UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI DEPARTAMENTO DE QUÍMICA BIOLÓGICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOPROSPECÇÃO MOLECULAR MESTRADO ACADÊMICO EM BIOPROSPECÇÃO MOLECULAR GERLÂNIA DE OLIVEIRA LEITE ATIVIDADES ANTIINFLAMATÓRIA TÓPICA E ANTINOCICEPTIVA VISCERAL DO ÓLEO ESSENCIAL DO CAULE DE Vanillosmopsis arborea BAKER E DO SEU PRINCIPAL CONSTITUINTE, (-)-αBISABOLOL CRATO 2011 GERLÂNIA DE OLIVEIRA LEITE ATIVIDADES ANTIINFLAMATÓRIA TÓPICA E ANTINOCICEPTIVA VISCERAL DO ÓLEO ESSENCIAL DO CAULE DE Vanillosmopsis arborea BAKER E DO SEU PRINCIPAL CONSTITUINTE, (-)-αBISABOLOL Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Bioprospecção Molecular da Universidade Regional do Cariri como requisito parcial para obtenção de título de mestre em Bioprospecção Molecular (Área de concentração: Bioprospecção de Produtos Naturais). Orientadora: Profª. Drª. Adriana Rolim Campos Barros Co-Orientador: Prof. Dr. José Galberto Martins da Costa CRATO 2011 Leite, Gerlânia de Oliveira. L533 Atividades antiinflamatória tópica e antinociceptiva visceral do óleo essencial do caule de vanillosmopsis arborea Baker e do seu principal constituinte, (-)-α-bisabolol/ Gerlânia de Oliveira Leite. - Crato-CE, 2011. 112p.; il. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Bioprospecção Molecular da Universidade Regional do Cariri – URCA Orientadora: Profª. Drª. Adriana Rolim Campos Barros Co-Orientador: Prof. Dr. José Galberto Martins da Costa 1. Vanillosmopsis arborea Baker, propriedades antiinflamatórias 2. (-)-α-bisabolol, óleo essencial do caule. 3. nocicepção visceral. I. Título. CDD: 615.323 Ana Paula Saraiva de Sousa CRB- 3/1000 GERLÂNIA DE OLIVEIRA LEITE ATIVIDADES ANTIINFLAMATÓRIA TÓPICA E ANTINOCICEPTIVA VISCERAL DO ÓLEO ESSENCIAL DO CAULE DE Vanillosmopsis arborea BAKER E DO SEU PRINCIPAL CONSTITUINTE, (-)-αBISABOLOL Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Bioprospecção Molecular da Universidade Regional do Cariri – URCA, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Bioprospecção Molecular. Área de Concentração: Bioprospecção Molecular. Linha de Pesquisa: Bioprospecção de Produtos Naturais. Aprovada em 14/03/11. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Prof. Drª. Adriana Rolim Campos Barros Universidade de Fortaleza ____________________________________________________ Prof. Dr. Henrique Douglas Melo Coutinho Universidade Regional do Cariri ____________________________________________________ Prof. Dr. Roberto César Pereira Lima Júnior Universidade Federal do Ceará AGRADECIMENTOS A Deus, dono de todo conhecimento e sabedoria, por conceder essa conquista, por estender suas mãos nos momentos de desânimo e por me apresentar a pessoas tão especiais e auxiliadoras no decorrer do mestrado. Aos pais, Lourival Leite (in memorian) e Gesilda, pois sempre encontrei apoio e proteção nos momentos que eu mais precisei. Pelos momentos de confraternização familiar que adoçam nossas vidas e fortificam nossos laços. Aos meus irmãos Gervânia, Geane, Gehilde e Lourival Filho pelo apoio incondicional e incentivo no decorrer deste curso. A grande amiga e orientadora Adriana Rolim Campos Barros, pelo respeito, instrução, paciência e confiança na minha capacidade e no meu trabalho. Você foi imprescindível na minha formação. Por sua culpa, vislumbrei um ideal na área científica. Ao Prof. e co-orientador Dr. José Galberto Martins da Costa pelo fornecimento e análise do óleo essencial do caule da Vanillomopsis arborea utilizado nas pesquisas, pela amizade e colaboração no trabalho. Ao Prof. Dr. Irwin Rose Alencar de Menezes e a Profª. Drª. Marta Regina Kerntopf Mendonça pelo incentivo e apoio na realização do trabalho. Ao Prof. Dr. João Batista Teixeira da Rocha, pelo suporte experimental e pelo companheirismo no tempo em que passei em Santa Maria. Aos colegas do grupo de pesquisa em Farmacologia e Química Molecular: Alaiane Abreu, Andreza Guedes, Daniele Oliveira, Heloísa Souza, Kleber Dackson, Laura Hévila, Mariana Andrade, Norma Fernandes, Paula Denise, Renata Sampaio e Romagna Castro, Rogério Aquino, pela disponibilidade nos testes e pela amizade conquistada e os quais, junto com as “Crises”, participaram diretamente ou indiretamente neste trabalho e, além disso, proporcionaram momentos memoráveis. iv Aos colegas do grupo de pesquisa em Bioquímica Toxicológica: Albys “Cubana”, Alessandra, Alessandro, Bruna, Carol, Clea, Cris, Daia, Daniel, Diones, Emmilly, Fernanda, Jessie, Jefferson, Mohammad Ibrahim, Nilda, Pablo, Romaina, Rose, Rodrigo, Silvio, Syed Mubasher, Tade, Tiago, Thais, Waseem pela amizade conquistada e por proporcionarem momentos memoráveis. Pelo grande acolhimento em Santa Maria. Aos amigos Magaly, Milena, Aldeni, Janiele, Jussara e Glauberto pelo incentivo e apoio durante toda a minha caminhada. A todos os bolsistas do Laboratório de Pesquisa de Produtos Naturais que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho. Aos meus colegas de mestrado pela convivência, paciência, ensinamentos, reflexões, estudos e que participaram de vários momentos importantes que superamos com determinação. À Profª. Drª. Glauce Socorro de Barros Viana da Faculdade de Medicina do Juazeiro pelo fornecimento dos animais. Aos funcionários-amigos Silvânia, Luiz, Marcos, Fernando, Lenira, que são exemplos de pessoas com uma forma toda especial de ser e incentivar. À coordenação do Curso de Pós-Graduação em Bioprospecção Molecular e aos professores responsáveis pela minha formação. À secretaria Andercieli pela atenção e gentileza com que sempre me atendeu quaisquer que fossem minhas necessidades em relação à pós-graduação. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram de maneira significativa para a concretização desse estudo, meus sinceros agradecimentos. Por fim, agradeço ao CNPq, FUNCAP e CAPES pelo apoio financeiro. v “Se eu pudesse deixar algum presente à você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse o respeito àquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída.” Mahatma Gandhi vi RESUMO Vanillosmopsis arborea Baker é uma Asteraceae de reconhecido valor econômico que possui propriedades antiinflamatórias, provenientes do sesquiterpeno (-)-α-bisabolol (BISA), presente em teores elevados no óleo essencial de sua madeira (OEVA). O BISA é um álcool sesquiterpeno muito utilizado numa grande variedade de produtos dermatológicos. Este estudo teve como objetivo identificar o efeito antiedematogênico local e antinociceptivo visceral do OEVA e BISA, além do possível mecanismo de ação antinociceptivo. O efeito antiinflamatório local do OEVA e BISA foi avaliado através dos modelos de edema de orelha induzido por óleo de Croton, ácido araquidônico, histamina, capsaicina e fenol em camundongos. O efeito antinociceptivo visceral foi detectado através da observação de comportamentos relacionados à nocicepção visceral nos modelos de nocicepção induzida por ácido acético, ciclofosfamida, capsaicina, formalina e óleo de mostarda. O OEVA e BISA apresentaram atividade antiinflamatória nos modelos de edema de orelha induzido por óleo de Croton, ácido araquidônico e fenol, no entanto não foram eficazes nos modelos de histamina e capsaicina. Estes resultados sugerem que o OEVA e BISA demonstram comportamento semelhante a drogas que reduzem a produção de metabólitos do ácido araquidônico. O OEVA e o BISA apresentaram atividade antinociceptiva visceral de forma não dose-dependente em todos os modelos testados. O estudo do mecanismo de ação demonstrou que o efeito do OEVA foi resistente a todos os antagonistas utilizados. No entanto, em relação ao BISA verificou-se que o vermelho de rutênio (antagonista dos receptores TRPV1), Naloxona (antagonista opióide), L-NAME (inibidor da óxido nítrico sintase) e ondansentrona (antagonista dos receptores 5-HT3) potencializaram o efeito antinociceptivo do sesquiterpeno, indicando que estas vias podem contribuir para o efeito antinociceptivo do BISA. A atividade locomotora não foi alterada pelo pré-tratamento com OEVA 200 mg/kg e BISA 50 mg/Kg, sugerindo que o efeito antinociceptivo não está relacionado a um efeito relaxamento muscular. Em conjunto os dados nos mostram uma atividade antiinflamatória tópica e antinociceptiva visceral do OEVA e BISA. Contudo, o mecanismo de ação pelo qual OEVA e BISA exercem a atividade antinociceptiva visceral não foi determinado. Palavras-chave: Vanillosmopsis arborea, (-)-α-bisabolol, edema de orelha, nocicepção visceral. vii ABSTRACT Vanillosmopsis arborea Baker is a Asteraceae of recognized economic value that has antiinflammatory properties related to the sesquiterpene (-)-α-bisabolol (BISA), that is present in high levels in the bark essential oil (EOVA). BISA is a sesquiterpene alcohol widely used in a variety of skin care products. This study aimed to evaluate the topical antiinflammatory and visceral antinociceptive effects of EOVA and BISA, and to establish the probably mechanism of antinociceptive action. The topical antiinflammatory effect of EOVA and BISA was evaluated using mouse models of ear edema induced by croton oil, arachidonic acid, histamine, capsaicin and phenol. The visceral antinociceptive effect was observed through the visceral nociception-related behaviors in models of acetic acid-, cyclophosphamide-, capsaicin-, formalin- and mustard oil-induced visceral nociception. EOVA and BISA presented antiinflammatory activity in croton oil, arachidonic acid and phenol models of ear edema. However, EOVA and BISA were not able to inhibit the ear edema induced by histamine and capsaicin . These results suggest that the EOVA and BISA possess activity similar to drugs that decrease arachidonic acid metabolites. EOVA and BISA presented a dose-indepedent visceral antinociceptive effect in all models tested. The antinociceptive effect of EOVA was resistant to all the antagonists used. However, ruthenium red (TRPV1 antagonist), naloxone (opioid antagonist), L-NAME (nitric oxide synthase inhibitor) and ondansetron (5-HT3 antagonist) potentiated the antinociceptive effect of BISA, indicating that these pathways may contribute to its antinociceptive effect. The locomotor activity was not altered by EOVA 200 mg/kg and BISA 50 mg/kg pretreatments, therefore, eliminating a nonspecific muscle relaxation effect of EOVA and BISA at the doses used. Taken together, the data show a topical antiinflammatory and visceral antinociceptive EOVA and BISA. However, their precise antinociceptive mechanism of action have not been determined. Key-words: Vanillosmopsis arborea, (-)-α-bisabolol, ear edema, visceral nociception viii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AA – ácido araquidônico AINEs – antinflamatórios não esteróides AMPc – adenosina 3’, 5’ – monofosfato cíclica ANOVA – Analysis of Variance (Análise de variância, inglês) BISA – (-)-α-bisabolol C3a, C3b e C5a – proteínas do sistema complemento Ca2+ - cátion cálcio bivalente CAP – capsaicina CEUA – Comissão de Ética em Uso de Animais CGRP – peptídeo relacionado ao gene da calcitonina COX – ciclooxigenase E.P.M. – erro padrão da média. DEX – dexametasona DCA – Dermatite de Contato Alérgica DCI – Dermatite de Contato Irritativa EIM – efeito inibitório médio da inflamação et al. – e outros; e colaboradores (latim, abrev. de et allii) GPMc – adenosina 3’, 5’ – monofosfato cíclica g – grama(s) h – hora(s) 5-HT – serotonina IgE – Imunoglobulina E IL-1 α– interleucina-1-alfa IND – indometacina i.p. – via intraperitoneal iNOS – óxido nítrico sintetase induzível K+ATP – canais de potássio ATP-dependentes L-NAME – N-nitro-L-arginina metil ester LOX – lipoxigenase 5-LOX – 5-lipoxigenase LTC4 – leucotrieno C4 ix LTD4 – leucotrieno D4 MAPK – proteína quinase ativada por mitógeno mg – miligrama(s) mg/kg – miligramas de concentração da solução por quilograma de massa corpórea do animal min – minuto(s) n – número da amostra NaCl – cloreto de sódio NO – óxido nítrico OC – óleo de Croton OEVA – Óleo essencial do caule da Vanillomopsis arborea PAF – fator de ativação plaquetária PE – percentual de edema PGs – prostaglandinas PGE2 – prostaglandinas E2 PKC – proteína quinase C PLA2 – fosfolipase A2 ROS – reative oxygen species (espécie reativa de oxigênio, inglês) SNC – Sistema Nervoso Central SP – Substância P TRPV1 – Transient receptor potential vanilloide 1 TPA – 12-o-tetracanoilforbol-13-acetato TNFα – tumor necrosis factor – alpha (fator de necrose tumoral-alfa, inglês) v.o. – via oral VR1 – Receptores Vanilóides do tipo 1 x LISTA DE SÍMBOLOS α Receptor alfa-adrenérgico ± Mais ou menos < Menor que > Maior que p – significância estatística (erro) ® - marca registrada xi LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 Representação esquemática dos mecanismos da dor 21 Figura 02 Vanillosmopsis arborea Baker (A) e estrutura química do (-)-α-bisabolol (B)................................................................ 25 Figura 03 Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido pela aplicação única de óleo de Croton (OC) em camundongos..................................................................... 37 Figura 04 Curva tempo-resposta do efeito do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de OC em camundongos............................................................... 39 Figura 05 Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de óleo de Croton (OC) em camundongos. 40 Figura 06 Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por ácido araquidônico (AA) em camundongos. 41 Figura 07 Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por capsaicina em camundongos. 42 Figura 08 Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por histamina em camundongos. 43 Figura 09 Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por fenol em camundongos. 44 Figura 10 Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por ácido acético em camundongos. 45 Figura 11 Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida em camundongos. 46 Figura 12 Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por capsaicina em camundongos. 47 Figura 13 Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por formalina em camundongos. 48 Figura 14 Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por óleo de mostarda em camundongos. 49 Figura 15 Efeito da Naloxona, L-NAME, Ioimbina, Glibenclamida, Ondasentrona e Vermelho de Rutênio no efeito antinociceptivo visceral. 50 xii Figura 16 Estudo do envolvimento do sistema opióide no mecanismo de ação antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. 51 Figura 17 Estudo do envolvimento do óxido nítrico no mecanismo de ação antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. 52 Figura 18 Estudo do envolvimento dos receptores noradrenérgicos α2 no mecanismo de ação antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. 53 K+ATP Figura 19 Estudo do envolvimento dos canais de no mecanismo de ação antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. 54 Figura 20 Estudo do envolvimento dos receptores serotoninérgicos no mecanismo de ação antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. 55 Figura 21 Estudo do envolvimento dos receptores TRPV1 no mecanismo de ação antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. 56 Figura 22 Efeito do OEVA e BISA sobre a atividade motora espontânea de camundongos no teste do campo aberto. 57 xiii SUMÁRIO RESUMO vii ABSTRACT viii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ix LISTA DE SÍMBOLOS xi LISTA DE ILUSTRAÇÕES xii 1. 1.1 1.1.1 1.1.1.1. 1.1.1.1.1 1.1.1.1.2. 1.2. 1.2.1. 1.2.2. 1.2.3. 1.2.4. 1.3. 1.4. INTRODUÇÃO Doenças inflamatórias cutâneas Dermatite Dermatites de contato Dermatite de contato irritativa Dermatite de contato alérgica Nocicepção Definição de dor Classificação do tipo de dor Mecanismos da dor Dor visceral Vanillosmopsis arborea Baker (-)-α-bisabolol 16 16 16 17 17 18 19 19 20 20 21 24 26 2. 2.1. 2.2. OBJETIVOS Objetivo geral Objetivos específicos 27 27 27 3. 3.1. 3.1.1. 3.1.2. 3.2. 3.3. 3.4. 3.4.1. MATERIAIS E MÉTODOS Materiais utilizados Drogas, reagentes e soluções Material permanente e equipamentos utilizados Animais Obtenção do óleo essencial e (-)-α-bisabolol Avaliação da atividade antiinflamatória tópica Edema de orelha induzido pela aplicação única de óleo de Croton Quantificação do edema e do efeito inibitório médio Edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de óleo de Croton Edema de orelha induzido por ácido araquidônico Edema de orelha induzido por capsaicina Edema de orelha induzido pela injeção subcutânea de histamina Edema de orelha induzido por fenol 28 28 28 29 29 29 30 30 3.4.2. 3.4.3. 3.4.4. 3.4.5. 3.4.6. 3.4.7. 31 31 31 32 32 33 xiv 3.5. 3.5.1. 3.5.2. 3.5.3. 3.5.4. 3.5.5. 3.5.6. 3.6. Estudo da atividade antinociceptiva visceral Nocicepção visceral induzida por ácido acético Nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida Nocicepção visceral induzida por capsaicina Nocicepção visceral induzida por formalina Nocicepção visceral induzida por óleo de mostarda Teste do campo aberto Análise Estatística 33 33 33 34 35 35 36 36 4. 4.1. 37 37 4.2.5.2. 4.2.5.3. 4.2.5.4. 4.2.5.5. 4.2.5.6. 4.2.5.7. 