 27, onde a menor aceitação também ocorreu para a cor. A presença de óleo como foi observado pelos resultados de preferência, aumenta a aceitação dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo após a expansão. 125 Figura 28 - Parâmetros de forma e tamanho avaliados por escala sensorial dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas por diferentes processos (p≤0,01). Na avaliação global realizada nos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho (Figura 29), os resultados indicaram que os grãos expandidos na pipoqueira elétrica sem óleo foram os que tiveram a maior aceitação, onde mais de 55% dos avaliadores “com certeza compraria”. A forma de processamento em panela com óleo também teve boa aceitabilidade, seguido da pipoqueira elétrica com óleo. A forma de processamento que teve menor aceitação foi micro-ondas sem óleo, onde 0,00% dos avaliadores “com certeza compraria”. Esta baixa aceitabilidade dos grãos processados em micro-ondas sem óleo está de acordo com os resultados de cor e formato e tamanho (Figuras 27 e 28, respectivamente), onde estes aspectos tiveram qualidade inferior na avaliação. 126 100 Intenção de compra (%) 80 60 40 20 0 eo Ól eo Ól eo Ól eo Ól m m m m Se Se Co Co s a s a a c d da ric tri on ét lé on l E o E r ro ra ic ra ic ei ei M M u u q q po po Pi Pi Com certeza compraria Provavelmente compraria Talvez comprasse Provavelmente não compraria Com certeza não compraria m Co a l ne Pa eo Ól Figura 29 - Avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho expandidos com diferentes formas de processamento. Na figura 30 são apresentados os resultados da avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo branco, expandidos nas diferentes formas de processamento. Os resultados indicam que mais de 60% dos avaliadores “com certeza compraria” os grãos de milho pipoca processados em panela com óleo, pipoqueira elétrica com óleo e sem óleo. Os grãos processados em microondas com e sem óleo foram as que tiveram a menos aceitação pelos avaliadores. A maior aceitação foi observada nos grãos expandidos em pipoqueira elétrica sem óleo, como ocorreu nos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho. 127 100 Intenção de compra (%) 80 60 40 20 0 m Co le a n Pa o o o o le le le le Ó Ó Ó Ó m m m m Se Se Co Co as ca as ca i i d d r r n n ét ét -o -o El El ro ro ra ic ri a ic i e e M M qu qu po po i i P P o le Ó Com certeza compraria Provavelmente compraria Talvez comprasse Provavelmente não compraria Com certeza não compraria Figura 30 - Avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo branco expandidos com diferentes formas de processamento. Na figura 31 são apresentados os resultados da avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo amarelo processados de diferentes formas. Os resultados indicam que a maior aceitação foi observada nos grãos expandidos em panela com óleo, pipoqueira elétrica com e sem óleo, onde mais de 45% dos avaliadores “com certeza compraria”. A menor aceitação, como ocorreu nos grãos de pericarpo vermelho e branco foi nos grãos processados em micro-ondas, com e sem a presença de óleo. 128 100 Intenção de compra (%) 80 60 40 20 0 m Co le a n Pa o le Ó o le Ó o le Ó o le Ó em em om om sS aS sC aC a c a c d d ri tri ét on on lé El oE or r a r ic ra ic ei ei M M qu qu o o p p Pi Pi o le Ó Com certeza compraria Provavelmente compraria Talvez comprasse Provavelmente não compraria Com certeza não compraria Figura 31 - Avaliação global dos grãos de milho pipoca de pericarpo amarelo expandidos com diferentes formas de processamento. 6.3.2 Parâmetros físicos Na tabela 26 são apresentadas as propriedades físicas dos grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo após a expansão. O maior tempo necessário para expansão foi observado no processamento em panela com óleo para todas as cores de pericarpo. Para as demais formas de processamento não houve diferença para grãos de pericarpo branco e vermelho. O peso das pipocas expandidas variou de 11,51 a 17,15 gramas nas pipocas de pericarpo vermelho, de 13,90 a 18,54 gramas nas de pericarpo branco e de 13,28 a 18,63 gramas nas de pericarpo amarela. O maior peso após o processamento foi observado nas processadas em panela com óleo, resultado da adição de óleo durante o processamento. 129 130 136,00±4,00 122,00±10,00 Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo 170,00±5,00 Pipoqueira Elétrica sem óleo 133,00±8,00 163,00±10,00 Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo 131,00±8,00 Micro-ondas sem óleo b b 124,00±1,00 b 185,00±10,00 a a ab bc cd Micro-ondas com óleo Panela com óleo - 152,00±6,00 Pipoqueira Elétrica com óleo Integral 141,00±8,00 123,00±2,00 d a b ab 182,00±13,00 Micro-ondas sem óleo Micro-ondas com óleo Panela com óleo - 127,00±6,00 Micro-ondas sem óleo b 132,00±1,00 Micro-ondas com óleo Integral a ab 157,00±17,00 - d cd ab b b b 14,86±1,37 16,42±0,44 13,28±0,91 13,58±2,34 b ab b b 18,63±0,69 ª - 13,90±1,06 15,77±0,39 14,24±0,50 15,70±1,51 b 18,54±1,16 ª - 14,59±0,62 bc 17,15±0,10 ª 11,51±1,79 13,01±0,06 15,95±0,78 - b b c ab ab b 28,21±2,22 26,28±1,11 19,23±1,92 23,06±0,04 21,87±2,20 - a ab c bc bc 20,87±1,52 ª 21,36±0,93 ª 18,78±2,25 18,21±2,34 15,13±1,86 - 13,89±0,68 ª 14,52±0,41 ª 10,91±0,20 12,14±0,62 9,01±0,98 - b b ab ab ab 14,02±1,32 ª 12,05±0,90 ª 19,88±1,89 ª 18,13±1,21 ª 10,94±1,78 ª - 18,99±0,59 ª 20,10±1,80 ª 13,26±2,26 ª 13,26±4,06 ª 10,94±1,56 ª - 13,31±3,13 13,70±0,66 29,79±1,68 20,44±0,78 24,51±1,92 - 112,29±49,02 ª 111,24±50,04 ª 116,26±50,07 ª 106,22±69,69 ª 119,54±42,86 ª - 150,92±106,16 ª 159,38±118,58 ª 149,86±109,93 ª 123,00±97,97 ª 111,66±106,12 ª - 107,34±50,11 ª 183,47±129,85 ª 168,93±102,99 ª 132,47±86,13 ª 119,36±125,28 ª - 0,60±0,67 a 0,82±0,95 ª 0,71±0,69 ª 1,50±1,53 ª 0,87±0,94 ª - 1,63±1,67 ª 1,37±1,03 ª 2,07±1,64 ª 2,61±2,01 ª 2,46±1,40 ª - 1,80±1,27 ª 1,50±1,55 ª 2,03±1,61 ª 1,42±1,25 ª 1,30±0,91 ª - 130 * Médias aritméticas de três repetições ± o desvio padrão para cada cor do pericarpo de grãos de milho pipoca com letras diferentes, diferem entre si pelo Teste de Tukey (p≤0,05). Amarelo Branco Vermelho Panela com óleo Integral Tabela 26. Propriedades físicas de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento. Tempo de Peso das pipocas Volume das pipocas Resíduo de Cor do Formas de Dureza Número expansão expandidas expandidas expansão pericarpo processamento (N) de picos -1 (s) (g) (mL.mL ) (%) O volume das pipocas após a expansão foi maior nas pipocas de pericarpo amarela, onde os valores variaram de 19,23 a 28,21 mL.mL -1, sendo o valor mais elevado observado na pipoqueira elétrica sem óleo, estando de acordo com os resultados observados na análise sensorial. Os menores volumes de expansão foram observados nos grãos pericarpo vermelhos, onde os valores variaram de 9,01 a 14,52 mL.mL-1, sendo que os maiores volumes de expansão foram observados nos grãos expandidos em pipoqueira elétrica com e sem óleo. O resíduo de expansão (piruá) apresentou diferença para os grãos de pericarpo vermelho, onde os menores valores foram observados nos grãos expandidos em pipoqueira elétrica com e sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco e amarelo não houve diferença entre as formas de expansão. As propriedades texturométricas dos grãos de milho pipoca expandidas avaliadas não apresentaram diferença entre as diferentes formas de processamento, indicando que apesar do aspecto apresentar diferença e preferência entre os consumidores, não houve diferença nas texturas do grão de milho pipoca expandidas. 