Celorico de Basto – o que ver e visitar
Aventure-se pelos recantos de uma Terra com história.
O concelho de Celorico de Basto pertence ao Distrito de Braga, à
Comunidade Urbana do Tâmega e constituí, juntamente com os concelhos vizinhos de Mondim
de Basto, Cabeceiras de Basto e Ribeira de Pena, a muita antiga e característica área
conhecida por Terra de Basto. Esta zona centra-se sobre o Rio Tâmega e apresenta uma
grande identidade cultural. A beleza natural de Celorico de Basto advém-lhe do vigor da
paisagem e da sábia criação de muitas gerações que ao longo dos séculos foram integrando, na paisagem,
robustas e simples construções graníticas.
O concelho é um bom mostruário de paisagem minhota temperada por elementos
transmontanos. A sua fertilidade é notável, colhendo-se muito milho, algum trigo, algum
centeio. Mas a produção emblemática é o vinho verde, de excelente qualidade. Verde tinto
de cor carregada e sabor adstringente, que vai bem com os pratos de carne da
gastronomia local. E verde branco, mais vivo e espirituoso, para acompanhar pratos mais
leves ou mesmo só para matar a sede numa tarde de verão. Por algum motivo as armas da vila são quatro
cachos de uvas... Por falar em gastronomia, essa é uma das mais ricas ofertas do concelho. O caldo de
castanhas pode ser uma boa proposta para iniciar a refeição; mas há-de vir depois qualquer coisa como uma
vitela assada (e as carnes de Celorico de Basto têm uma qualidade excepcional), ou um cabrito no forno, ou,
mais modestos e populares mas não menos saborosos, o feijão vermelho com hortaliça ou os famosos milhos
ricos com carnes variadas. Pode rematar-se com pão-de-ló ou cavacas. O vinho - verde,
claro.
As Terras de Basto, é sabido, são um alfobre de nobreza. Celorico de Basto não constitui excepção.
Atestam-no numerosos solares, alguns deles peças arquitectónicas notáveis, remontando ao séc. XVII e até
antes. Na freguesia de Arnóia, é digno de nota o Castelo, fortaleza roqueira de pequena dimensão, mas
alcandorado no alto de um monte de feitio cónico de onde se desfruta uma estupenda vista panorâmica de
360º. Consiste numa torre quadrangular erigida num recinto poligonal cercado de muralhas. É-lhe atribuída
uma datação próxima do séc. XI, mas no mesmo local existiu uma fortificação anterior, porventura um
castro.
jogando o pau.
Uma boa ocasião para visitar a região de Celorico de Basto é qualquer das inúmeras festas
e romarias que se realizam, virtualmente em todas as aldeias, nos meses de verão. É ali
que mais autêntica e fidedignamente se retrata a alma do povo, dividida entre o religioso e
o pagão, rezando e penitenciando-se, mas também comendo, bebendo, negociando e
O concelho de Celorico de Basto possui um vasto património Histórico, Arquitectónico e Arqueológico do
qual se destacam os seguintes elementos:
Æ Castelo de Arnóia
O Castelo de Arnóia
Velho de muitos séculos, a localização deste castelo foi, como a de muitos outros,
inspirada na ideia de construir torres defensivas em pontos do mais difícil acesso
para os atacantes, colhendo assim, vantagem da configuração do terreno.
A data ou época da sua fundação perde-se na lonjura dos séculos. Supõe-se que foi
D. Muninho Viegas, O Velho, quem o reconstruiu, depois de afastada uma das
invasões de Almançôr.
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O mistério da sua origem, a sua história tão obscura onde não brilha o clarão de qualquer narrativa épica
(talvez por falta de cronista), são motivos, afinal, que só contribuem para o impor ao respeito das gerações.
Que nos poderiam contar estas pedras venerandas?
Tomado e retomado em lances de heroísmo, manchadas as suas pedras de sangue romano e godo, árabe ou
cristão, teria vivido horas altas de vitória e sentido a amargura das lágrimas da derrota.
Morador do senhor da Terra, detentor da autoridade, foi tribunal onde se fez justiça.
As suas muralhas foram refúgio de velhos, mulheres e crianças indefesas; celeiro onde se recolhia o trigo
para que não caísse nas mãos do invasor e , cofre onde se guardavam os valores individuais, familiares e
colectivos, inclusive os objectos sagrados.
Na hora do terrível assalto o castelo era o último refúgio, a única esperança de sobrevivência.
