Cadê o Lixo
que
estava aqui?
Programa de Educação Ambiental
Caderno C o n c e i t u a l
Instituto Estre de Responsabilidade Socioambiental
Presidente: Wilson Quintella Filho
Diretor-executivo: Juscelino Dourado
Coordenadora de educação: Fernanda Belizário
Coordenadora de relações institucionais: Adriana Norte
Analistas: Marcos Paulo Goldfarb e Mariane Pintor
Estagiários: Ana Carolina Luccarelli, Bruno Braglin, Caroline Loiola, Felipe Fortuoso, Gabriel
Guadalupe, Mariana Shimada, Mônica Barroso e William Sasao
Coordenadora de conteúdo: Maria Candida Di Pierro
Formação de educadores: Ana Lúcia Piazza, Mônica Maciel e Alciana Paulino
Projeto gráfico: Marko Mello
Ilustradores: Mario Cau e Vitor Gorino
Instituto Estre de Responsabilidade Socioambiental
Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1830 – Torre I – 2º andar
CEP: 04543-900 – São Paulo – SP
www.institutoestre.org.br
Centro de Educação Ambiental do Instituto Estre
Estrada Municipal P.L.N. (Paulínia Nova Veneza) 190 s/nº
CEP: 13 140-000 – Paulínia – SP
Tel.: (19) 3984-9251
[email protected]
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expressamente proibida.
Prezado(a) professor ou professora,
O caderno que você tem em mãos pretende auxiliá-lo(a) a desenvolver com seus
alunos o Programa de Oficinas Pedagógicas do Instituto Estre, que tem como tema
Consumo e Resíduos.
Não é novidade que precisamos reduzir a produção de resíduos gerados pelas
atividades humanas: são quase 4 milhões de toneladas de resíduos sólidos produzidos
no mundo a cada dia!1 Estamos consumindo coisas e descartando resíduos quase
todo o tempo, e , dependendo da maneira como o fazemos, podemos comprometer a
sustentabilidade do planeta em que vivemos.
A redução de resíduos é frequentemente associada com reciclagem, mas é mais
complexa que isso. É preciso evitar sua geração na fonte, o que significa repensar o
consumo de produtos e serviços.
Para fazer as melhores escolhas ao consumir e descartar resíduos, é necessário
conhecer as alternativas existentes. Por isso, atualmente, educar para escolhas
responsáveis ao consumir e descartar resíduos passou a ser um desafio fundamental
para a escola e para toda a sociedade.
O Programa de Oficinas Pedagógicas do Instituto Estre convida você e seus
alunos a encarar esse estimulante desafio. Esperamos que todos, educadores e
alunos, aproveitem muito as propostas e coloquem-nas em prática: elas podem
fazer a diferença!
Bom trabalho!
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Fonte: EPA (Environmental Protection Agency – Agência de Proteção Ambiental), 2002 (www.epa.gov)
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I - CONSUMO E PRODUÇÃO DE RESÍDUOS:
dois processos interligados
Para começar...
O que é consumo?
Quando falamos em consumo, a primeira coisa em que pensamos é no ato
de comprar. Mas o conceito de consumo pode ser entendido em um sentido
mais abrangente.
Segundo o dicionário Caldas Aulete, consumo significa:
Ação ou resultado de consumir, de adquirir mercadorias e serviços para
satisfação das necessidades humanas.
Nesse sentido, nós estamos consumindo alguma coisa quase o tempo
todo. No simples ato de escovar os dentes consumimos água, pasta
dental, escova e energia elétrica. Em tudo que fazemos, mesmo quando
imaginamos não consumir nada, usamos algo que, em seu processo
de produção, empregou matéria-prima e energia; depois de produzido,
para chegar até nós, utilizou mais recursos e energia. Ou seja, direta e
indiretamente, consumimos muitos bens e serviços, até mesmo nos atos
mais simples do nosso cotidiano.
Podemos afirmar que hoje em dia o consumo não existe somente para
satisfazer as necessidades básicas dos seres humanos. O consumo é
um conceito complexo que está relacionado com
questões sociais, econômicas e culturais, e
com o meio ambiente. Por isso,
as escolhas que fazemos
ao consumir têm reflexos
nesses âmbitos.
O consumo não ocorre de maneira
uniforme e homogênea no mundo. Isso
quer dizer que alguns consomem muito,
enquanto outros consomem abaixo das
suas necessidades básicas. Sabe-se que
os países industrializados constituem 20%
da população mundial. Pois esses 20% são
responsáveis por quase 80% de tudo que é
consumido no mundo. Enquanto isso, nos
países mais pobres, há pessoas vivendo sem
acesso nem mesmo à água potável.
Fonte: Relatório do Desenvolvimento
Humano de 1998, Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento)
O que são resíduos?
Costumamos chamar de lixo aquilo que sobra das nossas atividades, que
não usamos mais, e, portanto, jogamos fora. Entretanto, o nome apropriado
para o que “jogamos fora” não é lixo, mas resíduo, que quer dizer resto ou
sobra. O que normalmente chamamos de lixo são resíduos sólidos.
Acontece que uma parte significativa dos resíduos sólidos que produzimos
pode ser aproveitada ao invés de ser jogada fora. O lixo, na verdade, é
apenas a parte não aproveitada dos resíduos sólidos.
Além disso, não é possível afirmar que algo não pode, de jeito nenhum,
ser reaproveitado: o que é considerado lixo hoje pode não ser amanhã, já
que, dependendo das necessidades e dos avanços tecnológicos, mudam
as possibilidades de reaproveitamento dos resíduos. Pense nos materiais
recicláveis, que eram jogados fora como lixo e hoje são muito valorizados.
A quantidade de resíduos produzidos pelo homem hoje em dia é alarmante
e traz consequências em vários níveis, especialmente no que diz respeito ao
meio ambiente. Dependendo dos tipos de resíduos e da maneira como são
dispostos, eles podem poluir o solo, o ar e a água, alterar os ecossistemas
e colocar a saúde das pessoas em risco. É preciso o emprego de recursos
financeiros e de avançada tecnologia para destinar e tratar apropriadamente
os resíduos sólidos, minimizando os riscos.
Assim como o consumo, também existem
muitas diferenças na quantidade de resíduos
produzidos pelos diferentes países. Nos Estados
Unidos, uma pessoa produz, em média, 2,3 kg de
resíduos sólidos por dia, enquanto um brasileiro
produz entre 450 g e 1,2 kg de resíduos sólidos
2
por dia , dependendo da região. De maneira
geral, as regiões com habitantes com menor
renda geram menos resíduos, por conta da
menor capacidade de consumo.
Fonte: EPA, 2002 (www.epa.gov)
2
Segundo dados da Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico (IBGE , 2000), a geração per
capita de resíduos no Brasil varia entre 450 e
700 gramas para os municípios com população
inferior a 200 mil habitantes e entre 700 e 1.200
gramas em municípios com população superior a
200 mil habitantes.
Consumo e produção de resíduos: dois processos
interligados
No cotidiano, não associamos o ato de comprar um produto ou de utilizar
um serviço com os resíduos que essa ação pode gerar. Porém, o consumo e
a produção de resíduos são dois processos estreitamente ligados.
De onde vêm os resíduos? Eles são gerados ao longo de todo o ciclo de
vida de um produto – isto é, na extração da matéria-prima, no transporte
e no processamento dessa matéria-prima, na fabricação e distribuição
do produto e, por fim, no seu descarte. Portanto, tanto o consumo como
os resíduos são elementos de um mesmo processo: o ciclo de vida dos
materiais. Isso quer dizer que um não existe sem o outro. Se quisermos
reduzir os resíduos que produzimos, temos que repensar o que e o quanto
consumimos. É o que se chama de prevenção de resíduos: cuidar de reduzir
sua produção na origem, evitando o consumo.
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II - O CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS
Você já parou para pensar quantas coisas foram necessárias para que um produto
do seu dia a dia chegasse até você? E para onde ele irá depois de usá-lo?
Dica
Você pode entender mais sobre
Tome como exemplo sua caneta esferográfica. Para chegar até você, ela
o ciclo de vida dos produtos e a
passou pelas etapas de fabricação, distribuição e comercialização. Antes disso, economia dos materiais assistindo
a sua matéria-prima foi extraída da natureza e processada. Agora, ao usar a
“A História das Coisas”. Veja em:
caneta, é a etapa de consumo. Quando ela acabar, ou até mesmo antes disso,
• sununga.com.br/HDC (português).
você vai descartá-la.
• www.storyofstuff.com.br (inglês).
A extração e a fabricação
Vamos pensar nos materiais necessários para produzir a caneta. O tubo, a tampa
e o tubo da carga são feitos de plástico, que é um derivado do petróleo. O petróleo é
um recurso não renovável, isto é, ele pode esgotar-se com o uso. A ponta da caneta
é feita de tungstênio (um metal) ou aço (uma liga metálica). A tinta é constituída por
um solvente, feito à base de resina vegetal, e por corantes, que são feitos de carbono,
cromo, molibdênio, cádmio ou ferro, dependendo da cor. É possível que a caneta
venha numa embalagem de papel, produto feito da madeira. Todas essas substâncias
orgânicas e inorgânicas têm origem na natureza, como tudo o que existe, isto é, são
recursos naturais. É preciso extraí-los, processá-los e finalmente fabricar a caneta.
Tudo isso precisa de outros recursos (como água) e energia para ocorrer, o que gera
resíduos líquidos, sólidos e gasosos.
A distribuição
Depois de produzida, a caneta é transportada
e comercializada, processos que utilizam mais
energia e mais recursos naturais, além de
produzir resíduos. Se ela tiver sido fabricada
em um lugar distante daquele em que você
está, maior quantidade de recursos (como
combustível) terá sido empregada.
Primeiro você joga a embalagem fora. Depois de algum tempo, sua caneta irá para o
lixo. Dependendo da maneira como você a descarta e dos serviços públicos existentes
onde você mora, ela pode ir parar em um lixão, num aterro controlado, num aterro
sanitário ou na coleta seletiva. São formas diferentes de dispor os resíduos, e cada
uma tem um impacto ambiental diverso. Mas podemos pensar que em todos eles há
grande quantidade de espaço, de energia e de recursos sendo utilizados.
Alguns materiais podem se decompor rapidamente, integrando-se novamente ao
ambiente natural transformados, mas não é o caso da caneta. Materiais sintéticos
como o plástico demoram dezenas ou centenas de anos para ser decompostos. Então
a sua transformação demora muito tempo, muito mais do que o “tempo de vida” do
produto. E até do nosso próprio tempo de vida!
Fabricação
Da extração ao descarte,
forma-se um fluxo de
materiais e recursos
numa única direção, com
geração de resíduos em
todas as etapas. Coisa que,
na natureza, não pode se
sustentar por muito tempo.
Consumo
Resumindo o problema
Vimos que todas as etapas no ciclo de vida de um produto envolvem recursos da
natureza, alguns deles não renováveis. Utilizamos esses recursos seguidamente,
cada vez mais, criando um fluxo que os leva em direção ao descarte como resíduos.
Mas não é somente na etapa final que esses resíduos são descartados: desde a
extração, em todas as etapas, há produção de resíduos.
