A ORALIDADE NA PRODUÇÃO TEXTUAL NO GÊNERO CONTO Maria da Conceição R. Cavalcanti (UFRN) [email protected] José Josemar C. dos Santos (UFRN) [email protected] Mirlene Coutinho de Melo (UFRN) [email protected] As mudanças (variações) linguísticas estão intimamente relacionadas com as práticas sociais, assim, a língua falada e a língua escrita passam, lentamente, pelo processo de mudança ao longo do tempo. Portanto, é no meio social em que percebemos as intenções comunicativas, as características e as divergências da escrita e da fala. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivos identificar as marcas de oralidade e a persistência ou não dessas marcas na escrita e reescrita de textos narrativos do gênero conto. A metodologia empregada para o desenvolvimento desta atividade de pesquisa e para a coleta do corpus foi a realização de uma oficina literária, intitulada O mundo da Imaginação: Leituras orientadas para a criação de um novo universo literário, no Instituto Ary Parreiras, localizado na capital do Rio Grande do Norte, com os alunos do 6° ano. A temática geral deste trabalho é a variação lingüística em que ressalta a presença da oralidade na escrita. O aporte teórico deste trabalho está fundamentado na perspectiva sociolingüística e nos diversos tipos de gramática, assim, o nosso trabalho está ancorado nos seguintes autores: Cardoso (1995), Kato (2004), Possenti (1997) e Wilson (2006), que discutem, com particularidade, essa temática. Esta pesquisa nos permitiu observar que, mesmo após a reescrita dos textos, “os erros gramaticais” são apenas variações da língua falada na língua escrita, influenciada pelo meio social e cultural do indivíduo. PALAVRAS-CHAVE: Variação Linguística. Oralidade. Conto. 1. INTRODUÇÃO As mudanças (variações) linguísticas estão intimamente relacionadas com as práticas sociais, assim, a língua falada e a língua escrita passam, lentamente, pelo processo de mudança ao longo do tempo. Portanto, é no meio social em que percebemos as intenções comunicativas, as características e as divergências da escrita e da fala. Para compreendermos a relação e a influência do meio social na língua, é necessário tomar conhecimento da Sociolinguística, a qual se refere a um ramo da ciência que estuda a língua em uso. Na relação entre a fala e a escrita é permitido afirmar que ambas pertencem ao mesmo sistema linguístico, mas possuem peculiaridades próprias que as tornam bastante divergentes. As diferenças entre a língua falada e a língua escrita se manifestam, principalmente, no que diz respeito à estrutura, e cada uma apresenta uma 1 estrutura ditada por aspectos sociais ou normativos, este que se refere à Gramática Tradicional (Normativa). Uma das maneiras de perceber as diferenças entre a fala e a escrita é através dos textos escritos, por exemplo, nos quais podemos observar a presença da oralidade, isto é, traços característicos da fala em textos que seguem as regras da Gramática Normativa. Assim, quando um professor de língua portuguesa lê e analisa um texto de um aluno e percebe que este escreveu as seguintes palavras e expressões: “aí”, “né”, “tipo assim”, “num qué”, conclui que as características da língua falada estão influenciando na escrita, visto que cada uma tem suas próprias particularidades e não podem se unir. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivos identificar marcas da oralidade e a persistência ou não dessas marcas em textos narrativos do gênero Conto. A metodologia empregada para o desenvolvimento desta atividade de pesquisa e para a coleta do corpus foi a realização de uma oficina literária, intitulada “O Mundo da Imaginação: leituras orientadas para a criação de um novo universo literário”, no Instituto Ary Parreiras, com os alunos do 6° ano “A”, do turno matutino, em que os alunos desenvolveram atividade de escrita e reescrita de textos do gênero conto. O aporte teórico deste trabalho, que tem como temática geral “a oralidade na escrita”, está fundamentado nos seguintes autores: Cardoso (1995), Kato (2004), Possenti (1997), Wilson (2006). 