POLÍTICAS AGRÍCOLAS DO BRASIL E DA UNIÃO EUROPÉIA: EXISTE CONVERGÊNCIA DE INTERESSES NAS POLÍTICAS? ASPECTOS GERAIS E SUAS IMPLICAÇÕES. [email protected] POSTER-Comércio Internacional ROGÉRIO DE OLIVEIRA SÁ1; PAULA LUCIANA DA SILVA2. 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, CUIABÁ - MT - BRASIL; 2.SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DE MATO GROSSO, CUIABÁ - MT - BRASIL. Políticas agrícolas do Brasil e da União Européia: Existe convergência de interesses nas políticas? Aspectos gerais e suas implicações. Grupo de Pesquisa: Comércio Internacional Resumo As políticas agrícolas de modo geral procuram atender determinados objetivos, com o intuito de mitigar algumas limitações e promover o desenvolvimento de suas potencialidades. Dessa maneira, o estudo procurar verificar se existe convergência de interesses nos objetivos da Política Agrícola do Brasil e da União Européia e analisa algumas implicações. O resultado mostra sob aspectos mais gerais e suas implicações que a política da União Européia e do Brasil, apesar ser extremamente viesado, com intuito de garantir o abastecimento alimentar e dar suporte aos seus produtores possibilitou aumento da oferta de alimentos no mundo, bem como a ampliação dos mercados, motivada pelas trocas comerciais entre os países da UE com Brasil. Palavras-chaves: Política Agrícola, Política Agrícola Comum, Mercados Internacionais. Abstract Agricultural policies generally seek to meet certain goals, in order to mitigate some limitations and promote the development of their capabilities. Thus, the study seek to verify whether there is convergence of interests in the objectives of agricultural policy in Brazil and the European Union and discusses some implications. The result shows in more general aspects and implications that the policy of the European Union and Brazil, despite being extremely biased, with the aim of ensuring food supply and give support to their producers significantly increased the food supply in the world, as well as expansion of markets, driven by trade among EU countries with Brazil. Key Words: Agricultural Policy, Common Agricultural Policy; International Markets 1. INTRODUÇÃO As políticas agrícolas de modo geral procuram atender determinados objetivos, com o intuito de mitigar algumas limitações e promover o desenvolvimento de suas potencialidades, mas não somente, como por exemplo, buscar alternativas que possa preservar os recursos naturais, entre outros. Figueiredo (2006, p.3) define política agrícola brasileira como “o conjunto de planos, programas e projetos com o objetivo de aperfeiçoar, regular, ou incentivar os 1 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural diferentes elos do agronegócio brasileiro”. Todavia, a definição de política agrícola não é consenso, pois a política depende de modo geral das necessidades (demanda) por alimento e de seus desdobramentos, no caso, geração de renda e emprego para os produtores rurais, e recentemente a preservação dos recursos naturais disponíveis. 2. OBJETIVOS DA POLÍTICA AGRÍCOLA BRASILEIRA E UE. No Brasil a política agrícola foi regulamentada através da Lei Federal Nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, está lei dispõe sobre a Política Agrícola, sendo que o Art. 3° define os objetivos da política agrícola brasileira. A política agrícola brasileira têm 27 (vinte e sete) objetivos, enquanto que na PAC tem apenas três objetivos macros. Segundo Pinheiro e Carvalho (1999, p.348) a Comunidade Econômica Européia surgiu em 1957, através da assinatura do Tratado de Roma, que definiu os objetivos da política agrícola, com intuito de aumentar a produtividade, equidade a população agrícola e estabilização do mercado, com garantia de preços e segurança alimentar. Dessa forma, observa-se que os objetivos da PAC são semelhantes aos objetivos definidos na política agrícola brasileira, mas especificamente os itens I e XVII do artigo 3º da Lei nº 8.171/1991 que prevê o incremento da produção agrícola e melhoria da qualidade de vida no meio rural. Nesse sentido é possível verificar que através dos objetivos definidos pela política agrícola, tanto do Brasil, quanto da União Européia (UE) existem convergências de interesses nas políticas. Ou seja, os objetivos procuram dar respaldo a segurança alimentar de seus países, ao equilíbrio de mercado, promover um nível equitativo à população rural (redução das disparidades regionais) e aumentar a produtividade da agricultura, de forma a preservar a produção agrícola. As práticas empregadas pelos países (UE e Brasil) procuram atender e cumprir os objetivos delineados e propostos. Os principais instrumentos adotados pelos países da União Européia e do Brasil na condução de suas políticas agrícolas, são: Política de Garantia de Preços; Aquisição de excedentes de produção; Subsídios aos produtores e Políticas de Armazenamento. Isso reflete no mercado internacional com alterações nos preços (FIGUEIREDO, 2006). Os instrumentos para consolidar as políticas, assim como os objetivos delineados, como foram visto anteriormente, se convergem. Na medida em que estes instrumentos procuram atender os seus interesses, do mesmo modo, as ações destas políticas ressaltam as necessidades de atender aos seus próprios interesses. 