O consumo
Um dia, você passa na papelaria e
compra uma caneta. Pense nisso sendo
feito em larga escala: desde que foi lançada
há 50 anos, a Bic Cristal (a pioneira e mais
vendida entre as canetas esferográficas)
vendeu mais de 100 bilhões de unidades no
mundo (fonte: www.bicworld.com).
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O descarte de resíduos
Por ser um fluxo linear, a maior parte dos materiais transforma-se em resíduos e
não retorna à origem do ciclo em tempo hábil para se tornar matéria-prima para novos
produtos, o que pode causar exaustão de recursos, ou seja, usamos os recursos
naturais em uma velocidade muito maior do que a capacidade que a natureza tem de
transformá-los em recursos novamente.
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III - O CONSUMO
O consumo
A humanidade consome recursos e produz resíduos desde que existe.
Entretanto, na medida em que as sociedades foram se organizando e se
tornando mais complexas, os modos de vida mudaram, e assim, o que
consumimos e descartamos também mudou.
Desde a Revolução Industrial, e mais aceleradamente após a primeira
metade do século XX, muitos países passaram por um intenso processo
de industrialização. Isso ocorreu concomitantemente com o aumento
do consumo dos cidadãos. Tanto o que como o quanto se consumia foi
mudando, já que aumentava a oferta de produtos industrializados. E,
como consumo e resíduos estão interligados, a produção de resíduos
também mudou e aumentou muito nesses dois séculos.
A Revolução Industrial principia no século
XVIII, na Inglaterra. Para atender a uma
forte demanda por produtos da sociedade
europeia, acontece uma mudança na
forma de produção de bens, que passa de
manufatureira para industrial. A Revolução
Industrial determinou transformações
profundas nas formas de produção e de
organização social e política, tanto naquele
país, como em toda a Europa, e, aos poucos e
até hoje, no mundo todo.
Vale dizer que o incentivo ao
consumo atinge todas as classes sociais,
modificando as prioridades de consumo das
famílias e gerando ansiedade e insatisfação
nos que não podem consumir.
A sociedade de consumo
Entre 1960 e 2000, a população da Terra mais que dobrou, passando
de pouco mais de 3 bilhões de habitantes para atuais 6,8 bilhões.
Acontece que o consumo, no mesmo intervalo de tempo, tornou-se
quatro vezes maior!
O consumo é parte da nossa vida. Mas o que está acontecendo, por que
esse desequilíbrio?
A partir da segunda metade do século XX, com o avanço da
industrialização no mundo, passamos a viver nos moldes do que se
chamou “sociedade de consumo”, cujos ideais e valores foram sendo
adotados aos poucos. Alimentados pela oferta crescente de produtos,
esses valores transformaram nossos hábitos e o nosso cotidiano,
principalmente a partir dos anos 1960.
Produtos que eram vendidos a granel passam a ser oferecidos em
embalagens. Alimentos que antes eram feitos em casa passam a
ser comprados prontos. Embalagens que eram retornáveis (como
o vidro de leite) passam a ser descartáveis. Surgem os super e os
hipermercados. A velha ‘lata de lixo’ foi substituída pelos recipientes
de plástico, nos quais colocamos sacos plásticos. O plástico substitui
vários materiais, ganhando em higiene, praticidade, estética e
durabilidade. Embora tenha sido criado pra durar, ele passa a ser usado
para fabricar muitos produtos descartáveis.
A partir dos anos 1980, é a vez dos eletrônicos. Com o acelerado
desenvolvimento da tecnologia, um computador ou um celular é
rapidamente considerado obsoleto, precisando ser substituído para
acompanhar as novas demandas, ou simplesmente para revelar posição
social – o ‘status’.
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Muitos produtos são criados para durar pouco e ser
substituídos, processo chamado de obsolescência
planejada. Nessa lógica, um tênis ou uma calça que
poderiam durar bastante são substituídos a cada
estação, impulsionados pela indústria da moda. Já
a indústria de brinquedos ampliou-se,
disponibilizando enorme variedade de
produtos, agora com componentes
eletrônicos. Ficaram cada vez mais
atraentes – e descartáveis, já que
são sistematicamente considerados
ultrapassados ou “sem graça” frente
aos novos lançamentos.
Para pensar
Em pesquisa de 2001 feita pela Cartoon
Network em três capitais brasileiras com mil
crianças entre seis e onze anos de idade,
constatou-se que a atividade preferida
por elas não é brincar, mas ver televisão.
Além disso, 46% das crianças entrevistadas
apontaram a roupa como presente favorito,
na frente dos brinquedos.
(Fonte: VEIGA, A. Criança pensando como gente
grande. Veja, São Paulo, p.70-72, 16 maio 2001,
edição nº 1700, acessível em www.veja.com.br/
acervodigital)
Dica
Veja no computador ou grave em DVD o
documentário “Criança, a alma do negócio”, que
discute a relação entre a criança e o consumo.
Disponível em:
www.alana.org.br/criancaconsumo/
biblioteca.aspx?v=8&pid=40
A publicidade
Está na televisão, nos jornais,
nas revistas, na rádio, na tela do
computador, nos muros das ruas da
cidade e até nas estradas. Ela está
em todos os lugares, prometendo um
corpo maravilhoso, amigos bacanas,
sucesso, saúde, riqueza, alegria dos
seus filhos, enfim, a sua felicidade e a
da sua família.
A publicidade é uma ferramenta do
mercado, que pode ser importante para
informar o consumidor sobre as melhores opções
de consumo existentes. Porém ela pode funcionar
de maneira contrária, se, ao invés de apresentar ao
consumidor o que o produto é ou permite obter, ela
apenas prometer estilos de vida desejáveis, utilizando
apelo emocional para criar necessidades e gerar
desejo de consumo.
