UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL RE-PROCESSAMENTO E RECICLAGEM DE BATERIAS DE ÍONS DE LÍTIO Bragança Paulista 2008 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL RE-PROCESSAMENTO E RECICLAGEM DE BATERIAS DE ÍONS DE LÍTIO Autor: EDUARDO OSCAR SOUZA FERREIRA Orientadora: Profa. Dra. CARLA MARIA NASCIMENTO POLO DA FONSECA Monografia sobre o estágio, apresentado à Banca Examinadora do Curso superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade São Francisco como parte dos requisitos para a obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Ambiental, sob a orientação de pesquisa da Profa. Dra. Carla Maria Nascimento Pólo da Fonseca. Bragança Paulista 2008 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL RE-PROCESSAMENTO E RECICLAGEM DE BATERIAS DE ÍONS DE LÍTIO Autor: Eduardo Oscar Souza Ferreira. R.A: 001200700079 _______________________________________________________ Profª. Drª. Sheila C. Canobre Presidente da Banca Examinadora _______________________________________________________ Profº. Jean Ferreira da Silva _______________________________________________________ Profª. Candida Maria Costa Baptista _______________________________________________________ Profª. Ângela Sanches Rodrigues DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família, por ter acreditado em mim, e em especial a minha queridíssima mãe, que não mediu esforços para que meu sonho fosse realizado. À Thaís, minha namorada, por todo carinho e compreensão dispensados a mim. Também dedico este trabalho aos milhares de brasileiros que não tiveram a mesma oportunidade que eu tive de ingressar em um curso superior. AGRADECIMENTOS Agradeço ao LCAM (Laboratório de Caracterização e Análise de Materiais.) e a todas as pessoas que dele participam e em especial aos professores Carla, Sheila e Fábio, por compartilharem comigo seus conhecimentos. A minha mãe por ter acreditado e apoiado este sonho que agora se torna realidade, aos meus irmãos por terem abdicado de seus sonhos para que o meu se tornasse realidade, ao meu pai e a sua esposa Márcia, por todo apoio e atenção. “Ambiente limpo não é aquele que mais se limpa e sim o que menos se suja”. (Chico Xavier) VI RESUMO A tecnologia móvel forma a base da principal revolução tecnológica do século XXI. Ao permitir que o indivíduo se comunique a qualquer momento e em qualquer lugar, a mobilidade altera a forma dos seres humanos interagirem, afetando suas relações sociais, familiares, afetivas e profissionais. As tecnologias móveis atingem à humanidade como um todo e, em especial, aos usuários que, cada vez mais, precisam ter acesso em tempo real, Desta forma, observa-se um grande aumento na popularidade da telefonia celular no Brasil e no mundo. Com o desuso do equipamento devido à quebra ou mesmo às trocas por novos modelos, seu descarte pode causar sérios problemas ambientais, como a contaminação do solo e poluição de lençóis freáticos. Para tentar enfrentar estes problemas surgiram muitas propostas de política ambiental, tais como reciclagem, biodegradação, “consumo verde”: consciente, ético, responsável e sustentável. Portanto este trabalho objetivou-se em estudar métodos de reciclagem, preparação e caracterização dos materiais constituintes de baterias íons-lítio, das seguintes formas: Re-processando o material constituinte do catodo das baterias comerciais e produzindo novos eletrodos na forma de filmes, utilizando rotas de síntese com baixo consumo energético visando o desenvolvimento de baterias miniaturizadas, reduzindo assim a velocidade de geração e a quantidade de resíduos. Os resultados eletroquímicos iniciais foram muito promissores, pois a capacidade específica obtida do material reciclado foi de aproximadamente 98% da capacidade específica teórica. Palavras chave: re-processamento, reciclagem, baterias, miniaturizadas. VII SUMARIO 1. DIAGNOSTICO DA EMPRESA .................................................................................. 1 1.1. Históricos do LCAM .............................................................................................. 1 1.2. Tipos de projetos desenvolvidos ........................................................................... 1 1.3. Atuação................................................................................................................. 1 1.4. Equipamentos....................................................................................................... 2 2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 2.1. Contexto ............................................................................................................... 3 2.2. Baterias: Definição................................................................................................ 4 2.3. Fatores que Afetam a Vida Útil das Baterias......................................................... 5 2.4. Baterias de Telefonia Celular ................................................................................ 6 2.4.1. Baterias mais utilizada em telefonia celular..................................................... 6 2.5. O Descarte de Baterias e a Legislação Brasileira............................................. 10 2.6. Processos de Reciclagem de Baterias....................................................................11 3. OBJETIVO ................................................................................................................. 