6.3.3 Parâmetros viscoamilográficos Os parâmetros viscoamilográficos dos grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, branco e amarelo antes e após as diferentes formas de processamento são apresentados na tabela 27 e figura 32. Os resultados indicaram que a forma de processamento altera os parâmetros em todas as diferentes colorações de pericarpo. A temperatura de pasta aumentou com o processamento, quando comparado aos grãos não expandidos. Valores não foram observados nos processamentos em panela com óleo e micro-ondas com óleo, resultado da presença de óleo, que afeta a análise de RVA. O aumento da temperatura de pasta com a expansão das pipocas é resultado de alterações na estrutura molecular do amido, dificultando a absorção de água para intumescimento, exigindo temperaturas mais elevadas. O pico de viscosidade mais elevado foi observado nos grãos sem expansão de pericarpo vermelho e branco, e nos grãos de pericarpo amarelo foi observado maior valor na pipoqueira elétrica sem óleo. Os menores valores 131 de pico de viscosidade foram observados no processamento em panela com óleo. Os resultados indicam que todos os processos de expansão utilizados provocam alterações na estrutura do amido e dos demais constituintes dos grãos que afetam suas características. A quebra de viscosidade mais elevada foi observada nos grãos sem processamento, exceto para os de pericarpo amarelo, onde como houve no pico de viscosidade, valores mais elevados foram observados nos grãos expandidos em pipoqueira elétrica sem óleo. Os menores valores de viscosidade de quebra foram observados nos grãos de pericarpo vermelho, expandidos em panela com óleo e micro-ondas com e sem óleo. Nos grãos de pericarpo amarelo, o menor valor foi observado no processamento em panela com óleo, e nos grãos de pericarpo amarelo, o menor valor foi observado em micro-ondas com óleo, indicando que a presença de óleo durante o processo de expansão aumenta as alterações na estrutura do amido, principalmente, intensificando as alterações nas propriedades de pasta. Os valores de retrogradação mais elevados foram observados nos grãos não expandidos para todas as cores de pericarpo. O menor valor foi observado para os grãos expandidos em panela com óleo e micro-ondas sem óleo para os grãos de pericarpo vermelho e branco. Nos grãos de pericarpo vermelho, além dos dois processamentos descritos anteriormente (panela com óleo e microondas sem óleo), menores valores de retrogradação foram observados nos processados em micro-ondas com óleo. Os valores de viscosidade final mais elevado foram observados nos grãos sem expansão, e os menores para os grãos expandidos em panela com óleo nas diferentes colorações de pericarpo. Os resultados estão de acordo com os demais parâmetros de RVA avaliados, onde alterações mais elevadas foram observadas no processamento em panela com óleo, quando comparado as demais formas de processamento, indicando que este processamento afeta as propriedades, e consequentemente resulta em uma pipoca com maior grau de expansão, resultando em características sensoriais mais desejadas pelos consumidores, como foram observados nos resultados da avaliação sensorial. 132 Graphical Analysis Results - 15/04/14 200 (a) Integral Viscosity RVU 160 RVU 120 80 Pipoqueira com óleo Pipoqueira sem óleo Microondas com óleo Microondas sem óleo 40 Panela com óleo Newport Scientific Pty Ltd 0 0 4 8 12 16 20 Time(minutos) mins Graphical Analysis Results - 15/04/14 Tempo 250 (b) ) Integral Viscosity RVU RVU 200 150 100 Pipoqueira sem óleo Microondas com óleo Microondas sem óleo Pipoqueira com óleo 50 Panela com óleo Newport Scientific Pty Ltd 0 0 4 8 12 16 20 Time mins Graphical Analysis Results - 15/04/14 Tempo (minutos) 150 (c) Integral 90 RVU Viscosity RVU 120 Pipoqueira sem óleo 60 Microondas sem óleo Pipoqueira com óleo Microondas com óleo Panela com óleo 30 Newport Scientific Pty Ltd 0 0 4 8 12 16 20 Time mins Tempo (minutos) Figura 32. Parâmetros viscoamilográficos da farinha das pipocas de grãos de milho de pericarpo vermelho (a), pericarpo branco (b) e pericarpo amarelo (c). 133 134 92,40±3,96 ª Pipoqueira Elétrica com óleo a 93,78±1,31 ª Micro-ondas sem óleo 93,13±0,53 - Micro-ondas com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo - b Panela com óleo 88,75±0,07 Integral c 95,08±0,11 ª Pipoqueira Elétrica com óleo 91,20±2,30 92,38±0,60 Micro-ondas sem óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo - Micro-ondas com óleo bc - Panela com óleo d 94,68±0,18 ª Pipoqueira Elétrica sem óleo 88,00±0,00 95,43±0,32 ª Pipoqueira Elétrica com óleo Integral 95,34±0,34 ª Micro-ondas sem óleo c c d e b b d c c 59,17±0,35 ª 46,42±1,41 46,00±0,47 42,88±1,24 38,13±0,29 52,29±0,65 58,60±1,10 44,09±0,94 50,08±0,00 50,42±0,35 12,88±0,06 b b c 5,25±0,00 2,91±0,13 2,21±0,30 1,88±0,06 2,33±0,00 3,25±0,24 a c d e d b 2,70±0,10 ª 1,84±0,23 1,71±0,18 1,25±0,11 0,63±0,18 d b b c bc 2,79±0,30 ª 3,09±0,12 2,92±0,12 1,55±0,18 2,30±0,18 e b bc d c 64,46±0,18 ª 44,58±0,71 42,09±2,71 29,25±1,30 38,92±0,47 1,04±0,06 c e 17,75±0,59 6,21±1,59 ª 51,58±4,24 ª b bc d c b c d c 10,08±0,71 11,00±0,11 9,42±0,23 8,54±0,30 9,21±0,18 bc b cd d cd 89,50±1,41 ª 13,50±1,00 11,21±0,06 9,79±0,65 11,04±0,30 5,30±0,18 e 149,09±0,23 ª 11,84±0,12 10,84±0,23 8,05±0,18 10,34±0,23 7,21±0,18 d 115,75±1,30 ª b bc d c e b e d c f 64,00±0,35 54,50±1,41 53,21±0,41 49,54±1,47 45,00±0,11 b c c d e 138,55±2,30 ª 69,40±2,20 53,46±0,65 58,17±0,83 60,21±0,76 17,54±0,30 210,75±0,11 ª 53,34±0,47 50,00±3,07 35,75±1,30 46,96±0,06 23,92±0,47 161,13±3,95 ª 134 * Médias aritméticas de três repetições ± o desvio padrão para cada cor do pericarpo de grãos de milho pipoca com letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste de Tukey (p≤0,05). Amarelo Branco Vermelho - Micro-ondas com óleo b - 90,15±0,71 Panela com óleo Integral Tabela 27. Parâmetros viscoamilográficos (RVA) de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento. Cor do Temperatura de Pico de viscosidade Quebra de Retrogradação Viscosidade final Formas de processamento pericarpo pasta (°C) (RVU) viscosidade (RVU) (RVU) (RVU) 6.3.3 Parâmetros colorimétricos Na tabela 28 são apresentados os resultados dos parâmetros colorimétricos de cor da flor e da farinha obtida da flor dos grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, branco e amarelo expandido nas diferentes formas de processamento. Os resultados indicaram que a cor da flor apresentou diferença no valor L*, sendo que nos grãos de pericarpo vermelho os maiores valores foram observados para o processamento em micro-ondas sem óleo. Nos grãos expandidos de pericarpo branco os menores valores foram observados na panela com óleo, e na de pericarpo amarelo, e os menores valores foram observados no processamento em panela com óleo e micro-ondas com óleo. Estes resultados indicaram que a pipoca apresenta uma coloração mais escura, pois o valor de L* varia de 0 (preto) a 100 (branco), indicando que o processamento afeta na coloração dos grãos de milho pipoca expandidos. O valor a* da flor também apresentou diferença, onde para os grãos de pericarpo vermelho os menores valores foram observados no processamento em panela com óleo, e para os grãos de pericarpo amarelo os menores valores foram observados para processamento em pipoqueira elétrica sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco, o maior valor a* foi observado nos grãos de pericarpo branco. O valor b* da flor também diferiu entre os tratamentos, sendo que para os grãos de pericarpo vermelho, o maior valor foi observado no processamento em panela com óleo. Nos grãos de pericarpo branco, o maior valor foi observado em micro-ondas sem óleo. Nos grãos de pericarpo amarelo, os maiores valores foram observados em panela com óleo e micro-ondas sem óleo. Os maiores valores observados no valor b*, indicam uma coloração mais amarela, característica que é desejada por alguns consumidores, sendo que a presença de óleo durante o processamento auxilia na formação de coloração mais amarela. O valor L* da farinha diferiu com as formas de processamento, sendo que para os grãos de pericarpo vermelho, o menor valor foi observado nos grãos sem processamento, nos grãos de pericarpo branco foi em panela com óleo, e nos grãos de pericarpo amarelo foi observado no processamento em micro-ondas sem óleo. O valor a* mais elevado nos grãos de pericarpo 135 vermelho foi observado nos grãos sem processamento, diferentemente dos grãos de pericarpo branco e amarelo, onde os menores valores foram observados para os grãos não expandidos. Os resultados encontrados são resultado da coloração vermelha do pericarpo, que é parcialmente reduzida durante o processamento, porém como o parâmetro a* do perfil colorimétrico determina a coloração vermelha, assim, quanto mais elevados os valores, maior a coloração vermelha. O valor b* mais elevado nos grãos de pericarpo vermelho foi observado nos grãos não expandidos, seguidos dos grãos processados em panela com óleo, como foi observado nos grãos com pericarpo de cor amarelo. Nos grãos de pericarpo branco, o maior valor foi observado nos grãos expandidos em micro-ondas com óleo, seguido dos grãos não expandidos, sendo que os menores valores foram observados em pipoqueira elétrica sem óleo. 136 137 91,29±1,65 ª 90,43±1,20 ª Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo 84,47±3,24 88,52±2,30 ª 88,90±1,54 ª 89,02±0,26 ª Micro-ondas com óleo Micro-ondas sem óleo Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo b 82,58±3,28 Panela com óleo b 90,33±3,50 ª Micro-ondas sem óleo - 91,68±1,74 ª Micro-ondas com óleo Integral 87,98±2,26 b ab c Panela com óleo - 89,10±1,73 Pipoqueira Elétrica sem óleo Integral 86,88±2,88 Pipoqueira Elétrica com óleo 