“Triste de um povo que ainda precisa de heróis”
Bertold Brecht
Soy loco por ti
Fernando Nicarágua
2014
Pra minha mãe, uma latino-americana
Sumário
Apresentação
09
Ave de rapina
11
“Tão longe de Deus...”
17
Atalho para o astuto
25
O despertar da Guatemala
31
O brado de Sierra Maestra
41
Liberdade ainda que tardia
49
Assalto ao Chile
57
Pesadelo austral
65
Sandino vive!
71
Soy loco por ti
S
OY LOCO POR TI é um
panorama de uma parte da
história da América Latina e sua luta de
morte contra as imposições do imperialismo
estadunidense, que desde primórdios da
independência (1776) tem fé inconteste de
que sua dominação a todo o continente
americano é uma missão de ordem divina.
É um panorama poético em forma de
Literatura de Cordel que mostra a bravura
dos mais fracos em prol de um país justo e
que lutam contra adversários antiéticos e
corrompidos quando a palavra de ordem é a
questão social.
Vitórias, derrotas... Luta! As massas
populares, vitoriosas ou não, nunca se
acovardaram diante de gigantes...
São versos que não têm condições de
mostrar a fundo todos os acontecimentos,
mas se deixar você, leitor, aflito em conhecer
o que os povos de cada nação latinoamericana carregam em sua linda história,
estes versos terão cumprido o seu papel.
Fernando Nicarágua
9
Fernando Nicarágua
10
Ave de rapina
"A expansão dos Estados Unidos sobre o continente
americano desde o Ártico até à América do Sul, é o
destino de nossa raça (...) e nada pode detê-la."
James Buchanan
Fernando Nicarágua
N
ão bastasse infame ideia
Que há seres superiores
O pior estaria a vir
Pô-la em prática os senhores
Expansão de território
Cunho civilizatório (?)
Pra Oeste, seus penhores
Treze colônias libertas
Do jugo anglo-saxão
Querem aumentar suas terras
Transformarem-se em nação
Se por índios são ocupadas
Violenta é a empreitada
Morte é o custo da invasão
Grande império está nascendo
Encravado entre oceanos
Extenso de costa a costa
Segue exemplo dos romanos
Se o Oeste é pequeno
Tudo ao Sul e estará pleno
Mandato de muitos anos
12
Soy loco por ti
Estariam destinados
Pela própria Providência
Outros povos conquistar
Cumprimento à vidência
Do Destino Manifesto
Operar plano funesto
Pra Latina a diligência
Pois dizia a profecia
Que a América tem dono
Desde o gelo do Alasca
Seria garantido o trono
Até o Sul sem cerimônia
Alcançada a Patagônia
Continente todo é abono
Invasão desenfreada
Sem aviso, sem pudor
Em idos do Dezenove
Está expulso o antecessor
Sobras da guerra com a Espanha
Pro vencedor da façanha
Direitos de protetor (?)
13
Fernando Nicarágua
Não haverá pontos sem nó
A Latina será arrendada
Em tranquila negociata
Com governos de fachada
Oligarcas marionetes
Dão o país por um banquete
Exploração está liberada
A ideia é produzir
Ao menor custo possível
Empresas de grande porte
Em latifúndio imbatível
Matéria prima roubada
Mão de obra à chicotada
Soberania perecível
Assim é a dominação
Do egocentrismo ianque
Enganado em pensar
Que povo não tem palanque
E eis que ele se levanta
Não importa qual carranca
Tão forte quanto um tanque
14
Soy loco por ti
Pois não disse a profecia
Que a Latina já tinha dono
E que seu sangue ardente
Já não era mais colono
Se aceita a campanha
Tenha mais que vil barganha
Pra conquistar este trono
É a história de luta
De Davi ante Golias
Não se aceita conformismo
Diante das sevicias
Ao império o desafio
De gente de muito brio
Em prol das soberanias
15
Fernando Nicarágua
16
“Tão longe de Deus...”
"Pobre México, tan lejos de Dios y tan cerca de los
Estados Unidos.”
Porfírio Diaz
Fernando Nicarágua
E
xpandir é a grande ordem
Atravessadas as montanhas
Há terras a Sudoeste
Em lotes de Nova Espanha
Mexicanos recebem a oferta
Califórnia é a meta certa
Pro Pacífico a campanha
Ousaram em recusar
Convite a retirada
Solução mais conveniente
Que seja anexada
Guerra contra os mexicanos
E em pouco mais de dois anos
Resolve-se a empreitada
Agora a Califórnia
É o estado trinta e um
O ianque está crescendo
Tal qual abutre-comum
Os espólios desta guerra
Farão aumentar mais terras
Sem trégua nem desjejum
18
Soy loco por ti
O Texas já era perdido
Razão da revolução (?)
Insuflada pelo ianque
De olho em seu quinhão
República incorporada
Produto de ardil cilada
Aos latinos, lamentação
Seu terreno independente
À custa de muitas vidas
Perde-se pela metade
Em lutas mal sucedidas
Expande-se o adversário
O mais perfeito corsário
Que tal Destino valida
A Porfírio coube o engodo
Do que é desenvolvimento
Governa pro latifúndio
Perene planejamento
Interesses bem seguros
Do imperialista obscuro
O povo mostrou lamento
19
Fernando Nicarágua
Em armas, não aceitam mais
Revolução Mexicana!
No campo, Villa e Zapata
Não estão com zarabatana
Se o México está em conflito
Ser rebelde não é delito
Que se derrube a tirana
Só terras são insuficientes
Golpe maior se anuncia
Que se cuide o mexicano
Agouram sua economia
É por ela o caminho
Que investe o mesquinho
No dólar a apologia
De Chiapas vem voz forte
De tempos de exploração
Imposta pelo gigante
À pobre população
Tem seu povo engajado
Com seu exército armado
Contra a globalização
20
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