MOBILIDADE URBANA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE DEZ/03 AMBIÊNCIA DOS TRANSPORTES URBANOS GOVERNO (ÓRGÃO REGULADOR) MERCADO COMUNIDADE OPERADORES Universalidade Acessibilidade Confiabilidade Regularidade Conforto Conveniência Pontualidade Flexibilidade Segurança Rapidez FORNECEDORES Modicidade Tarifária COLABORADORES COMPETIDORES CLIENTES A INTERAÇÃO ENTRE TODOS OS ATORES É FUNDAMENTAL PARA A CONSECUÇÃO DOS OBJETIVOS CENTRAIS A EVOLUÇÃO DOS TRANSPORTES URBANOS NOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS Relembrar um pouco a nossa história é fundamental para que não venhamos a incorrer em possíveis erros cometidos no passado. A PARTIR DE 1974 O GOVERNO FEDERAL PASSOU A TER UMA ATUAÇÃO EFETIVA NO SETOR DOS TRANSPORTES URBANOS • O Ministério dos Transportes, através do GEIPOT como mentor dessa política, passou a formar técnicos e elaborar estudos e projetos. • Foi criada, em 1975, a EBTU que tinha como principal função a coordenação dos investimentos federais no setor. • Foi incentivada a criação de órgãos gestores locais em todo o país. • Foi criada a CBTU, para administração do setor ferroviário de passageiros; • Foram Implantados os metrôs do Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre. • Criação do Vale transporte. NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE FORAM EMPREENDIDAS AS SEGUINTES AÇÕES • • • • • • • • Criação da EMTU/Recife (1979). Reformulação de todo o Sistema de transporte urbano da RMR (1980) Elaboração do Transcol (estudo de Transporte Coletivo) e do PDTU pelo GEIPOT/FIDEM (1982) Implantação de faixas exclusivas na Av. Sul, Av. Caxangá, Av. Cruz Cabugá. A já citada construção do Metrô do Recife (1985). Foi iniciada a construção da PE-15; Em 1986 foi concebido o SEI: e Também em 1986 foi Implantada a Câmara de Compensação Tarifária. POR ESTE CONJUNTO DE AÇÕES VERIFICA-SE QUE HOUVE UM CERTO ENCADEAMENTO ENTRE SI. SÃO AÇÕES VOLTADAS PARA A FORMAÇÃO DOS ARCABOUÇOS INSTITUCIONAL, LEGAL, TÉCNICO E IMPLANTAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DO SISTEMA, EM QUE A TRANSFORMAÇÃO MAIS SIGNIFICATIVA FOI A MUDANÇA DA CULTURA DO SETOR DE TRANSPORTE URBANO, VIGENTE NO PAÍS, ALÉM DE TEREM SIDO TOMADAS AS MEDIDAS BÁSICAS NECESSÁRIAS PARA IMPOR UMA VISÃO SISTÊMICA DOS TRANSPORTES PÚBLICOS. O QUE FOI FEITO A PARTIR DA SEGUNDA METADE DA DÉCADA DE OITENTA • • • • • • A implantação parcial do SEI, com apenas algumas linhas e terminais, em 1996. Ressalte-se, dez anos após a sua concepção. A municipalização do trânsito e do transporte que foi instituída na constituição de 1988, reforçada no CTB em 1998, mas só passou a se efetivar a partir de 2001. A bilhetagem eletrônica que vem sendo implantada há cinco anos. A ampliação do Metrô. 20 anos após a construção da primeira linha A pesquisa domiciliar foi realizada em 1.997, cujos resultados seriam utilizados na elaboração do PDTU a ser realizado em 1998/99 até hoje não se concretizou, apesar de contar com recursos do Banco Mundial, através do Metrô. Também em 1997 a EMTU/Recife, em conjunto com a FIDEM, DER, Prefeitura do Recife, Olinda e Jaboatão elaborou o Programa de Expansão do SEI, que deveria contar com financiamento do BNDES. Seis anos após, nem se fala nesse programa. O QUE SE OBSERVA • Desarticulação das ações. • investimentos na infraestrutura tardios e incompletos. • O governo Federal não investe no setor (a ampliação do metrô é uma contrapartida para que os estados os absorvam), O pouco que se fez, ainda, é resultado do planejado no início do período analisado. O modelo de gerenciamento é o mesmo gestado no final da década de 70 NA FALTA DE PLANEJAMENTO E FINANCIAMENTO, O SETOR SE VOLTOU PARA • • • • Planilhas de custos, Modelos de remuneração, Veículos com maior capacidade; e As empresas operadoras passaram a ser meras prestadoras de serviço dos órgãos de gerência, restritas a administrar seus procedimentos e custos internos. • CLANDESTINOS – Combate inadequado pela ausência das bases do poder. BAIXA SUSTENTABILIDADE DO SETOR Elevação dos Custos Redução da Receita Desinteresse por projetos de transporte público Comprometimento da Sobrevivência dos Operadores Decadência do Setor COM A MUDANÇA DE FOCO DO ÚLTIMO QUINDÊNIO, POR NÃO SE PLANEJAR E/OU NÃO SE DAR CONSEQÜÊNCIA AO PLANEJADO, AS REDES DE TRANSPORTE SE TORNARAM INEFICIENTES E NÃO ATENDEM ÀS DEMANDAS DOS USUÁRIOS. NA REALIDADE, FORAM SE DESENVOLVENDO AO SABOR DAS PRESSÕES COMUNITÁRIAS, CONTRA AS QUAIS O ÓRGÃO DE GERÊNCIA NÃO DISPUNHA DE UM PROJETO CONSISTENTE DE REDE BÁSICA PARA . NEGOCIAR RESULTADO APÓS SETE ANOS • A proliferação dos clandestinos a partir de 1993, estes que se cingiam a periferia da RMR atingem o coração da cidade e ferem de morte o setor. • A CCT a partir de 1.996 começa a apresentar um persistente déficit . • Queda da demanda. Em 1992 o STPP apresentava uma demanda diária de 1.900.000 passageiros, até o combate aos clandestinos iniciado em julho do corrente ano, a demanda diária era de 1.200.000 passageiros. REDUÇÃO DA DEMANDA PAGANTE Demanda Real e Potencial Perdida pelo Sistema de Transporte de Ônibus Considerando o Crescimento Populacional - Recife 50 23,95 23,30 22,54 19,81 16,82 14,87 11,89 8,11 7,57 8,72 6,22 35 5,27 40 0,00 45 23,18 23,08 23,10 10 25,10 26,78 28,04 30,33 33,45 33,57 31,95 15 33,98 20 34,48 25 39,29 30 5 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Demanda Real 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Demanda Potencial CAUSAS: CLANDESTINO, QUEDA DE RENDA DA POPULAÇÃO, SEI- PASSAG. PORTA DIANTEIRA DEIXOU DE SER CONTADO NA CATRACA, INCENTIVO DO GOVERNO AO TRANSPORTE INDIVIDUAL. EVOLUÇÃO DO STPP/RMR PASSAGEIROS QUILOMETRAGEM VIAGEM PASSAGEIRO/PASSAGEIRO/ FROTA EQUIVALENTES TOTAL (Média IPK VEÍCULO VIAGEM ANO MÉDIA (Média Mensal em (Média Mensal em Mensal em EQUIVALENTE(Média Mensal (Média Mensal DIÁRIA Milhões) Milhões) Milhares) em Milhares) em Milhares) 1991 39,295 15,359 2.093 475,000 2,56 18,774 82,73 1992 34,479 16,078 2.211 491,667 2,14 15,594 70,13 1993 33,984 16,133 2.195 493,333 2,11 15,482 68,89 1994 31,951 16,428 2.183 480,833 1,94 14,636 66,45 1995 33,566 15,974 2.341 517,500 2,10 14,338 64,86 1996 33,450 17,973 2.533 556,667 1,86 13,206 60,09 1997 30,333 18,300 2.603 592,500 1,66 11,653 51,20 1998 28,036 18,131 2.611 577,500 1,55 10,738 48,55 1999 26,783 18,721 2.566 578,333 1,43 10,437 46,31 2000 25,100 17,871 2.371 594,167 1,40 10,586 42,24 2001 23,098 17,098 2.343 575,833 1,35 9,858 40,11 2002 23,079 16,710 2.330 555,557 1,38 9,905 41,54 2003 23,183 16,684 2.299 566,552 1,39 10,086 40,92 Fonte - Anuário estatístico da EMTU/Recife até 1999 obs: dados de 2003 até 2ª quinz.Ago/03 80,0% 98,3% 88,2% 86,0% 85,0% 90,3% 94,6% 90,0% 93,5% 95,0% 91,4% 100,0% 99,8% 105,0% 99,8% COEFICIENTE DE REMUNERAÇÃO RELAÇÃO RECEITA/CUSTO DO STPP/RMR 75,0% AGO/95 AGO/96 AGO/97 AGO/98 AGO/99 AGO/00 AGO/01 AGO/02 AGO/03 MÊS/ANO O TRANSPORTE URBANO COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL É de se perguntar para que toda essa conversa, e a mobilidade? • O que a população quer é poder realizar as suas atividades e necessidades de deslocamento, quer seja para trabalho, estudo ou lazer, ao menor custo, no menor tempo possível. • De repente, com a queda de demanda, os ônibus passaram a circular com menor número de passageiros, mais folgados, embora com um tempo maior de viagem, causado, principalmente, pelas retenções provocadas pelos clandestinos com a sua forma caótica de operar. ESTE CONFORTO TEVE UM CUSTO • A mobilidade da população foi seriamente afetada. Os aumentos dos tempos de viagem, conjugados com a queda da demanda, resultaram no encarecimento da tarifa, com aumentos em percentuais superiores ao da inflação, passou a haver menos pagantes para custearem o serviço. • Este fato conjugado com a queda de renda da população e ineficiência da política econômica foi o golpe fatal na