Para coibir abusos e estabelecer regras para a
publicidade, em 1978 foi criado o Conar (Conselho
Nacional da Atividade Publicitária). Existem também
órgãos que têm a finalidade de defender os direitos do
consumidor, como o Procon (Fundação de Proteção e
Defesa do Consumidor) e o Idec (Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor).
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IV - OS RESÍDUOS
Os lixões
O descarte de resíduos
Os lixões são depósitos de resíduos que não têm qualquer proteção ao meio
ambiente e nem à saúde das pessoas. Neles, o resíduo é disposto a céu aberto, sem
receber qualquer tratamento. O chorume e os produtos tóxicos contaminam o solo e
o lençol freático, e os gases da decomposição dos materiais orgânicos são emitidos
no ar. Os lixões atraem animais e expõem as pessoas que habitam seu entorno a
doenças. Além disso, muita gente busca sua sobrevivência nos lixões, expondo-se
a diversos perigos. Por todos esses motivos, os lixões representam um problema
social, ambiental e de saúde pública, e os governos têm sido pressionados a
terminar com eles. Entretanto, 59 % dos municípios brasileiros dispõem seus
resíduos sólidos em lixões.
Impulsionada pelo consumo, a produção de resíduos tornou-se um
problema de enormes dimensões, no âmbito ambiental, econômico e
social. No mundo são gerados por dia quase 4 milhões de toneladas
de resíduos sólidos; segundo dados extraídos da Pesquisa Nacional
de Saneamento Básico do IBGE (2000), o Brasil contribui com 158
mil ton/dia. E para onde vai todo esse resíduo?
No Brasil, nos centros urbanos, o resíduo sólido domiciliar é
geralmente coletado pelas prefeituras ou empresas contratadas
e depois é levado para seu destino final. Mas existe também uma
grande quantidade que não é coletada, pois temos 20% dessa
população que não conta com serviços regulares de coleta. Esses
resíduos não coletados acabam sendo jogados em margens de rios e
em terrenos baldios, ou são queimados (IBGE, 2000).
Os resíduos sólidos coletados pelas prefeituras têm sido
destinados, principalmente, aos aterros sanitários, aos aterros
controlados e aos lixões. Vamos conhecer melhor esses três tipos de
disposição final dos resíduos.
Os aterros sanitários
Os aterros sanitários são construídos para dispor o lixo sem
contaminar o solo, a água e o ar, ocupar o menor espaço
possível, além de tratar e reaproveitar os subprodutos do
lixo – chorume e gás metano.
Antes de dispor o lixo, recobre-se o solo com mantas muito
resistentes que impedem qualquer contato dos resíduos
e do chorume com ele. Depois disso, o resíduo é colocado,
compactado e recoberto por terra. Em seguida uma nova
camada de resíduo compactado e de terra é adicionada,
e assim sucessivamente, formando degraus. No aterro
sanitário, o chorume é canalizado e recebe tratamento, assim
como o gás, que é captado e pode ser queimado. Em alguns
aterros, a queima desses gases é utilizada como fonte de
energia elétrica.
Os aterros controlados
Trata-se de um tipo de disposição final intermediária entre o lixão e o aterro
sanitário. O aterro controlado recebe resíduo sem qualquer proteção para o solo,
sem captação do chorume e dos gases, como nos lixões; entretanto, o resíduo é
compactado e recoberto por terra, como nos aterros sanitários.
O chorume é um líquido muito
contaminante, escuro e de odor forte,
resultado da decomposição da matéria
orgânica. Atualmente, o chorume é tratado
em estações de tratamento de água, diluído
no esgoto doméstico.
O principal gás emitido na decomposição
do lixo é o metano, um dos gases do
efeito estufa. Hoje em dia, o metano é
aproveitado para a gerar créditos de
carbono e energia elétrica.
Todo o entorno do aterro é monitorado, com mapeamento das
espécies vegetais e animais, dos cursos de água e do solo.
Depois de ter sua vida útil esgotada, isto é, ter alcançado sua
capacidade máxima de receber resíduos, o aterro sanitário
continua sendo monitorado por cerca de 20 anos.
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As fraldas descartáveis
O impacto no meio ambiente causado pelo uso de fraldas de tecido equivale a um terço do das fraldas
descartáveis. Se um bebê usar apenas as descartáveis durante o seu tempo com fraldas, ele vai gerar 400 kg
de resíduos, correspondentes a 5000 fraldas.
A polêmica das sacolinhas plásticas
As sacolas plásticas estão em toda parte! Elas são feitas de plástico, originado do petróleo, um recurso
não renovável. Elas demoram centenas de anos para se decompor, ficam no meio ambiente, entopem os
vazadouros, causam danos aos animais, sujam os rios e os mares. E o tipo de plástico usado nas sacolas,
o plástico filme, é muito pouco reciclado no Brasil. Por isso, as sacolas plásticas tornaram-se verdadeiras
vilãs ambientais.
Fonte: www.ytv.fi
As embalagens
As embalagens, a princípio, têm a função de proteger os produtos, mas também são utilizadas como uma estratégia para
torná-los mais atraentes. O desenho das embalagens muda de tempos em tempos, assim como o desenho do próprio produto,
buscando reacender no consumidor o desejo pelo consumo.
Muitas pessoas em todo o mundo têm ido aos supermercados levando suas próprias sacolas de tecido,
ou acomodam as compras em caixas de papelão. Na Irlanda e na Alemanha, as sacolas foram taxadas, o
que diminuiu drasticamente sua circulação.
As embalagens representam uma parcela muito grande de matéria-prima, de energia e de custos à maioria dos produtos que
compramos. Entretanto, há muito desperdício, pois em 80% dos casos elas são utilizadas apenas uma vez e depois são jogadas
fora. Por isso, elas constituem uma enorme fração do nosso lixo doméstico.