13 3.1. Objetivos específicos ............................................................................................ 13 4. METODOLOGIA......................................................................................................... 14 4.1. Procedimentos de Abertura das Baterias Descartadas de Íons-Lítio..................... 15 4.2. Re-processamento do Material Constituinte do Catodo ........................................ 17 4.3. Caracterizações .................................................................................................... 19 4.3.1. Analise térmica ............................................................................................... 19 4.3.2. Análise eletroquímica ...................................................................................... 19 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................ 21 5.1. Análise térmica ..................................................................................................... 21 5.1.1. Análise térmica diferencial – DTA ................................................................... 21 5.1.2. Análise Termogravimétrica – TGA .................................................................. 23 5.2. Análise eletroquímica............................................................................................ 24 5.2.1. Voltametria cíclica ........................................................................................... 24 5.2.2. Espectroscopia de impedância eletroquímica ................................................ 25 5.2.3. Curvas de carga e descarga ........................................................................... 26 VIII 6. CONCLUSÃO............................................................................................................. 29 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 30 IX LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 2.1 - Fração em massa dos componentes de baterias íon lítio. Figura 2.2 - Corte da bateria de íons lítio utilizadas em telefones celulares Figura 4.1 – Organograma das etapas constituintes da separação e caracterização dos constituintes da bateria. Figura 4.2 - Foto de baterias para celulares Figura 4.3 - Foto da abertura de uma bateria (LCAM) Figura 4.4 - Coletor de metal Figura 4.5 - Foto de componentes internos de uma bateria de celular (íon lítio) (LCAM) Figura 4.6 - Principais componentes das baterias íon de lítio (referencia) Figura 4.7 - Foto da extração do óxido do catodo alumínio (LCAM) Figura 4.8 - Foto lixiviação do óxido do catodo alumínio (LCAM) Figura 4.9 - Foto precipitação do oxi-hidróxido de cobalto Figura 5.1 - Analise térmica diferencial das amostras reprocessadas com HNO3 e HCl. Figura 5.2 – Analise térmica diferencial Figura 5.3 – Analise termogravimétrica Figura 5.4 - Voltamogramas cíclicos dos eletrodos de LiCoO2 extraídos da bateria usada e recuperada, Figura 5.5 - Análise de espectroscopia de impedância eletroquímica Figura 5.6 - Curvas de carga e descarga dos eletrodos de LiCoO2 extraídos da bateria Figura 5.7 - Curvas de carga e descarga dos eletrodos padrões de LiCoO2 Figura 5.8 - Curvas de carga e descarga dos eletrodos de LiCoO2 descartado e recuperado. X LISTA DE ABREVIATURAS TGA - Análise Termogravimétrica. DTA - Analise térmica diferencial. VC - voltametria cíclica. C/D - carga e descarga. EIE - Espectroscopia de impedância eletroquímica. -1- 1. DIAGNÓSTICO DA EMPRESA 1.1 - Históricos do LCAM LCAM - Laboratório de Caracterização e Análise de Materiais: Foi implantado na Universidade São Francisco, no campus de Itatiba em 2000, através do programa FAPESP de apoio a jovens pesquisadores pela Profª. Dra. Silmara Neves, Profª. Dra. Carla Polo Fonseca e Prof. Dr. Daltamir Maia. É um laboratório de pesquisas vinculado ao programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da USFItatiba. 1.2 - Tipos de projetos desenvolvidos Todos os projetos em desenvolvimento visam, em última instância, contribuir para a otimização do desempenho de dispositivos de armazenamento e conversão de energia (baterias, supercapacitores, células solares) já existentes no mercado e também propor soluções inovadoras através da síntese e caracterização de novos materiais. Atualmente são desenvolvidos diversos projetos na área da eletroquímica, como: • Desenvolvimento de materiais avançados visando aplicações em dispositivos de armazenamento e conversão de energia • Síntese de materiais catódicos e eletrólitos poliméricos para micro baterias de lítio • Desenvolvimento de novos eletrólitos poliméricos • Síntese e caracterização de compósitos poliméricos obtidos via síntese template 1.3 - Atuação Este laboratório possui toda a infra-estrutura necessária para a preparação de dispositivos eletroquímicos com alta eficiência de armazenamento e conversão de energia, a partir do estudo minucioso dos materiais que os compõem. Os objetivos dos projetos em desenvolvimento estão vinculados à “história” de diversos materiais (óxidos de metais de transição, polímeros condutores, nano compósitos e eletrólitos poliméricos), investigando-se desde sua síntese e caracterização, até a etapa final envolvendo sua aplicação tecnológica. O conjunto de materiais sob investigação possui propriedades intrínsecas e complementares -2- que possibilitam a sua aplicação em baterias recarregáveis de lítio e íons-lítio; capacitores eletroquímicos; dispositivos eletrocrômicos e fotos eletroquímicos. O grupo de pesquisa que atua no LCAM está apto a prestar serviços de pareceres técnicos, ministrar cursos e palestras, auditorias e consultorias em vários setores da química de materiais, destacando-se as análises térmicas e os testes de validação de baterias recarregáveis. Atualmente o LCAM conta com as pesquisadoras responsáveis Dra. Carla Polo Fonseca e Dra. Silmara Neves, pesquisadores colaboradores Dr. Fabio Augusto do Amaral e Dra. Sheila Canobre, três alunos de mestrado e vinte alunos de iniciação. Quatro alunos desenvolveram seus trabalhos de mestrado. 