90,53±1,85 ª Micro-ondas sem óleo d b b b b b c ab -2,90±0,26 -2,76±0,19 -2,78±0,41 b ab ab -2,63±0,27 ª -2,82±0,18 - -0,32±0,10 ª -0,63±0,12 -0,66±0,08 -0,70±0,10 -0,66±0,08 - -3,00±0,70 -1,82±0,46 ª -2,46±0,52 -1,74±0,48 ª -3,44±0,34 - c c b bc cd d c b ab 14,17±1,10 13,04±1,34 ab b 14,27±1,98 ª 13,65±1,46 14,26±0,77 ª - 1,68±0,30 2,70±0,61 3,37±0,58 ª 1,48±0,23 1,60±0,59 - 13,99±2,90 12,36±1,92 11,66±2,95 10,15±2,37 17,02±2,04 ª - b c c d b c d c b c d 91,43±0,97 a 91,43±2,37 ª 84,44±0,87 90,61±0,47 ª 88,95±0,90 86,02±0,71 91,69±0,88 ª 91,07±0,67 ª 89,44±1,71 88,39±1,45 83,90±1,16 88,24±1,00 87,86±0,96 ª 87,85±1,04 ª 86,25±0,67 85,29±1,56 84,97±0,58 71,22±0,51 e e d c b c b f d c c -2,14±0,16 -2,00±0,12 e d -0,58±0,05 ª -1,49±0,10 -1,10±0,14 -2,51±0,07 0,23±0,16 0,58±0,18 0,62±0,17 1,32±0,24 b 1,91±0,21 ª -0,30±0,09 0,41±0,11 0,51±0,12 1,05±0,04 1,45±0,17 1,35±0,16 b 5,47±0,27 ª b c cd cd d b e d d c 20,65±0,92 19,27±0,49 20,14±0,89 19,51±0,60 22,82±0,49 c e cd de b 40,63±0,80 ª 9,83±0,45 11,40±0,97 11,53±0,81 12,27±0,82 15,12±0,67 ª 13,65±0,65 17,99±0,41 17,53±0,83 17,66±0,86 17,35±0,55 19,17±0,79 28,60±0,64 ª 137 * Médias aritméticas de três repetições ± o desvio padrão para cada cor do pericarpo de grãos de milho pipoca com letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste de Tukey (p≤0,05). Amarelo Branco Vermelho c 86,23±3,67 Micro-ondas com óleo bc 88,25±3,06 - Panela com óleo Integral Tabela 28. Parâmetros colorimétricos da flor e da flor moída de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento. Flor Farinha Cor do Formas de processamento pericarpo L* a* b* L* a* b* 6.3.4 Parâmetros nutricionais Os resultados de composição nutricional e valor energético dos grãos de milho pipoca de pericarpo amarelo, branco e vermelho após diferentes formas de processamento são apresentados na tabela 29. A umidade dos grãos reduziu com o processamento nos grãos de pericarpo vermelho, branco e amarelo. O teor de proteína bruta não diferiu nos grãos de pericarpo vermelho, reduzindo nos grãos de pericarpo branco nos processamentos em panela com óleo e pipoqueira elétrica com óleo, e reduzindo também nos grãos de pericarpo amarelo nos processamentos em micro-ondas sem óleo e em pipoqueira elétrica sem óleo. O teor de minerais não diferiu nos grãos de pericarpo vermelho expandidos de diferentes formas de processamento. Nos grãos de pericarpo branco, os valores mais elevados de minerais foram observados nos grãos em micro-ondas sem óleo e pipoqueira elétrica sem óleo. Nos grãos de pericarpo amarelo o maior valor no teor de minerais foi observado em panela com óleo. O teor de lipídios variou nos grãos após o processamento, sendo que os maiores valores foram observados nos grãos processados com a presença de óleo, como já era esperado, pois o acréscimo de óleo durante o processamento resultou em acréscimos finais para os grãos das três cores de pericarpo (vermelho, branco e amarelo). O teor de fibra bruta nos grãos de pericarpo branco e amarelo aumentou para todas as formas de processamento quando comparado aos grãos sem processamento, não diferindo entre as diferentes formas de processamento. Nos grãos de pericarpo vermelho, os maiores valores de fibra bruta foram observados no processamento em micro-ondas sem óleo, e os menores em pipoqueira elétrica sem óleo. O teor de carboidratos calculado pela diferença dos demais constituintes, os valores mais elevados nos grãos de pericarpo vermelho foram observados no processamento em micro-ondas sem óleo e pipoqueira elétrica sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco, o maior valor foi observado nos grãos processados em micro-ondas sem óleo, e os menores valores foram observados nos grãos sem processamento e no processamento em panela com óleo. Nos grãos de pericarpo amarelo, o maior valor de carboidratos foi observado nos grãos processados em pipoqueira elétrica sem óleo. 138 O valor energético das pipocas diferiu com as diferentes formas de processamento. Nos grãos de pericarpo vermelho o maior valor energético foi observado nos grãos processados em panela com óleo, seguido da pipoqueira elétrica com óleo, resultado do acréscimo de óleo utilizado durante o processamento. O menor valor energético foi observado nos grãos processados em pipoqueira elétrica sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco, não houve diferença no valor energético entre as formas de processamento, sendo estes valores superiores aos grãos observados nos grãos sem processamento. Nos grãos de pericarpo amarelo, o maior valor energético foi observado nos grãos processados em panela com óleo, seguido dos grãos processados em micro-ondas com óleo e em pipoqueira elétrica com óleo, e os menores valores foram observados nos grãos processados em micro-ondas sem óleo. Os resultados observados na composição nutricional e valor energético indicam que a adição de óleo aumentou o valor energético dos grãos após a expansão, sendo que a presença de óleo não afeta a qualidade e quantidade dos demais constituintes dos grãos. 139 140 4,46±0,13 5,32±0,48 5,23±0,30 Micro-ondas sem óleo Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo 5,96±0,24 3,45±0,82 5,05±0,57 3,92±0,46 Micro-ondas com óleo Micro-ondas sem óleo Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo cd bc d b b 4,22±0,11 4,31±0,49 4,90±0,44 4,50±0,60 3,63±0,46 Panela com óleo Micro-ondas com óleo Micro-ondas sem óleo Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo c bc b bc bc 10,46±0,13 ª 5,44±0,08 Panela com óleo Integral c c c b c 10,62±0,37 ª 6,50±0,20 Micro-ondas com óleo Integral 5,18±0,66 10,76±0,06 ª (%) Panela com óleo Integral processamento b ab b ab ab ab ab b 8,24±0,88 b 10,96±1,51 ª 7,94±0,76 10,10±0,22 9,48±0,30 9,76±0,13 11,55±0,29 11,29±0,27 11,73±0,30 ab 12,12±0,29 ª 11,16±0,04 11,82±0,42 13,42±0,12 ª 12,93±0,05 ª 13,42±0,23 ª 13,18±0,09 ª 12,88±0,08 ª 13,40±0,63 ª (%) c bc c ab 0,89±0,12 0,81±0,06 0,92±0,06 0,95±0,07 ab b ab ab 1,01±0,02 ª 0,88±0,05 1,33±0,03 ª 1,24±0,02 ab 1,30±0,12 ª 1,02±0,06 1,07±0,03 1,02±0,12 1,47±0,13 ª 1,50±0,02 ª 1,45±0,02 ª 1,40±0,02 ª 1,39±0,02 ª 1,37±0,02 ª (%) c b c ab bc b b 4,67±0,91 7,13±0,91 4,69±0,82 7,20±0,59 b ab b ab 10,78±0,11 ª 4,64±0,29 4,46±0,08 b 9,14±0,71 ª 4,30±0,15 5,53±0,34 b 9,61±0,72 ª 4,49±0,41 4,87±0,01 8,86±0,04 4,86±0,05 6,82±0,30 bc 11,09±0,86 ª 5,53±0,97 (%) ab abc bc b c ab b 3,35±0,38 ª 3,32±0,31 ª 3,18±0,07 ª 3,33±0,11 ª 3,07±0,05 ª 2,26±0,15 4,01±0,08 ª 4,18±0,03 ª 4,12±0,11 ª 3,97±0,08 ab 4,05±0,05 ª 3,73±0,17 3,34±0,11 3,73±0,26 3,86±0,11 ª 3,75±0,08 3,63±0,07 3,42±0,08 (%) b b b b c de e b b b b 79,22±0,22 73,28±0,19 a b 78,37±0,34 ª 74,11±0,48 71,44±0,32 72,00±0,14 74,33±0,15 69,10±0,04 d 75,10±0,17 ª 71,40±0,23 68,67±0,40 68,32±0,31 71,67±0,18 ª 67,66±0,07 71,95±0,30 ª 68,35±0,72 65,83±0,47 65,52±0,51 (%) e b d b cd c e 398,57±0,67 407,77±0,65 393,81±0,55 408,30±0,34 c b d b 426,84±0,34 ª 373,32±0,54 391,68±0,81 ª 412,18±0,98 ª 394,26±0,72 ª 391,79±0,33 ª 413,91±0,23 ª 368,43±0,67 390,87±0,46 409,56±0,44 392,94±0,23 395,00±0,51 421,91±0,41 ª 372,29±0,51 (kcal) 140 * Médias aritméticas de três repetições ± o desvio padrão para cada cor do pericarpo de grãos de milho pipoca com letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste de Tukey (p≤0,05). Amarelo Branco Vermelho pericarpo Tabela 29. Composição nutricional de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento. Cor do Formas de Umidade Proteína bruta Minerais Lipídios Fibra Bruta Carboidratos Valor energético Na tabela 30 são apresentados os resultados de acidez do óleo, pH e proteína solúvel. Os resultados indicam que na acidez do óleo não houve diferença nos valores dentre as formas de processamento utilizadas, sendo observada uma redução no valor quando comparados aos grãos sem processamento. O valor do pH não diferiu nos grãos de pericarpo vermelho expandidos e não expandidos. Nos grãos de pericarpo branco o maior valor de pH foi observado nos grãos sem processamento (Integral), e os menores valores foram observados nos grãos processados em pipoqueira elétrica sem óleo. Nos grãos de milho pipoca de pericarpo amarelo o maior valor de pH foi observado nos grãos sem processamento, seguido dos grãos processados em panela com óleo. Nas demais formas de processamento, micro-ondas com e sem óleo, e pipoqueira elétrica com e sem óleo, não houve diferença nos valores de pH. O valor de proteína solúvel variou com as diferentes formas de processamento, nos grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidos nas diferentes formas. Nos grãos de pericarpo vermelho, o maior valor foi observado nos grãos processados em micro-ondas com óleo, e os menores valores foram observados em micro-ondas sem óleo e em pipoqueira sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco, o maior valor foi observado nos grãos processados em panela com óleo, e os menores no processamento em micro-ondas com óleo. Nos grãos de pericarpo amarelo, o maior valor foi observado nos grãos processados em micro-ondas sem óleo, e os menores valores foram observados em micro-ondas com óleo e nos grãos sem o processamento. 