O assunto é polêmico, já que em alguns casos elas são muito úteis, garantindo higiene e praticidade.
Como saída, o uso de um tipo de plástico biodegradável, que demora cerca de três anos para se decompor,
tem sido discutido no Brasil e pode ser empregado na fabricação das sacolas.
Dica
O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente realizou um concurso
chamado Saco de Ideias, no qual foram premiados os vídeos
com respostas mais criativas e mobilizadoras à pergunta: “O que
fazer para reciclar, reutilizar, recusar ou reduzir o uso de sacolas
plásticas?”. Conheça os mais votados em www.akatu.org.br ou em
www.sacodeideias.com.br.
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V - CONSUMO, RESÍDUOS E EFEITO ESTUFA
Qual a relação entre consumo, resíduos
e emissão de gases de efeito estufa?
Ao longo dos últimos duzentos anos, muitos países foram se industrializando,
e, em consequência, passaram a produzir e consumir bens em larga escala. Para
isso, foi preciso obter energia em quantidade e com grande eficiência.
Inicialmente, queimava-se o carvão vegetal – isto é, as florestas – para obter
energia e acionar máquinas. Atualmente, o modelo de desenvolvimento da maior
parte dos países está associado à queima sistemática e maciça dos combustíveis
fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural), fonte de energia para manter
a indústria e o padrão de consumo dos habitantes. Queimam-se combustíveis
fósseis para gerar eletricidade, alimentar indústrias, fazer funcionar máquinas e
movimentar os meios de transporte.
Da queima dos combustíveis resulta principalmente gás carbônico (CO2). Na
natureza, as plantas e o fitoplâncton (micro-organismos presentes nos oceanos)
são responsáveis por absorver o CO2 da atmosfera por meio da fotossíntese.
Com o aumento das emissões, seria necessário que a massa vegetal e de
fitoplâncton aumentasse, para dar conta de absorver todo o gás carbônico; porém,
os desmatamentos promovem o efeito contrário, uma vez que, ao diminuir a
cobertura vegetal do planeta, diminuem sua capacidade de captura de CO2.
O efeito estufa
Tanto ouvimos falar sobre o efeito estufa associado
ao aquecimento global e às mudanças climáticas,
que podemos pensar que ele é nocivo por si só. Nada
disso: o efeito estufa é um mecanismo fundamental
para a existência de vida na Terra. Vapor d’água e gases
que ficam retidos na atmosfera funcionam como um
“cobertor” ao redor da Terra, retendo parte da energia
que recebemos do Sol na forma de calor. Assim, a Terra
se mantém aquecida a uma temperatura razoavelmente
constante, o que é muito importante para a manutenção
dos ecossistemas e de todos os tipos de vida.
Os gases emitidos por atividades humanas se
distribuem da seguinte maneira:
Os principais gases de efeito estufa são o gás carbônico,
o metano, o óxido nitroso, e os chamados CFCs (gases
fluorclorocarbono).
Fonte: World Watch Institute, 2002
(em cait.wri.org, acesso em 19/01/10)
O aquecimento global e as
mudanças climáticas
A intensa e contínua queima de combustíveis e o
desmatamento provocam o aumento de concentração de
gases na atmosfera. Isso faz com que o “cobertor” natural
se adense, intensificando o efeito estufa.
Muitos cientistas da atualidade afirmam que a Terra
vem sofrendo um gradativo aumento da sua temperatura
média, processo conhecido como aquecimento global.
Sua principal causa seria a intensificação do efeito
estufa provocado pelo aumento das emissões gasosas
pelo homem.
Segundo o IPCC, o Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas criado pela ONU em 1988, os gases
de efeito estufa que vêm sendo emitidos em quantidade
crescente poderão provocar, nos próximos 50 anos, uma
série de mudanças no clima com sérias consequências
para o planeta.
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A relação entre consumo, resíduos e
emissões gasosas
Bom para o Brasil
A energia utilizada nos processos descritos pode
ser obtida da queima de óleo, gasolina, gás ou
carvão; também existe a participação, em vários
processos, da eletricidade. No Brasil, a maior
parte da eletricidade é obtida de fonte hidráulica,
o que gera muito menos emissões de gases que a
queima de combustíveis fósseis.
Além disso, utilizamos também como
combustível o álcool da cana-de-açúcar, o etanol,
cuja queima produz menos emissões de CO2 que
os combustíveis de fonte fóssil.
Analisando as principais etapas do ciclo de vida dos produtos,
podemos entender a relação que existe entre consumo, resíduos e
emissão de gases.
Antes do consumo dos produtos...
Minério, árvores, petróleo: esses são exemplos de matéria-prima
usada para fazer as coisas que utilizamos. Extrair, transportar,
processar esses insumos, fabricar produtos, distribuí-los e
comercializá-los – cada uma dessas etapas do ciclo de vida dos
produtos envolve a queima de combustíveis para fornecer energia.
Essa queima gera emissão de gás carbônico – um dos gases do
efeito estufa. Além disso, é preciso considerar que os combustíveis
utilizados para gerar energia também precisam ser extraídos,
transportados e processados, gerando mais emissões de gases.
Soma-se a isso tudo o fato de que certos processos de fabricação
geram emissões de outros tipos de gases de efeito estufa.
Depois do seu uso...
No final da sua vida útil, se um produto não for reutilizado nem reciclado, ele poderá
ser destinado a um lixão ou a um aterro (em alguns casos, poderá ser incinerado). Sua
coleta, transporte e disposição final nos aterros ou lixões envolvem também queima de
combustíveis – significando emissão de gases de efeito estufa.
