PROGRAMA EQ-ANP Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Natural Síntese de Fischer-Tropsch: Processos Industriais e Adsorção de CO em Aglomerados Metálicos Cristiane Nascimento Santana Projeto de Final de Curso Orientadores Prof. Donato A. G. Aranda, D.sc. Rafael Monteiro (INPI), M.sc. Novembro de 2006 ii SÍNTESE DE FISCHER-TROPSCH: PROCESSOS INDUSTRIAIS E ADSORÇÃO DE CO EM AGLOMERADOS METÁLICOS Cristiane Nascimento Santana Projeto de Final de Curso submetido ao Corpo Docente do Programa Escola de Química/Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria de Petróleo e Gás Natural, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenharia Química com ênfase na área de Petróleo e Gás Natural – Ênfase em Engenharia de Petróleo. Aprovado por: ________________________________________ Luciana Camacho (UERJ), D.sc. ________________________________________ Suzana Borschiver (DPO/EQ), D.sc. ________________________________________ Mariana Mattos (DPI/EQ), D.sc. Orientado por: ________________________________________ Donato A. G. Aranda, D.sc. ________________________________________ Rafael Monteiro (INPI), M.sc. Rio de Janeiro, RJ - Brasil Novembro de 2006 i Santana, Cristiane Nascimento. Síntese de Fischer-Tropsch: Processos Industriais e Adsorção de CO em Aglomerados Metálicos / Cristiane Nascimento Santana. Rio de Janeiro: UFRJ/EQ, 2006. vi, 92 p.; il. (Projeto Final de Curso) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, 2006. Orientadores: Donato A. G. Aranda e Rafael Monteiro. 1. Fischer-Tropsch. 2. GTL. 3. Catalyst of Fe/Co. 4. Projeto Final de Curso. (Graduação – UFRJ/EQ). 5. Donato A. G. Aranda e Rafael Monteiro. I. Título. ii Dedico este trabalho a minha família e a todas as pessoas que acreditaram e confiaram em mim. iii “Nada acontece por Acaso” iv AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a Deus. A minha família por todo apoio, carinho e compreensão em todos os momentos, tanto felizes quanto difíceis. Ao André, que é uma pessoa muito especial para mim e está sempre ao meu lado em todos os momentos. A todos que trabalham no laboratório GREENTEC no LADEQ/EQ pelo apoio e grande ajuda, em especial a Márcia Castoldi por todo o suporte. Aos meus orientadores por todo suporte e compreensão durante todo o tempo da confecção do trabalho. Aos meus amigos da Escola de Química pelo companheirismo e amizade. Ao apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo – ANP – e da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor de Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT, em particular ao PRH 13, da Escola de Química - Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Natural. v Resumo do Projeto Final apresentado à Escola de Química como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Químico com ênfase na área de Petróleo e Gás Natural – Engenharia de Petróleo. SÍNTESE DE FISCHER-TROPSCH: PROCESSOS INDUSTRIAIS E ADSORÇÃO DE CO EM AGLOMERADOS METÁLICOS Cristiane Nascimento Santana Novembro, 2006 Orientadores: Prof. Donato Aranda (DEQ/EQ), D.sc. Rafael Monteiro (INPI), M.sc. ---------------------------------------------------------------------------------------------------Nome do Grau: Engenheira Química Nome da Ênfase: Engenharia de Petróleo ---------------------------------------------------------------------------------------------------RESUMO A demanda mundial por energia limpa está crescendo. Diversos governos na Europa, África, Ásia e os Estados Unidos estão impondo legislações de ar limpo cada vez mais rigorosos. O aumento de reservas de gás não aproveitáveis com a utilização de tecnologias tradicionais de transporte (gasodutos e gás natural liquefeito – GLP) e o desenvolvimento de nichos de mercado para combustíveis sintéticos, em função da legislação ambiental, impulsionaram a renovação do interesse das empresas pela tecnologia GTL. O desenvolvimento da conversão do gás de síntese (CO + H2) pelo processo de Fischer-Tropsch vem sendo promovido pela disponibilidade do gás natural, principalmente daqueles provenientes de regiões remotas (“stranded gas”). Plantas de processos GTL acima de 40.000 barris/dia são viáveis, mesmo em condições econômicas menos favoráveis, apresentando-se como um investimento de baixo risco. vi No processo de Fischer-Tropsch o gás natural é convertido em hidrocarbonetos e água com a utilização de catalisadores. Este processo é muito exotérmico com o calor de reação de 170 kJ/mol. O processo ocorre em três etapas: geração do gás de síntese, síntese de Fischer-Tropsch e hidrotratamento. Os catalisadores clássicos para a hidrogenação de CO são feitos de metais como Fe, Co, Ni, Ru ou Rh suportados em vários óxidos. Entretanto, outros metais como cobre, por exemplo, e outros suportes também são utilizados. Os catalisadores mais utilizados na industria atualmente são os de ferro e de cobalto. O processo de Fischer-Tropsch gera produtos como o diesel, nafta, óleos lubrificantes, querosene e outros, combustíveis estes que são considerados ultra limpos, devido à redução de enxofre, compostos aromáticos e metais. Esses produtos apresentam alta qualidade, com alto número de cetano para o diesel, um alto número de octano para a gasolina, alto poder calorífico, muito baixa toxicidade, boa biodegradabilidade e imiscibilidade em água. A partir das projeções de demanda realizadas, nota-se que num futuro próximo, a demanda nacional de diesel é crescente e já que este é um dos produtos da síntese de Fischer-Tropsch, pode se tornar um dos produtivos investimentos que o Brasil poderá a vir fazer. Percebe-se que a oferta de combustíveis de Fischer-Tropsch está crescendo e diversas novas plantas estão sendo construídas com capacidades cada vez maiores, isto devido à economia de escala que para os processos GTL é um grande fator de diminuição dos custos do produto final. Os resultados da adsorção de CO nos aglomerados metálicos mostram o melhor desempenho observado na Síntese de Fischer-Tropsch para o catalisador de cobalto em comparação com o de ferro, uma vez que este é menos estável em relação ao outro. Porém em ambos os metais existe uma boa mobilidade necessária para a reação com o hidrogênio, não deixando o CO excessivamente “agarrado” a superfície. vii Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química ÍNDICE 1. Introdução _________________________________________________________ 1 2. O Gás Natural: Pricipal Matéria-Prima para Síntese de Fischer-Tropsch ______ 3 2.1. Características do Gás Natural ____________________________________ 3 2.1.1. Definições___________________________________________________ 3 2.1.2. Composição _________________________________________________ 5 2.2. Usos e Aplicações do Gás Natural __________________________________ 7 2.2.1. Principais Usos e Aplicações do Gás Natural _______________________ 7 2.2.2. Vantagens do Gás Natural _____________________________________ 10 2.3. O Transporte de Gás Natural ____________________________________ 2.3.1. Gasodutos __________________________________________________ 2.3.2. Navios Metaneiros / Navios Criogênicos __________________________ 2.3.3. Como Compostos Derivados ___________________________________ 2.3.4. Outros Modos _______________________________________________ 11 11 12 13 14 2.4. Produção e Reservas de Gás Natural_______________________________ 2.4.1. Produção Mundial de Gás Natural _______________________________ 2.4.2. Produção Nacional de Gás Natural_______________________________ 2.4.3. Reservas Mundiais de Gás Natural_______________________________ 2.4.4. Reservas Nacionais de Gás Natural ______________________________ 14 14 16 17 18 3. O Processo de Fischer-Tropsch _______________________________________ 19 3.1. O Histórico do Processo de Fischer-Tropsch ________________________ 19 3.2. As Etapas do Processo de Fischer-Tropsch__________________________ 3.2.1. Geração de Gás de Síntese _____________________________________ 3.2.2. Síntese de Fischer-Tropsch_____________________________________ 3.2.2.1. Mecanismo da Reação de Fischer-Tropsch _____________________ 3.2.3. Recuperação do Produto – Hidroprocessamento ____________________ 21 23 26 27 30 3.3. Reatores Utilizados na Síntese de Fischer-Tropsch ___________________ 3.3.1. Reatores de Leito Fluidizado (FBR)______________________________ 3.3.2. Reatores de Lama – Slurry (SBCR) ______________________________ 3.3.3. Reatores Multitubulares de Leito Fixo (MTFBR) ___________________ 3.3.4. Projetos Alternativos de Reatores________________________________ 3.3.4.1. Reatores Monolíticos______________________________________ 3.3.4.2. Reator com Recirculação de Gás_____________________________ 30 30 31 32 33 33 35 3.4. Catalisadores Utilizados na Síntese de Fischer-Tropsch _______________ 36 3.4.1. Catalisadores a base de Ferro ___________________________________ 37 3.4.2. Catalisadores a base de Cobalto _________________________________ 39 3.5. Os Produtos da Síntese de Fischer-Tropsch _________________________ 40 4. Estudo Quântico da Síntese de Fischer-Tropsch __________________________ 42 4.1. Métodos em Química Computacional ______________________________ 4.1.1. Métodos de Mecânica Molecular ________________________________ 4.1.2. Métodos Quânticos ___________________________________________ 4.1.2.1. Métodos Semi-empíricos___________________________________ 4.1.2.2. Métodos Ab Initio ________________________________________ 4.1.2.3. Métodos da Teoria do Funcional da Densidade _________________ i 42 43 45 46 47 48 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 4.2. Adsorção de CO em Aglomerados de Ferro e Cobalto ________________ 49 5. Metodologia _______________________________________________________ 51 5.1. Estudo da Demanda e da Oferta de Combustíveis ____________________ 51 5.2. Adsorção de CO em Aglomerados Metálicos ________________________ 52 5.2.1. Análise Conformacional e Energia de Adsorção de CO em Ferro e Cobalto _______________________________________________________________ 52 5.2.2. Distâncias Interatômicas_______________________________________ 54 6. resultados e discussão _______________________________________________ 56 6.1. Estudo da Demanda e da Oferta de Combustíveis ____________________ 6.1.1. Análise da Demanda de Combustíveis ____________________________ 6.1.1.1. Gasolina A ______________________________________________ 6.1.1.2. Óleo Diesel _____________________________________________ 6.1.2. Análise da Oferta de Combustíveis de Fischer-Tropsch ______________ 6.1.2.1. Principais Empresas que Possuem o Processo de Fischer-Tropsch __ SASOL _________________________________________________________ China___________________________________________________________ Syntroleum ______________________________________________________ Rentech _________________________________________________________ US DOE ________________________________________________________ Shell ___________________________________________________________ Exxon Mobil_____________________________________________________ 6.1.2.2. As Principais Plantas GTL e suas Capacidades de Produção _______ 56 56 58 65 69 69 70 71 71 72 73 73 74 75 6.2. Adsorção de CO em Aglomerados de Ferro e Cobalto ________________ 6.2.1. Análise Conformacional e Energia de Adsorção de CO em Fe e Co _____ 6.2.1.1. Sistema Fe-CO___________________________________________ 6.2.1.2. Sistema Co-CO __________________________________________ 6.2.2. Distâncias Interatômicas_______________________________________ 6.2.2.1. Sistema Fe-CO___________________________________________ 6.2.2.2. Sistema Co-CO __________________________________________ 6.2.3. Comparação da Adsorção de CO em Ferro e Cobalto ________________ 77 77 77 81 84 84 86 87 7. Conclusões ________________________________________________________ 89 8. Referências Bibliográficas ___________________________________________ 90 ii Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Representação Esquemática de Reservas de Gás Natural. __________ 4 Figura 2 – Esquema Simplificado das Aplicações do Gás Natural ______________ 9 Figura 3 – Rede de Gasodutos na América do Sul __________________________ 11 Figura 4 – Navio Criogênico para Transporte de GNL _______________________ 12 Figura 5 – Queima de Hidratos de Gás Natural (GNH)_______________________ 13 Figura 6 – Produção de Gás Natural em bilhões de m3 ______________________ 14 Figura 7 – Evolução da Produção de Gás Natural no Mundo _________________ 15 Figura 8 – Evolução da Produção Nacional de Gás Natural __________________ 16 Figura 9 – Reservas Mundiais de Gás Natural em trilhões de m3 ______________ 17 Figura 10 – Fluxograma do Processo de Fischer-Tropsch____________________ 23 Figura 11 – Mecanismo Proposto para a Etapa de Iniciação da Reação de Fischer-Tropsch (Fonte: Maitlis P. M., 2004) _____________________ 27 Figura 12 – Mecanismo Proposto para a Formação do C2 (ad) _________________ 28 Figura 13 – Mecanismo Proposto para a Etapa de Propagação da Reação de Fischer-Tropsch (Fonte: Maitlis P. M., 2004) _____________________ 28 Figura 14 – Mecanismo Proposto para a Etapa de Terminação da Reação de Fischer-Tropsch (Fonte: Maitlis P. M., 2004) _____________________ 29 Figura 15 – Mecanismo Proposto de Terminação para Parafinas e Olefinas ____ 29 Figura 16 – Reator de Leito Fluidizado (FBR) ______________________________ 31 Figura 17 – Reator de Lama (SBCR) ______________________________________ 32 Figura 18 – Reator Multitubular de Leito Fixo (MTFBR) ______________________ 33 Figura 19 – Algumas Estruturas Monolíticas________________________________ 34 Figura 20 – Reator Monolítico com Recirculação de Líquido__________________ 35 Figura 21 – Reator com Recirculação de Gás ______________________________ 36 Figura 22 – Barril do Refino de Petróleo e Barril de Fischer-Tropsch __________ 40 Figura 23 – Classificação dos Métodos de Química Computacional ___________ 43 Figura 24 – Clusters de Ferro. (a) Com 11 átomos (Fe11), vista superior; (b) Com 11 átomos (Fe11), vista lateral; (c) Com 7 átomos (Fe7) _______ 53 Figura 25 – Clusters de Cobalto. (a) Com 10 átomos (Co10), vista superior; (b) Com 10 átomos (Co10), vista lateral; (c) Com 6 átomos (Co6) ______ 53 Figura 26 – Procedimento para os Parâmetros Geométricos. (a) Distância CSuperfície, (b) Ângulo entre a Molécula de CO e a Superfície ______ 55 Figura 27 – Produção Nacional de Derivados de Petróleo Energéticos em mil m3 _________________________________________________________ 57 Figura 28 – Produção Nacional de Derivados do Petróleo Não-Energéticos em mil m3 ______________________________________________________ 57 Figura 29 – Produção, Importação e Exportação de Gasolina A no Brasil de 1995-2005 em m3 ____________________________________________ 58 Figura 30 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente (m3) x Ano para a Gasolina A __________________________________________________ 59 Figura 31 – Novo Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x Ano para a Gasolina A __________________________________________________ 60 Figura 32 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Aparente x Ano para a Gasolina A __________________________________________________ 61 Figura 33 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x PIB per Capita para a Gasolina A __________________________________________________ 62 iii Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 34 – Novo Ajuste para os pontos de Consumo Ap. x PIB per Capita para a Gasolina A ________________________________________________ Figura 35 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Aparente x PIB per Capita para Gasolina A _____________________________________________ Figura 36 – Projeção da Demanda de Gasolina A para ambos os Casos Analisados __________________________________________________ Figura 37 – Produção, Importação e Exportação de Óleo Diesel no Brasil em m3 _________________________________________________________ Figura 38 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x Ano para o Óleo Diesel Figura 39 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Aparente x Ano para o Óleo Diesel ______________________________________________________ Figura 40 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x PIB per Capita para o Óleo Diesel _________________________________________________ Figura 41 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Aparente x PIB per Capita para o Óleo Diesel ___________________________________________ Figura 42 – Projeção da Demanda de Óleo Diesel em ambos os Casos Analisados __________________________________________________ Figura 43 – Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Fe11 ___________________ Figura 44 – Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Fe7 ___________________ Figura 45 – Espécies Encontradas na Análise Conformacional para o Cluster de Fe11 _____________________________________________________ Figura 46 – Espécies Encontradas na Análise Conformacional para o Cluster de Fe7 ______________________________________________________ Figura 47 - Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Co6 ____________________ Figura 48 – Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Co10 __________________ Figura 49 – Espécie Encontrada na Análise Conformacional para o Cluster de Co6_________________________________________________________ Figura 50 – Espécies Encontradas na análise Conformacional para o Cluster de Co10 ________________________________________________________ Figura 51 – Espécie mais Estáveis nos Aglomerados de Ferro e Cobalto ______ iv 62 63 64 65 66 66 67 68 68 78 78 79 80 82 82 83 83 87 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 – Composição Típica do Gás Natural em % volumétrica ______________ 6 Tabela 2 – Especificações do Gás Natural __________________________________ 7 Tabela 3 – Produção Nacional de Gás Natural _____________________________ 16 Tabela 4 – Reservas Nacionais Totais e Provadas __________________________ 18 Tabela 5 – Propriedades do Diesel Produzido por FTS ______________________ 41 Tabela 6 – Principais Plantas GTL operantes Atualmente ____________________ 76 Tabela 7 – Principais Projetos de Plantas GTL _____________________________ 76 Tabela 8 – Energia de Adsorção para as Diferentes Conformações de CO nos Clusters ____________________________________________________ 79 Tabela 9 – Energia de Adsorção para as Diferentes Conformações de CO nos Clusters ____________________________________________________ 81 Tabela 10 – Energia de Adsorção para a Conformação de CO no Cluster de Co 83 Tabela 11 – Energias de Adsorção para a Conformação de CO no Cluster de Co _________________________________________________________ 84 Tabela 12 – Distância Fe-C, Distância C-O e Ângulo com a Superfície para as Espécies Estudadas de Fe11___________________________________ 85 Tabela 13 - Distância Fe-C, Distância C-O e Ângulo com a Superfície para as Espécies Estudadas de Fe7 ___________________________________ 86 Tabela 14 - Distância Co-C, Distância C-O e Ângulo com a Superfície para as Espécies Estudadas de Co6 e Co10 _____________________________ 86 Tabela 15 – Resumo da Analise Conformacional e Parâmetros _______________ 88 v Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química ÍNDICE DE EQUAÇÕES Equação 1 – Energia Total de uma Molécula _______________________________ Equação 2 – Energia de Estiramento______________________________________ Equação 3 – Energia de Deformação _____________________________________ Equação 4 – Equação de Schrödinger_____________________________________ Equação 5 – Equação de Schrödinger_____________________________________ vi 44 44 44 45 45 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 1. INTRODUÇÃO A demanda mundial por energia limpa está crescendo. Diversos governos na Europa, África, Ásia e os Estados Unidos estão impondo legislações de ar limpo cada vez mais rigorosos. A indústria de petróleo está procurando por formas de custo mais efetivas no suprimento, tais como um combustível que viabilize o vasto potencial econômico e energético de bilhões de metros cúbicos de gás encalhados. Devido às políticas de economia de energia, emissões de dióxido de carbono (CO2) que são culpadas pelo aquecimento global e a queima de gás natural por flairs que vem sendo taxada, o processo “Gas to Liquids” (GTL) ganha grande interesse.