4.2.6. RESULTADOS Avaliação da atividade antiinflamatória tópica através de modelos de edema de orelha induzido por agentes irritantes em camundongos Edema de orelha induzido pela aplicação única de óleo de Croton Edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de óleo de Croton Edema de orelha induzido por ácido araquidônico Edema de orelha induzido por capsaicina Edema de orelha induzido pela injeção subcutânea de histamina Edema de orelha induzido por fenol Estudo da atividade antinociceptiva visceral Nocicepção visceral induzida por ácido acético Nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida Nocicepção visceral induzida por capsaicina Nocicepção visceral induzida por formalina Nocicepção visceral induzida por óleo de mostarda Efeito da Naloxona, L-NAME, Ioimbina, Glibenclamida, Ondasentrona e Vermelho de Rutênio Estudo do envolvimento do sistema opióide Estudo do envolvimento do óxido nítrico Estudo do envolvimento dos receptores noradrenérgicos α2 Estudo do envolvimento dos canais K+ATP Estudo do envolvimento dos receptores serotoninérgicos 5-HT3 Estudo do envolvimento dos receptores TRPV1 Teste do campo aberto 5. DISCUSSÂO 58 6. CONCLUSÕES 72 7. BIBLIOGRAFIA 74 APÊNDICE 85 4.1.1. 4.1.2. 4.1.3. 4.1.4. 4.1.5. 4.1.6. 4.2. 4.2.1. 4.2.2. 4.2.3. 4.2.4. 4.2.5. 4.2.5.1 37 38 39 41 42 43 44 44 45 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 xv 16 1. INTRODUÇÃO 1.1. Doenças inflamatórias cutâneas As doenças dermatológicas que têm em sua etiologia componentes inflamatórios e/ou imunológicos, nas quais incluem as dermatites, eczemas e psoríase, caracterizam - se por envolver componentes emocionais, nos quais promovem recidivas ou exacerbação das lesões e alterações cutâneas que conferem um aspecto desagradável à pele e que necessitam de tratamento prolongado. As doenças inflamatórias da pele como dermatites e psoríase tem prevalência dessas doenças duplicadas nos últimos 10 a 15 anos (RUSSEL-JONES et al., 2005; LJUBOJEVIC et al., 2002). Os mecanismos envolvidos na patogênese das doenças inflamatórias cutâneas podem ser distintos, sendo algumas doenças iniciadas por um processo alérgico ou irritativo. Assim, as doenças inflamatórias cutâneas não envolvem necessariamente o mesmo perfil e, conseqüentemente o mesmo tipo de tratamento (FIRESTEIN, 2004; LEUNG et al., 2004). 1.1.1. Dermatite As dermatites são dermatoses inflamatórias mediadas por fatores imunológicos locais ou sistêmicos, embora as causas de muitas delas continuem desconhecidas. Geralmente, as lesões agudas continuam por alguns dias a semanas e se caracterizam por inflamação, edema e, em algumas, lesão epidérmica, vascular ou subcutânea. Por outro lado, as lesões crônicas persistem por meses a anos e, freqüentemente, exibem componentes significativos de crescimento epidérmico alterado (atrofia ou hiperplasia) ou fibrose dérmica (MURPHY; MIHM Jr., 2000). Como exemplos das dermatoses mais encontradas no contexto da lesão aguda tem-se a úrticaria, a dermatite eczematosa aguda (que inclui a dermatite de contato, a dermatite atópica, dermatite eczematosa relacionada a drogas, erupção fotoeczematosa e dermatite irritante primária) e o eritema multiforme. Como exemplos de dermatoses crônicas, podem-se citar a psoríase, o líquen plano e o lúpus eritematoso (MURPHY; MIHM Jr., 2000). 17 1.1.1.1. Dermatites de contato A dermatite de contato é uma desordem caracterizada por inflamação e prurido na pele (BÁNVÖLGYI et al., 2005). A dermatite de contato é dividida em dois tipos distintos: • dermatite de contato irritativa: resultantes de dano direto à pele, produtos químicos e/ou irritantes físicos (por exemplo, eczema da mão pelo excesso de exposição aos sabões e detergentes). • dermatite de contato alérgica: é uma dermatite imunomediada, tipo IV caracterizada por uma reação de hipersensibilidade a um alérgeno específico (por exemplo, eczema do couro cabeludo e da face por tintura de cabelo, eczema do pé por calçado de couro) (STONE, 2005; ENGLISH, 2004). A maioria dos agentes freqüentemente causadores de dermatite de contato são produtos químicos de borracha e materiais (14,1% dos casos relatados por dermatologistas); sabões e produtos de limpeza (12,7%); níquel (11,9%); trabalhos úmidos (11,1%); equipamentos de proteção individual (6,2%); produtos petrolíferos (6,3%); óleos de corte e refrigerantes (5,6%); epóxi e outras resinas (6,1%). De 1608 casos de câncer de pele estimados, 4% foram atribuídos à radiação ultravioleta. Casos de urticária de contato são atribuídos ao látex que atingiu o pico em 1996, com uma redução dos casos desde aquela época (CHERRY el al., 2000). 1.1.1.1.1. Dermatite de contato irritativa A dermatite de contato irritativa (DCI) é uma resposta da pele a uma variedade de estímulos externos que induzem a liberação de citocinas próinflamatórias a partir de células da pele (principalmente queratinócitos), em resposta a estímulos químicos sem, no entanto promover a produção de anticorpos específicos. As lesões levam a perda da integridade da pele e podem permitir absorção das proteínas e sensibilização posterior. Este tipo de dermatite proporciona as mesmas características morfológicas de outras dermatites, com menos vesículas e, mais infiltrado neutrofílico (SMITH et al., 2002). 18 As três principais alterações fisiopatológicas observadas são rompimento da barreira da pele, mudanças epidérmicas celulares e liberação de citocinas (SMITH et al., 2002). A DCI pode ser causada por fatores internos e externos. Os fatores externos são as características da molécula causadora, o tempo de exposição, o efeito cumulativo com outro irritante e as condições ambientais. E as características internas dizem respeito à susceptibilidade individual dos pacientes, como raça, idade, sexo, e história prévia de dermatite (LEVIN; MAIBACH, 2002). 1.1.1.1.2. Dermatite de contato alérgica A dermatite de contato alérgica (DCA) é um problema comum de saúde ocupacional e ambiental. Em comum com outras formas de alergia a doença evolui em duas fases: uma fase inicial em que a sensibilização é adquirida, seguido mais tarde (após exposição subseqüente à mesma substância química alergênica) pela indução da reação cutânea inflamatória. Essa hipersensibilidade de contato, é uma desordem da pele dependente de células T com a cinética de uma resposta de hipersensibilidade do tipo tardia (KIMBER et al., 2002). Os antígenos sensibilizantes, também conhecidos como haptenos, são moléculas instáveis, de baixo peso molecular que não são imunogênicas e ligam - se as proteínas da epiderme do hospedeiro. Os haptenos potentes induzem uma irritação cutânea dose-dependente que é independente de sua antigenicidade (BELSITO, 2000; SMITH et al., 2002). Muitas substâncias químicas podem causar DCA, incluindo substâncias químicas da resina epoxy, acrilatos, produtos químicos de borracha, emulsionantes e certos corantes. Destes, a maior parte das DCAs que ocorrem resultam da exposição ocupacional. Entretanto, a exposição não ocupacional, por exemplo, a alérgenos em cosméticos, em vestuário e calçado, em medicamentos e nas plantas, representa causa importante da DCA (KIMBER et al., 2002). A seguir, evidenciam-se os principais aspectos clínicos que diferenciam os tipos de dermatite de contato em irritativa e alérgica (ELIAS et al.,1998). Dermatite de contato irritativa (DCI) – Ressecamento da pele na área de contato e descamação com ou sem eritema. Pode evoluir com fissuras e 19 sangramentos. É importante lembrar que o processo irritativo irá depender do agente causador. Dermatite de contato alérgica (DCA) – Presença de eritema, edema e vesiculação. Ao se cronificar, verifica-se a presença de crostas serosas podendo ocorrer infecção secundária e, às vezes, liquenificação. O screening de compostos com propriedades anti-inflamatórias é possível graças a uma infinidade de técnicas in vitro (cultura de células e dosagem de mediadores inflamatórios; inibição de enzimas) e in vivo (indução de inflamação por substâncias denominadas agentes flogísticos ou irritantes em modelos animais variados), amplamente utilizados na pesquisa pré-clínica. O modelo in vivo de edema de orelha é amplamente utilizado para demonstrar a atividade tópica de substâncias bioativas em inflamações cutâneas (BLAZSÓ; GÁBOR, 1995; GÁBOR, 2000). Esse modelo caracteriza - se por demonstrar resultados rápidos, simplicidade da técnica, reprodutibilidade e baixas possibilidades de erros quando bem aplicado, além de ser um modelo que minimiza uso de animais e de substâncias (GÁBOR, 2000). Os agentes flogísticos ativam quimicamente um processo inflamatório. Diferentes substâncias com esse potencial podem ativar vias diversas da cascata inflamatória, desencadeando os sinais característicos como edema, aumento de permeabilidade, vasodilatação, eritema. Por ativar vias diversas, a aplicação de diferentes agentes flogísticos (óleo de Croton, ácido araquidônico, capsaicina, fenol e histamina) é justificada por seus mecanismos específicos, já conhecidos, na indução do processo inflamatório, cujos resultados obtidos podem sugerir um provável mecanismo da ação antiinflamatória da substância em estudo (GÁBOR, 2000). 1.2. Nocicepção 1.2.1. Definição de dor Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão tissular potencial ou real ou mesmo a nenhuma lesão, embora ainda assim 20 descrita com termos sugestivos de que o dano tecidual tivesse de fato ocorrido (IASP, 1979). A dor é uma das grandes preocupações da humanidade. Desde os primórdios do ser humano, conforme sugerem alguns registros gráficos da préhistória, o homem sempre procurou esclarecer as razões que justificassem a ocorrência de dor e os procedimentos destinados para seu controle. Estudos demonstram que a dor afeta os mais variados domínios da qualidade de vida humana, primariamente físicos e emocionais. O efeito depende da extensão, duração, intensidade, significando que a dor, bem como a doença relacionada, são características individuais (NIV; KREITLER, 2001). 1.2.2. Classificação do tipo de dor A dor pode ser classificada temporalmente em dois grandes grupos: dor aguda (estímulo nociceptivo dando origem a uma sensação intensa e desagradável) e dor crônica (dor que ultrapassa em duração a lesão tecidual precipitante) (RANG et al., 2007). A dor pode ser classificada quanto a sua fisiopatologia em (PORTENOY, 2007): Nociceptiva: se os mecanismos de sustentação da dor envolvem lesão tecidual e pode envolver tanto estruturas somáticas como viscerais. Esta última sendo referida em outros locais, sendo pouco localizada; Neuropática: é resultante do processamento somatossensorial anormal ao nível periférico ou central, como, por exemplo, a dor do membro fantasma e neuralgia pós-herpética; Psicogênica: quando existe uma dor persistente com evidências de distúrbios psicológicos sem evidência de uma desordem que poderia causar dor. 1.2.3. Mecanismos da dor Dor é uma sensação que compreende três mecanismos básicos: Transdução, que é a ativação dos nociceptores por transformação de um estímulo 21 nóxico – mecânico, térmico e químico – em potencial de ação; Transmissão, que é o conjunto de vias que permitem que o impulso nervoso, gerado ao nível de nociceptor, seja conduzido para o SNC; e Modulação, vias responsáveis pela supressão da dor ativadas pelas próprias vias nociceptivas (PORTO, 2004). Figura 01 – Representação esquemática dos mecanismos da dor (http://www.dol.inf.br/Html/compreendendoDor.html.) 1.2.4. Dor visceral A dor visceral é causada por alterações internas de órgãos ocos e cápsulas de vísceras sólidas, tais como o estômago, rim, bexiga, vesícula biliar, cápsula hepática, e intestinos, entre outros. Os principais fatores que estimulam as fibras nociceptivas viscerais são: estiramento (tensão) na parede muscular das vísceras ocas e capsulas das vísceras sólidas (anormalidades motoras intestinais que geram pressões intraluminais exageradas são causas comuns), processo inflamatório (colites, pancreatites, entre outras), isquemia e neoplasias (KRAYCHETE; GUIMARÃES, 2003). 22 A dor visceral é uma das mais comuns formas de dor produzidas por um estado patológico (angina, cólica, dispepsia, dismenorréia, etc). A dor visceral resulta da ativação de fibras sensoriais aferentes que inervam órgãos internos e é descrito em termos de cinco características clinicas (GIAMBERARDINO, 1999): 1) Não tem origem em todos os órgãos viscerais (órgãos sólidos como fígado e parênquima pulmonar não são sensíveis a dor); 2) Nem sempre está relacionada a uma lesão, e sim às propriedades funcionais e não-estruturais da dor visceral (um estímulo de baixo limiar pode provocar ativação de neurônios aferentes da víscera, como a pressão gasosa intraluminal); 3) É referida em outras partes do corpo, o que pode ser explicado pela convergência central das vias viscerais e somáticas ao se conectarem no corno dorsal da medula espinhal; 4) É difusa e pouco localizada como conseqüência da baixa densidade de terminais aferentes periféricos, compensados pela divergência central das vias aferentes; 5) É geralmente acompanhada por acentuados reflexos motores e autonômicos, o que é conhecido como reação do sistema de alerta. Diversos estímulos têm sido empregados no estudo da dor visceral e podem ser categorizadas em quatro grupos (NESS, 1999): Estímulos elétricos: onde eletrodos são implantados nos neurônios que inervam as estruturas viscerais e a estimulação elétrica reproduz estados de dor em humanos, porém a falta de especificidade restringe seu uso; Estímulos mecânicos: onde a distensão de órgãos ocos usando fluidos ou corpos estranhos permitem a fácil quantificação e controle de estímulo, estando relacionados a estímulos naturais. Como exemplos, citam-se a distensão do sistema biliar e cálculos renais artificiais; Isquemia: produzida pela oclusão da vasculatura, o que produz estímulos mecânicos, como a oclusão da artéria coronária, sendo dependente de circulação colateral e da atividade metabólica do órgão selecionado; Estímulos químicos: têm sido aplicados topicamente, por via endovenosa ou por vias fisiológicas, como a administração sistêmica de ciclofosfamida na 23 indução de cistite hemorrágica e a administração intracolônica de óleo de mostarda. Estes estímulos, quando aplicados a espécie de camundongos transgênicos “Knock-out”, ou mutantes (que têm alterações no comportamento nociceptivo devido à destruição de genes específicos codificadores de receptores, neurotransmissores ou de moléculas de segundo mensageiros) têm sido descritos como uma potencial ferramenta para a investigação molecular do processo nociceptivo (CAO et al., 1998; SIMONINI et al., 1998). A baixa densidade de inervação do tecido visceral reduz o potencial para mecanismos compensatórios, o que torna válido o uso destes animais (LAIRD, 1999). As terminações nervosas de neurônios aferentes que percebem a sensação dolorosa são chamadas “nociceptores”. Os neurônios aferentes nociceptivos podem ser de dois tipos diferentes, um que possui condução lenta com axônios amielinizados (fibra C) e outro com axônios mielinizados (fibras Aδ). Os corpos destes neurônios nociceptivos aferentes somáticos e viscerais encontram-se localizados no glângio da raiz dorsal da medula. Os estímulos nociceptivos são propagados através destas fibras primárias para neurônios no corno dorsal da medula espinhal. Após a integração na medula espinhal, a informação nociceptiva é transmitida a estruturas talâmicas antes de atingir o córtex. Cada um destes níveis centrais possui mecanismos modulatórios. Os receptores mecânicos ou mecanorreceptores existentes na musculatura lisa de todas as vísceras ocas são do tipo Aδ e C, e respondem a estímulos mecânicos leves, tensão aplicada ao peritônio, contração e distensão da musculatura lisa (KRAYCHETE; GUIMARÃES, 2003). Na presença de inflamação, os nociceptores adquirem novas características ficando “sensibilizados”. Eles começam a disparar estímulos espontaneamente e seu limiar de ativação fica reduzido. Esta sensibilização pode ser produzida por: alterações físicas como pressão decorrente da formação de edema; alterações químicas como a síntese/liberação de prostaglandinas, 5-HT, bradicinina e aminoácidos excitatórios, e pela participação de citocinas (RANG et al., 2007; AKBAR et al., 2009). As estimulações viscerais, tais como hipóxia e inflamação tecidual, resultam em sensibilização de receptores de alto limiar e de nociceptores “silenciosos” previamente não-responsivos os quais perfazem 40% a 45% da inervação visceral 24 aferente do cólon. Estes nociceptores estão envolvidos na percepção da dor visceral crônica. A sensibilização desses receptores persiste mesmo após a cessação do estimulo nociceptivo, traduzida por alterações das funções motora e sensitiva (hiperalgesia visceral) (BRIDGES et al., 2001; CERVEJO, 2000; RANG et al., 2007). Embora o mecanismo de sensibilização visceral central não seja totalmente conhecido, acredita-se que alguns mediadores como a substância P, peptídeo relacionado ao somatostatina, gene e da calcitonina, peptídeo intestinal aspartato, glutamato, vasoativo estejam neurocininas, envolvidos no desenvolvimento e manutenção da sensibilização central induzida pela inflamação. A ação destes neuromediadores em receptores específicos ativa segundos mensageiros para a abertura de canais de cálcio e o influxo celular desse íon. Ocorre então produção de outros mediadores (como NO e metabólitos do ácido araquidônico) que provavelmente alteram a transmissão do potencial de ação e ultra-estrutura dos nervos e suas sinapses, e causam sensibilização medular e fenômeno de wind up (aumento da duração da resposta de certos neurônios) (BRIDGES et al., 2001; AKBAR et al., 2009; GOLD; GEBHART, 2010; RANG et al., 2007). 