Visita à aldeia Guarani Mby’a Marabá, Pará Fernando López, Agosto de 1999 BELEM 1 BR 150 Km 13 Km 60 N O ± 4 Km Terra Guarani ± 400 Has. E S 2 3 4 5 1. 2. 3. 4. 5. 6. Manaus Rio Negro Rio Solimoes Rio Amazonas Rio Madeira Rio Tapajós Rio Tocantins Aldeia Guarani BRASIL MARABA - PA Localização: A aldeia esta localizada a 80 Km. de Maraba -PA. Os primeiros 60 Km. são da BR 150 que vai de Maraba a Jacundá e Belém. No Km. 60 se entra a dereita numa estrada de chão, nela se vai 13 Km até chegar a um lugar chamado ???????. Neste ponto se entra num portão de uma fazenda e se entra por uns 3 o 4 Km mais (no tempo das chuvas este caminho tem que ser recorrido a pé por estar cheio de lodo e agua). Por fim, os últimos 3 Km. Para chegar à aldeia são por uma picada no meio do mato dentro da terra dos Guarani. População: a aldeia tem um total de 12 familias que moram em 9 casas. A população total é de 43 pessoas. Alem destas familias tem outras que foram acolhidas por outros povos: com os Karaja de Tocantins moram 6 familias guarani; com os Wajajara do Maranhão estão 4 familias; com os Gavião do Pará tem 3 familias; com os Xerente são 2 familias; e também tem algumas familias em Goiania e am algumas fazendas de Mato Grosso. Eles estimam, entre todas as familias Guarani de seu grupo que estão espaliadas, que são umas 200 pessoas ao todo. Um pouco da Historia. Dados recolidos numa entrevista feita aos irmãos João Vera Guarani (38) e Benedito Vera Guarani (40), filhos do Tuxawa Raimundo Guarani, quem murriou ??????? em acidente de carro quando se dirigia a Maraba para continuar com as gestões da estrada de acesso a terra de seu povo. Em 1930 saieram de Paraguai, de Yvy Guachu (Terra Grande), quando este pais entrou em gerra com a Bolivia. Eles contam que foram uns 2000 indios que saieram fujendo da guerra (o número numero um pouco magnificado). Atravesaram o estado do Paraná e depois Mato Grosso do Sul. Numa aldeia grande em Mato Grosso a doença matou a quasi toda a comunidade. O grande Tuxawa, Manequinho Guarani também murriou naquela epidemia. Manequinha foi do grupo que saiou de Paraguai, naquela epoca ele era ainda rapaz. Ao perder o Cacique o povo que sovreviviou a doença ficou meio doido, sem orientação de nengém. Cada um començou a dirigirse por conta propria. O resto do povo perdido se expaliou por todo canto. Foram para outros estados, trabalhando nas fazendas, sendo explorados e maltratados... Foi um tempo de muito sofrimento... Foi no Pará onde començaram a juntarse de novo. 1 Uma terra para juntar nosso povo. Historia contada por João Vera Guarani, filho do Cacique Reimundo Guarani. “Nós estavamos em Maranhão. O Pe. Carlos Ubialde (de Bom Jardim - MA), me diz que tinha muitos Guarani na região e que seria bom eu dar uma olhada... Estive visitando alguns Guarani em Rio de Janeiro, na Bracui, Angra do Rio. Depois fui para São Paulo, visitei a aldeia Morro de Saudade; la tem 300 indios em 8 alqueres. Foi em São Paulo que entrei em contato com Maria Ines, da CTI (Centro de Trabalho Indigenista). Apresentei para ela nossa situação dificil de estarmos vivendo em terra dos outros. Ela visitou a nossa região. Se viou que não dava para ir todos para São Paulo, era muito frio para nós. Decidimos que era melhor ficar por aqui mesmo e consegirmos uma terra. A CTI deu 25.000 e nos vendemos uma Toyota que a FUNAI tinha fornecido para a gente. Juntamos o dinheiro e em Deembro de 1996 compramos esta terra. A terra é pequena, são só 88 alqueres (± 400 Has.); uns 50 alqueres são de mata, 38 são de abertura. Ao començo só vieram a morar na nova terra duas familias. Depois, pouco a pouco, se foram juntando outras... O sonho da comunidade contado por João e seu irmão Benedito: Ainda tem muitas familias Guarani que estão espalhadas e sufrendo muito nas fazendas ou nas terras de outros irmão indígenas. Nós sonhamos com um dia poder estar todos juntos nesta terra. Por isso estamos lutando para juntar a todos os irmãos Guarani que estão nesta região. Gostariamos viver como antes viviam nossos antepasados, recuperar as tradições, as danças, os reços... Gostariamos ter mel abundante na mata, peixe em cuantidade no nosso ygarape, fartura de milho e macachera nas nossas roças... Sonhamos com conquistar um dia “Yvy opa’ÿva” (“Terra que no acaba”), “Yvy marane’ÿva” (“Terra santa, sem mal”). Nesto temos que ter muita fé e procurar caminhar sem muitos erros na frente de Ñande Ru (Nosso Pai), Tupã (Deus), Ñandejára (Nosso Senhor). Para que esta terra não acabe nós temos que pedir e trabalhar nela. Ele foi quem deu a terra para nós e só acabará quando ele quiser. Ele nós proteje. O mais importante é não perder nossas tradições. As nossas crianças entendem a lingua pero muito poucas a falam... Nós queremos que elas continuem falando nossa lingua. É muito importante recuprar a lingua e a tradição para as crianças. (Benedito). Os avos viviam em Paraguai, na aldea Yvy Guachu. Em 1930 os avos saierão de Paraguai fujendo da guerra como a Bolivia. Contam nossos velhos que eram muitos, uns 2.000 Guarani os que sairam. Atravesarão o estado de Parana e entrão em Mato Grosso onde morabam numa grande aldeia. Manequinho Guarani era o grande cacique naquela época. Ele tinha saido do Paraguai cuando era rapaz. Estando naquela aldeia grande de Mato Grosso, a doença chegou e matou a quase toda a comunidade. Também o cacique Manequinha murriou pela doença. Os pocos Guarani que sobraram ao perder o cacique, ficarão meio doidos, perdidos e sem orientação. Sem alguém que os dirigiese aqueles poucos Guarani espalharão-se por todo canto. E cada um deles se dirigiou por se propio.Todos pasaram a trabalhar como escravos nas fazendas. Foi sofrido trabalhar para os outros. Quando nos espalhamos, umas familias forão para Goiania (6 f) outras para Maranhão (4 f), otras para Tocantins e o Para. Também algumas familias quedarão em Mato Grosso (2 f, em Cocalim). Todos viviam em aldeias de otros povos indígenas: com os Karaja (6 f, Tocantins), Guajajara (4 f, Maranhão), Xerente (2 f), Gavião (3 f, Para). Como conseguerão esta terra? 2