1.4 - Equipamentos Atualmente o LCAM conta com os seguintes equipamentos: • 02 potenciostatos PGSTAT30 - Autolab/Ecochemie, sendo um com módulo de impedância. • 01 potenciostato digital PG-39 Ohminimetra com Potenciostato/Galvanostato mod. P3901 • Calorímetro diferencial de varredura (Netzsch - DSC204) • Analisador térmico diferencial (Netzsch - DTA404) • Analisador termogravimétrico (Netzsch - DTA404) • Espectrofotômetro UV-Vis (Agilent - HP8453) • Banco óptico (Oriel e Newport) • Câmara seca (Mbraun - Labmaster 130) • Microscópio de força atômica com módulo STM (Molecular Imaging) • Spinner (PW32 HEADY WAY) • Forno de alta temperatura (ED&G) • Medidor de condutividade 4 - Pontas (Cascade) • Capela • Balanças, analítica e semi-analítica 03 módulos -3- 2. INTRODUÇÃO 2.1 - Contexto Nos últimos 50 anos, a população mundial passou de aproximadamente, 2,5 bilhões (1950) para cerca de seis bilhões (2000), apresentando-se como uma sociedade altamente consumidora, onde comprar e vender faz parte do seu cotidiano1 Contudo a humanidade vem desenvolvendo um modelo econômico distante de ser socialmente justo, ecologicamente equilibrado, e tampouco se compromete com as necessidades das futuras gerações.2 Nas duas últimas décadas observou-se um extraordinário desenvolvimento da tecnologia no setor de telecomunicações e da indústria eletroeletrônica. Este avanço tecnológico promoveu um aumento no consumo, devido ao desenvolvimento de equipamentos mais práticos e econômicos movidos à energia móvel (baterias recarregáveis ou não-recarregáveis). 1 A telefonia móvel é considerada uma área sobreposta a TI (tecnologia de informação). Os celulares fazem muito mais do que ligações, permitindo a navegação na internet e a troca de e-mails, suportando a execução de programas antes restritos aos microcomputadores. Exatamente por isso os telefones celulares estão assumindo o papel de PDAs (Personal Digital Assistants) e devem continuar a incorporar mais funções.3 Chineses motivados por novos lançamentos, preços convidativos e aumento do poder aquisitivo trocam seus celulares em media a cada (9) nove meses. Os Estadunidenses e os europeus, por motivos culturais e econômicos trocam seus celulares a cada (12) doze meses. Já os brasileiros trocam seus celulares geralmente a cada (18) dezoito meses, mas operadoras e fabricantes acreditam em ciclos menores de troca, o que agravará o problema com disposição de resíduos sólidos. 3 A quantidade de baterias introduzida anualmente no mercado é impressionante, principalmente quando se analisa o notável mercado global e a previsão de crescimento: US$13,6 bilhões em 2001, para US$17,8 bi em 2006 e devendo passar US$23 bi em 2010. 1 Especificadamente alguns dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), apontam que os telefones celulares permanecem em -4- primeiro lugar entre os produtos mais exportados do setor, com volume de US$ 711 milhões. De 1994 a 1999, o número de telefones celulares passou de 800 mil para 17 milhões de aparelhos. 1 Segundo dados preliminares entregues pelas operadoras à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a base de linhas em uso no país em janeiro de 2008, somou 122,86 milhões, avançando sobre as 100,7 milhões de janeiro de 2007.4 No entanto, este consumo acelerado traz consigo efeitos colaterais, um deles e talvez um dos mais importantes, está relacionado com a geração de resíduos provenientes do descarte inadequado de baterias em aterros sanitários. De modo geral, esse descarte inadequado é motivo de preocupações socioambientais decorrentes de dois fatores fundamentais: • O crescente volume de equipamentos eletro-eletrônicos comercializados anualmente movidos à bateria, dos quais grande porcentagem vai para o lixo domiciliar; • A degradação ambiental, tempo de residência, deposição e a bioacumulação de metais pesados gerados pelos materiais constituintes da bateria. 2.2 – Baterias: Definição As baterias podem ser definidas como um dispositivo capaz de converter diretamente a energia proveniente de reação química em energia elétrica. A primeira descrição de uma bateria foi dada por Alessandro Volta, professor de Física da Universidade de Pavia-Itália publicada em um artigo na Royal Society em 18005,6 Os componentes básicos de uma bateria são: o catodo e anodo (eletrodos constituídos de diferentes materiais) e pelo eletrólito (solução aquosa, orgânica, gel polimérico, geralmente contendo sais inorgânicos). Podemos classificar as baterias como primárias (baterias que não podem ser recarregadas) e secundárias (baterias que são recarregáveis). As baterias primárias são aplicadas geralmente em uso doméstico, como por exemplo: rádios portáteis, aparelhos do tipo walkman, em lanternas, máquinas fotográficas, relógios, aparelhos de surdez, etc. As