Nos aterros, o material orgânico contido nos resíduos sólidos se decompõe na ausência
de oxigênio (decomposição anaeróbia). A decomposição produz um gás, o metano, que
intensifica o efeito estufa 21 vezes mais que o gás carbônico. Mas o metano é também fonte
de energia, e em alguns aterros sanitários ele é captado e utilizado para gerar eletricidade.
Se, depois de seu uso, um produto for para a reciclagem, ele precisará de energia para
ser reprocessado e transformado em novos produtos. Mas a quantidade de energia
será menor, bem como a quantidade de matéria-prima virgem necessária – evitando
assim uma quantidade de emissões de gases de efeito estufa. No caso específico da
reciclagem de papel (e de outros produtos que vêm da madeira) há ainda outro fator
favorável: ao evitar a derrubada de novas árvores, contribui-se para a maior captura de
CO2 presente na atmosfera.
A pegada ecológica
Podemos afirmar que, de maneira geral, quanto mais consumimos, maior é a quantidade de
recursos naturais que usamos, assim como o volume de resíduos que é produzido.
Mas não é só a quantidade que conta, importa também o que consumimos. Os diferentes produtos
e serviços que utilizamos geram diferentes impactos no planeta.
Para nos dar uma medida do impacto que nossa forma de viver tem sobre o meio ambiente, foi
criada a pegada ecológica. Ela é uma ferramenta que permite avaliar qual é o “rastro” ou “pegada” que
nossa forma de viver deixa sobre o ambiente.
A pegada ecológica indica qual é a área do planeta, em hectares, necessária para sustentar as
necessidades de um habitante de um determinado local. Para estimar quanto vale a pegada ecológica
de um indivíduo, procura-se determinar os recursos naturais que são utilizados ao consumir bens
e serviços (para alimentação, moradia, locomoção etc.), bem como os resíduos resultantes dessas
atividades, como o gás carbônico.
A importância dessa ferramenta, do ponto de vista educativo, é muito grande: ela nos dá
consciência dos hábitos que devemos adotar ou abandonar, e, principalmente, nos leva a buscar
informação e conhecimento a respeito das práticas mais sustentáveis.
No site www.pegadaecologica.org.br, você pode calcular sua pegada ecológica e conhecer dicas
para diminuí-la.
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VI - REPENSANDO...
Repensando o consumo e o descarte de
resíduos, podemos mudar muita coisa
O consumo, que nos garante bem-estar e supre nossas necessidades, tornou-se
o centro de um sistema que utiliza os recursos naturais em um ritmo muito rápido
e que resulta em toneladas de resíduos lançados na natureza diariamente.
A transformação desse modelo passa por mudanças na forma de consumir.
Fazendo isso, poderemos transformar o ciclo de vida dos produtos, tornando o
planeta mais sustentável.
A prevenção de resíduos
A prevenção de resíduos consiste em diminuir sua produção na fonte por meio
de mudanças nos hábitos de consumo.
Essas transformações implicam na redução de consumo de alguns produtos
e materiais. Quando reduzimos o consumo de algo, diminuímos também a
quantidade de coisas que “jogamos fora” – em outras palavras, resíduos. Assim,
diminuímos a necessidade de coletar e tratar os resíduos, bem como as áreas
destinadas para a construção de aterros. Além disso, quanto menos resíduos,
menos uso de energia e dinheiro.
Não é só: ao reduzir o consumo, reduz-se a necessidade de produzir novas
mercadorias, e, consequentemente, menos recursos naturais são necessários,
menos energia é consumida, menos transporte e combustível são utilizados
e, portanto, menos gases são emitidos. Reduzindo todos esses processos,
diminuímos os resíduos gerados por cada um deles.
Mudar o consumo não quer dizer, necessariamente, que nós devemos
passar a consumir menos coisas. Trata-se de adotar algumas
mudanças em nossos hábitos de consumo, ser mais seletivos,
sem necessariamente privar-nos das coisas de que precisamos e
gostamos. É possível fazer escolhas mais sustentáveis sem deixar
de atender nossas necessidades.
Exemplificando: ao evitar comprar produtos excessivamente
embalados, reduzimos o consumo dos materiais das embalagens.
Se muitos cidadãos fizerem isso, a indústria e o comércio passarão
a rever as embalagens, o que implicará não só em menos resíduos,
mas também em menos custos. E, é claro, o meio ambiente sofrerá
o impacto positivo dessa medida.
Reduzir o uso de materiais descartáveis substituindo-os por
produtos duráveis é outra maneira de mudar o consumo com a
finalidade de poupar materiais e diminuir resíduos. Alugar, emprestar
e compartilhar coisas de uso esporádico também são formas de
consumir menos.
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A reutilização
Outra maneira de mudar o consumo é incentivar a reutilização dos
produtos. Recuperar aparelhos elétricos e eletrônicos e doar objetos
que não são mais usados, como roupas e brinquedos, prolonga o
seu tempo de vida útil. A reutilização evita a produção de novas
mercadorias e evita o descarte dos produtos.
A reciclagem
A compostagem é um tipo de reciclagem
de materiais, uma vez que utilizamos
restos orgânicos como folhas e restos
de alimentos (de origem conhecida
e controlada, evitando a presença de
contaminantes) para produzir composto
orgânico para adubar jardins e pomares,
evitando o uso de fertilizantes químicos.
A redução do consumo e a reutilização dos materiais devem ser
priorizadas quando pensamos em prevenção de resíduos. Mas,
quando não puderem ser realizadas, a reciclagem passa a ser a melhor
alternativa para diminuir os impactos do consumo.
Os materiais recicláveis são os resíduos sólidos passíveis de ser
reprocessados para ser utilizados na fabricação de novos produtos.