2. SOCIOLINGUÍSTICA E GRAMÁTICA A Sociolinguística, segundo Wilson (2006, p. 218), diz respeito a “um campo da ciência da linguagem que estuda a língua em uso. Estuda as variações linguísticas e entende a variação como sendo uma característica das línguas”. Assim, é permitido afirmar que para compreender a língua em uso e suas variações, a Sociolinguística considera relevantes os aspectos sociais dos falantes e as características de cada região. Dessa maneira, essa ciência nos faz refletir sobre a influência dos aspectos socioeconômicos, regionais e nível de escolaridade na língua. O uso da norma culta dentro da sociedade é um padrão a ser seguido, a fim de manter nas relações sociais uma variante de prestígio. Dessa forma, a gramática, por razões puramente culturais, se insere no contexto escolar, na tentativa de formar bons leitores e escreventes. Mas o que poderíamos chamar de gramática? “Gramática é um conjunto de regras” afirma Possenti (1997, p. 63). Tal conjunto é proposto como a noção mais correta de se escrever e/ou falar e quando não se utiliza essa padronização da língua, configura-se como erro. “Acontece que a noção de gramática é controvertida: nem todos os que se dedicam ao estudo desse aspecto das línguas a definem da mesma maneira.” (POSSENTI, 1997, p. 63). Dessa forma, poderíamos definir gramática normativa ou prescritiva como (...) “Conjunto de regras que devem ser seguidas” (POSSENTI, 1997, p. 64). A escola se encarrega de fazer uso com mais frequência desse conjunto de regras e é lá que o indivíduo entra em contato com as diversas formas de linguagens, adequando ou não a língua à situação comunicativa. 2 Para a gramática normativa, a noção de regra é vista como obrigação de uso do falante, ou seja, o indivíduo é obrigado a falar corretamente, por exemplo, dentro de uma determinada situação comunicativa sob pena de sofrer exclusão de determinada situação. Isso é imposto à língua culta como uma forma de manter os padrões de constância da língua em determinada situação de uso. Assim, a gramática normativa, de certa forma, permanece unificando o código uma vez que (...) “a língua corresponde às formas de expressão observadas produzidas por pessoas cultas, de prestígio” (POSSENTI, 1997, p. 74). Existe outro tipo de gramática que descreve as línguas como são faladas no cotidiano. Possenti (1997, p. 64.) classifica essa gramática como Descritiva e a caracteriza como “um conjunto de regras que são seguidas”. Através dessa gramática é possível conhecer as atuais regas que os falantes do português utilizam ou seguem para se comunicarem. A Gramática Descritiva e a Gramática Normativa possuem particularidades próprias que as tornam bastante diferentes. Assim, vejamos os seguintes exemplos: na perspectiva da gramática normativa, usa-se “vou dormir”; nos dias atuais, a forma do infinitivo não tem mais o “r”, então, usa-se “vou dormi”; outro exemplo é o uso de “a gente” no lugar de “nós”, afirma Possenti (1997, p. 65-67, Grifo do autor). Para a Gramática Descritiva, diferentemente da Normativa, a noção de erro se refere à variação linguística tanto na língua falada como na escrita, motivada pelos aspectos socioeconômico, regionais e grau de escolaridade. Possenti (1997, p. 76) afirma que “os sociolinguístas em geral defendem a hipótese de que as regras são de natureza variável, de forma que é muito difícil para qualquer pessoa falar durante um certo tempo sem passar inconscientemente de uma variedade a outra”, isto é, as regras que são seguidas pelo falante da língua são variáveis e frequentes. 