141 142 5,66±0,02 ª 0,29±0,13 0,40±0,08 0,26±0,05 0,46±0,06 Micro-ondas sem óleo Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo Integral Micro-ondas com óleo b 2,71±0,91 ª b 0,37±0,06 Pipoqueira Elétrica sem óleo 0,19±0,02 0,22±0,01 Pipoqueira Elétrica com óleo Panela com óleo 6,19±0,03 ª 0,41±0,06 Micro-ondas sem óleo b b b b b b b 6,06±0,08 6,06±0,01 6,06±0,01 6,09±0,03 6,14±0,01 5,56±0,21 5,61±0,04 5,65±0,04 5,71±0,02 0,31±0,06 c c c c d cd bc b Micro-ondas com óleo b 0,16±0,04 Panela com óleo 5,58±0,06 cd b 5,72±0,04 ª b 0,54±0,05 Pipoqueira Elétrica sem óleo b 5,96±0,48 ª 5,55±0,05 ª 5,94±0,18 ª 0,35±0,03 Pipoqueira Elétrica com óleo b b 5,67±0,06 ª 6,99±1,32 ª 0,59±0,15 Micro-ondas sem óleo Integral 0,51±0,05 Micro-ondas com óleo b 5,94±0,16 ª d c c e b f d c d b b bc d 18,58±0,30 19,47±0,08 b b 21,66±0,57 ª 15,29±0,25 16,44±0,00 14,46±0,46 15,15±0,24 15,76±0,18 14,77±0,20 11,06±0,83 23,01±0,69 ª 13,38±0,45 11,61±0,15 16,20±0,21 10,42±0,00 20,69±0,43 ª 12,25±0,06 13,98±0,00 142 * Médias aritméticas de três repetições ± o desvio padrão para cada cor do pericarpo de grãos de milho pipoca com letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste de Tukey (p≤0,05). Amarelo Branco Vermelho 0,30±0,05 4,35±0,24 ª Panela com óleo Integral Tabela 30. Parâmetros tecnológicos de qualidade de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas de processamento. Acidez do óleo Proteína solúvel Cor do pericarpo Formas de processamento pH -1 (mg de NaOH. 100g ) (%) 6.3.5 Compostos com potencial antioxidante Os resultados de antocianinas, carotenoides, compostos fenólicos e atividade antioxidante dos radicais ABTS* e DPPH* são apresentados na tabela 31. O teor de antocianinas nos grãos de pericarpo vermelho, que apresentaram os maiores valores reduziu com as diferentes formas de processamento, sendo que as maiores reduções foram observadas nos grãos processados em panela com óleo e pipoqueira elétrica com óleo. As menores reduções foram observadas em micro-ondas com óleo. Nos grãos de pericarpo branco a amarelo, houve um aumento do teor de antocianinas com o processamento, principalmente no processamento em panela com óleo nos grãos de pericarpo branco, e no processamento em micro-ondas sem óleo e pipoqueira elétrica com óleo, indicando que o método colorimétrico utilizado para quantificação não pode ser utilizado para grãos de milho pipoca expandidos, apesar de ser o utilizado para avaliação destes valores em uma grande quantidade de alimentos. Os resultados de carotenoides totais indicaram que nos grãos de pericarpo vermelho o processamento interfere na quantidade destes. O maior valor foi observado nos grãos processados em panela com óleo e em pipoqueira com óleo, e os menores valores foram observados em micro-ondas sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco, os teores de carotenoides foram baixos, quando comparados aos grãos de pericarpo amarelo e vermelho, sendo que os maiores valores foram observados nos grãos processados em panela com óleo, e os menores em micro-ondas sem óleo e pipoqueira com óleo. Nos grãos de pericarpo amarelo, que apresentam os maiores valores de carotenoides, devido a coloração amarela, os maiores valores foram observados nos grãos expandidos em panela com óleo, não apresentando diferença dos grãos não expandidos. As demais formas de processamento, micro-ondas com e sem óleo, pipoqueira elétrica com e sem óleo, não apresentaram diferença no teor de carotenoides. O teor de compostos fenólicos totais variou nas formas de processamento apenas nos grãos de pericarpo vermelho e branco, onde nos grãos de pericarpo vermelho os valores mais elevados foram observados nos grãos processados em panela com óleo, e os menores em micro-ondas sem óleo e pipoqueira sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco, o maior valor de 143 compostos fenólicos foi observado nos grãos expandidos em panela com óleo. Nos grãos de pericarpo amarelo não houve diferença entre as formas de processamento. A atividade antioxidante determinada pelos métodos dos radicais ABTS* e DPPH* apresentou mais diferença no processamento através do método de ABTS*. Nos grãos de pericarpo vermelho, os maiores valores de atividade antioxidante do radical ABTS* foram observados nos grãos processados em panela com óleo, seguido dos processados em micro-ondas com e sem óleo. Nos grãos de pericarpo branco a maior atividade antioxidante foi observada nos grãos expandidos em panela com a presença de óleo, sendo todos os valores encontrados após o processamento superiores aos encontrados nos grãos não expandidos (integral), sendo que ao comparar a interferência da presença de óleo em micro-ondas e em pipoqueira elétrica, não houve diferença. Nos grãos de pericarpo amarelo, os maiores valores de atividade antioxidante foram observados no processamento em micro-ondas sem óleo, e os menores valores foram observados no processamento em pipoqueira elétrica com óleo. A atividade antioxidante pelo método do radical DPPH* apresentou diferença apenas nos grãos de milho pipoca com pericarpo vermelho, não apresentando diferença nos grãos de pericarpo branco e amarelo ao comparar grãos expandidos e não expandidos. Nos grãos de pericarpo vermelho, os maiores valores foram observados nos grãos processados em panela com óleo e em pipoqueira elétrica com óleo, e os menores valores foram observados nos grãos processados em pipoqueira elétrica sem óleo. 144 145 2,04±0,12 1,18±0,15 2,00±0,18 1,48±0,35 2,06±0,12 ª 2,18±0,09 ª Pipoqueira Elétrica sem óleo Integral Panela com óleo Micro-ondas com óleo Micro-ondas sem óleo Pipoqueira Elétrica com óleo 1,45±0,23 2,56±0,22 Pipoqueira Elétrica com óleo Pipoqueira Elétrica sem óleo 3,74±0,03 Micro-ondas sem óleo bc bc ab c d c ab 3,26±0,23 Micro-ondas com óleo ab b c c 11,71±0,99 11,79±0,49 8,21±1,15 11,94±1,71 b b b b 19,60±0,65 ª 15,01±0,50 3,15±0,45 0,73±0,11 0,48±0,26 1,72±0,17 bc bc ab b 1,06±0,79 15,54±2,72 3,75±0,86 ª e de 17,37±1,54 ª c 3,99±0,30 ª 5,24±0,26 Pipoqueira Elétrica sem óleo d 12,80±0,73 abc Panela com óleo 5,51±0,18 Pipoqueira Elétrica com óleo c 15,46±0,08 0,98±0,06 6,07±0,06 Micro-ondas sem óleo b 17,04±0,68 ª bc Integral 6,78±0,18 Micro-ondas com óleo e 14,14±1,90 bc ab c ab c bc ab ab ab b 1,43±0,07 ª 1,40±0,07 ª 1,40±0,11 ª 1,12±0,57 ª 1,52±0,89 ª 1,02±0,07 ª 1,39±0,09 1,27±0,85 1,19±0,59 0,95±0,74 1,97±0,19 ª 1,33±0,56 1,34±0,78 1,72±0,73 1,30±0,76 1,50±0,06 1,83±0,78 ª 1,45±0,10 c d c c b b c bc ab c c b ab 4,36±0,72 3,25±0,74 c d 6,52±0,60 ª 4,34±0,64 5,00±0,58 5,86±0,09 8,22±0,89 8,25±0,25 9,97±0,69 10,88±0,92 11,19±0,52 ª 4,90±1,20 14,17±0,21 13,59±0,57 16,42±0,29 15,93±0,62 17,30±0,52 ª 13,99±0,69 b a ab ab a ab a a a a 0,42±0,20 a 0,33±0,25 ª 0,49±0,00 0,33±0,25 ª 0,40±0,20 ª 0,40±0,20 ª 0,41±0,20 ª 0,41±0,20 ª 0,50±0,00 0,50±0,00 0,49±0,00 0,41±0,20 ª 0,10±0,06 0,13±0,00 0,13±0,00 0,11±0,05 0,13±0,00 0,11±0,05 145 * Médias aritméticas de três repetições ± o desvio padrão para cada cor do pericarpo de grãos de milho pipoca com letras diferentes, diferem entre si pelo Teste de Tukey (p≤0,05). Amarelo Branco Vermelho 4,78±0,15 8,94±0,20 ª Panela com óleo Integral Tabela 31. Compostos com potencial antioxidante de grãos de milho pipoca de pericarpo vermelho, branco e amarelo expandidas com diferentes formas. Atividade antioxidante Antocianinas Carotenoides Compostos fenólicos totais Cor do -1 (µM trolox.Kg de amostra ) Formas de processamento (mg cianidina-3(μg de β-caroteno (mg ácido tânico.Kg de pericarpo -1 -1 glicosídeo.Kg ) equivalents g-1) amostra ABTS* DPPH* 6.4 Conclusões A cor do pericarpo e a forma de processamento afetam principalmente a qualidade sensorial dos grãos de milho pipoca após a expansão. A maior intenção de compra foi observada nos grãos de milho pipoca expandidos em panela com a presença de óleo, onde ocorrem as maiores alterações nos grãos, principalmente nas propriedades viscoamilográficas, indicando que nesta forma de processamento o amido sofre uma maior expansão, entretanto, o maior valor nutricional também ocorre nessa forma de processamento onde se obteve o maior valor calórico quando comparado as demais formas de processamento, sem comprometer a quantidade de compostos com potencial antioxidante presente nos grãos. 