1.3. Vanillosmopsis arborea Baker O gênero Vanillosmopsis é representado por sete espécies nativas do Brasil, algumas delas de valor econômico devido ao teor de óleo, que é muito similar ao óleo de camomila. (MATOS et al., 1988). A chapada do Araripe destaca-se no Nordeste brasileiro pela sua geomorfologia e geologia e estende-se nos limites de Pernambuco ao Ceará. A biodiversidade da chapada com suas riquezas naturais atrai uma intensa atividade antrópica que resulta em degradação e risco de extinção. Entre elas, podemos citar a espécie Vanillosmopsis arborea Baker, uma Asteraceae de reconhecido valor econômico que possui propriedades antiinflamatórias, provenientes do sesquiterpeno α-bisabolol, presente em teores elevados no óleo essencial de sua madeira (Figura 02). Trata-se de uma madeira de boa qualidade, muito resistente às intempéries e com alto teor de óleo essencial, atributo que promove sua queima provocando chama intensa, justificando o nome popular “Candeeiro” (CAVALCANTI; NUNES, 2002). Na cultura popular são atribuídas ao Candeeiro propriedades 25 repelentes contra mosquitos (FURTADO et al., 2005). Devido o α-bisabolol ter propriedades antiinflamatórias, recentemente nosso grupo estudou o potencial gastroprotetor do óleo essencial do caule de Vanillosmopsis arborea (LEITE et al., 2009). Existem poucos estudos sobre os efeitos farmacológicos do óleo essencial do caule de V. arborea. A pesquisa bibliográfica revela estudos mostrando atividade antiinflamatória (MENEZES et al., 1990), larvicida (FURTADO et al., 2005), atividade gastroprotetora (LEITE et al., 2009), atividade bacteriostática, potencial antioxidante, antiinflamatória, analgésica, ansiolítica, sedativa, depressora do Sistema Nervoso Central, hipnótica (SANTOS, 2009) e antimicrobiana (SANTOS et al., 2010). Recentemente, resultados mostraram que a potencialidade do óleo essencial do caule de V. arborea (OEVA) pode estar relacionado ao alto teor de (-)-α-bisabolol, uma vez que os estudos químicos mostraram que o OEVA contém 80,43% de (-)-αbisabolol (SANTOS et al., 2010). A análise química do óleo essencial do caule demonstrou a presença de estragol, p-elemeno, metil-eugenol, p-cubebeno, p-himachaleno, p-maalieno, 6guaieno, p-bisaboleno, elemicino, a-cadinol e α-bisabolol – (principal constituinte) (MATOS et al., 1988). A Fonte: Laboratório de Pesquisa de Produtos Naturais - URCA B Figura 02 – Vanillosmopsis arborea Baker (A) e estrutura química do (-)-αbisabolol (B). 26 1.4. (-)-α-bisabolol O (-)-α-bisabolol é um terpenóide insaturado e hidroxilado, com 1677 citações, sendo que destas, 459 correspondem a patentes de vários países do mundo. Seu uso principal é em produtos dermatológicos, pois além de apresentar atividades antimicrobiana, antifúngica e antiinflamatória, possui também baixa toxicidade (LIMA et al., 2006). É um álcool sesquiterpeno encontrado no óleo de camomila e outras plantas e tem sido utilizado numa grande variedade de produtos dermatológicos (GOMES-CARNEIRO et al., 2005). O alto teor de (-)-α-bisabolol no óleo essencial de V. arborea torna este óleo um possível sucessor ao óleo de Matricaria chamomila L (CAVALCANTI et al., 2002). (-)-α-Bisabolol é um álcool sesquiterpeno monocíclico que foi isolado pela primeira vez em 1951 por Isaac e colaboradores de flores de camomila (Matricaria chamomilla, Asteraceae). Desde então, tem sido demonstrado que o α-bisabolol pode existir em quatro estereoisômeros possíveis. O (-)-α-bisabolol tem sido amplamente utilizado como ingrediente em formulações dermatológicas e cosméticas, tais como cremes pós-barba, loções de corpo-e-mão, desodorantes, batons, cuidados com o sol e depois do sol, produtos de cuidados com o bebê e cremes esporte. A mais importante atividade biológica do (-)-α-bisabolol são atividades antiinflamatória, antiirritante, antimicrobiana e propriedades não-alergicas. (KAMATOU;VILJOEN, 2010). Os estudos mostram que o (-)-α-bisabolol apresenta atividade mutagênica/antimutagênica (GOMES-CARNEIRO et al., 2005), inibição do sistema P450 humano (GANZERA et al., 2006), induz apoptose em células de glioma, em células endoteliais, em células tumorais, em células HepG2 via Fas e mitocondrial envolvendo p53 e NFkB, permeabilidade mitocondrial induz apoptose (CAVALIERI et al., 2004; DARRA et al., 2008; CAVALIERI et al., 2009; CHEN et al., 2010; MAGNELLI et al., 2010), cicatrizante (VILLEGAS et al., 2001), proteção à toxicidade gástrica induzida por ácido acetilsalicílico (TORRADO et al., 1995), antioxidante (BRAGA et al., 2009), antiulcerogênico (BEZERRA et al., 2009; ROCHA et al., 2010), clareamento da pele (LEE et al., 2010), antinociceptiva periférica, antiinflamatória com suas ações sobre a serotonia, efeito gastroprotetor evidenciando por suas ações antioxidantes (ROCHA, 2009), atividade antitumoral (SILVA et al., 2010), indução a tumores mamários (COSTARELLI et al., 2010) e leishmanicida (MORALES-YUSTE et al., 2010). 27 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Verificar o efeito antiinflamatório tópico e antinociceptivo visceral do óleo essencial do caule da Vanillosmopsis arborea Baker (OEVA) e (-)-α-bisabolol (BISA) em modelos experimentais. 2.2. Objetivos específicos Avaliar a atividade antiinflamatória do OEVA e BISA por via tópica utilizando os modelos de edema de orelha induzido por óleo de Croton (modelo agudo e crônico), ácido araquidônico, capsaicina, fenol e histamina; Estabelecer a eficácia do OEVA e BISA nos modelos de nocicepção visceral induzida por ácido acético, ciclofosfamida, capsaicina, formalina e óleo de mostarda; Avaliar a participação dos sistemas opióde, nitrérgico, noradrenérgico, setotoninérgico, vanilóide e dos canais K+ATP no efeito antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. 28 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Materiais utilizados 3.1.1. Drogas, reagentes e soluções As substâncias utilizadas nos ensaios encontram-se relacionadas, com suas respectivas procedências: SUBSTÂNCIA ORIGEM Dinâmica, Brasil Acetona P.A. Fluka, Alemanha Ácido acético P.A. Sigma, USA Ácido araquidônico Sigma-Aldrich, USA (α) – bisabolol Sigma, USA Capsaicina Asta Médica, Brasil Ciclofosfamida Cloridrato de cetamina 10% Syntec, Brasil (Cetamin®) Cloridrato de xilazina 2% Syntec, Brasil (Xilazin®) Ache, Brasil Dexametasona (Decadron®) Dinâmica, Brasil Etanol P.A. Dinâmica, Brasil Éter etílico Sigma-Aldrich, USA Fenol 99% Fluka, Alemanha Formol Sigma, USA Glibenclamida Sigma, USA Histamina Merck Sharp & Dohme, Brasil Indometacina (Indocid®) Sigma, USA Ioimbina Cristália, Brasil Morfina Sigma, USA Naloxona N-nitro-L-arginina-metilester (L- Sigma, USA NAME) Sigma, USA Óleo de Croton Ride-de-Haen, Alemanha Óleo de Mostarda FARMACE, Brasil Ondasentrona AVD, Brasil Vaselina Aldrich, USA Vermelho de Rutênio FARMACE, Brasil Solução fisiológica NaCl 0,9% Sigma-Aldrich, USA Tween 80 29 3.1.2. Material permanente e equipamentos utilizados Balança analítica de precisão (Metler Toledo AB204) Cronômetros digitais (LivStar) Cânulas de gavagem para camundongos Materiais de biossegurança Material cirúrgico Paquímetro digital (Jomarca, Ref. Nº 205509) Perfurador de couro (circunferência de 6 mm Ø) Pipetas automáticas (Maxipette) Campo aberto (LFQM-CE) Seringas estéreis (1 mL, 3 mL e 5 mL) Tubos Eppendorffs Vidrarias em geral 3.2. Animais Foram utilizados camundongos Swiss, machos e fêmeas (20-30g), oriundos da Universidade Regional do Cariri e Faculdade de Medicina de Juazeiro. Os animais foram acondicionados em gaiolas apropriadas e mantidos sob temperatura média de 26oC, em ciclos claro/escuro de 12/12 horas, recebendo ração padrão e água à vontade. Todos os protocolos seguiram estritamente as normas internacionais de cuidados com animais de laboratório. O projeto foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade de Fortaleza - UNIFOR, com parecer nº 006/2009. 3.3. Obtenção do óleo essencial e (-)-α-bisabolol O óleo essencial do caule de V. arborea (OEVA) foi fornecido pelo professor José Galberto Martins da Costa, da Universidade Regional do Cariri. O (-)-αbisabolol foi obtido da SIGMA- Aldrich, St. Louis, Estados Unidos. Os componentes químicos identificados no óleo essencial foram: propanoato de etila (5,87%), etanoato de propila (9,00%), o-metil-eugenol (2,39%), óxido- 30 bisabolol (2,31%) e α-bisabolol (80,43%), totalizando 100% na identificação do óleo essencial. O OEVA foi diluído em água destilada e Tween 80 3% para gerar as doses de 100, 200 e 400 mg/kg. O (-)-α-bisabolol foi diluído em água destilada e Tween 80 3% para gerar as doses de 50, 100 e 200 mg/kg. Como o OEVA foi diliuído em acetona para gerar as doses de 50 e 100 mg/mL e o (-)-α-bisabolol foi diliuído em acetona para gerar as doses de 35 e 70 mg/mL. 3.4. Avaliação da atividade antiinflamatória tópica O modelo in vivo de edema de orelha é amplamente utilizado para demonstrar a atividade tópica de substâncias bioativas em inflamações cutâneas (BLAZSÓ; GÁBOR, 1995; GÁBOR, 2000). 3.4.1. Edema de orelha induzido pela aplicação única de óleo de Croton O óleo de Croton é um agente flogístico que possui como constituintes químicos ésteres de forbol, sendo o TPA (ácido 13-acetato de 12-o-tetracanoilforbol) o agente com potencial irritante. Sua aplicação estimula a liberação de vários mediadores da inflamação, como as aminas vasoativas e derivados do ácido araquidônico (LAPA, 2003). Esse modelo também é bem representativo de dermatites como a psoríase (GABOR, 2000). Para avaliar a atividade tópica por tratamento agudo do OEVA e BISA neste modelo, grupos (n=7) de animais tiveram suas orelhas direitas tratadas, topicamente, com 20 μL de salina, dexametasona 4 mg/mL (0,08 mg/orelha), OEVA em acetona nas concentrações 50 e 100 mg/mL (1 e 2 mg/orelha, respectivamente) ou BISA em acetona nas concentrações 35 e 70 mg/mL (0,7 e 1,4 mg/oelha), esperando 1 h para absorção. Em seguida, 20 μL de óleo de Croton 5% (v/v) em acetona foram aplicados topicamente na orelha direita e 20 μL do veículo acetona na orelha esquerda. Após 6 horas, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical e discos de 6 mm de diâmetro foram obtidos das orelhas através de um punch (perfurador de couro metálico) para avaliação do edema, conforme item 3.4.2. (TUBARO et al., 1985). 31 3.4.2. Quantificação do edema e do efeito inibitório médio Para quantificar o percentual de inflamação em cada animal analisado, foram obtidos discos de 6 mm de diâmetro: um da orelha direita (tratada com o agente flogístico) e outro da orelha esquerda (tratada com veículo do agente flogístico). Em seguida, cada disco obtido teve sua massa mensurada com a utilização de balança analítica (Metler Toledo AB204). O edema de orelha, expresso em percentual de aumento da massa da orelha, foi calculado diminuindo a massa da orelha direta pela massa da orelha esquerda. 3.4.3. Edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de óleo de Croton No intuito de avaliar o efeito antiinflamatório do OEVA e BISA em um processo inflamatório crônico, já estabelecido, foi utilizado um modelo com a aplicação múltipla do óleo de Croton. O processo inflamatório crônico foi induzido pela aplicação de 20 μL de óleo de Croton 5% (v/v) em acetona em dias alternados, durante 9 dias, em camundongos (n = 7/grupo). O OEVA em acetona nas concentrações 50 e 100 mg/mL (1 e 2 mg/orelha, respectivamente) ou BISA em acetona nas concentrações 35 e 70 mg/mL (0,7 e 1,4 mg/oelha) e a dexametasona 4 mg/mL (0,08 mg/orelha, controle positivo), foram aplicados por via tópica durante 4 dias (2 vezes ao dia) a partir do 5º dia do experimento, sendo o edema avaliado diariamente através de medição da espessura das orelhas. No 9° dia do experimento, os animais foram sacrificados e círculos de 6 mm de tecido das orelhas foram coletados para avaliação do edema (STANLEY et al., 1991). 3.4.4. Edema de orelha induzido por ácido araquidônico O ácido araquidônico é um ácido graxo importante na produção de eicosanóides mediadores da inflamação (prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos). Drogas, como os AINEs (antiinflamatórios não-esteroidais) ou inibidoras da 5-lipoxigenase (5-LOX), demonstram redução significativa no percentual de inflamação induzido por este agente. Para avaliar a atividade tópica do OEVA e BISA neste modelo, as orelhas direitas dos animais (n = 7 / grupo) foram tratadas, topicamente, com 20 μL de solução salina (controle negativo), 32 indometacina 100 mg/mL (controle positivo), OEVA 50 e 100 mg/mL ou BISA 35 e 70 mg/mL, esperando 15 minutos para absorção. Em seguida, 20 μL de ácido araquidônico 0,1 mg/μL diluído em acetona foram aplicados na orelha direita e 20 μL do veículo acetona foram aplicados na orelha esquerda. Após 1 hora, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical e discos de 6 mm de diâmetro foram obtidos das orelhas para avaliação do edema, conforme item 3.4.2. (YOUNG et al, 1984; CRUMMEY et al, 1987). 3.4.5. Edema de orelha induzido por capsaicina A capsaicina (uma substância ativa da pimenta vermelha, Capsicum ssp), quando aplicada topicamente, induz a liberação de vários mediadores próinflamatórios neurogênicos, que promovem vasodilatação e eritema como resposta imediata, seguido da formação de edema (HOLZER, 1991). Na avaliação da atividade tópica do OEVA e BISA nesse modelo, as orelhas direitas de animais (n = 7/grupo) foram tratadas, topicamente, com 20 μL de salina, dexametasona 4 mg/mL, OEVA (50 e 100 mg/mL) ou BISA (35 e 70 mg/mL), esperando 15 minutos para absorção. Em seguida, 20 μL de capsaicina 0,01 mg/μL diluída em acetona foram aplicadas na orelha direita e 20 μL do veículo acetona foram aplicadas na orelha esquerda. Após 30 minutos (pico máximo de formação de edema), os animais foram sacrificados por deslocamento cervical e discos de 6 mm de diâmetro foram obtidos das orelhas para avaliação do edema, conforme item 3.4.2. (GÁBOR; RAZGA,1992). 3.4.6. Edema de orelha induzido pela injeção subcutânea de histamina Este modelo visa a avaliação do efeito do OEVA e BISA na reação de hipersensibilidade imediata. Inicialmente, os animais (n = 7/grupo) foram anestesiados com cloridrato de cetamina 10 mg/kg, i.p. e cloridato de xilazina 10 mg/kg, i.p. Em seguida, os animais foram pré-tratados topicamente com 20 μL de salina, dexametasona 4 mg/mL, OEVA (50 e 100 mg/mL) ou BISA (35 e 70 mg/mL). Após 30 minutos, administrou-se um volume de 5 μL de uma solução de histamina (100 mg/mL de salina), intradermicamente, na região ventral da orelha direita dos camundongos com o auxílio de uma agulha hipodérmica 29 G, enquanto que a 33 orelha esquerda recebeu o mesmo volume de salina, também intradermicamente. Após 2 horas, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical e para posterior avaliação do edema a partir das massas dos discos obtidos, conforme item 3.4.2. (BRAND et al, 2002). 3.4.7. Edema de orelha induzido por fenol O fenol é um irritante cuja aplicação tópica desencadeia uma inflamação semelhante à dermatite de contato irritativa. (LIM et al., 2004). Nessa avaliação, as orelhas direitas de animais (n = 7/grupo) foram prétratadas, topicamente, com 20 μL de solução salina, dexametasona 4 mg/mL, OEVA (50 e 100 mg/mL) ou BISA (35 e 70 mg/mL), esperando 15 minutos para absorção. Em seguida, 20 μL de fenol 10% (v/v) diluído em acetona foram aplicados na orelha direita e 20 μL do veículo acetona foram aplicados na orelha esquerda. Após 1 hora, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical e discos de 6 mm de diâmetro das orelhas foram obtidos para análise do edema conforme item 3.4.2. (GÁBOR, 2000). 