mais comuns são as baterias alcalinas, de zinco-carvão, entre outras.6 Com relação às baterias secundárias ou recarregáveis as mais comuns são as baterias de chumbo ácido níquel-cádmio, as de metal-hidreto, e as de íon-lítio. As baterias recarregáveis são utilizadas em vários equipamentos eletroeletrônicos, tais como: telefones celulares, câmeras de vídeo e ferramentas elétricas sem fio, em notebooks, para -5- “armazenar” memória em microcomputadores portáteis. Com relação às baterias de chumbo ácido estas são utilizadas, principalmente, em automóveis, luzes de emergência, sistemas de alarme e equipamentos hospitalares.6 2.3 - Fatores que Afetam a Vida Útil das Baterias A bateria é descartada quando esta não consegue mais armazenar/liberar a carga adequadamente. Os fatores que afetam a vida útil das baterias são: • Declínio da capacidade A capacidade da bateria geralmente diminui com o tempo, devido a fatores tais como: uso, envelhecimento ou falta de manutenção. O descarte ocorre quando se observa um decaimento da capacidade de carga a níveis de 60 a 70% da capacidade inicial.6 • Aumento da resistência interna A resistência interna é a resistência ao fluxo de corrente dentro da bateria proveniente do material e das interfaces dos componentes que a constituem. Uma bateria com baixa resistência interna libera sua energia sem dificuldades. O contrário acontece quando a resistência interna aumenta. Fatores como envelhecimento ou danos mecânicos, como escoamento de eletrólito, acarretam o aumento da resistência interna. 6 • Elevada auto-descarga A auto-descarga acontece tanto em baterias primárias quanto secundárias, promovendo a perda de energia sem a necessidade de estas estarem em funcionamento. Fatores como temperatura elevada, separadores danificados, envelhecimento, impurezas e falta de qualidade nos materiais podem aumentar a auto-descarga. Os processos de envelhecimento e de auto-descarga das baterias ainda não estão completamente compreendidos7-11. Estudos realizados com difração de raios X indicaram que estes estão relacionados com uma intensa variação estrutural do LiCoO2 durante o processo de re-intercalação de íons lítio em sua estrutura. Esta variação ocorre provavelmente na superfície do catodo e está relacionada à transição estrutural hexagonal→espinélio podendo promover a oxidação do eletrólito12. -6- 2.4 - Baterias de Telefonia Celular Em 1990, quando o sistema de telefonia móvel entrou no país, os telefones celulares eram sinônimos de ostentação e apresentavam péssima qualidade nas ligações. Os aparelhos na época eram muito caros e pesados. Em 1998 ocorreu a privatização do setor e, no primeiro semestre de 1999, a proporção de celular por habitante passou de 1:2.000 (em 1990) para 7:100 brasileiros. Este aumento no consumo deve-se principalmente à privatização e ao avanço da tecnologia na produção de celulares, “os novos aparelhos podem pesar menos de 100 gramas e medir até nove centímetros”. 4 Atualmente existe uma constante queda nos preços dos celulares tornando possível seu consumo pelas classes C, D e E. O anúncio pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) da licitação para operação nas novas bandas, deverá proporcionar fusões entre as empresas de telefonia móvel, provocando maiores competições e quedas nos preços, estimulando ainda mais o consumo. A taxa de habilitação não é mais cobrada para telefones celulares, tornando-se assim mais fácil e barato adquirir-los do que um fixo. 4 É interessante notar que, embora a manufatura de telefones celulares venha apresentando expressivo crescimento no país, não existe no Brasil indústrias de produção de baterias; todas elas são importadas. 2.4.1 - Baterias mais utilizada em telefonia celular Níquel-cádmio: O material ativo usado para a fabricação do eletrodo positivo deste tipo de bateria é um composto de níquel e aditivos, enquanto que o eletrodo negativo é composto de cádmio também com aditivos. A porcentagem de Cd é menor do que Ni e representa cerca de 15% do peso total. 9 Vantagens: • Alto número de ciclos de carga/descarga: se usada adequadamente, a bateria NiCd pode chegar a 1000 ciclos de carga e descarga; • Boa performance de carga: as baterias de NiCd permitem recargas em baixas temperaturas; • Preço baixo em comparação com outras baterias: a bateria NiCd é a que tem menor custo por ciclo; -7- • Disponível em larga escala de tamanhos e opções de desempenho. • Desvantagens: • Baixa densidade de energia, comparada com baterias mais modernas; • Efeito memória; • Alta taxa de auto-descarga precisando ser carregada periodicamente quando armazenada; • Riscos de explosão se houver aumento de pressão em seu interior, resultando em sobrecarga, curto-circuito ou carga reversa, devido ao uso inadequado. Efeitos do Cádmio: Em paises industrializados como EUA, Japão, Bélgica, Alemanha, Grã Bretanha e França, o uso do cádmio é muito comum, representando 80% do consumo mundial. Suas principais aplicações são como componentes de baterias de Ni-Cd, revestimento contra corrosão, pigmentos de tintas, estabilizante, além de ser elemento de liga p/ indústria de materiais eletrônicos. 13 Na década de 40 começaram a ser divulgados estudos sobre os efeitos prejudiciais à saúde, relacionados à exposição ao cádmio. Porém as pesquisas se intensificaram na década de 60, com a identificação do cádmio como o principal responsável pela doença itaiitai. Essa doença atingiu mulheres japonesas que tinham sua dieta afetada pelo cádmio. 