3. A LÍNGUA ESCRITA E A LÍNGUA FALADA Há uma enorme diversidade de pontos que “dicotomizam” os conceitos de língua falada e língua escrita. Embora sejam duas manifestações da língua, ambas possuem características peculiares que as tornam, até certo ponto, bastante divergentes. A língua escrita é mais trabalhada e apresentada (externada) de forma mais coesa e organizada. Obedece a um fim a que se destina. Ela é menos dependente do contexto funcional. Pressupõe um planejamento verbal mais cuidadoso, já que é mais sujeita a regras convencionais. O tempo do discurso textual não é o mesmo da ação. Por isso, ela se torna um registro que pode permanecer ao longo do tempo. Por sua vez, a língua falada é mais imediata, dinâmica, funcional, atual e efêmera. Preza pela chamada “economia linguística”. Não preza pelos termos coesivos, pois, geralmente, o contexto se dá às pressas do quotidiano. Nela, o tempo do discurso é o mesmo da ação. Dependendo da situação comunicativa não é tão rigorosa: há uma maior liberdade de adequação do falante ao tipo de ouvinte. Esse falante pode (também com mais liberdade) abreviar ou deixar de pronunciar as sílabas iniciais das palavras como, por exemplo: “Tô bem” ao invés de “Estou bem”. A língua falada, por ser mais natural, pode ser tida como pressuposto da aprendizagem da língua escrita, se entendermos que aquilo que ouvimos é o que aprendemos. Assim: 3 A Língua Escrita A Língua Falada Caráter unilateral Pressupõe a presença de interlocutores Assume um caráter de registro, pois pode Tem um caráter efêmero perdurar no tempo É mais elaborada É espontânea e imediata Sinais de pontuação indicam as pausas É acompanhada de gestos corporais e entonação da voz Menos influência do contexto Mais influência do contexto extralinguístico extralinguístico 3.1. ORALIDADE NA ESCRITA A presença da oralidade na escrita pode, em alguns casos, tornar-se um efeito estilístico que imprime ao texto maior verossimilhança. É o que acontece, por exemplo, em romances regionalistas que procuram transcrever com fidedignidade a linguagem do homem sertanejo. Essa oralidade, entretanto, não se restringe a textos literários: ela aparece também em atividades escolares. O porquê desse acontecimento é objeto de estudo para muitos pesquisadores. A Obra de Cardoso, “Da oralidade à escrita: A Produção do Texto Narrativo no Contexto Escolar”, em seu prefácio, de certa forma, contradiz o que foi dito nas últimas linhas do tópico anterior: “não considera a aprendizagem da leitura e da escrita como transição do mundo da voz para o mundo da letra, mas como uma inter-relação entre esses dois mundos” (CARDOSO, 2000, p.12, Grifo do Autor). Nesse sentido, para que não houvesse marcas da oralidade em textos escritos seria, conforme Cardoso (2000): Assim, analisa, e cria condições para que aflorem situações em que são identificadas as estratégias de que se vão apropriando as crianças para descobrir as aproximações e os distanciamentos entre texto oral e texto escrito em função das condições pragmáticas do discurso oral e escrito (CARDOSO, 2000, p 13). Mas até chegarem a essa descoberta, a natural ocorrência das marcas da oralidade na escrita perdurará, pois “em uma análise sociolinguística do discurso, 4 consideram que o processo de alfabetização envolve uma sequência de ajustamentos cognitivos, linguísticos e sociais” (GUMPERZ, KALTMAN e O’OCONNOR Apud CARDOSO, 2000, p. 146). Além da espera de um “amadurecimento linguístico”, outro fator determinante rege a questão: os contextos de uso da linguagem. Citamos Kato que nos dá a seguinte afirmação: “Há variação na forma pela qual as atividades linguísticas são distribuídas entre as duas modalidades – escrita e falada – variação essa que depende das diferenças sociais e, principalmente, funcionais, havendo, além disso, variação individual” (KATO, 2004, p.41). Os alunos ainda não têm uma consciência firme, concretizada de que, para cada contexto comunicativo, há uma forma adequada de uso da linguagem, seja ela escrita ou falada. Escrever um texto escolar não é a mesma coisa de escrever um bilhete para o colega. Este não requer um tratamento mais formal no uso da linguagem; aquele, em regra, tem de ser escrito de acordo com a Norma Culta. Essa é uma diferença funcional que ainda parece ser difícil de ser compreendida. Passando das questões sociais, linguísticas e cognitivas para a efetiva relação fala/escrita, muitos pesquisadores defendem a ideia de um continuum entre ambos. Significa, então, dizer que as ideias dicotômicas existentes sobre a fala e a escrita são relativas. Nesse sentido, “a dicotomia entre linguagem oral e escrita, apresentada por muitos linguístas, pode ser mais um resultado de diferenças na formalidade e propósito do discurso do que uma distinção fala/escrita propriamente dita” (Beamen Apud Cardoso, 2000, p. 146). 