3.5. Estudo da atividade antinociceptiva visceral 3.5.1. Nocicepção visceral induzida por ácido acético Os animais foram divididos em grupos de 8 animais e tratados com o veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/kg, v.o.) 1h antes de receberem uma injeção intraperitoneal de ácido acético 0,6% (10 mL/kg). Os comportamentos relacionados à nocicepção visceral foram observados (lamber o abdômen, piloereção, arrastar o abdômen contra o solo, contorção e retração abdominais) por um período de 20 min começados a contar 10 min após a administração do ácido acético. (KOSTER et al., 1959) 3.5.2. Nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida Os animais foram divididos em grupos de 8 animais e tratados com o veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 34 mg/kg, v.o.) 1h antes da injeção de Ciclofosfamida (400 mg/kg, i.p.). Imediatamente após a injeção de Ciclofosfamida, os animais foram observados por 4h quanto ao tempo total (em minutos) da expressão dos seguintes comportamentos relacionados à nocicepção visceral: lamber o abdômen, piloereção, arrastar o abdômen contra o solo, contorção e retração abdominais (OLIVAR; LAIRD, 1999). Os animais foram colocados individualmente em caixas plásticas e observadas em 8 intervalos de 30 min, para o registro de crises transitórias, em minutos. Um grupo controle normal, que recebeu apenas salina por via intraperitoneal, foi incluído no estudo. Além do tempo de crises, a cada intervalo de 30 min os animais foram observados por 2 min para que fosse aferido um escore ao seu comportamento de acordo com a seguinte escala: 0 = comportamento normal, 1 = piloereção fraca, 2 = piloereção forte, 3 = respiração forçada e arrastar o abdômen, 4 = lambedura do abdômen, 5 = contração e retração abdominal. Quando observados mais de um destes comportamentos durante o período de 2 min de observação, foi registrado o somatório dos pontos correspondentes a cada um dos comportamentos. 3.5.3. Nocicepção visceral induzida por capsaicina Os animais foram divididos em grupos de 8 animais e tratados com veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/kg, v.o.) 1h antes de receberem uma aplicação intracolônica de Capsaicina (0,3%, 50 µl) através de uma fina cânula com ponta arredondada (1mm de diâmetro). Foram introduzidos 4 cm de comprimento da cânula pela via intracolônica para administração da Capsaicina. Foi utilizada vaselina sólida na região perianal para evitar estimulação local pela administração. Imediatamente após a administração da Capsaicina, foi registrado, durante 30 minutos, o número de comportamentos nociceptivos dos animais relacionados com a nocicepção visceral (LAIRD et al, 2001): lamber o abdômen, piloereção, arrastar o abdômen contra o solo, contorção e retração abdominais. Um grupo controle normal, que recebeu apenas salina por via intracolônica, foi incluído no estudo. 35 3.5.4. Nocicepção visceral induzida por formalina Os animais foram divididos em grupos de 8 animais e tratados com veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/kg, v.o.) 1h antes de receberem uma aplicação intracolônica de Formalina (10%, 10 µl) através de uma fina cânula com ponta arredondada (1mm de diâmetro). Foram introduzidos 4 cm de comprimento da cânula pela via intracolônica para administração da Formalina. Foi utilizada vaselina sólida na região perianal para evitar estimulação local pela administração. As respostas comportamentais foram analisadas durante 1h. Cada animal foi colocado em uma caixa de acrílico 20 min antes do início do teste. Durante uma hora, os diversos comportamentos relacionados à dor foram classificados por ordem de intensidade (MIAMPAMBA et al., 1994): (1) lambida e grooming (L), (2) tropeços (H), (3) alongamento e contração do corpo inteiro (C). A resposta nociceptiva (S) foi então calculada, utilizando a fórmula: S = 1L + 2 H + 3 C. Um grupo controle normal, que recebeu apenas salina por via intracolônica, foi incluído no estudo. 3.5.5. Nocicepção visceral induzida por óleo de mostarda Os animais foram divididos em grupos de 8 animais e tratados com veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/kg, v.o.) 1h antes de receberem uma aplicação intracolônica de Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal) através de uma fina cânula com ponta arredondada (1mm de diâmetro). Foram introduzidos 4 cm de comprimento da cânula pela via intracolônica para administração do Óleo de Mostarda. Foi utilizada vaselina sólida na região perianal para evitar estimulação local pela administração. O número total de comportamentos relacionados à dor (lamber o abdômen, piloereção, arrastar o abdômen contra o solo, contorção e retração abdominais) foram contados por 20 min, imediatamente após a instilação do Óleo de Mostarda (LAIRD et al., 2001). Um grupo controle normal, que recebeu apenas salina por via intracolônica, foi incluído no estudo. Com o propósito de investigar um possível envolvimento dos receptores opiódes, do óxido nítrico, receptores noradrenergico α2, canais K+ATP, receptores serotoninérgicos 5-HT3 e receptores TRPV1 na atividade antinociceptiva visceral do 36 OEVA e BISA, este modelo experimental foi utilizado em outras ocasiões. Primeiramente, os animais divididos em grupos (n=8), foram tratados com veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.), BISA (50 mg/kg, v.o.), Naloxona (2 mg/kg, i.p.), L-NAME (20 mg/kg, i.p.), Ioimbina (2 mg/kg; i.p.), Glibenclamida (5 mg/kg, i.p.), Ondasentrona (0,5 mg/kg; i.p.), Vermelho de Rutênio (3 mg/kg, s.c.) 1h ou 30 min antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O envolvimento dos receptores foi avaliado pela administração de antagonistas 30 min antes da administração do OEVA ou BISA. Após 1 h, os animais receberam o Óleo de Mostarda, como descrito anteriormente. 3.5.6. Teste do campo aberto A capacidade motora dos animais foi verificada por meio de um campo aberto quadrangular confeccionado em acrílico com 30 cm de lado, tendo em sua base 9 quadrados iguais de 10 cm de lado. Os animais foram separados em grupos de 8 animais e tratados com veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.) ou BISA (50 mg/kg, v.o.). Uma hora após o tratamento, todos os animais foram levados individualmente ao campo aberto, ambientados por 1 min e, em seguida, observados por 4 min, quanto ao número de campos explorados (CAPAZ et al., 1981). 3.6. Análise Estatística A análise estatística foi realizada com auxílio do programa Graph Pad Prism 5.0. (USA). Os resultados foram expressos em média ± erro padrão da média (e.p.m.). A comparação entre as médias foi realizada utilizando-se análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de Student Newman Keul, teste de ANOVA de duas vias seguido do Teste de Bonferroni e Teste T não-pareado para dados paramétricos. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p < 0,05. 37 4. RESULTADOS 4.1. Avaliação da atividade antiinflamatória tópica através de modelos de edema de orelha induzido por agentes irritantes em camundongos 4.1.1. Edema de orelha induzido pela aplicação única de óleo de Croton O OEVA na concentração de 50 mg/mL aplicado por via tópica demonstrou redução no edema de orelha após 6 horas em contato com óleo de Croton, comparada com o grupo controle veículo (edema: 10,09 ± 0,33 mg). A dexametasona aplicada topicamente, também demonstrou redução significativa comparada com o controle veículo, (3,73 ± 1,05 (mg) versus 14,19 ± 1,12 (mg) do grupo oc, p < 0,001). (Figura 03 e Apêndice 01). O BISA, na concentração de 35 mg/mL reduziu a inflamação tópica expressa pelos animais (9,75 ± 1,29 (mg)) quando comparado ao grupo controle veículo (14,19 ± 1,12 (mg)). (Figura 03 e Apêndice 02). Figura 03 – Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido pela aplicação única de óleo de Croton (OC) em camundongos. Os animais foram pré-tratados com solução salina (controle veículo); Dexametasona 4 mg/mL (controle positivo), OEVA 50, 100 mg/mL ou BISA 35, 70 mg/mL e após 1 h, receberam topicamente solução de óleo de Croton 5% (v/v) em acetona. O efeito antiedematogênico das substâncias foi analisado através do edema calculado a partir das massas de discos de 6 mm de diâmetro obtidos das orelhas após 6 horas de aplicação do óleo de Croton. Cada grupo representa a média de 7 animais e as barras verticais o E.P.M. As médias foram comparadas com o grupo controle veículo e foram consideradas significativamente diferentes para cp < 0,05; bp < 0,01 e ap < 0,001 comparadas ao controle veículo; Análise estatística: ANOVA de uma via seguido do teste de Student-Newmann- Keuls). 38 4.1.2. Edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de óleo de Croton A aplicação do OEVA (50 mg/mL), (2 vezes a o dia, 4 dias) após 96 horas do início do ensaio e em um processo inflamatório já estabelecido, demonstrou redução significativa, comparado ao grupo veículo (20 μL/orelha, no mesmo período de tratamento) após 24 (p < 0,001), 48 (p < 0,001), 72 (p < 0,001) e 96 horas (p < 0,001) do início do tratamento (correspondendo aos tempos 120, 144, 168 e 192 horas após a primeira aplicação de óleo de Croton). A dexametasona (4 mg/ mL, mesmo período de tratamento) foi efetiva em reduzir significativamente o edema estabelecido após 24, 48, 72 e 96 horas (p < 0,001) do início do tratamento (correspondendo aos tempos 120, 144, 168 e 192 horas após a primeira aplicação de óleo de Croton) (Figura 04), sendo comparado pela avaliação do percentual de edema – PE e efeito inibitório médio da inflamação - EIM no último dia do experimento (Figura 05 e Apêndice 03). A aplicação do BISA (35 mg/mL), reduziu significativamente nos tempos 120 e 192 após a primeira aplicação de óleo de Croton. A dexametasona (4 mg/mL) foi efetiva em reduzir significativamente nos tempos 120, 168 e 192 horas após a primeira aplicação de óleo de Croton. (Figura 04), sendo comparado pela avaliação do PE e EIM no último dia do experimento (Figura 05 e Apêndice 04). 39 Figura 04 - Curva tempo-resposta do efeito do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de OC em camundongos. O experimento foi conduzido em 9 dias. Os animais receberam OEVA e BISA em acetona na orelha direita em dias alternados e veículo acetona na orelha esquerda. A espessura da orelha desafiada com o agente flogístico foi mensurada com paquímetro digital antes da aplicação do tratamento, quatro horas após a primeira aplicação do OC (fase aguda) e nos tempos 24, 48, 72, 96, 120, 144, 168 e 192 horas após a primeira aplicação do OC. No 5º dia do experimento (96 horas após a primeira aplicação de OC), a orelha dos animais recebeu veículo salina (controle negativo), dexametasona (DEX), OEVA e BISA (20 μL, 2 vezes ao dia), prosseguindo o tratamento durante os 3 dias posteriores (setas apontam os dias em que houve tratamento). O efeito antiedematogênico das substâncias foi analisado através da variação da espessura da orelha, calculado pela diferença entre a espessura final e a inicial. Os pontos representam a média de 7 animais e as barras verticais o E.P.M. As médias foram comparadas com o grupo controle negativo e foram consideradas significativamente diferentes para p < 0,05 (bp < 0,05; ap < 0,001; comparadas ao controle veículo, ANOVA de duas vias seguido do Teste de Bonferroni). 40 Figura 05 – Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido pela aplicação múltipla de óleo de Croton (OC) em camundongos. A aplicação de OC foi conduzida em dias alternados, durante 9 dias. No 5º, 6º, 7º e 8º dias do experimento, a orelha dos animais recebeu salina (controle veículo), dexametasona (DEX), OEVA e BISA (20 μL, 2 vezes ao dia). O efeito antiedematogênico das substâncias foi analisado através do edema calculado a partir das massas de discos de 6 mm de diâmetro obtidos das orelhas após 192 horas da primeira aplicação do OC. Cada grupo representa a média de 7 animais e as barras verticais o E.P.M. As médias foram comparadas com o grupo controle veículo e foram consideradas significativamente diferentes para p < 0,05 (bp < 0,05; ap < 0,01; comparadas ao controle veículo. Análise estatística: ANOVA de uma via seguida do teste de Student-Newmann-Keuls). 4.1.3. Edema de orelha induzido por ácido araquidônico O OEVA nas concentrações de 50 e 100 mg/mL aplicado por via tópica demonstraram redução significativa no edema de orelha após 1 hora em contato com ácido araquidônico, comparada com o grupo controle veículo (edema: 3,86 ± 0,73; 6,38 ± 0,71 mg, respectivamente). A indometacina aplicada topicamente, também demonstrou redução significativa comparada com o controle veículo, (9,81 ± 1,45 (mg) versus 2,37 ± 0,65 (mg), p < 0,001). (Figura 06 e Apêndice 05). O BISA também reduziu de forma significativa nas concentrações de 35 e 70 mg/mL e Indometacina (100 mg/mL) a inflamação tópica expressas pelos animais (4,89 ± 0,97; 4,53 ± 0,99; 2,37 ± 0,65 mg, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (9,81 ± 1,45 (mg)). (Figura 06 e Apêndice 06). 41 Figura 06 – Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por ácido araquidônico (AA) em camundongos. Os animais foram pré-tratados com solução salina (controle veículo); Indometacina 100 mg/mL (controle positivo), OEVA 50, 100 mg/mL ou BISA 35, 70 mg/mL. Após 15 minutos, receberam topicamente ácido araquidônico (AA) 0,1 μg/mL em acetona. O efeito antiedematogênico das substâncias foi analisado através do edema calculado a partir das massas de discos de 6 mm de diâmetro obtidos das orelhas após 1 hora de aplicação do AA. Cada grupo representa a média de 7 animais e as barras verticais o E.P.M. As médias foram comparadas com o grupo controle veículo e foram consideradas significativamente diferentes para p < 0,05 (cp < 0,05; bp < 0,01 e ap < 0,001 comparadas ao controle veículo. Análise estatística: ANOVA de uma via seguido do teste de Student-Newmann-Keuls). 4.1.4. Edema de orelha induzido por capsaicina O OEVA e BISA aplicados por via tópica não demonstraram redução significativa no edema de orelha após 30 minutos da aplicação tópica de capsaicina, comparada com o grupo tratado com solução salina (controle veículo). O grupo tratado com dexametasona não demonstrou redução significativa comparada com o controle veículo (Figura 07, Apêndice 07 e Apêndice 08). 42 Figura 07 – Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por capsaicina em camundongos. Os animais foram pré-tratados com solução salina (controle veículo); Dexametasona 4 mg/mL (controle positivo), OEVA 50, 100 mg/mL ou BISA 35, 70 mg/mL. Após 15 minutos, receberam topicamente capsaicina 0,01 μg/mL em etanol 90%. O efeito antiedematogênico das substâncias foi analisado através do edema calculado a partir das massas de discos de 6 mm de diâmetro obtidos das orelhas após 30 minutos de aplicação da capsaicina. Cada grupo representa a média de 7 animais e as barras verticais o E.P.M. As médias foram comparadas com o grupo controle veículo (salina) e foram consideradas significativamente diferentes para p < 0,05 (Análise estatística: ANOVA de uma via seguido do teste de Student-Newmann-Keuls). 4.1.5. Edema de orelha induzido por histamina O OEVA e BISA aplicado por via tópica não demonstraram redução significativa no edema de orelha após 2 horas da aplicação intradérmica de solução de histamina, comparada com o grupo tratado com solução salina (controle veículo). No caso do OEVA, o grupo tratado com dexametasona demonstrou redução significativa comparada com o controle veículo. (Figura 08, Apêndice 09 e Apêndice 10). 43 Figura 08 – Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por histamina em camundongos. Os animais, previamente anestesiados, foram pré-tratados com solução salina (controle veículo); Dexametasona 4 mg/mL (controle positivo), OEVA 50, 100 mg/mL ou BISA 35, 70 mg/mL. Após 15 minutos, receberam intradermicamente na orelha direita uma injeção de 5 μL de solução de histamina 100 mg/mL. O efeito antiedematogênico das substâncias foi analisado através do edema calculado a partir das massas de discos de 6 mm de diâmetro obtidos das orelhas após 2 horas de aplicação da histamina. Cada grupo representa a média de 7 animais e as barras verticais o E.P.M. As médias foram comparadas com o grupo controle veículo e foram consideradas significativamente diferentes para p < 0,05 (ap < 0,01 comparadas ao controle veículo. Análise estatística: ANOVA seguida do teste de Student-Newmann-Keuls). 4.1.6. Edema de orelha induzido por fenol O OEVA nas concentrações de 50 e 100 mg/mL aplicado por via tópica demonstraram redução significativa no edema de orelha após 1 hora da aplicação tópica de fenol 10% em acetona, comparada com o grupo tratado com salina (controle negativo), com edema de 11,86 ± 3,45; 6,60 ± 1,96 mg, respectivamente. O grupo tratado com dexametasona também demonstrou redução significativa (EIM de 9,38 ± 2,56 (mg)) comparada com o controle negativo (Figura 09 e Apêndice 11). O BISA também reduziu de forma significativa nas concentrações de 35 e 70 mg/mL e Dexametasona (4 mg/mL) a inflamação tópica expressas pelos animais (9,84 ± 1,67; 7,60 ± 2,15; 9,38 ± 2,56 mg, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (24,78 ± 5,61) (Figura 09 e Apêndice 12). 44 Figura 09 – Efeito tópico do OEVA e BISA sobre o edema de orelha induzido por fenol em camundongos. Os animais foram pré-tratados com solução salina (controle veículo); Dexametasona 4 mg/mL (controle positivo), OEVA 50, 100 mg/mL ou BISA 35, 70 mg/mL. Após 15 minutos, receberam topicamente 20 μL de fenol 10% (v/v) em acetona. O efeito antiedematogênico das substâncias foi analisado através do percentual de edema calculado a partir das massas de discos de 6 mm de diâmetro obtidos das orelhas após 1 hora de aplicação do fenol. Cada grupo representa a média de 7 animais e as barras verticais o E.P.M. As médias foram comparadas com o grupo controle negativo (salina) e foram consideradas significativamente diferentes para p < 0,05 (bp < 0,05; ap < 0,01 comparadas ao controle veículo. Análise estatística: ANOVA seguida do teste de Student-NewmannKeuls). 