14 Apesar do Cádmio não ser essencial para os mamíferos, ele segue os mesmos caminhos no organismo que o zinco e o cobre, metais essenciais ao desenvolvimento. A meia-vida do cádmio em seres humanos é de 20-30 anos, ele se acumula principalmente nos rins, no fígado e nos ossos, podendo levar às disfunções renais e osteoporose.15 -8- Níquel - Metal Hidreto: As baterias NiMH possuem como eletrodo positivo o oxi-hidróxido de níquel III. O material ativo do eletrodo negativo é o hidrogênio armazenado na forma de hidreto em uma liga composta basicamente por quatro metais: níquel, vanádio, titânio e nióbio, sendo capaz de armazenar hidrogênio de uma forma reversível. 11 Possuem como vantagens: • 50 a 100% maior capacidade de carga que as baterias NiCd; • Menor efeito memória. Desvantagens: • Repetidos ciclos de carga e descarga com tempo prolongado reduzem a vida útil da bateria, sendo preferível aplicar várias descargas parciais; • Corrente limitada de descarga; • Processo de carga promove liberação de grande quantidade de calor; • Alta taxa de auto-descarga (50% maior que nas baterias de NiCd); • Alto custo. Íons-lítio: As baterias de íon lítio apresentam melhores condições de armazenamento energético em aparelhos portáteis, pois possuem maior vida útil e maior densidade de energia. Essas baterias apresentam uma grande vantagem, pois não possuem água em sua composição, permitindo que resistam às temperaturas da ordem de -55°c.16 Baterias de íons de lítio apresentam catodo composto por LiCoO2, anodo composto por carbono (grafite) e solução eletrolítica contendo sal LiPF que está em contato com solventes de dimetil carbonato e carbonato de etileno e que tem a função de fixar o óxido de lítio-cobalto e o carbono nas laminas metálicas do eletrodo(Figura 2.2) e em um polímero separador. Esse polímero pode ser de polietileno (PE) ou de polipropileno (PP)17 -9- Vantagens: • Densidade • Taxa de energia elevada e potencial para capacidades ainda maiores; de auto-descarga relativamente baixa (auto-descarga é menor do que a metade das pilhas NiCd e NiMH); • Resistem • Não a baixas temperaturas possuem nenhum tipo de efeito memória. Desvantagens: • Devem ter circuitos de proteção; • Possuem moderada corrente de descarga; • Apresentam perigo de explosão devido ao aumento da pressão interna causada pela produção de gases provenientes da degradação do eletrólito (solvente a base de liquido orgânico); • Alto custo. Partes constituintes de uma bateria de íons lítio: Figura: 2.1 - Fração em massa dos componentes de baterias íon lítio.17 - 10 - Figura 2.2 - Corte da bateria de íons lítio utilizada em telefones celulares17· 2.5 - O Descarte de Baterias e a Legislação Brasileira Em 1999 o Conselho Nacional do Meio Ambiente aprovou uma resolução inédita na América Latina (Resolução CONAMA n°257, de 30.06.99), que aborda os impactos ambientais negativos devido ao descarte inadequado de algumas baterias usadas e trata de sua disposição final. Entretanto, cabe ressaltar que esta resolução aplica-se somente a pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, não considerando, portanto, os demais tipos de baterias, muitas vezes tão prejudiciais ao ambiente quanto às regulamentadas em seu conteúdo, principalmente considerando-se o volume e a rapidez de geração desses resíduos. Desde 1991 quando as baterias de íons-Lítio foram comercializadas pela primeira vez pela Sony, criou-se uma forte tendência de assumir o mercado de dispositivos portáteis. Só no Brasil estima-se que existam atualmente 80 milhões de baterias de celular em uso18. Devido ao volume e à velocidade de geração desses resíduos, o seu descarte inadequado pode representar graves danos ambientais e sanitários, uma vez que em sua composição estão presentes metais pesados como o cobalto e o níquel, além de outras substâncias tóxicas. Os metais pesados, por serem bioacumulativos, acabam depositando-se em determinados pontos do organismo, vindo a afetar suas funções orgânicas. Além disso, as substâncias tóxicas que compõem as baterias, quando dispostas inadequadamente, podem atingir e contaminar os aqüíferos e os lençóis freáticos e chegar ao organismo humano através da ingestão (água ou alimentos contaminados), da inalação ou contato dérmico19. - 11 - Se o lixo urbano for queimado ao ar livre ou em incineradores não apropriados para esse fim, também existe o risco de ocorrência de poluição atmosférica por fumos de metais, além de gases e partículas normalmente presentes em processos de queima ineficientes. 19 As empresas que comercializam baterias de celular no Brasil estão se mobilizando para atender à Resolução CONAMA nº. 257, de 30 de junho de 1999, que estabelece a responsabilidade do material pós-consumo aos fabricantes. A Resolução obriga os fabricantes a criarem uma estrutura de postos de coleta de baterias usadas, onde o consumidor possa devolver o produto após o uso. No Brasil ainda não há um sistema estabelecido de reciclagem de baterias de celulares, por isso, toda bateria recolhida é enviada para empresas estrangeiras que utilizam diferentes processos de reciclagem. 