…em ação APA Número especial sobre a situação da atenção pós-abortamento por todo o mundo, com um olhar para o futuro Número 11, maio de 2007 A situação da atenção pós-abortamento por todo o mundo, com um olhar para o futuro Compilado por Diane Bushley Editora: Diane Bushley Desenho gráfico: Leslie Byrd Presidência atual do Consórcio de APA: Population Council, www.popcouncil.org Johannes van Dam Laura Raney postabortion care PAC consortium APA em ação é uma publicação do Postabortion Care Consortium, elaborada pelo Population Council com o generoso financiamento da Packard Foundation. Para fazer comentários, perguntas ou sugestões sobre este boletim informativo, por favor entre em contato com: Population Council One Dag Hammarskjold Plaza New York, NY 10017 E-mail: [email protected] Conselho de revisão editorial: Jessica A. Cohen, PATH Gwyn Hainsworth, Pathfinder International Marty Jarrell, Ipas Ron Magarick, JHPIEGO Joseph Ruminjo, EngenderHealth Elizabeth Westley, Family Care International Por favor, visite nosso site: www.pac-consortium.org Estima-se que 46 milhões de abortamentos induzidos são realizados por ano em todo o mundo. Quase a metade (aproximadamente 20 milhões) destes abortamentos são inseguros, ocasionando a morte de cerca de 68.000 mulheres a cada ano, ou 13% de todas as mortes relacionadas à gravidez.1 Na África, Ásia, América Latina e Caribe, as complicações resultantes de abortamentos espontâneos e inseguros contribuem significativamente para os altos índices de mortalidade materna.2 No início da década de 90, a comunidade internacional que trabalha com a saúde reprodutiva começou a focalizar de forma mais explícita as conseqüências do abortamento inseguro. Em 1991, o Ipas introduziu o conceito de “atenção pós-abortamento” (APA), que significa a integração do tratamento das complicações do abortamento com serviços de planejamento familiar, tendo como objetivos a interrupção do ciclo de gestações não desejadas e abortamentos repetidos e a melhoria da saúde das mulheres em todo o mundo. A AVSC International (agora EngenderHealth), a International Planned Parenthood Federation, o Ipas, a JHPIEGO Corporation e a Pathfinder International formaram em 1993 o Consórcio de APA para promover a atenção pós-abortamento. E, em 1994, os participantes da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), no Cairo, requereram uma maior atenção às complicações do abortamento enquanto uma questão de saúde pública. O parágrafo 8.25 do programa de Ação da CIPD recomenda: “Em todos os casos, as mulheres devem ter acesso a serviços de qualidade para o manejo de complicações resultantes de abortamentos. Aconselhamento pós-abortamento, educação e serviços de planejamento familiar devem ser oferecidos prontamente, o que também ajudará a evitar abortamentos repetidos.” Desde esta época, as agências filiadas ao Consórcio de APA e outras implementaram programas de APA em mais de 40 países. A reunião do Consórcio de APA realizada no outono de 2006 teve como foco “A situação da atenção pós-abortamento por todo o mundo, com um olhar para o futuro”, e incluiu apresentações sobre a situação da APA em três regiões África, Ásia e Oriente Próximo (AOP) e América Latina e Caribe (ALC) - bem como apresentações sobre a descentralização da APA e o futuro da APA por todo o mundo. As apresentações regionais ofereceram uma oportunidade de comparar as tendências da APA nas diferentes regiões. Este artigo é um resumo das apresentações, em combinação com informações adicionais recolhidas das agências filiadas ao Consórcio de APA. Uma breve visão geral do contexto e da história de cada região também está incluída, seguida por uma análise do trabalho de APA na região, baseada no modelo dos Elementos Essenciais da APA , desenvolvido em 2002 pela Força-Tarefa para os Elementos Essenciais do Consórcio de APA. Os cinco Elementos Essenciais são: 1. Parcerias entre a comunidade e os provedores de serviços de saúde reprodutiva para prevenção (de gestações não desejadas e abortamentos inseguros), mobilização de recursos (para ajudar as mulheres a receber assistência apropriada e oportuna para as complicações de abortamentos) e garantia de que os serviços de saúde reflitam e atendam às expectativas e necessidades da comunidade; 2. Aconselhamento para identificar e responder às necessidades de saúde físicas e emocionais das mulheres, bem como outras preocupações que possam ter; 3. Tratamento do abortamento incompleto e inseguro e das complicações que potencialmente colocam em risco a vida das mulheres; 4. Serviços de planejamento familiar e contracepção para ajudar as mulheres a evitar uma gravidez não desejada ou praticar o espaçamento entre o nascimento de seus filhos; e 5. Serviços de saúde reprodutiva e outros serviços de saúde que sejam fornecidos, de preferência, no próprio local ou, através de encaminhamentos, em outros estabelecimentos acessíveis dentro da rede de provedores.3 Finalmente, está incluído também neste artigo um resumo das tendências gerais e das futuras direções da APA em cada região. A lista de programas, agências e temas regionais incluída nos artigos a seguir não é, de forma alguma, completa, e nossa expectativa é que este resumo sobre o trabalho de APA gere diálogo dentro e entre as regiões. Os leitores de APA em ação (doadores, organizações não-governamentais - ONGs, administradores do setor público de saúde, etc.) estão convidados a enviar quaisquer informações sobre seus programas de APA para o e-mail [email protected]. Estamos especialmente interessados em ouvir aqueles que trabalham no campo e nos esforçaremos para compartilhar as informações recebidas através do site do Consórcio de APA (www.pacconsortium.org) e em números posteriores de nosso boletim informativo. África Baseado na apresentação realizada por Placide Tapsoba, Population Council Os países na região da África têm algumas das taxas de mortalidade materna mais altas do mundo. O abortamento é restringido legalmente na maioria dos países africanos, o que ocasiona números elevados de abortamentos inseguros que são responsáveis por, aproximadamente, 12% das mortes maternas na região.1 Em alguns países da África subsaariana, a soro prevalência do HIV entre adultos com idade de 15 a 49 anos é maior do que 20%;4 por este motivo, é particularmente importante tratar o HIV epidêmico nos serviços de APA desta região. Ao longo da última década e meia, a expansão dos serviços de APA na África tem se caracterizado por iniciativas de APA regionais. Alguns dos primeiros programas na região foram lançados na África anglófona, onde os serviços de APA têm sido fornecidos desde o início da década de 90 na maioria dos países. A rápida expansão da APA nestes países se concentrou em quatro áreas: (1) serviços de APA em estabelecimentos de saúde de nível primário dos setores público e privado - médicos e enfermeiras/ parteiras; (2) treinamento de trabalhadores de saúde comunitários (TSCs) que possam atuar como provedores de serviços primários, com o objetivo de realizar encaminhamentos precoces para os serviços de APA; (3) incorporação da APA aos critérios e diretrizes das políticas para os serviços de saúde reprodutiva; (4) integração dos serviços de APA aos programas de Maternidade Segura. Baseando-se nestas experiências, foi realizada em Mombasa, Quênia, em 2000, uma conferência internacional com participantes de 21 países.5 Em março de 2002, representantes da Organização Mundial da Saúde, ministérios da saúde, organizações de saúde regionais e agências colaboradoras dos Estados Unidos reuniram congregações de 14 países francófonos6 em uma conferência de quatro dias em Dacar, Senegal. Senegal foi escolhido como sede da reunião devido ao sucesso de seu programa de APA, que começou no final da década de 90 com um projeto piloto iniciado pelo Ministério da Saúde (MDS), e cujo objetivo era avaliar a implementação do modelo de APA original em dois hospitais de Dacar e um centro de saúde distrital. Em uma pesquisa conduzida em 2001, EngenderHealth, com o apoio do programa FRONTIERS do Population Council, observou que serviços de APA de qualidade podiam ser oferecidos em estabelecimentos de nível primário, incluindo centros de saúde e postos de saúde. Estas experiências iniciais bem sucedidas, entre outras, levaram o MDS a desenvolver normas e critérios para a APA, com o intuito de iniciar a expansão do programa de APA. Após a conferência, entre novembro de 2003 e junho de 2005, a USAID/Senegal e o MDS trabalharam em parceria para expandir os serviços de APA para estabelecimentos de saúde em 23 dos 56 distritos de saúde do país.7 2 SAA -action A conferência sobre APA na África francófona enfocou a divulgação dos resultados e das experiências da pesquisa sobre APA realizada no Senegal, com o intuito de estimular sua reprodução em outros países.8 Juntas, as duas conferências internacionais realizadas na África procuraram incentivar os programas de APA por toda a África e pelo mundo. Além dos países que participaram destas conferências, as agências colaboradoras do Consórcio de APA realizaram atividades de APA em Angola, Moçambique, Nigéria, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue. Os Elementos Essenciais da APA Parcerias entre a comunidade e os prestadores de serviços Uma das primeiras experiências de APA em comunidade foi a iniciativa de atenção ao abortamento baseada na comunidade (COBAC, na sigla em inglês), que começou em 1996 e foi implementada pelo Center for the Study of Adolescence, o Kisumu Medical and Educational Trust (KMET) e o Pacific Institute of Women’s Health (PIWH), no Distrito Suba, no Quênia. A equipe da COBAC desenvolveu “A Grande Traição”, uma apresentação teatral que contava a história de uma jovem de 16 anos que ficava grávida e se submetia a um abortamento inseguro. “A Grande Traição” era um instrumento poderoso para gerar discussão na comunidade e, ao final, foi transformada em filme de longa metragem. A avaliação da iniciativa de COBAC realizada no meio do período, em julho de 2003, constatou que o número de mortes ocasionadas por abortamentos inseguros caíra significativamente desde o início da intervenção - de 14 em 2001 para zero em 2003. Na Etiópia, a Pathfinder fornece serviços de APA em 300 clínicas, através de seu programa patrocinado pela USAID denominado Planejamento Familiar/Saúde Reprodutiva na Etiópia e de seu projeto financiado pela Fundação Packard denominado Iniciativa de Privilégio ao Setor Privado para Saúde Reprodutiva e Planejamento Familiar, ambos com ênfase na atenção integral (tratamento de complicações, planejamento familiar pós-abortamento, aconselhamento e encaminhamento para outros serviços). Para atender ao elemento comunidade da APA, aproximadamente 9.000 agentes comunitários de saúde reprodutiva (ACSRs) foram treinados para divulgar informações sobre prevenção de gestações não planejadas e abortamentos inseguros e sobre disponibilidade de serviços de APA, bem como para reconhecer complicações de abortamentos inseguros e garantir que as mulheres recebam serviços de APA. Os ACSRs trabalham atualmente em áreas de assentamento, onde vivem cerca de 85% da população. A Pathfinder desenvolveu currículos de treinamento