UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO ESTUDO DA MARCHA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS COM BASE EM PARÂMETROS DE FORÇA E DE ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DURANTE A CAMINHADA EM ESTEIRA INSTRUMENTADA Alessandra Oliveira Campos Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. São José dos Campos 2004 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO ESTUDO DA MARCHA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS COM BASE EM PARÂMETROS DE FORÇA E DE ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DURANTE A CAMINHADA EM ESTEIRA INSTRUMENTADA Alessandra Oliveira Campos Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientador: Prof. Dr. Paulo Galhanone Co-Orientador: Prof. Dr. Vitor Alexandre da Silva São José dos Campos 2004 C21e Campos, Alessandra Oliveira ESTUDO DA MARCHA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS COM BASE EM PARÂMETROS DE FORÇA E DE ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DURANTE A CAMINHADA EM ESTEIRA SÃO INSTRUMENTADA/ ALESSANDRA OLIVEIRA CAMPOS. JOSÉ DOS CAMPOS: UNIVAP, 2004. 169 p: il.; 31cm. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Biomédica do Instituto de Pesquisa e Deenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, 2004. 1.Marcha 2. Hemiparesia 3. Eletromiografia I. Galhanone, Paulo Ricardo , Orient. II. Silva, Vitor Alexandre da, Co-orient. III. Título CDU:615.8 Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processo fotocopiador ou transmissão eletrônica. Aluna: Alessandra Oliveira Campos Data: 05 de maio de 2004 “Estudo da Marcha de Indivíduos Hemiparéticos com Base em Parâmetros de Força e de Atividade Eletromiográfica Durante a Caminhada em Esteira Instrumentada.” Alessandra Oliveira Campos Banca Examinadora Profa. Dra. Claudia Santos Oliveira, Presidente (UNIVAP) Prof. Dr. Paulo Ricardo Galhanone, Orientador (UNIVAP) Prof. Dr. Vitor Alexandre da Silva, Co-Orientador ( UNIVAP ) Prof. Dr. Luis Mochizuki (USP) Prof. Dr. Marcos Tadeu Tavares Pacheco Diretor do IP&D São José dos Campos, 05 de maio de 2004. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família, sem a qual jamais teria conseguido me dedicar ao sonho de aprender a ensinar o que é ser fisioterapeuta AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de aprendizagem concedida durante este período. Aos meus pais, que viveram cada dia desta caminhada ao meu lado, sentindo comigo as alegrias e superando os obstáculos, sempre me apoiando e dando o exemplo de perseverança que me fez seguir em frente até a conclusão de mais uma etapa em minha vida. Aos meus avós, pelo auxílio fundamental na conclusão de meus estudos e ao meu namorado pela sua paciência e compreensão nos momentos em que estive ausente e, por sempre me receber com uma palavra de incentivo. Aos amigos que se mostraram essenciais durante o processo de realização deste trabalho, e que se fizeram presentes a cada momento, especialmente naqueles mais difíceis. Um agradecimento especial à querida amiga Thais Helena de Freitas pela sua cumplicidade, amizade e pela importante contribuição no desenvolvimento deste trabalho. Ao meu orientador quero agradecer pela confiança depositada em mim e pela orientação realizada que, graças aos seus esforços, pôde ser mantida mesmo à distância. Por fim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste estudo, desde os colegas de trabalho, funcionários da universidade e, especialmente, aos voluntários que se dispuseram a participar desta pesquisa. “ Escolhe a bondade por lema de cada dia, não desistas de aprender, infatigavelmente e, com os braços no serviço incessante, caminharás desde hoje, sob a luz da vitória.” Emmanuel RESUMO A locomoção é fundamental para a conservação da independência e da qualidade de vida e o distúrbio desta função é um dos mais característicos sintomas de uma ampla variedade de disfunções neurológicas, como é o caso do acidente vascular encefálico (AVE). Em vista disso, neste estudo analisou-se o comportamento da marcha de indivíduos hemiparéticos para verificar as alterações funcionais mais importantes decorrentes do AVE. Foi assim analisada a marcha de 20 indivíduos divididos em dois grupos. O Grupo I ou Controle foi composto por 10 indivíduos saudáveis (5 H / 5 M), com idade média de 53.7+6.5 anos, estatura média de 1.71+0.1m. e peso médio de 809.0+73.6N.. O Grupo II foi composto por 10 pacientes hemiparéticos pós AVE (6 H / 4 M), com idade média de 57.2+7.6 anos, estatura média de 1.66+0.1m. e peso médio de 772.1+69.4N.. Foi utilizada uma esteira instrumentada Gaitway para a aquisição da componente vertical da força de reação do solo, composta por plataformas de força piezoelétricas Kistler. A atividade eletromiográfica dos músculos Gastrocnêmio Medial (GM) e Tibial Anterior (TA) foi obtida por um eletromiógrafo EMG System do Brasil Ltda. Todos os voluntários utilizaram um sistema de segurança para caminhada em esteira e passaram por um período de adaptação aos equipamentos. Logo após, todos realizaram uma breve caminhada na esteira, onde foram realizadas 5 coletas de dados para o Grupo I e 10 coletas para o Grupo II, com duração de 10s para cada coleta. A velocidade média de caminhada para os voluntários do Grupo I foi de 1.0 + 0.07 m/s e para o Grupo II foi de 0.50 + 0.08 m/s. Os resultados sugerem que as alterações encontradas no Hemicorpo São dos pacientes devemse a compensações biomecânicas e interferências diretas relacionadas ao Hemicorpo Acometido. Constatou-se que nos pacientes hemiparéticos ocorreu uma diminuição significativa da descarga de peso nos membros inferiores, redução da força propulsiva, maior correlação do impulso com as variáveis temporais do que com a força de propulsão, menores picos de atividade muscular seguidos de um padrão irregular de atividade, períodos de coativação muscular no membro são e acometido e grande variabilidade inter-individual. Tornou-se evidente a importância de uma avaliação instrumentada da marcha em complemento à avaliação clínica já que esta