19 2.6 - Processos de Reciclagem de Baterias Os processos industrialmente utilizados na reciclagem de baterias em vários países como França, Suíça e Japão são baseados em três linhas distintas: operações de tratamento de minérios, a hidrometalúrgica e a piro metalúrgica. Alguns desses processos estão mencionados a seguir: SUMITOMO – processo Japonês, totalmente pirometalúrgico, de custo bastante elevado, é utilizado na reciclagem de todos os tipos de pilhas, menos do tipo Ni-Cd.20 RECYTEC – Processo utilizado na suíça, nos países Baixos desde 1994 que combina pirometalurgia, hidrometalurgia e mineralogia. É utilizado na reciclagem de todos os tipos de pilhas e também lâmpadas fluorescentes, e tubos diversos que contenham mercúrio. Esse processo não é utilizado para a reciclagem de baterias de Ni-Cd, que são separadas e enviadas para uma empresa que faça esse tipo de reciclagem. O investimento deste processo é menor que o SUMITOMO, entretanto os custos de operação são maiores.17 ATECH – Basicamente mineralurgico e, portanto com custo inferior aos processos anteriores, utilizado na reciclagem de todas as pilhas.20 SNAM-SAVAM – Processo Francês, totalmente pirometalurgico, para recuperação de pilhas do tipo Ni-Cd.17 SAB-NIFE – Processo Sueco, totalmente pirometalurgico para recuperação de pilhas do tipo Ni-Cd.17 - 12 - INMETCO- Processo Norte Americano da INCO (Pensilvânia, EUA). Foi desenvolvido inicialmente com o objetivo de se recuperar poeiras metálicas provenientes de fornos elétricos. Entretanto, o processo também pode ser utilizado para recuperar resíduos metálicos provenientes de outros processos e as pilhas Ni-Cd se enquadram nestes outros tipos de resíduos.24 WAELZ- Processo pirometalurgico para recuperação de metais provenientes de poeiras. Basicamente o processo se dá através de fornos rotativos. É possível recuperar metais como Zn, Pb,Cd,20 No Brasil vários grupos de pesquisa21-27 têm direcionado os seus trabalhos para o estudo de novos processos para recuperação dos materiais que compõem as baterias principalmente do tipo alcalinas, de Leclanché, de NiCd e NiMH. O processo mais estudado é o hidrometalúrgico que consiste na concentração de materiais, dissolução com ácido e separação dos íons metálicos através de extração por solvente. 28−33 - 13 - 3. OBJETIVOS As inovações tecnológicas voltadas ao desenvolvimento de baterias de alta potência, para serem utilizadas em equipamentos eletro-eletrônicos, resultaram em baterias com diferentes tipos de eletrodos e eletrólitos, alta capacidade de carga e durabilidade, entretanto, é preciso reconhecer que estas inovações não contribuíram para a solução do problema sócio-ambiental gerado pelo descarte inadequado destas baterias. Neste contexto, o presente projeto tem como objetivos gerais: • Estudo de métodos de reciclagem, preparação e caracterização dos materiais constituintes de baterias íons-lítio. 3.1 - Objetivos específicos: • Re-processar o material constituinte do catodo das baterias comerciais e produzir novos eletrodos na forma de filmes, utilizando rotas de síntese com baixo consumo energético visando o desenvolvimento de baterias miniaturizadas, reduzindo assim a quantidade de resíduos. • Separação e caracterização térmica e eletroquímica dos materiais constituintes do catodo. - 14 - 4. METODOLOGIA O estagio englobou estudos sobre a separação e caracterização dos materiais constituintes da bateria. Apresentamos abaixo um esquema da metodologia que foi utilizada na execução do projeto (Fig.4.1). Abertura da Bateria: Separação dos materiais Separador – Membrana Polimérica/ Solvente Catodo Anodo Raspagem do material Material Virgem Caracterização térmica: DTA e TGA Material lixiviado H2O2/HCl 3:1 v/v Caracterização eletroquímica: VC e EIE Precipitação: LiOH →pH = 12 Filtração e Calcinação Filtração e Calcinação + LiOH Filme: Óxido + CB + PVDF Filme Óxido + CB + PVDF DTA eTGA VC e EIE DTA eTGA VC e EIE Figura 4.1 – Organograma das etapas do processo de separação e caracterização dos constituintes da bateria. A seguir a metodologia de trabalho é descrita detalhadamente; - 15 - 4.1 - Procedimentos de Abertura das Baterias Descartadas de Íons-Lítio Após a coleta as baterias de íons–Lítio descartadas foram encaminhadas para o Laboratório de Caracterização e Aplicação de Materiais – LCAM, no Campus da Universidade São Francisco de Itatiba. Figura 4.2: Foto ilustrativa de baterias para celulares. Os passos para abertura das baterias descartadas foram constituídos: • Descarga total das baterias até corrente próxima de 0,0A. O processo de descarregamento visa evitar problemas como: explosão da bateria durante a sua abertura em decorrência da presença de eletrólito liquida orgânico, altamente inflamável; • Produção de um pequeno orifício no revestimento da bateria e transferência para um dissecador sob vácuo. O solvente orgânico será coletado em um “trap” com nitrogênio liquido; l Figura 4.3: Foto da abertura de uma bateria (LCAM) - 16 - Com a abertura das baterias, as carcaças e os componentes eletrônicos foram segregados em coletores de materiais metálicos; Figura 4.4: coletor de metal31 • Separação do catodo, separador (membrana polimérica intumescida com eletrólito) e anodo e acondicionamento em dessecadores individuais. Figura 4.5: Foto de componentes internos de uma bateria de celular (íon lítio) (LCAM) - 17 - Figura 4.6: Fotos dos principais componentes das baterias íon de lítio.17 4.2 - Re-processamento do Material Constituinte do Catodo O material do catodo (LiCoO2) foi re-processado através das seguintes etapas: • Foi separado o material do coletor de corrente através de raspagem. • A partir do material raspado da bateria