[1] O aumento de reservas de gás não aproveitáveis com a utilização de tecnologias tradicionais de transporte (gasodutos e gás natural liquefeito – GLP) e o desenvolvimento de nichos de mercado para combustíveis sintéticos, em função da legislação ambiental, impulsionaram a renovação do interesse das empresas pela tecnologia GTL.[2], [3] Essas restrições ambientais impostas à qualidade dos combustíveis são um grande incentivo para esta tecnologia, uma vez que tais exigências representam um aumento de custo para as refinarias tradicionais, que enfrentam uma situação cada vez mais difícil: devem produzir, com uma matéria-prima cada vez pior (óleos mais pesados), produtos cada vez mais limpos.[2] Cabe mencionar ainda que o processo de liberalização da indústria do gás natural e da eletricidade, nos principais mercados mundiais, levou a um aumento da volatilidade nos preços do gás, dificultando sua venda em contratos de longo prazo e, por conseqüência, criando obstáculos para o funcionamento de grandes projetos de gasodutos e de gás natural liquefeito (GNL).[3] 1 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Apesar da tecnologia GTL ser bem conhecida, existem ainda limitações quanto à seletividade de seus catalisadores, tendo em vista a ampla distribuição de produtos obtidos. Processos catalíticos, em especial os processos envolvendo catálise heterogênea, normalmente ocorrendo em interfaces envolvendo sólidos, são processos que, embora com certo domínio tecnológico, não são, em sua maioria, conhecidos do ponto de vista molecular. Este trabalho busca fornecer uma visão geral do processo de FischerTropsch, indo desde a matéria-prima (o gás natural) até o processo em si mencionando condições, equipamentos e mecanismo. A partir do estudo de simulação da adsorção de CO em clusters metálicos atestar os de maior estabilidade comparando com os utilizados industrialmente e juntamente com um estudo de demanda e oferta nacional de combustíveis, verificar a possibilidade de implementação destes catalisadores em uma planta de produção aqui no Brasil. O trabalho está composto por 7 capítulos. O capítulo 1 traz uma abordagem geral do cenário energético atual voltado para o gás natural e o processo GTL. No capítulo 2 há uma ênfase em relação ao gás natural como principal matéria-prima para o processo de Fischer-Tropsch falando das suas características, usos e aplicações e dados de reserva e produção. O capítulo 3 apresenta o detalhamento do processo de Fischer-Tropsch em si com um histórico, as reações, principais produtos e os catalisadores mais utilizados. No capítulo 4 são apresentados os métodos utilizados na química computacional e uma breve pesquisa bibliográfica sobre a adsorção de CO em aglomerados de ferro (Fe) e cobalto (Co). O capítulo 5 fala da metodologia utilizada no estudo da demanda e da oferta de combustíveis e nas simulações de adsorção de CO em ferro e cobalto para se atestar a estabilidade dos mesmos. No capítulo 6 estão os resultados do estudo da demanda e oferta e das simulações com suas respectivas discussões. No capítulo 7 são apresentadas as conclusões do trabalho. 2 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 2. O GÁS NATURAL: PRICIPAL MATÉRIA-PRIMA PARA SÍNTESE DE FISCHER-TROPSCH O gás natural vinha sendo e em alguns casos ainda é associado à produção de petróleo como um componente a mais. Mas isto está mudando, agora o gás natural vem se tornando uma comodite altamente desejável. Quando usado como combustível, sua queima é relativamente limpa e não há muita dificuldade em se remover gás sulfídrico (H2S) dele.[4] 2.1. Características do gás natural [5] 2.1.1. Definições O gás natural pode ser proveniente de três fontes: • Da degradação da matéria orgânica por bactérias anaeróbias; • Da degradação da matéria orgânica e do carvão a temperatura e pressão elevadas; • Da alteração térmica dos hidrocarbonetos líquidos. Por outro lado, a matéria orgânica fóssil (querogêneo) pode ser de dois tipos: • Seca, quando derivada de matéria vegetal; • Gordurosa, quando proveniente de algas e de matéria de origem animal. O querogêneo seco alcançando lentamente maiores profundidades no solo, passa a sofrer um processo gradual de cozimento, sendo então transformado em linhito, carvão negro, xisto carbonífero e metano. O gás natural pode ser gerado tanto através dos processos de decomposição do querogêneo seco quanto do gorduroso. Estima-se, portanto, que as reservas de gás natural existentes sejam maiores que as de petróleo e de carvão, visto que ele pode ser encontrado na natureza na presença destes dois elementos, ou procedentes destes, dependendo de sua origem. 3 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Constitui-se um reservatório de gás natural quando este é encontrado na natureza acumulado em rochas porosas no subsolo, freqüentemente acompanhado por petróleo. Pode-se generalizar dizendo que, a partir de 6 Km de profundidade, somente gás natural pode ser encontrado. Em certo sentido pode-se considerar o gás natural como o “irmão gêmeo” do petróleo ou, de outra forma, determiná-lo como petróleo em estado gasoso. Uma definição: gás natural é uma fração de petróleo composta por uma mistura de hidrocarbonetos parafínicos leves, predominantemente metano, contendo etano, propano e outros compostos de maiores pesos moleculares, apresentando normalmente baixos teores de contaminantes (nitrogênio, dióxido de carbono, água e compostos de enxofre) e raras presenças de gases nobres. O gás natural é dividido em duas categorias: o gás associado e o gás nãoassociado. A primeira forma é daquele que, no reservatório está dissolvido no petróleo ou sob forma de capa de gás. Neste caso, a produção é determinada basicamente pela produção de petróleo. Já o gás não-associado é aquele que quando não está livre, a presença de petróleo se dá em quantidades muito pequenas. Nesse caso, só se justifica comercialmente produzir o gás. Figura 1 - Representação Esquemática de Reservas de Gás Natural. (Fonte: ANP, 2005) 4 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Ainda, do ponto de vista de produção, o gás natural, ao ser extraído dos poços, é denominado rico ou úmido. O gás natural úmido é proveniente dos poços de gás não-associado ou das estações coletoras, quando provém de poços de gás associado. Ele contém, em geral, hidrocarbonetos mais pesados que o metano que devem ser removidos, seja por motivos comerciais, pois possuem alto valor econômico, seja por motivos operacionais, já que devem ser eliminados para tornar o gás apropriado a sua utilização como combustível ou o seu transporte em gasodutos. 2.1.2. Composição A composição do gás natural pode variar de campo para campo pelo fato de estar associado ou não ao petróleo e também por ter sido processado em unidades industriais. É um gás inodoro, incolor, inflamável e asfixiante quando aspirado em altas concentrações. Geralmente, para facilitar a identificação de vazamentos, compostos à base de enxofre são adicionados ao gás em concentrações suficientes para lhe dar um cheiro marcante, mas sem lhe atribuir características corrosivas, em um processo conhecido como odorização. De maneira equivocada, o gás natural muitas vezes é confundido com outros gases, muito embora cada um deles tenha origem e particularidades próprias. Pode-se destacar: • GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) – Gás de botijão ou gás de cozinha, contém essencialmente propano e butano; • Gás de Refinaria – Etano; • Gás Manufaturado – H2 (36,52%), CH4 (25,63%), N2 (20,33%), CO2, CO e outros – fabricado pela CEG (RJ); • Gás de Nafta; • Gás de Carvão ou Town Gás; • Biogás – Produzido por bactérias anaeróbias. 5 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A tabela 1 apresenta a composição típica para o gás natural de alguns países e das regiões de grande produção do Brasil. Nota-se que o percentual de metano na maioria dos casos excede 70%, seguido pelo etano e restando em média 15% de outros hidrocarbonetos e impurezas. Tabela 1 – Composição Típica do Gás Natural em % volumétrica (Fonte: GasNet) A tabela 2 apresenta as propriedades físico-químicas mais relevantes para o gás natural, as quais são relacionadas na Portaria nº 41 da ANP. Os valores referenciados representam os limites para que o gás natural, após processamento, seja considerado apto para comercialização, segundo a agência. 6 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tabela 2 – Especificações do Gás Natural [1] Limites especificados são valores referidos a 20ºC e 101,3 kPa (1 atm), exceto onde indicado. [2] Para as regiões Norte e Nordeste, admite-se o valor de 3,5. [3] Para as regiões Norte e Nordeste, admite-se o valor de 6,0. [4] Para as regiões Norte e Nordeste, admite-se o valor de -3,9. (Fonte: ANP) 2.2. Usos e Aplicações do Gás Natural [5] 2.2.1. Principais Usos e Aplicações do gás Natural Uma das principais utilizações para o gás natural é a produção de metanol e a fixação de nitrogênio do ar na produção de fertilizantes. Nesses processos o gás natural é o melhor insumo a ser utilizado, porém eles exigem escala de produção muito grande (centenas de milhares de toneladas por ano). 7 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Além do preço da matéria-prima reduzido, a produção em larga escala também é uma razão pela qual as plantas produtoras se localizam junto à região onde há grandes jazidas de gás e longe dos mercados consumidores deste produto como combustível. Outro uso importante para o gás natural é como matéria-prima para a indústria petroquímica, visando a produção de eteno, principalmente, e de propeno. A fração do gás natural utilizada neste caso é o etano e hidrocarbonetos mais pesados. A economicidade deste processo induz para que a separação destas frações seja feita junto às unidades de processamento (UPGN’s), com as unidades produtoras de eteno localizando-se em suas proximidades, ou em posição alcançável economicamente por dutos que conduzam a mistura etano e hidrocarbonetos mais pesados, em separado do gás seco (gás natural úmido que foi processado nas UPGN’s). Normalmente não é econômico transportar o gás seco e fazer esta separação num segundo estágio. O gás natural é utilizado também como matéria-prima para a produção de hidrogênio, produto cada vez mais importante na indústria de refino de petróleo. Estas instalações geralmente são localizadas junto às refinarias, devido ao alto custo do transporte de hidrogênio. Uma utilização do gás natural que vem assumindo uma crescente importância no mundo inteiro é a geração de energia elétrica em grandes usinas próximas aos maiores centros de consumo. Esta alternativa complementa os sistemas existentes (hidrelétricas ou usinas nucleares), com riscos de transporte bem menores (“apagões”) ou riscos ambientais compatíveis com a sua localização junto às metrópoles. Essa alternativa tecnológica permite também a geração de energia elétrica por indústrias médioconsumidoras, sendo econômica até potências de alguns poucos megawatts. 8 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Em face à baixíssima presença de contaminantes, eliminados no tratamento inicial, a combustão do gás natural é limpa, em comparação com os demais combustíveis usados. A combustão completa do gás natural produz apenas água e dióxido de carbônico, contribuindo de forma significativa para a melhoria da qualidade do ambiente, especialmente nas regiões onde ocorre grande concentração humana e, conseqüentemente, de alta densidade de uso energético. Apesar de eliminar CO2 (como todos os combustíveis fósseis), não emite particulados nem óxidos de enxofre, dispensando tratamento dos gases de combustão. Nas áreas urbanas, o gás natural é distribuído por redes de tubulações subterrâneas – gasodutos – para ser utilizado nas residências (para cocção, aquecimento de água e calefação em regiões frias) e em estabelecimentos comerciais (centrais de ar condicionado). O uso do gás natural como combustível em motores de combustão interna é bastante difundido em alguns países, tanto em veículos leves (táxis e particulares) quanto pesados (ônibus e caminhões). Nos veículos automotivos, o gás é armazenado em cilindros à pressão de 194 atm, que são muito pesados e limitam a quantidade armazenável, restringindo um pouco a autonomia do veículo, mas sem prejuízos para a maioria dos seus usos urbanos. A figura 2 mostra de uma maneira resumida as principais aplicações do gás natural. 9 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Eletricidade Amônia Grade de Distribuição GNL H2 Gás Natural Olefinas (GTO) Líquidos de FT (GTL) Metanol Outros produtos químicos Combustíveis Alfa-olefinas Ceras Figura 2 – Esquema Simplificado das Aplicações do Gás Natural (Fonte: UOP, 2003) 2.2.2. Vantagens do Gás Natural Abaixo estão mostradas as vantagens do gás natural: • Gás mais leve que o ar, dissipando-se rapidamente na atmosfera (o mesmo não ocorre com o GLP, cuja tendência é se acumular ao nível do solo durante um vazamento); • Apresenta combustão completa emitindo somente CO2 e água; • Permite queima direta; • Apresenta elevada eficiência térmica em comparação com outros combustíveis no momento da queima; • Possui os maiores limites de inflamabilidade em misturas com o ar, garantindo uma maior segurança em relação à explosão; • Apresenta grande versatilidade de usos; • Substitui qualquer energia convencional; • Possibilita controle de vazão e temperatura; • Aumenta a disponibilidade de equipamento (estrutural), pois é um combustível mais limpo; 10 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química • Não deposita contaminantes no produto; • É isento de compostos pesados; • As emissões de SO2 são insignificantes; • As emissões de NOx são reduzidas em comparação com todas as demais de combustíveis fósseis. 2.3. O Transporte de Gás Natural [5] No estado gasoso, o transporte do gás natural é feito por meios de dutos ou em casos específicos, em cilindros de alta pressão (como GNC – gás natural comprimido). No estado líquido, o gás natural pode ser transportado por meio de navios, barcaças e caminhões criogênicos a -160ºC e seu volume é reduzido em cerca de 600 vezes, facilitando o armazenamento. 2.3.1. Gasodutos O transporte por gasodutos é a solução mais amplamente utilizada. Gasoduto é um duto (uma tubulação) para conduzir o gás natural, que nele é introduzido sob alta pressão por meio de compressores. Por força do fluxo, há uma perda de energia por atrito e a pressão vai caindo ao longo da tubulação, sendo necessária uma estação de compressão (de distância em distância) para elevar a pressão e permitir a continuidade do fluxo do produto. A operação do gasoduto é modernamente feita a distância, sendo monitorada por instrumentos ao longo da tubulação, seja com a utilização de comunicação de satélite, seja com fibras óticas na faixa de domínio do gasoduto (as quais são também utilizadas para comunicação de interesse geral). Esta instrumentação acompanha a evolução da pressão na tubulação (para identificar a eventual perda de gás para a atmosfera) e também mede o fluxo que passa ao longo dela, inclusive as saídas nos pontos de energia aos distribuidores – city-gates – para fins de faturamento. 11 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A figura 3 apresenta a rede de gasodutos que levam o gás natural para o Brasil e para outros países da América do Sul. Nela também estão representados os gasodutos em construção e aqueles que estão sendo planejados. Figura 3 – Rede de Gasodutos na América do Sul (Fonte: ANP, 2005) 2.3.2. Navios Metaneiros / Navios Criogênicos O transporte de gás natural liquefeito (GNL), à temperatura de -162ºC em navios criogênicos, só costuma ser econômico para grandes volumes e distâncias. É usado onde não há possibilidade de outras alternativas como, por exemplo, nas transferências do Sudeste da Ásia e da Austrália para o Japão, de onde não havia alternativa na época em que os sistemas foram implantados (da Argélia para a França e Espanha). Os navios que levam o GNL das unidades de liquefação aos pontos de refrigeração dispõem de reservatórios isolados, capazes de suportar a temperatura do gás durante o transporte, não havendo refrigeração na viagem. Há uma perda que, mesmo nos navios mais modernos, vai a 0,1% ao dia. Além disto, o GNL é normalmente utilizado como combustível e uma pequena parte volta com o navio para manter os tanques frios. 