mostrou-se capaz de fornecer indicações quantitativas mais específicas das causas das alterações observadas, possibilitando assim estabelecer métodos de tratamento mais adequados e individualizados. Palavras-chave: Marcha hemiparética, força de reação do solo, eletromiografia. ABSTRACT The locomotion is fundamental to preserve the independence and to improve the quality of life. The disturbance of this function are the most characteristic symptoms of a broad variety of neurological disorders like the stroke. So, in this study was analyzed the gait of hemiparetic individuals and verified the more important functional alterations resulting of the stroke. The gait of 20 individuals, divided in two groups, were so analyzed. The Group I or Control was composed from 10 healthy individuals (5 M / 5 W), with medium age of 53.7+6.5 years, medium height of 1.71+0.1m. and medium weight of 809.0+73.6N. The Group II was composed from 10 hemiparetic patients (6 M / 4 W) post-stroke, with medium age of 57.2+7.6 years, medium height of 1.66+0.1m. and medium weight of 772.1+69.4N. It was utilized a instrumented treadmill Gaitway, composed by two Kistler piezoelétrics force plataforms, for the acquisition from the vertical component of the ground reaction force. The electromyographyc activity of the Medial Gastrocnemius (MG) and Anterior Tibialis (AT) muscles was obtained by an EMG System of Brazil Ltda electromyograph. All volunteers utilized a security system for walk in treadmill and passed through an adaptation period to the equipment. After that they make a short walk in the treadmill, where there were carried out 5 data epochs for the Group I and 10 for the Group II, with 10 s duration each. For Group I volunteers the medium walk’ speed were 1.0 + 0.07 m/s and were 0.50 + 0.08 m/s for the Group II. The results suggest that the alterations found in the uninvolved limb of the patients were caused by biomechanic compensations and straight interferences of the involved one. For the hemiparetic patients were also observed a significant diminution from the weight discharge in the lower members, reduction of the propulsive force, higher correlation of the impulse with the temporal variables than with the propulsive force, smaller peaks of muscular activity followed by an irregular activity pattern, periods of muscular co-activation in the uninvolved and paretic limbs and high inter-individual variability. The instrumented evaluation were so capable to give specific quantitative information about the causes of the observed gait alterations. It indicate the importance of this analysis, associated with clinical one, in the development of more adequate and individual treatment methods. Words-key: gait hemiparetic, ground reaction force, electromyography. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 01 2. REVISÃO DE LITERATURA 03 03 04 06 08 09 15 19 2.1 -- ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 2.1.1 – Fisiopatologia do AVE 2.1.2 – Quadro Clínico 2.2 -- MARCHA HUMANA 2.2.1 - Ciclo e Fases da Marcha 2.2.2 - Deslocamentos do Corpo Durante a Marcha 2.2.3 - Ação Muscular Durante a Marcha 2.3 – ASPECTOS RELEVANTES À MARCHA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS 23 2.4 – ANÁLISE BIOMECÂNICA DA MARCHA 2.4.1 – Dinamometria – Força de Reação do Solo 2.4.2 – Eletromiografia 30 31 34 3. OBJETIVO 38 4. MATERIAL E MÉTODOS 39 4.1 – AMOSTRA 39 4.2 – EQUIPAMENTOS 4.2.1 – Plataformas de Força 4.2.2 – Eletromiógrafo 4.2.3 - Sistema de Segurança para Caminhada em Esteira 40 40 41 43 4.3 – SINCRONIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 46 4.4 - PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 47 47 4.4.1 – Processo de Adaptação aos Equipamentos 48 4.4.2 – Localização do Ponto Motor e Colocação dos Eletrodos 4.4.3–Aquisição dos Dados de Força de Reação do Solo e Eletromiografia 49 4.5 - TRATAMENTO MATEMÁTICO DOS DADOS 4.6 – ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS 50 53 5. RESULTADOS 55 5.1 – ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE FORÇA DE REAÇÃO VERTICAL DO SOLO E ELETROMIOGRAFIA DURANTE O CICLO COMPLETO DA MARCHA 55 5.1.1 – Parâmetro de Força de Reação Vertical do Solo 5.1.2 – Parâmetros Temporais 5.1.3 – Parâmetros Espaciais 5.1.4 – Parâmetros Eletromiográficos 63 55 59 61 5.1.5– Análise das Correlações entre os Parâmetros de Força de Reação Vertical do Solo 66 5.2 – ANÁLISE COMPARATIVA DOS PARÂMETROS DE ELETROMIOGRAFIA DURANTE AS FASES DE APOIO SIMPLES E BALANÇO 74 5.3 – ANÁLISE MORFOLÓGICA DAS CURVAS DE FORÇA DE REAÇÃO VERTICAL DO SOLO E ELETROMIOGRAFIA 79 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 7. CONCLUSÕES 103 REFERÊNCIAS 106 ANEXOS ANEXO A: 115 ANEXO B: 96 Dados Antropométricos do Grupo I ou Controle 114 Questionário – Grupo I ou Controle Dados Antropométricos do Grupo II 117 Questionário – Grupo II 118 ANEXO C: Graus de força e tônus dos músculos dorsiflexores do membro acometido dos pacientes hemiparéticos 120 Graus de força e tônus dos músculos flexores plantares do membro acometido dos pacientes hemiparéticos 121 ANEXO D: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 122 ANEXO E: Rotina “PASSOS” do Software MatLab 126 Rotina “PASSOS_B” do Software MatLab 128 Rotina “TEST_WILCOXON” do Software MatLab 129 ANEXO F: Curvas médias de força de reação do solo e eletromiografia correspondentes a cada indivíduo do Grupo Controle 130 Curvas médias de força de reação do solo e eletromiografia correspondentes a cada indivíduo do Grupo II 150 ANEXO G: Aprovação do Comitê de Ética 170 Lista de Figuras Figura 1 - Divisões do ciclo da marcha (Derivado e modificado de ADAMS; PERRY,1998) 10 Figura 2 - Fase de Contato Inicial (PERRY, 1992c) 11 Figura 3 - Fase de Resposta à Carga (PERRY, 1992c) 11 Figura 4 - Fase de Apoio Médio (PERRY, 1992c) 12 Figura 5 - Fase de Apoio Terminal (PERRY, 1992c) 12 Figura 6 - Fase de Pré-Balanço (PERRY, 1992c) 13 Figura 7 - Fase de Balanço Inicial (PERRY, 1992c) 14 Figura 8 - Fase de Balanço Médio (PERRY, 1992c) 14 Figura 9 - Fase de Balanço Terminal (PERRY, 1992c) 15 Figura 10 - Diagrama mostrando os parâmetros espaciais da marcha que definem as posições relativas dos pés durante uma passada (Retirado e modificado de WALL, 2001) 16 Figura 11 - Gráfico demonstrando a força de reação vertical do solo em Newtons (N) por tempo absoluto (s) de ambos os pés durante uma passada por duas plataformas de força acopladas a uma esteira rolante (Software Gaitway) 32 Figura 12 – Esquema da Curva de FRS demonstrando os parâmetros analisados na marcha dos Grupos I e II. ( a ) Primeiro Pico de Força; ( b ) Segundo Pico de Força; ( c ) Força no Médio Apoio; ( d ) Taxa de Aceitação do Peso; ( e ) Impulso - Área total da curva ; ( f ) Tempo de Duplo Apoio; ( g ) Tempo de Apoio Simples; ( h ) Tempo de Contato. 