em APA para os níveis ACSR e PHC e apoiou o MDS na adoção de um currículo de APA nacional. Aconselhamento No início da década de 90, a Pathfinder trabalhou com o Kenyatta National Hospital (KNH) para atender ao grande número de jovens mulheres que chegavam à enfermaria de emergências com complicações de abortamento. Reconhecendo as necessidades especiais das jovens clientes de APA, a Pathfinder ajudou o KNH a estabelecer a “Clínica de Alto Risco”, cujo público-alvo era as mulheres com menos de 25 anos que sofriam com complicações de abortamentos inseguros. Os serviços se concentravam especificamente em fornecer informações adaptadas e aconselhamento sobre contracepção e saúde reprodutiva, incluindo infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e HIV/AIDS, e em prover planejamento familiar pósabortamento. Uma avaliação realizada em 1997 revelou que a Clínica de Alto Risco estava atendendo 5.000 jovens mulheres anualmente, e esta clínica serviu como modelo para replicação em quatro outros lugares. Esta iniciativa pioneira conduziu a outros esforços para atender às necessidades especiais das adolescentes dentro dos programas de APA, incluindo o Grupo de Trabalho do Consórcio de APA “APA Amigável para Jovens” (APA AJ), e a orientação técnica recentemente aprovada para a APA AJ (disponível no site do Consórcio de APA: http://www. pac-consortium.org/site/DocServer/YF_PAC_technical_guidance. pdf?docID=241) Tratamento Como pôde ser visto na discussão sobre a iniciativa de COBAC, existe uma falta de provedores - particularmente médicos - em muitos lugares da África. Desta forma, em diversos países, parteiras foram treinadas para realizar a aspiração manual intrauterina (AMIU), o que ampliou o acesso à APA nas áreas rurais. Por exemplo, em Maláui, a JHPIEGO treinou 148 enfermeiras/ parteiras e trabalhadores clínicos em serviços de APA. Em resultado ao apoio da JHPIEGO, foram feitas mudanças políticas no sentido de permitir que tanto as enfermeiras-parteiras diplomadas (inicialmente) quanto as enfermeiras-parteiras matriculadas (subseqüentemente) realizassem serviços de APA abrangentes, incluindo a aspiração manual intra-uterina. Esta mudança permitiu uma expansão progressiva do programa de APA nacional e contribuiu para a sustentabilidade do programa. Outro desenvolvimento promissor para a ampliação do acesso aos serviços de APA em todo o mundo é o uso do misoprostol para o tratamento do abortamento incompleto. O número de maio de 2006 do APA em ação abordou o uso do misoprostol na APA. Como o misoprostol pode ser fornecido por profissionais de nível médio e em estabelecimentos que não possuem equipamento cirúrgico, pode expandir o acesso à APA no nível da comunidade. Projetos da Gynuity Health conduziram diversos estudos na África subsaariana e em outras regiões (ver as Atualizações Programáticas neste número e no número de maio de 2006 do APA em ação). Baseando-se nos resultados de um estudo da Gynuity (que compara a utilização do misoprostol sublingual com a do misoprostol oral na APA), o MDS de Madagascar incorporou recentemente o uso do misoprostol para esta indicação em suas normas nacionais. Planejamento familiar pós-abortamento Na África francófona, antes de 1994, havia uma ausência total de serviços de planejamento familiar (PF) nos hospitais; os métodos contraceptivos só eram fornecidos em estabelecimentos que cuidavam da saúde materna e infantil (SMI). A implementação de programas de APA integral melhorou a integração da APA com os serviços de PF. Através de uma intervenção do Projeto ACQUIRE, liderado pela IntraHealth International e apoiado pela EngenderHealth e a Sociedade para as Mulheres e a AIDS no Quênia, 143 provedores foram treinados em APA entre julho de 2004 e setembro de 2006. Nos estabelecimentos que receberam o suporte, 1.427 clientes foram tratadas usando a AMIU e 1.008 (71%) dentre elas deixaram os estabelecimentos com um método de PF entre julho de 2004 e março de 2006. Integração com serviços de SR e outros serviços de saúde Em todo o mundo, pouco trabalho tem sido feito no sentido da integração com serviços de SR e outros serviços de saúde. A África não é exceção, e existe uma necessidade evidente de vincular a APA ao HIV/AIDS nesta região. No currículo do seu treinamento em APA que tem sido implementado na Etiópia, Gana e Uganda, a Pathfinder inclui ISTs, avaliação de risco e aspectos da prevenção de HIV. Conclusões Como em todos os serviços de saúde em geral, a falta de profissionais habilitados na região da África é um desafio para a implementação e a expansão dos serviços de APA. Apesar disso, a possibilidade de enfermeiras- parteiras realizarem de forma segura a AMIU e a esperança do uso do misoprostol como uma tecnologia adicional para o esvaziamento intra-uterino oferecem oportunidades para a expansão da APA para as áreas rurais. Baseando-se nas informações das agências filiadas ao Consórcio de APA, os futuros esforços na região da África devem focalizar (1) o desenvolvimento de parcerias entre trabalhadores de saúde da comunidade e os prestadores de serviços de APA; (2) os recursos para o reposicionamento do PF/SR e da APA; (3) o treinamento no local de trabalho para os prestadores de serviços; (4) a sustentabilidade dos serviços; (5) a institucionalização da APA nas universidades e (6) a integração da APA com os programas de prevenção de HIV. Ásia e Oriente Próximo Baseado na apresentação de Anand Tamang, Center for Research on Environmental Health and Population Activities (CREHPA), Nepal Na região da Ásia e do Oriente Próximo (AOP), o contexto legal do abortamento varia, com o abortamento sendo altamente restringido em alguns países e muito menos em outros. A região da AOP tem o maior número de abortamentos inseguros de todas as regiões (34.000), e o abortamento inseguro é responsável por cerca de 13% de toda a mortalidade materna.1 Nos últimos anos, as leis sobre o abortamento têm sido liberalizadas em vários países. É importante observar, no entanto, que a disponibilidade do abortamento legal não elimina a incidência de abortamento inseguro. Por exemplo, apesar de o abortamento ser legal na Índia desde 1972, apenas cerca de 10% dos abortamentos realizados neste país podem ser considerados seguros. Várias conferências internacionais sobre APA foram realizadas na região da AOP. Em 2002, a White Ribbon Alliance organizou uma conferência na Índia. Em setembro de 2003, o Interagency Group for Safe Motherhood patrocinou uma conferência - Salvando a Vida das Mulheres: O Impacto na Saúde do Abortamento Inseguro - em Kuala Lumpur, Malásia. A conferência, que destacou as complicações de abortamentos como uma das principais causas de mortes maternas e encorajou os participantes a desenvolver estratégias para abordar este problema, teve a participação de delegações de 11 países da região da Ásia.9 A atenção pós-abortamento começou primeiro no Nepal, em 1995, e, desde esta época, foi integrada à política nacional de saúde, inclusive no Plano para Maternidade Segura (20022017). Quatro hospitais do governo foram estabelecidos como locais de treinamento para provedores de APA, e o treinamento em APA foi integrado ao pacote de treinamento em Assistência Básica às Emergências Obstétricas. A partir de 2005-2006, os serviços de APA tornaram-se disponíveis em 55 hospitais do governo, 23 centros de saúde primários e quatro instituições de saúde ligadas a ONGs. Apesar de as leis sobre o abortamento terem sido liberalizadas em 2002, a necessidade de APA permanece. No entanto, em uma pesquisa realizada em 2005 pelo Center for Research on Environmental Health and Population Activities (CREHPA), 53% dos médicos relataram que o número de admissões para APA com complicações ocasionadas por abortamentos inseguros diminuiu em seus estabelecimentos de saúde desde que a lei foi liberalizada. Os Elementos Essenciais da APA Parcerias entre a comunidade e os prestadores de serviços Em Bangladesh, no Projeto NGO Service Delivery (NSDP, da sigla em inglês), a Pathfinder fortaleceu os serviços de APA em oito clínicas do NSDP, enfocando a provisão de tratamento para complicações relacionadas ao abortamento, aconselhamento e contracepção pós-abortamento. O NSDP equipou os estabelecimentos e forneceu contraceptivos. Um manual de treinamento em APA, baseado no currículo de APA da Pathfinder, foi desenvolvido para os componentes clínicos e comunitários da APA. Foram treinados treze médicos para serem capacitadores de APA e nove médicos e 17 paramédicos foram treinados SAA -action 3 em APA integral, enquanto 3.000 trabalhadores comunitários da área da saúde foram treinados em APA na comunidade. Cento e cinqüenta clínicas integraram a APA comunitária ao atendimento obstétrico de emergência na comunidade (AOEm). Foram desenvolvidos materiais baseados nas características da comunidade (cartazes, cartões ilustrados com gravuras, etc.) sobre uma variedade de temas, incluindo a função do marido e o que fazer se ocorrerem problemas, com o objetivo de educar a comunidade a respeito dos perigos do abortamento inseguro e informar sobre o momento adequado de procurar ajuda. Através de uma doação do CATALYST, a Reproductive and Child Health Alliance (RACHA), uma organização não-governamental (ONG) que atua no Camboja, trabalhou em parceria com o Ministério da Saúde para implementar uma série de treinamentos em nível distrital, com o objetivo de atualizar o conhecimento de voluntários da comunidade que trabalhavam com a saúde, prestadores de serviços e curadores tradicionais sobre os sinais de perigo das complicações de abortamentos espontâneos e induzidos e a necessidade de encaminhamento imediato destes casos para estabelecimentos de saúde. Os prestadores de serviços também participaram de uma orientação a respeito de aconselhamento sobre PF pós-abortamento. Mais de 33.000 pessoas em 383 aldeias foram alcançadas com mensagens sobre APA e PF transmitidas através de sessões de conscientização da comunidade. Material sobre modificação de comportamentos, incluindo folhetos e cartazes, foi desenvolvido em colaboração com o MDS. O projeto também facilitou o acesso ao atendimento através do reembolso dos custos do transporte para as mulheres que procuraram os serviços de APA. uma pesquisa do Population Council no Egito estudou o impacto do aconselhamento dos maridos das pacientes dos serviços de APA a respeito da recuperação das clientes e do uso de contracepção.10 O aconselhamento foi fornecido apenas aos maridos das clientes que deram permissão para tal, e os tópicos do aconselhamento incluíam: (1) importância do repouso e da alimentação depois da APA; (2) sinais de aviso que justificam a assistência de seguimento; (3) retorno à fertilidade; (4) necessidade de planejamento familiar para evitar gestações não planejadas; e (5) causas do abortamento espontâneo (se adequado). O estudo constatou que, com o devido controle das características das clientes, os maridos que receberam aconselhamento forneciam mais suporte às suas esposas durante a recuperação. Foram avaliados três tipos de apoio: (1) instrumental (comprando e preparando comida, ajudando no trabalho de casa, etc.), (2) emocional e (3) apoio no planejamento familiar. O aconselhamento