4.2. Estudo da atividade antinociceptiva visceral 4.2.1. Nocicepção visceral induzida por ácido acético O OEVA nas concentrações de 100, 200 e 400 mg/Kg reduziram significativamente (p < 0,01) o número de comportamentos de nocicepção visceral expressos pelos animais (20,25 ± 2,17; 18,25 ± 6,08; 18,63 ± 3,86, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (46,63 ± 7,96) (Figura 10 e Apêndice 13). O BISA também reduziu de forma significativa nas concentrações de 50, 100 e 200 mg/Kg o número de comportamentos de nocicepção visceral expressos pelos animais (10,50 ± 2,94; 8,50 ± 3,20; 8,43 ± 2,57, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (48,63 ± 10,81) (Figura 10 e Apêndice 14). 45 Figura 10 – Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por ácido acético em camundongos. Veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/Kg, v.o.) 1 h antes de receberem uma injeção intraperitoneal de ácido acético 0,6% (10 mL/kg). Os valores representam a média ± E.M.P. do númerro de comportamentos de nocicepção visceral exibidas pelos animais durante 20 min, começados a contar 10 min após a injeção de ácido acético 0,6% (10mL/Kg). Foram utilizados 8 animais por grupo. bp < 0,01; ap < 0,001; vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul). 4.2.2. Nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida No modelo de nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida, houve uma elevação significante (p < 0,001) no tempo de crises transitórias do grupo controle veículo (27,82 ± 0,77 min), quando este valor foi comparado ao grupo controle normal (10,89 ± 1,48 min) (Figura 11). O OEVA nas concentrações de 200 e 400 mg/Kg foi capaz de reduzir de forma significativa o tempo de crises para (18,02 ± 1,11; 23,78 ± 0,70, respectivamente) (Figura 11 e Apêndice 15). O BISA também reduziu de forma significativa nas concentrações de 100 e 200 mg/Kg (p < 0,001) o tempo de crises para (20,73 ± 1,06; 18,90 ± 1,60, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (29,42 ± 0,44) (Figura 11 e Apêndice 16). Quanto aos escores para comportamento nociceptivo, registrados a cada 30 min durante um período de 2 min de observação, o grupo controle veículo mostrou uma elevação significante em relação ao grupo controle normal. O OEVA nas concentrações de 200 e 400 mg/Kg reduziu significativamente os escores (39,00 ± 2,46; 50,00 ± 2,42, respectivamente) em relação ao grupo controle veículo (Figura 11 e Apêndice 17). O BISA também reduziu de forma significativa nas concentrações de 50, 100 e 200 mg/Kg, (p < 0,001) os escores (52,17 ± 2,60; 30,33 46 ± 1,15; 25,50 ± 3,01, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (68,83 ± 2,92) (Figura 11 e Apêndice 18). Figura 11 – Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida em camundongos. Veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/Kg, v.o.) 1 h antes da injeção de Ciclofosfamida (400 mg/kg, i.p.). Os animais foram observados por 4 h quanto ao tempo total (em minutos) da expressão dos comportamentos relacionados à nocicepção visceral. Além do tempo de crises, a cada intervalo de 30 min os animais foram observados por 2 min para que fosse aferido um escore ao seu comportamento. Os valores representam a media ± E.M.P. o tempo de crises transitórias ou os escores do número de comportamentos de nocicepção visceral exibidas pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. bp<0,001 vs controle normal; cp<0,05; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul). 47 4.2.3. Nocicepção visceral induzida por capsaicina A administração da Capsaicina (0,3%, 50 µl) por via intracolônica elevou de forma significativa (p < 0,001) o número de comportamentos relacionados à nocicepção visceral no grupo controle veículo (37,25 ± 5,97), em relação ao grupo controle normal (10,25 ± 6,21) (Figura 12). O OEVA reduziu a freqüência destes comportamentos expressos pelos animais de forma significativa nas concentrações de 100, 200 e 400 mg/Kg (5,75 ± 2,02; 9,25 ± 2,24; 5,88 ± 2,24, respectivamente) quando comparadas ao grupo controle veículo (37,25 ± 5,97) (Figura 12 e Apêndice 19). O BISA também reduziu de forma significativa nas concentrações de 100 e 200 mg/Kg (p < 0,01) o número de comportamentos de nocicepção visceral expressos pelos animais (31,00 ± 13,11; 15,33 ± 10,82, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (84,38 ± 12,99 ) (Figura 12 e Apêndice 20). Figura 12 - Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por capsaicina em camundongos. Veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/kg, v.o.) 1 h antes de receberem uma aplicação intracolônica de Capsaicina (0,3%, 50 µl). Imediatamente após a administração da Capsaicina, foi registrado, durante 30 minutos, o número de comportamentos nociceptivos dos animais relacionados com a nocicepção visceral: lamber o abdômen, piloereção, arrastar o abdômen contra o solo, contorção e retração abdominais. Um grupo controle normal, que recebeu apenas salina por via intracolônica, foi incluído no estudo. Foram utilizados 8 animais por grupo. bp<0,001; cp<0,01; vs controle normal; dp<0,01; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 48 4.2.4. Nocicepção visceral induzida por Formalina A administração da Formalina por via intracolônica elevou de forma significativa (p < 0,001) o número de comportamentos relacionados à nocicepção visceral no grupo controle veículo (98,00 ± 16,65), quando este valor foi comparado ao registrado o grupo controle normal (22,63 ± 5,86) (Figura 13). O OEVA reduziu a freqüência destes comportamentos de forma significativa nas concentrações de 100, 200 e 400 mg/Kg expressos pelos animais (20,00 ± 5,80; 33,75 ± 8,68; 28,57 ± 5,32, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (98,00 ± 16,65) (Figura 13 e Apêndice 21). O BISA também reduziu de forma significativa nas concentrações de 50, 100 e 200 mg/Kg o número de comportamentos de nocicepção visceral expressos pelos animais (103,0 ± 16,21; 140,4 ± 25,51; 75,13 ± 13,44, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (344,6 ± 50,21) (Figura 13 e Apêndice 22). Figura 13 - Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por formalina em camundongos. Veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.) ou BISA (50, 100 ou 200 mg/Kg, v.o.) 1h antes de receberem uma aplicação intracolônica de Formalina (10%, 10 µl). As respostas comportamentais foram analisadas durante 1 h. Cada animal foi colocado em uma caixa de acrílico 20 min antes do início do teste. Durante uma hora, o animal apresentou diversos comportamentos relacionados à nocicepção classificados por ordem de intensidade: (1) lambida e grooming (L), (2) tropeços (H), (3) alongamento e contração do corpo inteiro (C). A resposta nociceptiva (S) foi então calculada, utilizando a fórmula: S = 1L + 2H + 3C. Um grupo controle normal, que recebeu apenas salina por via intracolônica, foi incluído no estudo. Foram utilizados 8 animais por grupo. bp<0,001; cp<0,01; vs controle normal; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 49 4.2.5. Nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda O OEVA nas concentrações de 100, 200 ou 400 mg/kg, atuaram reduzindo o número total de comportamentos de nocicepção visceral expressos pelos animais (10,71 ± 1,48; 6,13 ± 1,16; 4,20 ± 1,46, respectivamente) de forma significativa (p<0,001), comparados ao grupo controle do óleo de mostarda (45,00 ± 11,02). Este induziu nocicepção visceral caracterizada pela diferença estatística observada (p<0,001) entre este grupo normal (4,29 ± 1,09), que recebeu somente salina por via intracolônica (Figura 14 e Apêndice 23). O BISA também reduziu significativamente nas concentrações de 50, 100 e 200 mg/Kg, o número de comportamentos de nocicepção visceral expressos pelos animais (21,67 ± 7,99; 33,83 ± 10,28; 27,17 ± 11,05, respectivamente) quando comparados ao grupo controle veículo (107,8 ± 25,01) (Figura 14 e Apêndice 24). Figura 14 - Efeito antinociceptivo do OEVA e BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por óleo de mostarda em camundongos. Veículo (10mL/Kg; v.o.), OEVA (100, 200 ou 400 mg/kg, v.o.), ou BISA (50, 100 ou 200 mg/Kg, v.o.) 1 h antes de receberem uma aplicação intracolônica de Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O número total de comportamentos relacionados à nocicepção (lamber o abdômen, piloereção, arrastar o abdômen contra o solo, contorção e retração abdominais) foram contados por 20 min, imediatamente após a instilação do Óleo de Mostarda. Um grupo controle normal, que recebeu apenas salina por via intracolônica, foi incluído no estudo. Foram utilizados 8 animais por grupo. bp<0,001; vs controle normal; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 50 4.2.5.1. Efeito da Naloxona, L-NAME, Ioimbina, Glibenclamida, Ondasentrona e Vermelho de Rutênio O tratamento dos animais com Ioimbina (2 mg/Kg, i.p.) e Naloxona (1 mg/Kg, i.p.) promoveu uma inibição significativa (p<0,05 e p<0,001) do número de comportamentos de dor expressos (22,88 + 3,53; 2,63 + 0,46) quando comparados ao grupo controle veículo (44,17 + 5,59) (Figura 15 e Apêndice 25). 1-Normal 2-Veículo 3-Ioimbina 2mg/kg 4-Ondasentrona 0,5mg/kg 5-L-NAME 20mg/kg 6-Glibenclamida 5mg/kg 7- Vermelho de Rutênio 3mg/kg 8-Naloxona 1mg/kg Figura 15 – Efeito da Naloxona, L-NAME, Ioimbina, Glibenclamida, Ondasentrona e Vermelho de Rutênio no efeito antinociceptivo visceral. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), Naloxona (1 mg/kg, i.p.), L-NAME (20 mg/Kg, i.p.), Ioimbina (2 mg/Kg, i.p.), Glibenclamida (5 mg/kg, i.p.), Ondasentrona (0,5 mg/kg; i.p.), Vermelho de Rutênio (3 mg/kg, s.c.) 30 min antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). Os valores representam a média ± E.M.P. do número de comportamentos de nocicepção visceral exibidas pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. b p<0,05; ap<0,01; vs controle normal; dp<0,05; cp<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 51 4.2.5.2. Estudo do envolvimento do sistema opióide O tratamento dos animais com OEVA (200 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,001) do número de comportamentos nociceptivos expressos (3,75 + 1,52) quando comparados ao grupo controle veículo (32,38 + 3,09). O pré-tratamento com Naloxona (1 mg/Kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do OEVA (Figura 16 e Apêndice 26). O tratamento dos animais com BISA (50 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,05) do número de comportamentos nociceptivos expressos (115,7 ± 25,33) quando comparados ao grupo controle veículo (181,9 ± 24,07). O prétratamento com Naloxona (1 mg/Kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do BISA. (Figura 16 e Apêndice 27). Figura 16 - Estudo do envolvimento do sistema opióide no efeito antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.) ou BISA (50 mg/kg, v.o.) 1 h ou 30 min antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O envolvimento do sistema opióide foi avaliado pela administração de Naloxona 30 min antes da administração do OEVA. Após 1 h, os animais receberam o Óleo de Mostarda. Os valores representam a média ± E.M.P. do número de comportamentos de nocicepção visceral exibidas pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. cp<0,01; bp<0,001 vs controle normal; dp<0,05; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 52 4.2.5.3. Estudo do envolvimento do óxido nítrico O tratamento dos animais com OEVA (200 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa do número de comportamentos nociceptivos expressos (10,50 ± 3,86) quando comparados ao grupo controle veículo (45,38 ± 5,73). O prétratamento com L-NAME (20 mg/Kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do OEVA. (Figura 17 e Apêndice 28). No tratamento dos animais com BISA (50 mg/Kg, v.o.) ocorreu uma inibição significativa (p<0,05) do número de comportamentos de dor expressos (115,7 ± 25,33) quando comparados ao grupo controle veículo (181,9 ± 24,07). O pré-tratamento com L-NAME (20 mg/Kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do BISA. (Figura 17 e Apêndice 29). Figura 17 - Estudo do envolvimento do óxido nítrico no efeito antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.), BISA (50 mg/kg, v.o.) 1 h antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O envolvimento do óxido nítrico foi avaliado pela administração de L-NAME 30 min antes da administração do OEVA. Após 1 h, os animais receberam o Óleo de Mostarda. Os valores representam a média ± E.M.P. do número de comportamentos nociceptivos exibidos pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. ep<0,05 vs Bisa 50mg/kg; c p<0,01; bp<0,001 vs controle normal; dp<0,05; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 53 4.2.5.4. Estudo do envolvimento dos receptores noradrenérgicos α2 O tratamento dos animais com OEVA (200 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,001) do número de comportamentos nociceptivos expressos (2,50 ± 1,09) quando comparados ao grupo controle veículo (28,50 ± 4,00). O pré-tratamento com Ioimbina (2 mg/Kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do OEVA. (Figura 18 e Apêndice 30). No tratamento dos animais com BISA (50 mg/Kg, v.o.) ocorreu uma inibição significativa (p<0,001) do número de comportamentos nociceptivos expressos (1,29 ± 0,75) quando comparados ao grupo controle veículo (28,50 ± 4,00). O pré-tratamento com Ioimbina (2 mg/Kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do BISA. (Figura 18 e Apêndice 31). Figura 18 - Estudo do envolvimento dos receptores noradrenérgicos α2 no efeito antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.), BISA (50 mg/kg, v.o.) 1 h antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O envolvimento do óxido nítrico foi avaliado pela administração de Ioimbina 30 min antes da administração do OEVA. Após 1 h, os animais receberam o Óleo de Mostarda. Os valores representam a média ± E.M.P. do número de comportamentos nociceptivos visceral exibidos pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. b p<0,001 vs controle normal; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 54 4.2.5.5. Estudo do envolvimento dos canais K+ATP O tratamento dos animais com OEVA (200 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição não significativa do número de comportamentos nociceptivos expressos (10,50 ± 3,86) quando comparados ao grupo controle veículo (45,38 ± 5,73). O prétratamento com Glibenclamida (5 mg/kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do OEVA. (Figura 19 e Apêndice 32). No tratamento dos animais com BISA (50mg/Kg, v.o.) ocorreu uma inibição significativa (p<0,05) do número de comportamentos nociceptivos expressos (115,7 ± 25,33) quando comparados ao grupo controle veículo (181,9 ± 24,07). O pré-tratamento com Glibenclamida (5 mg/kg, i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do BISA. (Figura 19 e Apêndice 33). Figura 19 - Estudo do envolvimento dos canais de K+ATP no efeito antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.), BISA (50 mg/kg, v.o.) 1 h antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O envolvimento dos K+ATP foi avaliado pela administração de Glibenclamida 30 min antes da administração do OEVA. Após 1 h, os animais receberam o Óleo de Mostarda. Os valores representam a média ± E.M.P. do número de comportamentos nociceptivos visceral exibidos pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. c p<0,01; bp<0,001 vs controle normal; dp<0,05; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 55 4.2.5.6. Estudo do envolvimento dos receptores serotoninérgicos 5-HT3 O tratamento dos animais com OEVA (200 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,001) do número de comportamentos nociceptivos expressos (10,50 + 3,86) quando comparados ao grupo controle veículo (45,38 + 5,73). O pré-tratamento com Ondasentrona (0,5 mg/kg; i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do OEVA (Figura 20 e Apêndice 34). No tratamento dos animais com BISA (50 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,05) do número de comportamentos nocicepção expressos (115,7 ± 25,33) quando comparados ao grupo controle veículo (181,9 ± 24,07). O prétratamento com Ondasentrona (0,5 mg/kg; i.p.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do BISA. (Figura 20 e Apêndice 35). Figura 20 – Estudo do envolvimento dos receptores serotoninérgicos no efeito antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.), BISA (50 mg/kg; v.o.) 1 h antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O envolvimento dos receptores serotoninérgicos foi avaliado pela administração de Ondasentrona 30 min antes da administração do OEVA. Após 1 h, os animais receberam o Óleo de Mostarda. Os valores representam a média ± E.M.P. do número de comportamentos nociceptivo visceral exibidas pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. cp<0,01; bp<0,001 vs controle normal; dp<0,05; a p<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 56 4.2.5.7. Estudo do envolvimento dos receptores TRPV1 O tratamento dos animais com OEVA (200 mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,001) do número de comportamentos nociceptivo expressos (7,38 + 1,59) quando comparados ao grupo controle veículo (26,00 + 2,94). O prétratamento com Vermelho de Rutênio (3 mg/kg, s.c.