12 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A figura 4 mostra um exemplo de um navio criogênico para o transporte de gás natural liquefeito (GNL). Figura 4 – Navio Criogênico para Transporte de GNL (Fonte: Chileportuario) 2.3.3. Como Compostos Derivados O transporte do gás natural sob a forma de compostos derivados é muitas vezes a forma mais econômica, uma vez que ele é transformado em produtos líquidos ou sólidos que têm custo de transporte menos oneroso. Uma das soluções mais utilizadas é a produção de metanol, combustível líquido de alto poder calorífico e muito usado em vários países. No Brasil, há restrições ao seu uso como combustível, por apresentar agressividade no contato com pessoas e sua ingestão, mesmo em pequenas quantidades é perigosa, pois causa envenenamento mortal. É mais agressivo que o etanol – álcool da cana-de-açúcar (que também causa envenenamento em doses maiores). Outra possibilidade é a produção de combustíveis líquidos como gasolina, querosene e óleo diesel a partir do gás natural, a chamada tecnologia GTL com a aplicação do processo conhecido como Síntese de Fischer-Tropsch que é o assunto base deste trabalho. 13 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Há também a possibilidade do transporte do gás natural na forma sólida como hidratos, os chamados Hidratos de Gás Natural (GNH), como pode ser visto na figura 5. Figura 5 – Queima de Hidratos de Gás Natural (GNH) (Fonte: Aker Kvaerner, 2004) 2.3.4. Outros Modos O gás natural pode também ser transportado em carretas criogênicas para transporte rodoviário ou em vagões criogênicos para transporte ferroviário, sob a forma de GNL. Entretanto, geralmente estes modos de transporte não possuem viabilidade econômica. 2.4. Produção e Reservas de Gás Natural 2.4.1. Produção Mundial de Gás Natural Os maiores produtores de gás natural no mundo se encontram na Europa e Ex-União Soviética. Eles detêm cerca de 40% da produção mundial e os países com a maior produção são a Rússia, Reino Unido e Noruega que totalizam quase 73% da produção da região. Essa situação é mostrada na figura abaixo. 14 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química África 163 Ásia Racífico 360,1 América do Norte 750,7 Oriente Médio 292,5 Américas Central e do Sul 136,4 Europa e ExUnião Soviética 1061,2 Figura 6 – Produção de Gás Natural em bilhões de m 3 (Fonte: ANP, 2005) A produção mundial de gás natural vem crescendo com o passar dos anos, o que faz com que se busquem cada vez mais usos para o mesmo. Essa evolução pode ser verificada na figura seguinte. Figura 7 – Evolução da Produção de Gás Natural no Mundo (Fonte: ANP, 2005) 15 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 2.4.2. Produção Nacional de Gás Natural No Brasil, a produção de gás natural é oriunda de duas fontes: terra ou mar. Em algumas localidades, há apenas uma delas e em outras pode haver ambas as fontes. A produção em mar superou em cerca de 40% a produção em terra no ano de 2005 (Fonte: ANP). Os estados com maior produção são o Amazonas (com produção em terra somente) e o Rio de Janeiro (com produção em mar somente), que representa cerca de 70% da produção nacional. A distribuição da produção do gás natural por estados pode ser observada na tabela abaixo. Tabela 3 – Produção Nacional de Gás Natural Localização Estados Brasileiros Produção (milhões de m3) Terra Amazonas 3567,21 Terra Mar Terra Mar Terra Mar Terra Mar Terra Mar Terra Mar Ceará Rio Grande do Norte Alagoas Sergipe Bahia Espírito Santo 0,48 110,64 296,03 1020,5 999,52 169,13 79,02 538,72 1959,08 25,21 473,98 49,08 Mar Rio de Janeiro 7967,18 Mar São Paulo 379,71 Mar Paraná 67,71 (Fonte: ANP, 2005) No território nacional, a produção de gás natural também está crescendo ao longo dos anos, tanto em terra quanto no mar. Porém o crescimento é mais expressivo em terra, como pode ser visto na figura a seguir. 16 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 8 – Evolução da Produção Nacional de Gás Natural (Fonte: ANP, 2005) 2.4.3. Reservas Mundiais de Gás Natural A maior parte das reservas mundiais de gás natural são dos chamados “stranded gas”. Ele é denominado desta forma, pois é encontrado em regiões remotas e não são aproveitáveis com as tecnologias de transporte tradicionais disponíveis (gasodutos e GNL). Esse fato pode ser verificado ao se analisar a figura abaixo que contém a localização das principais reservas mundiais. A maior porção do gás natural se concentra no Oriente Médio e na Europa e ExUnião Soviética (cerca de 80% das reservas mundiais). África 14,39 Ásia Pacífico 14,84 América do Norte 7,46 Américas Central e do Sul 7,02 Europa e ExUnião Soviética 64,01 Oriente Médio 72,13 3 Figura 9 – Reservas Mundiais de Gás Natural em trilhões de m (Fonte: ANP, 2005) 17 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 2.4.4. Reservas Nacionais de Gás Natural As reservas de gás natural, assim como a produção são referentes às duas localizações: terra e mar. Existem dois tipos de reservas, as reservas totais que são aquelas estimadas e as reservas provadas que são aquelas já confirmadas. As reservas no mar são maiores que a em terra, tanto no caso das reservas totais (quase duas vezes maior) quanto provadas (quase duas vezes e meia maior). As maiores reservas totais se encontram no mar do Rio de Janeiro e em terra no Amazonas e no caso das reservas provadas o cenário é o mesmo (cerca de 70% das reservas nacionais), como pode ser observado na tabela abaixo. Tabela 4 – Reservas Nacionais Totais e Provadas Estados Brasileiros Reservas Totais (milhões de m3) Reservas Provadas (milhões de m3) Amazonas Rio de Janeiro 84361 x 1105 2971 18265 4822 1337 1087 4652 19752 29717 1414 45524 197405 51465 x 995 2558 15659 3525 1084 768 2751 12379 9388 1057 31271 145378 Mar São Paulo 41206 28696 Terra Mar Paraná 733 88 x 15 Mar Santa Catarina 15 7 Localização Terra Terra Mar Terra Mar Terra Mar Terra Mar Terra Mar Terra Mar Mar Ceará Rio Grande do Norte Alagoas Sergipe Bahia Espírito Santo (Fonte: ANP, 2005) 18 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 3. O PROCESSO DE FISCHER-TROPSCH O desenvolvimento da conversão do gás de síntese (CO + H2) pelo processo de Fischer-Tropsch vem sendo promovido pela disponibilidade do gás natural, principalmente daqueles provenientes de regiões remotas (“stranded gas”). A reação de Fischer-Tropsch oferece a possibilidade da manufatura e do transporte de combustíveis mais limpos dessas grandes e distantes fontes.[6] A viabilidade econômica do processo de Fischer-Tropsch obviamente depende do preço do óleo cru, que variou consideravelmente nos últimos 30 anos.[7] Plantas de processos GTL acima de 40.000 barris/dia são viáveis, mesmo em condições econômicas menos favoráveis, apresentando-se como um investimento de baixo risco.[3] 3.1. O Histórico do Processo de Fischer-Tropsch[8] No passado, o refino do petróleo foi ajustado da produção de querosene para a gasolina, seguido da introdução e da rápida aceitação do transporte automobilístico. Nessa época os Estados Unidos eram o principal exportador de petróleo cru e de produtos refinados. Durante a 1ª Guerra Mundial, os Aliados tinham suprimentos de petróleo suficientes às suas necessidades (esforços de guerra) que estavam ficando cada vez mais mecanizados. Contudo, a Alemanha era muito pobre em recursos petrolíferos e isso prejudicava seus esforços de guerra. No final da 1ª Guerra Mundial, os oficiais alemães foram designados a desenvolver uma fonte independente de combustíveis para o setor de transportes baseada em sua fonte abundante de carvão. 19 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Depois de muita pesquisa e trabalhos de desenvolvimento, o primeiro sucesso comercial em 1925 foi com a hidrogenação direta de carvão à alta pressão e temperatura produzindo líquidos que poderiam ser utilizados como combustíveis. Este foi denominado “Bergius Process” e seu descobridor, Friedrich Bergius, foi recompensado com o Prêmio Nobel em 1931. Bergius foi levado a esse esforço pelo desejo de ser um empreendedor e de libertar a Alemanha da dependência externa de combustíveis. A indústria Farben adquiriu os direitos do processo de Bergius, sendo atraída para esse processo que requeria condições severas devido a sua experiência com o desenvolvimento de outros processos à alta pressão. Em 1925, Carl Bosch ganhou uma posição de liderança na Farben e foi bem sucedido na comercialização primeiro do processo de síntese de amônia e depois pelo processo de conversão de gás de síntese em metanol. Além das contribuições técnicas, Bosch foi envolvido em intensas negociações com o governo alemão que viria a fornecer o suporte necessário para o desenvolvimento da sua indústria de combustíveis. O primeiro maior trabalho em hidrogenação de monóxido de carbono foi de Sabatier (este ganhou o Prêmio Nobel em 1912 por esse trabalho). Em 1923, Fischer e Tropsch (pesquisadores alemães) descobriram que se podiam produzir hidrocarbonetos líquidos a partir de gás de síntese e este podia ser produzido pela gaseificação de carvão. Em 1925, eles anunciaram a síntese de hidrocarbonetos de cadeia mais longa à pressão atmosférica. Nos meados da década de 30, o cobalto foi utilizado como catalisador em plantas industriais. Em 1936, Fischer e Pichler descobriram que os catalisadores de cobalto operavam satisfatoriamente em pressões que variavam de 5 a 20 atm. No ano seguinte, eles averiguaram que, nesta mesma faixa de pressão, a síntese com catalisadores de ferro era bastante melhorada. Neste mesmo período, o catalisador de ferro começou a ser utilizado em plantas comerciais alemães.[9] 20 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Na década de 40, a industria alemã substituiu definitivamente o catalisador de cobalto pelo de ferro. Foi nesta década que o processo de Fischer-Tropsch foi mais utilizado em escala industrial, pois alimentou os motores da máquina bélica nazista durante a 2ª Guerra Mundial. A utilização do processo de Fischer-Tropsch foi tão grande neste país que em 1944 a produção foi de 44.000 barris/dia.[9] Nos anos 50, houve a descoberta de grandes reservas de óleo na Arábia Saudita, Alaska e no Mar do Norte fazendo com que o cenário energético da época mudasse, com as tecnologias à base de carvão se tornando pouco competitivas. Assim a síntese de Fischer-Tropsch a partir do carvão foi praticamente abandonada, exceto na África do Sul com a industria Sasol que aproveitou o baixo preço do carvão e a política particular do estado. No final da década de 60 e início da de 70, houve uma grande crise do petróleo fazendo com que os preços atingissem níveis recordes no mercado. Em 1975, a Sasol monta novas plantas industrias similares às antigas, mas com novos tipos de reatores.[9] A década de 90 assistiu a volta do processo Fischer-Tropsch ao centro das atenções da indústria de petróleo e gás natural no mundo. A transformação radical no ambiente de aplicações do gás natural abriu espaço para a renovação da tecnologia GTL.[2] Atualmente, observa-se o desenvolvimento de vários projetos para a construção de plantas GTL, isso demonstra uma verdadeira corrida tecnológica em busca da criação de processos mais eficientes e baratos.[2] As perspectivas de produção de combustíveis a partir da tecnologia GTL são de 55.000 barris/dia a partir de 2010. Estima-se que pelo menos 10 plantas de grande porte estarão em operação até 2020, produzindo 2,5% do consumo mundial de diesel.[10] 3.2. As Etapas do Processo de Fischer-Tropsch Os processos de conversão de gás natural em produtos líquidos podem ser divididos em dois tipos: 21 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química • Processos de Conversão Direta – utilizam catalisadores e rotas de síntese específicas para transformar quimicamente as moléculas de metano em substâncias mais complexas e de maior peso molecular. Os produtos líquidos que podem ser obtidos incluem os álcoois (principalmente o metanol), as olefinas e os aromáticos (benzeno, tolueno e naftaleno). Entretanto, a alta estabilidade da molécula de metano traz uma série de problemas técnicos para viabilizar as reações químicas envolvidas. A conversão direta encontra-se ainda em um estágio inicial de pesquisa. • Processos de Conversão Indireta – esta rota é tecnicamente mais fácil. Os processos envolvidos estão mais bem estudados e já existem diversas plantas piloto e comerciais em operação. Esses processos se caracterizam por uma etapa preliminar de transformação do gás natural em gás de síntese. Depois de reduzido, o gás de síntese é convertido em hidrocarbonetos líquidos através do processo de Fischer-Tropsch. A produção de hidrocarbonetos por essa via não resulta diretamente nos produtos de interesse comercial, necessitando de uma etapa adicional, o hidroprocessamento, que converte os hidrocarbonetos de alto peso molecular em moléculas menores de acordo com o desejado (nafta, óleo diesel, óleo lubrificante, parafinas e outros).[2] Assim, no processo de Fischer-Tropsch o gás natural é convertido em hidrocarbonetos e água com a utilização de catalisadores. Este processo é muito exotérmico com o calor de reação de 170KJ/mol.[11] Essas etapas do processo podem ser visualizadas a partir do fluxograma da figura mostrada a seguir. 22 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Gás Natural Carvão Biomassa Garrafa PET Lixo CO H2 Síntese de FischerTropsch Produção de Gás de Síntese O2 Ar Planta de Oxigênio Uma Opção Recuperação dos Produtos Combustíveis Líquidos Separação do Hidrogênio Geração de Energia Cera Recuperação de Hidrogênio H2 Hidrocraqueamento da Cera Hidrogênio Combustíveis Líquidos Transporte dos Combustíveis Figura 10 – Fluxograma do Processo de Fischer-Tropsch (Fonte: American Energy Independence) 3.2.1. Geração de Gás de Síntese As plantas de geração de gás de síntese correspondem a cerca de 50% dos custos de capital das unidades de conversão de gás natural em hidrocarbonetos líquidos, o que se explica o grande esforço de inovação realizado pelas empresas nessa etapa do processo de conversão.[2] Dada sua disponibilidade, a produção de gás de síntese por gás natural é preferível em comparação com o carvão. Isso se deve não apenas pelo fato do custo de conversão do gás natural ser mais baixo, mas também pelo processo ser mais eficiente.[7] 23 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Abaixo estão mostradas as principais reações de obtenção de gás de síntese: • Reforma por Vapor – CH4 + H2O ↔ CO + 3 H2 (∆H > 0) • Oxidação Parcial – CH4 + ½ O2 ↔ CO + 2 H2 (∆H < 0) • Reforma com CO2 – CH4 + CO2 ↔ 2 CO + 2 H2 • Reação de Shift – CO + H2O ↔ CO2 + H2 O processo mais tradicional nesta etapa de geração do gás de síntese é o de reforma a vapor. O principal problema deste processo é a deposição de carbono (coque) formado através das seguintes reações secundárias: • Craqueamento de Metano – CH4 ↔ C + 2 H2 • Reação de Bouduard – 2 CO ↔ C + CO2 A reação de craqueamento de metano é endotérmica e a conversão de equilíbrio aumenta a temperaturas mais altas, porém, só é problemática onde a concentração de metano é mais alta. A reação de Bouduard é exotérmica e favorecida pelas baixas temperaturas. Esta reação também é problemática nas regiões onde as temperaturas locais diminuem excessivamente devido à baixa transferência de calor. A reforma com dióxido de carbono (CO2), também chamada de reforma seca é bem parecida com a reforma a vapor, mas não é praticada freqüentemente, a não ser em processos que requerem concentrações de CO muito altas no gás de síntese. A deposição do carbono é mais severa por causa da falta de H2O para dirigir a reação. Para a obtenção de gás de síntese com uma razão molar menor, a reforma do metano com CO2 é um processo que merece destaque. Além da obtenção de produtos com maior valor agregado, este processo é interessante, também, por consumir gases que provocam o efeito estufa.[12] 24 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A oxidação parcial do metano é um processo amplamente utilizado. Temse em uma primeira etapa a queima de ¼ do metano, com as temperaturas indo de 1.000 – 1.500ºC e uma segunda etapa que passa a contar com reações endotérmicas fazendo a temperatura cair e o produto gasoso é obtido nessas temperaturas mais baixas. Abaixo segue as reações que compõem essas etapas: • CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O + calor • 2 CH4 + 2 H2O + calor → 2 CO + 6 H2 • CH4 + CO2 + calor → 2 CO + 2 H2 A reação global deste processo é a reação mostrada anteriormente ao lado de oxidação parcial do metano. Neste caso, um dos maiores problemas é a formação de fuligem. Se um gás de síntese com uma razão H2/CO menor que dois for usado, a reação de Shift tem um papel muito importante no processo, pois altera esta razão para valores próximos aos ideais através do consumo do CO gerando H2 e vice-versa. Atualmente, pelo menos cinco tipos diferentes de tecnologias estão disponíveis para a geração de gás de síntese. Entre elas destaca-se o processo de reforma autotérmica. Sendo uma combinação de processos clássicos, a reforma por vapor e a oxidação parcial do metano, o processo ocorre na presença de catalisadores, com a utilização de vapor d’água e oxigênio, a uma temperatura de cerca de 1.000ºC.[2] A proporção molar entre H2 e CO requerida é dependente da conversão do gás natural, do catalisador utilizado e da temperatura do sistema, sendo a mesma variando entre 1 e 2.[12] Vários esforços tecnológicos têm sido dirigidos para o aperfeiçoamento dessa tecnologia. O principal problema técnico a ser solucionado é a geração de gás de síntese em uma relação H2/CO igual a 2. Esta relação ideal permite otimizar o processo de conversão por Fischer-Tropsch.