146 Referências Bibliográficas AACC. Fat acidity - general method. Method 02-01A. In: Approved Methods of the American Association of Cereal Chemists. American Association of Cereal Chemists, Inc, St. Paul, MN, USA, 2000. ABDEL-AAL, E.-S. M.; HUCL, P. Composition and stability of anthocyanins in blue-grained wheat. Journal Agricultural Food Chemistry, v. 51, p. 21742180, 2003. ABERA, S.; SUDIP, K. R. Effect of dry cassava chip storage on yield and functional properties of extracted starch. Starch/Starke, v. 56, p. 232-240, 2004. ALTAY, F.; GUNASEKARAN, S.; Influence of drying temperature, water content, and heating rate on gelatinization of corn starches. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, p. 4235-4245, 2006. ALVANI, K.; QI, X.; TESTER, R.; SNAPE, C.E. Physico-chemical properties of potato starches. Food Chemistry, v. 125, p. 958-965, 2011. ANDERSON, R. A.; CONWAY, H. F.; PFEIFER, V. F.; GRIFFIN JUNIOR, E. L. Gelatinization of corn grits by roll- and extrusion-cooking. Cereal Science Today, St. Paul, v. 14, n. 1, p. 4-12, 1969. AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of Analysis. 18 ed. Washington DC US, 2006. ARNS, B.; PARAGINSKI, R. T.; BARTZ, J.; SCHIAVON, R. A.; ELIAS, M. C.; ZAVAREZE, E. R.; DIAS, A. R. G. The effects of heat–moisture treatment of rice grains before parboiling on viscosity profile and physicochemical properties. International Journal of Food Science and Technology, 2014. ASAE - American Society of Agricultural Engineers. Moisture measurementunground grain and seeds. In: Standards, 2000.St. Joseph: ASAE, 2000, 563 p. AWAZUHARA, M.; NAKAGAWA, A.; YAMAGUCHI, J.; FUJIWARA., T.; HAYASHI, H.; HATAE, K.; CHINO, M.; SHIMADA, A. Distribution and characterization of enzymes causing starch degradation in rice (Oryza sativa cv. Koshihikari). Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 48, n. 2, p. 245252, 2000. BARICHELLO, A.; YADA, R. Y.; COFFIN, R. H.; STANLEY, D. W. Low temperature sweetening in susceptible and resistant potatoes: Starch structure and composition. Journal of Food Science, v. 55, n. 4, p. 1054-1059, 1990. 147 BEMILLER, J.; WHISTLER, R. Starch: Chemistry and technology. 3rd edition. Food Science and Technology, International series, Elsevier, 2009. BILLIADERIS, C. G. The structure and interactions of starch with food constituents. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, v. 69, n.1, p. 60-78, 1991. BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm-Wiss Technology, v. 28, p. 25-30, 1995. BRASIL. Mistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 60, de 22 de dezembro de 2011. Regulamento Técnico do Milho. Diário Oficial da União. 23.12.2011, Brasília, DF. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para Análise de Sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Defesa Agropecuária, Brasília, Mapa / ACS, 399p., 2009. BRASIL. Mistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 845 de 08.11.1976. Especificações para padronização, classificação e comercialização interna do milho. Diário Oficial, Brasília, 1976. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC. Métodos Analíticos para controle de alimentos para uso animal. INTERLAB VI. Portaria 108, de 4 de setembro de 1991. Diário Oficial da União, seção I, p.19813, 1991. CARTER, P. R.; HICKS, D. R.; DOLL, J. D.; SCHULTE, E. E.; SCHULER, R.; HOLMES, B. Popcorn. Alternative Field Crops Manual. University of Wisconsin Cooperative or Extension Service, Department of Agronomy, Madison, 1989. CEREDA, M. P. (org.). Propriedades gerais de amido. (Série: Culturas de tuberosas amiláceas latino-americanas, v. 1), São Paulo, Fundação Cargill, v.1. 2001, 221 p. CEREDA, M. P.; VILPOUX, O.; DEMIATE, I. M. Amidos modificados. In: CEREDA, M. P.; VILPOUX, O. F. Tecnologia, usos e potencialidades de tuberosas amiláceas latino americanas. São Paulo: Fundação Cargill, 2003, v. 3, cap.12, p. 246-332. CHENG, F. M.; ZHONG, L. J.; WANG, F.; ZHANG, G. P. Differences in cooking and eating properties between chalky and translucent parts in rice grains. Food Chemistry, v. 90, p. 39-46, 2005 CHRASTIL, J. Influence of storage on enzyme in rice grains. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 38, p. 1198-202, 1990a. 148 CHRASTIL, J.; ZARINS, Z. M. Influence of storage on peptide subunit composition or rice oryzenin. Journal Agriculture and Food Chemistry, v. 40, p. 927-930, 1992. CHANDRASHEKAR, A.; MAZHAR, H. The biochemical basis and implications of grain strength in sorghum and maize. Journal of Cereal Science, v. 30, p. 193-207, 1999. CHEN, M. H.; BERGMAN, C. J. A rapid procedure for analyzing rice bran tocopherol, tocotrienol and γ-orizanol contents. Journal of Food Composition and Analysis, v. 18, p. 139-151, 2005. CHUNG, H. J.; LIU Q.; HOOVER, R. Impact of annealing and heat-moisture treatment on rapidly digestible, slowly digestible and resistant starch levels in native and gelatinized corn, pea and lentil starches. Carbohydrate Polymers, v. 75, n. 3, p. 436-447, 2009. CONAB, Companhia Nacional de http://www.conab.gov.br/detalhe.php?a=1077&t=2 Abastecimento. 2011. COSTA, A. R.; FARONI, L. R. D.; ALENCAR, E. R.; CARVALHO, M. C. S; FERREIRA, L. G. Qualidade de grãos de milho armazenados em silos bolsa. Revista Ciência Agronômica, v. 41, n. 2, p.200-207, 2010. CROZIER, A.; JAGANATH, I. B.; CLIFFORD, M. N. Dietary phenolics: Chemistry, bioavailability and effects on health. Natural Product Reports, v. 26, p. 1001-1043, 2009. DEBET, M. R.; GIDLEY, M. J. Three classes of starch granule swelling: Influence of surface proteins and lipids. Carbohydrate Polymers, v. 64, p. 452465, 2006. DECAREAU, R. V.; PETERSON, R. A. In: Microwave processing and Engineering, Ellis Horwood Ltd. & Weinheim, Federal Republic of Germany; VCH Verlagsgesellschaft, 1986. DELCOUR, J. A.; HOSENEY, R. C. Principles of Cereal Science and Technology. Editora AACC International, 2010, 270 p. DENARDIN, C. C.; SILVA, L. P. Estrutura dos grânulos de amido e sua relação com propriedades físico-químicas. Ciência Rural, v. 39, n. 3, p. 945-954, 2009. DHALIWAL, Y. S.; SEKHON, K. S.; NAGI, H. P. S. Enzymatic activities and rheological properties of stored rice. Cereal Chemistry, v. 68, p. 18-21, 1991. DILKIN, P.; MALLMANN, C. A.; SANTURIO, J. M.; HICKMANN, J. L. Classificação macroscópica, identificação da microbiota fúngica e produção de alfa toxinas em híbridos de milho. Ciência Rural, v. 30, n. 1, p. 137-141, 2000. 149 DONNALD, A. M. Understanding starch structure and functionality In: ELIASSON, A. C. Starch in food: structure function and applications. Boca Raton: CRC Press, cap.5, p.156-184, 2004. ECKHOFF, S. R. Wet milling, In: Wrigley, C.; Corke, H.; Walker, C. (Eds.), Encyclopedia of grain science 2 (p.30-46). Oxford, UK: Elsevier Ltd., 2004. ELIASSON, A. C. Starch in food – Structure, function and applications. New York: Boca Raton, CRC, 2004, 605 p. ELIASSON, A. C.; Carbohydrates in Food, New York: Marcel Dekker, 1996, 664 p. FANTIN, G. M.; SAWAZAKI, E.; BARROS, B. C. Avaliação de genótipos de milho pipoca quanto a resistência a doenças e qualidade da pipoca. Summa Phytopathologica, v. 17, n. 2, p. 91-104, 1991. FAO, Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2013. FARONI, L. R. A.; BARBOSA, G. N. O.; SARTORI, M. A.; CARDOSO, F. S.; ALENCAR, E. R. Avaliação qualitativa e quantitativa do milho em diferentes condições de armazenamento. Engenharia na Agricultura, v. 13, n.3, p. 193201, 2005. FARGERSON, S. I. Thermal degradation of carbohydrate: a review. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 17, p. 747-750, 1969. FARRINGTON, F. F.; WARWICK, M. J.; SHEARER, G. Changes in the carotenoids and sterol fractions during the prolonged storage of wheat flour. Journal of the Science Food and Agriculture, v. 32, n. 9, p. 948-950, 1981. FERNANDES, M. S.; WANG, S. H.; ASCHERI, J. L. R.; OLIVEIRA, M. F.; COSTA, S. A. J. Produtos extrusados expandidos de misturas de canjiquinha e soja para uso como petiscos. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 37, n. 10, p. 1495-1501, 2002. FLEURAT-LESSARD, F. Qualitative reasoning and integrated management of the quality of stored grain: a promising new approach. Journal of Stored Produts Research, v. 38, n. 2, p. 191-218, 2002. FRANCO, C. M. L.; DAIUTO, E. R.; DEMIATE, I. M.; CARVALHO, L. J. C. B.; LEONEL, M.; VILPOUX, O. F.; SARMENTO, S. B. S. Propriedades gerais do amido, São Paulo: fundação Cargil, 2001, 221 p. FREITAS R. A.; PAULA, R. C.; FEITOSA, J. P. A.; ROCHA, S.; SIERAKOWSKI M. R. A rheological description of mixtures of a galactoxiloglucan with high amylose and waxy corn starches. Carbohydrate polymers, v. 51, p. 25-32, 2003. 