Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 DA UNIFORMIDADE À DIVERSIDADE METODOLÓGICA OU A FUNÇÃO DA TUTORIA COMO ESTRATÉGIA DA SALA DE AULA DUARTE, José B. ([email protected]) Universidade Lusófona de Lisboa Nós, professores, tendemos a seguir uma marcha uniforme da leccionação e até a seguir a ordem dos conceitos contida nos programas. Tendemos, em suma, a fazer reprodução de conhecimentos. Por outro lado, a nossa formação tem sido claramente motivada pelas imagens dos professores que tivemos. O que confirma aquele modelo reprodutivo de ensinar, baseado numa pedagogia uniforme porque ligada a um tempo em que a escola era selectiva, os alunos tinham um nível cultural relativamente homogéneo e era possível ensiná-los “como se fossem um só”. Com a democratização do ensino, a pedagogia uniforme e previamente planificada deixou de funcionar. As diferenças culturais dos alunos e a actual dinâmica do conhecimento trazem o imprevisível às nossas aulas. Não podemos assim usar fórmulas previstas de trabalho pedagógico, temos de responder em devido tempo a situações imprevisíveis e diferentes de aluno para aluno (temos até de socraticamente reconhecer diante dos alunos que há situações que não sabemos num dado momento resolver e sobre as quais vamos fazer pesquisa...). Importa, pois, sermos produtores de conhecimento. Particularmente de conhecimento pedagógico com que possamos responder ao imprevisto e gerir o programa segundo as características e motivações dos alunos, como disse acima. Esse imperativo pedagógico obriga o professor a não seguir obedientemente a ordem dos conceitos nos programas mas a criar uma ordem dependente das características dos alunos e a ter em conta ainda que há conceitos fundamentais que todos devem dominar e que importa mesmo “perder tempo” com esses conceitos. Aqui entre o papel da tutoria ou instrução directa na terminologia de alguns autores. Por isso, ao notar dificuldades de leitura de alunos do 11º ano, em várias anos lectivos, acompanhei atentamente grupos de alunos na leitura, em voz baixa (para não incomodar outros alunos mas de modo a eu poder fazer correcções) de “Os Maias” e outros textos mais actuais, numa sequência de aulas, depois de incentivar os outros alunos, mais autónomos, a fazerem, noutros grupos, alguma pesquisa sobre outros Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 temas relacionados com Eça (a descoberta da vocação de Carlos para a medicina, por ex.). Abaixo darei exemplos com outras disciplinas. Entre as características dos alunos dependentes das suas histórias de vida situam-se as suas diferenças conceptuais. Uma pedagogia diferenciada está atenta às formulações de cada aluno, porque o insucesso começa com situações em que dificuldades discursivas impedem a comunicação professor/alunos e criam antipatia para com uma disciplina. Poder-se-ão evocar aqui, de Bernstein, os conceitos de código restrito, característico de alunos de classes populares, um código “ligado-ao-contexto”, com “significações mais implícitas”, e de código elaborado, característico de alunos oriundos de classes favorecidas, menos ligado ao contexto e com significações mais explícitas (1982, pp.24.25), que, pela sua “significação universalista” ou capacidade de abstracção está mais próximo do código usado na escola. Lembremos também a relação linguagem e pensamento em Vigotski: “o pensamento não é simplesmente expresso por palavras: é por meio delas que passa a existir” (1996, p.108). Com base nestes dois autores, concluímos que os diferentes códigos comunicacionais dos alunos significam diferentes modos de pensar. A dinâmica do trabalho de grupos torna possível a cooperação entre os diferentes códigos culturais dos alunos. A relutância de alunos de bom aproveitamento em cooperar com alunos com necessidades tende a desaparecer quando verificam que, ao terem de reformular em termos simples certas noções, estas se tornam mais claras também para eles-próprios. Mas a a pedagogia diferenciada também permite que, em certos momentos, enquanto alguns alunos consolidam, em tutoria do professor ou outros alunos, conceitos ou competências que outros já dominaram, estes (ou alguns destes), com