[2] 25 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 3.2.2. Síntese de Fischer-Tropsch A síntese de Fischer-Tropsch é a etapa chave do processo. Nela, o gás de síntese obtido na primeira etapa é convertido em uma mistura de hidrocarbonetos de cadeia longa que posteriormente passarão por uma etapa final de tratamento, onde os produtos de interesse serão obtidos. Nesta etapa, as temperaturas de reação estão na faixa de 180 - 350ºC e as pressões na faixa de 10 - 45 atm. Atualmente, existem duas opções bem definidas para a síntese de Fischer-Tropsch: o processo a baixas temperaturas empregado na produção de ceras que, após a etapa de hidroprocessamento, são convertidas em nafta ou óleo diesel, e o processo a altas temperaturas utilizado na produção de gasolina e de alfa-olefinas.[2] A injeção dos reagentes de forma ordenada é uma ferramenta muito valiosa na síntese de Fischer-Tropsch. Várias causas como a temperatura de operação, diferentes características de difusão e o equilíbrio gás-líquido podem resultar em um consumo de gás de síntese com uma razão que não é a estequiométrica. Para compensar o consumo não estequiométrico do gás de síntese, a injeção ordenada dos reagentes ajuda a manter a composição ótima dentro do reator.[11] A razão estequiométrica teórica do gás de síntese para a reação de Fischer-Tropsch é de aproximadamente 2:1. Entretanto, paralelamente ocorre a reação de Shift como é expresso abaixo: • Reação principal – (2n+1) H2 + n CO → CnH2n+2 + n H2O • Reação paralela – H2O + CO → CO2 + H2 Essa reação secundária aumenta a razão H2/CO e prefere-se usar catalisadores a base de ferro neste caso, pois eles são mais ativos na reação de reforma. Já para altas razões de H2/CO são utilizados catalisadores a base de cobalto, que possuem baixa atividade para a reforma.[13] 26 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Para o caso da síntese de olefinas, tem-se a reação geral: • 2n H2 + n CO → CnH2n + n H2O E como reações secundárias à síntese de Fischer-Tropsch, além da reação mostrada acima, tem-se: • Síntese de Álcoois – 2n H2 + n CO → CnH2n+1OH + (n – 1) H2O • Desproporcionamento – 2 CO → C(S) + CO2 • Oxidação do Catalisador – y H2O + x M → MxOy + y H2 Água é produzida em grande quantidade no processo. Em altas conversões, a fase gasosa no reator de Fischer-Tropsch consiste em mais de 50% de água, atuando como um diluente significante. As pressões parciais dos reagentes são significativamente reduzidas, resultando em concentrações baixas de CO e H2 na fase líquida e no catalisador e reduzindo as taxas de reação. A água também pode atuar como inibidor ou até mesmo desativando o catalisador de Fischer-Tropsch. A remoção de vapor d’água pode aliviar este problema e os primeiros esforços são feitos para realização disto.[11] 3.2.2.1. Mecanismo da Reação de Fischer-Tropsch[14] O mecanismo da síntese de Fischer-Tropsch envolve três etapas básicas: iniciação, propagação e terminação. Na etapa de iniciação tem-se o hidrogênio (H2) sendo ativado formando hidridos metálicos na superfície do metal, cuja reação é dada por: • H2 (g) + 2 M ↔ 2 M – H Em uma série de passos o CO é ativado por coordenação com um átomo do metal, é desoxigenado com a ajuda do hidrogênio adsorvido (hidrido, H(ad)) dando água e uma série de C1 (ad) (carbonos ligados à superfície do metal) incluindo carbeto (>C<(ad)), metilidino (H – C ≡ (ad)), metileno (H2C<(ad)), metil (H3C – (ad)) e eventualmente terminado na liberação do metano gasoso. 27 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 11 – Mecanismo Proposto para a Etapa de Iniciação da Reação de FischerTropsch (Fonte: Maitlis P. M., 2004) Entretanto, não se considera as espécies C1 (ad) como o iniciador real da polimerização, uma vez que a evidência experimental aponta para as espécies tipo C2 (ad) que podem ser o vinil (CH2 = CH – (ad)) ou o vinilideno (CH2 = C = (ad)). Figura 12 – Mecanismo Proposto para a Formação do C2 (ad) (Fonte: Maitlis P. M., 2004) Na etapa de propagação as “correntes” de polimerização são os alquenis adsorvidos que reagem com os metilenos, seguidos pela migração do hidrogênio para converter o alil adsorvido (CH2 = CH – CH2 espécie mais reativa, o propenil (CH3CH = CH (ad)). 28 (ad)) em uma Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 13 – Mecanismo Proposto para a Etapa de Propagação da Reação de FischerTropsch (Fonte: Maitlis P. M., 2004) Na etapa de terminação tem-se a beta-eliminação formando o produto 1alceno e a regeneração da superfície do hidrido. A beta-eliminação é reversível como se pode ver na reação abaixo: • RCH2CH2 – M ↔ RCH = CH2 + M – H (H (ad)) Na presença de uma grande quantidade de hidrogênio, a superfície do metal será recoberta por hidridos e o equilíbrio será fortemente deslocado para esquerda, desfavorecendo a beta-eliminação. Esta é a situação muito provável de se encontrar o processo de Fischer-Tropsch e assim uma terminação alternativa deve ser procurada. Figura 14 – Mecanismo Proposto para a Etapa de Terminação da Reação de FischerTropsch (Fonte: Maitlis P. M., 2004) Outra possibilidade é a adição de H (ad) na etapa de terminação para formar uma parafina, isto dependendo do iniciador ativo. Figura 15 – Mecanismo Proposto de Terminação para Parafinas e Olefinas (Fonte: Maitlis P. M., 2004) 29 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 3.2.3. Recuperação do Produto – Hidroprocessamento O hidroprocessamento é a terceira etapa do processo de conversão e é utilizado para o tratamento da cera produzida no processo de Fischer-Tropsch a baixas temperaturas. Os processos convencionais de refino podem ser utilizados nesta etapa como o hidrocraqueamento, destilação, reforma catalítica, alquilação e isomerização. A cera é composta basicamente de parafinas lineares e pequenas quantidades de olefinas e oxigenados. A hidrogenação das olefinas e dos compostos oxigenados pode ser realizada em condições não muito severas, com a produção de nafta e óleo diesel.[2] 3.3. Reatores Utilizados na síntese de Fischer-Tropsch[11] Algumas exigências que vêm de vários níveis estratégicos são difíceis de se combinar em reatores convencionais. Abaixo são mostrados alguns tipos de reatores sugeridos, mas cada um deles sofre algum tipo de inconveniência. Os fatores que predominam no desenvolvimento e projeto de reatores comerciais para o processo de Fischer-Tropsch são os altos calores de reação e o vasto número de produtos gerados com variadas pressões de vapor. 3.3.1. Reatores de Leito Fluidizado (FBR) Este tipo de reator é utilizado pela SASOL e opera na síntese de FischerTropsch em altas temperaturas. O reator opera em regime de borbulhamento e o calor é removido através de tubos de resfriamento localizados no interior do reator. Como a transferência de calor é favorecida no leito fluidizado sua remoção é facilitada e a homogeneização da temperatura é assegurada. Contudo, as concentrações no reator também são homogeneizadas. As limitações da transferência de massa intrapartícula são desprezadas para partículas de tamanho na ordem de 100 µm. Atualmente, a SASOL controla uma planta piloto que produz 20.000 barris/dia utilizando este tipo de reator. 30 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A atividade do catalisador é pouco importante em sistemas fluidizados, enquanto sua estabilidade é menos crítica se o catalisador pode ser regenerado continuamente. A presença de produtos líquidos no reator devem ser evitadas, já que causam a aglomeração das partículas do catalisador perturbando a fluidização. Assim, as condições de operação devem ser escolhidas acima do ponto de orvalho dos hidrocarbonetos. Figura 16 – Reator de Leito Fluidizado (FBR) (Fonte: Dry M. E., 2002) 3.3.2. Reatores de Lama – Slurry (SBCR) Este reator é um dos dois tipos de reatores utilizados comercialmente para a produção de destilados médios. A SASOL introduziu esta tecnologia em 1993 em uma unidade com a capacidade de 2.500 barris/dia. O gás de síntese é borbulhado através da lama formada por produtos líquidos pesados e partículas de catalisador. O gás de síntese não reagido e os produtos leves deixam o reator na fase gasosa, enquanto os produtos líquidos são removidos como uma parte da lama. O calor é removido por bobinas montadas refrigeradas que se encontram dentro do reator. A clara vantagem do reator de lama é que a homogeneização da fase líquida é uma operação quase isotérmica. Uma desvantagem associada é o retorno do fluxo da fase gasosa que é borbulhada através da lama, que ocasiona significantes decréscimos na conversão e na produtividade do reator. 31 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química O tamanho das partículas do catalisador deve ser escolhido pequeno suficiente para evitar limitações na difusão. Outro problema operacional que ocorre é o atrito do catalisador e a separação da cera líquida, que é mais dificultada com partículas de tamanho pequeno. A estabilidade do catalisador é um importante tópico para este tipo de reator, sendo necessária a sua contínua regeneração daquele para a obtenção de rendimentos estáveis do produto no tempo. A EXXON Mobil também utiliza este tipo de reator em escala comercial. Figura 17 – Reator de Lama (SBCR) (Fonte: Deugd et al, 2003) 3.3.3. Reatores Multitubulares de Leito Fixo (MTFBR) Muitos dos projetos adiantados foram baseados em reatores de leito fixo. Entretanto, a remoção do calor tem sido a maior questão dessa tecnologia, resultado em baixas produtividades por unidade de volume do reator, sendo a seletividade também fortemente dependente da temperatura de reação. O maior desafio em se aplicar a tecnologia de reatores de leito fixo é a solução do problema da remoção do calor. Como um perfil linear de temperatura é muito importante, a operação adiabática no reator de leito fixo para a reação de Fischer-Tropsch deve ser limitada para baixas conversões por passo. A Shell escolheu um reator multitubular com tubos de pequeno diâmetro cercados por água fervente para criar capacidade suficiente de remover calor. 32 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química O reator é operado em condição de passagem lenta e em pequenas quantidades dos produtos líquidos pelo reciclo, o que aumenta a capacidade de transferência de calor. A tecnologia de leito fixo também impõe limites em relação ao tamanho mínimo da partícula de catalisador que pode ser aplicada. Como discutido acima, grandes tamanhos de partícula também resultam em diminuição da seletividade e da atividade. A estabilidade do catalisador é muito importante na síntese de FischerTropsch. A SASOL sofreu por consideráveis perdas usando o reator ARGE de leito fixo, o antecessor do atual reator de coluna de borbulhamento na lama. O catalisador de cobalto, que é utilizado pela Shell, tem considerável tempo de vida útil resolvendo este problema. Este reator construído originalmente pela Shell tem capacidade de 3.000 barris/dia. Figura 18 – Reator Multitubular de Leito Fixo (MTFBR) (Fonte: Deugd et al, 2003) 3.3.4. Projetos Alternativos de Reatores 3.3.4.1. Reatores Monolíticos O catalisador monolítico é bem conhecido por sua aplicação ambiental em separações gás-sólido, mas é pouco utilizado nesse novo tipo de aplicação para gás-líquido-sólido. 33 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Este catalisador é feito de estruturas de cerâmica com canais paralelos suportados em alumina ou sílica. O diâmetro dos canais pode variar entre menos que um milímetro a alguns milímetros, dependendo da densidade da célula do monolito. A espessura das paredes é da ordem de 0,1 a 0,3 mm. A área superficial geométrica por unidade de reator é comparável com monolitos e a maior parte dos tamanhos de partículas aplicados em leito fixo, enquanto a distância de difusão apresenta um valor menor para catalisadores monolíticos. Esses catalisadores proporcionam uma menor queda de pressão devido a sua estrutura. Figura 19 – Algumas Estruturas Monolíticas (Fonte: Deugd et al, 2003) A transferência de massa nesse sistema é rápida por causa da melhor circulação do líquido. A transferência de calor na direção radial é lenta e a remoção deste calor pode ser feita através de um trocador de calor acoplado externamente. No caso da síntese de Fischer-Tropsch, parte dos produtos líquidos pesados pode ser usada para o transporte do calor, sendo conduzidos ao reator com o líquido recirculado que passou pelo trocador de calor. As olefinas produzidas, principalmente as de baixo número de carbonos são retiradas do reator na fase gasosa. 34 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 20 – Reator Monolítico com Recirculação de Líquido (Fonte: Deugd et al, 2003) 3.3.4.2. Reator com Recirculação de Gás No caso deste tipo de reator, como no reator de lama, o catalisador está presente como finas partículas na lama dos produtos líquidos da reação. O gás de síntese que é borbulhado através da lama, causa um fluxo corrente ascendente até o topo do reator. O gás de síntese não reagido e os produtos gasosos são removidos no topo do reator, enquanto há o fluxo da lama descendente através do trocador de calor externo que retorna ao reator. A vantagem deste sistema é o comportamento de escoamento empistonado no topo do reator. Na seção do reator, gás, líquido e sólidos movem-se em escoamento empistonado, mas pela recirculação do líquido haverá mistura total. Altas taxas de recirculação resultam numa boa homogeneização da temperatura. Os problemas associados ao atrito do catalisador e a separação dos produtos não são resolvidos com este tipo de reator. 35 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 21 – Reator com Recirculação de Gás (Fonte: Deugd et al, 2003) 3.4. Catalisadores Utilizados na Síntese de Fischer-Tropsch Os catalisadores clássicos para a hidrogenação de CO são feitos de metais como Fe, Co, Ni, Ru ou Rh suportados em vários óxidos. Entretanto, outros metais como cobre, por exemplo, são utilizados.[14] A descoberta da “síntese de gasolina” por Fischer e Tropsch, publicada em 1926, relatou o ferro (Fe) e o cobalto (Co) como catalisadores da reação, ambos os metais mais utilizados hoje para essa aplicação industrial. O níquel (Ni) e o rutênio (Ru) também são utilizados na síntese de Fischer-Tropsch capazes de produzir hidrocarbonetos de alto peso molecular.[1] Há uma questão interessante a se considerar: esses catalisadores a base de metais de transição são os únicos que conseguem converter H2/CO em uma mistura de hidrocarbonetos de longa cadeia em um só passo de reação, ou seja, reações intermediárias não acontecem na superfície do catalisador. 36 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A elevadas pressões o níquel tende a formar níquel carbonil. Com o aumento da temperatura de reação a seletividade muda principalmente para a formação de metano com níquel, produzindo excessivas quantidades deste hidrocarboneto. Esta tendência também é observada com cobalto e rutênio, mas menos expressiva.[1] O catalisador de rutênio é o mais ativo para este tipo de reação, obtendose produtos de alto peso molecular em temperaturas mais baixas.[1] São catalisadores muito caros e relativamente raros o que os excluem de aplicações industriais.[6] 3.4.1. Catalisadores a base de Ferro[1] Os catalisadores de ferro necessitam de um ataque alcalino para alcançar maior atividade e estabilidade e este estará pronto para ser colocado na reação somente depois da redução com hidrogênio. No período inicial da síntese, diversas fases de carbeto de ferro e carbono elementar são formadas, visto que óxidos de ferro ainda estão presentes além de algum ferro metálico. Com o catalisador de ferro duas direções de seletividade foram perseguidas: uma tem apontado para a produção de uma mistura de hidrocarbonetos olefínicos de baixo peso molecular no processo de leito fluidizado (Processo da SASOL). Devido à temperatura relativamente alta de reação, a média de peso molecular dos produtos é tão baixa que produtos na fase líquida não ocorrem sob as condições reacionais. As partículas de catalisador que se movendo no reator são pequenas (100 µm) e a deposição de carbono no catalisador não perturba a operação do reator. Assim, a baixa porosidade do catalisador com diâmetros de poros pequenos obtidos da magnetita fundida (mais promotores) depois da redução com hidrogênio são apropriados. Para maximizar o rendimento total de gasolina, as olefinas C3 e C4 tem sido oligomerizadas na SASOL. Entretanto, a recuperação de olefinas para uso como produtos químicos em processos de polimerização é vantajoso atualmente. 37 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A segunda direção do desenvolvimento do catalisador de ferro tem apontado para catalisadores de alta atividade para serem utilizados em reações a baixa temperatura onde a maior parte dos hidrocarbonetos produzidos está na fase líquida sob as condições reacionais. Tipicamente, tais catalisadores são obtidos através de precipitação em soluções de nitrato. Um índice elevado de um portador fornece a força mecânica e poros largos para facilitar a transferência de massa dos reagentes nos produtos líquidos que enchem os poros. As principais frações do produto são ceras parafínicas, que são refinadas para os produtos a base de cera da SASOL. Entretanto, também podem ser hidrocraqueadas seletivamente para se obter combustível Diesel de alta qualidade. Assim, o catalisador de ferro é bem flexível. A seletividade da síntese de Fischer-Tropsch de olefinas de terminação linear parece apenas possível com catalisadores de ferro. O catalisador de ferro alcalinizado exibe alta atividade para a reação de deslocamento do gás e da água (“water gas shift”), ao contrário do catalisador de cobalto. Esta é uma característica favorável para a síntese de FischerTropsch com gás de síntese rico em CO, como é obtido com o carvão a alta temperatura ou com a gaseificação de óleos pesados através da oxidação parcial, entretanto, isso é indesejável para a síntese de Fischer-Tropsch com gás de síntese rico em H2 como é produzido a partir do gás natural. A atividade do catalisador de ferro decresce com a inibição pela água. Esta característica restringe o atingível degrau de conversão e as ligações para a operação de reciclo do gás depois da remoção da água junto com o condensado orgânico. 