Na freguesia de Arnóia, sobre um cabeço em cujas faldas morou a velha sede da vila de Celorico de Basto,
transferida em 1719 para Freixieiro, assenta este padrão militar, modesto por sua fábrica, mas bem
merecedor de especial registo.
Æ Os Solares (ou Casas Nobres) de Celorico de Basto
O concelho de Celorico de Basto é conhecido pelos muitos solares que possui, e que se espalham um pouco
por todo o concelho, especialmente, na metade Este, junto da área ribeirinha do Tâmega. De fachada
normalmente corrida, as casas nobres, ou solares, deste concelho, possuem um significativo interesse
artístico, especialmente do ponto de vista arquitectónico (Casa da Boavista, em Veade), sobressaindo
também os seus interiores, de grande requintado interesse (Casa da Portela, em Gagos).
A maior parte destas casas senhoriais foram construídas ou reconstruídas entre meados do século XVII e
inícios do século XIX (com maior incidência durante o século XVIII), apresentando características,
marcadamente, do estilo barroco, correspondendo a um período de apogeu económico, bem patente no
surgimento de bons exemplos arquitectónicos (Casa do Outeiro, Veade), no alargamento dos jardins e na
crescente geometrização do seu traçado (Casa de Gandarela, em S. Clemente de Basto). Muitas destas
casas são o resultado de diversas ampliações, de modo, a albergar as gerações nobres que aí viveram, não
sendo de admirar, a diversidade de plantas e de configurações que apresentam. Posteriormente, o declínio
político da nobreza e a crescente subdivisão da propriedade, a partir do século XIX, contribuíram para a
decadência da casa nobre, arruinando-se muitas delas (alguns solares conservam-se ainda em bom estado,
devido ao facto, de ainda hoje serem habitados pelos proprietários, mantendo-se alguns na posse das
famílias originárias).
O carácter habitacional destas casas nobres, foi determinado ao longo do tempo, pela feição agrícola da
região de Basto, essencialmente agrícola, sendo construídas, geralmente, próximo das áreas de cultura
agrícola, quase sempre em vales escondidos e abrigados, sendo o andar inferior destinado à arrecadação
das alfaias e produtos agrícolas e o primeiro andar para a residência. Esta tradicional casa nobre rural é
uma arquitectura civil privada, que não apresenta uma grande ostentação e riqueza, tem uma planta
rectangular (tradicionalmente possuem dois ou três edifícios que formam um pátio fechado por um muro ou
portal), uma presunçosa fachada, normalmente corrida, um desenvolvimento horizontal, ornatos simples, o
emolduramento das janelas, escadarias sóbrias com elegantes volutas que rematam as guardas, e no
interior, os tectos de masseira e a talha dos pequenos oratórios ou até das capelas, correspondendo pois, à
tipologia das casas nobres com jardins de camélias, tão característicos da região de Basto.
A casa nobre possui ainda os atributos indispensáveis à categoria social das famílias que a habitavam (são
originárias deste concelho algumas das famílias nobres que se notabilizaram em Portugal, como os Carvalhos
e Moreiras), atributos estes, que tendem a perpetuar a antiguidade e a posição social: o portal destinado a
ostentar a pedra de armas ou brasão, que constitui um emblema indispensável da nobreza (um dos maiores
do nosso país encontra-se na Casa de Travassinhos), a torre, o jardim com as tradicionais japoneiras e a
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capela que aparece geralmente ao lado da habitação
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Mosteiro de Arnóia e a Igreja anexa
Igreja de S. Salvador de Ribas
Igreja de Veade
Quinta do Prado
Casa do Prado, uma “Jóia” em pleno centro de Celorico de Basto
Casa nobre do século XVIII, foi posteriormente remodelada no século XIX,
apresentando um aprazível conjunto de lindíssimos jardins, dos mais belos desta
vila. Foi propriedade inicial da família Pinto Dá Mesquita, tendo sido adquirida pela
Câmara Municipal há alguns anos atrás, de modo a integrar um projecto de
reabilitação urbana e cultural.