dos maridos foi mais associado ao apoio instrumental e à ajuda no planejamento familiar do que ao apoio emocional. Tratamento Aconselhamento Desde agosto de 2002, o programa de Saúde Materna e Neonatal (SMN) da JHPIEGO na Indonésia tem colaborado com hospitais privados sem fins lucrativos pertencentes ao Muhammadyah, um dos maiores grupos islâmicos do país, com o intuito de desenvolver sua capacidade de oferecer serviços de APA integral. Fornecer APA em hospitais islâmicos foi estrategicamente importante para integrar a APA ao programa nacional de saúde materna. Reconhecendo a importância do papel dos maridos na tomada de decisões sobre assuntos relacionados à saúde reprodutiva, A decisão do grupo Muhammadyah de oferecer serviços de APA contribuiu para o enfraquecimento do estigma associado aos Descentralização e APA Baseado na apresentação de Saumya RamaRao, Population Council O motivo que fundamenta a descentralização dos serviços de APA é a melhoria do acesso geográfico, social e econômico e da qualidade e eficiência dos serviços, para, em última instância, reduzir as mortalidade e morbidade maternas. A descentralização envolve reforma política para promover a autonomia local e, no setor da saúde, apresenta duas formas: (1) desconcentração e (2) delegação. A descentralização, às vezes, se refere ao ato de aproximar os serviços das comunidades. Enquanto a ampliação do acesso aos serviços pode, nitidamente, melhorar a saúde pública, existe também uma necessidade explícita nas comunidades de serviços disponíveis localmente, realizados por profissionais locais. Um desafio à descentralização dos serviços é a possibilidade de prejudicar a qualidade do atendimento. O fornecimento de serviços abrangentes pode ser um desafio; o aconselhamento é, geralmente, inadequado ou não sistemático, e o elemento planejamento familiar (PF) é fraco, em parte devido ao fato de ser, com freqüência, oferecido através de unidades de serviço de saúde separadas. Para o tratamento, tanto o manejo da dor quanto a prevenção de infecções podem ser inapropriados. Finalmente, do ponto de vista administrativo, o registro dos casos 4 SAA -action pode ser incompleto. Os pontos fracos dos serviços em sistemas descentralizados são, geralmente, resultantes da falta de recursos no nível primário de atendimento à saúde; apesar disso, esta ausência de recursos pode e tem sido superada. Uma das experiências mais proeminentes e bem documentadas com a descentralização da APA ocorreu no Senegal. A EngenderHealth, com financiamento do Population Council/ FRONTIERS, avaliou a eficácia de introduzir serviços de APA em postos de saúde de dois distritos na região rural do Senegal.22 O modelo básico para extensão dos serviços (descentralização) usado no Senegal mostrou que os programas devem fundamentar-se em evidências globais e nacionais e, depois, a experiênciapiloto deve ser testada sob condições realistas. Após o teste, os formuladores do programa devem trabalhar com as partes envolvidas para reestruturar o modelo dos serviços e, posteriormente, mostrar os resultados, os ensinamentos e os sucessos, como forma de defender a implementação mais ampla do programa. Ao ser expandido, o programa deve ser estendido a um nível de serviço por vez. Ao final, todos os níveis do sistema de saúde e a comunidade devem estar envolvidos, e defensores da APA devem ser estabelecidos para apoiar a sustentabilidade do programa. A experiência do Senegal rendeu alguns resultados promissores. A extensão dos serviços é possível, e os profissionais de nível médio (parteiras) podem fornecer serviços de qualidade quando recebem treinamento apropriado e apoio contínuo. Um dos principais ensinamentos foi que a APA deve ser inserida no contexto do atendimento obstétrico de emergência e dos processos mais amplos de reformulação da saúde materna e da saúde reprodutiva. Para dar suporte a futuros esforços de descentralização, os sucessos e fracassos ocorridos na expansão dos serviços de APA devem ser documentados e compartilhados. As lições aprendidas até o momento permitiram a identificação das seguintes estratégias de sucesso para a descentralização: • Estender o treinamento para os profissionais de nível mais baixo de forma gradativa (ou para um nível de serviço por vez); • Permanecer flexível ao desenvolver os modelos; • Fornecer suporte para a expansão dos serviços até que a sustentabilidade possa ser comprovada; e • Fazer um teste-piloto sujeito a protocolos rígidos para verificar a possibilidade do uso do misoprostol. problemas de saúde relacionados ao abortamento entre os provedores de saúde, líderes religiosos e a comunidade de forma geral. Além disso, a influência política do Muhammadyah facilitou o reconhecimento do programa de APA como um modelo para os departamentos de saúde nos níveis nacional e subnacional. O MDS equipou instituições de saúde do setor público em 17 províncias para que pudessem fornecer APA integral, logo depois que os prestadores de serviços foram habilitados no centro de treinamento do Muhammadyah. Planejamento familiar pós-abortamento Para aumentar a aceitação do planejamento familiar pósabortamento, a Pathfinder trabalhou com a Planned Parenthood Association da Indonésia no projeto do Service Deliver Expansion Support (SDES), para fortalecer especificamente o aconselhamento e o planejamento familiar pós-abortamento através do treinamento dos prestadores e do estabelecimento de uma abordagem para a provisão de serviços baseada no atendimento em equipe para médicos e parteiras. O projeto SDES foi executado entre 1994 e 1997. Integração com serviços de SR e outros serviços de saúde Na Índia, a EngenderHealth está abordando necessidades de APA em nível comunitário. Concentrou esforços em quatro estados do norte, onde os indicadores de planejamento familiar e saúde reprodutiva têm sido historicamente pobres: Uttar Pradesh, Uttaranchal, Rajasthan e Gujarat. Trabalhando em estreita colaboração com o Departamento de Bem-Estar da Família do Governo da Índia, a EngenderHealth contribuiu para conquistas significativas no uso e na qualidade dos serviços de planejamento familiar - melhorando tanto o fornecimento de serviços clínicos quanto a escolha informada de uma variedade maior de métodos - e abordou outras necessidades de saúde reprodutiva ainda não atendidas das mulheres e dos homens, incluindo assistência obstétrica de emergência, prevenção de infecções do aparelho reprodutivo (IARs) e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e aconselhamento sobre HIV. Conclusões A região da AOP é muito diversificada em termos de contextos socioeconômicos e culturais e no que se refere à situação legal do abortamento. No entanto, independente do estado legal do abortamento, há uma necessidade evidente de APA. Nos lugares onde o abortamento é legal, ainda ocorrem complicações ocasionadas por abortamentos inseguros, e há também uma necessidade de integrar o planejamento familiar pós-abortamento com os serviços de APA e os serviços de abortamento seguro. A diversidade da região também ocasionou uma ampla variedade de estratégias para implementar e expandir os serviços de APA - no setor público no Nepal, no terceiro setor (organizações não-governamentais) em Bangladesh, e em estabelecimentos privados religiosos sem fins lucrativos na Indonésia, que subseqüentemente levaram à implementação de serviços de APA no setor público. Como foi ilustrado através do exemplo do Egito, relacionamentos entre gêneros e outros relacionamentos sociais (como as relações entre as mulheres e suas sogras) são um desafio importante em muitos países da região da AOP que freqüentemente impedem as mulheres de usar contracepção e de procurar serviços de APA, quando necessário. Nos estabelecimentos de saúde e nas comunidades, uma atenção maior às questões de gênero provavelmente contribuirá para reduções maiores da morbidade e mortalidade maternas resultantes de complicações de abortamentos. América Latina e Caribe Baseado na apresentação de Debbie Billings, Ipas Os índices de mortalidade materna na região da América Latina e Caribe (ALC) são mais baixos do que os das outras regiões. No entanto, o abortamento é legalmente restrito em quase todos os países, a maior parte deles fortemente católica. Assim, além de o abortamento ser legalmente restrito, existe um forte estigma social associado ao abortamento, o que leva as mulheres a procurar serviços de prestadores clandestinos e a adiar a procura de atendimento em serviços de APA quando experimentam complicações de abortamentos. Apesar de o número total de abortamentos inseguros (3.700) ser bem menor do que o das outras regiões, a percentagem de mortes maternas atribuíveis ao abortamento inseguro (17%) é alta.1 Foram implementados programas de atenção pós-abortamento em numerosos países da região da ALC, incluindo Argentina, Bolívia, Brasil, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá e Peru. A região também se beneficia com as trocas entre os próprios países componentes, facilitadas pelo idioma comum compartilhado pela maioria dos países da região ALC. Uma conferência regional realizada em setembro de 2002 reuniu delegações de seis países11 na Bolívia, com o objetivo de compartilhar as experiências bem sucedidas da Pathfinder International relacionadas à expansão da APA na Bolívia e no Peru. Dentro da região, a Bolívia representa um excelente exemplo de programa de expansão. Tanto o Ipas quanto a Pathfinder/ CATALYST forneceram assistência técnica ao programa e, a partir de 2003, os serviços de APA vêm sendo oferecidos em todos os nove departamentos do país: oito hospitais terciários, 53 hospitais de nível secundário e 57 centros de saúde de nível primário. A atenção pós-abortamento também foi incluída na política nacional de saúde. Os serviços de APA são cobertos pelo pacote de seguro de saúde materno-infantil nacional (o Seguro Universal Materno Infantil), e normas e diretrizes para uma atenção pós-abortamento integral foram desenvolvidas e divulgadas em toda a nação.12 Os Elementos Essenciais da APA Parcerias entre a comunidade e os prestadores de serviços Uma vez que o acesso à assistência pode ser um desafio, os prestadores de serviços de saúde baseados na comunidade, incluindo as parteiras tradicionais e empíricas (parteras), precisam ser treinados para reconhecer sinais e sintomas de complicações e encaminhar as mulheres para estabelecimentos de saúde. As parteras são, geralmente, o primeiro ponto de contato das mulheres com complicações resultantes de abortamentos, pois é comum que estas mulheres procurem sua ajuda quando experimentam as complicações. As parteras podem oferecer assistência estabilizando as mulheres e encaminhandoas ou transportando-as para um estabelecimento de saúde. No entanto, devido às restrições legais ao abortamento, as parteras com freqüência se encontram em situações vulneráveis, nas quais são acusadas de terem induzido o abortamento. Uma partera do México observou Nós [parteras] não atendemos esses casos [mulheres com complicações de abortamentos] porque é muito perigoso e pode causar muitos problemas… Eles já me colocaram na cadeia e me pressionaram muitas vezes para fazer uma declaração [de que eu