38 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 3.4.2. Catalisadores a base de Cobalto[1] Este catalisador foi aplicado na primeira planta de Fischer-Tropsch em 1935. O desenvolvimento de uma alta performance do catalisador de cobalto por Fischer, Meyer e Koch foi uma inovação, hoje compreensível como um adiantado exemplo de design de catalisador. Rápida precipitação (derramamento rápido junto com agitação intensiva de soluções quentes de nitrato de cobalto e de tório) é usada para preparar o catalisador padrão. O método rende uma distribuição altamente homogênea de Co, Th e SiO2 no precipitado. As partículas de SiO2 fornecem uma estrutura de catalisador com grandes poros depois da secagem e redução. O óxido de tório restringe a cristalização do cobalto metálico e mantém o grau de dispersão do metal alto. Como o tório é fracamente radioativo pode ser substituído por zircônio, rênio ou titânio. Algumas ações específicas de promotores, na adição para preservar a alta dispersão, têm também sido visualizadas com esses óxidos. O design atual do catalisador faz uso de diversas técnicas de preparação, entretanto, a intenção para a produção de uma fase de cobalto bem dispersa no suporte com grande poro permanece a mesma. A fim de evitar reações menos seletivas no meio da partícula do catalisador, o que pode ocorrer por causa da elevada taxa H2/CO devido à alta difusividade do hidrogênio, e desse modo neutralizando o bloqueio do poro por produtos de peso molecular alto, o catalisador de cobalto possui o metal ativo localizado não tão longe da superfície da partícula. A atividade realçada tem sido atingida por pequenas adições de rutênio aos quais tornam mais fácil e rápida a redução do cobalto (e também interage com o cobalto metálico). Atualmente, o catalisador de cobalto para a síntese de Fischer-Tropsch na produção de Diesel a partir de gás natural foi projetado para uma máxima seletividade pelas ceras, as quais vão alimentar o processo de hidrocraqueamento. O hidrocraqueamento das parafinas segue um regime cinético ideal: sempre que moléculas grandes são craqueadas seletivamente, um craqueamento secundário não ocorre. 39 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Com o catalisador de cobalto, a readsorção das olefinas nos sítios na síntese de Fischer-Tropsch ocorre e isso contribui significativamente para a alta seletividade pelas ceras desejadas. Isto implica que a hidrogenação secundária das olefinas e o deslocamento da ligação dupla são mantidos a um ponto baixo. A seletividade para o Diesel combustível aproxima-se de 80% e pode ser obtido com a combinação dos processos de síntese de Fischer-Tropsch a partir do gás natural e hidrocraqueamento. 3.5. Os Produtos da Síntese de Fischer-Tropsch O processo de Fischer-Tropsch gera produtos como o diesel, nafta, óleos lubrificantes, querosene e outros, combustíveis estes que são considerados ultra limpos, devido à redução de enxofre, compostos aromáticos e metais. Na figura abaixo se encontra uma comparação entre a composição típica de um barril obtido pelo refino de petróleo e a composição típica de um barril obtido pelo processo de Fischer-Tropsch. Barril Típico de Óleo Refinado (vol%) Barril Típico de GTL-FT (vol%) GLP NAFTA 3% GASOLINAS 27% DESTILADOS MÉDIOS 40% ÓLEOS COMBUSTÍVEIS NAFTA 15-25% DESTILADOS MÉDIOS 50-75% CERAS E LUBRIFICANTES 0-30% 10% 20% Figura 22 – Barril do Refino de Petróleo e Barril de Fischer-Tropsch (Fonte: Fleisch, 2002) Pode-se observar que a tecnologia GTL maximiza a produção de destilados médios, e também são produzidos GLP e algum gás combustível. 40 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Os produtos da Síntese de Fischer-Tropsch apresentam alta qualidade, com alto número de cetano para o diesel, um alto número de octano para a gasolina, alto poder calorífico, toxicidade muito baixa, boa biodegradabilidade e imiscibilidade em água. Algumas dessas características para o diesel podem ser observadas na tabela abaixo. Tabela 5 – Propriedades do Diesel Produzido por FTS Especificações EPA para 2006 Diesel CARB* Diesel GTL Aparência Aromáticos (% vol) -- -- Transparente -- 10 <1 Enxofre (ppm) 15 (máx) 15 (máx) <1 Destilação 90% de recuperado (°C) 338 321 325 Número de cetano 40 48 >75 Densidade a 15 °C (Kg/m 3 ) -- 820-870 770 Viscosidade a 40 °C (cSt) -- 2,0-4,1 2,2 Propriedades * Diesel produzido conforme as especificações da Califórnia Air Resources Board (CARB) (Fonte: Aranda et al., 2004) Esses fatores são de extrema importância em relação às questões ambientais, principalmente em países onde a política e a lei ambiental são mais rigorosas como, por exemplo, nos Estados Unidos e na Europa. 41 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 4. ESTUDO QUÂNTICO DA SÍNTESE DE FISCHER-TROPSCH[16] A utilização conjunta de métodos experimentais e métodos teóricos consiste em uma valiosa ferramenta para cálculos de estruturas e propriedades moleculares no estudo de sistemas químicos. O grande desafio intrínseco nesse tipo de trabalho é a dificuldade de se reproduzir em laboratório esse processo que requer condições severas. O cálculo computacional apresenta vantagens sobre as técnicas experimentais, tais como: serem menos dispendiosos e não serem afetados por quaisquer condições experimentais adversas. Além de fornecer informações sobre estado de transição e espécies instáveis, às vezes experimentalmente inacessíveis. No caso da catálise, principalmente na catálise heterogênea, em sua maioria, os processos catalíticos são poucos estudados do ponto de vista molecular, apesar de consolidados e com grande aplicação industrial. O conhecimento acerca do mecanismo e das forças que atuam nestes processos não é completo. Dessa forma, o emprego de métodos teóricos permite uma análise das forças, energias e das formas de adsorção envolvidas nos processos. 4.1. Métodos em Química Computacional Em química computacional duas abordagens gerais são utilizadas para os cálculos de propriedades moleculares: métodos de mecânica molecular e métodos quânticos, os quais se dividem em semi-empíricos, ab initio e DFT. Abaixo pode-se observar a classificação dos diferentes métodos de química computacional. 42 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 23 – Classificação dos Métodos de Química Computacional (Fonte: Hofmann, M., 2002) 4.1.1. Métodos de Mecânica Molecular As simulações de mecânica molecular utilizam as leis da física clássica para predizer estruturas e propriedades das moléculas. Os métodos de mecânica molecular estão disponíveis em diversos programas computacionais, incluindo MM3, Hyperchem, Quanta, Sybyl e Alchemy, entre outros. Este método utiliza um campo de força baseado na representação da mecânica clássica das forças moleculares para calcular as propriedades estáticas da molécula (estrutura e energia mínima da estrutura). A mecânica molecular se restringe a analisar as estruturas moleculares como se fossem sistemas físicos simples, como pequenas massas ligadas por molas. Por meio desta aproximação, é possível fazer análises conformacionais de sistemas relativamente grandes, sem, no entanto, poder inferir muito a respeito da reatividade química, uma vez que estes métodos não tratam da energia dos elétrons das moléculas. 43 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Esta metodologia descreve as moléculas em termos da “átomos conectados”, sendo a geometria molecular determinada a partir de valores padrões de distâncias de ligações, ângulos de ligação e diedral, associados com interações de Van Der Waals e Coulomb. A energia total de uma molécula é descrita, através da mecânica molecular em termos da soma das contribuições provenientes da distorções “ideais” das distâncias de ligação (contribuição por estiramento), dos ângulos das ligações (contribuição por deformação) e dos ângulos diedros (contribuição por torção), associada com as contribuições devido às interações não ligantes (Van Der Waals e Coulomb). ETOTAL = + LIGAÇÃO i NÃO.LIGADOS i j EiESTIRAMENTO + ANG.LIGAÇÃO i EiDEFORMAÇÃO + ANG.DIEDROS i EiTORSÃO + EijNÃO.LIGADOS Equação 1 – Energia Total de uma Molécula Os três primeiros termos dessa equação são relativos a todas as ligações, ângulos entre ligações e ângulos diedros, respectivamente, enquanto o último termo se refere a todos os pares de átomos não ligados. O estiramento e a deformação são definidos como termos quadráticos (“Lei de Hook”) como na forma a seguir. 1 E ESTIRAMENTO (r ) = k ESTIRAMENTO (r − r EQ ) 2 2 Equação 2 – Energia de Estiramento 1 E DEFORMAÇÃO (α ) = k DEFORMAÇÃO (α − α EQ ) 2 2 Equação 3 – Energia de Deformação 44 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Onde r, α, rEQ, αEQ são a distância de ligação, o ângulo de ligação, a distância de ligação ideal e o ângulo de ligação ideal, respectivamente, extraídos experimentalmente ou de calculados quânticos e os parâmetros Kestiramento e Kdeformação são as constantes de força de estiramento e deformação, respectivamente. A vantagem destes métodos é o fato de serem extremamente rápidos, devido ao modelo estritamente mecânico utilizado na sua formulação. Por essa razão, são normalmente empregados para cálculos de moléculas muito grandes. Entretanto, os métodos de mecânica molecular não explicitam os elétrons no sistema molecular. Os cálculos computacionais são baseados na interação entre os núcleos. Os efeitos eletrônicos são incluídos no campo de força através da parametrização. 4.1.2. Métodos Quânticos Os métodos quânticos utilizam as leis da mecânica quântica e representam os orbitais moleculares como uma combinação linear dos orbitais atômicos. A energia e outras propriedades da molécula podem ser obtidas pela resolução da equação de Schrödinger. H Ψ = EΨ Equação 4 – Equação de Schrödinger Onde ψ é a função de onda, E é a energia da partícula e H é o operador Hamiltoniano. Esta equação pode ter solução exata para o caso especial do átomo de hidrogênio (uma partícula simples em três dimensões), esta equação também pode ser escrita da seguinte maneira: −h2 2 e2 ∇ − ψ ( x, y , z ) = Eψ ( x, y , z ) 8π 2 m r Equação 5 – Equação de Schrödinger 45 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A quantidade entre colchetes representa o operador Hamiltoniano (H), que é a contribuição da energia cinética e potencial de um elétron de massa m a uma distância r de uma carga de número atômico Z, h é a constante de Plank e e a carga do elétron. Funções de onda para o átomo de hidrogênio são orbitais atômicos s, p, d e f que são familiares entre os químicos. O quadrado da função de onda vezes o volume infinitesimal resulta na probabilidade de encontrar o elétron no domínio do volume, sendo esta quantidade a densidade total do elétron (ou simplesmente a densidade do elétron), que é a mesma quantidade medida através de equipamentos de difração de raios-X. Devido à massa do núcleo ser aproximadamente 1.800 vezes maior do que a massa do elétron, estes métodos consideram o núcleo fixo, levando em consideração somente a movimentação dos elétrons (aproximação de BornOppenheimer). Esses cálculos apresentam, naturalmente, um custo computacional superior aos cálculos de mecânica molecular, pois envolvem equações mais complexas. Tais métodos dividem-se em semi-empíricos, ab initio e DFT. 4.1.2.1. Métodos Semi-empíricos Os métodos semi-empíricos são fortemente parametrizados com base em dados experimentais e utilizam a base de valência, ou seja, somente os elétrons da camada de valência são considerados. Os elétrons das camadas internas são “congelados” e representados junto com o núcleo. Aproximações adicionais são introduzidas de maneira a permitir simplificações no cálculo global e, mais importante, providenciar uma estrutura para a introdução de parâmetros empíricos. 46 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Exceto para modelos de metais de transição, parametrizações semiempíricas são baseadas na reprodução de uma grande variedade de informações experimentais, incluindo geometrias de equilíbrio, calores de formação, momentos dipolo e potenciais de ionização. Os parâmetros do modelo semi-empírico PM3 para metais de transição são baseados somente em dados experimentais de geometrias de equilíbrio. Os modelos AM1 e PM3 incorporam, essencialmente, as mesmas aproximações, mas diferem nas respectivas parametrizações. Existem vários métodos semi-empíricos, podendo destacar-se o MINDO/3, MNDO, AM1 e PM6 disponíveis principalmente nos programas MOPAC, AMPAC e HyperChem. Apenas os métodos MNDO e PM3 foram estendidos para os orbitais d, podendo ser aplicados para metais de transição. 4.1.2.2. Métodos Ab Initio Os métodos ab initio utilizam apenas constantes físicas fundamentais (a velocidade da luz, a constante de Plank e as massas e cargas dos elétrons e núcleos), sem nenhuma inclusão de dados experimentais em seus cálculos, ou seja, não são parametrizados. Nestes métodos, é possível trabalhar com todos os elétrons ou somente com os elétrons de valência. Existem vários métodos ab initio, os quais se diferenciam pelos graus de simplificação aplicada. Os métodos ab initio mais simples baseiam-se na teoria de Hartree-Fock (HF), a qual considera a interação elétron-elétron como uma interação com um campo médio, ou seja, a influência que cada elétron exerce sobre o outro não é considerada. Pela teoria HF, a probabilidade de se encontrar um elétron em uma determinada região do espaço é função apenas da distância do núcleo, e não da distância dos demais elétrons. Desta forma, as energias calculadas pelo método HF são sempre superestimadas, sendo que a diferença entre esta energia e a energia real é denominada energia de correlação. Como o próprio nome diz, a energia de correlação está relacionada ao movimento correlacionado dos elétrons, ou seja, o movimento de um elétron na presença dos demais elétrons. 47 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Essa energia de correlação pode ser calculada segundo várias teorias, tais como a teoria de perturbação de Moller Plesset (MP2, MP3, MP4, MP5) e interação de configuração (CI). Estes métodos são denominados métodos pósHF e fornecem bons resultados, entretanto, requerem grande custo computacional, sendo aplicados sobretudo em sistemas pequenos. Em um modelo ab initio combinam-se os métodos teóricos com uma representação matemática dos orbitais atômicos, denominados base. Esta base define o número de funções de onda que representarão um orbital e vai desde a base mínima às bases estendidas, como funções difusas e de polarização. Quanto maior for a base, mais exata é a descrição dos orbitais, por impor um número menor de restrições na localização dos elétrons no espaço. Entretanto, cabe ressaltar que o custo computacional aumenta fortemente com o tamanho da base. 4.1.2.3. Métodos da teoria do funcional da Densidade Esses métodos baseiam-se no teorema de Hohenberg-Kohn e partem da premissa de que a energia de uma molécula pode ser determinada a partir da densidade eletrônica, ao invés da função de onda. Os métodos DFT são freqüentemente considerados como ab initio, embora alguns parâmetros empíricos sejam utilizados. A principal vantagem destes métodos é a inclusão da correlação eletrônica em um custo computacional equivalente ao custo de um cálculo HF. Suas desvantagens consistem em ser um método parametrizado e em não existir um hierarquia entre os diferentes funcionais. Ao contrário dos métodos ab initio, o aumento do tamanho da base em um cálculo DFT não significa necessariamente um resultado melhor. O desempenho de um dado funcional deve ser avaliado pela comparação com dados experimentais, não existindo nenhum modo sistemático de melhorar a sua qualidade. 48 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 4.2. Adsorção de CO em Aglomerados de Ferro e Cobalto O estudo da adsorção de moléculas em superfícies de metais de transição, direcionado para o controle e o aumento da atividade catalítica é de fundamental importância para o entendimento de fatores determinantes na formação de sítios catalíticos e nas orientações de adsorção.[13] As ciências de superfícies têm concentrado seus estudos ao longo dos anos em moléculas diatômicas simples, devido a maior facilidade na determinação dos sítios e das orientações destas moléculas em superfícies metálicas. A quimissorção de moléculas como o monóxido de carbono, em superfícies metálicas vem sendo cada vez mais estudada, devido ao interesse crescente no entendimento do mecanismo de reação na interação gás/superfície metálica. Este interesse é motivado, principalmente, pela importância dos metais como catalisadores em processo de obtenção de combustíveis de alta qualidade a partir de fontes que não sejam o petróleo. No contexto da catálise, os modelos de clusters são freqüentemente usados para o estudo das interações entre átomos ou moléculas e superfícies de metais de transição, desde que a quimissorção pode ser considerada como um fenômeno local e interações de escala longa podem ser desprezadas. Entretanto, no caso do modelo dos clusters, pode-se executar os cálculos de química quântica em um nível sofisticado a fim de determinar a natureza da interação gás/superfície.[17] O estudo da quimissorção de CO em superfícies de ferro é de grande importância, uma vez que elas possuem uma razoável atividade e são amplamente utilizadas na síntese de Fischer-Tropsch. Devido ao seu grande uso nesta reação, a interação do monóxido de carbono com superfícies de ferro foi investigada por diversas técnicas experimentais (difração de elétrons de baixa energia – LEED e espectro fotoeletrônico de ultravioleta – UPS), indicando que esta espécie adsorve molecularmente e se decompõe. Entretanto, poucos estudos teóricos foram realizados para superfícies de metais de transição da esquerda da tabela periódica, tais como o ferro.[13] 49 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tanto nos pequenos aglomerados de ferro como nos de cobalto o CO pode estar adsorvido de diversas maneiras, dentre elas estão a forma “atop” ou linear onde o CO está adsorvido em um dos átomos do aglomerado; a forma “bridge” ou ponte, onde o CO está adsorvido fazendo uma ponte entre dois átomos do aglomerado; na forma “3 ou 4-hollow” ou buraco, onde o CO está adsorvido no plano formado por 3 ou 4 átomos do aglomerado. Há também as formas de adsorção com o eixo da ligação C-O paralelo à superfície. A forma de adsorção mais estável para o ferro é a 3-buraco, resultado similar a estudos experimentais. Segundo os autores, esta pode mudar para 4buraco ou até mesmo linear dependendo da cobertura da superfície pelo CO. As formas paralelas podem coexistir com todas as outras formas de adsorção e neste caso, se mostram mais estáveis do que as do que a forma linear, ponte e buraco. Estas por sua vez possuem energias bastante próximas entre si e a mobilidade da molécula de monóxido de carbono na superfície do ferro é grande.