Construída, segundo os hábitos locais, de modo a tirar partido do forte desnível do
terreno, apresenta diversas fachadas de configuração muito diferente, todas elas pintadas de amarelo. A
norte, uma esplanada permite o acesso directo ao andar nobre, a sul, em nível inferior, ergue-se uma torre
ameada (provavelmente do século XVIII), e voltada a leste, ergue-se a imponente fachada nobre (destacase, sobre a entrada, uma varanda corrida decorada com azulejos de excelente qualidade) aparentada com o
estilo da “Antiga Casa Portuguesa” que o arquitecto Raul Lino desenvolveu na década de 1900, e que ilustra
uma concepção de solar senhorial que não é próprio da região de Basto, mas que mais faz lembrar, as
célebres casas nobres citadinas, onde se estabelecia uma ligação dos salões com os jardins, que eram
célebres, numa associação de conforto e beleza.
Æ Ponte de Arame de Lourido
A Ponte de Arame em Lourido
Quem vier por Amarante, serpenteando a estrada por Codessoso até à Vila de
Celorico, encontrará um desvio ao lado direito que dá acesso ao lugar de Lourido.
Trata-se de uma pequena povoação situada na margem direita do rio Tâmega que
pertence à freguesia de Arnoia. Já conheceu melhores dias. O encerramento da
linha de caminho-de-ferro deixou a estação de Lourido abandonada e as populações,
que deste meio se serviam para as suas deslocações para o exterior. Contra este
isolamento sempre lutaram as populações do lugar que, ontem como hoje, encontram na ponte de arame
sobre o rio Tâmega, o meio de passagem e contacto com a vizinha localidade de Rebordelo, do concelho de
Amarante e localizada na outra margem do Tâmega.
Esta pitoresca ponte é constituída por cabos de arame entrançado e um estrado em madeira, suspensa
sobre o rio Tâmega.
A sua travessia é, para os principiantes uma tremenda aventura. Apesar do seu ar frágil e balouçar de
forma pronunciada, não há registo de nenhum acidente ou queda na ponte. Por ela passaram e passam,
pessoas e gado, mercadorias, utensílios de lavoura e faz as delicias dos “motoqueiros” na actualidade.
A actual ponte, construída por volta de 1926/27, não é primitiva. A anterior, mais estreita, teria sido
construída nos finais do séc. XIX e foi deitada abaixo pelos “Galinhas” de Codessoso, a mando da tropa de
Amarante “...por receio que os de Vila Real por ali passassem”, como nos conta o Sr. Joaquim de Carvalho,
de 84 anos, natural e residente no lugar de Lourido e que bem se lembra do acto.
Os de Rebordelo utilizaram a ponte para vir a Celorico à feira e mercado, comprar gado e namorar as
raparigas. Os de Lourido, Codessoso e até da Vila não lhes ficaram atrás. Hoje, são inúmeras as famílias que
se constituíram entre as pessoas de um e outro lado da ponte.
A ponte de arame de Lourido continua firme e mantém hoje as mesmas funções de intercâmbio entre as
duas margens do rio.
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Æ Castro de Barrega
Ambiente
O concelho de Celorico de Basto possui uma grande beleza natural. A paisagem do concelho, fortemente
humanizada, varia entre as áreas montanhosas densamente florestadas e os vales verdes, retalhados por
campos pequenos e alongados, onde predomina a cultura do milho e do vinho verde.
Locais a visitar:
Miradouros:
>Ermida de Nossa Senhora do Viso
>Castelo de Arnóia
>Nossa Senhora do Calvêlo
>Monte do Ladário
>Castro de Barrega
Linhas de água e zonas de banhos:
>Praia Fluvial de Fermil
>Praia Fluvial do Rego
>Praia Fluvial de Fervença
>Praia Fluvial de Agilde
>Praia Fluvial de Gandarela
>Praia Fluvial da Vila
>Rio Tâmega
Jardins de Basto (Zonas Verdes):
>Jardim de Camélias da Casa do Campo
>Jardim das Camélias da Casa do Barão em Fermil
>Jardim das Camélias do Solar do Souto
>Jardim da Quinta do Prado
>Zona Ribeirinha do Freixieiro
Artesanato
O artesanato, meio de expressão cultural popular, encontra-se espalhado por todo o
concelho. Os bordados a fio de ouro são uma marca de Celorico de Basto, com raiz e
tradição na Casa do Campo. Em peças de linho ou de veludo, são estes bordados
elementos de rara beleza de decoração.
A tecelagem de linho, as mantas e tapetes de trapos e a cestaria, têm menor
expressão, mas não deixam de ser actividades artesanais típicas no concelho e cujas
peças são recheadas de pormenores muito peculiares.