tinha induzido o abortamento], mas como eu não era culpada, eu nunca fiz. Mas a polícia continuou a me incomodar, e ameaçaram retirar minha permissão para fazer partos. Eles finalmente me deixaram em paz quando testemunhas e as famílias das Nota do editor: O objetivo deste artigo - uma revisão global dos programas de atenção pós-abortamento e uma discussão de suas futuras direções - é vasto. Evidentemente, devido a limitações de espaço, existem diversos programas e tópicos que não foram incluídos. Convidamos os leitores de APA em ação a nos enviar suas reações a este artigo, incluindo informações sobre programas e quaisquer outros pensamentos sobre o assunto, para [email protected]; esperamos incluir este feedback no próximo número de APA em ação. SAA -action 5 mulheres, bem como uma enfermeira em um centro de saúde, disseram à polícia que me conheciam bem e que eu era uma partera com boa reputação. Isto não impediu que eu aparecesse na primeira página dos jornais durante vários dias.13 oferta de métodos contraceptivos, por tópico, e de acordo com o modelo de atendimento* 97.4 100 87.3 84.4 Além disso, na maioria dos países da ALC, auxiliares de enfermagem, enfermeiras e parteiras não têm permissão legal para realizar a AMIU.14 Desta forma, estes profissionais precisam ser treinados a estabilizar e encaminhar as pacientes para um centro de saúde onde a AMIU possa ser realizada. Outras iniciativas tiveram o objetivo de mobilizar membros da comunidade na abordagem das complicações do abortamento. Em 2000, a Pathfinder desenvolveu em algumas comunidades uma pequena pesquisa sobre APA para conhecer a opinião destas comunidades sobre o abortamento inseguro, investigar o comportamento das mulheres que se submetem ao abortamento em condições de risco e identificar as mudanças necessárias para que os serviços dos estabelecimentos de saúde fornecessem acesso à APA. Esta pesquisa representou o início do envolvimento das comunidades, estimulando a reflexão e a abordagem da questão do abortamento inseguro e o aumento da disponibilidade para parcerias com prestadores de serviços baseados em estabelecimentos de saúde, com o objetivo de salvar vidas e evitar morbidade entre as mulheres. Esta pesquisa em comunidades foi realizada em três áreas do Haiti, antes e durante a introdução ou o melhoramento dos serviços de APA nos estabelecimentos. Em 2004, na Bolívia, Pathfinder/CATALYST envolveu os membros da comunidade na melhoria do acesso e da qualidade dos serviços relacionados à APA e dos serviços de prevenção de gestações não planejadas em suas comunidades. Os membros da comunidade participaram de (1) um diálogo sobre os obstáculos que eles encontram ao procurar estes serviços15 e (2) o desenvolvimento e a implementação de soluções relevantes para combater estes obstáculos. (Veja “Mobilização da Comunidade e Habilitação em torno da Atenção Pós-Abortamento na Bolívia”, no número de março de 2005 do APA em ação.) Aconselhamento O treinamento de enfermeiras e assistentes sociais no trabalho de aconselhamento tem tido um impacto positivo na comunicação entre a cliente e o profissional de saúde. A importância de um bom aconselhamento para uma APA de qualidade foi verificado por diversos estudos qualitativos. Por exemplo, uma cliente observou: O que eu mais gostei é que os residentes, pelo menos, tentavam nos ajudar, tentavam nos deixar confortáveis. Esta foi a minha situação, e eu não sei como é para as outras mulheres. No meu caso, eles me ajudaram muito, eles sempre tentavam me manter calma, oferecendo conselhos. Eles sempre me colocavam em uma boa situação.16 Apesar de o aconselhamento ser geralmente considerado um desafio devido à ausência de tempo ou recursos humanos, um prestador de serviço no México comentou que ele é possível, mesmo com meios limitados: 80 74.174.1 65.2 64.5 60 APA com AMIU (N-247) APA dom C (N-266) 40 33 29.4 C padrão (N-260) 20 0 Vantagens de evitar uma gravidez imediata Prevenção de gravidez AAceitação do uso de um método contraceptivo Tratamento A utilização da AMIU para o esvaziamento intra-uterino tem aumentado de forma constante ao longo dos vários últimos anos, apesar de a dilatação e curetagem (D&C) continuar sendo o método usado com mais freqüência nos hospitais do setor público de saúde para tratar as complicações resultantes de abortamentos. Na Bolívia, entre 2000 e 2003, a percentagem de mulheres elegíveis tratadas com AMIU aumentou de 12% para 44%. Em 2006, o Diretor do Programa de Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde (MDS) da Bolívia declarou “…com muita satisfação, podemos observar que a AMIU reduziu a mortalidade materna resultante de todas as causas de hemorragia. Acho importante que a AMIU seja disponível em todos os níveis e todos os serviços de saúde.”17 Em contraste, no México, a expansão da AMIU foi bem-sucedida em alguns estados, mas não em outros; desta forma, uma expansão em nível nacional dentro dos serviços do MDS não foi possível. Tem sido realizada uma quantidade significativa de trabalhos sobre o uso do misoprostol para o abortamento induzido na região da ALC, mas menos estudos têm sido feitos sobre a hutilização do misoprostol para o abortamento incompleto. Apesar disto, há um reconhecimento da possibilidade de usar o misoprostol para a APA na região. Um manual recente produzido pela Federação Latino-Americana de Sociedades de Obstetrícia e Ginecologia (FLASOG) inclui um capítulo sobre o uso do misoprostol para o tratamento do abortamento incompleto.18 Planejamento Familiar Pós-Abortamento Os estabelecimentos de saúde melhoraram os vínculos entre tratamento e planejamento familiar pós-abortamento (PFPA), e estão sendo cada vez mais bem-sucedidos na distribuição de métodos contraceptivos para as clientes antes que elas recebam alta dos estabelecimentos (veja o Gráfico 2, na próxima página). Gráfico 2: Percentagem de clientes que recebeu um método contraceptivo antes de deixar o hospital, de acordo com o modelo de atendimento* *Modelos de atendimento incluem APA utilizando aspiração manual intra-uterina (AMIU) e curetagem (C), respectivamente, e curetagem sem APA integral (C padrão). 100 Nós podemos fazê-lo se voltarmos nossas mentes para isto, pois nossa desculpa tem sempre sido falta de tempo... É possível conversar com a cliente e fornecer-lhe informações em apenas alguns minutos, enquanto estamos nos preparando para realizar um procedimento. 80 77.8 64.4 60.4 60 APA com AMIU (N-247) Dados também mostram o impacto positivo de um treinamento integral em APA sobre o aconselhamento (veja o Gráfico 1). Gráfico 1: Percentagem de mulheres que recebeu informações e aconselhamento sobre uma futura gravidez e 6 SAA -action *Modelos de atendimento incluem APA utilizando aspiração manual intra-uterina (AMIU) e curetagem (C), respectivamente, e curetagem sem APA integral (C padrão). Fonte: Billings, D.L., J. Fuentes Velasquez e R. Perez-Cuevas. 2003. Comparing the Quality of Three Models of Postabortion Care in Public Hospitals in México City. International Family Planning Perspectives 29(3): 112-120. 40 39.6 APA com C (N-266) C padrão (N-260) 25.6 22.2 20 0 Receberam método antes de sair do hospital Não receberam método antes de sair do hospital Fonte: Billings, D.L., J. Fuentes Velasquez e R. Perez-Cuevas. 2003. Comparing the Quality of Three Models of Postabortion Care in Public Hospitals in México City. International Family Planning Perspectives 29(3): 112-120. Em alguns sistemas de saúde e países, as escolhas que podem ser feitas entre diferentes métodos contraceptivos são limitadas, visto que eles tendem a comprar e/ou enfocar uma seleção limitada de métodos. Por exemplo, a maioria das clientes dos serviços de atenção pós-abortamento que eram liberadas dos hospitais do IMSS na Cidade do México no final da década de 90 recebia um DIU (84,9%).19 Apesar de o IMSS e outros sistemas de saúde no México trabalharem no sentido de ampliar a variedade de contraceptivos disponíveis para as mulheres e os homens, existem obstáculos relacionados ao custo, orçamento e aquisição dos contraceptivos. É preciso vigilância constante para assegurar que as mulheres possam escolher dentre uma variedade de opções durante o período pós-abortamento. Integração com serviços de SR e outros serviços de saúde Uma pesquisa recente realizada pelo Ipas em três hospitais de Tucumán, Argentina, mostrou deficiências na integração com outros serviços. Em dois dos hospitais, a integração era feita em apenas 25% dos casos; no outro a integração era feita em 40% dos casos. Desta forma, apenas um dos três hospitais apresentava uma integração satisfatória com outros serviços.20 Esta falta de atenção à importância da integração é ilustrativa de uma falta de atenção geral nos serviços de APA, não apenas na região da ALC, mas em outras regiões também.21 Conclusões Embora a estrutura dos serviços de APA esteja apropriada em muitos lugares, ainda há muito trabalho a ser realizado. Existe uma necessidade de atuar de forma mais eficaz e treinar estudantes de medicina e enfermagem, com o intuito de promover mudanças e defender a APA. O futuro da APA Baseado na apresentação desenvolvida por Johannes van Dam e proferida por Laura Raney, ambas do Population Council Embora a APA esteja sendo implementada em pelo menos 40 países, sua abrangência é insuficiente e as mortalidade e morbidade maternas causadas por complicações de abortamentos inseguros continuam sendo uma séria preocupação de saúde pública. O modelo médico (enfocando o tratamento) continua a dominar na maioria dos programas de APA. Apesar de existir um maior cuidado com os serviços de contracepção, o envolvimento da comunidade, o aconselhamento e a integração com outros serviços de SR ainda são extremamente fracos na maioria dos programas. 1 Dados de Ahman, E. e I. Shah. Unsafe abortion: Global and regional estimates of the incidence of unsafe abortion and associated mortality in 2000, quarta edição. 2004. Genebra: Organização Mundial da Saúde. 2 Os abortamentos inseguros geralmente (mas não sempre) ocorrem em países onde o abortamento é restringido legalmente. O Center for Reproductive Rights (Centro para os Direitos Reprodutivos) publica um mapa mundial mostrando o contexto legal em países ao redor do mundo. Este mapa pode ser encomendado pela internet, no site do Centro: http:// bookstore.reproductiverights.org/worablaw20.html. 3 Para mais informações sobre o modelo dos Elementos Essenciais, veja o site do Consórcio de APA: http://www. pacconsortium.org/site/DocServer/PAC_in_action_September_ 2002-Insert-ENGLISH.pdf?docID=126. 4 Em 2005, estes incluíam Botsuana, Lesoto e Suazilândia, de acordo com a Folha de Dados sobre as Populações do Mundo de 2006 do Population Reference Bureau. 5 Dentre os países que tinham delegações participando desta conferência estavam os seguintes: Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Etiópia, Indonésia, Quênia, Maláui, Mianmar, Filipinas, Senegal, Tanzânia e Uganda. 