150 GALLIARD, T. Hydrolytic and oxidative degradation of lipids during storage of whole meal flour: Effects of bran and germ components. Journal Cereal Science, v. 4, p. 179-192, 1986. GARDNER, H. W. Lipid hydroperoxide reactivity with protein and amino acids: a review. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 27, p. 220-228, 1979. GENKAWA, T.; UCHINO, T.; INOUE, A.; TANAKA, F.; HAMANAKA, D. Development of a low-moisture content storage system for brown rice: storability at decreased moisture contents. Biosystems Engineering, v. 99, p. 515-522, 2008. GERMANI, R.; PACHECO, C. A. P.; CARVALHO, C. W. P. Características físicas e químicas dos principais cultivares de milho pipoca planados no Brasil., Arquivos de Biologia e Tecnologia. v. 40, n. 1, p. 19-27, 1997. GLORIA, E. M.; CIACCO, C. F.; LOPES FILHO, J. F.; ERICSSON, C.; ZOCHI, S. S. Influence of low and high levels of grain defects on maize wet milling. Journal of Food Engineering, v. 55, p. 359-365, 2002. GOMES, M. S.; PINHO, R. G. V.; RAMALHO, M. A. P.; FERREIRA, D. V.; BRITO, A. H. Variabilidade genética em linhagens de milho nas características relacionadas com a produtividade de silagem. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 9, p. 879-885, 2004. GOMES, A. M. M.; SILVA, C. E. M.; RICARDO, N. M. P. S. Effects of annealing on the physicochemical properties of fermented cassava starch (polvilho azedo). Carbohydrate Polymers, v. 60, n. 1, p. 1-6, 2005. GOOD, H. Measurement of color in cereal products. Cereal Foods World, v. 4, p. 5-6, 2002. GRANER, E. A.; GODOY JUNIOR, E. C. Culturas da fazenda brasileira. Edições melhoramento, São Paulo. 1959, 461 p. GUNARATNE, A.; HOOVER, R. Effect of heat-moisture treatment on the structure and physicochemical properties of tuber and root starches. Carbohydrate Polymers, v. 49, n. 4, p. 425-437, 2002. GUO, H.; LING, W.; WANG, Q.; LIU, C.; HU, Y.; XIA, M. Effect of anthocyaninrich extract from black rice (Oryza sativa L. indica) on hyperlipidemia and insulin resistance in fructose-fed rats. Plant Foods for Human Nutrition, v. 62, p. 1-6, 2007. GUTKOSKI, L. C.; PAGNUSSATT, F. A.; SPIER, F.; PEDÓ, I. Efeito do teor de amido danificado na produção de biscoitos tipo semi-duros. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 27, n. 1, p. 119-124, 2007. 151 HAMAKER, B. R.; GRIFFIN, V. K. Effect of disulfide bond-containing protein on rice starch gelatinization and pasting. Cereal Chemistry, v. 70, p. 377-380, 1993. HAN, X. Z.; HAMAKER, B. R. Amylopectin fine structure and rice starch paste breakdown. Journal of Cereal Science, v. 34, p. 279-284, 2001. HARDACRE, A. K.; CLARK, S. M. The effect of hybrid and growing environment on the rheological properties of starch and flour from maize (Zea mays L.) grain dried at four temperatures. International Journal of Food Science and Technology, v. 41, p. 144-150, 2006. HAROS, M.; SUAREZ, C. Effect of drying, initial moisture and variety in corn wet-milling. Journal of Food Engineering, v. 34, p. 473-481, 1997. HAROS, M.; TOLABA, M-P.; SUAREZ, C. Influence of corn drying on its quality for the wet-milling process. Journal of Food Engineering, v. 60, p. 177-184, 2003. HAYFA, S.; COPELAND, L. Effect of storage on fat acidity and pasting characteristics of wheat flour. Cereal Chemistry, v. 84, p. 600-606, 2007. HASJIM, J.; LEE, S.; HENDRICH, S.; SETIAWAN, S.; AI, Y.; JANE, J. Effects of a novel resistant-starch on postprandial plasma-glucose and insulin responses. Cereal Chemistry, v. 87, p. 257-262, 2010. HASJIM, J.; JANE, J. Production of resistant starch by extrusion cooking of acid modified normal-maize starch. Journal of Food Science, v. 74, p. C556-C562, 2009. HOOVER, R. Composition, molecular structure, and physicochemical properties of tuber and root starches: A Review. Carbohydrate Polymers, v. 45, n. 3, p. 253-267, 2001. HOOVER, R.; RATNAYAKE, W. S. Determination of total amylose content of starch. In R.E. Wrolstad, T.E. Acree, H. An, E.A. Decker, M.H. Penner, D.S. Reid, S.J. Schwartz, C.F. Shoemaker, & P. Sporns (Eds.). Current protocols in food analytical chemistry, John Wiley and Sons Inc, New York, pp. E2.3.1–E2.3.5, 2001. HORMDOK, R.; NOOMHORM, A. Hydrothermal treatments of rice starch for improvement of rice noodle quality. Lebensmittel Wissenchaft und Tecnologie, v. 40, n. 10, p. 1723-1731, 2007. HOSENEY, R. C.; ZELEZNAK, K. ; ABDELRAHMAN, A. Mechanism of Popcorn popping. Jornal of Cereal Science I, p. 43-52, 1983. HYUN, J. W.; CHUNG, H. S. Cyanidin and malvidin from Oryza sativa cv. Heungjinjubyeo mediate cytotoxicity against human monocytic leukemia cells by 152 arrest of G(2)/M phase and induction of apoptosis. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 52, p. 2213-2217, 2004. HU, C.; ZAWISTOWSKI, J.; LING, W.; KITTS, D. D. Black rice (Oryza sativa L. indica) pigmented fraction suppresses both reactive oxygen species and nitric oxide in chemical and biological model systems. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 5271-5277, 2003. HUGHES, T.; HOOVER, R.; LIU, Q.; DONNER, E.; CHIBBAR, R.; JAISWAL, S. Composition, morphology, molecular structure, and physicochemical properties of starches from newly released chickpea (Cicer arietinum L.) cultivars grown in Canada. Food Research International, v. 42, n. 5-6, p. 627-635, 2009. IMBERTY, A.; BULEON, A.; TRAN, V.; PERES, S. Recent advances in knowledge of starch structure. Starch/Stärke, v. 43, n. 10, p. 375-384, 1991. ISTA. INTERNATIONAL SEED TESTING ASSOCIATION.; Determination of other seeds by number. In: International rules for seed testing. 1ed. 2008. Bassersdorf, c. 4, p. 4.1-4.3, 2008. JANE, J. L.; CHEN, J. Effect of amylose molecular size and amylopectin branch chain length on paste properties of starch. Cereal Chemistry, v. 69, p. 60-65, 1992. JANE, J.; CHEN, Y.Y.; LEE, L.F.; MCPHERSON, A.E.; WONG, K.S.; RADOSAVLJEVIC, M.; KASEMSUWAN, T. Effects of amylopectin branch chain length and amylose content on the gelatinization and pasting properties of starch. Cereal Chemistry, v. 76, n. 5, p. 629-637, 1999. JI, Y.; AO, Z.; HAN, J.-A.; JANE, J.-L.; BEMILLER, J. N. Waxy maize starch subpopulations with different gelatinization temperatures. Carbohydrate Polymers, v. 57, p. 177-190, 2004. JOBLING, S. Improving starch for food and industrial applications. Plant Biotechnology, v. 7, p. 210-218, 2004. KARLSSON, M. E.; ELIASSON, A. C. Gelatinization and retrogradation of potato (Solanum tuberosum) starch in situ as assessed by differential scanning calorimetry (DSC).; Lebensmittel Wissenchaft und Tecnologie, v. 36, n. 8, p. 735-741, 2003. KOIDE, T.; KAMEI, H.; HASHIMOTO, Y.; KOJIMA, T.; HASEGAWA, M. Antitumor effect of hydrolyzed anthocyanin from grape rinds and red rice. Cancer Biotherapy and Radiopharmacology, v. 11, n. 4, p. 273-277, 1996. KONOPKA, I.; KOZIROK, W.; ROTKIEWICZ, D. Lipids and carotenoids of wheat grain and flour and attempt of correlating them with digital image analysis of kernel surface and cross-sections. Food Research International, v. 37, p. 429-438, 2004. 153 KUAKPETOON, D.; WANG, Y. Internal structure and physicochemical properties of corn starches as revealed by chemical surface gelatinization. Carbohydrate Research, v. 342, p. 2253-2263, 2007. KWON, S. H.; AHN, I. S.; KIM, S. O.; KONG, C. S.; CHUNG, H. Y.; DO, M. S.; PARK, K. Y. Anti-obesity and hypolipidemic effects of black soybean anthocyanins. Journal of Medicinal Food, v. 10, p. 552-556, 2007. LAJOLO, F. M.; MENEZES, E. W. Carbohidratos en alimentos regionales Iberoamericanos. São Paulo, Universidade de São Paulo, 2006, 648 p. LAMBERTS, L.; ROMBOUTS, I.; BRIJS, K.; GEBRUERS, K.; DELCOUR, J. A. Impact of parboiling conditions on Maillard precursors and indicators in longgrain rice cultivars. Food Chemistry, v. 110, n. 4, p. 916-922, 2008. LAN, H.; HOOVER, R.; JAYAKODY, L.; LIU, Q.; DONNER, E.; BAGA, M.; ASARE, E. K.; HUCL, P.; CHIBBAR, R. N. Impact of annealing on the molecular structure and physicochemical properties of normal, waxy and high amylose bread wheat starches. Food Chemistry, v. 111, n. 3, p. 663-675, 2008. LAWTON, J. W. Zein: A History of Processing and Use. Cereal Chemistry. v. 79, p. 1, 2002. LAWAL, O. S.; ADEBOWALE, K. O.; OGUNSANWO B. M.; BARBA L. L.; ILO, N. S. Oxidized and acid thinned starch derivatives of hybridmaize: functional characteristics, wide-angle X-ray diffractometry and thermal properties. International Journal of Biological Macromolecules, v. 35, p. 71-79, 2005. LEACH, H. W.; McCOWEN, L. D.; SCHOCH, T. J. Structure of the starch granule. I. Swelling and solubility patterns of various starches. Cereal Chemistry, v. 36, n. 6, p. 534-544, 1959 LELOUP, V. M.; COLONNA, P.; RING, S. G.; ROBERTS, K.; WELLS, B.; Microstructure of amylose gels. Carbohydrate Polymers, v. 18, p. 189-196, 1992. LIMBERGER, V. M.; SILVA, L. P.; EMANUELLI, T.; COMARELA, C. G.; PATIAS, L. D. Modificação química e física do amido de quirera de arroz para aproveitamento na indústria de alimentos. Química Nova, v. 31, n. 1, p. 84-88, 2008. LIN, M. J. Y.; HUMBERT, E. S.; SOSULSKI, F. W. Certain functional properties of sunflower meal products. Journal of Food Science, n. 2, p. 368-370, 1974. LIN, S. S. Efeito do período de armazenamento na lixiviação eletrolítica dos solutos celulares e qualidade fisiológica da semente de milho (Zea mays L.) e feijão (Phaseolus vulgaris L.). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 10, n. 3, p. 59-67, 1988. 154 LING, W. H.; CHENG, Q. X.; MA, J.; WANG, T. Red and black rice decrease atherosclerotic plaque formation and increase antioxidant status in rabbits. Journal of Nutrition, v. 131, p. 1421-1426, 2001. LIU, K.; MCWATTERS, K. H.; PHILLIPS, R. D. Protein insolubilization and termal destabilization during storage as related to hard-tocook defect in cowpeas. Journal of Agricultural Food Chemistry, v. 40, p. 2483-2487, 1992. LIU, Q. Starch Modifications and Applications. In: CUI, S. W (Ed.). Food Carbohydrates: Chemistry, Physical Properties, and Applications, CRC Press, cap.8, p. 357-406, 2005. LOPES FILHO, J. F.; RAMOS, A. P.; ROMERO, J.T. Difusividades da água, dióxido de enxofre e ácido lático em grãos de milho durante a maceração para o processo de moagem úmida. Brazilian Journal of Food Technology, v. 9, n. 4, p. 257-263, 2006. MALUMBA, P.; MASSAUX, C.; DEROANNE, C.; MASIMANGO, T.; BÉRA, F. Influence of drying temperature on functional properties of wet-milled starch granules. Carbohydrate Polymers, v. 75, p. 299-306, 2009. MALUMBA, P.; JANAS, S.; ROISEUX, O.; SINNAEVE, G.; MASIMANGO, T.; SINDIC, M.; DEROANNE, C.; BÉRA, F. Comparative study of the effect of drying temperatures and heat-moisture treatment on the physicochemical and functional properties of corn starch. Carbohydrate Polymers, v. 79, p. 633641, 2010. MARTIN, M.; FITZGERALD, M. A. Proteins in rice grains influence cooking properties. Journal of Cereal Science, v. 36, p. 285-294, 2002. MCGRANCE, S. J.; CORNELL, H. J.; RIX, J. R. A simple and rapid colorimetric method for the determination of amylose in starch products. Starch/Stärke, v. 50, p. 158-163, 1998. MENKIR, A.; LIU, W.; WHITE, W.S.; MAZIYA-DIXON, B.; ROCHEFORD, T. Carotenoid diversity in tropical-adapted yellow maize inbred lines. Food Chemistry, v. 109, n. 3, p. 521-529, 2008. MININ, V. P. R. Análise sensorial: Estudo com consumidores. Viçosa-MG: UFV. 2010. NAKAZAWA, Y.; WANG, Y. J. Effect of annealing on starch-palmitic acid interaction. Carbohydrate Polymers, v. 57, n. 3, p. 327-335, 2004. NASAR-ABBAS, S. M.; PLUMMER, J. A.; SIDDIQUE, K. H. M.; WHITE, P.; HARRIS, D.; DODS, K. Cooking quality of faba bean after storage at high temperature and the role of lignins and other phenolics in bean hardening. LWT- Food Science and Technology, v. 41, p. 1260-1267, 2008b. 155 NAYOUF, M.; LOISEL, C.; DOUBLIER, J. L. Effect of thermomechanical treatment on the rheological properties of crosslinked waxy corn starch. Journal of Food Engineering, v. 59, p. 209-219, 2003. NONIER, M-F.; GAULEJAC, N. V. D.; VIVAS, N.; VITRY, C. Characterization of carotenoids and their degradation products in oak wood. Incidence on the flavour of wood. Comptes Rendus Chimie, v. 7, n. 6, p. 689-698, 2004. NOOMHORM, A.; KONGSEREE, N.; PINTANAPONG, N. Effect of aging on the quality of glutinous rice crackers.; Cereal Chemistry, v. 74, p. 12-15, 1997. OATES, C. G. Towards and understanding of starch granule structure and hydrolysis. Trends in Food Science & Technology, v. 8, p. 375-382, 1997. OLAYINKA, O. O.; ADEBOWALE, K. O.; OLU-OWOLABI, B. I. Effect of heatmoisture treatment on physicochemical properties of white sorghum starch. Food Hydrocolloids, v. 22, n. 2, p. 225-230, 2008. PAES, M. C. D. Aspectos Físicos, Químicos e Tecnológicos do Grão de Milho. Circular Técnica 75, Embrapa, 2006. PARAGINSKI, R. T.; EVANGELHO, J. A.; COLUSSI, R.; SILVA, R. M.; ZAVAREZE, E. R.; OLIVEIRA, M.; ELIAS, M. C.; DIAS, A. R. G. Starch and flour from defective rice kernels and their 3 physicochemical properties. Starch/Starke, v. 66, p. 1-9, 2014. PARAGINSKI, R. T.; VANIER, N. L.; MOOMAND, K.; OLIVEIRA, M.; ZAVAREZE, E. R.; SILVA, R. M.; FERREIRA, C. D.; ELIAS, M. C. Characteristics of starch isolated from maize as a function of grain storage temperature. Carbohydrate Polymers, v. 102, p. 88-94, 2014. PARAGINSKI, R. T.; VANIER, N. L.; BERRIOS, J. J.; OLIVEIRA, M.; ELIAS, M. C. Physicochemical and pasting properties of maize as affected by storage temperature. Journal of Stored Products Research, 2014. PARK, C-E.; KIM, Y-S.; PARK, K-J.; KIM, B-K. Changes in physicochemical characteristics of rice during storage at different temperatures. Journal of Stored Products Research, v. 48, p. 25-29, 2012. PARKER, R.; RING, S. G. Aspects of the physical chemistry of starch. Journal of Cereal Science, v. 34, n. 1, p. 1-17, 2001. PATERNIANI, E.; VIÉGAS, G. P. Milhos especiais e seu valor nutritivo. In: TOSELLO, G.A. Melhoramento e produção de milho. 2ed., v.1, Campinas: Fundação Cargil, 1987, 338 p. PATINDOL, J.; WANG, Y.-W.; JANE, J. Structure-functionality changes in starch following rough rice storage. Starch/Starke, v. 57, p. 197-207, 2005. 156 PERONI, F. H. G. Características estruturais e físico-químicas de amidos obtidos de diferentes fontes botânicas. 2003., 118p. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência de Alimentos) – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, São José do Rio Preto, SP, 2003. PERDON, A. A.; MARKS, B. P.; SIEBENMORGEN, T. J.; REID, N. B. Effects of rough rice storage conditions on the amylograph and cooking properties of medium-grain rice cv. Bengal. Cereal Chemistry, v. 74, p. 864-867, 1997. PRATT, R. C.; PAULIS, J. W.; MILLER, K.; NELSEN, T.; BIET, J. A. Association of zein classes with maize kernel hardness. Cereal Chemistry, v. 72, n. 2, p. 162-167, 1995. QI, X.; TESTER, R. F.; SNAPE, C. E.; ANSELL, R. The effect of annealing on structure and gelatinization of maize starches with amylose dosage series. Progress in Food Biopolymer Research, v. 1, n. 1, p. 1-27, 2005. QUEIROZ, D. M.; PEREIRA, J. A. M. Secagem de grãos em baixas temperaturas. In: Curso de Secagem e Aeração. Porto Alegre, Pólo de Tecnologia de Pós-Colheita do Rio Grande do Sul. Editora da UFV, 53p., 2001. RABEK, J. F. Applications of wide-angle X-ray diffraction (WAXD) to the study of the structure of polymers. Experimental methods in polymer chemistry, 1 ed., p. 505-508, Chichester: Wiley-Interscience, 1980. RE, R.; PELLEGRINI, N.; PROTEGGENTE, A.; PANNALA, A.; YANG, M.; RICE-EVANS, C.; Antioxidant activity applying an improved abts radical cation decolorization assay. Free Radical Biology & Medicine, v. 26, n. 9-10, p. 1231-1237, 1999. REHMAN, Z-U.; HABIB, F.; ZAFAR, S. I. Nutritional changes in maize (Zea mays) during storage at three temperatures. Food Chemistry, v. 77, p. 197201, 2002. RODRIGUEZ AMAYA, D. B.; VALENTE SOARES, L. M. Survey of aflatoxins, ochratoxin A, Zearalenone and sterigmatocystin some Brazilian foods, utilizing a multtoxin thin layer chromatographic method. Journal Association of Anal Chemistry, v. 72, n. 1, p. 22-26, 1989. RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. A guide to carotenoid analysis in foods. Washington, DC: International Life Sciences Institute, 2001, 64 p. RODRIGUEZ-AMAYA, D. B.; KIMURA, M. HarvestPlus Handbook for Carotenoid Analysis. HarvestPlus Technical Monograph: Washington, DC and Cali: International Food Policy Research Institute (IFPRI) and International Center for Tropical Agriculture (CIAT), 2004. RUPOLLO, G.; VANIER, N. L.; ZAVAREZE, E. R.; OLIVEIRA, M.; PEREIRA, J. M.; PARAGINSKI, R. T.; DIAS, A. R. G.; ELIAS, M. C. Pasting, morphological, thermal and crystallinity properties of starch isolated from beans stored under 157 different atmospheric conditions. Carbohydrate Polymers, v. 86, p. 1403-1409, 2011. SALMAN, H.; LES, C. Effect of storage on fat acidity and pasting characteristics of wheat flour. Cereal Chemistry, v. 84, n. 6, p. 600-606, 2007. SANDHU, K. S.; SINGH, N. Some properties of corn starches II: physicochemical, gelatinization, pasting and gel textural properties. Food Chemistry, v. 101, p. 1499-1507, 2007. SANDHU, K. S.; SINGH, N.; LIM, S-T. A