[13] Já o cobalto possui capacidade hidrogenante intermediária para o monóxido de carbono, mostrando seletividade quase nula para a reação de Shift. Os estudos experimentais de microscopia de tunelamento mostram que o monóxido de carbono adsorve preferencialmente em superfícies de cobalto com defeitos, que podem ser representados como “degraus” em relação ao plano do catalisador. Estudos de adsorção de CO em ½ monocamada na superfície do cobalto indicaram que este adsorve preferencialmente na configuração 3-buraco, seguida da linear, ponte e 4-buraco, sendo a linear a mais provável de ocorrer experimentalmente. Já para a cobertura de monocamada, verificou-se que a forma de adsorção energeticamente mais estável seria a ponte. Ainda combinando-se os dados obtidos para a adsorção experimental e teórica de CO em superfícies de cobalto, a forma que a molécula estaria adsorvida passaria de linear, em coberturas de até ½ monocamada, para ponte em coberturas maiores que esta.[18] 50 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 5. METODOLOGIA A seguir são apresentadas as metodologias referentes ao estudo da demanda e da oferta de combustíveis da síntese de Fischer-Tropsch e à adsorção de CO em aglomerados de ferro e cobalto. 5.1. Estudo da Demanda e da Oferta de Combustíveis Este estudo consiste, primeiramente, em uma análise da demanda nacional no setor energético em relação aos combustíveis fósseis mais utilizados (gasolina e diesel) através de dados de Comércio Exterior juntamente com dados de produção nacional dos mesmos. As informações referentes ao Comércio Exterior foram obtidas através do Sistema Alice de Informação do Ministério da Indústria e do Comércio Exterior (MDIC) e aquelas sobre a produção nacional foram fornecidas pela Agência Nacional do Petróleo. Em seguida fez-se uma projeção da demanda desses combustíveis através de uma série temporal, que necessita dos dados de consumo aparente e os seus respectivos anos. O consumo aparente é uma medida aproximada do consumo de um determinado bem pela população de um país e é definido como: Consumo Aparente = Produção Nacional + Importações – Exportações A projeção de demanda se baseia nas curvas de Consumo Aparente x Tempo e Consumo Aparente x PIB per Capita, onde esta é ajustada no melhor modelo entre linear, logarítmico ou potência. O modelo mais adequado é representado pelo maior valor de R2, que quanto mais próximo de 1 melhor a curva descreve o determinado modelo. E a partir da equação da curva é calculada a projeção de demanda nos próximos anos. 51 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Com a utilização da curva de Consumo Aparente x Tempo, tem-se uma idéia da tendência com a avaliação do progresso temporal, ou seja, a maneira como o consumo variou durante aqueles anos deve seguir uma tendência. Já a utilização da curva de Consumo Aparente x PIB per Capita, tem-se uma idéia da evolução do consumo associada ao crescimento do país, onde a tendência é de que essa relação seja diretamente proporcional em se tratando de combustíveis. Essas duas curvas foram utilizadas a fim de se ter uma idéia global da projeção a partir de diferentes tendências, pois assim, deste modo, a análise se torna mais consistente. Por fim foram identificadas as principais empresas que possuem a tecnologia GTL e foi apresentada a oferta de combustíveis provenientes destas, através da capacidade de produção de cada uma das principais plantas operantes atualmente. Estas plantas muitas vezes não trabalham em sua capacidade máxima e sim com uma ociosidade, que pode ser por motivos de segurança ou por motivos de mercado (aumento de demanda). Os dados das empresas e capacidades de produção foram obtidos a partir de uma busca bibliográfica em artigos científicos relevantes, a partir de uma análise minuciosa dos mesmos. Os artigos utilizados encontram-se descritos nas referências bibliográficas. 5.2. Adsorção de CO em Aglomerados Metálicos 5.2.1. Análise Conformacional e Energia de Adsorção de CO em Ferro e Cobalto Nesta etapa, foi realizada a análise conformacional da adsorção do monóxido de carbono em clusters de ferro e cobalto. Abaixo pode-se observar melhor a formas destes aglomerados. 52 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Figura 24 – Clusters de Ferro. (a) Com 11 átomos (Fe11), vista superior; (b) Com 11 átomos (Fe11), vista lateral; (c) Com 7 átomos (Fe7) (a) (b) (c) Figura 25 – Clusters de Cobalto. (a) Com 10 átomos (Co10), vista superior; (b) Com 10 átomos (Co10), vista lateral; (c) Com 6 átomos (Co6) Para os aglomerados de ferro e cobalto, simulações foram realizadas utilizando o programa Gaussian 3.0 com o funcional UBPW91 e a base LanL2DZ, que é mais apropriado para sistemas que possuem orbitais d semi preenchidos. Em uma segunda etapa foram realizados cálculos de single point, variando-se a multiplicidade dos clusters metálicos, a fim de que se determinasse o seu estado eletrônico de menor energia, uma vez que o ferro possui configuração eletrônica d6 e o cobalto d7. A multiplicidade é dada pela expressão: M=2xΣS+1 Onde o M é a multiplicidade e o S é o spin. O spin é dados por: S = número de elétrons desemparelhados no orbital x ½ 53 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Num passo seguinte foi realizada a análise conformacional para a adsorção do CO nos clusters de ferro e cobalto. O parâmetro principal usado para quantificar o grau de interação entre o CO e as superfícies metálicas foi a energia de adsorção, a qual é calculada como a diferença entre a energia do complexo e a energia das moléculas em separação infinita. EADS = ECO/Cluster – (ECO + ECluster) Onde o termo EADS representa a energia de adsorção, ECO/Cluster a energia do conjunto CO adsorvido no aglomerado metálico e ECO e ECluster as energias do monóxido de carbono e do cluster, individualmente. Esta energia é corrigida pelo “Erro de Superposição de Base” (BSSE). De acordo com esta metodologia, a energia de cada subunidade é calculada substituindo os átomos da segunda unidade por “átomos fantasmas”, mantendo-se apenas as bases centradas nas posições atômicas. Desta forma, o cálculo BSSE corrige o erro causado em razão do conjunto de funções usado no cálculo da energia do sistema CO-superfície ser maior do que os conjuntos de funções empregados no calculo do CO e da superfície isoladamente. Normalmente a energia corrigida é menor (mais positiva) do que a não corrigida. 5.2.2. Distâncias Interatômicas Os parâmetros geométricos como a distância entre a superfície metálica e o átomo de carbono, a ligação C-O e o ângulo entre o CO e a superfície foram observados para que se pudessem averiguar os estados de adsorção do monóxido de carbono. Para uma melhor visualização de sua distribuição nas moléculas, foi utilizado o programa GaussView, do pacote computacional Gaussian. 54 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A medida da distância entre o aglomerado metálico e a molécula de CO era realizada através da perpendicular entre o átomo de carbono e a superfície, conforme é verificado na figura 22, que ilustra o procedimento em um cluster de Fe7. Já a inclinação do monóxido de carbono com a superfície (ângulo β) foi medida pelo ângulo que o eixo desta molécula fazia com a superfície metálica. Figura 26 – Procedimento para os Parâmetros Geométricos. (a) Distância C-Superfície, (b) Ângulo entre a Molécula de CO e a Superfície 55 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1. Estudo da Demanda e da Oferta de Combustíveis 6.1.1. Análise da Demanda de Combustíveis A Agência Internacional de Energia projetou um aumento de 52% no consumo mundial de energia até 2030, um crescimento anual de 1,6% conduzido pelo desenvolvimento de muitos países que espera-se escaparem da pobreza energética e que melhore seus padrões de vida. A Agência ainda projetou que a energia utilizada no desenvolvimento dos países se aproximará da energia usada por países desenvolvidos até 2025. Para estes países, a intensidade de energia por unidade de saída econômica (output) passará por um declínio gradual enquanto as indústrias são modernizadas e assim o uso de energia per capta aumenta com o crescimento da renda pessoal. Nos Estados Unidos este crescimento será de 34% nos próximos 25 anos, um crescimento de 1,1% ao ano.[19] No mundo, em uma projeção de demanda, haverá um aumento de 83% no consumo de combustíveis fósseis, estes que são projetados para como a fonte de energia dominante no mundo. Entretanto, é importante notar que o desenvolvimento da tecnologia tem feito com que atualmente o uso de hidrocarbonetos seja mais amigável com o meio ambiente, comparado com várias décadas atrás (como por exemplo, a redução de enxofre da gasolina e do diesel e as reduções tóxicas da gasolina).[19] No Brasil, a produção dos combustíveis fósseis energéticos ou nãoenergéticos pode ser observada nas figuras a seguir. 56 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Querosene Iluminante; 50 Outros*; 130 QAV; 4.118 Gasolina A; 19.978 Gasolina de Aviação; 70 Óleo Diesel; 38.396 GLP; 11.691 Óleo Combustível; 15.075 * Inclui óleo leve para turbina elétrica 3 Figura 27 – Produção Nacional de Derivados de Petróleo Energéticos em mil m (Fonte: ANP, 2005) Solvente; 827 Outros*; 1.437 Asfalto; 1.420 Coque; 2.395 Parafina; 140 Óleo Lubrificante; 732 Nafta; 8.498 * Inclui gasóleos, GLP não-energético, subprodutos, intermediários e outros derivados não-energéticos 3 Figura 28 – Produção Nacional de Derivados do Petróleo Não-Energéticos em mil m (Fonte: ANP, 2005) 57 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Como pode ser observado, a produção nacional de derivados energéticos é em maior parte, relacionada à produção de gasolina A e óleo diesel (cerca de 70% da produção). Esta produção deve estar relacionada ao alto consumo destes combustíveis, principalmente no setor de transporte tanto comercial quanto particular. Por esse motivo, as curvas de projeção de demanda foram realizadas para estes dois combustíveis, uma vez que ambos são também produtos da síntese de Fischer-Tropsch. Para os derivados não-energéticos, a maior parte da produção é referente ao nafta (cerca de 60% da produção), seguido pelo coque e pelo asfalto, uma vez que o petróleo nacional é considerado pesado (baixos APIº). 6.1.1.1. Gasolina A A gasolina A é amplamente utilizada no transporte particular, ou seja, carros de passeio. A seguir mostrou-se a evolução da produção nacional de 1995 a 2005, assim como a importação e exportação deste combustível no Brasil no mesmo período. Quantidade em m3 25.000.000 20.000.000 15.000.000 10.000.000 5.000.000 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Ano Produção (m3) Importação (m3) Export ação (m3) Figura 29 – Produção, Importação e Exportação de Gasolina A no Brasil de 1995-2005 em 3 m (Fonte: Elaboração Própria com dados da ANP e MDIC) 58 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Como pode ser observado, a produção de gasolina é bem maior em comparação à importação e exportação, logo, a produção desta será em grande parte responsável pelo consumo aparente. A produção até 1998 foi crescente, mantendo-se estável próximo dos 20.000.000 m3 até o ano de 2005. Do ano de 1995 ao ano de 1997, a quantidade importada e exportada era praticamente a mesma, mas depois de 97 o Brasil passou a exportar mais gasolina do que importar. De qualquer maneira, a quantidade importada de gasolina é pequena quando comparada com a produção. A partir dos dados da figura 7, calculou-se o consumo aparente e gerou-se os pontos primeiramente em função dos anos, que na figura são apresentados do ano 1 ao ano 11, segundo o método. 20.000.000 y = 742552Ln(x) + 2E+07 R2 = 0,3181 Consumo Aparente (m3) 18.000.000 16.000.000 14.000.000 y = 2E+07x 0,0475 R2 = 0,3424 12.000.000 y = 106326x + 2E+07 R2 = 0,1292 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 0 2 4 6 8 10 12 Ano 3 Figura 30 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente (m ) x Ano para a Gasolina A (Fonte: Elaboração própria) A partir dos valores dos R2 obtidos pode-se perceber que os pontos não se adequaram bem a esses ajustes. Isto pode ter sido ocasionado pelos pontos de 1997, 1998 e 1999 que estão acima da tendência, indicando picos de consumo. 59 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Essas alterações podem ocorrer, pois tratam-se de dados referentes à economia e ao mercado que são passíveis de alterações repentinas. Essas alterações indicam problemas que podem ser de ordem estrutural ou conjuntural. Problemas estruturais são mais sérios e um exemplo destes pode ser um período de inflação muito alta em um país. Problemas conjunturais muitas vezes são de ordem política e estão bastante relacionados aos preços. Neste triênio, pode ter havido uma queda nos preços da gasolina o que ocasionou esse aumento no consumo. Para tentar diminuir esta interferência foi feita uma média trienal dos consumos nesses anos. Esta média consiste em uma simples média aritmética entre o consumo do ano em questão e os dois anos anteriores. Este procedimento foi feito para o ano de 1997, para o ano de 1998 com o valor de 1997 já corrigido e para o ano de 1999 com os outros valores corrigidos. Este novo ajuste pode ser verificado na figura a seguir. Consumo Aparente (m3) 17.500.000 y = 185173x + 2E+07 R2 = 0,5992 17.000.000 y = 946080Ln(x) + 1E+07 R2 = 0,7895 16.500.000 16.000.000 y = 1E+07x0,0595 R2 = 0,7944 15.500.000 15.000.000 14.500.000 14.000.000 0 2 4 6 8 10 12 Ano Figura 31 – Novo Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x Ano para a Gasolina A (Fonte: Elaboração Própria) Observa-se que os valores de R2 obtidos com esse novo ajuste são muito mais próximos de 1. Entretanto, pode-se perceber agora um pico seguido de uma queda acentuada de consumo nos anos de 2002 e 2003, que também pode ter sido causada por preços. 60 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tanto o período anterior quanto este são relacionados às eleições para Presidente da República, período este onde as jogadas políticas são mais numerosas. Assim foi feito um ajuste final com a média trienal nestes anos, que pode ser observado a seguir. Consumo Aparente (m3) 17500000 17000000 y = 195251x + 2E+07 R2 = 0,7133 16500000 y = 981834Ln(x) + 1E+07 R2 = 0,9104 y = 1E+07x 0,0618 R2 = 0,9075 16000000 15500000 15000000 14500000 14000000 0 2 4 6 8 10 12 Ano Figura 32 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Aparente x Ano para a Gasolina A (Fonte: Elaboração Própria) A partir da figura 32, observa-se que o valor de R2 chegou mais próximo de 1 em comparação com o ajuste anterior e que a curva logarítmica apresenta o maior valor deste parâmetro. A partir da equação desta curva foi calculada a projeção da demanda até 2010. No lugar da incógnita x da equação foram colocados os números de 12 a 16 referentes aos anos 2006 a 2010 e assim foram calculados os respectivos consumos aparentes. Esta curva será apresentada no final da seção juntamente com a projeção do consumo aparente pelo PIB per capita. Para a projeção do consumo aparente pelo PIB per capita foi realizado o mesmo procedimento, sendo primeiramente analisado o ajuste dos pontos sem nenhuma média trienal. 61 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 20.000.000 y = 1E+06Ln(x) + 5E+06 R2 = 0,1471 Consumo Aparente (m3) 18.000.000 16.000.000 14.000.000 8E+06x 0,0852 y= R2 = 0,1624 12.000.000 y = 148,53x + 2E+07 R2 = 0,0952 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00 8000,00 9000,00 10000,00 11000,00 12000,00 PIB per Capita (R$) Figura 33 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x PIB per Capita para a Gasolina A (Fonte: Elaboração Própria) Da mesma forma que o ajuste por ano neste também podem ser vistos os picos de consumo nos anos de 1997, 1998 e 1999. Essas duas modalidades de curva apresentam tendências semelhantes que são visualmente perceptíveis. Assim foram feitas as médias trienais para esses três anos. 17.500.000 Consumo Aparente (m3) 17.000.000 y = 267,05x + 1E+07 R2 = 0,4704 16.500.000 y = 2E+06Ln(x) - 2E+06 R2 = 0,5679 16.000.000 y = 5E+06x 0,1309 R2 = 0,5661 15.500.000 15.000.000 14.500.000 14.000.000 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00 8000,00 9000,00 10000,00 11000,00 12000,00 PIB per Capita (R$) Figura 34 – Novo Ajuste para os pontos de Consumo Ap. x PIB per Capita para a Gasolina A (Fonte: Elaboração Própria) 62 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Como pode ser observado os valores de R2 foram melhores comparandose com o ajuste anterior e neste caso também pode-se verificar o pico de consumo seguido da queda do mesmo nos anos de 2002 e 2003. Da mesma forma, foi feito o ajuste final para os pontos. 18000000 Consumo Aparente (m3) 17500000 17000000 y = 286,41x + 1E+07 R2 = 0,5793 y = 2E+06Ln(x) - 3E+06 R2 = 0,6889 16500000 y = 5E+06x 0,1393 R2 = 0,6795 16000000 15500000 15000000 14500000 14000000 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00 8000,00 9000,00 10000,00 11000,00 12000,00 PIB per Capita (R$) Figura 35 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Aparente x PIB per Capita para Gasolina A (Fonte: Elaboração Própria) Assim, pode-se observar que com este último ajuste o valor de R2 se aproximou mais de 1 em relação ao anterior e que o modelo que melhor ajustou os pontos foi o logarítmico com o maior valor de R2. Da mesma forma, a partir da equação da curva logarítmica foi feita a projeção da demanda até 2010. No lugar da incógnita x da equação foram colocados os valores do PIB per capita referentes aos anos seguintes. Para esse cálculo do PIB per capita foi utilizada a aproximação que este cresce 10% ao ano através da expressão a seguir: PIB per capita (t) = Último PIB per capita x (1 + 0,1)n Onde o último PIB per capita é o valor do PIB do último ano analisado que neste caso é o valor referente ao ano de 2005. 