6 Benin, Burkina Fasso, Camarões, República Centro-Africana, Costa do Marfim, Gana, Guiné, Haiti, Madagascar, Mali, Níger, Ruanda, Senegal e Togo. 7 Para mais informações sobre a experiência do Senegal, veja “Expandindo os Serviços de Atenção Pós-Abortamento: Resultados de 23 Distritos de Saúde no Senegal”, no número de novembro de 2006 do APA em ação. 8 Veja “Francophone Africa Regional Conference Update” no número de setembro de 2002 do APA em ação, para mais informações. Os obstáculos para a implementação de uma APA integral incluem recursos limitados, comprometimento político incerto, sistemas de saúde e fornecimento de insumos que impedem a provisão de serviços integrados (isto é, os serviços de planejamento familiar não são facilmente integrados à APA), treinamento insuficiente de prestadores de serviços de saúde, atitudes negativas dos profissionais e estigma social. Para o futuro, existe uma função nítida a ser desenvolvida pelo Consórcio de APA e suas agências participantes. Defesa contínua e intensificada - internacionalmente, nacionalmente e com os doadores - é necessária para assegurar que os programas de APA recebam a atenção e os recursos de que precisam. A validação e o apoio à adoção de indicadores padronizados para medir a abrangência e o sucesso dos programas de APA ajudarão as partes envolvidas a enxergar de forma clara o valor e as lacunas destes programas, e a planejar e apoiar melhorias nos programas em andamento. Com o objetivo de continuar a reduzir as morbidade e mortalidade maternas resultantes de abortamentos inseguros, é necessário apoiar continuamente os esforços de descentralização, até que a sustentabilidade dos serviços seja alcançada. O treinamento de prestadores de serviços em todos os níveis do sistema de saúde é crucial. Além disso, em alguns países, o setor público pode não ser o caminho mais possível para a expansão dos serviços; o envolvimento e o treinamento de prestadores do setor privado podem cobrir lacunas dos serviços públicos. O uso bemsucedido do misoprostol para o tratamento é outro estimulante desenvolvimento recente que pode apoiar a descentralização, uma vez que ele pode ser fornecido por profissionais de nível médio em ambulatórios. Diferentes esquemas devem ser testados para obter as melhores eficácia e segurança. Após mais de dez anos de existência do Consórcio de APA, persiste um papel para o Consórcio dentro da comunidade internacional de saúde reprodutiva. A defesa constante e progressiva é necessária para ajudar a promover a implementação de programas integrais e a sua avaliação e, mais importante, para continuar a expandir o apoio aos programas de APA em geral. 9 Bangladesh, Camboja, Índia, Indonésia, Malásia, Nepal, Paquistão, Papua-Nova Guiné, Sri Lanka, Tailândia e Vietnã. 10 Abdel Tawab, N., D. Huntington, E. Osman Hassan, H. Youssef e L. Nawar. Effects of husband involvement on postabortion patients’ recovery and use of contraception in Egypt. Em Huntington D e NJ Piet-Pelon, eds. Postabortion Care: Lessons from Operations Research. 1999. Nova York: The Population Council. 11 Bolívia, República Dominicana, Guatemala, Haiti, Nicarágua e Peru. 12 Billings, D.L., B.B. Crane, J. Benson, J. Solo e T. Fetters. 2007. Scaling up a public health innovation: A comparative study of post-abortion care in Bolivia and Mexico. Social Science and Medicine 64(11):2210-2222. 13 Castañeda, X., D.L. Billings e J. Blanco. 2003. Abortion Beliefs and Practices among Midwives (Parteras) in a Rural Mexican Township. Women & Health 37(2):73-87. 14 Em Honduras, por exemplo, a norma nacional (2005) não permite que as enfermeiras auxiliares que trabalham em centros de saúde rurais realizem a AMIU. Em vez disso, afirma que estas enfermeiras podem estabilizar e encaminhar as mulheres com complicações de abortamentos para hospitais. 15 A atividade enquadrou os obstáculos ao tratamento em termos dos “três atrasos”: (1) atraso em detectar o problema; (2) atraso em decidir procurar assistência e alcançar o estabelecimento; e (3) atraso em resolver o problema no estabelecimento. 16 EngenderHealth e Centro de Estudios Sociales y Demográficos (CESDEM). 2003. Los servicios de post-aborto para las adolescentes de la Republica Dominicana. Resumo disponível no endereço eletrônico: http://www.engenderhealth.org/res/offc/pac/adolescent/index.html. 17 Langer, A., C. Garcia Barrios, A. Heimburger, L. Campero, K. Stein, B. Winikoff e V. Barahona. 1999. Improving postabortion care with limited resources in a public hospital in Oaxaca, Mexico. Em Huntington, D and NJ Piet-Pelon, eds. Postabortion Care: Lessons from Operations Research. Nova York: Population Council. 18 Rizzi, Ricardo. 2007. Tratamiento del aborto incompleto (Tratamento do abortamento incompleto). Em Faundes, Anibal, ed. Uso de Misoprostol en Obstetricia y Gynecología. Segunda edición. Federacion Latino Americana de Obstetricia y Ginecologia (FLASOG). 19 Billings D.L., J. Fuentes Velásquez e R. Pérez-Cuevas. 2003. Comparing the quality of three models of postabortion care in public hospitals in Mexico City. International Family Planning Perspectives 29(3):112-120. 20 Steele, C. e S. Chiarotti. 2004. With everything exposed: Cruelty in postabortion care in Rosario, Argentina. Reproductive Health Matters 12/24/Supplement: 39-46. Gómez Ponce de León, R., D.L. Billings e K. Barrionuevo. 2006. Woman-centered postabortion care in public hospitals in Tucumán, Argentina: Assessing quality of care and its link to human rights. Health and Human Rights, 9(1): 3-29. 21 Veja a coluna sobre Monitoramento e Avaliação neste número do APA em ação (página 8) para mais informações sobre a falta de atenção à importância da integração. 22 EngenderHealth. 2003. Taking postabortion care services where they are needed: An operations research project testing PAC expansion in rural Senegal. FRONTIERS Final Report. Washington, DC: Population Council. SAA -action 7 Treinamento em APA sul a sul: médicos do Peru viajam para Angola Por Kara Kilpatrick, Pathfinder International; Hirondina Cucubica, Pathfinder/Angola; e Jhony Juarez e Enrique Guevara, Pathfinder/Peru A situação da saúde reprodutiva das mulheres de Angola é uma preocupação séria. A taxa de mortalidade materna está entre uma das mais altas da África, correspondendo a 1.500 mortes maternas para cada 100.000 nascimentos vivos. O Ministério da Saúde (MDS) de Angola desenvolveu o Plano Estratégico para a Redução Acelerada da Mortalidade Materno-Infantil em Angola, 2006-2015, com o objetivo fundamental de reduzir a incidência de mortes maternas em 30% (para 1.050 mortes maternas para cada 100.000 nascimentos vivos1) até 2009. A assistência obstétrica de emergência é disponível em apenas 33 das 177 unidades de saúde materna do país,2 e 10% da mortalidade materna em Angola é atribuída ao abortamento inseguro.3 Para atender à necessidade de tratamento das complicações de abortamentos, as autoridades de saúde angolanas solicitaram à Pathfinder International que fornecesse treinamento em APA. A Pathfinder recorreu às habilidades de seu escritório no Peru, que implementou um programa de APA bem-sucedido ao longo de um período de cinco anos, de 1997 a 2002.4 O Dr. Jhony Juarez e o Dr. Enrique Guevara, da equipe da Pathfinder/Peru, viajaram para Angola em julho de 2006. O objetivo de sua visita foi fornecer assistência técnica para a implementação de serviços de APA no município de Cazenga, localizado na província de Luanda, capital de Angola. Objetivos adicionais incluíam a sensibilização e mobilização das autoridades do MDS para que ajudassem a estabelecer centros de treinamento em APA nacionais. A equipe da Pathfinder/Peru começou coletando informações em cada um dos locais/estabelecimentos escolhidos na província de Luanda. Com esta informação e a colaboração do MDS angolano, a equipe do Peru desenvolveu uma abordagem realista para iniciar os serviços de APA. Durante as visitas aos locais, eles examinaram a infra-estrutura física, fizeram um levantamento dos equipamentos, avaliaram os procedimentos realizados, verificaram o número de nascimentos e abortamentos ocorridos ao longo de um mês e determinaram os treinamentos 8 SAA -action clínicos necessários para melhorar e atualizar os serviços de APA. A seguir, Dr. Juarez e Dr. Guevara basearam-se em seu conhecimento do programa de APA peruano para criar um Dr. Jhony Juarez (à direita), Dra. Hirondina Cucubica, Diretora da Pathfinder/Angola (ao centro) e Dr. Gonzalves, Diretor do Centro de Saúde Viana II. Este Centro oferece serviços de APA, e o Dr. Gonzalves é um Capacitador-Mestre. modelo para serviços de APA funcionais no sistema de saúde angolano. O modelo incluía uma quantidade de sessões de treinamento obrigatórias, sistemas de rastreamento (anotações sobre o atendimento das clientes e os procedimentos), treinamentos clínicos e reuniões de acompanhamento para discutir os desafios e sucessos da implementação. Além disso, o plano de desenvolvimento do programa incluía uma troca contínua sul a sul, com possíveis viagens da equipe de Angola ao Peru, para obter conhecimento em primeira mão do programa de APA peruano. Com o apoio da Dra. Hirondina Cucubica (Diretora da Pathfinder/Angola), os médicos peruanos realizaram eventos de treinamento com duração de três dias em três locais diferentes (Hospital Cajueiros, em Cazenga, Hospital Maternidade Ngangula e Lucrecia Palm). Foram treinados 37 parteiras e 24 médicos de serviços de saúde do setor público da província de Luanda. Após o treinamento, a maioria declarou que poderia diagnosticar eficientemente abortamentos incompletos não complicados e seria capaz de fornecer atenção integral ambulatorial para abortamentos incompletos, incluindo a provisão de contracepção pós-abortamento e a obediência às precauções universais para o controle de infecções. Os participantes recomendaram que o curso passasse a ser disponível para todas as parteiras e médicos de Angola que quisessem receber treinamento em APA. Ao final do curso, a Pathfinder/Peru doou equipamentos e material para aspiração manual intrauterina (AMIU) para o Hospital Maternidade Ngangula. O treinamento ocasionou avanços significativos na APA do Hospital Cajueiros. Antes dos treinamentos, a AMIU não era usada e nenhuma das mulheres saía do estabelecimento com um método para planejamento familiar. Agora, a APA é geralmente oferecida de forma ambulatorial, aproximadamente 81% das pacientes de abortamento deste estabelecimento são tratadas com AMIU e 31% aceitam métodos contraceptivos após a realização do procedimento. O Diretor de Saúde Pública Nacional de Angola e o Diretor de Saúde Pública da Província de Luanda mostraram interesse em replicar o projeto de Cajueiros por toda Angola, para criar um Programa Nacional de APA. A equipe da Pathfinder/Peru ofereceu sugestões sobre os próximos passos para a implementação do programa de Angola, baseando-se na experiência do Peru. Existe a possibilidade da equipe de Angola realizar viagens de treinamento ao Peru, e as duas nações podem, agora, trabalhar em conjunto para aprender e se ajudar mutuamente. A Pathfinder/Peru continuará a oferecer suporte técnico para as autoridades de saúde angolanas. Para criar um sistema de APA eficaz e sustentável, os governos municipais locais e o Diretor de Saúde Pública Nacional precisarão fornecer apoio. No momento, são necessários treinamentos e equipamentos adicionais para a implementação de um programa de APA nacional em Angola, e é preciso mais financiamento para continuar a expandir os serviços nos hospitais públicos. A troca sul a sul aumentou a consciência nos dois países a respeito da necessidade de trabalhar em cooperação para alcançar uma melhor compreensão das diferenças culturais e progredir. No Peru, a APA é bem desenvolvida e muitos médicos foram treinados. Em contraste, Angola é uma sociedade no pós-guerra na qual médicos e parteiras não têm o desenvolvimento e o treinamento necessários, pois as prioridades se transferiram para outras áreas. Para maximizar o acesso à APA, os médicos peruanos treinaram tanto médicos quanto parteiras (no Peru, apenas os médicos são autorizados legalmente a receber treinamento), e trabalharam para completar treinamentos de capacitadores, para aumentar a sustentabilidade. Apesar da barreira representada pelos idiomas diferentes (espanhol e português), que apresentou certo desafio, os participantes da troca foram capazes de encontrar um terreno comum para trabalhar e superar este obstáculo menor, visando o sucesso da parceria sul a sul. Dr Enrique Guevara demonstra habilidades clínicas de APA durante um treinamento. 