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do OEVA (Figura 21 e Apêndice 36). No tratamento dos animais com BISA (50mg/Kg, v.o.) promoveu uma inibição significativa (p<0,05) do número de comportamentos nociceptivo expressos (115,7 ± 25,33) quando comparados ao grupo controle veículo (181,9 ± 24,07). O prétratamento com Vermelho de Rutênio (3 mg/kg, s.c.) não conseguiu reverter a inibição dos comportamentos nociceptivos do BISA. (Figura 21 e Apêndice 37). Figura 21 – Estudo do envolvimento dos receptores TRPV1 no efeito antinociceptivo visceral do OEVA e BISA. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.), OEVA (50 mg/kg, v.o.) 1 h antes da administração do Óleo de Mostarda (0,75% em salina 0,9%; 50µL/animal). O envolvimento dos receptores TRPV1 foi avaliado pela administração do Vermelho de Rutênio antes da administração do OEVA. Após 1 h, os animais receberam o Óleo de Mostarda. Os valores representam a média ± E.M.P. do número de comportamentos nociceptivo visceral exibidos pelos animais. Foram utilizados 8 animais por grupo. cp<0,01; bp<0,001 vs controle normal; ep<0,01; dp<0,05; ap<0,001 vs controle veículo (ANOVA e Teste de Student Newman Keul) 57 4.2.6. Teste do campo aberto No teste de campo aberto, o OEVA, na dose de 200 mg/Kg não alterou de forma significativa o número de secções transpassadas pelos animais (33,67 ± 5,46), quando este valor foi comparado ao grupo controle veículo (55,25 ± 6,41). (Figura 22 e Apêndice 38). A figura 22 mostra que o bisabolol, na dose de 50 mg/kg, não interfere com a locomoção espontânea dos animais, quando comprada ao grupo controle veículo (13,57 ± 3,22; 23,50 ± 5,05, respectivamente). (Figura 22 e Apêndice 39) Figura 22. Efeito do OEVA e BISA sobre a atividade motora espontânea de camundongos no teste do campo aberto. Veículo (Tween 80 a 3% em água destilada, 10mL/Kg; v.o.), OEVA (200 mg/kg, v.o.), BISA (50 mg/kg, v.o.) 1 h após o tratamento todos os animais foram levados individualmente ao campo aberto e, após 1 min de ambientalização, observados durante 4 min, sendo registrado o número de secções transpassadas pelos animais. Os valores representam a média ± E.M.P. do número de secções transpassadas pelos animais durante o período de observação. Foram utilizados 8 animais por grupo (Teste T não-pareado). 58 5. DISCUSSÃO No Brasil, especialmente no Nordeste, o uso de plantas medicinais e preparações caseiras assume importância fundamental no tratamento de patologias que afetam as populações de baixa renda, tendo em vista a deficiência de assistência médica, a influência da transmissão oral dos hábitos culturais e a disponibilidade da flora (MATOS, 1989). Tendo em vista o uso popular das plantas medicinais, foi investigado no presente estudo, o efeito antiinflamatório tópico e antinociceptivo visceral do óleo essencial do caule da Vanillosmopsis arborea Baker e de seu principal constituinte o (-)-α-bisabolol. O potencial antiinflamatório tópico do OEVA e do BISA foi determinado com a aplicação do modelo de edema de orelha induzido por vários agentes irritantes (GÁBOR, 2000). Esses testes tendem a verificar o potencial antiedematogênico de substâncias aplicadas por via tópica. Além de verificar possíveis propriedades terapêuticas de substâncias no tratamento de inflamações cutâneas agudas, esses modelos fornecem indícios de propriedades importantes, como a absorção e a provável ação local da substância em estudo, devido a sua aplicação direta no foco inflamatório (VANE, 2000). Justifica-se a utilização de diferentes agentes irritantes (óleo de Croton, capsaicina, AA, histamina, fenol) devido ao seu mecanismo de ação edematogênica distintos, simulando afecções cutâneas características ou sugerindo o possível mecanismo de ação antiedematogênica da substância em estudo (BLAZSÓ; GÁBOR, 1995). Com o propósito de investigar uma possível atividade antinociceptiva do OEVA e do BISA na nocicepção visceral que justificasse mais fortemente a utilização terapêutica do mesmo, foram testados cinco modelos de nocicepção visceral: ácido acético, ciclofosfamida, capsaicina, formalina e óleo de mostarda. O óleo de Croton, extraído da planta Croton tiglum, tem como princípios irritantes ésteres de forbol, destacando-se como majoritário o 13-acetato de 12otetracanoilforbol (TPA, do inglês 12-o-tetracanoilphorbol-13-acetate) que é um modelo empregado para avaliar a resposta inflamatória, uma vez que esse agente flogístico induz inflamação cutânea e hiperproliferação celular em animais, semelhantes a diversas doenças de pele como, por exemplo, a psoríase (GÁBOR, 2000). 59 Estudos afirmam que a inflamação aguda induzida pela aplicação tópica de TPA ocorre devido ao aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação, resultando em migração de leucócitos polimorfonucleares (principalmente neutrófilos), liberação de histamina e serotonina e moderada síntese de eicosanoides (6-ceto-PGF1α, PGE2 e LTB4) (PUNGERÓ et al., 1998; BADILLA et al., 2007). O mecanismo pelo qual o TPA exerce seu efeito é decorrente da ativação da proteína quinase C (PKC), bem como da ativação seqüencial de outros grupos enzimáticos, como as proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPK) e a fosfolipase A2 (PLA2), que induz a liberação de Fator de Ativação Plaquetária (PAF) e Àcido Araquidônico (AA) que, consequentemente, desencadeia a produção de eicosanoides inflamatórios via enzimas ciclooxigenase (COX) e lipoxigenase (LOX) (FERRANDIZ et al., 1996; WANG et al., 2001; MURAKAWA et al., 2006). O TPA também parece induzir a expressão de citocinas pró-inflamatórias em queratinócitos da pele, desencadeando o processo inflamatório (WILMER et al.,1994; REDONDO et al., 1997). O edema de orelha induzido por óleo de Croton é um modelo bem estabelecido para a investigação dos efeitos de compostos antiinflamatórios esteroidais e não esteroidais (TOWBIN et al., 1995). Fármacos inibidores da COX e 5-LOX, antagonistas de leucotrienos (LTB4), inibidores seletivos de iNOS e corticosteróides podem demonstrar ação tópica, com redução significativa do edema em modelos animais de inflamação cutânea induzida por óleo de Croton ou TPA (MURAKAWA et al., 2006; MEDEIROS et al., 2009). A aplicação tópica do OEVA e BISA inibiu o edema de orelha, induzido pelo óleo de Croton bem como o glicocorticóide utilizado como controle positivo (dexametasona). Estes dados sugerem, em parte, que o tratamento poderia estar interferindo na expressão de citocinas pró-inflamatórias, como o TNF-α, inibindo a síntese ou atividade da COX-2 e conseqüentemente a inibição da síntese/liberação de prostaglandinas (PGs) ou ainda estar agindo diretamente na via da COX-2 e LOX (BOLLER, 2007). Enquanto uma aplicação única de óleo de Croton fornece dados quanto à atividade antiedematogênica de uma substância num processo inflamatório agudo, a aplicação múltipla de óleo de Croton, em dias alternados, avalia a atividade antiedematogênica num processo inflamatório já estabelecido, com características 60 semelhantes a uma inflamação crônica. A aplicação múltipla de óleo de Croton promove uma reação inflamatória persistente acompanhada do aumento da massa das orelhas, intensa migração de neutrófilos, macrófagos e linfócitos T (CD4+ e CD8+) e hiperproliferação epidérmica (acantose), demonstrando características encontradas em algumas doenças inflamatórias crônicas da pele (STANLEY et al.,1991). Corticosteróides e inibidores da LOX demonstram atividade nesse modelo, enquanto os inibidores da COX e anti-histamínicos demonstram pouco ou nenhum efeito (GREEN; SHUSTER, 1987). Por isso, esse modelo demonstra ação de fármacos que influenciam a liberação de leucotrienos (STANLEY et al., 1991). O OEVA 50 mg/mL foi capaz de inibir significativamente o efeito edematogênico da aplicação múltipla de óleo de Croton na orelha de camundongos após 48 horas do início do tratamento enquanto o OEVA 100 mg/mL inibiu significativamente apenas após 96 horas do início do tratamento. O BISA 35 mg/mL inibiu significativamente o efeito edematogênico da aplicação múltipla de óleo de Croton na orelha de camundongos após 48 horas do início do tratamento. Para auxiliar na investigação sobre o mecanismo pelo qual o OEVA e BISA promovem seu efeito antiinflamatório tópico, foram utilizados outros agentes flogísticos que desencadeiam processos inflamatórios agudos por mecanismos distintos, como o ácido araquidônico, capsaicina, histamina e fenol. O ácido araquidônico (AA) e seus metabólitos estão associados a uma grande gama de doenças inflamatórias cutâneas como dermatite atópica e psoríase. Young et al. (1984) observaram, pela primeira vez, que a aplicação tópica de ácido araquidônico foi capaz de provocar uma intensa resposta inflamatória. A vasodilatação e a hiperemia provocadas pelo AA foram observadas após 5 minutos, enquanto o edema pôde ser visualizado após 15 minutos com pico máximo de 60 minutos, coincidindo com extravasamento de proteínas e leucócitos. Os principais produtos metabólicos do AA que estão envolvidos com processos inflamatórios são a prostaglandina (PGE2) e os leucotrienos C4 e D4 (LTC4/LTD4) (CHANG et al., 1986). A PGE2 é um potente vasodilatador e atua de modo sinérgico com outros vasodilatadores inflamatórios, como a histamina e a bradicinina. A PGE2 intensifica a formação de edema e a infiltração de leucócitos, pelo aumento do fluxo sanguíneo no sítio inflamatório (LEE et al., 2003). Sanches e Moreno (1999) mostraram que a aplicação tópica do AA ou PGE2 induz um aumento da expressão de COX-2. Em adição a esses resultados, Fischer (2002) mostrou que 61 o tratamento de queratinócitos com PGs, aumenta a expressão das duas isoformas de COX através de vias de sinalização de AMPc. Os leucotrienos, produtos da lipooxigenase (LOX), também participam do processo inflamatório causando extravasamento vênular, mudanças no fluxo sangüíneo e eritema. Estudos realizados por Crummey et al. (1987) demonstraram que inibidores da LOX foram capazes de reverter o edema de orelha induzido pelo ácido araquidônico. Vale ressaltar que há metabólitos do AA também responsáveis por degranulação dos mastócitos, liberando histamina: isso significa afirmar que o modelo de edema induzido por AA não é específico para identificar compostos que inibem exclusivamente a COX ou LOX, pois antagonistas da histamina e antioxidantes também são capazes de reduzir o edema induzido por AA (YOUNG et al, 1984; CRUMMEY et al, 1987; BLASZÓ; GÁBOR, 1995). De acordo com os resultados obtidos, assim como no modelo do óleo de Croton, o OEVA e BISA inibiram a resposta inflamatória produzida pelo ácido araquidônico de forma semelhante à indometacina (inibidor da atividade da enzima COX). Esses dados sustentam os resultados obtidos no modelo do edema de orelha induzido pelo óleo de Croton, sugerindo que o tratamento parece interferir na biossíntese dos eicosanóides, pela inibição da COX ou ainda na biossíntese dos leucotrienos, pela inibição da LOX. A capsaicina (8-metil-N-vanilil-6-nonenamida) é um alcaloide irritante presente em plantas do gênero Capsicum (pimentas) e é responsável pelo sabor picante dos frutos dessas espécies. Quando em contato com a pele, a capsaicina exerce efeito imediato sobre um alvo específico, os receptores vaniloides TRPV1, também localizados em fibras aferentes primárias do tipo C e parte das fibras do tipo Aδ, que produz resposta rápida através da liberação de neuropeptídeos, como o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), substância P (SP), taquicininas e as monoaminas como a histamina e a serotonina (GÁBOR; RAZGA, 1992; INOUE et al., 1993; 1995), que aumentam a resposta inflamatória neurogênica imediata, caracterizada por vasodilatação das arteríolas, aumento do fluxo sanguíneo e conseqüente extravasamento plasmático e sensibilização a dor (GÁBOR, 2000). O OEVA e BISA não demonstraram redução significativa do edema de orelha induzido por capsaicina, sugerindo não influenciar as vias inflamatórias 62 ativadas pela capsaicina, como a ativação dos receptores vanilóides ou da própria capsaicina. A histamina causa vasodilatação e um aumento na permeabilidade vascular, promovendo uma resposta edematogênica em poucos minutos (BRAND et al., 2002). Além dessas ações, a histamina ainda estimula fibras nervosas sensitivas através de mecanismos H1-dependentes que resulta em prurido. Uma das principais funções fisiopatológicas da histamina é a sua ação como mediador das reações de hipersensibilidade do tipo I, como a urticária (RANG et al., 2007; BRAND et al., 2002). A histamina é uma amina vasoativa liberada por mastócitios ativados pelas proteínas do complemento C3a e C5a, por leucócitos, por IgE, sendo responsável pelo aumento da permeabilidade vascular e ação vasodilatadora (RANG et al., 2007; KINDT et al., 2008). Anti-histamínicos e corticosteróides apresentam redução do edema induzida por histamina. De acordo com o presente estudo, o OEVA e BISA não foram capazes de reduzir significativamente o edema induzido por histamina, comparada ao controle negativo salina. Este dado sugere não haver envolvimento do OEVA e BISA em vias relacionadas com a histamina, acreditando-se não haver envolvimento do OEVA e BISA na inibição do efeito da histamina produzida na ação edematogênica induzida por AA, e sim na influência da produção de eicosanoides inflamatórios. O edema de orelha induzido por fenol é um bom modelo para simular uma dermatite de contato. Quando há o contato do fenol com a pele, os queratinócitos produzem mediadores químicos importantes na irritação primária de contato, incluindo citocinas associadas a propriedades pró-inflamatórias, tais como IL-1α, TNF-α e IL-8 (LIM et al., 2004). Essas citocinas pró-inflamatórias são produzidas por um mecanismo diferente das vias dependentes da PKC (como ocorre na inflamação induzida por óleo de Croton). É provável que a irritação cutânea seja desencadeada pela ruptura da membrana plasmática dos queratinócitos, e de outros mediadores inflamatórios como os metabólitos do AA e de espécies reativas de oxigênio (ROS), estes últimos também formados devido ao estresse oxidativo (WILMER et al., 1994; MURRAY et al., 2007). O OEVA e BISA reduziram de maneira significativa o edema induzido por fenol quando comparado com o grupo controle. Esse dado também sugere a possível utilização do tratamento em dermatites de contato irritativas. O BISA tem 63 atividade antiinflamatória devido à inibição da síntese de leucotrienos. (KAMATOU et al., 2010) De acordo com os modelos de edema de orelha induzidos por óleo de Croton, AA, capsaicina, histamina e fenol, observa-se que o OEVA e BISA demonstraram comportamento semelhante a fármacos que reduzem a produção de metabólitos do AA. Sugere-se, portanto, que a ação antiedematogênica esteja ligada a fatores que modifiquem a produção de eicosanoides inflamatórios, podendo sua ação estar relacionada à inibição das enzimas COX e LOX e a produção de eicosanoides antiinflamatórios (PGE2, lipoxinas ou outros). Dando continuidade aos nossos estudos, vários modelos de nocicepção visceral podem ser utilizados para avaliar a atividade antinociceptiva visceral. O modelo de nocicepção visceral mais comumente utilizado em camundongos é o teste de contorções abdominais. Este teste envolve a injeção intraperitoneal de substâncias químicas, como o ácido acético. O efeito antinociceptivo do OEVA e BISA já tinha sido demonstrado neste modelo experimental e também no modelo de dor induzida pela administração intraplantar de formalina. Em animais, muitas substâncias algogênicas, como o ácido acético, ciclofosfamida, capsaicina, formalina e óleo de mostarda, quando aplicadas a estruturas viscerais induzem a expressão de comportamentos relacionados à dor envolvendo fibras aferentes sensíveis à capsaicina. (JORDT et al., 2004; KOBAYASHI, 2003; MAGGI et al., 1992). Essas substâncias algogênicas induzem dor, bem como uma reação inflamatória, quando fibras aferentes viscerais são sensibilizadas ou neurônios centrais sofrem uma mudança em sua excitabilidade (sensibilidade central) após persistente ativação visceral (GEBHART, 1995). Tem sido bem estabelecido que muitas substâncias algogênicas induzem comportamentos nociceptivos relacionados à dor em roedores após a aplicação intraperitoneal ou intracolônica, e vários trabalhos revelam que compostos naturais, como os terpenóides, cetonas insaturadas dialdeídos e fenólicos pode suprimir esses comportamentos. (OLIVEIRA et al., 2005) Desconforto e dor são as principais sensações expressas pelas vísceras e ambas aumentam em freqüência e intensidade em pacientes com uma desordem funcional. Nociceptores viscerais sensibilizados podem contribuir para estas 64 sensações alteradas e poucas são as drogas disponíveis para o tratamento da dor de origem visceral (LIMA JÚNIOR, 2005). O OEVA e BISA, nas doses utilizadas, reduziram significativamente o número de comportamentos nociceptivos induzidos por ácido acético em relação ao grupo tratado com veículo, confirmando assim sua atividade antinociceptiva. Embora a inibição das contorções abdominais induzidas por ácido acético