34 Figura 13 - Formas de processamento do sinal eletromiográfico (A) sinal originaltraçado de interferência, (B) sinal retificado e (C) sinal processado com filtro passa-baixa, representando envoltório da curva eletromiográfica (AMADIO; DUARTE, 1996) 37 Figura 14 - Esteira instrumentada Modelo Troter do Sistema de Análise de Marcha Gaitway 40 Figura 15 - Eletromiógrafo da marca EMG System do Brasil Ltda. 42 Figura 16 - Eletrodos bipolares ativos compostos de um pré-amplificador 42 Figura 17 - Foto dos eletrodos adesivos retangulares descartáveis da marca Embramac 43 Figura 18 - Foto do colete anti-queda regulável da marca Singing Rock - Modelo Complete Worker conectado ao mosquetão HMS Pera 22 KN e à fita de segurança presa ao ascensor 44 Figura 19 - Foto demonstrando detalhes da disposição dos equipamentos presos ao colete de segurança 44 Figura 20 - Foto demonstrando a disposição dos equipamentos presos ao teto através da corda estática 45 Figura 21 - Sistema de segurança para marcha em esteira 45 Figura 22 - Esquema da disposição dos equipamentos sincronizados 46 Figura 23 - Músculos do membro inferior selecionados para a análise do sinal EMG durante a marcha (www.terra.es/personal/cadcad/otros/musculos.html) 48 Figura 24 - Foto demonstrando a localização dos eletrodos de superfície nos músculos GM e TA dos voluntários 49 Figura 25 - Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados para os parâmetros de FRS analisados para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A. A – Primeiro Pico de Força; B – Segundo Pico de Força; C – Força no Médio Apoio; D – Taxa de Aceitação de Peso; E – Impulso 57 Figura 26 - Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados para os parâmetros temporais analisados para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A. A – Cadência; B – Tempo de Duplo Apoio; C – Tempo de Apoio Simples; D – Tempo de Contato 60 Figura 27 - Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados para os parâmetros espaciais analisados para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A. A – Comprimento da Passada; B – Base de Suporte 62 Figura 28 - Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados do sinal EMG através do valor de RMS para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A.. A – RMS do músculo GM durante o ciclo completo da marcha; B – RMS do músculo TA durante o ciclo completo da marcha 65 Figura 29 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros TAP e PPF, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A 66 Figura 30 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e SPF, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A 67 Figura 31 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e TC, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A 68 Figura 32 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e TDA, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. 69 Figura 33 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e TAS, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. 70 Figura 34 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros CP e CAD, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. 71 Figura 35 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros BS e TDA, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. 72 Figura 36 - Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros BS e TAS, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. 73 Figura 37 - Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados do sinal EMG através do valor de RMS para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A.. A – RMS do músculo GM durante o apoio simples; B – RMS do músculo TA durante o apoio simples; C - RMS do músculo GM durante o balanço; D - RMS do músculo TA durante o balanço. 76 Figura 38 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes aos indivíduos do Grupo Controle. 80 Figura 39 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes aos indivíduos do Grupo Controle. 80 Figura 40 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.S. do paciente-A do Grupo II (apoio direito). 84 Figura 41 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.S. do paciente-A do Grupo II (apoio direito). 84 Figura 42 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.A. do paciente-A do Grupo II (apoio esquerdo). 85 Figura 43 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.A. do paciente-A do Grupo II (apoio esquerdo). 85 Figura 44 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.S. do paciente-B do Grupo II (apoio esquerdo). 88 Figura 45 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.S. do paciente-B do Grupo II (apoio esquerdo). 88 Figura 46 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.A. do paciente-B do Grupo II (apoio direito). 89 Figura 47 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.A. do paciente-B do Grupo II (apoio direito). 89 Figura 48 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão para os valores de CV calculados da FRS durante a marcha para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A.. A – CV da FRS normalizada pelo ciclo completo da marcha; B – CV da FRS normalizada pelo apoio simples. 