descartada, foram feitas análises de TGA (,Análise Termogravimétrica) e DTA (Analise térmica diferencial) e analise eletroquímica do material raspado Figura 4.7: Foto da extração do oxido do catodo alumínio (LCAM) - 18 - • Foi feito lixiviação do material extraído: O tratamento foi realizado utilizando peróxido de hidrogênio seguido de ácido, foram feitos estudos quanto ao efeito da concentração, da temperatura e do tempo de reação. Figura 4.8: foto lixiviação do óxido do catodo alumínio (LCAM) • Foi feito o processo de precipitação do óxi-hidróxido de cobalto: Figura 4.9: foto precipitação do oxi-hidroxido de cobalto • Diminuição do pH da solução seguido de filtração. • Lavagem do precipitado até pH neutro. • Inserção de hidróxido de lítio, estudo da quantidade estequiométrica. • Calcinação: estudo de tempo e de temperatura necessária para obtenção do material - 19 - • Análise térmica – análises de TGA (Análise Termogravimétrica), DTA (Análise térmica diferencial) • Preparação dos filmes finos de óxidos recuperados Análise eletroquímica: VC (voltametria cíclica), C/D (carga e descarga) e EIE (Espectroscopia de impedância eletroquímica) • A título de comparação todo o processo de abertura e de lixiviação também foi realizado em uma bateria descartada. 4.3 - Caracterizações: 4.3.1 - Analise térmica: A análise térmica diferencial (DTA) foi realizada nos materiais abaixo relacionados visando a determinação da temperatura de recozimento das amostras (temperatura de formação do óxido): • Material virgem (degradado): determinação da composição do catodo quanto a quantidade de binder, carbon black e material ativo. • Material reciclado sem a adição de LiOH no processo de calcinação: determinação da composição do catodo quanto a quantidade de binder, carbon black e material ativo. • Material reciclado com a adição de LiOH no processo de calcinação: verificação dos processos térmicos e obtenção da estequiometria do material. 4.3.2 - Análise eletroquímica: Esta análise foi realizada em uma cela eletroquímica de três eletrodos: • catodo: 80% m/m óxido de cobalto litiado + 15 % carbono condutor + 5% PVDF; • eletrólito: orgânico DMC (carbonato de dimetilleno) /EC (carbonato de etileno) 1.0 mol/L LiClO4; • anodo: lítio metálico. - 20 - Os seguintes testes eletroquímicos foram realizados: • Voltametria Cíclica: caracterização dos processos de intercalação e de-reintercalação; • Testes de Carga/Descarga: determinação da Capacidade de armazenamento e liberação de carga e tempo de vida: cronopotenciometria; • Espectroscopia de Impedância Eletroquímica: caracterização dos processos de interface, tais como: resistência a transferência de carga, difusão, etc: - 21 - 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 - Análise térmica C oO O H ppt em H N O 3 Exotérmico C o O O H p p t em H C l C oO O H p pt e m H N O 3 C o O O H p pt e m H C l Ex o tér m ic o Fluxo de ca lor / u.a . Fluxo de calor / u.a. 5.1.1 - Análise térmica diferencial - DTA 0 .7 760 8 00 T e m p e ra t u r a / ° C 0 200 400 600 800 1000 T e m p e ra tu ra / °C Figura 5.1 - Analise térmica diferencial das amostras reprocessadas com HNO3 e HCl. A Figura 5.1 apresenta as curvas de DTA para os compostos obtidos a partir da síntese com os ácidos HCL e HNO3. A curva referente ao material obtido com o ácido HNO3 (curva vermelha) apresenta em baixas temperaturas processos endotérmicos referentes à saída de resíduos como água e volatilização do excesso de ácido. Em aproximadamente 320oC observa-se um pico também endotérmico referente a fusão do material e em mais altas temperaturas vários pequenos picos, provavelmente relacionados a saída de resíduos provenientes do ácido utilizado. A curva de DTA referente ao material produzido com HCl apresenta-se muito mais “limpa” que a anterior pois verifica-se somente o pico endotérmico relacionado a fusão do material, sem apresentar processos que indiquem a presença de resíduos. Portanto, por esta análise concluímos que a extração do material com HCl pelo método de lixiviação seja a mais adequada para o re-processamento do catodo da bateria descartada de celular (bateria de íons lítio). - 22 - 0 LICOOH CALCINADO A 750 C 48 h Calor / u.a. 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 0 200 400 600 800 1000 0 Θ/ C Figura 5.2 - curva de DTA do LiCoO2 A figura 5.2 apresenta a curva de DTA para a amostra em que foi inserido o LiOH durante a síntese. Podemos observar os processos de saída de solvente em baixas temperaturas através de processos endotérmicos. Enquanto que em altas temperaturas (900oC) observamos o processo endotérmico referente ao processo de fusão do material caracterizando o processo de síntese de estado sólido. - 23 - Perda de massa / % 5.1.2 - Análise Termogravimétrica - TGA 95 90 85 80 óxido bateria usada à reciclar LiCoO 2 sem Calcinar LiCoO 2 calcinado LiCoO 2 + binder + negro de acetileno bateria usada 75 0 200 400 600 800 1000 Temperatura / ºC Figura 5.3 – Analise TGA em atmosfera de ar sintético A Figura 5.3 apresenta as análises termogravimétricas dos materiais descartados, óxido de bateria usada, óxido reciclado sem calcinação, óxido reciclado calcinado e catodo na forma de filme fino (85% óxido + 10% carbon black + 5%PVDF; relação massa/massa). Nota-se a presença de uma grande perda de massa para o material degradado extraído da bateria usada, indicando total falta de organização em sua estrutura cristalina. Quanto