4. GÊNERO CONTO O conto é uma narrativa de tradição oral cuja intenção é contar histórias. Evoluindo para a tradição do registro escrito, o conto se consolidou como literatura a partir da Idade Moderna, porém o auge do seu desenvolvimento foi o século XIX, com o aparecimento da imprensa. O conto apresenta uma estrutura narrativa curta, pois descarta os detalhes que não são úteis ao desfecho da narração; tem uma linguagem formal, de fácil entendimento, e é um gênero que apresenta os fatos lentamente e, por isso, é dotado de suspense. A temática desse gênero é ilimitada, sempre ligada a um fato acontecido que tenha um momento especial e prenda a atenção do leitor. Apesar de ser uma narrativa curta, o conto não obedece à tradição de situar o leitor em relação ao tempo cronológico. 5. ANÁLISE DA ESCRITA E REESCRITA ALUNO F.H.S.L. MARCAS DE ORALIDADE FRAGMENTO DO FRAGMENTO DO TEXTO ESCRITO TEXTO REESCRITO “- Pai não presizava eu “Pai não era pra trazer esse tava escondendo esse gato, gato, eu tava escondendo mas já que você trouse essa esse gato aqui” gatinha vamos ficar com os 5 J.F.P.N. M.H.P.S. T.B.S. T.R.N. V.S.N. dois.” “Um certo dia ele ficou tirando onda. Pois um dia ele entrou em uma enroscada e agente achava que ele estava mentindo...(...)” “(...)- Você pode fazer a gente desaparecer do mapa. Só é nos levar a uma viajem pela floresta e nos deixar lá.Então dito e feito, ela sem desconfiar leveu eles para a floresta(...)” “Era uma vez uma linda menina que se chamava Aninha ela gostava muito de ler livros, mas ela só tinha dois livros só que ela já estava abusada dos contos que ela tinha(...)” “Ele tinha uma tara era o ioiô.” “Um belo dia Mônica estava passeando pela praça ai encontrou seus amigos ai dois amigos Xarles e Bruno fizeram uma armação e enganou Mônica.” “Um certo dia ele fez brincadeira de mau gosto. Pois um dia ele entrou em uma enrascada, a gente achava que ele estava mentindo, (...)” “(...)- Você pode fazer a gente desaparecer do mapa. Só é nos levar a uma viajem pela floresta e nos deixar lá.Então dito e feito, ela sem desconfiar leveu eles para a floresta(...)” “Era uma vez uma linda menina que se chamava Aninha ela gostava muito de ler livros, mas ela só tinha dois livros só que ela já estava abusada dos contos que ela tinha(...)” Não fez reescrita “Um belo dia Mônica estava passeando pela praça e encontrou seus dois amigos Xarles e Bruno O corpus deste trabalho é composto por trinta redações, do gênero conto, das quais foram escolhidas dez para comporem o quadro avaliativo. Essas produções textuais contêm variações semelhantes e resumem os das demais produções. Os fragmentos citados acima foram retirados de textos produzidos pelos alunos do 6° ano A, da escola estadual Instituto Ary Parreiras. Nesses fragmentos, observa-se a forte presença de marcas da oralidade como, por exemplo, “eu tava”, “ele ficou tirando onda”, “Então dito e feito”, “mas ela só tinha dois livros só que ela já estava abusada dos contos que ela tinha”, “Ele tinha uma tara era o ioiô.”. A presença excessiva dessas marcas se explica pelo não distanciamento do aluno ao escrever um determinado tipo de texto, falta de amadurecimento linguístico, que não o permite verificar a escrita adequada para determinadas situações enunciativas e acentua-se pela falta de domínio dos conectores, de algumas expressões e, consequentemente, da variedade padrão culta da língua, como por exemplo, o uso do “ai” como uma forma de dar encadeamento às ideias. 