91 Figura 49 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão para os valores de CV calculados a partir da variação do sinal EMG calculado durante a marcha para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A.. A – CV do sinal EMG do músculo GM normalizado pelo ciclo completo da marcha; B – CV do sinal EMG do músculo GM normalizado pelo apoio simples; C – CV do sinal EMG do músculo GM normalizado pelo balanço; D – CV do sinal EMG do músculo TA normalizado pelo ciclo completo da marcha; E – CV do sinal EMG do músculo TA normalizado pelo apoio simples; F – CV do sinal EMG do músculo TA normalizado pelo balanço. 94 Lista de Tabelas Tabela 1 - Valores de média, DP e CV das variáveis de força de reação do solo analisadas para Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). 58 Tabela 2 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando as variáveis de força de reação vertical do solo entre Controle x H.S., Controle x H.A. e H.S. x H.A. 58 Tabela 3 - Valores de média, DP e CV das variáveis temporais para Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). 61 Tabela 4 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando as variáveis temporais entre Controle x H.S., Controle x H.A. e H.S. x H.A. 61 Tabela 5 - Valores de média, DP e CV das variáveis espaciais para Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). 63 Tabela 6 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando as variáveis espaciais entre Controle x H.S., Controle x H.A. e H.S. e H.A.. 63 Tabela 7 - Valores de média, DP e CV dos valores de RMS obtidos para os músculos GM e TA durante o ciclo completo da marcha para o Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). 65 Tabela 8 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de RMS do sinal EMG dos músculos GM e TA captados durante o ciclo completo da marcha. 65 Tabela 9 - Valores de média, DP e CV dos valores de RMS obtidos para os músculos GM e TA durante o ciclo completo da marcha para o Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). 77 Tabela 10 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de RMS da EMG dos músculos GM e TA durante as fases de apoio simples e balanço. 77 Tabela 11 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de coeficiente de variação da FRS durante o ciclo completo da marcha e durante a fase de apoio simples. 78 Tabela 12 – Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de coeficiente de variação da FRS durante o ciclo completo da marcha e durante a fase de apoio simples. 91 Tabela 13 – Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de coeficiente de variação da EMG dos músculos GM e TA durante o ciclo completo da marcha e durante as fases de apoio simples e balanço. 95 Lista de Abreviaturas e Siglas AIT – Ataque isquêmico transitório AVE – Acidente vascular encefálico AVEH – Acidente vascular encefálico hemorrágico AVEI – Acidente vascular encefálico isquêmico BS – Base de suporte CAD – Cadência CP – Comprimento da passada CV – Coeficiente de variação DCV – Doença cérebro-vascular DP – Desvio-padrão EMG – Eletromiografia FMA – Força no médio apoio FRS – Força de reação do solo GM – Gastrocnêmio medial HA – Hemicorpo acometido HS – Hemicorpo são IMP – Impulso ISEK – International Society Eletrophysiology and Kinesiology LCR – Líquido céfalorraquidiano PPF – Primeiro pico de força RMS – Root Mean Square SNC – Sistema nervoso central SPF – Segundo pico de força TA – Tibial anterior TAP – Taxa de aceitação de peso TAS – Tempo de apoio simples TC – Tempo de contato TDA – Tempo de duplo apoio UA – Unidade arbitrária 1. INTRODUÇÃO A mobilidade é parte fundamental da conservação da independência e um atributo importante da qualidade de vida (PATLA; SHUMWAY-COOK, 1999). Visto que a locomoção é um dos componentes básicos do funcionamento independente comumente afetado por lesões, o objetivo de muitos programas fisioterapêuticos é de restaurar ou melhorar o estado deambulatório do paciente, tornando o retreinamento da capacidade de andar uma parte essencial do processo de reabilitação (NORKIN, 1998; SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Dessa forma, a análise deste movimento complexo tem sido cada vez mais explorada, buscando entender seus principais componentes e as alterações mais encontradas em diversas patologias (PATLA; SHUMWAY-COOK, 1999). Após um acidente vascular encefálico (AVE), cerca de 40% dos pacientes apresentam uma incapacidade residual, onde o quadro clínico geralmente é a hemiparesia associada à déficits variáveis que afetam a percepção, cognição, força, sensibilidade, tônus muscular, controle motor, mobilidade e equilíbrio que afetam diretamente o padrão de marcha desses indivíduos (PERRY, 1992a; STOKES, 2000). Como o comprometimento da função da mobilidade, especialmente as disfunções da locomoção, é um dos primeiros e mais característico sintoma de uma ampla variedade de disfunções neurológicas, como no AVE, há uma grande necessidade de se entender com maior exatidão as alterações motoras decorrentes dessas disfunções da marcha (PERRY, 1992a; ADAMS; PERRY, 1998). Tradicionalmente, a avaliação da marcha tem sido subjetiva, mas as informações obtidas deste modo apresentam inconvenientes importantes. O primeiro é que a qualidade da avaliação variará muito e será dependente da experiência do clínico; e o maior problema da avaliação visual da marcha é que sua validade e confiabilidade são questionáveis (ADAMS; PERRY, 1998). Com isso, o papel da análise de marcha por instrumentos tanto na avaliação como no tratamento das desordens neurológicas aumentou significativamente na última década. Os avanços tecnológicos da engenharia e das aplicações computacionais ampliaram a sofisticação e a confiabilidade da instrumentação, melhoraram a velocidade de aquisição e a armazenagem dos dados. Esses avanços tornaram as informações prontamente acessíveis para a interpretação clínica (ZERNICKE, 1981; ADAMS; PERRY, 1998). As medidas de ação muscular, de forças e movimentos são usadas para fazer um diagnóstico da patologia da marcha, por meio da revelação de parâmetros característicos associados a deficiências distintas (PERRY, 1992a; STOKES, 2000). Portanto, a importância de uma avaliação instrumentada da marcha patológica é de fornecer medidas que possam auxiliar na tomada de decisões para o tratamento. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO O acidente vascular encefálico (AVE) é a conseqüência de doença cérebrovascular (DCV) que interrompe o fluxo sangüíneo para uma parte do cérebro, causando isquemia ou infarto (KINGSLEY; ROBERT, 2001). O AVE resulta da restrição sangüínea do cérebro, causando lesão celular e danos às funções neurológicas. Clinicamente diversas deficiências são possíveis, inclusive danos às funções motoras, sensitivas, mentais, perceptivas e da linguagem. As deficiências motoras se caracterizam por paralisia (hemiplegia), ou fraqueza (hemiparesia) no lado do corpo oposto ao lado da lesão. A localização e a extensão exata da lesão determinam o quadro neurológico apresentado por cada paciente. Os AVE´s oscilam desde leves até graves, e podem ser temporários ou permanentes (O’ SULLIVAN, 1993). Um AVE lesa as vias neuronais descendentes, levando a lesão de motoneurônios superiores (EKMAN, 2000). Seja qual for a causa do AVE, uma proporção dos pacientes se recupera em certo grau (DUNCAN et al., 1994 apud STOKES, 2000). A recuperação está relacionada com o local, a extensão e a natureza de lesão, com a integridade da circulação colateral e o estado pré-mórbido do paciente. Os acidentes vasculares encefálicos hemorrágicos e isquêmicos têm padrões diferentes de recuperação física (STOKES, 2000). Estudos epidemiológicos definem o AVE como a principal causa de incapacidade em todo o mundo (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003), sendo que 40% a 50% dos pacientes que sofrem AVE estarão mortos após 6 meses. Já os pacientes sobreviventes apresentarão déficits neurológicos e/ou incapacidades residuais significativos (ANDRÉ,1999). 2.1.1 FISIOPATOLOGIA DO AVE As manifestações clínicas do AVE irão depender da área lesionada, do tamanho da lesão, da área de perfusão inadequada e da quantidade de fluxo sanguíneo colateral (STOKES, 2000). Ao fatores de risco das DCVs são semelhantes àqueles encontrados para as doenças coronarianas em geral. Existem fatores fixos e modificáveis. Segundo André (1999), dentre os fatores fixos tem-se os genéticos e ambientais como: idade, sexo, nacionalidade e raça. Dentre os fatores de risco modificáveis estão: hipertensão arterial sistêmica, diabetes, tabagismo, etilismo, anticoncepcionais orais e colesterol. O (AVE) pode ser de origem isquêmica em 85 % dos casos ou hemorrágica em 15 % dos casos (ANDRÉ, 1999). O Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) ocorre quando um êmbolo ou trombo se desprende de um vaso e causa oclusão de uma artéria cerebral impedindo o fluxo sangüíneo. Um êmbolo abruptamente priva de sangue uma área, resultando no aparecimento quase imediato de deficiências podendo se fragmentar e se deslocar, resultando na resolução destas deficiências. A fonte mais comum de material embólico é o coração (HINTON; RICHARD, 1992). O aparecimento dos sinais de isquemia por trombo pode ser abrupto ou piorar por vários dias, porém sua recuperação é lenta, deixando incapacidade residual significativa (EKMAN, 2000). As obstruções do fluxo sangüíneo em artérias profundas de pequeno calibre produzem infartos lacunares que tem desenvolvimento lento e constituem aproximadamente a 20% de todos tipos de AVE. São lesões pequenas, circunscritas, de no máximo 1,5cm de diâmetro. Esses pequenos infartos produzem grandes déficits neurológicos se estiverem estrategicamente localizados, em geral os déficits associados são menores do que aquele com uma trombose de grandes vasos. As lesões lacunares são de grande relevância devido a seu precoce, mais rápida e maior grau de recuperação neurológica (DELISA, 2002). Segundo Ekman (2000) os locais de maior incidência são: gânglios da base, cápsula interna, no tálamo e tronco encefálico. Aproximadamente 80% (AVEs) devem-se à oclusão (BAMFORD et al, 1988). A oclusão lenta produz resultados diferentes das lesões abruptas que tem maior incidência de fatalidade; a oclusão gradual permite o maior desenvolvimento de circulação colateral (STOKES, 2000). O Ataque Isquêmico Transitório (AIT) refere-se à temporária interrupção do suprimento sangüíneo ao cérebro. Os sintomas de deficiência neurológica podem perdurar por alguns minutos ou horas (O’SULLIVAN, 1993). Segundo Delisa (2002) a isquemia é breve e não persiste por tempo suficiente para desenvolver um infarto cerebral funcionalmente significativo. Por definição, todas as características do AIT se resolvem em 24 horas. O ataque pode ocorrer em um caso isolado ou com episódios freqüentes. Os prováveis causadores de AIT são microembolismos de pequenos agregados plaquetários de placas de aterosclerose ulceradas nas grandes artérias extracranianas, ou das válvulas cardíacas do miocárdio. Outro fator que pode originar um AIT é o vasoespasmo (UMPHRED, 1994). Os acidentes vasculares encefálicos hemorrágicos (AVEH) definem-se como o extravasamento de sangue para fora das artérias cerebrais privando de sangue as estruturas a frente e levando ao aumento da pressão dos tecidos circundantes. Podem ser de dois tipos dependendo do local da hemorragia. Ocorre principalmente pelo aumento da pressão intracraniana, enfraquecimento das paredes arteriais e rompimento de herniações e microaneurismas (EKMAN, 2000). O AVEH intraparenquimatoso caracteriza-se pelo extravasamento de sangue sobre pressão dentro do parênquima cerebral, cerebelo ou tronco encefálico. A hemorragia intraparenquimatosa é responsável por cerca de 11% dos tipos de AVE. Acredita-se que as hemorragias ocorrem com a ruptura de microaneurismas que se desenvolvem principalmente nos vasos de pacientes hipertensos. A maioria das lesões ocorre no putâmen ou tálamo, e em torno de 10% dos pacientes uma hemorragia espontânea ocorrem no cerebelo (DELISA, 2002). As manifestações clínicas dependem da localização específica e da extensão (volume) da hemorragia e normalmente