63 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química O valor de 0,1 refere-se ao 10% do crescimento e o n é o número do ano do cálculo, ou seja, para 2006 que seria o primeiro ano de cálculo da projeção, utiliza-se n = 1. Dessa forma os valores de n utilizados foram do 1 ao 5. A seguir, é mostrada a curva de projeção da demanda em ambos os casos. Projeção do Consumo Aparente (m3) 18.000.000,00 16.000.000,00 14.000.000,00 12.000.000,00 10.000.000,00 8.000.000,00 6.000.000,00 4.000.000,00 2.000.000,00 0,00 1 2 3 Ano 4 5 PIB per Capita Figura 36 – Projeção da Demanda de Gasolina A para ambos os Casos Analisados (Fonte: Elaboração Própria) Observa-se que para ambos os caso há um discreto aumento da demanda, mas para o caso do consumo em relação ao PIB per capita este comportamento ocorre em valores mais elevados de consumo, uma vez que esse é um indicador econômico e mede o crescimento do país, sendo diretamente proporcional ao consumo de combustíveis. Entretanto, em ambos os casos os valores iniciais de consumo da projeção são menores do que o último valor registrado de 2005, o que indica novamente uma queda no consumo, seja por motivos políticos (novo ano eleitoral) ou por motivos de preço (barril de petróleo com preço recorde neste ano). Outro fato interessante que pode ser observado é um crescimento discreto do consumo de gasolina A nos próximos anos, que pode ser ocasionado pela produção crescente dos carros flex e pela crescente conversão a gás de automóveis. 64 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 6.1.1.2. Óleo Diesel O óleo diesel é o principal combustível que move o setor de transportes no Brasil, pois há uma predominância do transporte rodoviário que todo ele é feito com a utilização de óleo diesel. Sem contar o setor de transportes públicos (ônibus) onde a grande maioria utiliza diesel como combustível. A Figura a seguir mostra a produção, a importação e a exportação de óleo diesel no Brasil de 1995 a 2005. 45.000.000 Quantidade em m3 40.000.000 35.000.000 30.000.000 25.000.000 20.000.000 15.000.000 10.000.000 5.000.000 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Ano Produção (m3) Importação (m3) Exportação (m3) 3 Figura 37 – Produção, Importação e Exportação de Óleo Diesel no Brasil em m (Fonte: Elaboração Própria a partir de dados da ANP e MDIC) Pode-se observar que a produção de diesel ao longo dos anos foi crescente, sendo também é bem maior que a importação e a exportação em comparação com a gasolina. Porém, neste caso a importação de diesel sempre foi maior que a exportação e em quantidades significativas, enquanto em termos de exportação esses valores são bem menos expressivos. Neste caso também o valor do consumo aparente será em grande parte devido à produção nacional. Nota-se que em 2003 há um grande pico de importação, que pode ter sido ocasionada por uma queda acentuada no preço do diesel, ano este bem próximo de período eleitoral (eleição do Presidente Lula). 65 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A partir dos dados da figura 15 foram calculados dos consumos aparentes dos respectivos anos e com esses pontos foi feito o ajuste dos modelos, como pode ser observado a seguir. Consumo Aparente (m3) 70.000.000 y = 3E+07x0,23 R2 = 0,5903 y = 2E+06x + 3E+07 R2 = 0,5604 60.000.000 50.000.000 40.000.000 y = 9E+06Ln(x) + 3E+07 R2 = 0,4766 30.000.000 20.000.000 10.000.000 0 0 2 4 6 8 10 12 Ano Figura 38 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x Ano para o Óleo Diesel (Fonte: Elaboração Própria) Como esperado, o ponto referente ao consumo aparente do ano de 2003 ficou fora da tendência da curva como um pico de consumo. Assim foi feita a média trienal somente neste ano. O novo ajuste pode se observado a seguir: Consumo Aparente (m3) 60000000 y = 7E+06Ln(x) + 3E+07 R2 = 0,731 50000000 y = 2E+06x + 3E+07 R2 = 0,8487 40000000 y = 3E+07x0,197 R2 = 0,7912 30000000 20000000 10000000 0 0 2 4 6 8 10 12 Ano Figura 39 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Aparente x Ano para o Óleo Diesel (Fonte: Elaboração Própria) 66 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Nota-se que os valores de R2 obtidos foram melhores que os do ajuste anterior e que o modelo que melhor descreve os pontos é o linear de maior R2. A partir da equação da reta foram calculados os consumos dos próximos anos (esta projeção também foi feita até 2010). A curva da projeção da demanda de 2006 a 2010 será apresentada no final da seção juntamente com a projeção em relação ao PIB per capita. Os pontos de consumo aparente em relação ao PIB per capita para o óleo diesel forma ajustados, como pode-se observar na figura a seguir. Consuma Aparente (m3) 70.000.000 60.000.000 50.000.000 y = 3623,7x + 1E+07 y = 3E+07Ln(x) - 2E+08 R2 = 0,5591 R2 = 0,5461 40.000.000 y = 146616x0,6325 R2 = 0,6578 30.000.000 20.000.000 10.000.000 0 3000,0 4000,0 5000,0 6000,0 7000,0 8000,0 9000,0 10000, 11000, 12000, 0 0 0 0 0 0 0 00 00 00 PIB per Capita (R$) Figura 40 – Ajuste dos pontos de Consumo Aparente x PIB per Capita para o Óleo Diesel (Fonte: Elaboração Própria) Novamente como no caso anterior, o ponto referente ao consumo aparente de 2003 ficou fora da tendência da curva como um pico de consumo. Este foi corrigido a partir da média trienal e o ajuste final pode ser observado a seguir. 67 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Consumo Aparente (m3) 60000000 y = 2E+07Ln(x) - 1E+08 R2 = 0,8422 y = 2906,6x + 2E+07 R2 = 0,8401 50000000 40000000 y = 334221x0,536 R2 = 0,863 30000000 20000000 10000000 0 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00 8000,00 9000,00 10000,00 11000,00 12000,00 PIB per Capita (R$) Figura 41 – Ajuste Final dos pontos de Consumo Ap. x PIB per Capita para o Óleo Diesel (Fonte: Elaboração Própria) Percebe-se que os valores de R2 obtidos melhoraram em relação ao ajuste anterior e o modelo que melhor descreve os pontos foi o potência com o maior R2. A partir da equação da curva de potência foram calculados dos consumos aparentes até 2010, com os PIB’s per Capita calculados do mesmo modo que para a gasolina. Estes valores foram colocados no lugar da incógnita x da equação da curva. Projeção do Consumo Aparente (m3) A projeção da demanda em ambos os casos pode ser observada a seguir. 70.000.000 60.000.000 50.000.000 40.000.000 30.000.000 20.000.000 10.000.000 0 1 2 3 Ano 4 5 PIB per Capita Figura 42 – Projeção da Demanda de Óleo Diesel em ambos os Casos Analisados (Fonte: Elaboração Própria) 68 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Pode-se observar que o comportamento de ambas as curvas é muito semelhante até em relação aos valores, indicando um consumo crescente deste combustível nos próximos anos. Este crescimento é muito significativo, diferente do crescimento do consumo de gasolina. Entretanto, este cenário pode sofrer algumas modificações no futuro, pois a política do Biodiesel está sendo muito bem aceita e com essas propostas de adição deste biocombustível ao diesel, talvez este aumento do consumo seja menos expressivo. Assim, nota-se que num futuro próximo, a demanda nacional de diesel é crescente e já que este é um dos produtos da síntese de Fischer-Tropsch, pode se tornar um dos produtivos investimentos que o Brasil poderá a vir fazer. 6.1.2. Análise da Oferta de Combustíveis de Fischer-Tropsch Atualmente a demanda por energia limpa faz crescer o interesse por combustíveis alternativos que satisfaçam este critério. Desta forma há muitas empresas que optaram pela tecnologia GTL e investiram em plantas piloto e plantas comerciais para a produção de combustíveis via síntese de FischerTropsch. 6.1.2.1. Principais empresas que possuem o Processo de FischerTropsch[8] Embora a companhia com mais experiência seja a SASOL, outras vêm desenvolvendo novas tecnologias para o processo de Fischer-Tropsch, como a Shell, a Syntroleum, a Rentech, a US DOE, a EXXON Mobil e empresas da China. A seguir, foi analisada a trajetória dessas empresas juntamente com informações técnicas de suas plantas em processo. 69 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química SASOL Após a segunda guerra, o único lugar do mundo que continuou a investir em combustíveis sintéticos foi a África do Sul, devido a necessidade de diminuir sua dependência do petróleo importado, principalmente durante o período do embargo econômico sofrido pelo país. Em 1950, a SASOL foi incorporada como estatal da África do Sul e em 1955 a primeira planta de combustíveis sintéticos já estava em operação em Sasolburg. Esta planta tinha como matéria-prima o carvão e gerava aproximadamente 8.000 barris/dia de gasolina, diesel e outros. A SASOL tem relatado alguns detalhes pouco específicos sobre o desenvolvimento e operação do seu reator de lama. O trabalho da SASOL em escala piloto começou no início dos anos 80. Em 1990, um reator com leito de lama com um diâmetro de cerca de 1 m foi avaliado e os resultados confirmaram suas expectativas mais recentes. Rapidamente, a SASOL decidiu construir um reator de lama em escala comercial com 5 m de diâmetro e 22 m de altura, que foi melhor que dois reatores multitubular de leito fixo com 5.000 tubos cada um para a expansão de sua operação a baixas temperaturas. O reator comercial foi avaliado em 1993 e tem relatado uma operação bem sucedida desde então. A SASOL usa um reator separado para o pré-tratamento do catalisador de ferro no qual a redução com hidrogênio é usada para ativar o mesmo, em seguida é introduzido no reator de lama para a produção de hidrocarbonetos parafínicos. Diversas aproximações foram tentadas na SASOL a fim de se efetuar a separação entre a cera e o catalisador contido na lama. Assim, muita atenção é dada à produção do catalisador e nas suas características físicas para facilitar na separação, que é feita através de uma filtração (processo próprio da empresa). A SASOL está desenvolvendo as duas maiores plantas de GTL no mundo em escala comercial. E agora em uma parceria sua com a empresa Qatar Petroleum está construindo uma planta com a capacidade de 34.000 barris/dia em uma cidade industrial do Qatar. Os produtos deste planta começarão a serem comercializados no início de 2007. 70 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química China Os Chineses tem operado um processo de dois estágios envolvendo reator de lama para a síntese de Fischer-Tropsch com catalisador de ferro e craqueamento/oligomerização utilizando reator de leito fixo e um catalisador chamado de ZSM-5 para converter os produtos da reação em combustíveis na faixa da gasolina. O reator de lama tinha 4 cm de diâmetro e 450 cm de altura e o catalisador utilizado era de ferro precipitado, não suportado e calcinado até se obter como principal cristal o Fe2O3. A composição do produto obtido era de aproximadamente 70% de C5-12, 27% de C13-22 e 3% de C22+. Syntroleum Enquanto a Syntroleum começou a trabalhar com a síntese de FischerTropsch antes do ano de 1985, a sua visibilidade data deste período. Em muito de seus trabalhos anteriores eles reataram que não se envolviam com síntese em fase líquida. A primeira informação pública significante para síntese em fase líquida foi a construção e operação de uma planta piloto de 70 barris/dia integrada a Refinaria Cherry Point da ARCO em Washington. Este projeto foi conduzido de perto pela unidade de tecnologia “upstream” da ARCO. A unidade de processo individual foi construída em Tulsa, Oklahoma. Um projeto próprio de reator para reforma autotérmica foi usado para geração de gás de síntese a partir do gás natural e do ar. O retorno do uso do ar para a geração de gás de síntese no lugar do oxigênio é a única característica do processo da Syntroleum. Para os componentes da síntese de Fischer-Tropsch eles testaram seu projeto avançado de reator e seu próprio catalisador de cobalto em microesferas. Foi relatado que este catalisador possui alta atividade, resistência ao atrito, excelentes propriedades hidrodinâmicas e é prontamente separado dos hidrocarbonetos produzidos. A planta opera em regime turbulento de mistura que é associado com um reator de leito fluidizado de tamanho comercial. 71 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Recentemente, a Syntroleum passou a utilizar reator de leito fixo em seu processo com uma relação de 5:1 entre sua altura e seu diâmetro. Atualmente, a Syntroleum vem fazendo parcerias com a força aérea americana com o intuito de fornecer combustível para ser utilizado por aviões de guerra. Testes preliminares foram realizados e foram obtidos ótimos resultados de desempenho por parte dessa alternativa em combustível. Rentech A Rentech operou durante 1982-1983 uma planta em escala comercial no Colorado, utilizando uma reserva local que produzia gás suficiente para a planta com uma capacidade de 235 barris/dia de hidrocarbonetos líquidos. Foi verificado em seguida que esta reserva era incapaz de produzir quantidades suficientes de gás e a operação foi interrompida três meses após a realização da produção com a capacidade total da planta. Esta foi desmontada e transportada para a Índia onde produz 350 barris/dia. A Rentech tem pelo menor nove patentes que protegem sua tecnologia, que opera com um reator de lama que possui 2,54 m de altura e 0,15 m de diâmetro e catalisador de ferro. A Rentech também projetou, construiu e testou dois reatores de lama de 1,83 m de diâmetro e produziram várias formulações de catalisadores a base de ferro para serem utilizados nesses reatores. A separação cera/lama era realizada através de um filtro externo de fluxo transversal, mas esta técnica ainda apresentava problemas. Mais tarde, iniciouse um estudo em sua planta piloto para a utilização de um separador externo que envolvia gravidade para concentrar uma lama de catalisador/cera que retornava ao fundo do reator. Atualmente, sua principal matéria-prima é o carvão. Sua mais nova aquisição foi uma indústria que produzia fertilizantes nitrogenados a partir de gás natural e passará a produzir, em 2009, 920 toneladas de fertilizantes, 1.800 barris/dia de combustíveis de Fischer-Tropsch e 76 megawatts de energia elétrica que serão exportados. 72 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química US DOE A Air Products operava a Unidade de Desenvolvimento de Combustíveis Alternativos da DOE (Department of Energy), localizada em LaPorte no Texas. A unidade estava inicialmente projetada para conduzir a síntese de metanol em fase lama e mais tarde foi expandida para incluir um trabalho de desenvolvimento na Síntese de Fischer-Tropsch em 1992. O trabalho na síntese de metanol foi muito bem sucedido. É utilizado um reator com coluna de borbulhamento de 0,57 m de diâmetro e 8,6 m de altura. O espaço real ocupado pela lama é de 6,2 m com o restante servindo de espaço para o vapor produzido. Há também tubos de resfriamento de 2,54 cm que ocupam menos de 5% da seção transversal do reator. Para a síntese se utiliza catalisador de ferro. Shell[15] A Shell começou sua pesquisa em GTL a partir do gás natural no início dos anos 70, quando começou o programa de Pesquisa e Desenvolvimento voltado para a criação de sua própria tecnologia de reatores de FischerTropsch. Assim nasceu o processo Shell Middle Distilate Synthesis (SMDS), com a construção de uma planta piloto na cidade de Amsterdã em 1983. A planta piloto contou com o teste de um reator multitubular que operava em baixas temperaturas. O processo SMDS oferece uma tecnologia GTL completa e integrada em três etapas principais: A Shell Gasification Process (SGP), Heavy Paraffin Synthesis (HPS) e Heavy Paraffin Conversion (HPC). No processo SGP, o gás natural é transformado em gás de síntese por Oxidação Parcial, numa reação sem catalisador e com oxigênio puro derivado de uma unidade de separação de ar próxima. 73 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química No processo HPS, o gás de síntese passa através de um reator multitubular de leito fixo (patenteado pela Shell) e é convertido em hidrocarbonetos de cadeia longa com o auxílio do catalisador de cobalto de alta performance (também patenteado pela Shell). Nessa etapa não há a necessidade de filtração, pois com o tipo de reator utilizado o produto e catalisadores apresentam absoluta separação. No processo HPC, a parafina é convertida em destilados médios usando um catalisador suave no Hidroprocessamento. Esta corrente é fracionada para a produção de diesel, nafta, querosene e uma gama de produtos especiais. Em 1989, a Shell iniciou a construção de uma planta SDMS com capacidade para produzir 12.500 barris/dia de compostos destilados médios de alta qualidade, solventes e graxas parafínicas na Malásia, que foi inaugurada em 1993. Em 1997, uma explosão na unidade de Separação de Ar danificou boa parte da planta e interrompeu sua operação. A reconstrução levou bastante tempo e a planta recomeçou a operar em 2000. A Shell está investindo na proposta para a próxima geração da tecnologia GTL que são plantas de grandes escalas comercias do SMDS (a partir de 70.000 barris/dia) e também tem anunciado estudos para o Egito, Indonésia, Iran, Trindade, Malásia, Argentina, Austrália e Qatar. O mais novo projeto da Shell é uma aliança junto com a empresa Anglo American para a criação de uma planta GTL com matéria-prima carvão na Austrália. É esperado que a conclusão do projeto seja em 2007 com a junção das técnicas de ambas as empresas. Exxon Mobil[15] Nos anos 80 (a Exxon fez fusão com a Mobil em 1999), a Exxon desenvolveu em seus laboratórios de pesquisa um sistema único de catalisadores de Fischer-Tropsch, primeiro trabalhando com o gás de síntese derivado do carvão. No entanto, o foco mudou para a obtenção de gás de síntese a partir de gás natural, dado o aumento evidente das reservas de gás natural e pela preferência do ponto de vista econômico e ambiental em comparação com o carvão. 74 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química O programa de Pesquisa e Desenvolvimento concebeu o processo integrado Exxon AGC-21 (Advanced Gas Conversion for the 21st Century), desenvolvido com a máxima flexibilidade e pode produzir diferentes tipos de combustíveis como diesel, QAV, graxas parafínicas, óleos lubrificantes e solventes. A integração é composta por três diferentes etapas distintas: geração de gás de síntese com um reator de leito fluidizado (FBSG), síntese de hidrocarbonetos através de um reator de lama (HCS) e o acabamento do produto através da hidroisomerização em leito fixo. A Exxon Mobil possui futuros projetos com plantas comerciais da tecnologia AGC-21, dentre eles cabe ressaltar o do Qatar com capacidade de produzir cerca de 150.000 barris/dia de óleos especiais em adição a combustíveis sintéticos. A expectativa é que a planta inicie a produzir a partir de 2011. 