O artesanato na sua concepção tradicional, é a “ indústria” dos tempos pós-modernos: actividade produtiva
caracterizada por uma simplicidade em todo o seu processo, que permite a concentração do mesmo numa só
pessoa, desde a concepção e efectivação até á contemplação final da obra e seu destino.
Esta harmonia faz do artesão um artista, responsável e produtor duma obra que toda ela é filha da sua arte.
Pela existência de uma descaracterização cultural notória no abandono das velhas práticas artesanais,
surgem iniciativas, nomeadamente: a formação das camadas mais jovens nestas actividades, sensibilização
para a sua exaltação, organização de feiras e certames e da participação dos artesãos nestas e em outras
localidades por forma a dar a conhecer as artes e ofícios tradicionais desta região. Estas acções permitem
manter a sua importância, pela função que desempenham na vida quotidiana ou festiva, de uso comum ou
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simbólico, tornando o trabalho artesanal mais competitivo e que, progressivamente, vai conquistando o seu
lugar no mercado.
O Linho
Tudo começa com o lançamento das sementes á terra.
Até que o linho se torne tecido são muitos os processos que implica: semeado,
mondado, regado, arrancado, junta-se em molhos, é ripado, molhado, seco,
enfaixado, espadelado, restelado, assedado, fiado e depois segue para o tear.
Na verdade o concelho não é grande cultivador de linho, existem algumas pessoas
que ainda o fazem, mas como é uma cultura que envolve muito tempo e trabalho não
é muito rentável.
É considerado produto de luxo que só alguns podem ter acesso, dado o valor elevado das peças.
Tecelagem do Linho
A arte da tecelagem passa pelas toalhas de mesa e colchas para camas, trabalho que envolve algum tempo e
disponibilidade – uma colcha demora 3 semanas e uma toalha de mesa 3 dias, só no tear.
Os trabalhos de tecelagem e bordados tradicionais, conhecem ainda hoje um considerável vigor.
Tem vindo a aumentar o número daqueles que se dedicam a esta actividade, mercê da dinamização
fomentada sobretudo por cursos de formação, na expectativa de incentivar os mais jovens a exercer uma
actividade que faz parte da cultura e da entidade de um povo e que agora se pretenda que constitua, pela a
criação do próprio emprego, a sustentação de uma pequena economia.
Rendas e Bordados
Os bordados tradicionais conhecem ainda hoje um considerável ímpeto. Aumentou o número daqueles que se
dedicam a este ofício.
Os bordados constituem um trabalho de difícil execução, muito rigoroso e necessita de mãos hábeis e
delicadas.
Lençóis, travesseiros, fronhas de almofada, toalha de mesa e rosto e peças de decoração várias, são de uma
beleza expressa nas cores, nos fios dourados e nos motivos decorativos.
Com as rendas criam-se produtos de igual qualidade e beleza que juntamente com os bordados feitos no
linho, constituem no seu conjunto peças de indiscutível valor cultural.
Peças que fazem parte do nosso património cultural e enchem de cor e alegria as nossas aldeias, constituindo
marés vivas de uma tradição bem enraizada na alma do povo Celoricense.
Tecelagem de Mantas
O aproveitamento de tecidos já usados dá origem à tecelagem em trapos para o fabrico de mantas,
passadeiras, tapetes, colchas e almofadas.
O tecido é cortado em tiras estreitas que são unidas com um nó ou alinhavos simples, formando novelos de
cores idênticas ou diferentes.
Sendo um tipo de tecelagem modesto, dá origem a peças que são o resultado de um trabalho de tear manual
muito moroso.
As tradicionais mantas de farrapos, coloridas e ingénuas, que em tempos eram fruto de uma imaginação
distante que nas horas de invernia puxavam o tear que ia alimentando o órgão, são agora procuradas para
decoração dos espaços habitacionais.
Cestaria
Desta actividade saem os cestos de verga outrora muito usados nas nossas vindimas ou na agricultura mais
tradicional.
Era típico o cesteiro ambulante que, aqui ou ali, procurava o seu mercado carregando fachas e cestos novos.
Era sinal da época de S. Miguel, nas colheitas por isso todos os recipientes eram poucos.
Dos espaços rudimentares saem belos trabalhos de cestaria com alguns efeitos geométricos, produzindo
utensílios de fins variados: cestos grosseiros e resistentes para os trabalhos agrícolas; cestaria fina;
artigos de decoração.
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