ao material reciclado, verifica-se que o processo de calcinação estabilizou o material estruturalmente, pois não se observa grande perda de massa (curva vermelha). Com a produção do filme de catodo (com o material calcinado), as perdas de massa observadas na curva verde são referentes ao material condutor eletrônico (carbon Black) e ao binder (PVDF). - 24 - 5.2 - Análises eletroquímicas j/ mA cm -2 5.2.1 - Voltametria cíclica catodo extraído da bateria usada 3 catodo recuperado (antes c/d) catodo recuperado (após c/d) 2 1 0 -1 -2 v = 1 mV s -1 -3 2,5 3,0 3,5 4,0 E / V vs. Li 4,5 Figura 5.4 - Voltamogramas cíclicos dos eletrodos de LiCoO2 extraídos da bateria usada e recuperada, em LiClO4 1 mol L-1 dissolvido numa mistura de EC/DMC 2:1 (V/V), com eletrodos auxiliares e de referência de lítio metálico; v = 1 mV s-1 . A Figura 5.4, apresenta a voltametria cíclica para óxidos da bateria usada e recuperada. Comparando os materiais analisados podemos perceber que o material do catodo extraído da bateria usada apresenta processo redox de carga e descarga comprometido, indicando que o material está totalmente inviabilizado de ser utilizado como catodo em baterias utilizáveis em dispositivos eletro-eletrônicos. Em contra partida as amostras dos catodos recuperados apontam que a voltametria cíclica está reversível e estável eletroquímicamente, sendo uma indicativa do sucesso do reprocessamento. - 25 - 5.2.2 - Espectroscopia de impedância eletroquímica 140 120 LiCoO 2 recuperado calcinado 3,25 LiCoO 2 recuperado calcinado 3,50 LiCoO 2 recuperado calcinado 3,75 LiCoO 2 recuperado calcinado 4,25 LiCoO 2 recuperado calcinado 4,00 -Z / kΩ cm -1 100 80 V V V V V 60 40 20 0 0 20 40 60 80 Z / kΩ cm 100 120 140 -1 Figura 5.5 Diagrama de Nyquist do óxido recuperado em diferentes potenciais aplicados. A Figura 5.5 apresenta as curvas de espectroscopia de impedância eletroquímica do material re-processado em diferentes potenciais de carga. Podemos observar que com o aumento do potencial aplicado observamos uma diminuição na impedância total do sistema indicando que o material quando re-intercalado de Li (lítio) apresenta uma condutividade iônica e eletrônica maior que o material composto com toda a carga de Li (lítio). Esta característica é muito observada em materiais compostos por óxidos de metais de transição litiados. - 26 - 5.2.3 - Curvas de carga e descarga 400 µA E / V vs. Li/Li + 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 0 2000 4000 6000 8000 10000 t/s Figura 5.6: Curvas de carga e descarga dos eletrodos de LiCoO2 extraídos da bateria usada, em LiClO4 1 mol L-1 dissolvido numa mistura de EC/DMC 2:1 (V/V), com eletrodos auxiliar e de referência de lítio; Ic = 400 µA ; Id = 400 µA A caracterização de carga e descarga do catodo recém retirado da bateria usada está apresentada na Figura 5.6, Observa-se que a bateria se esgota rapidamente indicando que esta sofre o processo de descarregamento rapidamente, pois o processo de carga não é suficiente. Este fato está associado ao fato da estrutura cristalina do material estar totalmente degradada. - 27 - E / V vs. Li/Li + 4,5 LiCoO 750 ºC 48 h 2 4,0 3,5 3,0 2,5 Id = 100 µA Ic = 100 µA 0 10000 20000 30000 40000 t/s Figura 5.7: Curvas de carga e descarga dos eletrodos padrões de LiCoO2 em LiClO4 1 mol L-1 dissolvido numa mistura de EC/DMC 2:1 (V/V), com eletrodos auxiliar e de referência de lítio; Ic = 100 µA ; Id = 100 µA ; A Figura 5.7 apresenta as curvas de carga e descarga para o material re-processado. Podemos observar que o tempo de carga e de descarga do catodo é muito maior que o mostrado na figura anterior (Figura 5.6, material recém retirado da bateria descartada), indicando que o processo utilizado para regeneração do material catódico foi eficiente. - 28 - 5.0 eletrodo reciclado eletrodo descartado 4.5 E/ V vs. Li 4.0 3.5 3.0 4.5 4.0 3.5 3.0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 -1 Cesp/ mAhg Figura 5.8 Curvas de carga e descarga para os eletrodos: descartado e o reciclado. A Figura 5.8 apresenta as curvas de carga e de descarga para o material descartado e o reciclado. Podemos observar que a capacidade específica de carga e de descarga foi quase que completamente recuperada, uma vez que a capacidade específica 168 mAhg−1. teórica de carga e de descarga do LiCoO2 é de - 29 - 6. CONCLUSÃO Os resultados alcançados no presente trabalho permitem as seguintes conclusões: • O processo de recuperação do material catódico mostra-se eficiente já que a rota de recuperação apresentada regenera o material em sua forma cristalina inicial; • As curvas voltametricas dos catodos recuperados apresentaram perfis reversíveis e estáveis eletroquimicamente, sendo um indicativo do sucesso do re-processamento. • A partir dos resultados obtidos em análises de TGA, pode-se observar que o processo de calcinação estabiliza estruturalmente o material reciclado. • A partir das curvas de carga e descarga dos materiais de catodos recuperados verificou-se uma recuperação de até 98% da capacidade específica de carga e de descarga do material de catodo re-processado; A partir dos resultados encontrados neste trabalho, conclui-se que a rota de re- processamento e reciclagem da bateria de íons lítio é perfeitamente viável, necessitando apenas de adequação das quantidades de soluções utilizadas durante a rota de reprocessamento - 30 - 7. 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