alguma autonomia, desenvolvem outros aspectos desse objectivo ou mesmo outros pontos do programa. Assim num mesmo momento podem funcionar grupos de descoberta e grupos de necessidades. Sínteses dos vários trabalhos devem ser apresentadas a toda turma, sínteses escritas, numa página ou meia página, para não haver demasiado alongamento nas exposições orais. Da unicidade à diversidade metodológica A aprendizagem de todos os alunos ganhará um novo impulso, se ao método expositivo da tradição, que importa reorientar, se juntarem os métodos de descoberta, José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 2 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 aprendizagem cooperativa e instrução directa (este, sinónimo de tutoria, como venho propondo). Quanto ao método de instrução directa ou tutoria, a ideia subjacente é a de que há conhecimentos e competências básicas que são fundamento de outras aprendizagens mais complexas e que importa consolidar em diálogo pessoal com os alunos. O caso do ensino da leitura e da escrita que implicam um contacto directo com o aluno, como já sugeri. Por outro lado, para um primeiro nível mas também para níveis mais avançados, a eficácia do professor depende do modo como acompanha a organização escrita e oral pelos alunos dos conceitos expostos, sejam notas ou textos mais desenvolvidos como resumos, sínteses e comentários e mesmo as definições (levando até a evitar o preguiçoso começo “é quando…”). Começar por ensinar a dividir os longos parágrafos, descobrindo, através da leitura oralizada e das cadências descendentes aí notadas, o lugar dos… pontos finais. Uma primeira organização do material discursivo… Fundamentalmente este método baseia-se na teoria da modelagem comportamental de Bandura cujo principal princípio é o de que a maioria do comportamento humano é aprendido por observação do que outros fazem. Um exemplo de instrução directa que Arends propõe para o ensino da Matemática é a subtracção (p.346), em que importa ter em conta os momentos de uma cadeia de raciocínio entre o mais simples e o mais complexo: I. Subtracção simples; II. Subtrair em colunas sucessivas em que cada uma necessita de uma subtracção simples; III. Subtrair quando existe um zero; IV. Identificar onde é preciso calcular “e vai um”; V. Subtrair um número de um dígito com “e vai um”; VI. Subtrair quando é necessário um único “e vai um” em qualquer coluna. Seguem-se momentos gradualmente mais complicados até um último momento em que se subtraem “números independentemente do número de algarismos”. Poderíamos também pensar em algo de semelhante para a multiplicação, associando-a aliás à adição. Poderá iniciar-se o ensino da diminuição e da multiplicação a partir de problemas mas os vários momentos da cadeia de raciocínio levam muitos alunos a dificuldades concretas que só um diálogo directo com o professor poderá fazer superar. Faseamento deste método, adaptando Arends: 1. Apresentar objectivos José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 3 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 2. Demonstrar o conhecimento ou competência, de forma pormenorizada e progressiva (pelo que antes deve fazer-se análise cuidada da tarefa) 3. Proporcionar prática guiada, verificando o desempenho dos alunos 4. Certificar-se da compreensão do conhecimento ou desempenho da competência 5. Proporcionar prática alargada e transferência. A instrução directa implica uma atitude activa de diálogo, de reflexão sobre aspectos relativos aos processos/produtos e de consolidação das nocões essenciais, de modo a promover a compreensão do aluno e a levá-lo a organizar os conhecimentos numa estrutura cada vez mais complexa. Essa complexidade pôe à prova a eficácia dos professores. A aprendizagem cooperativa poderá permitir que o professor ou outros alunos possam ajudar, em instrução directa, alunos com dificuldades concretas em noções básicas, já trabalhadas anteriormente. Analisemos, por isso, aspectos essenciais da estratégia cooperativa, que é mais que um simples método. Com base em Dewey, na proposta de que a aula deve ser um laboratório caracterizado por processos científicos mas também por procedimentos democráticos, a