Motivação, prontidão e a aprendizagem O que é motivação? - Oriunda do verbo latim ‘movere’: motivo, mover - A motivação é formalmente definida como sendo as forças dentro de uma pessoa, responsáveis pelo nível, pela direção e pela persistência de esforço despendido no trabalho. - Coon(1999), refere-se a dinâmica do comportamento, ou seja, ao processo inicia, sustenta e dirige nossas ações. Três elementos importantes para a motivação 1. O nível de motivação: é a quantidade de esforços que a pessoa emprega, o quanto trabalha. 2. A persistência: refere a quanto tempo a pessoa continua numa determinada ação (por exemplo, desiste se está difícil ou continua tentando). 3. A direção: é a que a pessoa opta por fazer quando está em face de um grande número de alternativas possíveis (isto é, se vai empregar o esforço visando à quantidade ou à quantidade do produto). Prontidão - A interrelação de elementos que se combinam para determinar a reação total da pessoa a situações que requerem aprendizagem. - A motivação e a prontidão se relacionam proporcionando aos sujeitos os mecanismos fundamentais para que ele possa se organizar subjetivamente para articular outros processos mentais para a sua própria aprendizagem. Componentes da prontidão 1. A Maturação - Natureza física - Aspecto orgânico - Processos de crescimento interno - A questão da idade cronológica A idade A idade é um fator que interfere na aprendizagem. A maturação fisiológica em geral e o sistema nervoso em particular impedem uma criança de dois anos de idade de aprender, por exemplo, a fazer recortes com uma tesoura. São necessárias determinadas estruturas intelectuais para que se possam concretizar certas aprendizagens. •A cada estágio correspondem capacidades específicas. •Os conteúdos e as metodologias de ensino devem estar de acordo com o nível etário e de desenvolvimento dos indivíduos. 2. Experiências passadas - Aquisição de significados - Desenvolvimento de hábitos de concentração, técnicas de estudo e novas habilidades - As diferenças individuais As diferenças individuais FATORES DETERMINANTES • HEREDITÁRIOS • AMBIENTAIS O AMBIENTE PODE FAVORECER E ACELERAR OU LIMITAR E IMPEDIR O DESENVOLVIMENTO DE UM POTENCIAL GENÉTICO. 3. Aprendizagem e inteligência – visto anteriormente 4. Nível de motivação O ciclo motivacional - Trata-se de um conceito baseado na ideia enunciada por Claude Bernard, médico e pesquisador francês, em 1856. Ele destacou que todos os processos vitais têm como meta a manutenção de um equilíbrio necessário à sobrevivência. Nele existem geralmente três etapas fundamentais: necessidade, impulso e resposta (meta). 1. É a necessidade (estado de falta fisiológica ou psicológica) que origina o impulso ou pulsão. 2. O impulso é a força que impele a pessoa à ação, ao conjunto de comportamentos que permitem atingir o objetivo. O impulso termina quando a meta é alcançada. 3. Se a meta é atingida, a necessidade é satisfeita e o impulso (ou tensão) é reduzido. Exemplo: Fazer uma avaliação 1. Necessidade: estudar para a prova 2. Impulso: a preparação - o método, utilização de material, horas de estudo, nervosismo, memória, entre outros 3. Meta: resultados favoráveis – boa nota. Tipos básicos de motivação 1. Motivações fisiológicas (primárias, inatas, básicas, biológicas, orgânicas). - Estão ligadas à sobrevivência do organismo e não resultam de uma aprendizagem. Encontram-se estreitamente ligadas a determinado estado interno do organismo. São exemplos de motivações fisiológicas: respiração, fome, sede, sexo, evitar o frio e o calor, sono, entre outras. São relacionadas à estrutura biológica do organismo, objetivando garantir o equilíbrio orgânico ou homeostasia. Exemplos: • O sono: no equilíbrio orgânico. • O impulso da dor • A fome é provocada pelas contrações do estômago que desencadeiam estímulos internos que nos levam a procurar alimento. 2. Motivações sociais (adquiridas, aprendidas, secundárias ou culturais). - Dependem de aprendizagens, foram adquiridas no processo de socialização. As motivações sociais variam de pessoa para pessoa (de cultura para cultura) e são adquiridas através do processo de socialização e resultam do processo de aprendizagem social. Exemplos deste tipo de motivação as necessidades de convivência (afiliação), de reconhecimento, de êxito social e de segurança Dois tipos de motivações sociais a. Motivações sociais centradas no indivíduo (autoafirmação): desejo de segurança, de ser aceito, de afiliação a um grupo, de alcançar um estatuto social elevado, de enriquecer, de realização e sucesso. b. Motivações sociais centradas na sociedade (independentes dos nossos interesses particulares): respeito pelo próximo, solidariedade, amizade, amor. 3. Motivações combinadas, que associam fatores biológicos e sociais/aprendidos. - São muito marcadas pela aprendizagem, mas não essenciais à sobrevivência do indivíduo nem à manutenção do equilíbrio do organismo. - Exemplos de motivações combinadas o comportamento sexual e o maternal. 4. Motivações cognitivas: São as necessidades de informação e de conhecimento que têm como base a curiosidade e a atividade exploratória (por exemplo: a necessidade de conhecer a vida em sociedade, a natureza, etc.), para melhor compreendermos e explicarmos a realidade. - Esta é uma das principais motivações que utilizamos no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, no ambiente escolar. Dois tipos de motivação cognitivas (POZO, 2002) Motivação extrínseca Motivação intrínseca Motivação extrínseca - A motivação está fora do sujeito que aprende; - Conseguir algo desejado ou evitar uma coisa indesejada; - Este processo pode estar relacionado com recompensas externas e sociais, necessidade de reconhecimento, respostas às demandas e pressões externas, desejo de obter sucesso, êxito, competências e habilidades. Motivação intrínseca - O elemento mobilizador é interno, é o desejo de aprender; - A razão para o esforço está naquilo que se aprende e na satisfação pessoal de saber, de adquirir novas informações, de ampliar conhecimentos, compreender ou se apropriar de algo novo. - Motivação mais significativa para a vida da pessoa e construtora de personalidade e subjetividade. 