A reciclagem evita que esses materiais sejam destinados a lixões ou
aterros, reduz a necessidade de extrair recursos naturais para produzir
novos objetos e, por isso, economiza os custos e a energia relativos
ao processamento dessa matéria-prima. Por causa da reciclagem,
menos gases de efeito estufa são emitidos. E tem mais: no
Brasil e no mundo a reciclagem gerou uma série de
oportunidades de trabalho, principalmente para
pessoas antes excluídas do mercado, com a
criação das cooperativas de catadores, de
triagem dos materiais etc.
Quando um produto que foi feito
com material reciclado é comprado
e utilizado, dizemos que “o ciclo
se fecha”, beneficiando tanto
o meio ambiente quanto a
economia e a sociedade.
Reciclagem no Brasil
Segundo relatório da Cempre de 2008, o
índice nacional de reciclagem e compostagem
de resíduos sólidos urbanos é de 11% do total
coletado, assim distribuído:
• 1,5% dos resíduos orgânicos domésticos
gerados são reciclados por meio da
compostagem.
• 22% do óleo lubrificante.
• 40% da resina plástica PET (polietileno
tereftalato).
• 45% das embalagens de vidro.
• 77,3% do volume total de papelão
ondulado.
• 89% das latas de alumínio.
• 35% do papel.
Fonte:Cempre, 2008 ( www.cempre.org.br)
Fatos da reciclagem
Reciclando 1 tonelada de papel poupamos:
• 17 árvores.
• 26500 litros de água.
• 1750 litros de óleo combustível.
3
• 2,3 m de espaço em aterros sanitários.
A reciclagem de alumínio poupa 95% da energia requerida para fabricar latas de alumínio a
partir do zero.
3
Fonte: EPA, 2005 (www.epa.gov)
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Os quatro Rs
Essas medidas podem ser resumidas em um conjunto de ações práticas que
chamamos de “Quatro Rs:”
• Repensar
Repensando nossos hábitos de consumo passamos
a adotar as medidas necessárias para mudar o ciclo
de vida dos materiais, impactando positivamente a
natureza, a sociedade e a economia.
Os efeitos de REPENSAR o consumo
e a produção de resíduos
Distribuição
• Reduzir
Reduzindo o consumo,
alteramos todo o ciclo
de vida dos produtos:
economizamos energia
e recursos e prevenimos
resíduos e poluição.
Fabricação
REDUÇÃO
REUTILIZAÇÃO
RECICLAGEM
A reciclagem de materiais evita
a extração de mais matéria-prima.
Assim, poupam-se recursos naturais e
energia, além de diminuir a produção
de resíduos que resultam da extração
e do processamento de materiais.
Reutilizando os produtos, evitamos a
fabricação de outros novos e o descarte dos
mais antigos.
Consumo
Reutilizar os produtos evita a
fabricação e a distribuição de outros
novos. Isso diminui a utilização de
novos recursos e de energia, além
de evitar a produção de resíduos em
toda a cadeia.
Extração
• Reutilizar
Reduzir o consumo diminui
o fluxo de materiais em todo
a cadeia, evita a utilização de
matéria-prima, de energia e
possibilita menor produção de
resíduos em todas as etapas.
Descarte
Quando a produção de
resíduos é combatida na
fonte pela mudança nos
hábitos de consumo, menos
materiais e produtos vão parar
desnecessariamente nos aterros.
• Reciclar
Reciclando os materiais, nós os
reintroduzimos no ciclo de vida dos
produtos. Isso evita a extração de
matéria-prima para produzir novas
coisas, poupa energia e recursos.
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O que cada um de nós pode fazer?
Conheça algumas atitudes que podem fazer toda a diferença:
• Repensar
•Antes de comprar, você pode se perguntar: eu preciso mesmo disso?
• Reutilizar
•Você pode escolher produtos feitos por produtores locais. Assim, diminui o
impacto do transporte.
•Você pode aprender e ensinar como aproveitar restos de alimentos que,
normalmente, vão parar no lixo.
•Você pode informar-se a respeito das condições em que o produto foi produzido,
averiguando se são justas e se a empresa respeita o meio ambiente. Se há
injustiça e dano em algum ponto, eles impactam a todos e tudo.
•Você pode incentivar uma feira de trocas – de livros, de brinquedos, de roupas.
•Você pode evitar comprar produtos feitos com materiais que não são
recicláveis quando possível.
•Você pode consertar um objeto, ao invés de comprar um novo; valorizando
coisas usadas em vez de novas.
•Você pode comprar produtos feitos com materiais reciclados, “fechando o ciclo”.
•Você pode imprimir nos dois lados do papel.
•Você pode descartar produtos contaminantes de forma adequada: na hora de
jogar fora pilhas e baterias, informe-se a respeito dos postos de coleta dos
fabricantes. Você pode atuar em campanhas para que fabricantes de remédios
e de lâmpadas também passem a fazer coleta desses materiais.
•Se for desfazer-se de eletrônicos, informe-se a respeito de instituições que
fazem o reaproveitamento do “lixo eletrônico”.
•Você pode doar coisas que usa muito pouco.
• Reciclar
•Se você mora em um lugar que possua coleta seletiva regular, informe-se
como separar o material que pode ser reciclado e separe seus resíduos.
• Reduzir
•Você pode escolher produtos duráveis e recusar os descartáveis.
•Você pode recusar produtos com embalagens desnecessárias.
•Você pode evitar toda forma de desperdício.
•Você pode alugar ou compartilhar coisas de uso pouco frequente ao invés
de comprá-las.
•Ao invés de trazer uma nova sacolinha plástica a cada compra, você pode usar
sempre a mesma, ou levar sempre às compras uma feita de tecido.
•Se o lugar em que mora não tem coleta seletiva regular, você pode procurar um
ponto de coleta e organizar-se com seus vizinhos para levar seus materiais
recicláveis até lá.
•Você pode pressionar a administração pública a implantar a coleta seletiva
regular e a reciclagem de materiais.