ideia subjacente no “modelo cooperativo” de Arends é a de que o comportamento cooperativo ajuda a desenvolver a aprendizagem, mesmo dos melhores alunos (Arends diz que, de 45 estudos, 37 demonstraram isso). A nossa observação confirma-o, pelo incentivo, mas não obrigação, à cooperação dos bons alunos. Entre outros casos, uma óptima aluna mostrou alguma indisposição quando sugeri que ajudasse uma outra, talvez a mais carenciada da turma, num trabalho de grupo. O seu olhar mostrava claramente uma interrogação: eu, a melhor aluna? Dias depois confessava que, ao ter de formular os conceitos em termos simples, ela-própria os tinha compreendido melhor. Faseamento, em adaptação de Arends: 1. Debater objectivos e contextos 2. Apresentar a informação 3. Organizar grupos de aprendizagem 4. Auxiliar o trabalho e o estudo, à medida que as equipas o vão Realizando 4. Avaliar o trabalho apresentado pelos grupos 5. Reconhecer o empenho e o trabalho realizado pelos grupos e pelos indivíduos. José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 4 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 Mais um exemplo da função da tutoria Vejamos uma sequência entre dois alunos e um professor de física: 1. Rui (pseudónimo): Como é que se acha o rendimento? É a força electromotriz sobre a tensão do motor? 2. Professor: O rendimento há-de ser sempre a potência ... 3. Rui: ...útil... 4. Professor: ... a potência útil sobre a potência fornecida. Ou a energia útil sobre a energia fornecida. 5. Rui: Esta sobre esta? 6. Professor: Achas que sei de cor? Esta... não. Qual é que é a potência eléctrica que o motor consome? E esta é a potência que ele transforma como trabalho. Então há-de ser esta sobre esta. 7. Rui: É a útil sobre a dissipada. 8. Professor: Sobre a total, não sobre a dissipada, que é a diferença entre as duas. A dissipada tu não a calculas, é a diferença das duas. 9. Rui: ...vezes 100. Já está bom. 10. Professor: O que é que esta potência que o motor consome? É no fundo uma medida da energia que lá entra. E esta é a energia que ele fornece como trabalho. Então esta é que é a útil. 11. Professor para Carlos, ao lado de Rui: Ó rapaz, algum dia o rendimento pode dar mais que cem por cento? 12. Carlos: Porquê? 13. Professor: 36 a dividir por 31 dá mais que 100 por cento. 14. Carlos: ... Assim. 15. Professor: Antes estavas a dizer ao contrário. Notemos que quando RUI pergunta se o rendimento de uma máquina é a força electromotriz sobre a tensão do motor, o professor não indaga qual é a estratégia mental que o aluno está a seguir para fazer essa pergunta, e responde-lhe que o rendimento de uma máquina é “a potência útil sobre a potência fornecida”. Sublinhemos como o professor incita o aluno a um esforço de memória ao deixar inacabado o começo da definição: “O rendimento há-de ser sempre a potência…” RUI completa: “útil”. Mas é o professor que completa a definição: “potência útil sobre a potência fornecida” (intervenção 4). Mas RUI não compreendeu a noção de rendimento, como vemos pelo facto de que escreve ao contrário a relação aí implicada, o que leva o professor a José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 5 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 corrigir, explicando-lhe o rendimento como a relação entre a potência que o motor transforma como trabalho e a potência eléctrica que consome (intervenção 6). E a intervenção que se segue (7), ainda de RUI, mostra que ele não compreendeu ainda a noção de rendimento que identifica como “a (potência) útil sobre a dissipada” . RUI está confundido mas a explicação seguinte feita pelo professor é rápida e imprecisa (“sobre a total, não sobre a dissipada, que é a diferença entre as duas”). Depois que RUI chegou ao resultado (9), o professor volta à noção de “potência total” ou “potência fornecida”, mas agora em termos de potência que o motor consome como “medida da energia que lá entra” e volta também ao conceito de energia útil como a energia que ele fornece como trabalho (10). A designação das mesmas noções é feita por diferentes palavras, mas em diferentes momentos. Essa passagem sucessiva por várias designações possíveis ajudaria o aluno se, num dado momento: - fossem definidas as designações de energia e potência; - ao conceito de energia útil fosse associada a designação de energia que um motor fornece como trabalho; - e ao conceito de energia total fossem associadas designações como energia fornecida, energia eléctrica consumida ou outras. Nesse momento seria possível compreender que, como há sempre energia dissipada a partir da energia total que entra no motor, o rendimento deste não pode ser superior a cem por cento, porque esse rendimento é o resultado da energia útil sobre a energia total. Face às intervenções parcelares do professor sobre o tema, compreendese que CARLOS, ao lado de RUI, também não tenha compreendido a noção em causa (intervenções de 11 a 15). Impunha-se aí um diálogo directo com os estudantes com base nas suas próprias palavras de modo a rectificar o seu conceito de rendimento de uma máquina. Seria um momento de tutoria ou instrução directa. Os desafios da pedagogia diferenciada A tutoria pode, como vemos, inserir-se numa dinâmica de diferenciação pedagógica e numa finalidade democratizante. Actualmente, como diz Esteve (1995) cem por cento das crianças entram na escola actual e, logo, entram “também cem por cento dos problemas sociais pendentes”, incluindo diferenças socioculturais, cognitivas, psicológicas. Por isso, concluamos com Perrenoud que “é absurdo José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 6 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 ensinar a mesma coisa, no mesmo momento, com os mesmos métodos, a alunos muito diferentes” (2000, p.9). Daí a proposta fundamental da pedagogia designada diferenciada (Astolfi, 1995; Meirieu, 2004; Perrenoud, 2000), mas que se orienta por finalidades igualitárias e democráticas: - ajudar de modo diferente os diferentes alunos para que todos aprendam pelo menos as competências fundamentais dos saberes e possam participar numa sociedade em transformação. * Um desafio a essa pedagogia que se preocupa com o sucesso de todos os alunos é o de não prejudicar os melhores, um problema que pode afastar alguns professores de a desejar pôr em prática. Esse desafio é ultrapassado por uma dinâmica interactiva que procure envolver os alunos dotados de mais capacidades no sucesso de todos os colegas mas estimulando as suas próprias motivações de aprendizagem, como vamos ver. Para se concretizar essa proposta, e tendo em conta diferentes autores, importa seguir estratégias adequadas: a) hierarquizar os conceitos e competências fundamentais, cuja assimilação pelos alunos exige mais tempo, o que permite adquirir depois outros conhecimentos mais rapidamente, porque aqueles conceitos e competências são conhecimentos básicos sem os quais não se pode avançar nas matérias. Assim a construção do conhecimento fazse em espiral a partir desse núcleo de conceitos e competências de base (Astolfi, 1995). b) orientar as actividades pela transformação das concepções dos alunos (é a ideia de objectivo-obstáculo de Martinand, 1996), mais que pela corrida a um produto final. Esta corrida a um produto final é bem caracterizada por um professor de física entrevistado quando dizia que a vertigem dos exames leva os docentes a uma preocupação em cumprir todo o programa e a percorrer o mais rapidamente possível todos os conteúdos. Mas tratarem-se de igual modo todos os conteúdos é um disparate pois, como vimos acima, importa reflectir sobre quais conteúdos estão na base da espiral de uma disciplina e trabalhar com atenção e tempo esses conteúdos – o que permitirá depois apresentar com mais brevidade os outros e até preparar os alunos melhor ... mesmo para os exames. c) promover a formação pessoal pela apropriação do conhecimento integrador, não conhecimentos fragmentados, porque “o que faz sucesso na vida é a capacidade de pensar por si mesmo, de identificar e resolver problemas” (Perrenoud, 2000, p.11). A curiosidade que os problemas podem despertar é fundamental na escola. Essa José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 7 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 curiosidade leva naturalmente a querer procurar uma solução para esses problemas. Por isso Freinet dizia que “a criança não se