1 UNFPA, A Situação da População Mundial, 2003. 2 DNSP, DSR, 2005. 3 Plano Estratégico do Governo de Angola para a Redução Acelerada da Mortalidade MaternoInfantil em Angola, 2006-2015. Para mais informações, por favor, contate Jayne Lyons, através do e-mail jlyons@ pathfinder.org ou Jhony Juarez, através do e-mail [email protected]. 4 Para mais informações sobre o programa da Pathfinder/Peru, veja From Comprehensive Postabortion Care to Comprehensive Maternal Health Care: The Experience of CATALYST/Peru, no número de setembro de 2004 do APA em ação, no endereço: http://www.pac-consortium.org/site/ DocServer/PAC_in_action-_September_2004-ENGLISH.pdf?docID=128 Indicadores para Monitoramento e Avaliação Por Inés Escandón, EngenderHealth, membro da Força-Tarefa para os Elementos Essenciais O número de novembro de 2006 do APA em ação apresentou uma nova coluna sobre Indicadores para Monitoramento e Avaliação, que abordou o indicador percentagem de clientes de APA que recebem um método contraceptivo antes de saírem do estabelecimento de saúde. Para este número, a Força-Tarefa para os Elementos Essenciais convidou os leitores a descreverem seu trabalho na medição do seguinte indicador: percentagem de clientes de APA que recebem serviços relacionados a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)/HIV/AIDS durante determinada consulta. Especificamente, fizemos as seguintes perguntas: • Você recolhe dados sobre este indicador ou alguma variante dele? • Quais são as ferramentas e os procedimentos que você utiliza para coletar informações sobre este indicador? • Quais foram alguns dos desafios que você precisou enfrentar para medir este indicador? • O que você fez para superar estes desafios? Nós não recebemos respostas dos leitores de APA em ação para este número atual. Para nos certificar de que a pergunta não passou despercebida dos leitores, solicitamos informação diretamente dos representantes nos Estados Unidos que trabalham com agências selecionadas. Nenhum relatou ter certeza de que dados sobre a provisão de serviços relacionados a ISTs/HIV/AIDS estavam sendo coletados. A provisão ou o encaminhamento para serviços de saúde reprodutiva e outros serviços de saúde relacionados, incluindo para serviços de ISTs/HIV/AIDS, constitui o quinto elemento dos Elementos Essenciais da APA do Consórcio de APA.* A ausência de dados sobre a percentagem de clientes de APA que recebem serviços de ISTs/HIV/AIDS sugere algumas possíveis lacunas. Em uma avaliação global da APA financiada pela USAID, Cobb et al. (2001) observaram que os seguintes obstáculos impediam o estabelecimento e a medida da integração do tratamento com outros serviços de saúde reprodutiva (SR), incluindo serviços de ISTs/HIV/AIDS: • Serviços adequados (por exemplo, para diagnóstico e tratamento) para os quais as mulheres poderiam ser encaminhadas podem não ser disponíveis; • Aconselhamento, avaliação e encaminhamentos tendem a ser esporádicos, ao invés de sistemáticos; e • Pode haver insuficiências no processo de coleta de dados (os profissionais raramente coletam esta informação). Nesta avaliação, a integração ocorria com mais freqüência entre enfermeiras particulares e parteiras. É difícil avaliar a extensão do aumento da integração do tratamento com outros serviços de SR nos seis anos que se seguiram à avaliação global da APA descrita acima. A ausência de respostas para a nossa pergunta pode indicar uma lacuna na programação da APA em torno deste elemento ou, simplesmente, uma deficiência na coleta de dados. Independentemente da resposta, a reavaliação do Consórcio de APA no que concerne às futuras direções deve ser usada como uma oportunidade para examinar cuidadosamente experiências e lições aprendidas e identificar lacunas na provisão e no encaminhamento a serviços de ISTs/HIV/AIDS. Por enquanto, voltamos a convidar nossos leitores a nos informar sobre qualquer trabalho que esteja sendo realizado com o intuito de coletar dados sobre este indicador. Por favor, envie estas informações para [email protected]. *Ele constitui o segundo elemento no modelo da USAID. As agências que realizam atividades de APA com financiamento da USAID seguem este modelo. SAA -action 9 Atualizações programáticas Gerais Fornecendo atenção pósabortamento na Nigéria através do Projeto COMPASS Na Nigéria, como no resto da África subsaariana, atenção inadequada à saúde e ausência de educação básica geralmente caminham junto com alto grau de pobreza. A Nigéria é o país mais populoso da África, e mais de dois terços de seus habitantes vivem com menos de US$1,00 por dia. Em 2004, o Projeto financiado pela USAID chamado Participação da Comunidade para Ação no Setor Social (COMPASS, na sigla em inglês), conduzido pela Pathfinder International, foi iniciado para responder a estas pressões econômicas e populacionais. Trabalhando nos estados Lagos, Kano, Nasarawa, Bauchi e no Território Federal Capital, o Projeto COMPASS une o comprometimento e a energia das comunidades, dos governos locais, estaduais e federais e de especialistas nacionais e internacionais no desenvolvimento de serviços integrados de alta qualidade nas áreas da saúde reprodutiva (SR), da sobrevivência infantil e da educação básica. Como parte de um pacote de SR abrangente, o Projeto COMPASS expandiu serviços de APA em todos os cinco estados em que atua. Cinqüenta e cinco estabelecimentos de saúde estão fornecendo agora serviços de APA, sendo a maior proporção nos estados Kano e Lagos. Entre os locais que oferecem APA, há 15 estabelecimentos com serviços voltados para os jovens. O COMPASS também treinou 167 médicos e enfermeiras-parteiras* em APA e planejamento familiar (PF) ao longo dos últimos dois anos. Para dar suporte a estes serviços, o COMPASS obteve 500 kits para AMIU da Conta de Doações de Instrumentos de AMIU. Até hoje, o Projeto COMPASS alcançou quase 15.000 clientes de APA, sendo a maior percentagem no estado Kano, na região norte, onde o abortamento é mais restrito legalmente do que no sul. Para reduzir a incidência de gravidez não planejada, o COMPASS trabalha com uma vasta rede de profissionais baseados em estabelecimentos, oferecendo treinamento e supervisão de qualidade sobre a provisão de métodos de PF modernos, incluindo métodos de longo prazo e métodos permanentes, e sobre serviços de SR para adolescentes. Aproximadamente 2.000 prestadores de serviços baseados na comunidade também foram treinados em métodos de PF que não precisam de prescrição médica, aconselhamento, comunicação 10 SAA -action entre pais e filhos, educação entre colegas e encaminhamentos. Para mais informações, por favor, contate Bridgit Adamou através do e-mail [email protected]. Melhorando a APA em Uganda Em 2006, a Pathfinder International, com financiamento do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA, na sigla em inglês), iniciou um projeto com o objetivo de melhorar a APA na região centro-norte de Uganda, afetada por conflitos. A Pathfinder treinou um total de 76 clínicos baseados em estabelecimentos da região na provisão de serviços de APA. Os treinamentos tinham como objetivo a melhoria do tratamento emergencial das complicações de abortamentos, incluindo diagnóstico oportuno, ressuscitamento e esvaziamento intra-uterino utilizando a AMIU. Foram realizados workshops em hospitais distritais que recebiam quantidade de casos suficiente para permitir que os participantes praticassem a AMIU em clientes que se apresentavam com complicações de abortamentos, sob a supervisão de seus capacitadores. Como parte da abordagem abrangente à APA da Pathfinder, o treinamento também incluiu aconselhamento solidário, aconselhamento sobre planejamento familiar com provisão de métodos, aconselhamento sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, bem como a criação de vínculos entre os serviços de APA e outros serviços de saúde reprodutiva existentes. Durante os workshops, os profissionais desenvolveram estratégias para envolver a comunidade na prevenção da mortalidade e da morbidade resultantes de complicações de abortamentos. Em 2007, a Pathfinder vai iniciar um projeto complementar para treinar os mesmos profissionais em serviços de APA voltada para os jovens, de forma que as adolescentes da região centro-norte do país possam ter mais acesso a serviços de APA adaptados às suas necessidades (veja “Pathfinder inaugura uma Iniciativa de APA Amigável para Jovens na África subsaariana”, a seguir). Para mais informações, por favor, contate Tara Vecchione através do e-mail tvecchione@ pathfind.org. Pathfinder inaugura uma Iniciativa de APA Amigável para Jovens na África subsaariana Aproveitando o momento criado pela divulgação do documento do Consórcio de APA denominado “Orientação Técnica para uma APA Amigável para Jovens” (disponível no site do Consórcio de APA http://www.pac-consortium.org/site/ DocServer/YF_PAC_technical_guidance. pdf?docID=241), a Pathfinder recebeu recentemente um financiamento privado para implementar a APA amigável para jovens em oito dos seus programas de APA e saúde reprodutiva (SR) conduzidos na África subsaariana - em Angola, Gana, Etiópia, Nigéria, Quênia, Uganda, Tanzânia e Moçambique - ao longo do próximo ano. Monitoramento, avaliação e documentação rigorosos dos processos, resultados, desafios e lições aprendidas contribuirão tanto para o campo da saúde sexual e reprodutiva das adolescentes (SSRA) quanto da APA. A Pathfinder trabalhará com o Grupo de Trabalho sobre APA Amigável para Jovens para identificar mecanismos que favoreçam uma ampla disseminação dos resultados, ferramentas e lições aprendidas. Uma atualização sobre esta iniciativa será incluída no número de outono de 2007 do APA em ação. Para mais informações, contate Gwyn Hainsworth, através do e-mail [email protected]. Pesquisa e Avaliação Atualização da pesquisa da Gynuity: Misoprostol para o tratamento do abortamento incompleto A Gynuity Health Projects completou recentemente uma série de estudos clínicos, em sua maioria na África subsaariana, para avaliar o uso do misoprostol para o tratamento do abortamento