GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA EMPRESA SEM FINS LUCRATIVOS Merielin Cristina VIEIRA1; Tiago Germano PASSOS1; Simone MAIDEL2 1 Discentes do Curso Superior de Tecnologia em Logística no Instituto Federal Catarinense – Campus São Francisco do Sul 2 Docente Orientadora - Instituto Federal Catarinense – Campus São Francisco do Sul Introdução O acúmulo de lixo é um fenômeno exclusivamente humano, e sua disposição inadequada devido a ausência de gestão causa grandes impactos socioambientais, tais como degradação do solo, comprometimento dos rios, nascentes e mananciais, intensificação de enchentes, contribui para a poluição do ar e proliferação de vetores de doenças além de acarretar condições insalubres nas ruas e nas áreas de disposição final (BESEN, 2010). Segundo o Manual de Educação para o Consumo Sustentável (2005), “a reciclagem é uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos mais vantajosa, tanto do ponto de vista ambiental como do social. Ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água, diminuindo o volume de lixo e a poluição. Além disso, quando há um sistema de coleta seletiva bem estruturado, a reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável. Pode gerar emprego e renda para as famílias de catadores de materiais recicláveis, que devem ser os parceiros prioritários na coleta seletiva”. Assim, o gerenciamento de resíduos sólidos tem por finalidade minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados a adequada coleta, armazenamento, tratamento, transporte e destino final adequado, visando a preservação da saúde pública e a qualidade do meio ambiente. E na gestão deste processo, a sustentabilidade ambiental e social pode ser construída a partir de modelos e sistemas integrados, possibilitando tanto a redução do lixo gerado por uma determinada população, como a reutilização e reciclagem de materiais descartados. Observa-se, então, que um projeto como este é de suma importância em qualquer área de negócio, pois pode ser considerado um fator de impacto na competitividade e eficiência perante os concorrentes, pode aumentar a satisfação e qualidade de vida dos clientes, frequentadores e de seus funcionários, além de melhorar sua imagem perante a sociedade. Entretanto, no município de São Francisco do Sul/SC esta prática não é estimulada ou observada de maneira significativa, seja em iniciativas públicas ou privadas, motivo pelo qual os dois primeiros autores elaboraram um projeto de Gestão de Resíduos Sólidos para empresa na qual trabalham. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, com aproximadamente 240 sócios, que atua no ramo náutico e de lazer em São Francisco do Sul e aceitou a proposta de execução do referido projeto em suas dependências a partir do segundo semestre de 2015. Os objetivos deste projeto são: verificar a situação atual de como a empresa lida com os resíduos sólidos decorrentes de sua atividade, identificar possibilidades de melhoria, propor ações de conscientização e incentivo pertinentes nesta área e implantar a gestão dos resíduos sólidos em conformidade com a legislação ambiental. Método Trata-se de um projeto de extensão de natureza aplicada, descritiva e qualitativa, que se utilizará de pesquisa de campo (observações sistemáticas e registro fotográfico) para obtenção dos dados, e se pautará na Lei nº 12.305/10 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e suas metas para as ações a serem propostas. Resultados Dado que o projeto encontra-se em fase inicial, neste momento apenas o levantamento da situação atual foi realizado. Identificou-se que a empresa até o momento não realiza a coleta seletiva e que apenas alguns funcionários, “por conta própria”, separam apenas latinhas de alumínio do lixo comum para venda, já que nas dependências da empresa não existem recipientes para coleta seletiva, apenas tambores plásticos distribuídos em alguns locais de grande circulação destinados a coleta de todo e qualquer material descartado, como por exemplo se observa na entrada do cais de serviço (fig.1) ou simplesmente, inexiste local apropriado para o descarte de resíduos, como se observa na área do quiosque do restaurante (fig.2). A partir desta observação, percebeu-se que será necessário a instalação de caixas para coleta seletiva (plástico, metal, vidro e orgânico, pois são os principais resíduos descartados na empresa em questão), sendo os seguintes pontos identificados como ideais para fixação das mesmas em função da grande circulação de sócios e colaboradores: entrada do cais de serviço; área externa do restaurante; frente da marcenaria; rampa (hangar IX), cais norte I, II e II; cais sul e frente da cozinha. Também se verificou a necessidade de construir um local adequado para o correto armazenamento dos resíduos sólidos até serem retirados para seu destino final, bem como, a instalação de placas explicativas sobre cada classe de resíduos com indicação de pontos de descarte para ciência de todos os freqüentadores do local. . Levando em conta que a empresa não pretende implantar a gestão de resíduos sólidos para seu lucro financeiro, e que alguns funcionários já separavam as latinhas de alumínio, propõem-se que a empresa adote algum programa de incentivo aos seus funcionários para o descarte correto de resíduos, ficando o lucro da venda destes materiais para o benefício dos próprios funcionários. Deste modo, além dos resultados iniciais obtidos até o momento, espera-se a implementação total de um projeto de redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos com a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado); espera-se estimular esta prática entre os colaboradores, sócios e freqüentadores, aumentando a satisfação em estar ou participar de uma empresa ambientalmente consciente e atuante, também contribuindo para disseminação de tal prática na comunidade francisquense. Considerações Finais De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, “a preocupação com os resíduos vem sendo discutida há algumas décadas nas esferas nacional e internacional, devido à expansão da consciência coletiva com relação ao meio ambiente. Assim, a complexidade das atuais demandas ambientais, sociais e econômicas induz a um novo posicionamento dos três níveis de governo, da sociedade civil e da iniciativa privada” (BRASIL, 2015). Embora o projeto ainda esteja em seu início, e os resultados ainda pouco expressivos, acredita-se que os frutos do mesmo serão compensadores a médio e longo prazo. E como cidadãos conscientes da importância que o meio ambiente possui para a qualidade de vida e bem estar de todos, poder contribuir para a conscientização de funcionários, sócios e freqüentadores que passam pela empresa na qual trabalhamos a partir da implantação de um processo de gestão de resíduos sólidos nos deixa orgulhosos, além de permitir a utilização prática de conceitos e teorias relativas a Logística Reversa aprendidos na vida acadêmica, tornando-os ainda mais significativos ao longo de nossa formação. Referências BESEN, G. R. Resíduos sólidos: vulnerabilidades e perspectivas. In: SALDIVA P. et al. Meio ambiente e saúde: o desafio das metrópoles. São Paulo: Ex Libris, 2010. BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015. (http://www.mma.gov.br/cidadessustentaveis/residuos-solidos). Acesso 10/09/2015.