são dramáticas e abruptas, com sintomas de dores de cabeça intensas, graves déficits neurológicos em minutos e, em cerca de 50% dos casos, perda de consciência (ANDRÉ, 1999; DELISA, 2002; STOKES, 2000). O deslocamento cerebral causado pelo hematoma e edema cerebral pode levar a herniações transtentoriais e morte nos primeiros 2 e 3 dias, a taxa de mortalidade nestes casos é alta acima dos 80%. Em grandes lesões o hematoma e edema podem obstruir o fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR), causando hidrocefalia aguda (DELISA, 2002). O AVEH também pode ser causado por uma hemorragia subaracnóidea, onde ocorre um extravasamento de sangue no espaço subaracnóideo, que em geral é decorrente da ruptura de um aneurisma saculado situado no polígono de Willis ou próximo dele, principalmente a artéria comunicante anterior devido a defeitos na lamina elástica interna ou na parede arterial que ocorre nas áreas de bifurcação arterial ou em suas ramificações. A maioria dos pacientes que apresentam ruptura está na faixa etária entre 35 e 65 anos (DELISA, 2002). Tem como sinais característicos a cefaléia súbita e intensa, via de regra associada a vômitos e são, com freqüência focais. Os sinais focais não são normalmente observados no início, mas podem desenvolver rigidez cervical. O ressangramento é infelizmente comum, principalmente nas primeiras 2 a 3 semanas seguidas do episódio inicial. Por esse motivo, a intervenção cirúrgica precoce tem se tornado rotina com o objetivo de clipagem do aneurisma para prevenir a recorrência da hemorragia. Uma hidrocefalia pode se desenvolver várias semanas após o evento agudo, como resultado de aracnoidite pelo sangramento no LCR. A clipagem cirúrgica bem sucedida do aneurisma é curativa. Se o paciente não desenvolveu déficits focais ou uma encefalopatia, é possível que haja cura clínica total (DELISA, 2002). 2.1.2 QUADRO CLÍNICO Os centros locomotores espinhais e os mecanismos reflexos são os responsáveis pelo controle da locomoção. Para o paciente, os movimentos desordenados usualmente representam o primeiro sintoma que indica uma lesão no sistema motor central (DIETZ, 1997). O paciente pode apresentar qualquer um dos seguintes sinais e sintomas gerais: alterações da marcha, déficits dos movimentos de membros superiores e membros inferiores, déficits funcionais comprometendo as atividades de vida diária, espasticidade, alteração da sensibilidade, confusão ou alteração do estado mental, alteração da fala, alteração do equilíbrio e coordenação, e cefaléias graves ou súbitas (ANDRÉ, 1999). O alinhamento assimétrico na postura ortostática ou sentada é freqüentemente característico de pacientes com lesão neural unilateral, como a produzida por um AVE. Os pacientes com esse tipo de lesão tendem a ficar em pé com o peso deslocado na direção do lado não envolvido (SHUMWAY-COOK et al., 1988).Este comportamento trata-se de uma estratégia que se desenvolve para compensar outros comprometimentos, como a fraqueza do membro inferior hemiparético (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003) Esta fraqueza muscular, também denominada paresia é um comprometimento neuromuscular primário que afeta o número, o tipo e freqüência de disparo dos motoneurônios essenciais para o produção de força durante o andar (PERRY, 1992a). Este comprometimento afeta o controle do movimento por meio da perda das contrações excêntricas e a produção motora pela perda das contrações concêntricas (SHUMWAYCOOK; WOOLLACOTT, 2003). A co-contração, definida como a perda do recrutamento seletivo dos músculos antagonistas do ponto de vista fisiológico, tem sido relatada em muitos pacientes com lesões supra-espinhais, incluindo o AVE, principalmente durante a marcha (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Essa ativação muscular simultânea resulta no enrijecimento e é uma estratégia muito ineficaz para a recuperação do equilíbrio (HORAK et al., 1992). Uma vez que a formação adequada da seqüência da ativação de músculos diversos é essencial para a recuperação do equilíbrio, a perda da seqüência normal pode ser uma contribuição significativa para a instabilidade dos pacientes com problemas neurológicos (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). As sinergia anormais são definidas como o recrutamento simultâneo de músculos em articulações múltiplas e segmentos do corpo, resultando em padrões estereotipados e relativamente fixos de movimento. As sinergias fixas de movimento, observadas nos pacientes com hemiparesia, são um exemplo dos comprometimentos associados à perda da flexibilidade e da adaptabilidade dos movimentos (SHUMWAYCOOK; WOOLLACOTT, 2003). 2.2 MARCHA HUMANA As habilidades e capacidades motoras desenvolvem-se em ordem sistemática. A aquisição da marcha humana do adulto depende do desenvolvimento e amadurecimento dos sistemas nervoso e músculo-esquelético. Ao mesmo tempo, o tamanho, a forma e o alinhamento do sistema músculo-esquelético são influenciados pelas atividades da criança em desenvolvimento (SKINNER, 1998). No ser humano normal, um padrão bípede de marcha é adquirido na infância, e com a prática, o sistema sensório-motor torna-se muito adaptado e gera automaticamente um conjunto repetitivo de comandos de controle motor para permitir à pessoa caminhar sem esforço consciente (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Os atos locomotores pertencem à categoria dos movimentos filogeneticamente mais antigos e permitem o estabelecimento de relações entre o processo motor e os mais variados níveis estruturais do sistema nervoso central. O andar, principalmente, está entre os atos motores mais automatizados, onde a seqüência de eventos que geram o andar é altamente repetitiva de ciclo após ciclo e também entre diferentes sujeitos. Esta regularidade permite que se estabeleçam critérios objetivos para a distinção entre padrões normais e patológicos (ADAMS; PERRY, 1998). A locomoção caracteriza-se por três exigências essenciais: Progressão, estabilidade e adaptação. Sendo assim, a locomoção humana