incompleto. Ainda há estudos em andamento no Equador e na Venezuela, e novos estudos começarão em breve no Egito e Mauritânia. O misoprostol oral foi comparado ao tratamento cirúrgico na maioria dos locais (seja D&C ou AMIU, dependendo do tipo de atendimento cirúrgico padrão). A administração oral e a sublingual (embaixo da língua) do misoprostol foram comparadas em Moldova e Madagascar. Índices de sucesso e níveis de satisfação maiores do que 90% foram encontrados em todos os locais de tratamento, sem diferenças significativas entre os grupos estudados. Trabalhos detalhando os resultados completos de Burkina Fasso e Tanzânia estão sendo preparados. Outros esforços de divulgação incluíram uma apresentação dos resultados do estudo local de Gana em um encontro nacional ocorrido em janeiro de 2007. Um esboço desta comunicação também foi desenvolvido. Em Madagascar, o sucesso do estudo comparativo entre a administração oral e a sublingual levou o Ministério da Saúde a incluir o esquema com misoprostol sublingual em suas normas nacionais para a APA. A via sublingual também está sendo incorporada às “Instruções para Uso” do misoprostol na indicação de tratamento do abortamento incompleto, desenvolvidas por um grupo de cientistas e pesquisadores especializados no assunto. No geral, dados de todos os estudos sugerem que o uso isolado do misoprostol para o tratamento do abortamento incompleto demonstra ser tão seguro e eficaz quanto a intervenção cirúrgica. Para mais informações, por favor, contate Sheila Raghavan, através do e-mail [email protected]. Documentação das atividades de APA na comunidade no Egito e no Peru O Projeto da Extending Service Delivery (ESD), gerenciado pela Pathfinder International, terminou recentemente o documento “Adaptação do Modelo de Atenção Pós-Abortamento na Comunidade da Bolívia ao Egito e ao Peru”. Este documento reúne as principais Atualizações sobre os grupos de trabalho Presidência do Consórcio de APA A organização que ocupa a presidência do Consórcio de APA muda a cada dois anos. As organizações ativas no Consórcio de APA que estiverem interessadas em exercer a Presidência podem se candidatar de forma voluntária para esta função. Antes de atuar na Presidência, as organizações precisam atuar no Conselho Consultivo. As atuais co-presidentas do Consórcio de APA são Laura Raney, [email protected] e Johannes van Dam, [email protected]. Agradecemos à Packard Foundation por conceder uma doação que mantém o boletim informativo do Consórcio de APA, seu site na internet e os encontros bianuais. Conselho Consultivo Com a liderança da Presidência do Consórcio de APA, o Conselho Consultivo participa do processo de desenvolvimento da estratégia do Consórcio de APA. A estratégia expressa a visão do Consórcio e o que ele espera realizar ao longo dos próximos 1-2 anos. Os membros atuais do Conselho Consultivo são: Maureen Corbett, IntraHealth International; Barbara Crane, Ipas; Lorelei Goodyear, PATH; Ricky Lu, JHPIEGO; e Cathy Solter, Pathfinder International. Força-Tarefa para Comunicações Co-presidentes: David Nelson, IntraHealth, [email protected] e Caroline Tran, Extending Service Delivery Project, ctran@ esdproj.org A Força-Tarefa para Comunicações (FTC) é responsável pelo boletim informativo e pelo site na internet. Os membros da Força-Tarefa discutiram as duas publicações em uma reunião recente. A discussão sobre o boletim informativo focalizou sua distribuição e a forma como realizações, adaptações, resultados e lições aprendidas das atividades de APA na comunidade conduzidas em três países - Bolívia, Egito e Peru - por seu projeto predecessor, o CATALYST Consortium, em 2004-2005. Estas intervenções empregam um modelo de APA na comunidade implementado com sucesso inicialmente na Bolívia e, depois, adaptado ao Egito e ao Peru, e que mobiliza a comunidade com o objetivo de instruí-la no reconhecimento dos sinais de perigo do abortamento incompleto, para que a comunidade possa ajudar as mulheres com estes sinais a ter acesso aos serviços de APA. A intervenção também ajuda os membros da comunidade a reconhecer os obstáculos ao acesso aos serviços de APA e os encoraja a formular soluções para resolver estes problemas. O documento tem como objetivos servir de guia para organizações, agências colaboradoras, projetos bilaterais e comunidades interessados em conduzir atividades similares e lançar idéias para adaptações baseadas neste modelo. O modelo de APA na comunidade tem sido uma abordagem excelente para aumentar a conscientização a respeito do planejamento familiar (PF) pósabortamento no nível da comunidade. Também é eficaz para ampliar o acesso das clientes de APA a serviços de PF e complementa os serviços clínicos de APA já existentes no setor público. O documento está disponível no site da ESD: www.esd-proj.org. Para mais informações, por favor, contate Caroline Tran, através do e-mail [email protected]. o boletim é utilizado. As organizações do Consórcio são encorajadas a distribuir o boletim informativo de forma ampla e obter feedback geral. Além disso, devido aos custos associados, há um interesse particular em determinar o valor e o uso das traduções do boletim informativo (árabe, francês, português e espanhol). Por favor, envie comentários para os copresidentes ou para o e-mail [email protected]. está disponível no site do Consórcio de APA: pac-consortium.org/site/ DocServer/2006-05-25_Indicators_ for_the_Essential_Elements_of_Pos. pdf?docID=261. Após o término deste projeto, os membros da FTEE concluíram que há uma necessidade de enfocar a contracepção e o planejamento familiar pós-abortamento (PFPA). A FTEE fará uma consulta aos colegas do Consórcio e outros para identificar o seguinte: (1) obstáculos para operacionalizar os serviços de PFPA e (2) abordagens e/ou modelos que podem ser usados para fortalecer o PFPA. Eles também tentarão incluir as perspectivas do PFPA relativas à implementacão de parcerias no campo ao longo dos próximos 12-18 meses. Os resultados das discussões preliminares com as organizações do Consórcio serão compartilhados na reunião do Consórcio de APA na Conferência Global Health Council, em 29 de maio. Finalmente, a FTEE usará as informações recolhidas para desenvolver uma proposta para um programa-piloto de PFPA. A associação à FTC tem diminuído nos últimos anos, e a FTC está procurando ativamente novos membros. Os membros não precisam necessariamente comparecer às reuniões, e podem se comunicar através de e-mail. Os indivíduos interessados devem contatar os copresidentes. A FTC gostaria de envolver membros cujas bases se situam fora dos Estados Unidos, e que poderiam representar a perspectiva do campo de forma mais ativa. Os co-presidentes também apreciariam receber algum feedback sobre como a FTC poderia satisfazer melhor as necessidades daqueles que trabalham em campo. Força-Tarefa para os Elementos Essenciais Membros centrais da Força-Tarefa: Holly Blanchard, ACCESS Project, hblanchard@ jhpiego.net; Ellen Clancy, PPFA, ellen. [email protected]; Inés Escandón, EngenderHealth/ACQUIRE Project, [email protected]; e Betty Farrell, EngenderHealth/ACQUIRE Project, [email protected] Ao longo dos últimos anos, a ForçaTarefa para os Elementos Essenciais (FTEE) organizou uma lista de indicadores para monitoramento e avaliação (M&A) que pode ser usada para avaliar os programas de APA dentro do contexto do modelo dos Elementos Essenciais. A lista de indicadores, já finalizada, *Aproximadamente 80% dos profissionais são enfermeiras-parteiras, e o restante são médicos. Força-Tarefa para Tecnologias de APA Co-presidentas: Nancy Harris, John Snow International, [email protected] e Sheila Raghavan, Gynuity Health Projects, [email protected] A última reunião da Força-Tarefa para Tecnologias de APA (FTTA) enfocou a sustentabilidade do equipamento de APA e do misoprostol. O Ipas apresentou a Conta de Doações (CDD) da Packard Foundation, que financia doações de instrumentos para AMIU. Os fundos para doações são limitados, e os beneficiários das doações são encorajados a desenvolver planos para um suprimento sustentável de instrumentos, com financiamento de outras fontes para sustentar novos suprimentos e aquisição contínua. A SAA -action 11 CDD atual tem quatro pequenas doações disponíveis (US$5.000 cada) para ajudar as organizações que se beneficiam das doações a empreender planos para a sustentabilidade dos programas. Para mais informações, por favor, contate Denise Harrison, Diretora de Promoção e Distribuição de Produtos no Ipas, através do e-mail [email protected]. A FTTA também discutiu a importância de determinar a situação da aprovação e do registro do misoprostol nos países. Apesar de o misoprostol ser usado em muitos países do mundo sem aprovação e registros formais, a formalização torna mais fácil a promoção do acesso sustentável e induzido pelo mercado a este medicamento, e também torna possível sua inclusão em políticas e normas nacionais. Finalmente, a FTTA apresentou perfis de países para Geórgia e diversos países da África. Estes perfis foram desenvolvidos para possibilitar que a FTTA acompanhasse o progresso da APA ao longo do tempo no país. Apesar de não ter sido possível fazer uma revisão extensa destes perfis na reunião, os membros da FTTA discutiram como compartilhar a informação contida nos perfis. Força-Tarefa para APA e Maternidade Segura Co-presidentas: Koki Agarwal, JHPIEGO, [email protected] e Elizabeth Westley, Family Care International, ewestley@ familycareintl.org A Força-Tarefa para Maternidade Segura (FTMS) decidiu escrever um breve trabalho desenvolvendo sua posição sobre a integração da APA com a Maternidade Segura (MS). Este trabalho vai destacar o estado atual da APA e os motivos pelos quais os programas de APA e MS precisam ser integrados. A FTMS percebeu que esta é uma importante questão a ser abordada, devido à atenção dedicada ao assunto na próxima Women Deliver Conference. No futuro, a FTMS possivelmente desenvolverá também um guia indicando a melhor forma de integrar os programas de APA e MS. Este guia incluirá (1) uma visão geral dos motivos pelos quais a APA e a MS estão associadas e devem ser integradas; (2) um guia passo a passo para a integração em uma variedade de áreas dos programas, como defesa, desenvolvimento de políticas, treinamentos nos locais de trabalho e fora deles, melhoria de qualidade, logística, atividades na comunidade, etc.; e (3) sugestões para organizar parcerias para a APA entre a comunidade e os estabelecimentos dentro do contexto da MS, incluindo a adaptação dos cinco sinais de perigo das complicações obstétricas de emergência (COEm) para a APA, isto é, para as complicações de abortamentos. Os participantes da reunião também sentiram que a participação da FTMS deve ser ampliada para incluir parcerias e associações globais como a White Ribbon Alliance, o CORE Group e a Partnership for Maternal, Newborn and Child Health; estes grupos serão convidados a participar. Membros da FTMS têm se comunicado por e-mail e se encontraram recentemente para desenvolver um esboço do trabalho, que foi compartilhado com os outros membros da FTMS. Os membros também têm trabalhado no sentido de ampliar a associação de novos membros a esta