•Faça em sua casa e em sua escola
a compostagem do material
orgânico, utilizando o composto
como adubo orgânico.
Colocando em prática o princípio dos 4
Rs na nossa vida cotidiana, mudaremos
os nossos hábitos de consumo,
reduzindo a produção e o descarte
de resíduos. Ensinando isso para os
outros, estaremos contribuindo para
disseminar práticas sustentáveis. Por
isso, a educação tem um papel muito
importante, que é o de instaurar uma
cultura para a sustentabilidade.
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Glossário
Aterro sanitário: Local de disposição de resíduos sólidos
urbanos e industriais não perigosos com proteção ao solo
e lençol freático, o que permite seu confinamento seguro
em termos de controle da poluição ambiental e proteção à
saúde pública.
Chorume: Resíduo líquido altamente poluidor que resulta
da decomposição anaeróbia da parte orgânica dos resíduos
sólidos (lixo).
Coleta seletiva: Uma alternativa de coleta de resíduos que
prevê uma etapa inicial de separação dos tipos de materiais
descartados antes de destiná-los à reciclagem, evitando o
envio para aterros sanitários e/ou lixões.
Combustíveis fósseis: Denominação dada a materiais
formados de restos orgânicos fossilizados que liberam
grande quantidade de energia em sua queima. Incluem
petróleo, gás natural e carvão.
Compostagem: Técnica de obtenção de composto
fertilizante (húmus) com base na mistura de terra e restos de
vegetais e animais em decomposição, de origem conhecida
e controlada, evitando a existência de contaminantes.
Consumo: Aquisição e uso de bens, mercadorias e serviços
para satisfação das necessidades humanas.
Decomposição: Processo de transformação química da
matéria orgânica em compostos simples, com resultante
liberação de energia. A decomposição é realizada pelos
fungos e bactérias. Quando acontece em presença de
oxigênio é chamada decomposição aeróbia; na ausência de
oxigênio a decomposição é anaeróbia.
Descarte: No sentido tratado nesse material, o descarte é o
ato de dar destinação aos materiais e às mercadorias após
sua utilização.
Dióxido de carbono (CO2) ou gás carbônico: Gás produzido
quando se queima qualquer material contendo carbono
em presença de oxigênio. É absorvido pelas plantas e
fitoplâncton na fotossíntese e expelido pela respiração dos
animais. É um dos gases do efeito estufa.
Fitoplâncton: Organismos fotossintetizantes, em geral
microscópicos, que flutuam no corpo de águas marinhas
ou doces.
Fotossíntese: Processo bioquímico realizado pelos seres
clorofilados (entre eles a quase totalidade dos vegetais),
em que a energia luminosa é convertida em energia
química e armazenada nos carboidratos. No processo,
são absorvidas moléculas de gás carbônico e liberadas
moléculas de oxigênio.
Gases de efeito estufa (GEEs): São os gases que retêm
radiações solares re-emitidas pela superfície terrestre,
mantendo a Terra aquecida. São gases de efeito estufa o
dióxido de carbono, o óxido nitroso e o metano, entre outros.
Lixão: Forma inadequada de disposição final de resíduos
sólidos, que consiste na descarga do material no solo sem
qualquer técnica ou medida de controle.
Matéria orgânica: Material originado de animais e vegetais.
Metano: Gás de fórmula CH4, presente no petróleo e em
jazidas de gás, produzido por processos biológicos em
lodos, pântanos, arrozais, lixeiras e no intestino de muitos
organismos vivos. Contribui para o efeito estufa, com a sua
capacidade para reter o calor do Sol.
Reciclagem: Processo por meio do qual um determinado
material retorna ao ciclo de produção, após já ter sido
utilizado e descartado, para que novamente possa ser
transformado em um bem de consumo.
Resíduo: Material ou restos de materiais que sobram
de um processo de produção, transformação,
extração de recursos naturais, execução ou consumo
de produtos e serviços.
Sustentabilidade ambiental: É o uso racional dos recursos
naturais que acontece integrando crescimento econômico,
justiça social e conservação da natureza. Também pode
ser entendida como a relação adequada entre recursos e
produção, e entre produção e consumo.
Efeito estufa: Fenômeno natural em que gases presentes
na atmosfera terrestre retêm parte da energia solar
mantendo o calor e permitindo a existência de vida na Terra.
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Referências
Vídeos
A história das coisas
Criança, a alma do negócio
Home
Roteiro: Annie Leonard
Direção: Louis Fox
Realização: Free Range Studios
Duração: 21 minutos
Estados Unidos, 2008
Direção: Estela Renner
Realização: Maria Farinha Produções
Duração: 49 minutos
Brasil, 2008
Direção: Yann Arthus-Bertrand
Realização: Elzevir Films
Duração: 120 minutos
França, 2009
Sites
AMBIENTE BRASIL - Portal ambiental
www.ambientebrasil.com.br
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem www.cempre.org.br
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo www.cetesb.sp.gov.br
GREENPEACE - www.greenpece.org.br
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística http://ibge.gov.br
IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor www.idec.org.br
INSTITUTO AKATU PELO CONSUMO CONSCIENTE - www.akatu.org.br
INSTITUTO ALANA - www.alana.org.br e www.criancaeconsumo.org.br
MEC - Ministério da Educação www.mec.gov.br
MMA -–Ministério do Meio Ambiente www.mma.gov.br
RECICLOTECA - www.recicloteca.org.br
SNIS - Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (Ministério das Cidades)
www.snis.gov.br
WWI - Worldwatch Institute –www.worldwatch.org (em inglês)
WWF Brasil - www.wwf.org.br
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O Programa de Educação Ambiental
é uma iniciativa do
www.institutoestre.org.br
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