represente uma antinocicepção periférica (WEI et al., 1986), o modelo não possui especificidade, desde que uma diversidade de compostos farmacológicos, como antidepressivos tricícliclos (TAKAHASHI; PAZ, 1987), anti-histaminicos (YEH, 1986) e antidepressivos (PETTIBONE; MUELLER, 1981) inibem as contorções abdominais induzidas por ácido acético e mostram uma antinocicepção que pode ser questionada. Estes resultados estão de acordo com o trabalho realizado por SANTOS, 2009 e ROCHA, 2009. A ciclofosfamida é um agente antitumoral utilizado no tratamento quimioterápico do câncer e a cistite é um de seus efeitos colaterais importantes. A ciclofosfamida por si é inerte, porém, após a ativação metabólica no fígado, são geradas acroleína e mostarda fosfamida que parecem ser responsáveis pelos efeitos tóxicos e citostáticos, respectivamente (FRAISER; KEHRER, 1993). Desde a introdução da ciclofosfamida como agente terapêutico em 1958, a cistite hemorrágica tem sido reconhecida como uma complicação que limita sua utilização (PHILIPS et al., 1961). Essa patologia é resultado do acúmulo na bexiga do produto tóxico do metabolismo microssomal hepático da ciclofosfamida, acroleina, responsável pela urotoxicidade (COX, 1979). Estudos demonstram que mediadores inflamatórios endógenos como o fator de ativação plaquetária (PAF), fator de necrose tumoral (TNF) e interleucina 1(IL-1) estão envolvidos na cistite pelo fato de aumentarem a produção do óxido nítrico, um radical livre orgânico, no tecido alvo (GOMES et al., 1995; LIMA, 1994; OTER et al., 2004). A liberação da substância P de neurônios aferentes primários atua perifericamente estimulando a síntese local do óxido nítrico, o que promove um incremento no dano tecidual na bexiga, precipitando a instalação do processo inflamatório e dor, característicos nesta patologia (ALFIERI et al., 2001). O OEVA, (200 mg/Kg e 400 mg/Kg) e BISA (100 mg/Kg e 200 mg/Kg) foram capazes de reduzir de forma significativa o tempo de crises transitórias quando 65 comparado com o grupo controle veículo, assim como reduziu de forma significativa os escores para comportamento nociceptivo em relação ao grupo citado. Os receptores sensíveis à capsaicina, receptores vanilóides do tipo 1 (VR1), encontram-se em neurônios sensoriais. Esta substância tem sido bastante utilizada em estudos envolvendo dor por agir especificamente nas fibras primárias aferentes dos tipos C e Aδ. Quando ativados estes neurônios evocam a sensação de dor em queimação e liberam neuropeptídeos que induzem a inflamação neurogênica (HOLZER, 1991). Outro modelo de nocicepção visceral foi proposto, utilizando a administração intracolônica de capsaicina, sem o uso de anestesia (LAIRD et al., 2001). Neste modelo o pré-tratamento com OEVA, nas doses testadas, reduziu significativamente a expressão de comportamentos nociceptivos relacionados à dor visceral em relação ao grupo controle veículo. Tais resultados apontam para uma atividade antinociceptiva visceral do OEVA. O BISA, nas doses de 100 mg/kg e 200 mg/Kg reduziu o comportamento nociceptivo em relação ao grupo controle veículo. Como o OEVA e BISA não conseguiram inibir o edema de orelha induzido por capsaicina, podemos excluir uma relação direta da ativação de receptores TRPV1 pelo tratamento. A atividade antinociceptiva visceral do OEVA e BISA pode estar relacionada à inibição de sensibilização dos neurônios aferentes primários terminais por prostaglandinas (LEITE el at., 2011). O modelo de dor visceral da formalina assemelha-se a uma dor provocada pela administração intracolônica de outras substâncias, tais como óleo de mostarda e capsaicina (LAIRD et al., 2001). Sabetkasaie et al., 2004 forneceram evidências de que a instilação intracolônica de formalina através do ânus evoca comportamentos diferenciados, que refletem a dor visceral. Neste modelo de nocicepção visceral induzida por formalina, o pré-tratamento com OEVA e BISA, nas doses testadas, reduziu significativamente a expressão de comportamentos nociceptivos em relação ao grupo controle veículo. Tais resultados apontam para uma atividade antinociceptiva visceral do OEVA e BISA. O óleo de mostarda é um potente ativador neuronal que promove alodinia (resposta aumentada a estímulos não-nóxicos) e hiperalgesia (sensibilidade aumentada a estímulos nóxicos) em poucos minutos após aplicação (nocicepção neurogênica). Além disso, ele é capaz de induzir uma colite aguda e transitória (nocicepção não-neurogênica). 66 O Alil-isotiocianato é o maior constituinte do óleo de mostarda, sendo postulada uma ação sobre receptores da capsaicina TRPV1, além de desenvolver lesão tecidual direta com produção de mediadores inflamatórios, como a bradicinina e prostaglandinas. Muito se questiona quanto ao real mecanismo pró-nociceptivo desta substância uma vez que camundongos “knock-out” para o receptor TRPV1 possuem sensibilidade para o óleo de mostarda, sugerindo que a capsaicina, um reconhecido agonista destes receptores, e os isotiocinatos possuem mecanismos moleculares diferentes. Contudo, respostas inflamatórias induzidas por esses agentes irritantes relevam uma dessensibilização cruzada, sugerindo uma convergência entre as vias de sinalização celular (CATERINA et al., 2000). Mais recentemente, um estudo realizado por Bautista et al. (2006), sugeriu a ligação do óleo de mostarda com um receptor específico, denominado TRPA1. Utilizando camundongos “knockout” para esse tipo de receptor, mostrou-se que o TRPA1 é um importante receptor, no qual irritantes e agentes algésicos endógenos se ligam despolarizando nociceptores para causar a dor inflamatória. No modelo do óleo de mostarda, o OEVA e BISA reduziram significativamente o tempo de crises transitórias quando comparado com o grupo controle veículo. As vísceras expressam uma vasta gama de receptores de membrana (incluindo receptores vanilóides, TRPV1) para estímulos químicos, que estão envolvidos na sinalização sensorial desde a periferia até o sistema nervoso central (WOOD, 2004). Os resultados de nocicepção são inibidos, mas o efeito mais pronunciado ocorre sobre o ácido araquidônico, formalina, óleo de mostarda. E o efeito sobre a ciclofosfamida e capsaicina é parcial. Este efeito antinociceptivo pode relacionado ao alto teor de (-)-α-bisabolol encontrado no OEVA, estar uma vez que Alves et al. (2010) relatou que o (-)-α-bisabolol é capaz de reduzir a excitabilidade neuronal de uma forma dependente da concentração e tem atividade nociceptiva visceral (LEITE et al., 2011). Confirmando os dados do (-)-α-bisabolol. O estudo do mecanismo de ação do OEVA releva que aparentemente não existe o envolvimento do sistema opióide na ação antinociceptiva. A naxolona, um antagonista não seletivo do receptor opióde, não conseguiu reverter significativamente o efeito antinociceptivo do tratamento, caracterizando que pode não existir participação deste sistema na modulação inibitória da dor visceral. Mas o BISA em combinação com a naloxona potencializam a atividade nociceptiva. Estas 67 observações sugerem que o BISA não age como agonista do receptor opióde, mas pode eventualmente induzir uma influência modulatória sobre receptores opiódes. O óxido nítrico (NO) é um gás, de secreção parácrina, cuja ação se restringe às proximidades do local onde foi produzido. Vários anos foram necessários para identificar sua ação, já que ele é rapidamente degradado. Nos tecidos, ele é sintetizado pela ação da enzima óxido nítrico sintase sobre o aminoácido L - arginina. O NO se difunde para as células-alvo onde ele ativa a forma citosólica da guanilil ciclase e promove a formação do segundo mensageiro GMPc. (SILVERTHORN, 2003). O NO é responsável pela ativação da guanilato ciclase solúvel e aumento da GMPc intracelular, podendo então modular uma série de funções fisiológicas. Também está envolvido na nocicepção central e periférica, agindo como prónociceptivo, bem como um agente antinociceptivo. Diversos estudos têm evidenciado alguma participação do NO durante a transmissão nociceptiva prolongada, notadamente medular, sugerindo importante papel do NO na dor (DICKENSON, 1995). Entretanto, o mecanismo exato pelo qual o óxido nítrico exerce esse duplo efeito ainda é incerto (MACHELSKA et al., 1997; ZAKARIA et al., 2005). O NO no cérebro atua como neurotransmissor e neuromodulador. Nos vasos sanguíneos, é produzido pelas células endoteliais. Ele então se difunde para as células da musculatura lisa adjacente promovendo o seu relaxamento e por conseqüência a dilatação do vaso sangüíneo. (SILVERTHORN, 2003) Estudos recentes mostraram que o NO estimula a síntese de prostaglandinas inflamatórias ao ativar a isoforma II da ciclooxigenase (COX-2). Por conseguinte, a inibição da via do óxido nítrico pode exercer um efeito benéfico sobre doenças inflamatórias. Os estudos que utilizam inibidores da COX-2 mostraram a necessidade do óxido nítrico para a manutenção da expressão do gene da COX-2. (KATZUNG, 2005). O efeito antinociceptivo do OEVA não foi bloqueado na presença de LNAME, um inibidor da síntese do NO, sugerindo que o efeito nociceptivo parece não estar relacionado do NO. Confome (LEITE el at., 2009), que o efeito gastroprotetor não se relaciona com a via do NO. Mas o BISA em combinação com L-NAME mostrou um efeito antinociceptivo mais pronuncciado. Estas observações sugerem que o BISA pode eventualmente induzir uma influência modulatória sobre a via 68 nitrérgica. O L-NAME utilizado na gastroproteção não se relaciona com a via do óxido nítrico (ROCHA et al., 2009). A ativação dos receptores α2 por vias descendentes noradrenérgicas exerce um efeito regulador inibitório importante na modulação da dor aguda e a hiperalgesia inflamatória, possuindo um papel essencial não somente na dor de origem somática, mas também na de origem visceral (MANSIKKA et al., 2004), atuando via proteína Gi na inibição da enzima adenilato ciclase para aumentar o efluxo celular de K + e suprimir as correntes de Ca+2, o que impede a continuidade da liberação de substância P e glutamato pelos terminais nervosos (MILLAN, 2002). Para avaliação do estudo do envolvimento dos receptores noradrenérgicos α2, o efeito inibitório do OEVA sobre o comportamento dos animais não foi revertido pela ioimbina, sugerindo a não participação dos receptores α2 em seu mecanismo de ação. Contrariando (LEITE el at., 2009), que o efeito gastroprotetor possivelmente se relaciona com os receptores α2. A ioimbina não poderia reverter a antinocicepção produzida pela BISA, sugerindo que α2-adrenérgicos não desempenham qualquer papel. O agonista dos receptores adrenérgicos α2 tem sido mostrado para induzir efeito antinociceptivo no modelo experimental de colite induzida por formalina em ratos e reduzir a hipersensibilidade visceral em ambientes clínicos (MIAMPAMBA et al., 1992; BLACKSHAW e GEBHART, 2002). Os canais K+ATP depentes demonstraram ter um envolvimento nos processos de dor. A ativação desses canais levam a uma hiperpolarização celular, diminuindo os níveis de Ca2+ intracelular e reduzindo a liberação de neurotransmissores, desse modo levando à antinocicepção (ASSANO et al., 2000; OCANA et al., 2004). Dependendo da localização, esses canais podem agir direta ou indiretamente nos sinais de transmissão de dor. Atualmente, vários anestésicos usados clinicamente agem por interagir com canais de potássio. Alguns produtos naturais também possuem essa mesma ação (McCURDY; SCULLY, 2005). Os canais de K+ATP - dependentes (K+ATP) pertencem a uma grande família de proteínas de membrana. Estes canais regulados por ligantes são definidos tendo por base a sua sensibilidade ao ATP intracelular, que inibe sua atividade. (SILVERTHORN, 2003). As sulfoniluréias exercem a sua principal ação sobre as células β, estimulando a secreção de insulina, reduzindo, assim, o nível plasmático de glicose. Existem receptores de alta afinidade das sulfoniluréias nos canais de K+ATP na 69 membrana plasmática das células β e a ligação de várias sulfoniluréias acompanha sua potência na estimulação da liberação de insulina. O fármaco reduz a permeabilidade das células β ao K+ ao bloquear os canais de K+ATP, causando despolarização, entrada de Ca2+ e secreção de insulina (KATZUNG, 2005). O influxo de Ca2+ pode ser o suficiente para causar degeneração das terminações nervosas, que leva dias ou semanas para se recuperar (RANG, 2007). O efeito antinociceptivo do OEVA e BISA não foi bloqueado de forma significativa na presença de glibenclamida (5 mg/kg i.p.), um bloqueador dos canais de potássio ATP - dependentes (K+ATP). Mostrando que possivelmente o efeito nociceptivo não é dependente desta via. Confome (LEITE el at., 2009 e ROCHA et al., 2009), que o efeito gastroprotetor não se relaciona com o bloqueador dos canais de potássio ATP - dependentes (K+ATP). A serotonina estimula as terminações nervosas sensitivas nociceptivas (mediadoras da dor) um efeito mediado principalmente pelos receptores 5-HT3. A ondansetrona – antagonistas de receptores 5-HT3, é utilizada como antieméticos, particularmente para controlar náuseas e vômitos graves que ocorrem com muitas formas de quimioterapia do câncer. Os receptores serotonérgicos 5-HT3 estão presentes na periferia dos terminais nervosos vagais e no nível central da zona quimiorreceptora disparadora da área postrema. (RANG, 2007). O efeito antinociceptivo do OEVA não foi bloqueado de forma significativa na presença de Ondasentrona. Mostrando que possivelmente o efeito antinociceptivo não seja dependente desta via. Mas o BISA em combinação com a Ondasentrona mostrou um efeito antinociceptivo mais pronunciado, sugerindo que o BISA pode atuar modulando esta via. O receptor da capsaicina (TRPV1) está presente tanto nos sistema nervoso central (no corno dorsal da medula espinhal) como periférico, nos terminais dos neurônios sensoriais aferentes exercendo funções integrativas de estímulos químicos e físicos relacionados à dor. O receptor TRPV1 foi caracterizado como um canal iônico não seletivo, que não discrimina cátions mono ou bivalentes, exercendo uma notável preferência pelos últimos, principalmente Ca 2+ (TOMINAGA et al., 1998). Esses neurônios aferentes primários sensíveis à capsaicina estão envolvidos não somente com a percepção da dor de origem somática e visceral, mas também possuem funções efetoras sensoriais, onde promovem a liberação dos estoques 70 neuronais de neuropeptídios, substância P e CGRP (peptídeo relacionado ao gene da calcitonina), através de um mecanismo dependente de Ca2+ pela ativação do VR1 (LIDDLE; NATHAN, 2004). O vermelho de rutênio, um antagonista não-competitivo do receptor TRPV1 que atua mediante bloqueio do influxo de Ca 2+ através do canal associado ao receptor, inibe a atividade excitatória mediada pela capsaicina, além de inibir a liberação dos estoques intracelulares de Ca2+ por bloquear receptores de rianodina (SZALLASI; BLUMBERG, 1999). Para avaliação do envolvimento do receptor TRPV1, como parte do mecanismo de ação do OEVA e BISA no modelo de dor visceral induzida por óleo de mostarda, utiliza-se o vermelho de rutênio. O efeito antinociceptivo do OEVA não foi bloqueado de forma significativa na presença de vermelho de rutênio (3 mg/kg, s.c.). Mostrando que possivelmente o efeito nociceptivo não seja dependente desta via. No entanto, quando os animais foram pré-tratados com BISA e vermelho de rutênio, em combinação, houve potencialização do efeito antinociceptor do BISA. Estas observações sugerem que possívelmente o BISA induz uma influência modulatória sobre receptores vanilóides. O bloqueio de ação de uma via inibitória, como a opióide, por exemplo, poderia estar causando uma potencialização da transmissão da via nociceptiva, como abertura de canais seletivos para sódio e cálcio. Isso poderia contribuir para o aumento do potencial inibitório de um inibidor seletivo, como possivelmente o BISA e, caso esse possua predileção por canais iônicos. Não diria nem inibidor, pois antagonistas possuem afinidade pelo sítio receptor tanto na forma ativa, como na forma inativa. Eles se ligam no sítio receptor e evitam que o agonista se ligue. Chamaria de um potencial efeito agonista inverso, o qual tem afinidade pelo estado inativo do receptor (canal). Seria o provável mecanismo de ação do BISA. Esse fenômeno não acontece com o OEVA, pois neste caso, temos uma mistura de constituintes, o que leva a uma inespecificidade de ação, mesmo que o BISA esteja presente em concentração majoritária. A dor relacionada aos testes comportamentais utilizados para selecionar agentes potencialmente antinociceptivos pode ter algumas limitações. Por exemplo, não está claro qual extensão de sedação ou alterações nas funções motoras podem influenciar o resultado deste teste. Agonistas da adenosina, por exemplo, que produzem efeitos comportamentais, como uma inibição da atividade locomotora, 71 demonstraram efeito antinociceptivo (KARLSTEN et al., 1992). Estudos sugerem que a sedação do sistema nervoso central e o efeito músculo-relaxante nãoespecífico podem reduzir a resposta de coordenação motora (SOJA et al., 2002). No presente estudo, o OEVA e BISA, não demonstraram diminuir a movimentação espontânea dos animais no teste de campo aberto. Essas observações sugerem que o OEVA e BISA não possuem ação depressora sobre o SNC, ação esta que poderia influenciar o efeito antinociceptivo. Evidências in vivo nos mostram que OEVA e BISA são agentes antiinflamatórios tópicos eficazes em modelos experimentais de dermatite aguda e crônica sugerem que isso pode servir como uma fonte para o desenvolvimento de drogas eficazes em dermatoses inflamatórias, como dermatite atópica ou de contato e psoríase. Além disso, inibem nocicepção visceral induzida por diversos agentes, cujo mecanismo de ação necessita de mais estudos para ser elucidado. 