força-tarefa. Grupo de Trabalho sobre APA Amigável para Jovens Presidenta: Gwyn Hainsworth, Pathfinder International, [email protected] O Grupo de Trabalho não pôde se reunir devido à ausência dos membros do grupo. No entanto, a presidenta discutiu com a Força-Tarefa para Comunicações várias formas através das quais o documento Orientação Técnica para uma APA Amigável para Jovens (disponível no site do Consórcio de APA http://www.pac-consortium.org/site/ PageServer?pagename=PAC_Resources), que foi desenvolvido pelo grupo de trabalho, poderia ser mais amplamente divulgado. Além disso, a Pathfinder, um dos membros do grupo de trabalho, começou a adotar a orientação técnica em seus programas de APA (veja “Pathfinder inaugura uma Iniciativa de APA Amigável para Jovens na África subsaariana”, nas Atualizações Programáticas). Seis países africanos desenvolvem planos para um suprimento sustentável de instrumentos para aspiração manual intra-uterina Por Marian Abernathy e Beverly Tucker, Ipas De 7 a 9 de março de 2007, o Ipas realizou um workshop sobre suprimento sustentável de instrumentos para aspiração manual intra-uterina (AMIU) para seis países africanos: Etiópia, Quênia, Maláui, Tanzânia, Uganda e Zâmbia. Dentre os participantes havia parceiros e partes interessadas de diversos setores, como as Secretarias de Saúde Reprodutiva e Aquisição dos Ministérios da Saúde (MDS), ONGs (EngenderHealth, Family Care International, Ipas, International Planned Parenthood Federation/ Região da África, JHPIEGO, Marie Stopes International, Pathfinder International e diversas associações nacionais de planejamento familiar), distribuidores do Ipas e um doador multilateral (UNFPA).1 Os 33 participantes participaram de atividades com o objetivo de aprofundar seu entendimento de como e por que o suprimento sustentável de instrumentos para AMIU de alta qualidade é um elemento-chave para a atenção à saúde reprodutiva das mulheres. Durante o workshop de dois dias e meio, os participantes trabalharam em equipes de países para (1) preencher folhas de trabalho que previam as necessidades de instrumentos para AMIU para os três a cinco anos seguintes e (2) desenvolver planos para um suprimento sustentável de instrumentos para AMIU. Estes planos incluem elementos de financiamento e aquisição de instrumentos e de treinamento dos indivíduos responsáveis pela aquisição e logística em sistemas logísticos relacionados ao “dar” e ao “receber”.2 Os participantes utilizaram ferramentas do manual do Ipas Planejamento para um 12 SAA -action Suprimento Sustentável de Instrumentos para AMIU (2005)3 , assim como o recentemente desenvolvido “Cartão de Marcação de Sustentabilidade”, com 13 indicadores. O Cartão de Marcação apresentado a seguir mostra as avaliações das equipes dos países para os quatro indicadores essenciais. No exercício, as cores correspondiam às luzes de um sinal de trânsito: o verde indicava um progresso sem problemas, amarelo significava cautela extra ou lentidão, e vermelho demonstrava ausência de movimento ou parada. (No Cartão de Marcação apresentado aqui, estas cores foram trocadas para azul escuro, bege e ouro, respectivamente.) Por exemplo, em Uganda dois indicadores são azul escuro porque os instrumentos para AMIU, assim como todos os instrumentos médicos em Uganda, não precisam de registro para importação; além disso, um distribuidor de instrumentos para AMIU localizado dentro do país tem contrato com o fabricante (Ipas). A “Conexão do distribuidor com os trainees” é bege porque o mecanismo para unir estes dois grupos ainda está em processo de desenvolvimento; alguns trainees, mas não todos, têm as informações de contato do distribuidor, o que facilita a obtenção de novos suprimentos de instrumentos para AMIU. O “Orçamento para AMIU” é ouro indicando que os sistemas de saúde principais não têm, atualmente, orçamento destinado para a compra de instrumentos para AMIU. Por favor, contate o Ipas para mais informações sobre as definições do Cartão de Marcações. Cartão de Marcação para o suprimento sustentável de instrumentos para AMIU: Seis países participantes do workshop e os quatro indicadores de prioridades País Instrumentos Distribuidor para AMIU contratado registrados, ou isto não se aplica* • Desenvolver parcerias entre os setores público e privado • Assegurar um plano de reserva para estoque no sistema de aquisição Conexão Orçamento • do distripara AMIU buidor com • os trainees Etiópia Quênia Maláui Tanzânia Uganda Zâmbia Progresso sem problemas Cautela extra ou lentidão Assegurar que o pessoal da aquisição seja treinado para proporcionar instrumentos para AMIU a todos os níveis apropriados Desenvolver e implementar especificações claras das diretrizes técnicas e operacionais • Desenvolver e utilizar um banco de dados de trainees de AMIU, locais de provisão de serviços, procedimentos e estoque • Realizar consultas de supervisão facilitadoras trimestrais e utilizá-las como uma oportunidade para novo abastecimento de instrumentos • Minimizar ou eliminar taxas de importação através de políticas de isenção • Integrar aos sistemas existentes, como os grupos de trabalho sobre APA, quando possível Os participantes consideraram que os objetivos do workshop foram alcançados e cada um deles conseguiu: Ausência de movimento ou parada * Apenas a Etiópia tem exigências reguladoras para os instrumentos de AMIU. Neste país, o aspirador de Válvula Dupla está registrado. O registro do aspirador Ipas AMIU Plus está em andamento. • Aumentar seu conhecimento e seu grau de envolvimento com o desenvolvimento de um suprimento sustentável de instrumentos de AMIU As equipes vão aprimorar seus planos com outros parceiros e partes interessadas em seus países. O Ipas ofereceu assistência de seguimento ao longo da implementação dos aspectos dos planos nos países, particularmente daqueles relacionados ao treinamento da equipe de aquisição em técnicas de previsão da necessidade de instrumentos, financiamento dos instrumentos e desenvolvimento de diretrizes governamentais de proposta.4 Diversas equipes têm a intenção de aplicar para o competitivo processo de pedido de US$5.000 do ano fiscal de 2007 da Conta de Doação da Packard Foundation, que foi introduzido através da uma apresentação via internet da Vice-Presidenta do Ipas Joan Healy, para promover o desenvolvimento do plano de sustentabilidade de seu país. • Confirmar e/ou aprimorar os dados iniciais da avaliação sobre o suprimento de instrumentos de AMIU As equipes dos países foram colocadas juntas para que fornecessem umas às outras feedback construtivo sobre o primeiro esboço dos planos de cada país. Baseando-se nesta atividade, algumas das melhores práticas-chave identificadas incluem: No acompanhamento que se sucedeu a este workshop, a equipe do Ipas baseada na África que pertence à unidade de Promoção e Distribuição de Produtos (P&DP) está trabalhando com as seis equipes dos países para promover o aprimoramento e a implementação dos planos e estimular a comunicação rotineira entre as equipes. Além disso, pelo menos uma vez por ano, a equipe da P&DP vai encontrar com as equipes dos países para acompanhar a progressão das cores do Cartão de Marcação. Finalmente, o Ipas está procurando recursos para desenvolver material de treinamento sobre previsão de suprimentos de AMIU para o pessoal de logística e aquisição, e para realizar um workshop semelhante a este descrito em outra região, no próximo ano. • Usar o Cartão de Marcação da sustentabilidade como uma base para os planos de cada país; concentrar-se na mudança dos vermelhos e amarelos para verdes • Envolver as partes interessadas no desenvolvimento e planejamento da estratégia inicial • Conectar os trainees de AMIU aos distribuidores • Contribuir para desenvolver um plano para suprimentos sustentáveis de instrumentos de AMIU específico, mensurável, alcançável, realístico e oportuno • Concordar a respeito de indicadores comuns para acompanhar e documentar o progresso em direção à sustentabilidade dos instrumentos de AMIU • Comprometer-se com o aprimoramento e a implementação do plano de seu país para o suprimento sustentável de instrumentos de AMIU 1 Outros doadores multilaterais foram convidados, mas não estiveram presentes. 2 Sistemas relacionados ao “dar” ou sistemas de distribuição se referem a sistemas logísticos nos quais as mercadorias são alocadas centralmente e “dadas, fornecidas, distribuídas” aos estabelecimentos de saúde. Sistemas relacionados ao “receber” ou sistemas de requisição se referem a sistemas logísticos em que os estabelecimentos de saúde solicitam as mercadorias baseados em suas necessidades específicas (e seus orçamentos) e “recebem” o que precisam de um lugar central. 3 Esta publicação está disponível no site do Ipas: http://www.ipas.org/publications/en/PLANMVA_E05_en.pdf 4 Diretrizes de proposta são as especificações dos instrumentos (isto é, capacidade de vácuo, detalhes sobre o design, capacidade de acomodar cânulas de tamanhos e design específicos) a serem incluídas em um documento do MDS para a compra dos instrumentos - freqüentemente com fundos de um doador. SAA -action 13 postabortion care PAC consortium Population Council One Dag Hammarskjold Plaza New York, NY 10017 Visite www.pac-consortium.org • Números anteriores do APA em ação • Referências e links sobre APA • Forças-tarefa do Consórcio de APA Disponível no momento: • Orientação Técnica para Serviços de APA Amigável para Jovens • Indicadores para os Elementos Essenciais da APA Faça parte da lista de colaboradores do Consórcio de APA: [email protected] Perguntas? [email protected] REFERÊNCIAS Klein, Susan, Suellen Miller e Fiona Thomson. Un libro para parteras (versão em espanhol de A Book for Midwives). 2007. Berkeley: Hesperian. Disponível para download no site da Hesperian Foundation: http://www.hesperian.org/ publications_download.php Inclui informação atualizada sobre HIV/AIDS, amamentação, prevenção de infecções e planejamento familiar, e novos capítulos sobre exames pélvicos, inserção e remoção de DIU, atenção pós-abortamento (APA) e aspiração manual intra-uterina. Disponível também: Boletim informativo Women’s Health Exchange/¡Saludos!, boletim nº. 12: Salvando vidas quando a gravidez termina precocemente/Salvando vidas cuando el embarazo termina antes de tiempo – Atenção Pós-Abortamento. Disponível para download completo no endereço: http://www.hesperian.org/ publications_download.php Calendário 29 de maio - 1º de junho de 2007 34ª Conferência Anual Global Health Council, “Global Health Partnerships: Working Together” (“Parcerias para a Saúde Global: Trabalhando em Conjunto”). Washington, DC, Omni Shoreham Hotel. 29 de maio de 2007 (13-18 hrs) Reunião do Consórcio de APA na Conferência Global Health Council. “Community Partnerships in PAC” (“Parcerias com a Comunidade na APA”). Washington, DC, Omni Shoreham Hotel. 18-20 de outubro de 2007 WOMEN DELIVER. Londres, ExCel Center. WOMEN DELIVER é uma conferência mundial de referência cujo objetivo é salvar as vidas de mulheres, mães e recém-nascidos, mobilizando investimento e compromisso maiores por parte dos governos, ONGs e doadores. Para mais informações, veja o site da conferência: http://www.womendeliver.org