6.1.2.2. As Principais Plantas GTL e suas Capacidades de Produção[20] Atualmente, existem tanto plantas comerciais quanto plantas em escala piloto em operação. Várias dessas plantas são pertencentes a SASOL que é uma das pioneiras na tecnologia GTL. Estima-se que no final de 2006, a produção mundial de combustíveis de Fischer-Tropsch varie na faixa de 1 a 1,5 milhões barris/dia, faixa esta que certamente será superada com os projetos de novas plantas GTL. Na tabela a seguir estão relacionadas as principais plantas GTL em processo atualmente, com as suas respectivas localizações, tipo de catalisador e matéria-prima utilizados e capacidade de produção. 75 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tabela 6 – Principais Plantas GTL operantes Atualmente Plantas GTL Empresa Localização Catalisador Matéria-Prima Capacidade (bbl/dia) Rentech Illinois - EUA Fe Carvão 1.800 Exxon Mobil Nova Zelândia Co Gás Natural 14.500 Sasol África do Sul Fe Carvão 27.500 Sasol Nigéria Fe, Co Gás Natural 12.500 Sasol Qatar Fe, Co Gás Natural 11.500 Shell Malásia Co Gás Natural 34.000 Syntroleum Austrália Co Gás Natural 34.000 (Fonte: Elaboração Própria com dados de A.M. Samsam Bakhtiari) Observa-se que o uso de gás natural como matéria-prima é crescente devido às reservas do “stranded gas”. A SASOL e a Rentech ainda utilizam carvão como matéria-prima devido à disponibilidade da mesma em seus países. Os Estados Unidos são detentores de ¼ das reservas mundiais de carvão, enquanto na África do Sul esta matéria-prima também apresenta uma grande reserva. Na tabela a seguir são mostrados alguns dos principais projetos de plantas GTL para um futuro próximo, com a sua possível localização e capacidade de produção. Tabela 7 – Principais Projetos de Plantas GTL Plantas GTL Empresa Localização Capacidade (bbl/dia) Exxon Mobil Qatar 80.000 Shell Argentina, Austrália, Egito, Indonésia, Iran, Trinida 75.000 Rentech Bolívia 10.000 Rentech Indonésia 15.000 Shell Qatar 140.000 (Fonte: Elaboração Própria com dados de A.M. Samsam Bakhtiari) 76 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Pode-se observar que é crescente o interesse em se construir plantas no Qatar. Isso se deve às grandes reservas de gás natural existente no local. Assim, percebe-se que a oferta de combustíveis de Fischer-Tropsch está crescendo e diversas novas plantas estão sendo construídas com capacidades cada vez maiores, isto devido à economia de escala que para os processos GTL é um grande fator de diminuição dos custos do produto final. 6.2. Adsorção de CO em Aglomerados de Ferro e Cobalto 6.2.1. Análise Conformacional e Energia de Adsorção de CO em Fe e Co A energia de adsorção representa um parâmetro importante para que se possa estudar a Síntese de Fischer-Tropsch, pois sua etapa inicial é a adsorção do monóxido de carbono na matriz metálica. Nesta etapa, serão comparadas as energias de adsorção para cada confôrmero, para que se possa chegar àquele mais estável. Quanto menor for a energia de adsorção do CO, mais estável é o aglomerado. 6.2.1.1. Sistema Fe-CO[13] Antes de realizar a análise conformacional para a adsorção de CO em ferro, foi necessária a determinação dos estados eletrônicos mais estáveis dos aglomerados metálicos, como foi descrito anteriormente na metodologia. Variaram-se as multiplicidades deste cluster com a energia. O resultado desta análise pode ser observado na figura a seguir. 77 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Multiplicidade -1358,1 -1358,2 0 10 20 30 40 Energia (a.u.) -1358,3 -1358,4 -1358,5 -1358,6 -1358,7 -1358,8 -1358,9 Figura 43 – Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Fe11 (Fonte: Elaboração Própria) Como pode ser observado, o aglomerado de menor energia, e, portanto, mais estável, foi aquele que apresentava multiplicidade 35. Uma análise semelhante foi realizada para os aglomerados de Fe7. Conforme a figura a seguir, pode-se verificar que para este caso os aglomerados que apresentavam multiplicidade 25 são os mais estáveis. Multiplicidade -863,9 -864 0 5 10 15 20 25 30 Energia (a.u.) -864,1 -864,2 -864,3 -864,4 -864,5 -864,6 Figura 44 – Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Fe7 (Fonte: Elaboração Própria) 78 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A partir destes resultados, procedeu-se à análise conformacional dos clusters de ferro. Para o aglomerado de Fe11, foram geradas nove possíveis espécies, que se encontram na figura a seguir e na seqüência suas respectivas energias de adsorção na tabela 8. Figura 45 – Espécies Encontradas na Análise Conformacional para o Cluster de Fe11 (Fonte: Elaboração própria) Tabela 8 – Energia de Adsorção para as Diferentes Conformações de CO nos Clusters Espécie Energia de Adsorção (eV) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 -1,61 -1,63 -1,73 -1,44 -1,56 -1,57 -1,74 -1,77 -1,77 (Fonte: Elaboração Própria) Neste caso, a espécie mais estável é a que apresenta o monóxido de carbono ligado em um sítio 4-buraco (espécie 9), seguido de 3-buraco (espécie 8), linear (espécie 3) e ponte (espécie 6). 79 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Para a adsorção de CO em ferro, o efeito do grau de cobertura do monóxido de carbono também leva a resultados diferentes dos propostos na literatura. Jiang e Carter (2004) e Stibor et al. (2002) utilizaram condições de contorno periódicas, encontrando um valor de 1,95 eV para a adsorção na forma linear e para a forma ponte de 1,70 a 1,90 eV. Jiang e Carter (2004) também citam que a energia de adsorção experimental em aglomerados de ferro apresenta um valor de 1,90 eV, um pouco mais alto que os encontrados neste trabalho. Entretanto, os dados obtidos na tabela 8 apresentam uma grande proximidade com aqueles encontrados na literatura, independente do grau de cobertura utilizado. Isto sugere que para os clusters de ferro, as bordas não têm muito efeito na adsorção. Prosseguindo com os aglomerados de Fe7, também foram geradas 9 possíveis conformações, que podem ser observadas na figura a seguir e as suas energias de adsorção na tabela 9. Figura 46 – Espécies Encontradas na Análise Conformacional para o Cluster de Fe7 (Fonte: Elaboração Própria) 80 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tabela 9 – Energia de Adsorção para as Diferentes Conformações de CO nos Clusters Espécie Energia de Adsorção (eV) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 -1,58 -1,58 -1,62 -1,55 -1,40 -1,46 -1,56 -1,55 -1,58 (Fonte: Elaboração Própria) Os valores na tabela 9 mostram que neste caso, a geometria de adsorção mais estável é a linear (espécie 3), seguida de 4-buraco e 3-buraco (espécies 9 e 7) e ponte (espécie 4). Também pode-se observar que as energias de adsorção para as conformações ponte e 3-buraco apresentam valores aproximadamente iguais. Comparando-se os dados de energias das duas tabelas, as energias se aproximam daquelas encontradas por Jiang e Carter (2004) quando um cluster maior é utilizado. Isto é importante porque poderia indicar o efeito de uma segunda camada de átomos metálicos. 6.2.1.2. Sistema Co-CO Da mesma maneira que para os aglomerados de ferro, determinaram-se os estados eletrônicos mais estáveis dos aglomerados metálicos de cobalto variaram-se as multiplicidades deste cluster com a energia. O resultado desta análise pode ser observado na figura a seguir. 81 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química -870,200000 0 5 10 15 20 25 -870,300000 Energia (a.u.) -870,400000 -870,500000 -870,600000 -870,700000 -870,800000 -870,900000 -871,000000 -871,100000 Multiplicidade Figura 47 - Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Co6 (Fonte: Elaboração Própria) Como pode ser observado, o cluster de menor energia foi aquele que apresentava multiplicidade 15 sendo este portanto, o mais estável. Uma análise semelhante foi realizada para os aglomerados de Co10. Conforme a figura a seguir, pode-se verificar que para este caso os clusters que apresentavam multiplicidade 13 são os mais estáveis. -1.450,000000 0 5 10 15 20 -1.450,100000 Energia (a.u.) -1.450,200000 -1.450,300000 -1.450,400000 -1.450,500000 -1.450,600000 -1.450,700000 -1.450,800000 Multiplicidade Figura 48 – Estados Eletrônicos dos Aglomerados de Co10 (Fonte: Elaboração Própria) 82 25 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química A partir destes resultados procedeu-se à análise conformacional dos clusters de cobalto. Para o aglomerado de Co6, foi gerada apenas uma possível espécie, que se encontra na figura a seguir e na seqüência sua respectiva energia de adsorção na tabela 10. Figura 49 – Espécie Encontrada na Análise Conformacional para o Cluster de Co6 (Fonte: Elaboração Própria) Tabela 10 – Energia de Adsorção para a Conformação de CO no Cluster de Co Espécie Energia de Adsorção (eV) Co6 -1,99 (Fonte: Elaboração Própria) Para os aglomerados de Co10, foram geradas 3 possíveis conformações, que podem ser observadas na figura a seguir e as suas energias de adsorção na tabela 11. Espécie 1 Espécie 2 Espécie 3 Figura 50 – Espécies Encontradas na análise Conformacional para o Cluster de Co10 (Fonte: Elaboração Própria) 83 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tabela 11 – Energias de Adsorção para a Conformação de CO no Cluster de Co Espécie Energia de Adsorção (eV) 1 -2,99 2 -2,63 3 -2,80 (Fonte: Elaboração Própria) Como pode ser observado, a geometria de adsorção mais estável é a linear (espécie 1), seguida da ponte (espécie 3). A energia de adsorção encontrada para a espécie do Co6 é muito próxima da encontrada na literatura (Belosludov et al., 2002). Entretanto, o valor experimental para a energia de adsorção na forma linear é de 1,33 eV, conforme Gajdos et al. (2004). Os valores da energia de adsorção encontrados para as espécies de Co10 estão um pouco distintos daqueles encontrados na literatura. Gajdos et al. (2004) apresentaram valores de 1,66 a 1,99 eV para a energia de adsorção de CO, valores estes que dependem tanto dos sítios de adsorção quanto do grau de cobertura do CO utilizado nos cálculos. 6.2.2. Distâncias Interatômicas 6.2.2.1. Sistema Fe-CO[13] Na tabela a seguir são mostrados os parâmetros geométricos das espécies geradas pela análise conformacional da adsorção de CO em aglomerados de Fe11, conforme a figura 23. 84 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tabela 12 – Distância Fe-C, Distância C-O e Ângulo com a Superfície para as Espécies Estudadas de Fe11 Espécie Distância Fe-C (Â) Distância C-O (Â) Ângulo com a Superfície (º) 1 1,82 1,21 85,760 2 1,82 1,21 90,000 3 1,80 1,21 90,000 4 1,40 1,24 180,000 5 1,57 1,22 180,000 6 1,31 1,24 96,820 7 1,25 1,25 92,478 8 1,36 1,25 90,000 9 1,40 1,25 93,575 (Fonte: Elaboração Própria) Estas distâncias, muito mais a distância C-O, avaliam o estado de adsorção do monóxido de carbono nos aglomerados. Como proposto por Blyholder, a densidade de cargas no cluster orienta os elétrons para a ligação C-O, tornando-a um pouco maior do que a observada em fase gasosa (1,17Å). Stibor et al. (2002) encontraram uma distância ferro-carbono de 1,81 Å para a forma linear, 1,31 Å para a ponte e 1,51 Å para a 3-buraco, sendo bem próximo aos encontrados. Já para a ligação C-O este autor encontra um valor de 1,16 Å para a forma linear, 1,18 Å para a ponte e 1,17 Å para a 3-buraco, sendo também semelhantes aos encontrados na tabela 12. Cabe ressaltar que Stibor et al. (2002) utilizou condições de contorno periódicas, enquanto neste trabalho foi feita a adsorção de uma única molécula de CO, o que pode ter gerado dados de comprimento de ligação M-C e C-O maiores que na literatura. Já na tabela a seguir são mostrados os parâmetros geométricos do aglomerado de Fe7. 85 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Tabela 13 - Distância Fe-C, Distância C-O e Ângulo com a Superfície para as Espécies Estudadas de Fe7 Espécie Distância Fe-C (Â) Distância C-O (Â) Ângulo com a Superfície (º) 1 1,57 1,23 123,909 2 1,83 1,21 180,000 3 1,83 1,21 90,000 4 1,43 1,24 90,000 5 1,57 1,23 90,000 6 1,58 1,23 90,000 7 1,56 1,23 119,580 8 1,39 1,24 138,615 9 1,46 1,24 96,597 (Fonte: Elaboração Própria) Vale a pena ressaltar que os cálculos de otimização para o monóxido de carbono em fase gasosa resultaram em uma distância de ligação de 1,17 Å, bem próximos do experimental, de 1,13 Å.[26] 6.2.2.2. Sistema Co-CO Na tabela a seguir são mostrados os parâmetros geométricos das espécies geradas pela análise conformacional da adsorção de CO em aglomerados de cobalto. Neste caso foram colocadas as informações das duas espécies de cobalto estudadas, o Co6 e o Co10. Tabela 14 - Distância Co-C, Distância C-O e Ângulo com a Superfície para as Espécies Estudadas de Co6 e Co10 Espécie Distância Fe-C (Â) Distância C-O (Â) Co6 1,76 1,200 Co10, 1 1,73 1,204 Co10, 2 1,75 1,200 Co10, 3 1,42 1,243 (Fonte: Elaboração Própria) 86 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química Pode-se observar que neste caso também há um aumento do comprimento da ligação C-O. Este aumento é devido a um fenômeno conhecido como retrodoação, onde parte da densidade de carga do aglomerado é cedida à molécula de CO. Assim, no conjunto metal-carbonooxigênio ocorre a transferência de densidade de carga do CO para os orbitais d da superfície metálica e em seguida uma doação de volta dos orbitais d da superfície para os orbitais do CO. Na espécie 3, a ligação C-O apresenta um leve aumento no comprimento em comparação com as demais espécies. Isto se deve à coordenação do sítio de adsorção do CO no aglomerado de cobalto, visto que a molécula de CO encontra-se rodeada por um número maior de átomos de cobalto na espécie 3. Os valores calculados por Jenkins e King (2002) e Gajdos et al. (2004) para a distância Co-C é de 1,798 Å e a distância C-O varia de 1,16 a 1,20 Å. Estes autores utilizaram cálculos de contorno periódico em suas simulações. Experimentalmente, Gajdos et al. (2004) encontraram o valor da ligação C-O em aglomerados de cobalto de 1,17 ± 0,06 Å, corroborando desta forma os valores encontrados neste trabalho. . 6.2.3. Comparação da Adsorção de CO em Ferro e Cobalto Uma melhor análise da quimissorção do monóxido de carbono para os aglomerados de ferro e cobalto é feita comparando-se as espécies de menor energia para estes sistemas, como mostrado a seguir. Figura 51 – Espécie mais Estáveis nos Aglomerados de Ferro e Cobalto (Fonte: Elaboração Própria) 87 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química As análises conformacionais e parâmetros estão resumidos na tabela a seguir. Tabela 15 – Resumo da Analise Conformacional e Parâmetros Aglomerado Metálico Forma de Adsorção Energia de Adsorção (eV) Distância C-O (Â) Fe11 4-buraco -1,77 1,250 Fe7 linear -1,62 1,210 Co6 linear -1,99 1,200 Co10 linear -2,99 1,204 (Fonte: Elaboração Própria) A partir dos dados da tabela acima, pode-se observar que o aumento no tamanho dos clusters facilita a transferência de carga para o monóxido de carbono, o que pode ser observado pelas energias de adsorção menores (E Fe11< E Fe7 e E Co10< E Co6). As distâncias C-O também são maiores para os aglomerados maiores, o que confere maior estabilidade e seletividade para a produção de hidrocarbonetos de cadeia longa. Observa-se também que as distâncias de ligação C-O são similares em todos os aglomerados metálicos (e maiores que na fase gasosa), apesar da energia de adsorção ser significativamente superior sobre o cobalto (Co10). Este resultado pode estar relacionado ao melhor desempenho observado na Síntese de Fischer-Tropsch para o catalisador de cobalto em comparação com o de ferro, uma vez que este é menos estável em relação ao outro. Porém em ambos os metais existe uma boa mobilidade necessária para a reação com o hidrogênio, não deixando o CO excessivamente “agarrado” a superfície. 88 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 7. CONCLUSÕES A partir de tudo o que foi visto até aqui, pode-se concluir que a tecnologia GTL apresenta um futuro promissor na área de combustíveis, uma vez que seus produtos são muito mais limpos que os combustíveis fósseis usuais, em consideração às severas restrições ambientais atuais. Em relação à demanda nacional de combustíveis, viu-se que esta está crescendo principalmente para o óleo diesel em comparação com a gasolina, pois o setor de transportes brasileiro é basicamente movido a esse combustível. Isso mostra que a criação de plantas GTL no Brasil seria uma possibilidade de investimento (que são viáveis como mostrou estudos anteriores), já que há uma significativa demanda nacional por óleo diesel e por possuirmos uma grande reserva de gás natural. A oferta por sua vez também vem crescendo com cada vez mais empresas adotando a tecnologia GTL para produção de combustíveis. Diversos novos projetos já estão sendo estudados para a criação de plantas em escalas comerciais maiores do que as existentes, com base na economia de escala que diminui bastante os custos da planta, na descoberta de novas reservas de gás natural, nas restrições ambientais e nos preços abusivos do barril de petróleo. Com o estudo da adsorção de CO nos aglomerados metálicos, percebeuse que os de cobalto são mais bem estáveis que os de ferro, como realmente acontece na prática. Porém os catalisadores de ferro ainda são utilizados devido ao seu menor preço em relação aos de cobalto, que são bem mais caros. Desta forma seria interessante se tentar otimizar o catalisador de cobalto até um ponto que as vantagens com o seu uso superem o seu preço. Então, principalmente no caso brasileiro, seria vantajoso ter a atenção voltada para o catalisador de cobalto, pois além deste ser mais estável é mais seletivo ao óleo diesel, principal item de nossa demanda energética. 89 Projeto Final de Curso – PRH 13 ANP / Escola de Química 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SCHULZ, H., Short History and Present Trends of Fischer-Tropsch Synthesis; Applied Catalyst A: General 1999, 3-12. 2. ALMEIDA, E. L.; DUNHAM F.; BOMTEMPO J. 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