comparison of native and acid thinned normal and waxy corn starches: Physicochemical, thermal, morphological and pasting properties. LWT-Food Science Technology, v. 40, n. 9, p. 1527-1536, 2007. SANDHU, K. S.; SINGH, N.; MALHI, N. S. Physicochemical and thermal properties of starches separated from corn produced from crosses of two germ pools. Food Chemistry, v. 89, n. 4, p. 541-548, 2005. SASAKI, R.; NISHIMURA, N.; HOSHINO, H.; ISA, Y.; KADOWAKI, M.; ICHI, T.; TANAKA, A.; NISHIUMI, S.; FUKUDA, I.; ASHIDA, H.; HORIO, F.; TSUDA, T.; Cyanidin 3-glucoside ameliorates hyperglycemia and insulin sensitivity due to down regulation of retinol binding protein 4 expression in diabetic mice. Biochemical Pharmacology, v. 74, p. 1619-1627, 2007. SAWAZAKI, E. Parâmetros genéticos em milho pipoca (Zea mays L.). Piracicaba, 1996. p.156. (Doutorado – Escola Superior Luis de Queiroz/USP) SAWAZAKI, E. Melhoramento de milho pipoca. Documento IAC, 53. IAC, Campinas, 1995, 21 p. SAWAZAKI, E.; MORAIS, J. F.; LAGO, A. A. Influência do tamanho e umidade do grão na expansão da pipoca South American Mushroom. Bragantia, Campinas, v. 45, n. 2, p. 363-370, 1986b. SETIAWAN, S.; WIDJAJA, H.; RAKPHONGPHAIROJ, V.; JANE, J-L. Effects of Drying Conditions of Corn Kernels and Storage at an Elevated Humidity on Starch Structures and Properties. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 58, p. 12260-12267, 2010. SHEN, Y.; JIN, L.; XIAO, P.; LU, Y.; BAO, J. Total phenolics, flavonoids, antioxidant capacity in rice grain and their relations to grain color, size and weight. Journal of Cereal Science, v. 49, p. 106-111, 2009. SHOTWELL, M. A. Y.; LARKINS, B. A. The Biochemistry and Molecular Biology of Seed Storage Protein. In: The Biochemistry of Plants, Marcus, A. (Ed.). v.15. Academic Press, San Diego, California, pp: 297-345, 1989. SINGH, V.; KAUR, L.; MCCARTHY, O. J. Hybrid dependent effect of lactic acid on corn starch yields. Cereal Chemistry, v. 74, n. 3, p. 249-253, 1997. 158 SINGH, N.; SINGH, J.; KAUR, L.; SODHI, N. S.; GILL, B. S. Morphological, thermal and rheological properties of starches from different botanical sources. Food Chemistry, v. 81, n. 2, p. 219-231, 2003. SINGH, N.; SANDHU, K. S.; KAUR, M. Characterization of starches separated from Indian chickpea (Cicer arietinum L.) cultivars Journal of Food Engineering, v. 63, n. 4, p. 441-449, 2004. SINGH, H.; CHANG, Y.H.; LIN, J-H.; SINGH, N.; SINGH, N. Influence of heatmoisture treatment and annealing on functional properties of sorghum starch. Food Research International, v. 44, p. 2949-2954. 2011. SIRISOONTARALAK, P.; NOOMHORM, A. Changes to physicochemical properties and aroma of irradiated rice. Journal of Stored Products Research, v. 42, p. 264-276, 2006. SIRISOONTARALAK, P.; NOOMHORM, A. Changes in physicochemical and sensory-properties of irradiated rice during storage. Journal of Stored Products Research, v. 43, p. 282-289, 2007. SODHI, N. S.; SINGH, N.; ARORA, M.; SING, J. Changes in physicochemical, thermal, cooking and textural properties of rice during aging. Journal of Food Processing and Preservation, v. 27, p. 387-400, 2003. SUMNU, G. A review on microwave baking of foods. International Journal of Food Science and Technology, v. 36, n. 2, p. 111-127, 2001. TANANUWONG, K.; MALILA, Y. Changes in physicochemical properties of organic hulled rice during storage under different conditions. Food Chemistry, v. 125, n. 1, p. 179-185, 2011. TEO, C. H.; KARIM, A. A.; CHEAH, P. B; NORZIAH, M. H.; SEOW, C. C. On the roles of protein and starch in the aging of non-waxy rice four. Food Chemistry, v. 69, p. 229-236, 2000. TESTER, R. F.; MORRISON, W. R. Swelling and gelatinization of cereal starches. I. Effects of amylopectin, amylose, and lipids. Cereal Chemistry, v. 67, n. 6, p. 551-557, 1990. TESTER, R. F.; DEBON, S. J. J.; KARKALAS, J. Annealing of wheat starch. Journal of Cereal Science, v. 28, n. 3, p. 259-272, 1998. TESTER, R. F.; KARKALAS, J.; QI, X. Starch-composition, fine structure and architecture. Journal of Cereal Science, v. 39, n. 1, p. 151-165, 2004. THOMAS, D. J.; ATWELL, W. A. Starches: practical guides for the food industry. Minnessota: Eagan Press Handbook Series, 1999, 94 p. 159 TRONO, D.; PASTORE, D.; DI FONZO, N. Carotenoid dependent inhibition of durum wheat lipoxygenase. Journal of Cereal Science, v. 29, n. 1, p. 99-102, 1998. TSAI, M. L.; LI, C.F.; LII, C. Y. Effects of granular structures on the pasting behaviors of starches. Cereal Chemistry, v. 74, n. 6, p. 750-757, 1997. VAN DER MAAREL, M. J. E. C.; VAN DER VEEN, B.; UITDEHAAG, J. C. M.; LEEMHUIS, H.; DIJKHUIZEN, L. Properties and applications of starchconverting enzymes of the α-amylase family. Journal of Biotechnology, v. 94, n. 2, p. 137-155, 2002. VANDEPUTTE, G. E.; DELCOUR, J. A. From sucrose to starch granule to starch physical behavior: a focus on rice starch. Carbohydrate Polymers, v. 58, p. 245-266, 2004. XIA, X.; LING, W.; MA, J.; XIA, M.; HOU, M.; WANG, Q.; ZHU, H.; TANG, Z. An anthocyanin-rich extract from black rice enhances atherosclerotic plaque stabilization in apolipoprotein E-deficient mice. Journal of Nutrition, v. 136, p. 2220-2225, 2006. YOU, S.; STEVENSON, S. G.; IZYDORCZYK, M. S.; PRESTON, K. R. Separation and characterization of barley starch polymers by a flow field-flow fractionation technique in combination with multiangle light scattering and differential refractive index detection. Cereal Chemistry, v. 79, n. 5, p. 624-630, 2002. YOUSIF, A. M.; BATEY, I. L.; LARROQUE, O. R.; CURTIN, B.; BEKES, F.; DEETH, H. C. Effect of storage of adzuki bean (Vigna angularis) on starch and protein properties. LWT-Food Science and Technology, v. 36, n. 6, p. 601607, 2003. YU, L.; CHRISTIE, G. Measurement of thermal transitions using differential scanning calorimetry. Carbohydrate Polymers, v. 46, p. 179-184, 2001. YUAN, D.; BASSIE, L.; SABALZA, M.; MIRALPEIX, B.; DASHEVSKAYA, S.; FARRE, G.; RIVERA, S.M.; BANAKAR, R.; BAI, C.; SANAHUJA, G.; ARJÓ, G.; AVILLA, E.; ZORRILLA-LÓPEZ, U.; UGIDOS-DAMBORIENA, N.; LÓPEZ, A.; ALMACELLAS, D.; ZHU, C.; CAPELL, T.; HAHNE, G.; TWYMAN, R. M.; CHRISTOU, P. The potential impact of plant biotechnology on the Millennium Development Goals. Plant Cell Reports, v. 30, n. 3, p. 249-265, 2011. WANG, Y-J; WANG, L.; SHEPHARD, D.; WANG, F.; & PATINDOL, J. Properties and structures of flours and starches from whole, broken, and yellowed rice kernels in a model study. American Association of Cereal Chemists, Inc., v. 79, n. 3, 2002. WATCHARATEWINKUL, Y.; PUTTANLEK, C.; RUNGSARDTHONG, V.; UTTAPAP, D. Pasting properties of a heat-moisture treated canna starch in 160 relation to its structural characteristics, Carbohydrate Polymers, v. 75, n. 3, p. 505-511, 2009. WEBER, F. H.; COLLARES-QUEIROZ F. P.; CHANG, Y. K. Caracterização físicoquímica, reológica, morfológica e térmica dos amidos de milho normal, ceroso e com alto teor de amilose. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. 4, p. 748-753, 2009. ZAVEREZE, E. R.; DIAS A. R. G. Impact of heat-moisture treatment and annealing in starches: a review. Carbohydrate Polymers, v. 83, p. 317-328, 2011. ZHONG, F.; LI, Y.; IBANZ, A. M.; OH, M. H.; MCKENZIE, K. S.; SHOEMAKER, C. The effect of rice variety and starch isolation method on the pasting and rheological properties of rice starch pastes. Food Hydrocolloids, v. 23, n. 2, p. 406-414, 2009. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Effect of rice storage on pasting properties of rice flour. Food Research International, v. 36, p. 625-634, 2003. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Effect of storage temperature on rice thermal properties. Food Research International, v. 43, p. 709-715, 2010. ZIEGLER, K. E.; ASHMAN, B. Popcorn. In : HALLAUER, A. ed. Specialty Corns. Ames, Iowa, CRC Press, cap. 7, p. 189-223, 1994. ZIELINSKI, H.; KOZLOWSKA, H. Antioxidant activity and total phenolics in selected cereal grains and their different morphological fractions. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 48, n. 6, p. 2008-2016, 2000. ŽILIĆ, S.; SERPEN, A.; AKILLIOĞLU, G.; GÖKMEN, V.; VANĈETOVIĆ, J. Phenolic compounds, carotenoids, anthocyanins, and antioxidant capacity of colored maize (Zea mays L.) kernels. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 60, n. 5, p. 1224-1231, 2012. ZOBEL, H. F.; Starch crystal transformations and their industrial importance, Starch/Stärke, v. 40, n. 1, p. 1-7, 1988. ZOBEL, H. F. X-ray analysis of starch granules. In R. L. Whistler, R. J. Smith, J. N. BeMiller (Eds.), Methods in Carbohydrate Chemistry, fourth ed. Academic Press, Orlando FL, p p. 109-113., 1964. 161