5. Motivação transcendente: baseada no princípio de que o ser humano se dirige sempre para fora de si mesmo. - Assim, esta motivação é desencadeada pelo valor que tem a satisfação das necessidades de outras pessoas, e não do próprio indivíduo. Atenção: - Todas as pessoas tem diversas motivações porém em proporções diferenciadas e de acordo com a sua história pessoal, necessidades do tempo e espaço. - A sua tendência é a constante mudança ao longo de sua vida e em contato com a realidade em que os sujeitos se encontram. Importância da motivação no processo de aprendizagem - A aprendizagem é um fenômeno complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. - A motivação para a aprendizagem é fator preponderante para que esta aconteça, e o professor precisa descobrir estratégias e recursos, fornecer estímulos para fazer com que o aluno queira aprender. - Para aprender um conteúdo ou matéria, é preciso que o aluno tenha um objetivo que o motive durante o período de tempo de que precisa para realizar as atividades. - É fundamental que o aluno queira construir os conceitos, dominar as competências que o professor apresenta. - O desejo de realização é a própria motivação; assim, o professor deve fornecer sempre ao aluno o conhecimento de seus avanços, incentivando-o a prosseguir. Há algumas características do aluno motivado, dentre as quais destacamos: a) A autoeficácia (BANDURA, 1997) a definiu como a confiança que os indivíduos têm em sua capacidade de organizar e executar determinado curso de ação para resolver um problema ou realizar uma tarefa. b) Crenças de aprendizagem que o indivíduo tem de que seus esforços para aprender vão dar resultados positivos. c) A existência de motivação intrínseca para a aprendizagem. d) A valoração atribuída ao conteúdo que está sendo aprendido (o quanto é interessante, importante e útil à atividade de aprendizagem que o indivíduo está realizando). Aspectos contextuais na aprendizagem - Elementos que intervêm na relação entre motivação e aprendizagem podem estar ligados à família, às condições sociais e econômicas e culturais dos aluno, as políticas educacionais e o próprio contexto escolar. - A motivação dos alunos tem uma relação, direta ou indireta, com a prática pedagógica e a motivação dos professores, uma vez que os professores se apresentam como modelo (positivo ou negativo) diante de aprendizagem para os alunos. Elementos da prática pedagógica que intervem na motivação do aluno - Os conteúdos e sua articulação com os conhecimentos próprios dos alunos; - O significado que o professora atribui a esses conteúdos; - O modo como traduz esses significados para os alunos; - A metodologia utilizada para oportunizar múltiplas situações de aprendizagem, através de participação de alunos, trabalhos em grupos e diversidade de atividades. - A forma de reflexão e solução de problemas na aprendizagem; - O acesso a diferentes materiais - A livre expressão e trocas de experiências entre alunos, e entre professores e alunos. - A formação docente: inicial e contínua ajuda no processo de motivação da prática docente no decorrer da vida profissional. - A sala de aula não está descolada da organização escolar. Desta forma, a motivação dada pela escola deve proporcionar múltiplas organizações e significativas aprendizagens. - Potencialização de motivação do ambiente escolar: participação dos alunos em diferentes projetos, a integração com a família, o trabalho cooperativo com os professores, o diálogo, a construção de regras e normas institucionais. Alguns princípios de motivação para o processo de aprendizagem. (POZO, 2002) - Adequar as atividades às capacidades do aprendiz, o que não quer dizer que as atividades sejam simples; - Informar ao aprendiz sobre os objetivos concretos da atividade e das metas para alcançá-las, ativando conhecimentos prévios; - Proporcionar uma avaliação que ofereça informações relevantes e faça o aluno pensar sobre o conhecimento estudado. - Consorciar atividades de aprendizagem com os interesses e motivos iniciais dos alunos para tornar a aprendizagem interessante e criar novos motivos para os objetivos educacionais e construção de novos conhecimentos. - Criar contextos de aprendizagem para o desenvolvimento de uma motivação mais intrínseca, incentivando a autonomia e os processos de interação dos alunos; - Valorizar cada processo da aprendizagem, não só pelos resultados finais, mas pela elaboração e significado dos conhecimentos, pelo desejo e interesse que manifestam os aprendizes, fazendo-os refletir sobre seus avanços. Enfim, - As teorias psicológicas abordam a importância para a motivação na aprendizagem: a) Vygotsky: o que move os sujeitos são os seus desejos, necessidades, interesses e intenções; b) Carl Rogers: Ser humano tem um impulso para o crescimento pessoal e a atualização das capacidades e das potencialidades; c) Freud: O desejo e as pulsões conduzem/motivam os sujeitos nas relações em sua vida. d) Henri Wallon: Mover-se no mundo refere-se a uma dinâmica de conflito da pessoa em suas diferentes etapas de desenvolvimento, ora entre emoção ora razão. (subjetividade de natureza singular, biológica e social) - A aprendizagem: necessidade de vários processos. A motivação, nestes processos, ganha o papel de protagonista.