pode ser definida como uma forma de progressão bípede na qual movimentos cíclicos dos membros inferiores incluem períodos de suporte duplo, quando ambos os pés estão em contato com o solo; seguidos por períodos nos quais apenas um pé sustenta o corpo enquanto o contralateral está em balanço (WALL, 2001). Portanto, determinados objetivos devem ser cumpridos durante cada uma das fases do andar, para que as três tarefas invariáveis da locomoção bem sucedida (progressão, estabilidade e adaptação) sejam executadas (SHUMWAYCOOK; WOOLLACOTT, 2003). Porém, esses ciclos podem não ser totalmente iguais durante a locomoção, pois múltiplas variações podem ocorrer entre diferentes pessoas ou nela mesma, como por exemplo, mudanças na velocidade da marcha, tipo de calçado utilizado, variações anatômicas, entre outros (INMAN et al., 1998; HAMILL; KNUTZEN, 1999a). Por ter uma importância vital quando considera atividades da vida diária, o andar humano é sem dúvida o padrão de locomoção mais investigado até hoje. Em cada investigação, as variáveis sob estudo refletem o interesse no entendimento de alterações específicas. 2.2.1 CICLO E FASES DA MARCHA Cada passada representa um ciclo completo da marcha, a qual tem início quando um dos pés toca o solo e termina quando este mesmo pé volta a tocar o solo. Dois passos, um passo direito e passo esquerdo equivalem a uma passada. O comprimento do passo é a distância entre o ponto onde o calcanhar de um membro contacta com o solo, e o ponto em que o calcanhar do membro oposto contacta com o solo. O ciclo pode ser dividido em dois períodos principais: apoio e balanço (ADAMS; PERRY, 1998; PERRY, 1992b; LEHMANN, 1983; GAGE, 1990). Tradicionalmente, a marcha é dividida nas seguintes fases: apoio (contato do calcanhar, apoio da sola, apoio médio, retirada do calcanhar e retirada dos dedos) e balanço (aceleração, balanço médio e desaceleração) (ADAMS; PERRY, 1998; PERRY, 1992b). Recentemente as subdivisões que compõe as fases foram redefinidas, sendo desenvolvida uma nova terminologia no Rancho Los Amigos Medical Center (FIGURA 1). Na nova terminologia, as subdivisões são denominadas como se segue: apoio (contato inicial, resposta à carga, apoio médio, apoio terminal e pré-balanço) e balanço (balanço inicial, balanço médio e balanço terminal). No decorrer desta revisão será utilizada a terminologia adotada pelos pesquisadores do Rancho Los Amigos Medical Center (NORKIN, 1998). &LFORGD0DUFKD >@?BADCEA FHGJILKM6NPO %'&)(+*-,).0/&)12*4356(87/ 9:<;)= bcedfEgfEc hjiekJlmkJnmo p#qrstDruEvxw yzm{|<z !#"$ }~DJ } ~D< x m QSRUT2V4W<XZYX []\+^L_` a 0 #) eJmJm ) # # Figura 17 - Divisões do ciclo da marcha (Derivado e modificado de ADAMS; PERRY,1998) Apoio é o período em que o pé do membro de referência está em contato com a superfície de suporte, e constitui 60% do ciclo da marcha, sendo este subdividido em cinco fases: contato inicial, resposta à carga, apoio médio, apoio terminal e pré balanço. Os 40% restantes do ciclo da marcha constituem o período de balanço, que é iniciado quando os dedos se desprendem da superfície de suporte, ou seja, é a porção do ciclo em que o membro de referência não contacta com o solo, subdividido em três fases: balanço inicial, balanço médio, balanço terminal (NORKIN, 1998; PERRY, 1990b; LEHMANN, 1983; TREW, 1997a; GAGE, 1990; SHIAVI et al., 1981). O contato inicial e a resposta à carga constituem os primeiros 10% do ciclo da marcha, que é o período de transferência de peso onde o contato com o solo e o peso estão sendo transferidos de um membro para outro. O médio apoio (10 a 30% do ciclo da marcha) e o apoio terminal (30 a 50% do ciclo) estão implicados na atividade de apoio simples quando o peso corporal está totalmente apoiado pelo membro de referência, enquanto que o outro membro realiza sua função de avanço (final da fase de apoio até o final da fase de balanço). O pré-balanço (50 a 60% do ciclo da marcha) é o período do duplo apoio terminal, no qual o peso corporal é transferido do membro de apoio para o contralateral, dando início à fase de avanço. O avanço do membro inclui as seguintes fases do ciclo da marcha: balanço inicial (60 a 73% do ciclo), médio balanço (73 a 87% do ciclo) e o balanço terminal (87 a 100% do ciclo) (ADAMS; PERRY, 1998; NORKIN, 1998; PERRY, 1992b; LEHMANN, 1983). A atividade de transferência de peso é a primeira atividade funcional realizada durante o contato inicial e a resposta à carga e é um período cujas funções críticas que devem ser realizadas pelo membro incluem a absorção de choque, estabilidade no suporte de peso e preservação da progressão (ADAMS; PERRY, 1998; GAGE, 1990; PERRY,1992b). O contato inicial é o momento da fase de apoio em que o calcanhar se apóia no solo (FIGURA 2). Nas figuras que se seguem o membro inferior na cor vermelha deve ser tomado como o membro de referência. Figura 18 – Fase de Contato Inicial (PERRY, 1992c) A resposta à carga ocorre durante o período em que o peso é totalmente transferido para o membro de apoio e até que o membro contralateral deixe o solo. Durante a marcha normal, a força do peso corporal e o momento de força são absorvidos com 10 a 15o de flexão do joelho (GAGE,1990; PERRY,1992c). (FIGURA 3). Figura 19 - Fase de Resposta à Carga (PERRY, 1992c) A atividade de apoio simples é realizada no médio apoio e no apoio terminal. As funções críticas incluem estabilização do tronco pela musculatura do quadril e mobilidade no tornozelo, para permitir a progressão sobre o pé de apoio (ADAMS; PERRY, 1998; GAGE, 1990). O apoio médio é a porção da fase de contato que começa quando o membro contralateral deixa o solo, e termina quando o corpo está diretamente sobre o membro de sustentação e sua progressão depende da ação de pivô do rolamento do tornozelo, para avançar o membro sobre o pé de apoio (GAGE,1990; PERRY,1992c) (FIGURA 4). Figura 20 - Fase de Apoio Médio (PERRY, 1992c) O apoio terminal é a porção do período de apoio desde a fase de apoio médio do membro até um ponto imediatamente anterior ao contato inicial do membro contralateral