2. ALGUMAS IMPLICAÇÕES Segundo Carvalho e Silva (1995) os recursos destinado para as políticas agrícola da UE vêm da formação do Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA) que provê os recursos para políticas, subdividindo as políticas em orientação e garantia. Em relação a Orientação financia medidas de natureza estrutural, enquanto a Garantia Agrícola é responsável pelo aumento da oferta agrícola européia, tendo como base maior eficiência, em grande parte, este aumento da eficiência é resultado da fixação de preços elevados e estáveis para os agricultores1 (CARVALHO; SILVA, 1995). 1 Os preços estabelecidos como garantias são fixados anualmente e se caracterizam por apresentar meta acima dos preços vigentes no mercado internacional, a justificativa para isso é de que os custos de produção eram extremamente elevados na Comunidade Européia em comparação aos outros grandes países produtores, 2 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural No Brasil os recursos destinados a financiar as políticas agrícolas de modo geral, vêm do Tesouro Nacional, e em grande parte das Reservas de Contingência dos Bancos Privados e dos Depósitos feitos compulsoriamente no Banco Central do Brasil. Outra pequena parte é financiada por grupos de empresas privas (trade’s) que através dos instrumentos de políticas agrícolas fazem operações de compra antecipada da produção do produtor rural (Cédula do Produtor Rural). A grande diferença entre as políticas agrícola do Brasil em relação a União Européia é que no Brasil a política é criada com base em duas linhas de discussão, as que tem forte conotação ligadas as questões Agrárias e, a que dá ênfase ao mercado, ou propriamente a agricultura comercial, assim chamada. Na linha de defesa das políticas ligadas às questões Agrárias temos o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que trata da agricultura familiar, do processo de assentamento nas propriedades com a reforma agrária e extensão rural, na outra ponta o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que tem um conjunto de atribuições que vai desde estimular o aumento da produção, ao desenvolvimento do agronegócio, com foco nas exportações e, sobretudo, fazer com que o agronegócio proporcione segurança alimentar e redução das desigualdades regionais. Além de atender os seus próprios interesses, no caso a PAC para a União Européia e a Lei nº 8.171 de 1991 para o Brasil, essas políticas reflete outros desdobramentos. Por exemplo, os Principais produtos exportados pelo Brasil para a União Européia são em grande parte associado ao setor primário, tais como: Grãos de soja, mesmo triturados; Café; Minérios de Ferro; Suco de Laranja; Óleos brutos de petróleo; Madeira e Frango. Enquanto, os principais produtos importados pelo Brasil da União Européia são, alguns produtos semi-manufaturados e de insumo a agricultura brasileira: Máquinas e equipamentos; Vinho; Agrotóxicos e Trigo. Apesar das políticas convergir no sentido de procurar beneficiar o mercado interno, o acesso ao mercado internacional agrícola contribui para seu fortalecimento, ou seja, as trocas comerciais promovem a expansão dos mercados e o compartilhamento de novas tecnologias. Um dado importante a destacar da relação comercial entre os países da União Européia e o Brasil foi a ampliação desse comércio. Em 1981 o corrente comércio proporcionou um incremento nas relações comerciais superior a 10 bilhões de dólares. Em 2009 o corrente comércio chegou a superar os 63 bilhões de dólares. Enquanto que a taxa de cobertura, definida pela relação entre as exportações brasileira e as importações realizadas dos países da União Européia reduziu de 2,0 em 1981 para 1,2 em 2009, isso mostra que a tendência é de equilíbrio nos saldos das balanças comerciais. Portanto, foi possível perceber sob aspectos mais gerais e suas implicações que a política da União Européia e do Brasil, apesar ser extremamente viesado, com intuito de garantir o abastecimento alimentar e dar suporte aos seus produtores, com garantia a estabilidade do mercado interno e de subsídios à exportação dos produtos, possibilitou aumento da oferta de alimentos no mundo, bem como a ampliação dos mercados, motivada tendo como parâmetro os custos no início dos anos 60. Os instrumentos adotados pela Seção Garantia diferem por tipo de produto, sendo que os principais são aqueles que provem a proteção frente ao mercado externo: direitos fiscais compensatórios e reembolsos à exportação. (CARVALHO; SILVA, 1995). 3 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural pelas trocas comerciais entre os países do bloco e com Brasil e, sobretudo, a difusão de tecnologias no setor agrícola, refletindo em maior eficiência e elevação da produtividade da agricultura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CARVALHO, M. A.; SILVA, C. R. L. Políticas agrícolas dos países desenvolvidos. São Paulo, IEA, 1995. 112p. FIGUEIREDO, A. M. R. Política Agrícola e Desenvolvimento Econômico. Caderno didático, Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil, 2006. p.108. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). PINHEIRO, A. C. A.; CARVALHO, M. L.S. Economia e Políticas Agrícolas. Manuais da Universidade de Évora, 1999. 4 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural