ABRIL 2014 EDITORIAL WWW.PORTUGALMAG.FR 3 Pedro António DIRECTOR A revista bilingue da comunidade portuguesa em França Frankelim Amaral DIRECTOR DE REDACÇÃO Director Pedro ANTÓNIO Director de redacção Frankelim AMARAL Propriedade e Edição FP Productions Sede 97 avenue Emile Zola, 75015 Paris Contactos Tel. Comercial: 06 63 78 17 13 - Tel. Informação: 06 08 91 15 50 Email: [email protected] Web: www.portugalmag.fr - www.facebook.com/portugalmag Journalistes accrédités auprès de l'UNESCO Composição gráfica Folheto Edições & Design Praça Madre Teresa de Calcutá, Lote 115, loja 1 2410-363 Leiria – Portugal Tel./Fax: 00351 244 815 198 | [email protected] Colaboradores Susana Patarra, Guida Amaral, Maria-Yvonne Frutuoso, Vitor Santos, Adélio Amaro (Portugal), Magali Terrasson, Mário Pina, Lucia Lopes, Angélique David-Quinton, Manuel Moreira, Susana Alexandre, Serge Farinho, Mario Cantarinha, Manuel do Nascimento, Maria Fernanda Pinto, Alfredo Lima Fotógrafos Teresina Amaral, Marla Maciel, Maryline da Cunha Portugal Magazine é uma publicação mensal gratuita Agence de Presse Lusa Publicidade ISSN 2105-7761 Tiragem 15.000 exemplares Todos os direitos reservados Os textos assinados são da responsabilidade dos autores e não reflectem, necessariamente, a opinião da revista Chegamos ao mês de abril, dia 25 irá ser festejado em Portugal e pelas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, o 40° aniversário da Revolução dos Cravos, data que marcou uma página importante na história do nosso país. No dia 25 de abril de 1974, a população portuguesa recuperou a liberdade de pensar, de exprimir-se libremente depois de acabar com o regime de ditadura instaurado por Salazar que oprimiu o seu povo durante cerca de 50 anos. Leia nesta edição nosso dossier especial sobre esta data, e encontre na agenda todos os numerosos eventos organizados pelas associações. Também nesta edição, diversos artigos relacionados com as eleições municipais que decorreram nas duas últimas semanas de Março em França, é de saudar a presença de muitos portugueses e lusodescendentes na vida política, empenhando papeis importantes. Nossos parabens a todos, assim que ao Hermano Sanches Ruivo, reeleito Conselheiro na Mairie de Paris, grande defensor de tudo quanto toca à comunidade portuguesa residente em França. Esperemos que todos os eleitos mantenham uma ligação forte com Portugal nas suas políticas, tal é o apelo de José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades, num artigo a ler nesta edição. Dia 20 de abril, festeja-se a Páscoa, a celebração mais importante da Igreja Cristã, onde se comemora a Ressureição de Jesus Cristo. A Páscoa está inserida na Semana Santa, onde na Sexta Feira Santa é celebrada a crucificação de Jesus, e no Domingo de Páscoa se celebra a Ressurreição e sua primeira aparição para os seus discípulos. A figura do coelho está simbolicamente relacionada a esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas. Cuidado neste dia com os doces e não exagerar com o chocolate e amêndoas ! A todos os nossos leitores desejamos-lhes uma Santa Páscoa e uma boa leitura. Recherche de Commerciaux H/F autonomes, organisés et dotés d’un bon sens du relationnel, ayant pour mission de développer un portefeuille clients composé de professionnels de la communauté portugaise à Paris et Ile-de-France. Ainsi, vos principales responsabilités seront de définir la stratégie commerciale de prospection, cibler les entreprises à prospecter, effectuer principalement de la prospection terrain. Le permis B ainsi qu’un véhicule sont nécessaires. Rémunération attractive. Si vous êtes intéressé, envoyez votre CV à [email protected] ABRIL 2014 4 WWW.PORTUGALMAG.FR ÍNDICE 23 06 Francisco Seixas da Costa dá o seu ponto de vista sobre as eleições municipais 08 40.º Aniversário da Revolução do 25 de abril de 1974 28 “Esculturas do meu fado”: a fadista e escultora portuguesa Cristina Maria expõe pela primeira vez em França Tocam os sinos, é domingo de Páscoa 29 10 Felícia Glória da Assunção-Pailleux é um símbolo do Corpo Expedicionário Português 12 Cada vez mais população a sair de Portugal O português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, é o futebolista mais rico do mundo 30 A paixão pela música de Sabrina Simões 15 Daniel Bastos apresentou em Paris o livro “Fafe - história, memória e património” 17 Semaine culturelle Portugaise du 25 Avril au 3 Mai 2014 18 Família Teixeira ganhou pela segunda vez o prémio para a “Melhor Baguete de Paris” 34 Serra ou mata nacional do Buçaco e o museu militar 36 Empresas colectivas – Por qual devo optar? 40 Distritos de Portugal ABRIL 2014 POLÍTICA WWW.PORTUGALMAG.FR 5 José Cesário, apela a portugueses e lusodescendentes que foram eleitos nas municipais francesas para mantarem uma ligação com Portugal nas suas políticas O SECRETÁRIO DE ESTADO DAS COMUNIDADES, José Cesário, afirmou que vários portugueses e lusodescendentes foram eleitos nas municipais francesas, a quem apelou que garantam uma ligação com Portugal nas suas políticas. "Percebemos que houve um aumento claro do número de recenseados e houve mais movimentações a nível da comunidade no sentido de se envolverem nestas eleições. Há muitas personalidades da comunidade que foram eleitas", disse José Cesário, acrescentando tratar-se de "um fator de satisfação muito grande". O governante lembrou que os portugueses e lusodescendentes que agora vão desempenhar cargos políticos são "eleitos franceses, independentemente de terem também nacionalidade portuguesa" e, como tal, "devem obediência a um mandato que lhes é conferido pelos eleitores". O Governo português pede aos eleitos que mantenham "uma ligação com Portugal". "Pedimos que não esqueçam as respetivas origens, que as tenham muito pre- sentes, e que em políticas de natureza social, de promoção cultural, a nível da língua portuguesa, de promoção dos produtos portugueses, eles consigam fazer uma ligação com Portugal e com as respetivas comunidades locais", sublinhou Cesário. Questionado sobre o aumento dos resultados eleitorais da Frente Nacional (extrema-direita), numa altura em que países como a Alemanha e a Suíça endurecem as medidas contra os imigrantes, José Cesário disse que "este tipo de crescimento dos partidos radicais é cíclico, acontece quando há alguma indefinição nos projetos políticos e nos projetos económicos e quando há um aumento substancial do desemprego". "A Europa está a viver uma fase de redefinição muito grande, o projeto europeu está a necessitar de um grande amadurecimento", acrescentou, mostrando-se convicto de que "com o previsível crescimento económico, que se está a adivinhar, haverá uma recuperação dos partidos mais moderados, de centro, independentemente de serem mais de centro-esquerda ou de centro-direita". Cristina Semblano, foi eleita na primeira volta das eleições municipais francesas representando o Bloco de Esquerda em França FRANKELIM AMARAL Cristina Semblano, economista e representante do Bloco de Esquerda em França foi eleita na primeira volta das eleições municipais francesas, deputada municipal à Câmara de Gentilly e deputada municipal delegada à aglomeração de municípios do Val de Bièvre qui reagrupa as cidades de Gentilly, Arcueil, L'Hay les Roses, Fresnes, Kremlin-Bicêtre, Villejuif e Cachan. A lista de união da Esquerda que integrava a candidata portuguesa conduzida por Patricia Tordjamn, Presidente da Câmara de Gentilly que se recandidatou para um segundo mandato, obteve 68.1% dos votos e elegeu 28 deputados municipais sobre 33 (dos quais 6 /7 vão ter assento na aglomeração de municípios) deixando para trás a lista de direita (UMP) que obteve 31.9% dos votos e elegeu 5 deputados. A morar apenas há um ano e meio neste município limítrofe do Sul de Paris, que conta com uma população de cerca de 17 000 habitantes e uma presença portuguesa forte, a actual deputada municipal adoptou Gentilly e foi por ela adoptada. Defini-a como uma cidade bela e rebelde, rebelde como o demonstrou o resultado da eleição a contrário do movimento de direita (e extrema-direita) que percorre a França e fraterna por ter erigido os valores da solidariedade e da fraternidade como baluarte. Contente com os resultados do seu munícipio, a também ex-cabeça de lista do Bloco às legislativas, vê com apreensão os resultados das eleições em França. A componente nacional no voto local é por demais evidente e demonstra o repúdio do povo francês pelas políticas de austeridade levadas a cabo por François Hollande que em 2012, tinha incarnado a seus olhos a esperança de um novo rumo. Ora, esse novo rumo não necessita de uma mudança de governo, mas de uma mudança de políticas: as que invertam as actuais trajectórias do desemprego, da precariedade, da exclusão, da destruição da classe média e essa mudança não é possível no âmbito da actual arquitectura institucional europeia. A campanha para as eleições europeias deverá, na sua opinião, ser um palco de pedagogia, de confrontos e de debates com os cidadãos sobre a actual Europa e a Europa possível. Sobre a realidade de países como Portugal, Grécia, Chipre ou Espanha, exemplo vivo do que a Europa pode advir. É nesse palco de confronto, debate e pedagogia, que se empenhará a ex-cabeça de lista do Bloco às legislativas e agora também deputada municipal de Gentilly. 6 ABRIL 2014 POLÍTICA WWW.PORTUGALMAG.FR Antigo embaixador de Portugal em Paris Francisco Seixas da Costa dá o seu ponto de vista sobre as eleições municipais O ANTIGO EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM PARIS, Francisco Seixas da Costa, considerou "altamente preocupante" a subida do peso eleitoral da Frente Nacional em França e que "tem vindo a estruturar-se desde as eleições presidenciais de 2012". "Há vários meses que a perda de força do Partido Socialista e a possível ascensão da Frente Nacional estava em praticamente todas as previsões", afirmou Seixas da costa, no dia em que o primeiro-ministro francês e o seu executivo se demitiram, na sequência da pesada derrota dos socialistas nas eleições municipais realizadas no domingo. "Talvez a debacle do Partido Socialista fosse algo surpreendente na sua dimensão, mas a sua derrota é normal", acrescentou. Seixas da Costa salientou que "há manifestamente em certos setores de França, em particular no sul, no leste e no norte, a parte mais oriental da França, um aparecimento de núcleos muito fortes marcados pela crise económica e onde há emanações nazistas, xenófobas, bem claras". O ex-diplomata pormenorizou que "há por vezes transferência direta de votos do antigo Partido Comunista para a Frente Nacional", que tem vindo a aumentar o seu peso desde que Marine Le Pen teve 17,8% nas presidenciais de 2012. Trata-se de "pessoas que, perante o aumento do desemprego e em particular as questões de natureza securitária, tendem a refugiar-se numa lógica de maior autoridade e de policiamento mais forte". Sobre eventuais consequências dos resultados eleitorais para a comunidade portuguesa, Seixas da Costa minimizou: "Em princípio não. A comunidade portuguesa está protegida pela legislação relativa aos cidadãos comunitários e, além do mais é vista, diria quase de forma unânime, como uma comunidade que se integrou muitíssimo bem na sociedade francesa". A comunidade portuguesa não só "não é conflitual com os valores fundamentais, mesmo aqueles que são tradicionalmente mais ligados a uma ideia da França tradicional", como "o discurso da Frente Nacional é muito ligado a comunidades que têm uma identidade étnica e uma diferença em FRANCISCO SEIXAS DA COSTA termos de matriz cultural muito contrastante com a vida dos franceses", justificou. O ex-embaixador em Paris considerou ainda "uma surpresa" a dimensão da abstenção nestas eleições: "Não há tradicionalmente uma abstenção muito elevada. A vida política em França motiva muito os cidadãos a votar. Foi uma surpresa." A explicação pode estar no "desencanto" das pessoas com os políticos. "Traduz, de certo modo, algo que começa a verificar-se em muitos países europeus, que é um desencanto em relação à coisa política, às soluções que os políticos podem apresentar aos cidadãos, não acreditar nem na esquerda nem na direita. Esse é o sinal de um certo afastamento relativamente à questão política", justificou. As eleições autárquicas, realizadas em duas voltas nos dois últimos domingos, foram marcadas por uma abstenção recorde, de cerca de 36,3%, e tiveram um balanço muito negativo para a esquerda, mas muito favorável para o centro-direita, que recuperou o terreno perdido em 2008, e um bom resultado para a Frente Nacional, de extrema-direita. O Presidente de França, François Hollande, anunciou a nomeação como primeiro-ministro do atual ministro do Interior, Manuel Valls, em substituição de JeanMarc Ayrault. A nomeação foi anunciada numa mensagem televisiva do chefe de Estado francês, um dia depois de uma pesada derrota do Partido Socialista francês nas eleições municipais, que levou Ayrault e o seu governo a demitirem-se. 8 ABRIL 2014 ARTES WWW.PORTUGALMAG.FR “Esculturas do meu fado”: a fadista e escultora portuguesa Cristina Maria expõe pela primeira vez em França A ESCULTORA E FADISTA CRISTINA MARIA apresenta, a partir do mês de abril, a exposição "esculturas do meu fado", no Centrum Sete Sóis Sete Luas, em Frontignam, França. Na abertura da exposição, Cristina Maria irá interpretar alguns fados do seu repertório, acompanhada apenas pela guitarra portuguesa de Custódio Castelo. Esta exposição, que levou cerca de dois anos a preparar, foi apresentada pela primeira vez em junho passado no Museu do Fado, em Lisboa, e mostrou-se em vários espaços nacionais, como o Convento de Cristo, em Tomar, o Museu de Aveiro e a Casa-Museu Guerra Junqueiro, no Porto, tendo igualmente seguido para Pontederam, na Itália. Cristina Maria afirmou que, através desta exposição, procura "exprimir o duplo sentimento de mar, o fado", que canta e de que gosta, assim como a cantaria em pedra, de que é mestre, "igualmente uma arte tradicional portuguesa", destacou. A exposição integra apenas esculturas em mármores e calcários pretos e brancos, à exceção da escultura de ho- menagem a Amália Rodrigues, em vermelho de Alicante. "O branco e o negro são, para mim, as cores representativas do fado, destacando-se um vermelho de Alicante que é minha homenagem à minha grande inspiração, Amália Rodrigues", afirmou Cristina Maria. A escultura dedicada à criadora de "Povo que lavas no rio" mede 1,50 metros e "é a mais pesada", disse. Além de Amália, são homenageados outros nomes do fado como o guitarrista e compositor Custódio Castelo, o fadista Fernando Maurício, o músico Jorge Fernando, o viola baixo Joel Pina e o construtor de guitarras Óscar Cardoso. A escultura dedicada a Custódio Castelo, músico que habitualmente acompanha a fadista, intitula-se "Inquietude", é em ferro e em calcário preto do Alqueidão da Serra e tem 1,60 metros. "Procurei, através da pedra, exprimir inovação, genialidade, criação e forma de reinventar o instrumento, como acompanhador e também como solista, do músico Custódio Castelo". "Todos os fadistas são homenageados através da escultura 'Fado menor', de 1,23 metros, que representa o xaile da fadista em repouso, no cadeirão de ferro, guardando a dor, a solidão e a saudade". "É uma escultura em mármore ruivina e ferro", explicou. A canção de Coimbra é homenageada com "Verdes Anos", em calcário preto do Alqueidão da Serra e mármore branco da Grécia, remetendo o seu título para a composição homónima de Carlos Paredes. A mostra no Centrum Sete Sóis Sete Luas, em Frontignam, estará patente até 29 de maio. Centrum Sete Sóis Sete Luas Avenue Frédéric Mistral 34110 Frontignan ABRIL 2014 GASTRONOMIA WWW.PORTUGALMAG.FR 9 Festival da Gastronomia Portuguesa da Região de Paris com deliciosos pratos e petiscos TEVE LUGAR NO FINAL DO MÊS DE MARÇO o Festival da Gastronomia Portuguesa da Região de Paris, esta foi a 12.ª edição, cada vez mais um número crescente de franceses, marcou presença neste festival, mas a grande maioria foram lusófonos que saborearam os deliciosos pratos e petiscos. Foram muitos os visitantes durante esta semana do festival. A maior parte já veio no ano anterior e gostaram, e por isso vieram novamente, agora com amigos. Fernando Lopes, diretor da radio Alfa, ficou bastante contente com a adesão dos visitantes, e lembra que desde 12 anos esta iniciativa tem vindo cada vez a melhorar e ter sempre mais visitantes ente- Pub. resados pela culinária portuguesa, pelo qual o deixa orgulhoso salientou o diretor da rádio da comunidade portuguesa na região de Paris. Esta iniciativa teve início, a partir de uma ideia do embaixador de Portugal, António Monteiro, que achou que era bom ter aqui alguma coisa que divulgasse a gastronomia portuguesa", disse ainda Fernando Lopes. O festival aconteceu nas instalações da Rádio Alfa, nos arredores de Paris, com refeições ao almoço e ao jantar. Este ano a gastronomia portuguesa foi levada à região de Paris pelo restaurante 'O Cortiço', de Viseu, que serviu, arroz de carqueja, cabrito assado à pastor da serra e vitelinha na púcara à lavrador de Cavernães entre outros saborosos pratos, e os hotéis RR, do Algarve, que propuse- ram lombo de porco recheado com figos secos, molho de castanha de Monchique, salpicos, bife de espadarte à moda da Salema, arroz de tamboril e camarão da costa algarvia com aroma a poejo entre outras receitas. Nesta edição de 2014 passaram pelo Festival da Gastronomia Portuguesa da Rádio Alfa, mais de 2 500 pessoas. 10 ABRIL 2014 COMEMORACÃO WWW.PORTUGALMAG.FR BATALHA DE LA LYS I GUERRA MUNDIAL Felícia Glória da Assunção-Pailleux é um símbolo do Corpo Expedicionário Português COM 87 ANOS, FELÍCIA GLÓRIA DA ASSUNÇÃO-PAILLEUX, filha de um soldado português, é um símbolo do Corpo Expedicionário Português que combateu no norte de França durante a I Guerra Mundial, e mantém viva, até hoje, a memória do pai. Felícia nasceu em França, filha de pai português, "o que era algo original na época", "Não era banal ser português numa vila do norte de França no início do século XX", contou Felícia da Assunção-Pailleux. O seu pai, João Manuel da Costa Assunção, era serralheiro em Portugal quando, com 22 anos, deixou o país para se juntar ao Corpo Expedicionário no norte de França. Foi um dos sobreviventes da Batalha de La Lys, em 1918, que aconteceu na sequência da ofensiva alemã contra as forças britânicas, nas quais se encontrava inserido o Corpo Expedicionário Português que acabou por perder cerca de dois mil homens nesta batalha, que se encontram sepultados no Cemitério Militar Português Richebourg. "O meu pai fez 440 dias de trincheira 2.685 dias de guerra", sabe de cor a filha do porta-bandeira, "soldado n.º 13.044, do 23.º Regimento, 4.ª companhia, 2.a divisão", acrescentou. Depois da guerra, João da Costa Assunção decidiu permanecer em França por amor. CORPO EXPEDICIONÁRIO NO NORTE DE FRANÇA CEMITÉRIO MILITAR PORTUGUÊS RICHEBOURG Casou com a mãe da senhora Pailleux em 1920 e tiveram 15 filhos. "Éramos 15 crianças, era preciso trabalhar. O papá partiu muito cedo por ter trabalhado muito, fazia muitas coisas", explicou madame Pailleux. João Manuel da Costa Assunção morreu em França em 1975, mas é recordado até hoje pela filha, que portou a bandeira original do pai até 2010, altura em que a ofereceu ao Museu da Liga dos Combatentes, em Portugal e foi convidada por Cavaco Silva para as comemorações do centenário da República Portuguesa, em Lisboa. O soldado português era "um guardião da cultura lusitana", assegurou a filha, que não trouxe a bandeira, mas vestiu as cores de Portugal numa gravata vermelha com a cruz portuguesa. A filha do soldado português falou com à margem de uma conferência em memória da participação do Corpo Expedicionário Português na primeira Guerra Mundial de 1914 à 1918, na Casa de Portugal, em Paris. 12 ABRIL 2014 EMIGRACÃO WWW.PORTUGALMAG.FR Cada vez mais população a sair de Portugal e poucos são o que escolhem Portugal para imigrarem PORTUGAL É O SEGUNDO PAÍS DA UE com mais emigrantes em percentagem da população e um dos com menos imigrantes, o que cria uma alarmante situação demográfica, mais grave do que a dos anos 60. O alerta foi lançado por Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração, durante a conferência "Emigração portuguesa contemporânea", que decorreu em Lisboa. O investigador explicou que, na União Europeia, apenas Malta, país que tem menos de um milhão de habitantes, tem maior percentagem de emigrantes do que Portugal. Além disso, Portugal é um dos países com menos imigrantes em percentagem da população. A conjugação destes dois dados coloca o país no "quadrante da repulsão do sistema migratório europeu", onde Rui Pena Pires coloca os países que afastam mais população do que atraem, como a Lituânia, a Roménia ou a Bulgária. "Portugal está a aproximar-se do grupo dos países de leste menos desenvolvidos", afirmou o investigador do ISCTE Instituto Universitário de Lisboa. Embora reconheça que a situação atual não é nova e que já nos anos 60 Portugal tinha mais emigração do que imigração, Pena Pires sublinhou que atualmente há uma agravante. Para o investigador, os efeitos da emigração dos anos 60 puderam ser parcialmente contrariados pelo repatriamento de África nos anos 70, que representou o regresso de meio milhão de pessoas em ano e meio. Atualmente, no entanto "não é previsível qualquer fenómeno migratório vagamente semelhante ao do repatriamento, pelo que a situação é hoje muito mais aguda do ponto de vista recessivo populacional do que nos anos 60". Aos jornalistas, o cientista explicou que "tudo depende da retoma do crescimento económico", mas alertou que, se esta demorar muito, " torna-se muito difícil corrigir os défices demográficos entretanto acumulados". "Neste momento o saldo é negativo" reiterou o investigador, que estima em 90 a 95 mil o número de saídas anuais de emigrantes. Este valor é ligeiramente inferior à estimativa do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, que fala em 120 mil saídas, mas Rui Pena Pires diz que a sua estimativa é de emigrantes permanentes, que ficam fora por mais de um ano, excluindo os temporários. O investigador João Peixoto, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), fez uma intervenção menos pessimista do que a de Rui Pena Pires, alertando que a par das saídas, é preciso contabilizar as reentradas de emigrantes. Analisando os dados do Censos 2011, João Peixoto e a sua equipa concluíram que entre 2001 e 2011 regressaram a Portugal 230 mil pessoas nascidas em Portugal e que tinham estado emigradas durante mais de um ano. "É significativo ver que 10% da população portuguesa em 2011 já tinha residido mais de um ano no estrangeiro", acrescentou o cientista. Os dados do Censos permitiram concluir que só entre 2009 e 2011 regressaram 35 mil pessoas, sobretudo jovens entre os 25 e os 34 anos, que tinham estado em países como o Reino Unido, a Suíça, Espanha ou Angola. Embora reconhecendo que muitas pessoas regressam e voltam a sair, Peixoto disse, que é preciso não olhar apenas para os números de saídas, mas também pensar "que há um movimento muito mais complexo que muitas vezes passa por um regresso a Portugal". Ainda assim, o investigador admitiu que "a deterioração da situação portuguesa desde 2011 até 2013 deverá ter feito cair as reentradas" e sublinhou que mesmo em 2011 é provável que o saldo entre saídas e reentradas fosse negativo. E recordou que é preciso conjugar outras variáveis demográficas: "Não estamos apenas com um problema de perda grave em termos migratórios, estamos com um problema de fecundidade baixíssima e de envelhecimento muito forte". "Quando se nasce pouco, vive-se até muito tarde, entram poucos estrangeiros e muitos portugueses saem, temos fortes razões para sermos pessimistas", reconheceu, alertando que o risco é que Portugal se torne um país cada vez mais periférico dentro da Europa. Como resumiu Rui Pena Pires: "A emigração tem sido boa para as pessoas porque tem permitido que resolvam os problemas na situação de crise extrema em que estamos, mas para o país não tem sido a melhor solução". 14 ABRIL 2014 CONVÍVIO WWW.PORTUGALMAG.FR Jantar da Academia do Bacalhau de Paris na sala Vasco da Gama ALFREDO DE LIMA No passado dia 27, as comadres e compadres da Academia do Bacalhau de Paris reuniram-se na sala Vasco da Gama, aproveitando a Semana da Gastronomia Portuguesa organizada pela Radio Alfa. Ao programa, um donativo de 7.500 euros pela parte da ABP a favor do forcado Nuno Mata numa sala repleta de 250 pessoas. A Academia do Bacalhau de Rouen também vai contribuir em breve com a soma de 500 euros. A associação de Pub. Bienfaisance presidida pelo Sr Manuel Oliveira do Raincy, decidiu oferecer a cadeira elétrica ao Nuno. O jantar contou com a presença do grande futebolista Valdo que dando algumas palavras ao Nuno, prometeu-lhe que daria como donativo uma parte do cachêt a quando do seu jubileu no Estadio da Luz (grande homem que também sofreu com a morte da filha). Neste jantar também esteve presente, com a sua esposa, o Sr. Teixeira, galordoado com o prémio da melhor baguette de Paris. Da parte dos alocutores, começando pelo cavaleiro Ribeiro Teles que começou por frisar a sua carreira e por fim deu o elogio ao Nuno pela sua camaradagem e a entreajuda entre os forcados na arena frente ao touro. O Pedro Coelho dos Reis também descreveu o seu trajeto de carreira dizendo que o Nuno foi aquele companheiro com quem aprendeu muito nesta entrega de entreajuda que é o meio taurino. Por fim o Nuno descreveu o seu percurso em todas as praças Portuguesas, Espanholas, Francesas e Mexicanas. A ABP aproveitou a Semana da Gastronomia Portuguesa para organizar seu jantar mensal na sala Vasco da Gama, onde os dois restaurantes presentes, serviram uma boa refeição. ABRIL 2014 LITERATURA / HISTÓRIA WWW.PORTUGALMAG.FR 15 Daniel Bastos apresentou em Paris no Consulado Geral de Portugal o livro “Fafe - história, memória e património” O HISTORIADOR DANIEL BASTOS apresentou em Paris, um livro sobre Fafe escrito em português, francês e inglês. "Este livro é o corolário de um conjunto de trabalhos e estudos que tenho desenvolvido nos últimos anos sobre a história de Fafe, que agora assumem um formato conciso e universal", explicou o historiador. Para Daniel Bastos, o facto de a obra estar traduzida para inglês e francês "permite que qualquer pessoa que queira visitar ou conhecer a história e o património do concelho, nomeadamente emigrantes de segunda ou terceira geração, tenham um livro que é um cartão-de-visita de Fafe". O trabalho designa-se "Fafe - história, memória e património", foi traduzido por Paulo Teixeira e ilustrado com cerca de uma centena de fotografias a preto e branco de José Pedro Fernandes. A apresentação decorreu no Consulado Geral de Portugal, dirigindo-se sobretudo à comunidade emigrada em França. O historiador, de 34 anos, acrescentou que o livro, de 300 páginas, "transmite uma imagem global e fundamentada da evolução do território concelhio, das origens à atualidade". Para Daniel Bastos, a obra "constitui um autêntico cartão-de-visita para todos os que queiram conhecer e visitar o concelho de Fafe", no distrito de Braga. A apresentação da obra foi feita pelo poeta e pintor francês Gérald Bloncourt, que também assina o prefácio do livro. Fotos: Mário Cantarinha 25 de abril, 40.° aniversário A REVOLUÇÃO DA PRIMAVERA, a primavera suave dos Cravos, uma Revolução pacífica, abril em Portugal. Portugal deu uma lição revolucionária ao Mundo. MANUEL DO NASCIMENTO Antes do 25 de abril 1974, havia um homem, que se chamava António de Oliveira Salazar, o chefe do Estado Novo. Salazar corrompia os que o serviam para melhor o servirem. Não era um corrupto, era um corruptor. Sabia no entanto fazê-lo e com quem fazê-lo. A política era pensada por elites, dirigida por elites. O Estado Novo salazarista reprimia a vida política e intelectual do País. Salazar, refugiava-se na ideia de um império colonial português. As guerras na África onerosas e em vão, começaram progressivamente, chegando até às elites, militares e políticos a semear a discórdia. O golpe de Estado obedeceu a um planeamento muito cuidadoso e a uma execução de grande eficácia, baseada em prin- cípios militares muito simples; surpresa, coordenação e concentração de forças. Acontece que a história de um País vira. É o caso do 25 de abril de 1974, em que a Revolução dos Cravos instala um poder democrático em Portugal. O sucesso do golpe de Estado do 25 de abril de 1974, teve um apoio forte e imediato da população de Lisboa e do País. O povo português percorria as ruas de Lisboa gritando com lágrimas de alegria: Vi- tória Vitória... Na quinta-feira, dia 25 de abril de 1974, cerca das 0h20, e na Rádio Renascença, ouve-se a canção Grândola vila morena de Zeca Afonso. Era o sinal para o início das operações militares. Pouco a pouco, todos os pontos estratégicos do País estavam no poder do Exército. Só mais tarde, às 18h39, uma viatura (Bula) entra na caserna do Carmo de Lisboa, para transportar Marcello Caetano, refugiado durante a noite, a pedido de Silva Pais, diretor da Pide. Mais tarde, às 19h30, é dado o conhecimento da rendição do governo. A população estava na rua para manifestar a sua alegria. "O Povo Unido, jamais será Vencido". O Povo estava lá. E nós hoje? 40 anos depois! É de relembrar esta data e de a contar aos nossos filhos e netos. Não esquecer, que com a participação de hoje, é construir o amanhã. ABRIL 2014 COMMÉMORATION WWW.PORTUGALMAG.FR 17 Semaine culturelle Portugaise du 25 Avril au 3 Mai 2014 A L’OCCASION DU 40ÈME ANNIVERSAIRE de la Révolution des œillets au Portugal (1974 – 2014), l’APCS à décidé de fêter l’événement avec une semaine culturelle du 25 Avril au 3 Mai 2014. Pourquoi une semaine culturelle, parce que la Révolution des œillets, représente la fin du fascisme au Portugal et l’ouverture sur la démocratie, l’ouverture sur la liberté d’expression, de toutes les expressions, notamment la culture. Cette semaine s’articulera donc sur 4 modules différents : Une Exposition Photographique : « Regards sur le Portugal » du 25 avril au 3 Mai 2014, aux Passerelles à entrée libre. 25 Avril à 19h00 : Nous ouvrons cette semaine culturelle le 25 Avril, date emblématique de la révolution des Œillets, par un Vernissage de l’exposition « Regards sur le Portugal ». En présence des 3 photographes : Gerald Bloncourt, Philippe Martins et David Martins. - Gérald Bloncourt, nous donne sa vision du Portugal et notamment l’immigration portugaise des années 60-70, qui fuyait le fascisme et la misère pour venir travailler en France. Il capte ce moment d’histoire du Portugal, en fixant dans l’image, les regards, les conditions de vie des portugais arrivés en France dans les années 60-70. Leur humilités, leur courage, leurs conditions de vie, tout y ai. - Philippe Martins et David Martins, deux photographes luso descendants de Pontault-Combault, née en France et amoureux du Portugal, nous montrent leurs regards sur leur pays d’origine, les instants de vie attrapés au détour d’un regard, l’art de rue, l’architecture, ce qui fait le Portugal d’aujourd’hui. Cinéma / Cinéma Apollo : le Portugal vu par le cinéma le 27 avril à 15h00, - entrée 5 euros pour l’après-midi - 15h00 – « Les Grandes Ondes » : film de Lionel Baier, Regards drôles et décalés d’une équipe de journalistes Suisses pendant la Révolution du 25 Avril au Portugal. On y découvre un Portugal libéré, avec une soif de toutes les libertés, meures, morale, et culture. - 16h25 Lisboa Orchestra : court métrage de Guillaume Delaperriere, regards original et musical sur Lisbonne. - 16h40 : Entracte : En présence de José Vieira et échange sur le Portugal et le 40ème anniversaire de la révolution des Œillets, autour d’un verre accompagnés de « Pasteis de Nata » (pâtisserie lisboète) - 17h00 – « Les émigrés » film de José Vieira - Histoire d’un village du Portugal où presque tous les habitants ont émigré à la recherche d’une vie meilleure. Le film tente de comprendre ces hommes et ces femmes qui ont fuis le fascisme et la misère et qui sont devenus, un jour, des étrangers. Concert de Fado : Katia Guerreiro aux Passerelles le 29 avril à 20h30, - entrée adhérents APCS 12 euros / Non adhérents APCS 20 euros. Une fois par an, les Passerelles en par- tenariat avec l’APCS invitent une figure majeure de la diversité musicale Portugaise. En 2011 : Déolinda, en 2012 : Oquestrada, et cette année la grande Katia Guerreiro. Katia Guerreiro, grande ambassadrice du Fado. Musique fortement ancrée dans les profondeurs de l’âme portugaise. Le Fado se devait d’être présent pour cette semaine culturelle portugaise. Véritable bande son du Portugal, le Fado est depuis peu, rentré dans le patrimoine mondial de l’UNESCO. En fin de concert, nous invitons le public à boire un verre et échanger. Théâtre : « Résistance » aux Passerelles le 3 mai à 20h30, - entrée libre. Pièce de Joaquim Pires, tantôt dramatique, tantôt humoristique ; sur la période salazariste et le soulèvement contre le fascisme des années 70 au Portugal. Entre rire et larme, véritable témoignage sur ce qu’a été le fascisme portugais et la « Révolution des Œillets ». « Résistance » soulève certaines questions qui sont aujourd’hui d’une grande actualité : Comment résister et prendre son destin en main malgré la misère. Le Portugal d’aujourd’hui est le fruit de cette histoire, il nous semblait important de finir cette semaine par ce témoignage. ASSOCIATION PORTUGAISE CULTURELLE & SOCIALE CENTRE CULTUREL FRANCO-PORTUGAIS 62, rue Lucien Brunet 77340 Pontault-Combault Tél.: 01 70 10 41 26 E-mail: [email protected] site: apcs77.free.fr 18 ABRIL 2014 COMUNIDADE WWW.PORTUGALMAG.FR Família Teixeira ganhou pela segunda vez o prémio para a “Melhor Baguete de Paris” A PASTELARIA "AUX DÉLICES DU PALAIS", cujo dono é português, ganhou pela segunda vez o prémio para a "Melhor Baguete de Paris", e irá fornecer o Palácio do Eliseu no próximo ano. António Teixeira chegou a França com seis anos, em 1998 ganhou o prémio da Melhor Baguete de Paris. Em 2014, o filho, Anthony Teixeira, seguiu as pisadas do pai e voltou a conquistar o galardão. "Há muito mais visibilidade porque na primeira vez que ganhámos, podiam dizer que foi um bocado de sorte. Agora mostrámos que a haver sorte, é mínima. Hoje temos uma qualidade comprovada, não é uma sorte", disse António Teixeira. Questionado sobre a origem da sabedoria que leva a família a conquistar os troféus, António Teixeira responde que não a foi buscar a Portugal, porque aprendeu o ofício com franceses, mas não nega que haja uma certa "saudade portuguesa" na massa do melhor pão de Paris. O filho, Anthony Teixeira, reconhece os ensinamentos do Pub. PORTUGUÊS ANTÓNIO TEIXEIRA GANHA PRÉMIO DA MELHOR BAGUETTE DE PARIS PELA SEGUNDA VEZ pai e espera agora ganhar o prémio no concurso que abrange toda a região de Paris. "Ele deu-me algumas bases e depois fazemos à nossa maneira, melhoramos de ano para ano", afirma. "É um grande orgulho porque tenho 24 anos", revelou Anthony, que considera "incrível" a possibilidade de fornecer o Eliseu. Para concorrer à Melhor Baguete de Paris o produto deve ter entre 55 e 65 centímetros, pesar 250 e 300 gramas e ter um nível de sal de 18 gramas por quilo de farinha. As baguetes concorrentes são de seguida avaliadas segundo critérios de cozedura, gosto, odor e aparência. Concorreram este ano 187 baguetes, avaliadas por um júri composto por 15 membros, entre os quais o vencedor da Melhor Baguete de Paris de 2013. 20 ABRIL 2014 OPINIÃO WWW.PORTUGALMAG.FR Não mata mas mói! AURÉLIO PINTO Pedro Almeida Cabral escreveu no « Expresso » do 2 de Março de 2014 um artigo intitulado « Dez razões para apoiar o Acordo Ortográfico ». Começou por minimizar, tentando irónicamente ridicularizar, a opinião daqueles que se opõem ao dito acordo. Escamoteando o facto de que os opositores, para além de serem muitos milhares de cidadãos de todos os horizontes, têm no seu seio grandes línguistas, professores, escritores, jornalistas, historiadores, artistas e até alguns políticos, etc... Vou responder-lhe colocando o meu comentário a seguir ao seu. Durante o dia de hoje, os nossos deputados terão finalmente uma questão verdadeiramente importante para decidir: devem ou não as consoantes mudas sobreviver? Será que Portugal deixa de ser Portugal e que os portugueses deixam de ser portugueses se passarmos a escrever sem as consoantes mudas? Portugal nunca deixou de ser Portugal apesar do elevado nível de analfabetismo, mais letra menos letra, não é disso que se trata. Devemos condenar à morte estas periclitantes letrinhas? Andamos tão entretidos com questões menores como o desemprego elevado, a emigração galopante e os cortes definitivos nas pensões que não estamos suficientemente atentos para a maior ameaça à maneira de viver portuguesa: o Acor- do Ortográfico. É na altura em que o País anda preocupado com as questões maiores (que são as que cita como menores) que nos querem fazer « engolir » o AO, que na realidade é também uma questão maior e cuja solução, contráriamente ao que pretende dar a entender, não interfere com os outros problemas. Pelo menos, é essa a ideia que fica cada vez que se lê mais um artigo contra o Acordo Ortográfico. Ainda esta semana, foram publicados vários deles no jornal Público. Clama-se contra a invasão estrangeira. Brame-se pelo português de lei. Invectivam-se os traidores da pátria portuguesa. Mas será que o Acordo Ortográfico nos vai condenar a uma nova Idade Média de trevas e ignorância? Será que podemos viver normalmente sem consoantes mudas? O que me parece é que há pelo menos dez boas razões para apoiar o Acordo Ortográfico. É evidente que por vezes certas mudanças são aceitáveis e até necessárias, (reconheço que também nesses casos há oposição, haverá sempre), mas já se viu que por isso ninguém se suicidou ! Mas mudar por mudar, quando a única motivação é nivelar pelo baixo, na vã esperança de transformar « cábulas em bons alunos » ou de ganhar mais uns tostões em troca de uns « ces » e de uns hífenes... Não mata mas mói ! 1. Começando pelo princípio. Foi Portugal que, em 1911, alterou a grafia da língua portuguesa sem consultar o Brasil, o que fez com que passasse a haver duas ortografias para a mesma língua. O Acordo vem resolver este erro histórico. Quando em 1911(*) se alterou a grafia (no Brasil já havia uma grafia diferente, pelo menos no terreno) ninguém impediu o Brasil de se alinhar. É assim que procedem franceses e ingleses e nunca se ouviu queixas de ninguém. 2. As alterações do Acordo Orográfico facilitam a aprendizagem. Quer de crianças, quer de estrangeiros. Por uma razão simples: as palavras passam a ficar mais próximas da forma como se lêem. Quando os próprios professores, obrigados a aplicar já o AO, andam atrapalhados, como andarão os alunos, ao lerem os clássicos das bibliotecas ou mesmo na Internet, escritos antes do AO ? Sejam eles portugueses ou não a balbúrdia é a mesma. E diga-me lá, que ganha um chinês de Macau ou um africano seja de onde for, que queira estudar português ao aprender se agora certos « ces » caíram ? De facto não ganha para um fato ! 3. O Acordo Ortográfico apenas afeta um número diminuto de palavras, cerca de 1,6%. O que significa que as alterações trazidas pelo Acordo são mínimas face ao português que se escreve. Então para quê mudar, se a diferença é tão limitada, que, o quê ou quem fica a ganhar com isso ? 4. As escolas portuguesas já ensinam conforme o Acordo Ortográfico. As leis portuguesas já são publicadas conforme o Acordo Ortográfico. O Governo já governa conforme o Acordo Ortográfico. A maioria dos jornais já publica conforme o Acordo Ortográfico. Parece impossível, mas tudo isto acontece sem revolta, dor ou trauma. De modo inconsciente e à força de muita publicidade, este Governo tenta introduzir este Acordo Ortográfico por tudo quanto é sítio; mas se não há revolução (não é caso para tanto) revolta há e não é pouca. Já pesou as petições assinadas contra o AO ? Não lhe chegou aos ouvidos a voz dos contestatários ? Advogados, tribunais, Centros Culturais, escritores, jornalistas e tantos outros. Do Ministério da Cultura não, esse já não existe ! 5. Entrando no Acordo, é evidente que nunca poderia haver qualquer acordo com o Brasil para unificar a ortografia que não abrangesse as consoantes mudas. É que, simplesmente, os brasileiros não as afloram nem as pronunciam. Pois, tem de se fazer um acordo porque os brasileiros se não afloram nem pronunciam as consoantes mudas, correm o risco de corte de relações diplomáticas ! Eis uma boa razão. 6. E quem acha que abdicámos da nossa forma de escrita, é bom lembrar que o Brasil também cedeu e deixou, por exemplo, de usar o trema em algumas palavras, como no «u» em linguiça. Sendo a língua falada no Brasil o Português, o Brasil não cedeu, alinhou-se ou corrigiu (mas a linguiça não perdeu qualidade). 7. Há apenas oito países no mundo que têm o português como língua oficial. E só há duas ortografias, a portuguesa e a brasileira. Chegar a um consenso quanto à forma de escrever é relativamente fácil. O que é altamente vantajoso para uma língua falada em quatro continentes por mais de 250 milhões de pessoas. A nossa língua é falada (já) nos quatro continentes, mas cada um com as suas particu- ABRIL 2014 OPINIÃO / CRIMINALIDADE laridades e compreendida por todos. É também utilizada por dezenas de autores por esse mundo fora, que adoramos, em que é que este Acordo Ortográfico vai melhorar a situação ? Baralha os que escrevem bem e para os outros... ? Com a fasquia a 20cm do solo, todos são saltadores em altura ! 8. Numa perspectiva egoísta, o Acordo Ortográfico contribui, de forma modesta, para que o português do Brasil se mantenha português do Brasil e não se torne brasileiro. Sim, interessa-nos que o português seja falado por mais de 200 milhões de pessoas na América do Sul. Os ingleses não mudam a língua por causa da América ou da Índia, como os franceses não mudam nada por cau- sa do Québec. Não é por isso que esses países dizem falar americano ou quebequês. E para as nossas diferenças regionais ? Também se faz um acordo « à casa » ? 9. O Brasil já aplica o Acordo Ortográfico e, ao contrário do que se diz, não o rasgou nem o rejeitou. Apenas prolongou o período de transição em que se podem utilizar as duas grafias, a antiga e a nova, que passou de 2012 para 2015. Aliás, todos os países de língua oficial portuguesa já ratificaram o Acordo Ortográfico. A única exceção é Angola que, mesmo assim, tem dado alguns sinais de querer rever a sua posição. O Brasil empurrou o Acordo Ortográfico para 2015 e como todos os outros países está a avançar em marcha WWW.PORTUGALMAG.FR atrás, sinónimo do pouco interesse que ele suscita, senão já o teriam apanhado com mãos ambas. 10. Finalmente, um dos argumentos mais repetidos é que não devemos escrever como os brasileiros porque somos portugueses. Ver telenovelas brasileiras, tudo bem. Ouvir cantores brasileiros, excelente. Ler romancistas brasileiros, nada contra. Admirar futebolistas brasileiros, sim senhor. Comer comida brasileira, é um gosto. Viajar para o Brasil, uma maravilha. Mas escrever como os brasileiros é que é mortal. Francamente acho fraca a conclusão. Tudo o que diz a respeito do Brasil : cantores, escritores, futebolistas, comida, viagens (menos as teleno- 21 velas, que detesto !) é verdade. Mas também se aplica a tantos outros países com línguas próprias, que se tivessemos que escrever como eles, seria um nunca mais acabar de Acordos Ortográficos. Vou continuar a escrever (mal) como sei, mas sem nunca esquecer, como tantos vão esquecendo, que a minha Pátria é a minha Língua. (*) 1911 - Portugal Assina o primeiro Acordo Ortográfico. 1945 - actualização do Acordo de 1911 2002 - na cimeira de Brasília, decidiu-se que qualquer acordo entra em vigor desde que seja depositado em Lisboa. 2004 - Segundo Protocole Modificativo do Acordo Ortográfico, assinado pela CPLP em São Tomé, diz-se que basta que três países da CPLP o ratifiquem para que entre em vigor... Isso foi aprovado pela AR com a Resolução n35/2008, em Maio de 2008. É esta RAR que a ILC pretende revogar ! Portugal não pune criminalmente os imigrantes em situação irregular PORTUGAL É UM DOS POUCOS PAÍSES EUROPEUS que não pune criminalmente os imigrantes em situação irregular, constata um relatório, que analisa a compatibilidade das medidas anti-imigração com os direitos fundamentais. Segundo a Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais, Malta e Portugal são os únicos países cuja legislação não prevê nem pena de prisão nem coimas para os imigrantes que entrem ilegalmente no seu território ou que não possuam documentação válida, embora acionem imediatamente mecanismos para a deportação. Nos outros países, há atitudes diversas: Espanha, por exemplo, não pune criminalmente a entrada ilegal de imigrantes, mas aplica multas aos indocumentados, ao inverso de França, que castiga criminalmente a entrada ilegal mas não os imigrantes encontrados sem documentos válidos. Em Itália, um imigrante ilegal pode ser multado até 10 mil euros e em outros países a pena de prisão pode variar entre um mês e cinco anos de prisão, para além da deportação, refere o relatório. Apoiando-se em decisões do Tribunal de Justiça da União Europeia, a agência europeia defende o fim das penas de prisão, pois considera que deve prevalecer a legislação que determina o regres- so, voluntário ou forçado, do imigrante ilegal ao país de origem. A mesma entidade sugere também alterações ou clarificações na legislação sobre o auxílio à imigração para não serem punidos atos humanitários, como os de pescadores que ajudem imigrantes em risco de vida, ou senhorios que arrendem alojamento sem intenções de obstruir a deportação. "O uso de sanções criminais e prisão para combater a imigração ilegal prejudica não só as pessoas em causa, mas também dá uma imagem negativa de como a sociedade como um todo os considera", refere no relatório. ABRIL 2014 COMEMORACÃO WWW.PORTUGALMAG.FR 23 40.º Aniversário da Revolução do 25 de abril de 1974 EM 2014, O POVO PORTUGUÊS COMEMORA OS 40 ANOS DO 25 DE ABRIL DE 1974 – DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS. Revolução dos Cravos, conhecida, efetivamente, como Revolução de 25 de abril, refere-se a um período da história de Portugal resultante de um movimento social, ocorrido a 25 de abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de abril de 1976, com uma forte orientação socialista na sua origem. Esta ação foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), que era composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio de oficiais milicianos. Este movimento surgiu por volta de 1973, baseando-se inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por se estender ao regime político em vigor. Com reduzido poderio militar e com uma adesão em massa da população ao movimento, a resistência do regime foi praticamente inexistente e infrutífera, registando-se apenas 4 civis mortos e 45 feridos em Lisboa pelas balas da DGS. O movimento confiou a direção do País à Junta de Salvação Nacional, que assumiu os poderes dos órgãos do Estado. A 15 de maio de 1974, o General António de Spínola foi nomeado Presidente da República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuído a Adelino da Palma Carlos. Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como o PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos militares que, terminaram com o 25 de Novembro de 1975. Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República. Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de abril, denominado como «Dia da Liberdade». Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi instaurada em Portugal uma ditadura militar que, culminaria na eleição presidencial de Óscar Carmona em 1928. Foi durante o mandato presidencial de Carmona, período que se designou por «Ditadura Nacio- nal», que foi elaborada a Constituição de 1933 e instituído um novo regime autoritário de inspiração fascista - «o Estado Novo». António de Oliveira Salazar passou então a controlar o país através do partido único designado por «União Nacional», ficando no poder até lhe ter sido retirado por incapacidade em 1968, na sequência de uma queda de uma cadeira em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por Marcello Caetano que, pôs em prática a Primavera Marcelista e dirigiu o país até ser deposto no dia 25 de Abril de 1974. Durante o Estado Novo, Portugal foi sempre considerado como um país governado por uma ditadura pela oposição ao regime, pelos observadores estrangeiros e até mesmo pelos próprios dirigentes do regime. Durante o Estado Novo existiam eleições, que não eram universais e eram consideradas fraudulentas pela oposição. O Estado Novo tinha como polícia política a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), versão renovada da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), que mais tarde foi reconvertida na DGS (Direcção-Geral de Segurança). A polícia política do regime, que recebeu formação da Gestapo e da CIA, tinha como objectivo censurar e controlar tanto a oposição como a opinião pública em Portugal e nas colónias. Na visão histórica dos ideólogos do regime, o país teria de manter uma política de defesa, de manutenção do «Ultramar», numa época em que os países europeus iniciavam os seus processos de descolonização progressiva. Apesar de séria contestação nos fóruns mundiais, como na ONU, Portugal manteve a sua política irredentista, endurecendo-a a partir do início dos anos 1960, face ao alastramento dos movimentos independentistas em 24 ABRIL 2014 COMEMORACÃO WWW.PORTUGALMAG.FR Angola, na Guiné e em Moçambique. Economicamente, o regime manteve uma política de condicionamento industrial que protegia certos monopólios e certos grupos industriais e financeiros (a acusação de plutocracia é frequente). O país permaneceu pobre até à década de 1960, sendo consequência disso um significativo acréscimo da emigração. Contudo, é durante a década de 60 que se notam sinais de desenvolvimento económico com a adesão de Portugal à EFTA. A Guerra do Ultramar, um dos precedentes para a revolução No início da década de setenta mantinha-se vivo o ideário salazarista . Continuavam os ideólogos do regime a alimentar o mito do «orgulhosamente sós», coisa que todos entendiam, num país periférico e pequenino, marcado pelo isolamento rural: estar ali e ter-se orgulho nisso eram valores, algo merecedor de respeito. Mesmo em plena Primavera Marcelista, Marcelo Caetano, que sucedeu a Salazar no início da década (em 1970, ano da morte do ditador), não destoa. Sentindo o mesmo, age a seu modo, governa em isolamento, faz o que pode, mas um dia virá em que já nada pode fazer. Qualquer tentativa de reforma política era impedida pela própria inércia do regime e pelo poder da sua polícia política (PIDE). Nos finais de década de 1960, o regime exilava-se, envelhecido, num ocidente de países em plena efervescência social e intelectual. Em Portugal cultivase outros ideais: defender o Império pela força das armas. O contexto internacional era cada vez mais desfavorável ao regime salazarista/marcelista. No auge da Guerra Fria, as nações dos blocos capita- lista e comunista começavam a apoiar e financiar as guerrilhas das colónias portuguesas, numa tentativa de as atrair para a influência americana ou soviética. A intransigência do regime e mesmo o desejo de muitos colonos de continuarem sob o domínio português, atrasaram o processo de descolonização: no caso de Angola e Moçambique, um atraso forçado de quase 20 anos. Portugal mantinha laços fortes e duradouros com as suas colónias africanas, quer como mercado para os produtos manufaturados portugueses quer como produtoras de matérias primas para a indústria portuguesa. Muitos portugueses viam a existência de um império colonial como necessária para o país ter poder e influência contínuos. Mas o peso da guerra, o contexto político e os interesses estratégicos de certas potências estrangeiras inviabilizariam essa ideia. Apesar das constantes objeções em fóruns internacionais, como a ONU, Portugal mantinha as colónias considerando-as parte integral de Portugal e defendendo-as militarmente. O problema surge com a ocupação unilateral e forçada dos enclaves portugueses de Goa, Damão e Diu, em 1961. Em quase todas as colónias portuguesas africanas – Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde – surgiam entretanto movimentos independentistas, que acabariam por se manifestar sob a forma de guerrilhas armadas. Estas guerrilhas não foram facilmente contidas, tendo conseguido controlar uma parte importante do território, apesar da presença de um grande número de tropas portuguesas que, mais tarde, seriam em parte significativa recrutadas nas pró- prias colónias. Os vários conflitos forçavam Salazar e o seu sucessor Caetano a gastar uma grande parte do orçamento de Estado na administração colonial e nas despesas militares. A administração das colónias custava a Portugal um pesado aumento percentual anual no seu orçamento e tal contribuiu para o empobrecimento da economia portuguesa: o dinheiro era desviado de investimentos infra-estruturais na metrópole. Até 1960 o país continuou relativamente frágil em termos económicos, o que aumentou a emigração para países em rápido crescimento e de escassa mão-de-obra da Europa Ocidental, como França ou Alemanha. O processo iniciava-se no fim da Segunda Guerra Mundial. O estado do país A economia cresceu bastante, em particular no início da década de 1950. Economicamente, o regime mantinha a sua política de Corporativismo, o que resultou na concentração da economia portuguesa nas mãos de uma elite de industriais. A informação circulava e a oposição bulia. A guerra colonial tornava-se tema forte de discussão e era assunto de eleição para as forças anti-regime. Portugal estava muito isolado do resto do Mundo. Muitos estudantes e opositores viam-se forçados a abandonar o país para escapar à guerra, à prisão e à tortura. Em fevereiro de 1974, Marcelo Caetano é forçado pela velha guarda do regime a destituir o general António de Spínola e os seus apoiantes. Tentava este, com ideias de índole federalista tornadas célebres num livro publicado pelo próprio intitulado «Portugal e o Futuro» (em cuja obra ABRIL 2014 COMEMORACÃO ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR WWW.PORTUGALMAG.FR MARCELLO CAETANO OTELO SARAIVA DE CARVALHO também afirmava a impossibilidade de vencer militarmente a Guerra do Ultramar), modificar o curso da política colonial portuguesa, que se revelava demasiado dispendiosa. Conhecidas as divisões existentes no seio da elite do regime, o MFA decide levar adiante um golpe de estado. O movimento nasce secretamente em 1973. Nele estão envolvidos certos oficiais do exército que já conspiravam, descontentes por motivos de carreira militar. Monumento em Grândola A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas) dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: Os Militares, as Forças Armadas e a Nação. Este documento é posto a circular clandestinamente. No dia 14 de março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, Portugal e o Futuro, no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar. No dia 24 de março, a última reunião clandestina dos capitães revoltosos decide o derrube do regime pela força. Prossegue a movimentação secreta dos capitães até ao dia 25 de abril. A mudança de regime acaba por ser feita por acção armada. JUNTA DE SALVAÇÃO NACIONAL MÁRIO SOARES GENERAL ANTÓNIO DE SPÍNOLA 25 ÓSCAR CARMONA No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instala secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa. Às 22h 55m é transmitida a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por João Paulo Diniz. Este é um dos sinais previamente combinados pelos golpistas, que desencadeia a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado. O segundo sinal é dado às 0h20 m, quando a canção Grândola, Vila Morena de José Afonso é transmitida pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirma o golpe e marca o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão é Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano. Ao contrário de E Depois do Adeus, que era muito popular por ter vencido o Festival RTP da Canção, Grândola, Vila Morena fora ilegalizada, pois, segundo o governo, fazia alusão ao comunismo. O golpe militar do dia 25 de abril tem a colaboração de vários regimentos militares que desenvolvem uma ação concertada. No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Re- RAMALHO EANES COSTA GOMES 26 ABRIL 2014 COMEMORACÃO WWW.PORTUGALMAG.FR gião Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reage, e o ministro da Defesa ordena a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não é obedecido, dado que estas já tinham aderido ao golpe. À Escola Prática de Cavalaria, que parte de Santarém, cabe o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria são comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço é ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia move, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontra o chefe do governo, Marcelo Caetano, que ao final do dia se rende, exigindo, contudo, que o poder seja entregue ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o «poder não caísse na rua». Marcelo Caetano parte, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil. No rescaldo dos confrontos morrem quatro pessoas, quando elementos da polícia política (DGS) disparam sobre um grupo que se manifesta à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa. No dia 26 de abril, forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares, que dará início a um governo de transição. O essencial do programa do MFA é, em síntese, resumido no programa dos três D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver. Entre as medidas imediatas da revolução conta-se a extinção da polícia política (PIDE/DGS) e da Censura. Os sindicatos livres e os partidos são legalizados. No dia seguinte, a 26 de abril, são libertados os presos políticos da Prisão de Caxias e de Peniche. Os líderes políticos da oposição no exílio voltam ao país nos dias seguintes. Passada uma semana, o 1.º de Maio é celebrado em plena liberdade nas ruas, pela primeira vez em muitos anos. Em Lisboa junta-se cerca de um milhão de pessoas. Portugal passará por um período conturbado de cerca de dois anos, comummente designado por PREC (Processo Revolucionário Em Curso), em que se confrontam facções de esquerda e direita, por vezes com alguma violência, sobretudo em ações organizadas no Norte. São nacionalizadas grandes empresas, «saneados» quadros importantes e levadas ao exílio personalidades identificadas com o Estado Novo, gente que não partilha da visão política que a revolução prescreve. Consumam-se várias conquistas da revolução». Acabada a guerra colonial e durante o PREC, as colónias africanas e de TimorLeste tornam-se independentes. Finalmente, no dia 25 de abril de 1975, têm lugar as primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte, ganhas pelo PS . Na sequência dos trabalhos desta assembleia é elaborada uma nova Constituição, de forte pendor socialista, e estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental. A constituição é aprovada em 1976 pela maioria dos deputados, abstendo-se apenas o CDS. Forma-se o I Governo Constitucional de Portugal, chefiado por Mário Soares (23 de setembro de 1976). Ramalho Eanes, militar em Angola no 25 de Abril, o sisudo oficial que adere ao MFA fora de horas, o extemporâneo general que na televisão se esconde por trás de uns óculos de sol, ganha as presidenciais de 27 de junho de 1976. Segue-se o fim do PREC e um período de estabilização política. Eanes impõe-se como chefe militar e Mário Soares, desvinculado dos fundamentos marxistas do ideário socialista, proclama as virtudes do pluralismo, a inevitabilidade do liberalismo, e lidera, dominando o partido e o país. Com o seu talento, ergue a voz e faz-se ouvir: com ele, a democracia em Portugal está garantida e o país livre da «ameaça comunista». Com a sua habitual persistência, mantendo durante anos o mesmo discurso sempre que fala, acaba por ganhar terreno e isolar a esquerda. A Revolução dos Cravos continua a dividir a sociedade portuguesa, sobretudo nos estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, nas facções extremas do espectro político e nas pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais. Extremam-se entre eles os pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação ao 25 de abril. Quase todos reconhecem, de uma forma ou de outra, que a revolução de abril representou um grande salto no desenvolvimento político-social do país. À esquerda, pensa-se que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que não se tenha ido mais longe e que muitas das chamadas «conquistas da revolução» se tenham perdido. Os sectores mais conservadores de direita tendem a lamentar o que se passou. De uma forma geral, uns e outros lamentam a forma como a descolonização foi feita. A direita lamenta as no período imediato ao 25 de abril de 1974, afirmando que a revolução agravou o crescimento de uma economia já então fraca. A esquerda defende que a o agravamento da situação económica do país é consequente de medidas então programadas que não foram aplicadas ou que foram desfeitas pelos governos posteriores a 1975, desfeitas as utopias da construção de um socialismo democrático. O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi uma florista de Lisboa que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas. Por isso se chama ao 25 de Abril de 74 a «Revolução dos Cravos». 28 ABRIL 2014 CRÓNICA WWW.PORTUGALMAG.FR Tocam os sinos, é domingo de Páscoa MÁRIO PRATA PINA Neste mês de Abril aproxima-se a festa da Páscoa. Uma grande parte da comunidade portuguesa emigrada em França, ou noutra região do mundo conhece com certeza as vivências desta festa nas vilas e aldeias do nosso Portugal. Para os que a não conhecem ou já a esqueceram, este é o momento ideal para relembrar momentos vividos nesse dia diferente marcado com o selo do convívio entre familiares, amigos e até mesmo vizinhos. Sendo um acontecimento importante e de caráter religioso tem um percurso muito sentido. A preparação para o grande dia começa na quarta-feira de cinzas e prolonga-se até à semana-santa. No domingo de ramos a realização da bênção própria dos ramos empunhados pelos crentes durante a celebração da missa onde o pároco, com o hissope, os asperge com água benta ao som de cânticos que louvam e aclamam de rei a figura de Jesus Cristo. Nas procissões de quinta e sexta-feira santa a irmandade enverga opas negras, a imagem do Senhor dos Passos vestido de túnica roxa, a banda filarmónica a tocar os sons de marcha fúnebre que emprestam um ar solene num misto de fé e tristeza a esses momentos tão significativos para os que são verdadeiramente crédulos. Este semblante culmina no dia da grande festa com o repicar dos sinos que se torna ainda mais alegre com as cores e os sons da primavera. A alegria nota-se nas primeiras horas Pub. da manhã quando o cortejo passa pelas ruas com um ar festivo onde a irmandade se veste agora com as opas vermelhas ou brancas e o som da banda toca notas mais alegres com a cor da ressurreição, os crentes seguem o pálio com ar domingueiro e dos rostos brotam sorrisos de aleluia. As colchas pendem nas janelas e dão um aspeto mais solene à celebração do Senhor ressuscitado. A tarde avizinha-se e na casa antecipadamente limpa e arejada cheira a bolos e folares, as portas abrem-se para dar e receber as boas-festas. O chefe de família acolhe com alegria os que se reúnem na sala até que se ouve o som da campainha a anunciar a chegada do com- passo. O padre cumprimenta os membros da família, benze a casa e ora pelos presentes e ausentes, beija-se a cruz com o respeito que o acto merece e de seguida a dona da casa convida a que se aproximem da mesa recheada de doces e salgados típicos da época acompanhados com vinhos e licores enquanto os mais novos se deliciam com as guloseimas confecionadas com amêndoas e chocolates. Para além destes festejos, Páscoa é também significado de passagem e renovação. Resta-me desejar aos leitores da PortugalMag uma páscoa recheada de alegria com a força do renascer para uma vida nova. ABRIL 2014 DESPORTO WWW.PORTUGALMAG.FR 29 O português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, é o futebolista mais rico do mundo O PORTUGUÊS CRISTIANO RONALDO, do Real Madrid, é o futebolista mais rico do mundo, de acordo com uma lista publicada anualmente pelo site na Internet goal.com, superando o argentino Lionel Messi, do FC Barcelona. O "capitão" da selecção portuguesa tem um património estimado a 148 milhões de euros, após um ano em que aumentou a sua influência no Real Madrid e na equipa das "quinas", tendo conquistado a Bola de Ouro da FIFA e assinado um novo contrato milionário de cinco anos com os "merengues". O argentino Lionel Messi é o segundo da lista, com apenas menos dois milhões de euros do que Ronaldo, num ranking efectuado por um grupo de analistas e que tem em conta todas as fontes de rendimento dos jogadores ao longo da sua carreira. Ronaldo sucede ao inglês David Beckham, que era o mais rico em 2013, mas Pub. terminou a carreira em Maio. O camaronês do Chelsea Samuel Eto'o é o terceiro da lista, seguido do inglês Wayne Rooney, que subiu a quarto, depois de ter renovado com o Manchester United. O brasileiro Neymar ascendeu ao sexto lugar, num valor que tem em conta os 40 milhões pagos aos seus pais na polémica transferência do Santos para o FC Barcelona. Lista dos futebolistas mais ricos: 1. Cristiano Ronaldo, Portugal (Real Madrid/Esp), 148 milhões de euros. 2. Lionel Messi, Argentina (FC Barcelona/Esp), 146. 3. Samuel Eto'o, Camarões (Chelsea/Ing), 85. 4. Wayne Rooney, Inglaterra (Manchester United/Ing), 84. 5. Kaká, Brasil (AC Milan/Ita), 82. 6. Neymar e família, Brasil (FC Barcelona/Esp), 80. 7. Ronaldinho, Brasil (Atlético Mineiro/ Bra), 78. 8. Zlatan Ibrahimovic, Suécia (Paris SaintGermain/Fra), 69. 9. Gianluigi Buffon, Itália (Juventus/Ita), 63. 10. Thierry Henry, França (New York Red Bulls/EUA), 57. A paixão pela música de Sabrina Simões SABRINA SIMÕES, COM APENAS 22 ANOS DE IDADE e dois albuns já editados, é uma jovem artista lusodescendente cuja paixão pela música nasceu quando ainda era pequena. PORTUGAL MAG Apesar do seu sonho de viver em Portugal ainda não se tenha concretizado, Sabrina vai vivendo a sua paixão pela música que adora partilhar com o público. Caso ainda não seja o caso, fique a conhecer esta cantora de talento que pensa gravar seu terceiro álbum brevemente. Podes falar-nos das tuas origens depois de te apresentar aos nossos leitores ? Sou a Sabrina Simões tenho 22 anos. Sou filha de pais portugueses e nasci em França no dia 12 de junho 1991. Tenho um irmão que é mais novo. Como nasceu a tua paixão pela música ? Sempre gostei de cantar, até acho que nasci a cantar (risos). Quando era pequena, era muito timida. Não conseguia cantar em frente à familia ou amigos. Cantava no meu quarto para as minhas bonecas. Os meus pais ouviam-me sempre a cantar por detraz da porta, escondidos... e viram realmente que eu gostava mesmo disto e que era mesmo uma paixão. Aos 16 anos, gravei o meu primeiro álbum "Bailinho à portuguesa" com o Luis Felipe Reis e o Ricardo Ladum. E o meu sonho começou.... Depois começei a fazer espectáculos. Dois anos depois, saiu o meu segundo álbum "Cantar" que gravei com o Paquito. Qual a tua melhor recordação em palco ? Em todos os espectáculos que faço, tenho sempre uma boa recordação porque o público é sempre muito carinhoso e tão simpático comigo. Mas é verdade que tenho uma recordação especial para um, no ano passado fui cantar para São Bartolomeu nas Caraibas, e foi fantástiiiiiiiiiico! Quando cantava, eu via o mar ao longe, ai que bom!!! O público, mar e calor, é um cocktail perfeito (risos). Quais são os teus projetos a curto e longo prazo ? Os meus projetos a curto prazo é começar a gravar novas músicas (mas isto é surpresa, chuuuut). E a longo prazo é continuar o que faço, a ter muitos espectáculos para conviver com o público e cantar em live, que é o que mais gosto. Para os leitores interessados, onde seguir o teu trabalho e como entrar em contacto contigo ? Podem seguir o meu trabalho no meu site : www.sabrinasimoes.com Na minha página facebook "Sabrina Simoes" e cliquar no gosto se não ainda foi feito. No meu Instagram "@sabrinasimoes__"para ver fotos dos meus espectáculos e um bocadinho da minha vida de todos os dias. Podem enviar mensagem que eu respondo sempre com muito prazer para : [email protected] Uma última mensagem para os leitores da Portugal Magazine ? Um grande beijo para todos os leitores da Portugal Magazine e espero até breve num próximo espectáculo meu. Beijos, Sabrina. Biografia : Sabrina Simões nasceu e vive em França, filha de pais portugueses à muito radicados neste país, Sabrina tinha um sonho, para além da dança que pratica desde os 6 anos de idade, que acompanhou desde muito pequena, cantar. Esta paixão pelo canto e as imitações que fazia dos seus cantores preferidos fez com que os seu pais a inscrevecem numa escola de música a fim de aperfeiçoar os seus dotes artísticos. Em 2008 este sonho de cantar tornou-se realidade, edita o seu primeiro álbum de originais produzido por Luis Filipe Reis, "Bailinho à Portuguesa, com letras e música de Ricardo Landum e Luis Filipe Reis, é um álbum muito ao estilo popular todo ele de ritmo e festa. Deste álbum destacam-se além do tema " Bailinho à Portuguesa ", que é o título do CD, “Se queres namorar comigo” e “Lembra-te de mim”. Uma voz poderosa e bonita, cheia de jovialidade e alegria fazem dos temas que Sabrina interpreta melodias cheias de cor, e alegria que conquistam desde logo quantos as escutam. Em 2009 segue-se um novo àlbum, " Cantar ", uma afirmação pessoal e a continuação do sonho de à muitos anos. Um CD com temas ainda que populares, mais maduro, onde se continuam a destacar os seus dotes vocais e a interpretação que coloca em todas as canções do CD, fazendo de cada tema um hino à musica popular portuguesa. 32 ABRIL 2014 OPINIÃO WWW.PORTUGALMAG.FR Liga das mentiras ! LUIS GONÇALVES Depois da liga dos campeões, depois da liga Europa de futebol , vou-vos falar do desporto que faz furor... são os campeonatos nacionais e mesmo mundiais que se chamam : a liga das mentiras, e como no futebol, há alguns craques... os Ronaldos e Messis a quem chamam os Aldrabões .... , e como é óbvio, também há os adeptos fanáticos que seguem os seus ídolos . A liga das mentiras, também tem os seus treinadores, que cumulam por vezes outras funções, exemplos advogados, conselheiros… Este desporto está atualmente com plena extensão, o número de participantes na liga das mentiras cresce todos os dias, por motivos muito simples, é que para ter acesso à liga não é preciso ter grandes qualida- des desportivas ou mesmo intelectuais ! basta ser um bom aldrabão !, mas se for um bom manipulador (saber fintar), pode vir a ser um craque, e assim pode ter prémios, o prémio maior é a anexação de um país e depois uma província, etc, etc ... Neste desporto, pode se jogar todos os dias, a toda à hora, o mentiroso é raramente substituído .....é sim ajudado, assim são mais fortes, porque mentem juntos....e como diz o provérbio... a união faz a força... da mentira ! Outra curiosidade... é que neste desporto não há descriminação, todos podem jogar, homens, mulheres, velhos, novos, pobres e ricos, ministros, presidentes da república, chefe de partidos, deputados, etc... mas é de reconhecer que há alguns que têm uma vantagem sobre os outros... são os políticos ! Normal, eles treinam todos os dias, às vezes até se treinam em e com a família ou com o seu cônjuge! Mas os craques treinam com a população do seu país, mas o top do top só há dois ou três no mundo que treinam com o planeta inteiro ! As regras neste desporto são muito simples, o bom mentiroso tem que ter uma atitude, uma postura de inocente... indig- nado, e não lhe é permitido dizer a verdade, senão é expulso do jogo, mas como mentiroso que foi, guarda esse título para sempre! E tem direito de entrar em jogo, logo que aprenda novamente a mentir. Como no futebol, há o campeonato nacional, depois o campeonato da Europa e finalmente do mundo, mas contrariamente ao futebol, o povo assiste mais ao campeonato nacional, porque os jogos passam todos na radio e na televisão, a qualquer hora do dia e da noite, é como quem diz, um jogo ao vivo ! Outra curiosidade, os mentirosos ou mentirosas não têm direito a descanso, mas quando dizem muitas mentiras, o capitão da sua equipa tem que o assistir com outras mentiras, durante o tempo necessário que ele ou ela estude e aprenda outra estratégia de jogada. Para terminar, queria vos dizer também que este campeonato não sei quando começou, mas sei que nunca vai acabar enquanto houver aldrabões e aldrabonas, e povo para enganar... PS: Eu, como muitos de certeza, já joguei no campeonato, mas depressa fui expulso, era muito refilão! Estimado leitor. Participe na Portugal Mag. Envie-nos o seu artigo de opinião. Será aqui publicado e poderá ser lido por todos. Envie os seus artigos para: [email protected] Pub. 34 ABRIL 2014 REDESCOBRIR PORTUGAL WWW.PORTUGALMAG.FR PALACE HOTEL DO BUÇACO CORREDOR BALCÃO DO PALACE HOTEL BATALHA DO BUÇACO Serra ou mata nacional do Buçaco e o museu militar A SERRA OU MATA DO BUÇACO QUE EXISTE AINDA HOJE, foi mandada plantar no século (1) XVII pela Ordem dos Carmelitas Descalços (ramo da Ordem do Carmo formado em 1593), onde os Carmelitas construíram também aí o convento da Santa Cruz do Buçaco, destinado a albergar essa ordem que existiu entre 1628 e 1834, data da extinção das ordens religiosas em Portugal. que compõem a via sacra, miradouros e o obelisco inaugurado em 1873 comemorativo da batalha, «o Moinho de Sula». As águas do Luso e Serra de Penacova são captadas na serra do Buçaco. Foi também nesta serra que se travou a batalha do Buçaco em 1810, no quadro da terceira invasão de Portugal por Napoleão. As forças francesas comandadas por Massena são derrotadas pelas forças anglo-lusas comandadas por Wellington. A 27 de setembro de 1910, por altura do 1° centenário da batalha do Buçaco em homenagem à vitória Luso-britânica, foi fundado o Museu Militar, que se encontra junto da capela de Nossa Senhora da Vitória e Almas, que, durante o período da batalha, foi aproveitado pelos Frades Carmelitas Descalços, do convento próximo (Santa Cruz do Buçaco), para acolher um hospital de sangue onde foram assistidos os feridos da batalha de ambos os exércitos, sem qualquer distinção. MANUEL DO NASCIMENTO Hoje, no seu lugar existe o luxuoso Hotel Palace do Buçaco, com a azulejaria historicista e nacionalista da autoria de Jorge Colaço, como os painéis de inspiração camoniana, nas janelas-portais da galeria nas alas, do hall de entrada e do vão da escadaria, sobre temas da Guerra Peninsular e da batalha do Buçaco, ou da epopeia marítima dos portugueses com cenas da partida para a índia, a conquista de Ceuta e a tomada de Goa. A serra ou mata nacional do Buçaco é considerada área protegida. Possui espécies vegetais do mundo inteiro, algumas gigantescas, além do mundialmente célebre cedro-do-buçaco (cupressus lusitanica) ex-libris da mata do Buçaco que se encontra na avenida dos Cedros do Buçaco. A este núcleo central do Palace Hotel do Buçaco e pelo convento de Santa Cruz, juntam-se ermidas de habitação, jardins, casas florestais, escadarias monumentais, capelas de devoção, os passos (1) MONUMENTO DA BATALHA DO BUÇACO o botânico francês Tournefort (1656-1708), em visita de arborização ao Buçaco em 1689 faz-lhe referência específica: in catalogue des plantes agricoles au Portugal; page 123. ABRIL 2014 POESIA WWW.PORTUGALMAG.FR 35 TEMPOS de POESIA – XIII Escolha de Isabel Meyrelles Colaboração de Maria Fernanda Pinto Século XIX, Primeira Época O ROMANTISMO Podemos dizer, entre outras razões, que o Romantismo se desenvolveu para contrariar o Classicismo florescente na Europa até ao século XVIII. A revolução francesa abriu novos horizontes à Literatura, que se esforçava por descobrir uma liberdade que só o movimento romântico lhe ofereceu. O Romantismo nasceu em Inglaterra quando as «Baladas Líricas» de Wordsworth et Coleridge foram publicadas em 1798, seguidas de autros poetas como Burns, William Blake, Byron, Shelley e Keats, e depois na Alemanha por poetas como Jean Paul, Novalis, Ludwig Tieck, E.T.A. Hoffmann, Henrich von Kleist, etc... A França veio a seguir e teve como precursores François René de Châteaubriand, JeanJacques Rousseau, mais tarde Victor Hugo no seu começo, Alfred de Musset, Alfred de Vigny, Charles Nodier e bastantes outros, mas um único profundamente romântico, que foi Gérard de Nerval. Pena (arquitectura romântica) Almeida Garrett (1799 -1854), publicou «Camões» em 1825, que foi considerado o início do Romantismo em Portugal, participou em todas as revoltas da sua época, ao lado dos liberais, foi exilado em França e em Inglaterra várias vezes e foi aí que ele tomou contacto com o Romantismo e todos os outros movimentos que abanaram a Europa. Poeta, dramaturgo, romancista, ele também renovou o Teatro com a peça «Frei Luís de Sousa». Em 1836, Almeida Garrett foi encarregado de apresentar uma auditoria sobre o teatro nacional, o que ele fez, propondo também a organização de uma inspecção geral dos teatros, a construção do teatro D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática. Alexandre Herculano (1910-1877) foi poeta, jornalista, historiador e sobretudo romancista, escrevendo romances muito influenciados por Walter Scott, cuja acção se passava quase sempre na Idade Média com o seu cortejo de fantasmagorias, mas baseadas num fundo histórico real. António Feliciano de Castilho (1800 -1877), foi um dos três iniciadores e conselheiros do Romantismo nacional. O que há de curioso na sensibilidade de Castilho é que ele é muito ligado ao academismo do século XVIII e que à parte A Noite no Castelo et O Ciúme do Bardo, ele permaneceu um romântico entre duas correntes literárias, mesmo se foi ele que revolucionou a técnica da versificação. Estes três autores, deixaram obras notáveis, cujo o renome perdura até aos nossos dias. É preciso citar também outros poetas, todos que os que se reivindi- cam do Romantismo: Mendes Leal, João de Lemos, Luís Augusto Palmeirim, Soares dos Passos, Gomes de Amorim, Bulhão Pato, Alexandre Braga, Tomás Ribeiro. Não esqueçamos de mencionar um grande nome do Romantismo, o romancista Camilo Castelo Branco, que também foi poeta nas horas vagas. ALMEIDA GARRETT «Bela D’Amor» («Folhas Caídas») Pois essa luz cintilante Que brilha no teu semblante Donde lhe vem o ‘splendor? Não sentes no peito a chama Que aos meus suspiros se inflama E toda reluz de amor? Pois a celeste fragrância Que te sentes exalar, Pois, dize, a ingénua elegância Com que te vês ondular Como se baloiça a flor Na Primavera em verdor, Dize, dize: a natureza Pode dar tal gentileza? Quem ta deu senão amor? Vê-te a esse espelho, querida, Ai!, vê-te por tua vida, E diz se há no céu estrela, Diz-me se há no prado flor Que Deus fizesse tão bela Como te faz meu amor (...) ALEXANDRE HERCULANO «A Graça» Que harmonia suave É esta, que na mente Eu sinto murmurar, Ora profunda e grave, Ora meiga e cadente, Ora que faz chorar? Porque da morte a sombra, Que para mim em tudo Negra se reproduz, Se aclara, e desassombra Seu gesto carrancudo, Banhada em branda luz? Porque no coração Não sinto pesar tanto O férreo pé da dor, E o hino da oração, Em vez de irado canto, Me pede íntimo ardor? (...) ANTÓNIO FELICIANO DE CASTILHO A NOITE DO CASTELLO Canto primeiro Todo por dentro e fora illuminado O Castello feudal pemoita em festa Na margem negra do espaçoso lago. Inda corseis de nitidos jaezes Contra o vasto elarão trotão rinchando Dos longes do arredor: ja muitos pasceim Aos grossos troncos presos; vôao vêlas De toda a parte demandando a praia, E dos toldos as lampadas pendentes Mostrão Senhores, Cavalleiros, Damas, Em que o oiro reluz por entre as cores. Pelas francas janelas se difundem Na alvoroçada noite os sons que alegrão Os gothicos salões: a todo o instante Na ponte levadiça, agora baixa , «Quem vem la?» brada alerta a sentinela, Pára, e escuta em resposta um nome illustre. Era o dia natal de Ignez, a herdeira Do Senhor do Castéllo, o Conde Orlando. O convite do Pai, da filha as graças A vizinhança ao largo despovôão, E um mundo de alegria enche o palácio. O Céo calado e grosso esconde a lua ; Soão na torre oito horas. Cavalleiro, Armas simples, viseira derrubada, Sáyo negro, ante as grades se apresenta, Pede ás guardas ingresso, e cala o nome. Requerem-lho; emudece....e apoz instantes Responde «Cavalleiro das Cruzadas, Amigo do Castello, e antigo socio Do Castellão», Sua resposta isenta Findou subindo affoito a escadaria (...) Romantismo (a moda) O período romântico no século XIX irá definir uma transformação gradual no visual anterior, a moda império. 36 ABRIL 2014 DIREITOS DO LEITOR WWW.PORTUGALMAG.FR Empresas colectivas – Por qual devo optar? No artigo do último mês falamos sobre os diferentes tipos de empresas singulares que existem, especificando cada um dos seus regimes e principais diferenças. Neste artigo abordaremos as empresas colectivas, desde logo as mais frequentemente constituídas pelos portugueses. Enquanto nas empresas singulares encontramo-nos perante um único titular da empresa ou sócio, nas empresas colectivas teremos sempre mais do que um sócio co-titular da empresa, as suas participações sociais podem, no entanto, ser diferentes. Nestas empresas a actividade social é desenvolvida em conjunto e é também partilhada a responsabilidade. Os diferentes tipos de sociedades colectivas existentes em Portugal são: Sociedades por quotas, sociedades anónimas, sociedades em comandita, sociedades em nome colectivo, sociedades anónimas europeias, consórcios, agrupamentos complementares de empresas, sociedades gestoras de participações sociais - "Holdings" e por fim as cooperativas. As sociedades por quotas obrigam à existência de dois ou mais sócios, e estes têm uma responsabilidade limitada pelo capital social. Actualmente, para constituir uma empresa deste tipo, o valor do capital social exigido é fixado livremente pelos sócios, com o limite mínimo de 2 euros (1 euro por cada sócio). Diz-se que a responsabilidade dos sócios é limitada pois estes não respondem perante os credores da sociedade. Apenas é obrigação dos sócios realizarem a sua própria entrada de capital conforme o valor nominal acordado no momento da constituição das empresas. As quotas podem ser transmitidas livremente (caso o contrato social não dispuser em contrário) e esta cessão deve ser registada no Registo Comercial. As contas da sociedade têm que ser depositadas online anualmente através da IES (Informação empresarial simplificada). As sociedades anónimas por sua vez devem ter pelo menos 5 accionistas (ou apenas 1 se este for uma outra sociedade) e o capital mínimo é de 50.000 euros representado em diferentes acções. As acções podem ter, ou não, um valor nominal de emissão, que nunca poderá ser inferior a 1 cêntimo. A responsabilidade dos sócios é limitada ao valor das acções que subscrevem. O lucro anual deve ser repartido anualmente no valor mínimo de 50% entre os sócios, sendo também possível a repartição do lucro entre os administradores, se a sociedade assim o entender. As contas da sociedade devem ser aprovadas em Assembleia Geral anualmente e depositadas online também. A característica essencial deste tipo de sociedades é o capital, razão pela qual este tipo de sociedades está vocacionada para reunir um grande número de investidores (mesmo que "pequenos") e realizar avultados investimentos. Por esta razão as acções em princípio serão facilmente transmissíveis. As Sociedades em Comandita podem ser simples ou por acções, diferindo assim os seus regimes. Por estes serem tão diversos, dedicaremos um artigo completo à sua explicação. Hoje mencionaremos os dois tipos de sócios existentes neste tipo de sociedades, cujo regime legal é o mesmo nos dois tipos de sociedades. Os sócios são comanditários, que são aqueles que têm responsabilidade limitada pelas suas entradas em dinheiro, ou acções, na sociedade (que é obrigatória) e os sócios comanditados que têm responsabilidade ilimitada perante os credores e que contribuem com bens ou serviços, assumindo a gestão efectiva e a direcção da empresa. No artigo do próximo mês iremos explicar o regime das restantes empresas colectivas existentes em Portugal. 38 ABRIL 2014 FORMA E SAÚDE WWW.PORTUGALMAG.FR Arroz e seus segredos O ARROZ É UM ALIMENTO QUE OFERECE ENERGIA SEM GORDURA. LUCIA LOPES É um produto acessível, energético e pode ser combinado com inúmeros ingredientes. Mas será que é mesmo tão saudável e completo? O que contém - Os nutrientes que mais se destacam no arroz são os hidratos de carbono, uma boa fonte de energia - É um alimento pobre em gordura - As proteínas que contém são de baixo valor biológico (o arroz tem pouca lisina, um aminoácido que está na base de várias proteínas) - A maior parte dos seus minerais (cálcio, ferro e magnésio) e a sua fibra concentram-se no gérmen e no fare- lo, pelo que se recomenda o arroz integral, mais completo do que o refinado - Contém vitaminas B1, B2 e B3 As variedades Existem até 8.000 tipos diferentes de arroz, mas todos eles se enquadram em dois grupos básicos, de acordo com a dimensão dos bagos: grão curto e grão longo. O arroz integral É parcialmente elaborado para evitar muitas horas de cocção. Pode dizer-se que é um arroz descascado mas que não é polido.( ( Este aspecto é muito importante, porque enquanto 100 g de arroz integral cru têm 0,90 g de fibra, a mesma quantidade de arroz refinado só contém 0,10 g. E, se estivermos a falar de vitaminas e minerais, a concentração pode triplicar. Tempo de cozedura O arroz de grão arredondado tem um tempo de cocção de 18 a 20 minutos. O de grão longo, cerca de 15 minutos. O integral precisa de 35 a 40 minutos para cozer, apesar de este tempo poder ser reduzido se o deixar de molho durante a noite. Quantidade de água A maioria dos arrozes requerem, pelo menos, o dobro do volume de água. Quantidade ideal Pode comer arroz duas a três vezes por semana. De preferência, deve cozinhá-lo sem acrescentar mais que uma colher de azeite por comensal, se não se quiser aumentar o seu conteúdo calórico. ( ( Convém não esquecer que pode ser acompanhado de outros ingredientes, como carnes, peixes e molhos que completam o valor proteico do arroz, mas que também podem subir consideravelmente o conteúdo calórico da receita em questão. Benefícios O elevado índice glicémico do arroz é benéfico para pes- soas com esgotamento ou anemia. Além disso, o arroz é também um bom aliado de dietas adstringentes e antidiarreia. O seu consumo deve, no entanto, ser moderado e conjugado com alimentos como cenoura, frango e peixe, fiambre, banana e maçã. Nestes casos, é importante, ainda, não esquecer uma boa hidratação e evitar alimentos ricos em fibra, enchidos, gorduras. Quando não se deve consumir Embora a ingestão de arroz dentro de uma alimentação equilibrada não apresente qualquer tipo de problema, o consumo excessivo pode prejudicar pessoas com problemas intestinais, sobretudo se o arroz não for integral. ( ( Os diabéticos também devem ingeri-lo com precaução pelo seu elevado conteúdo de hidratos de carbono e por se tratar de um cereal com um índice glicémico elevado. ABRIL 2014 PUBLICIDADE WWW.PORTUGALMAG.FR 39 Formulaire d’abonnement NOM, PRÉNOM : ADRESSE : CODE POSTAL : EMAIL : Date: / VILLE : / – Je désiré m’abonner à PORTUGAL MAGAZINE pour : | | 11 numéros (1 an) - 43 euros Envoyez ce formulaire dûment remplis ainsi que votre chèque à l’ordre de Portugal MAG à l’adresse : PORTUGAL MAG, 97 avenue Emile Zola, 75015 Paris 40 ABRIL 2014 DISTRITOS DE PORTUGAL WWW.PORTUGALMAG.FR Distritos de Portugal Guida Amaral [email protected] Portugal é dividido por 20 distritos, distribuídos de forma homogénea e administrados pelos respectivos Governos Civis. Neste dossier vamos apresentar todos os distritos de Portugal, 2 por artigo. Dossier composto por 10 artigos (4/10) cal de peregrinação. Por detrás, encontra-se o Monte do Sameiro, onde uma estátua colossal de Nossa Senhora vigia atenta a cidade. Nos arredores de Braga encontra-se a Citânia de Briteiros, um impressionante local arqueológico da Idade do Ferro. Ao longo da costa de Esposende, Ofir e Apúlia encontrará belas praias. Todo o distrito é famoso pelas suas festividades e gastronomia, com receitas tradicionais que incluem bacalhau (cozinhado em centenas de formas distintas) e arroz de pato. Concelhos de Braga: Amares, Barcelos, Braga, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Esposende, Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão, Vila Verde, Vizela. Locais a Visitar Distrito de Braga Braga situa-se no coração da verdejante região do Minho, no Noroeste de Portugal, rodeada por uma paisagem de montes ondulantes e florestas. A cidade, um dos maiores centros religiosos de Portugal, é reconhecida pelas suas igrejas barrocas, pelos esplêndidos solares do século XVIII e pelos belos parques e jardins. A parte antiga da cidade é solene, embora a indústria e o comércio tenham dado origem a um estilo de vida moderno, complementado pelas universidades locais, os restaurantes contemporâneos e os bares animados. Às quintas-feiras de manhã, Braga acolhe o maior mercado da região, com bancas que vendem de tudo um pouco, desde produtos frescos a cerâmicas tradicionais. A história da cidade reflecte-se nas inúmeras igrejas e monumentos, entre os quais se destacam a imponente Sé Catedral e a Igreja de Santa Cruz, datada do século XVII. Numa colina a cerca de 5 km a sudeste ergue-se o Santuário do Bom Jesus do Monte, um importante lo- Sé Catedral No centro histórico de Braga erguese a catedral mais antiga de Portugal, a Sé, que contém inúmeros tesouros de arte sacra. A construção teve início em 1070 e foi influenciada por diversos estilos, como o Gótico, o Renascimento e o Barroco. Os seus elementos mais relevantes são as torres sineiras e o tecto manuelino, bem como o altar esculpido e os órgãos barrocos. Os túmulos de Dom Henrique e Dona Teresa, pais do primeiro rei de Portugal, encontram-se na Capela dos Reis. por apanhar o funicular ou conduzir até ao topo para desfrutar do ambiente pacífico e das vistas esplêndidas. Igreja de Santa Cruz A igreja de Santa Cruz, construída no século XVII, exibe uma intrincada fachada de pedra em estilo barroco maneirista. O interior elaborado inclui um órgão e púlpitos com talha dourada, uma nave muito alta e belíssimos painéis de azulejos. Jardim de Santa Bárbara O Jardim de Santa Bárbara é um dos mais bonitos do país. Datada do século XVII, esta praceta ajardinada fica perto do antigo Palácio Episcopal e contém flores coloridas, plantas luxuriantes e belos arbustos esculpidos. Distrito de Coimbra Santuário do Bom Jesus do Monte Este santuário é considerado um dos mais belos de Portugal. A igreja neoclássi- ca, rodeada por magníficos jardins, foi projectada por Carlos Amarante em finais do século XVIII. A famosa escadaria barroca serpenteia até à igreja, com encantadoras fontes e estátuas ao longo do percurso. Os visitantes também podem optar Envolvo em história e desde há muito considerado o centro cultural e intelectual de Portugal, o distrito de Coimbra é um destino intemporal que inspirou a obra de poetas e escritores aclamados, uma longa tradição de serenadas de Fado cheias de sentimento e um legado singular de alegres rituais académicos. Coimbra estende-se ao longo do encantador rio Mondego o maior rio nacional e está situada entre os distritos de Aveiro e Viseu. Descrita como a cidade com mais história da região, Coimbra acolhe alguns dos costumes e monumentos mais venerados ABRIL 2014 DISTRITOS DE PORTUGAL do distrito. Vários anos após a ocupação romana e domínio medieval, os vestígios dos primeiros anos de Coimbra estão espalhados por todo o distrito e podem ser contemplados na cidade costeira da Figueira da Foz, no imponente castelo do século IX de Montemor-o-Velho e nas antigas ruínas de Conímbriga. No ponto mais elevado da cidade, encontrará a prestigiada Universidade de Coimbra e a sua majestosa biblioteca do século XVIII, bem como o encantador Jardim Botânico. Nesta localização privilegiada situam-se ainda a Sé Nova, do século XVI, e o famoso Museu Nacional de Machado de Castro. Todos os anos, Coimbra atrai visitantes aos seus animados festejos académicos, onde milhares de estudantes entusiastas desfilam orgulhosamente com as suas capas negras pelas ruas da cidade, entoando canções populares e enchendo as ruas com o som das guitarras que acompanham os fados. Uma das tradições mais importantes é a Queima das Fitas, uma cerimónia da conclusão da licenciatura que ocorre em Maio, quando os estudantes queimam as fitas para simbolizar o final dos seus dias de estudante. Outro local digno de uma visita é o famoso Portugal dos Pequenitos, situado na margem sul do rio. Trata-se de um espaço maravilhoso, onde visitantes de todas as idades podem explorar as réplicas de aldeias tipicamente portuguesas, monumentos nacionais e edifícios em miniatura. Não deixe de visitar as intrigantes ruínas do Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha, nas proximidades. Concelhos de Coimbra: Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Pub. WWW.PORTUGALMAG.FR 41 Penela, Soure, Tábua, Vila Nova de Poiares. Locais a visitar Mata Nacional do Choupal Esta floresta, cujo nome se deve aos inúmeros choupos que aí se encontram, foi plantada durante o século XVIII para deter o rio Mondego. Hoje, os visitantes podem desfrutar da sua tranquila localização à beira-rio, admirar as belas árvores, praticar desporto e passear a cavalo. Quinta das Lágrimas Este jardim romântico ecoa a trágica história de amor entre D. Pedro e Inês de Castro – uma lenda que inspirou a literatura, poesia e música. Repleta de árvores e fontes antigas, com um palácio do século XIX e ruínas neogóticas, este local está envolto pela mais pura beleza. A famosa Fonte das Lágrimas, bem como a vegetação escarlate que nela se encontra, evocam simbolicamente as lágrimas e o sangue derramados por Inês de Castro quando foi tragicamente executada em 1355 por ordem do pai de D. Pedro, o rei D. Afonso IV. Universidade de Coimbra Originalmente fundada em Lisboa no reinado de D. Dinis, esta universidade foi transferida para Coimbra em 1537, onde ainda se mantém. Para além da grandiosa arquitectura de todo o complexo, a biblioteca joanina datada do século XVIII é o seu maior tesouro e irá encantá-lo com a opulência de inspiração barroca, as pinturas trompe d’oeil e as infindáveis prateleiras de livros. Com mais de 250 000 obras, estas relíquias ancestrais são impecavelmente preservadas com a ajuda de uma colónia de morcegos que habita a biblioteca e se alimenta dos insectos durante a noite. Conímbriga Conímbriga constitui um dos maiores complexos de ruínas romanas do país e é um excelente local para ter uma visão dos tempos passados. Os artefactos descober- tos nas escavações provam que Coimbra foi habitada pela primeira vez durante os séculos VIII e IX a.C., tendo emergido como uma sociedade próspera apenas durante a ocupação romana na segunda metade do século II a.C. Poderá contemplar as muralhas da cidade, os mosaicos, exemplares extraordinários de modernos sistemas fluviais, os banhos termais e vários edifícios. O Museu de Conímbriga é um dos mais famosos do distrito e contém um espólio interessante de objectos encontrados durante as escavações no local. 42 ABRIL 2014 AGENDA WWW.PORTUGALMAG.FR A G E N D A Dia 04/04 às 18h Revolução dos Cravos A Associação France-Portugal de Tours, organiza dia 4 de abril a comemoração dos 40 anos da Revolução dos Cravos, no Auditório da Biblioteca de Tours, quai André Malraux em Tours, com a presença dos autores: Altina Ribeiro e de Manuel do Nascimento. «Lembre-se que todos os anos têm um mês de abril e todos meses de abril têm um dia 25, porém, o dia 25 de abril de 1974 foi um dia especial para os Portugueses». Contem este dia 25 de abril de 1974 aos vossos filhos, netos e amigos. Será a melhor homenagem que podem fazer e prestar a todos aqueles que lutaram e o fizeram. Auditório da Biblioteca de Tours Quai André Malraux - Tours Le 05/04 de 14h à 19h et le 06/04 de 10h à 19h Salon du livre La Société des Auteurs Lusophones de France (SALF) organise son premier Salon du Livre les 5 et 6 avril prochains. Au programme : poésie, romans, histoire, biographies, musique, livres pour enfants. Rencontres avec les auteurs et dédicaces. Mairie de Paris XIV 2 place Ferdinand Brunot - 75014 Paris Le 06/04 à 14h30 Festival Folklorique L’Association Musicale Franco Portugaise d’Ile de France (Groupe folckorique VERDE MINHO de MAISONS-ALFORT) organise un Festival Folklorique avec de nombreux groupes et spécialités portugaises. Plus d’informations : 07 62 78 37 50 Manuel ou 06 85 55 49 39 - 01 43 96 28 57Alexandre Da Silva. Centre Culturel des Planètes Rue Marc Sangnier – Maisons Alfort Le 08/04 à 19h00 Concert de piano Marta Menezes interprète les œuvres de Lopes-Graça (19061944) compositeur portugais Lopes-Graça, écrites à Paris lors de son exil (1936-1939). Marta Menezes a étudié le piano à l’Ecole supérieure de musique de Lisbonne et au Royal College of Music de Londres. Elle a été récompensée lors de nombreux concours internationaux de piano. Maison du Portugal - André de Gouveia 7 P, bd Jourdan - 75014 Paris Le 10/04 à 09h00 Coup d’Etat et Révolution 64-74 : Le coup d’Etat au Brésil et la Révolution des Œillets au Portugal : littérature, histoire et mémoire. Journée d’études organisée par le CREPAL - Centre de recherches sur le monde lusophone (Paris III) et la Chaire Solange Parvaux de l’Institut Camões. En présence de l’écrivain portugais Lídia Jorge pour la présentation et le lancement de son nouveau livre, Os Memoráveis (10h30 - 11h00). Université Sorbonne Nouvelle 13 rue de Santeuil - 75005 Paris Le 10/04 à 18h30 Les soldats portugais des tranchées de Flandre Dans son dernier ouvrage : Première Guerre mondiale - centenaire 1914-2014 - Les soldats portugais des tranchées de Flandre et la main-d’œuvre portugaise à la demande de l’Etat français, paru chez L’Harmattan, Manuel do Nascimento aborde plus particulièrement la participation des soldats portugais, qui a amorcé l’émigration portugaise, dont l’Etat français était demandeur. Présentation de l’œuvre par le sociologue Jorge Portugal Branco Consulat Général du Portugal 6 rue Georges Berger - 75014 Paris Le 12/04 à 19h30 Repas dansant à Argenteuil L’association Agora organise un repas dansant animé par Alexandre & Filipe Coelho (DJ Fresh). Au menu : apéritif et ses amuses bouche, Posta à Mirandesa, fromage et dessert, les boissons sont comprises durant le repas. Réservations : 06 24 25 79 27, 09 50 51 13 43 ou 06 50 11 32 01 Salle Jean Vilar 9 bd Héloïse - 95100 Argenteuil Le 12/04 à 20h30 Tony Carreira au Palais des Sports Tony Carreira, de son vrai nom António Manuel Mateus Antunes, est né dans la région de Coimbra en 1963. A 10 ans il connaîtra l’émigration avec ses parents, qui s’installent dans l’Essonne. Sa passion pour la chanson commence à s’exprimer en 1988, il retourne alors au Portugal où ses premiers disques passent inaperçus. Ce n’est qu’en 1995 que sa carrière commence avec Ai Destino. Palais des Sports Porte de Versailles - 75015 Paris Le 19/04 à 20h Repas dansant à Argenteuil L’association Centre Pastoral Portugais d’Argenteuil organise un repas dansant animé par José Cunha. Au menu : entrée, plat (cozido à portuguesa), fromage et dessert ; eau, vin et café (compris durant le repas). Réservations : 06 72 26 23 44 ou 06 63 48 54 74 Salle Jean Vilar 9 bd Héloïse - 95100 Argenteuil Le 20/04 à 14h00 Folklore du Minho à Argenteuil L’association Agora organise un festival de folklore de la région du Minho avec la participation de plusieurs groupes. Cantares ao desafio avec Carlos Ribeiro et Irene Pinto, venus spécialement du Portugal. Animation musicale par Christian Esteves. Bar et spécialités portugaises. Salle Jean Vilar 9 bd Héloïse - 95100 Argenteuil Le 25/04 à 20h30 Shina en concert Cindy Peixoto, alias Shina appartient à la génération d e fadistas nées à l’étranger, son fado a subi les influences de la mixité culturelle à laquelle elle appartient. Depuis la sortie de son premier album, Sinto-me Fado, Shina emmène le fado de l’extérieur vers le Portugal. En concert elle chante en portugais mais aussi en français, les deux cultures font partie de son univers et elle exprime toute l’émotion du fado dans l’une comme dans l’autre des deux langues. Théâtre de l’Alliance Française Maison des cultures du monde 101 boulevard Raspail - 75006 Paris Les 26 e t 2 7 / 0 4 : La Révolution des Œillets L’association Cantares de Noisy fête la Révolution des Œillets en musique et dans la convivialité les 26 et 27 avril. Au programme, de la gastronomie portugaise, de la musique, un bal et des animations variées pour tous les publics. Espace Michel Simon 36 rue de la République - 93160 Noisy-leGrand Programa VOZ DE PORTUGAL : Sábado 05 de Abril: Sabrina Simões, cantora. Sábado 12 de Abril: Shina fadista. Sábado 19 de Abril: Pegy. Sábado 26 de Abril: Diana Santos e Flaviano Ramos. Voz de Portugal : todos os sábados das 14h30 às16h30 no 98.00FM e na internet www.idfm98.fr Para participar : 01 34 12 12 22. Para mais informações, Joaquim Parente : 06 48 24 85 53. ABRIL 2014 LAZER WWW.PORTUGALMAG.FR Sudoku Sudoku é um jogo de raciocínio e lógica. Apesar de ser bastante simples, é divertido e viciante. Basta completar cada linha, coluna e quadrado 3x3 com números de 1 a 9. Não há nenhum tipo de matemática envolvida. No Tribunal, o Juiz pergunta: - Porque é que não devolveu a pulseira? - Porque dentro dizia: "Tua para sempre". Diz um caracol para o outro: - Epá, nem sabes o que é que me aconteceu... - Então o que é que foi, pá? - Uma tartaruga ia-me atropelando. - Então como é que isso aconteceu? - Não sei, foi tudo tão rápido... A professora para o Joãozinho: - Joãozinho, qual o tempo verbal da frase: "Isso não podia ter acontecido"? - Preservativo imperfeito, professora! Na festa: - Que pessoa estranha aquela! Não dá para saber se é ele ou ela! - É ela. É minha filha. - As minhas desculpas. Não teria dito isso se soubesse que o senhor é pai dela. - Mas eu não sou o pai. Sou a mãe. SOLUÇÃO EDIÇÃO 49 Frantuguês O falar da emigração portuguesa em França. Tout pr'a se desembrulhar sur place. - Faz cuidado com o cadi e com os trotoires as bouteilhas vão partir. - Hó filha vai comprar uma bagueta. - Nunca respondes ao teu portable ? - Quem é o counardo que toque à la sounetta a estas horar !! PROVÉRBIOS Quando Maio chegar, quem não arou tem de arar. Quando mal, nunca pior. Quando mija um português, mijam dois ou três. Quando minguar a Lua não comeces coisa alguma. Quando o ano é de leite, até os bodes o dão. Quando o burro é jeitoso, qualquer albarda lhe fica bem. Quando o pobre come galinha, um dos dois está doente. Quando se declara a guerra, o Diabo alarga o Inferno. Quando um burro zurra, os outros abaixam as orelhas. Quando um cai, todos o pisam. Quando vem Março ventoso, Abril sai chuvoso. Quanto maior a nau, maior a tormenta. Quanto mais alto se sobe, maior o trambolhão. Pub. www.aeiou.pt/humor 44 AS RECEITAS DA PORTUGAL MAG Quer dar a conhecer as suas receitas aos leitores da Portugal Mag? Mande-as para [email protected] juntamente com a sua foto e serão publicadas neste espaço. Salada de polvo Tempo de preparação: 40 minutos Ingredientes : 1 Polvo com cerca de 2 kg 2 Cebolas picadas 4 Dentes de alho picados 100g de pickles picados 1 Molhinho de coentros picados 125 ml de azeite 100 ml de vinagre de vinho branco Sal a gosto Pimenta a gosto Preparação: Coloque o polvo no tacho, tape e deixe cozinhar em lume brando durante 1 hora e meia. Não é necessário adicionar água, porque o polvo irá cozer na própria Cavaca Minhota Ingredientes: 10 gemas, 5 claras, 6 colheres de sopa de açúcar, 5 colheres de sopa de farinha 200 g de açúcar para a calda 125 g de açúcar para a cobertura 2 colheres de sopa de leite 1 casca de limão Tempo de preparação: 40 minutos Preparação : Batem-se muito bem as gemas com o açúcar (durante meia hora se for à mão e 10 m se for batido com máquina eléctrica). À parte, batem-se as claras em castelo bem firme e juntam-se cuidadosamente ás gemas, alternando com a farinha previamente peneirada. Deita-se a massa água. Passado 1 hora e meia, quando o polvo estiver tenrinho, retire e deixe arrefecer. Corte o polvo em pedacinhos. Numa tigela, misture o polvo, com a cebola, os alhos, os pickles e os coentros. Tempere com umas pedrinhas de sal e pimenta. Regue tudo com o azeite e o vinagre. Depois de tudo misturado, se quiser mais molho, adicione azeite e vinagre a gosto. Guarde no frigorífico até que a salada fique fresca. E está pronto a servir. A equipa do SaborIntenso.com desejalhe um bom apetite! numa forma redonda e lisa com cerca de 25 cm de diâmetro, previamente untada e polvilhada com farinha. Leva-se o bolo a cozer em forno médio (180º C) durante cerca de 40 minutos. Depois de cozido, retira-se do forno, pica-se todo com um palito de madeira e, ainda dentro da forma, rega-se com a calda. Desenformase em seguida para o prato de serviço e e cobre-se com a cobertura preparada. Calda: Dissolve-se o açúcar com 2 dl de água e leva-se ao lume com a casca de limão. Deixa-se ferver até fazer ponto de pasta. Cobertura: Dissolve-se o açúcar no leite sobre lume muito brando ou em banho-maria. SUGESTÃO: Recorte as receitas e arquive recomenda Le Longchamp Le Lieutades Restaurant-Bar Restaurant-Bar Spécialités Portugaises Spécialités Portugaises LE TRIANON Café – Restaurante Spécialités Franco-Portugaises 40 Rue de Longchamp 75016 Paris 83 Avenue Paul Vaillant Couturier 94250 Gentilly 125, rue du Général de Gaulle 94350 Villiers sur Marne Tél.: 01 47 27 53 50 Tél.: 01 47 40 08 56 Tel: 01 49 30 15 57 Casa do Churrasco Churrasqueira Spécialités Portugaises 14 Bld. du Maréchal Foch 93160 Noisy le Grand Tél.: 01 57 33 06 91 46 ABRIL 2014 Bélier Vous ne manquerez pas d'énergie ce moisci ami Bélier et en aurez bien besoin pour faire face au remue ménage cosmique qui pourrait bien affecter votre équilibre ou achever de désordonner votre vie affective. Taureau Avril va secouer les mentalités et nous obliger à changer de codes (pour certains de vie) ! Le ciel se déchaine, nous contraignant à mobiliser nos forces profondes pour faire face aux événements mais surtout aux secousses intérieures qui ne manqueront pas d'ébranler nos certitudes, nos croyances et bien évidement notre sécurité ! Gémeaux Un mois en ébullition où vous aurez envie de faire des étincelles. A condition peut-être d'allumer le feu à bon escient pour entretenir la flamme entre vous et l'élu plutôt que de dépenser votre précieuse énergie dans tous les sens et pas toujours dans le bon ! Pub. HOROSCOPE WWW.PORTUGALMAG.FR Cancer En avril vous osez vous affirmer envers et contre tous ? Vous allez faire des vagues mais à priori vous ne vous laisserez pas trop déborder ! Si vous craigniez de dépasser les limites, apprenez à déterminer ou s'arrête vos responsabilités (pour les assumer) et où commence la culpabilité (pour éviter de tomber dans le piège! Lion Un mois complexe qui vous demandera de la prudence et de la conscience ! Il n'est plus temps de laisser dire, de laisser faire mais sans doute de réagir pour rétablir la vérité ou tout du moins une forme d'équilibre actuellement difficile à maintenir at home ! Vierge Ce mois ci, vous aurez fort à faire sur le plan professionnel ! Les tensions sont importantes, les enjeux de taille et vous devez négocier de près tout ce qui touche à vos intérêts ! Mars, depuis décembre dernier vous maintient sous pression et vous demande d'agir notamment dans le domaine financier. Balance Si vous cherchez à faire des étincelles en avril, préparez-vous alors à vous découvrir d'un fil… à vos risques et périls (ruptures, fâcheries et émotions vives qui pourraient vous fragiliser) ! Essayez contre vents et marées de garder le contrôle! Scorpion Avril promet d'être agité sur le plan collectif et sans doute allez vous essuyer quelques remous dans votre vie quotidienne où Uranus vous pousse à vous rebeller contre les habitudes et se heurte depuis le début décembre à un adversaire de taille (Mars) même s'il n'agit qu'à couvert et tente de vous déstabiliser sans dévoiler son vrai visage. Sagittaire Un mois chaud, éclectique, explosif dont vous exploiterez toutes les ressources pour réchauffer vos amours, resserrer les rangs ou trancher dans le vif. Qui m'aime me suive et en avril, votre regard se tourne définitivement vers un avenir… à ouvrir ! Capricorne Auriez-vous envie de changer d'air, de vie de mode de fonctionnement ? En avril, le ciel en ébullition pourrait bien faire sauter quelques verrous et vous projeter dans une compréhension nouvelle de votre être et de ce que vous pouvez faire de votre vie ! Verseau Vous tenterez de désamorcer les secousses sismiques prévues ce mois ci en usant de votre sens de la communication plutôt affuté ami Verseau et tenterez de garder le contact avec un entourage tout autant ébranlé que vous en exprimant le plus clairement possible vos émotions et ressentis. Poissons Le ciel s'enflamme et met le feu à votre bocal. En fait ça tombe bien puisque vous avez en tête de construire ailleurs ou autrement ! L'amour vous inspire, vous donne des ailes ? Alors en avril, cher poisson volant, servez vous de vos nouveaux attributs pour relever les défis et mine de rien commencer à incarner vos rêves !