mobilidade, principalmente das populações mais necessitadas. • Este pouco fazer no setor resultou em uma maior exclusão social. COMO FAZER COM QUE ESSAS PARCELAS DA POPULAÇÃO QUE NÃO TÊM EMPREGO, QUE VIVEM NA INFORMALIDADE E FORAM OBRIGADAS A FAZER SEUS DESLOCAMENTOS A PÉ, TENHAM ACESSO ÀS FACILIDADES DO TRANSPORTE COLETIVO? MOBILIDADE E RENDA Vg/dia/hab Mobilidade e renda - Taxas de mobilidade e renda, Recife, 1997 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 0 0a1 1a4 4a8 8 a 15 15 a 30 > 30 Renda Fam iliar (salários m ínimos) A mobilidade (acesso ao atendimento das suas necessidades) é proporcional à renda. DUAS AÇÕES IMPORTANTES ESTÃO EM CURSO: • A criação do Ministério das Cidades que poderá vir a desempenhar o papel de coordenador da política nacional de transportes urbanos, inclusive do financiamento permanente do setor. • A criação do consórcio Metropolitano de Transportes da Região Metropolitana que coordenará a política local do setor. O Ministério das Cidades promoveu conferências nos mais diversos municípios brasileiros, que em seguida se reuniram em Conferências estaduais, para em seguida, no mês de outubro próximo passado realizar a Conferência Nacional de onde se extraiu uma proposta para o transporte coletivo, se reconhecendo nesta a importância dos transportes urbanos,a necessidade da desoneração da tarifa e priorização do transporte com qualidade: PROPOSTAS DA DESONERAÇÃO 1. 2. 3. 4. Tratamento tributário diferenciado, considerando a essencialidade do serviço, pelo estabelecimento de alíquotas especiais para os impostos federais, estaduais e municipais que incidem sobre o setor. Possibilita redução de 10% na tarifa. Desoneração dos custos da folha de pagamento, transferindo a incidência dos encargos sociais para o faturamento (equiparação com a agroindústria – Lei 10.256/2001). Estabelecimento de política de preços especiais para o óleo diesel consumido pelo setor (redução de 50% pode ser coberta com aumento de 4% no preço da gasolina). Possibilita redução de 12,5% na tarifa. Custeio da taxa de gerenciamento pelo IPVA. Possibilita redução de 4% na tarifa. 5. 6. 7. 8. 9. Criação de fontes de custeio extra-tarifárias para cobertura das gratuidades e benefícios tarifários. O idoso seria financiado pelo Fundo de Assistência ao Idoso e o Estudante pelo FUNDEF. Correios, Polícia, etc. pelos respectivos órgãos empregadores. Possibilita redução de 21,5% na tarifa da RMR. Aplicação de 25% dos recursos da CIDE – combustíveis em infraestrutura de transporte público urbano e metropolitano. Revisão das redes de transporte. Implantação de bilhetagem automática; e Combate permanente ao transporte clandestino. Estas ações gerariam uma redução de mais de 57% no valor da tarifa. A tarifa do anel A na RMR, seria de R$ 0,55. Com essa redução da tarifa promover-se-ia o acesso da população de baixa renda, sub empregada, ou do mercado de emprego informal, ao setor dos transportes que desta forma poderia exercer seu direito de ir e vir. CONCLUSÃO É necessário: 1. Prover um planejamento efetivo que ordene o crescimento das cidades. 2. Intermediar os conflitos de interesses na sociedade, de modo a minimizar os custos sociais. 3. Promover a interação entre os diversos atores participantes do setor. 4. Prover financiamento permanente do setor, de modo a que os custos do setor não sejam bancados apenas pelos usuários. 5. Priorizar um transporte público, voltado para políticas de inclusão social. O TRANSPORTE URBANO É UM PODEROSO ALIADO DE UMA POLÍTICA DE INCLUSÃO SOCIAL E DE COMBATE À POBREZA. SETRANS-PE Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco Presidente: Marconi Gouveia Filizzola Vice-Presidente: Maurício Luís Schwambach Diretor Técnico: José Faustino dos Santos Filho Diretor de Relações Públicas: Lucimério Campos Reis Diretor Administrativo: Luís Fernando Bandeira de Mello Equipe Técnica: João Tercio de Souza Ana Carmina R. S. Barros E-mail: [email protected]