6 Assim, observa-se que mesmo após a reescrita dos textos, a maior parte dos alunos continuou a fazer uso das marcas da oralidade para conseguir expressar e/ou enfatizar o que desejavam em suas produções textuais. ERROS GRAMATICAIS ALUNO FRAGMENTO DO TEXTO ESCRITO FRAGMENTO DO TEXTO REESCRITO J.S.S. “(...) Quando ela ia colher os frutos no meio do caminho ela avistou um passarinho, ele estava com a aza quebrada (...) “(...) Quando ela ia colher os frutos no meio do caminho ela avistou um passarinho, ele estava com a asa quebrada (...) J.Y.S.C. “(...) Um dia ele estava jogando Playstation 2 nesse mesmo estante chegaram seus pais eles trouxeram uma caixa, os pais de Henrique disse que era mágica a caixa. Os pais de Henrique disse que não era para ele abrir a caixa.” “(...) Um dia, ele estava jogando Playstation 2 nesse mesmo momento chegaram seus pais, eles trouxeram uma caixa, Os pai de Henrique disse que era mágica a caixa. A mãe de Henrique disse que não era para abrir a caixa.” A.V.O.S. “No dia seguinte, lá vem a disculpa, o amanhã nunca chega mais atrais dele.(...) pensou que ia sai vivo mais saio morto. “No dia seguinte, lá vem a deculpa, o amanhã nunca chega mais amaná eu pago. Mike se irou e saiu correndo atrás de Paulo..(...) Paulo parou o taxie pulou da ponte pensando que ia sair vivo, mas morreu. (...)” V.A.C.S. “(...) As professoras dizia a “Quando Josemar fazia ele.(...)” algo de ruim diziam as professoras a ele:” Já no que diz respeito aos erros gramaticais considerados por Possenti (1997) como variação da língua falada segundo a Gramática Descritiva, observa-se uma forte influência social, tendo em vista que a maior parte desses alunos vem de classe 7 social baixa e com pouca escolaridade, forte influência da oralidade, ou seja, o modo como eles falam é passado para os textos, como por exemplo, “disculpa”, “mesmo estante”, “os pais de Henrique disse”, “que ia sai vivo mais saio morto”, “As professoras dizia a ele” e em outros casos a forte influência dos meios digitais que utilizam a economia linguística para adquirir eficácia na comunicação, no caso dos textos, essa economia resultou em truncamentos sintáticos, usos indevidos de pronomes para retomada e ambiguidades. Após a reescrita dos textos foi observado que as variações da língua foram desfeitas e os parágrafos foram refeitos, a fim de trazer coerência para o texto e fornecer a fluência de ideias. 6. CONCLUSÃO A princípio, poderíamos considerar a oralidade na escrita como uma “inconveniência” textual. Entretanto, quando apuramos mais o olhar, percebemos que esse fato constitui-se em rico material para estudos linguísticos. Tanto o é que foi ancorado em questões semelhantes que Marcuschi tratou sobre a conversação. Na obra “Análise da Conversação”, o referido autor fala de recursos conversacionais nos quais se incluem evidências verbais recorrentes que se situam no contexto sem contribuir com novas informações. Entre essas evidências verbais podemos citar: aí, daí, né etc. Acreditamos que, devido à riqueza do assunto, muitas outras pesquisas serão realizadas. Todas as pesquisas já existentes, conforme já foi dito anteriormente, relativizam a dicotomia existente entre essas duas manifestações da língua: a falada e a escrita. A defesa de continuum faz com que cada vez mais as pesquisam tendam a minimizar a distância criada entre elas. Nisso, percebe-se a cooperação de Kato (1996). Para ela, a escrita e a fala são realizações de uma mesma gramática em que as variações nas formas linguísticas se dão devido às diferenças temporais, sociais e individuais. 8 REFERÊNCIAS CARDOSO, Cancionila Janzkovski, Da oralidade à escrita: a produção do texto narrativo no contexto escolar. UFMT/INEP/MEC, Cuiabá, 2000. KATO, Marry Aizawa. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1998. POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de Letras, 1997. WILSON, V. et AL. (Orgs). Linguística: fundamentos. Rio de Janeiro: CCAA Editora, 2006. LUZIO, Ellen Regina Camargo; RODRIGUES, Marlon Leal. MARCAS DA ORALIDADE EM TEXTOS ESCRITOS. Disponível em (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=35680&cat=Artigos). Acesso em 15/12/10. (http://www.jackbran.pro.br/redacao/teoria_do_conto.htm) Acesso em 18/09/10. 9