72 6. CONCLUSÕES O OEVA e BISA possuem efeito antiinflamatório agudo e crônico quando administrado topicamente em camundongos no modelo de edema induzido por óleo de Croton; A redução do edema induzido por ácido araquidônico sugere a diminuição dos efeitos de metabólitos inflamatórios do AA, podendo sua ação estar ligada à inibição de COX e LOX ou receptores de prostaglandinas e/ou à produção de eicosanóides antiinflamatórios; O OEVA e BISA não foram capazes de reduzir o edema induzido pela capsaicina nem pela histamina, sugerindo que o tratamento não inibe a liberação de mediadores vasoativos como CGRP, substancia P, taquicininas, histamina e serotonina; A aplicação de OEVA e BISA em dermatites de contato irritativas demonstraram ser eficaz pela redução de edema induzido por fenol; O OEVA e BISA revelaram uma atividade antinociceptiva nos modelos de dor visceral induzida por ácido acético, ciclofosfamida, capsaicina, formalina e óleo de mostarda; O estudo do mecanismo de ação antinociceptivo induzido por óleo de mostarda do OEVA sugere que não há envolvimento dos sistemas opióide e adrenérgico, dos receptores α2, 5-HT3, dos canais K+ATP, do óxido nítrico, sobre os receptores TRPV1; O estudo do mecanismo de ação antinociceptivo induzido por óleo de mostarda do BISA nos sistemas opióide e do óxido nítrico, 5-HT3, sobre os receptores TRPV1 potencializaram a ação, podendo eventualmente induzir uma influência modulatória. A inibição é inespecífica e o BISA pode ser possivelmente um agonista inverso; 73 A atividade locomotora não foi alterada pelo pré-tratamento com OEVA ou BISA, sugerindo que o efeito antinociceptivo não está relacionado a um efeito relaxamento muscular. 74 BIBIBLIOGRAFIA AKBAR, A.; WALTERS, J.R.F.; GHOSH, S. Review article: visceral hypersensitivity in irritable bowel syndrome: molecular mechanisms and therapeutic agents. Alimentary Pharmacology Therapeutics, v. 30, p. 423–435, 2009. ALFIERI, A.B.; MALAVE, A.; CUBEDOU, L.X. Nitric oxide synthases and cyclophosphamide-induced cystitis in rats. Naunyn Schmiedeberg’s Archives of Pharmacology, v. 363, p. 353 - 357, 2001. ASANNO, T.; DOHI, S.; LIDA, H. Antinociceptive action of epidural K+ATP channel openers via interaction with morphine and an α2-adrenergic agonist in rats. Anesthesiology, v. 90, p. 1146-1151, 2000. BADILLA, B.; CAMBRONERO, J.; CICCIÓ, J. F.; et al. 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Efeito do OEVA sobre o edema induzido pela aplicação múltipla de óleo de cróton (OC) em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 11,62 ± 1,92 Dexametasona 4 3,92 ± 0,33b OEVA 50 8,38 ± 1,47 OEVA 100 15,02 ± 2,69 Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,05 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 87 Apêndice 04. Efeito do BISA sobre o edema induzido pela aplicação múltipla de óleo de cróton (OC) em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 13,74 ± 1,01 Dexametasona 4 5,23 ± 1,81a BISA 35 10,93 ± 1,11 BISA 70 12,88 ± 1,33 Valores expressos em média + E.P.M. (ap<0,01 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 05. Efeito do OEVA sobre o edema induzido pela aplicação de ácido araquidônico (AA) em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 9,81 ± 1,45 Indometacina 100 2,37 ± 0,65a OEVA 50 3,86 ± 0,73a OEVA 100 6,38 ± 0,71c Valores expressos em média + E.P.M. (cp<0,05; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 06. Efeito do BISA sobre o edema induzido pela aplicação de ácido araquidônico (AA) em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 9,81 ± 1,45 Indometacina 100 2,37 ± 0,65a BISA 35 4,89 ± 0,97b BISA 70 4,53 ± 0,99b Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,01; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 88 Apêndice 07. Efeito do OEVA sobre o edema induzido pela aplicação da Capsaicina (CAP) em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 3,84 ± 0,55 Dexametasona 4 2,84 ± 0,44 OEVA 50 3,57 ± 0,86 OEVA 100 3,46 ± 0,69 Valores expressos em média + E.P.M. (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 08. Efeito do BISA sobre o edema induzido pela aplicação da Capsaicina (CAP) em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 3,84 ± 0,55 Dexametasona 4 2,84 ± 0,44 BISA 35 3,87 ± 0,44 BISA 70 2,55 ± 0,74 Valores expressos em média + E.P.M. (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 09. Efeito do OEVA sobre o edema induzido pela aplicação intradérmica de histamina em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 4,78 ± 0,56 Dexametasona 4 2,84 ± 0,26a OEVA 50 4,56 ± 0,33 OEVA 100 3,77 ± 0,25 Valores expressos em média + E.P.M. (ap<0,01 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 89 Apêndice 10. Efeito do BISA sobre o edema induzido pela aplicação intradérmica de histamina em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 3,25 ± 0,53 Dexametasona 4 1,55 ± 0,36 BISA 35 1,84 ± 0,45 BISA 70 1,72 ± 0,46 Valores expressos em média + E.P.M. (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 11. Efeito do OEVA sobre o edema induzido pela aplicação de fenol em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 24,78 ± 5,61 Dexametasona 4 9,38 ± 2,56b OEVA 50 11,86 ± 3,45b OEVA 100 6,60 ± 1,96b Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,05 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 12. Efeito do BISA sobre o edema induzido pela aplicação de fenol em camundongos Swiss Grupo Dose (mg/mL) Edema (mg) Veículo - 24,78 ± 5,61 Dexametasona 4 9,38 ± 2,56a BISA 35 9,84 ± 1,67 a BISA 70 7,60 ± 2,15 a Valores expressos em média + E.P.M. (ap<0,01 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 90 Apêndice 13. Efeito do OEVA sobre nocicepção visceral induzida por ácido acético Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/min Veículo - 46,63 ± 7,96 OEVA 100, v.o. 20,25 ± 2,17b 200, v.o. 18,25 ± 6,08 b 400, v.o. 18,63 ± 3,86 b Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,01 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 14. Efeito do BISA sobre nocicepção visceral induzidas por ácido acético Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/min Veículo - 48,63 ± 10,81 BISA 50, v.o. 10,50 ± 2,94a 100, v.o. 8,50 ± 3,20a 200, v.o. 8,43 ± 2,57a Valores expressos em média + E.P.M. (ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 15. Efeito do OEVA sobre o tempo de crises transitórias no teste de nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida Grupo Dose (mg/Kg) Tempo de crises transitórias (min) Normal - 10,89 ± 1,48 Veículo - 27,82 ± 0,77b OEVA 100, v.o. 25,03 ± 1,10b 200, v.o. 18,02 ± 1,11ª,b 400, v.o. 23,78 ± 0,70b,c Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,05 vs normal; cp<0,05; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 91 Apêndice 16. Efeito do BISA sobre o tempo de crises transitórias no teste de nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida Grupo Dose (mg/Kg) Tempo de crises transitórias (min) Normal - 17,68 ± 2,17 Veículo - 29,42 ± 0,44b BISA 50, v.o. 30,19 ± 0,97b 100, v.o. 20,73 ± 1,06a 200, v.o. 18,90 ± 1,60a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,05 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 17. Efeito do OEVA sobre o escore de comportamento nociceptivo no teste de nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/escore Normal - 22,20 ± 4,93 Veículo - 60,43 ± 0,87b OEVA 100, v.o. 53,80 ± 1,96b 200, v.o. 39,00 ± 2,46ª,b 400, v.o. 50,00 ± 2,42b,c Valores expressos em média + E.P.M..(bp<0,05 vs normal; cp<0,05; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 92 Apêndice 18. Efeito do BISA sobre o escore de comportamento nociceptivo no teste de nocicepção visceral induzida por ciclofosfamida Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/escores Normal - 26,83 ± 4,56 Veículo - 68,83 ± 2,92b BISA 50, v.o. 52,17 ± 2,60ª,b 100, v.o. 30,33 ± 1,15a 200, v.o. 25,50 ± 3,01a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,05 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 19. Efeito do OEVA sobre nocicepção visceral induzida por capsaicina Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/30min Normal - 10,25 ± 6,21 Veículo - 37,25 ± 5,97b OEVA 100, v.o. 5,75 ± 2,02a 200, v.o. 9,25 ± 2,24a 400, v.o. 5,88 ± 2,24a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 93 Apêndice 20. Efeito do BISA sobre nocicepção visceral induzida por capsaicina Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/30min Normal - 10,25 ± 6,21 Veículo - 84,38 ± 12,99c BISA 50, v.o. 87,00 ± 19,30c 100, v.o. 31,00 ± 13,11d 200, v.o. 15,33 ± 10,82d Valores expressos em média + E.P.M. (cp<0,01 vs normal; dp<0,01 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 21. Efeito do OEVA sobre nocicepção visceral induzida por formalina Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/60min Normal - 22,63 ± 5,86 Veículo - 98,00 ± 16,65b OEVA 100, v.o. 20,00 ± 5,80a 200, v.o. 33,75 ± 8,68a 400, v.o. 28,57 ± 5,32a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 94 Apêndice 22. Efeito do BISA sobre nocicepção visceral induzida por formalina Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/60min Normal - 198,6 ± 47,87 Veículo - 344,6 ± 50,21c BISA 50, v.o. 103,0 ± 16,21a 100, v.o. 140,4 ± 25,51a 200, v.o. 75,13 ± 13,44a Valores expressos em média + E.P.M. (cp<0,01 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 23. Efeito do OEVA sobre nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 4,29 ± 1,09 Veículo - 45,00 ± 11,02b OEVA 100, v.o. 10,71 ± 1,48a 200, v.o. 6,13 ± 1,16a 400, v.o. 4,20 ± 1,46a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 95 Apêndice 24. Efeito do BISA sobre nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 21,57 ± 7,13 Veículo - 107,8 ± 25,01b BISA 50, v.o. 21,67 ± 7,99a 100, v.o. 33,83 ± 10,28a 200, v.o. 27,17 ± 11,05a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 25. Efeito da Naloxona, L-NAME, Ioimbina, Glibenclamida, Ondasentrona e Vermelho de Rutênio no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 18,14 ± 3,44 Veículo - 44,17 ± 5,59b Ioimbina 2, i.p. 22,88 ± 3,53d Ondasentrona 0,5, i.p. 44,75 ± 5,8a L-NAME 20, i.p. 27,13 ± 3,74 Glibenclamida 5, i.p. 40,88 ± 8,39b Vermelho de Rutênio 3, s.c. 29,25 ± 4,98 Naloxona 1, i.p. 2,63 ± 0,46b,c Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,05; ap<0,01 vs normal; c p<0,001 vs controle veículo); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). d p<0,05; 96 Apêndice 26. Efeito da Naxolona sobre a antinocicepção do OEVA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 5,00 ± 0,33 Veículo - 32,38 ±3,09b OEVA 200, v.o. 3,75 ± 1,52ª OEVA + Na 200, v.o. + 2, i.p. 5,00 ± 0,96a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 27. Efeito da Naxolona sobre a antinocicepção do BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 88,25 ± 18,59 Veículo - 181,9 ± 24,07c BISA 50, v.o. 115,7 ± 25,33d BISA + Na 50, v.o. + 2, i.p. 54,25 ± 11,83a Valores expressos em média + E.P.M. (cp<0,01 vs normal; dp<0,05; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 97 Apêndice 28. Efeito do L-NAME sobre a antinocicepção do OEVA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 3,88 ± 1,22 Veículo - 45,38 ± 5,73b OEVA 200, v.o. 10,50 ± 3,86a OEVA + L-NAME 200, v.o. + 2, i.p. 8,13 ± 2,36a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 29. Efeito do L-NAME sobre a antinocicepção do BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 88,25 ± 18,59 Veículo - 181,9 ± 24,07c BISA 50, v.o. 115,7 ± 25,33d BISA + L-NAME 50, v.o. + 20, i.p. 31,25 ± 8,64ª,e Valores expressos em média + E.P.M. (cp<0,01 vs controle normal; ep<0,05 vs BISA; d p<0,05; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 98 Apêndice 30. Efeito da Ioimbina sobre a antinocicepção do OEVA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 4,25 ± 1,77 Veículo - 28,50 ± 4,00b OEVA 200, v.o. 2,50 ± 1,09a OEVA + Ioimbina 200, v.o. + 2, i.p. 3,75 ± 1,37a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 31. Efeito da Ioimbina sobre a antinocicepção do BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 4,25 ± 1,77 Veículo - 28,50 ± 4,00b BISA 50, v.o. 1,29 ± 0,75a BISA + Ioimbina 50, v.o. + 2, i.p. 5,75 ± 1,77a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 99 Apêndice 32. Efeito da Glibenclamida sobre a antinocicepção do OEVA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 3,88 ± 1,22 Veículo - 45,38 ± 5,73b OEVA 200, v.o. 10,50 ± 3,86a OEVA + Glibenclamida 200, v.o. + 5, i.p. 9,88 ± 2,33a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 33. Efeito da Glibenclamida sobre a antinocicepção do BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 88,25 ± 18,59 Veículo - 181,9 ± 24,07c BISA 50, v.o. 115,7 ± 25,33d BISA + Glibenclamida 200, v.o. + 5, i.p. 86,57 ± 15,61d Valores expressos em média + E.P.M. (dp<0,05; cp<0,01 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 100 Apêndice 34. Efeito da Ondasentrona sobre a antinocicepção do OEVA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 3,88 ± 1,22 Veículo - 45,38 ± 5,73b OEVA 200, v.o. 10,50 ± 3,86a OEVA + Ondasentrona 200, v.o. + 0,5, i.p. 5,38 ± 1,50a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 35. Efeito da Ondasentrona sobre a antinocicepção do BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 88,25 ± 18,59 Veículo - 181,9 ± 24,07c BISA 50, v.o. 115,7 ± 25,33d BISA + Ondasentrona 50, v.o. + 0,5, i.p. 57,13 ± 11,07a Valores expressos em média + E.P.M. (cp<0,01 vs normal; dp<0,05; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 101 Apêndice 36. Efeito do Vermelho de Rutênio sobre a antinocicepção do OEVA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 9,50 ± 3,82 Veículo - 26,00 ± 2,40b OEVA 200, v.o. 7,38 ± 1,59a OEVA + Vermelho de Rutênio 200, v.o. + 3, s.c. 5,38 ± 1,10a Valores expressos em média + E.P.M. (bp<0,001 vs normal; ap<0,001 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 37. Efeito do Vermelho de Rutênio sobre a antinocicepção do BISA no modelo de nocicepção visceral induzida por Óleo de Mostarda Grupo Dose (mg/Kg) Número de Comportamento de dor/20min Normal - 88,25 ± 18,59 Veículo - 181,9 ± 24,07c BISA 50, v.o. 115,7 ± 25,33d BISA + Vermelho de Rutênio 50, v.o. + 3, s.c. 61,71 ± 8,41e Valores expressos em média + E.P.M. (cp<0,01 vs normal; dp<0,05; ep<0,01 vs controle); (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). Apêndice 38. Efeito do OEVA sobre teste de campo aberto em camundongos Grupo Dose (mg/Kg) Número de Campos explorados/4min Veículo - 55,25 ± 6,41 OEVA 200, v.o. 33,67 ± 5,46 Valores expressos em média + E.P.M. (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 102 Apêndice 39. Efeito do BISA sobre teste de campo aberto em camundongos Grupo Dose (mg/Kg) Número de Campos explorados/4min Veículo - 23,50 ± 5,05 BISA 50, v.o. 13,57 ± 3,22 Valores expressos em média + E.P.M. (ANOVA e Teste de Student-Newman-Keul). 103 PUBLICAÇÕES Artigos Publicados: LEITE, G.O.; LEITE, L.H.I.; SAMPAIO, R.S.; ARARUNA, M.K.A.; MENEZES, I.R.A.; COSTA, J.G.M.; CAMPOS, A.R. (−)-α-Bisabolol attenuates visceral nociception and inflammation in mice. Fitoterapia, v. 82, p. 208 – 211, 2011. LEITE, G.O.; SAMPAIO, R.S.; LEITE, L.H.I.; MENEZES, I.R.A.; COSTA, J.G.M.; CAMPOS, A.R. Attenuation of visceral pain in mice by the essential oil from Vanillosmopsis arborea bark. Revista Brasileira de DOR, 2011. Apresentações de trabalhos em congressos: 1. LEITE, G.O.; SAMPAIO, R.S.; LEITE, L.H.I.; MENEZES, I.R.A.; COSTA, J.G.M.; CAMPOS, A.R. EFEITO ANTINOCICEPTIVO VISCERAL DO ÓLEO ESSENCIAL DE vanillosmopsis arborea NO MODELO DE DOR VISCERAL INDUZIDA POR FORMALINA. X Encontro de Pós-Graduação e Pesquisa UNIFOR, Fortaleza, 2010. 2. LEITE, G.O.; SAMPAIO, R.S.; LEITE, L.H.I.; MENEZES, I.R.A.; COSTA, J.G.M.; CAMPOS, VANILLOSMOPSIS A.R. O ARBOREA ÓLEO ESSENCIAL ATENUA A DOR DO CAULE DE VISCERAL EM CAMUNDONGOS. 9º Congresso Brasileiro de DOR, Fortaleza, 2010. 3. LEITE, G.O.; SAMPAIO, R.S.; LEITE, L.H.I.; MENEZES, I.R.A.; COSTA, J.G.M.; CAMPOS, A.R. O BISABOLOL DIMINUI A DOR VISCERAL EM CAMUNDONGOS. 9º Congresso Brasileiro de DOR, Fortaleza, 2010. 4. LEITE, G.O.; ARARUNA, M.K.A.; SARAIVA, R.A.; MENEZES, I.R.A.; COSTA, J.G.M.; CAMPOS, A.R. EFEITO ANTIINFLAMATÒRIO DO ALFA-BISABOLOL EM MODELOS DE INFLAMAÇÂO CUTÂNEA EM CAMUNDONGOS. 62/ª Reunião Anual da SBPC, Natal, 2010. 104 5. LEITE, G.O.; ARARUNA, M.K.A.; SARAIVA, R.A.; MENEZES, I.R.A.; COSTA, J.G.M.; CAMPOS, A.R. TOPICAL ANTIINFLAMMATORY EFFECT OF VANILLOSMOPSIS ARBOREA BARK ESSENTIAL OIL IN MICE. V Simpósio Iberoamericano de Plantas Medicinais, Itajaí, 2010.