fatiga quando se encontra ocupada num trabalho que a interesse” (1969, 1973, p.191). d) aplicar variedade metodológica, face à variedade de perfis dos alunos. Vários autores indicam tipologias de perfis de alunos. Astolfi, com base em diversos pedagogos, menciona diferentes tipos contrastantes de alunos: auditivos e visuais, dependentes e independentes do contexto, reflexivos e impulsivos, centralizadores e globalizadores (1995, p.188). Por isso é necessário desenvolver diferentes tipos de trabalho de grupo de modo a concretizar ocasiões em que cada aluno, com as suas características pessoais, possa aprender. e) Ter em atenção a relação dinâmica entre a expressão pessoal do aluno e a formulação académica. Quanto à problemática da linguagem verbal em matemática, por exemplo, as designações dos triângulos quanto ao comprimento dos lados são: equilátero, isósceles, escaleno. O termo equilátero é de origem latina, está mais próximo do português (iguais todos os lados), mas isósceles significa em grego “pernas iguais” e escaleno significa “coxo”, termos que eram evidentes para os falantes de grego. Para nós não seria mais lógico falar de: equilátero... biequilátero e inequilátero? Em conclusão Meirieu (2004) propõe o postulado da educabilidade de que “toda a criança, todo o homem é educável”, num aviso aos pessimistas: “aquele que não acredita na educabilidade dos seus alunos faria melhor mudar de ofício” (p.38). Daí o discernimento pedagógico de adaptação a situações imprevistas, na associação flexível entre programação e regulação e o conceito de regulação interactiva (Linda Allal, citada por Perrenoud, 2000), pela constatação de que os alunos melhores descobrem, no diálogo com os menos bons, “obstáculos e objecções que lhes permitem aprofundar os conhecimentos (p.111). Regulação interactiva e aprendizagem cooperativa são dois conceitos associados na pedagogia diferenciada de fins democratizadores. Também Astolfi propõe objectivos constantes para todos os alunos, e alguns autores da pedagogia de mestria (baseada em Bloom) propõem que os alunos mais dotados ajudem, em cada unidade de ensino, os alunos com necessidades antes de todos passarem para a unidade seguinte. José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 8 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 Mas, em trabalhos de grupo, importa evitar longas exposições orais dos alunos, estimulando nos alunos a realização de sínteses escritas de apoio, isto é, para serem lidas nas apresentações orais, mesmo com algum comentário acrescido ao texto. E se a exposição de alunos se torna longa, o professor pode/deve intervir com exposição breve. Por isso, importa lembrar: a ineficácia do método expositivo advirá da exclusividade e a pedagogia não dispensa o docente de actualizar conhecimentos disciplinares para sua própria formação e formação dos alunos na sua diversidade Uma pedagogia diferenciada apoia-se numa dinâmica de redimensionamento da actividade do professor com recurso a alguma autonomia de trabalhos de grupo dos alunos, para que o professor possa responder às diferenças entre os alunos. É uma teoria de resposta aos diferentes perfis de aprendizagem. A tutoria ou instrução directa tem aí um espaço importante, como vimos. Bibliografia ARENDS (1997). Aprender a ensinar. Lisboa: Mc-Graw-Hill. ASTOLFI, J.-P. (1995). L’école pour apprendre. Paris: ESF Editeur. BERNSTEIN, B. (2000). Códigos, classes e controlo. São Paulo: Vozes. BERNSTEIN, B. (1982). A educação não pode compensar a sociedade. In S.Grácio & St.Stoer. Sociologia da educação-II. Lisboa: Horizonte. ESTEVE, J. (1995). Mudanças sociais e função docente. In A Nóvoa, Profissão professor. Porto: Porto Editora. FREINET, C. (1969, 1973). Para uma escola do povo. Lisboa: Presença. MARTINAND, J.-P. (1996). Connaître et transformer la matière. Berna: Peter Lang; MEIRIEU, Ph (2004). Faire l’école, faire la classe. Paris: ESF. PERRENOUD, Ph. (2000). A pedagogia diferenciada. Das intenções à acão. Porto Alegre: Artmed. VIGOTSKY (1996). Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes. José B. Duarte “Da uniformidade à diversidade metodológica ou a função da tutoria como estratégia da sala de aula” 9