e, sua progressão, promove um avanço do corpo para frente do pé de apoio (ADAMS; PERRY, 1998; NORKIN, 1998) (FIGURA 5). Figura 21 - Fase de Apoio Terminal (PERRY, 1992c) A atividade de avanço do membro em balanço tem início na última fase de apoio (pré-balanço) e continua durante todo o período de balanço. As funções críticas durante esse intervalo incluem: elevação do pé para desprendimento dos dedos e avanço do membro, em preparação para a transferência de peso (ADAMS; PERRY, 1998; GAGE, 1990). O pré-balanço é a porção do período de apoio desde o contato inicial do membro contralateral até imediatamente antes do levantamento do membro de referência. Esta fase incluiu o momento em que apenas o hálux do membro de referência está em contato com o solo. Durante este intervalo de duplo apoio terminal, o peso corporal é transferido para o membro contralateral. A ação crítica durante este período é o início da flexão do joelho, contribuindo para a função de desprendimento dos dedos e avanço do membro (PERRY,1992c; NORKIN, 1998). (FIGURA 6) Figura 22 - Fase de PréBalanço (PERRY, 1992c) A fase de balanço inicial corresponde à porção do período de balanço desde o ponto em que o membro de referência deixa o solo (momento em que o hálux do membro de referência deixa o solo) até a máxima flexão do joelho do mesmo membro (FIGURA 7). Os eventos críticos são perdidos quando uma doença limita a flexão do quadril, a flexão do joelho ou a flexão dorsal do tornozelo, o que resulta em arrasto dos dedos (PERRY, 1992c; NORKIN, 1998). Figura 23 - Fase de Balanço Inicial (PERRY, 1992c) O balanço médio é a porção do período de balanço desde de a máxima flexão de joelho do membro de referência até uma posição vertical da tíbia. Os eventos críticos nessa fase são a extensão do joelho e a flexão dorsal do tornozelo, que ocorrem para manter a passagem do pé enquanto avança a tíbia para a posição vertical (FIGURA 8) (ADAMS; PERRY, 1998; NORKIN, 1998). Figura 24 - Fase de Balanço Médio (PERRY, 1992c) O balanço terminal corresponde à porção do período de balanço desde uma posição vertical da tíbia do membro de referência até, imediatamente, antes do contato inicial. Nessa fase ocorre uma desaceleração do segmento da coxa do membro de referência, em preparação para o apoio do calcanhar no solo (ADAMS; PERRY, 1998; NORKIN, 1998) (FIGURA 9). Figura 25 - Fase de Balanço Terminal (PERRY, 1992c) 2.2.2 DESLOCAMENTOS DO CORPO DURANTE A MARCHA As medidas de como a posição do corpo ou segmentos corporais mudam com o tempo são conhecidas como parâmetros temporais e espaciais. Talvez a mais básica dessas medidas seja quanto tempo leva para uma pessoa caminhar uma determinada distância, ou seja, a velocidade de marcha. A velocidade de marcha é um indicador global de capacidade e talvez seja a medida objetiva isolada mais importante para a mobilidade funcional (WALL, 2001). A variabilidade da marcha aumenta nas velocidades menores, provavelmente devido à estabilidade postural reduzida durante o período de apoio simples, que também é prolongado nas velocidades menores (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Durante o ciclo da marcha ocorrem alterações na velocidade instantânea do corpo; ele acelera e desacelera. As velocidades e acelerações máximas ocorrem quando o pé está deixando o solo para iniciar o balanço da perna (WALL, 2001). Os parâmetros espaciais da marcha referem – se mais freqüentemente a posições relativas dos pés durante o andar, embora possam incluir também outros segmentos corporais. A distância entre o ponto de contato do calcanhar até o próximo contato do calcanhar do mesmo pé é chamada comprimento da passada. Cada passada é constituída por dois passos. Por definição, o comprimento do passo esquerdo é a distância do ponto de contato do calcanhar direito até o ponto de contato do calcanhar esquerdo, e o comprimento do passo direito vai desde o contato do calcanhar esquerdo até o calcanhar direito que está à frente (WALL, 2001) (FIGURA 10). As medidas do comprimento da passada e do passo são feitas ao longo da linha de progressão (direção na qual a pessoa está andando) (FIGURA 10). O afastamento do pé em ângulo retos em relação à linha de progressão constitui a medida de largura do passo ou base de suporte. E o alinhamento do pé quanto à linha de progressão define o ângulo de progressão (WALL, 2001) (FIGURA 10). %DVHGH 6XSRUWH Figura 26 - Diagrama mostrando os parâmetros espaciais da marcha que definem as posições relativas dos pés durante uma passada (Retirado e modificado de WALL, 2001) Quanto aos parâmetros temporais, o intervalo entre o tempo de contato do calcanhar direito até o próximo contato desse mesmo pé constitui o tempo da passada. Entre o momento do contato do calcanhar direito e o contato do calcanhar esquerdo tem-se o tempo do passo esquerdo e vice-versa. Uma medida comumente usada para refletir o tempo de passo é a cadência, que é uma medida de freqüência, e é representada em termos do número de passos por minuto (WALL, 2001). Os adultos jovens tendem a caminhar cerca de 1.46 m/s, com uma cadência média de 112.5 passos/minuto e o comprimento médio do passo é por volta de 76.3 centímetros (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Também são descritos como parâmetros temporais o tempo de apoio simples, sendo o período em que apenas um dos pés está em contato com o solo; o tempo de duplo apoio, representando o momento em que os dois pés estão em contato com o solo, e o tempo de contato que é somatória dos dois períodos anteriores e que representa o tempo total em que os pés ficam em contato com o solo (WALL, 2001). Durante a locomoção humana pode-se notar movimentos sincrônicos de todos os segmentos do corpo. A pelve se inclina, gira e oscila na direção do deslocamento do indivíduo. Os segmentos do membro inferior apresentam deslocamentos nos três planos espaciais, enquanto os ombros giram e os braços balançam em fase contrária aos deslocamentos da pelve e das pernas (INMAN et al., 1998). O movimento linear do corpo é efetuado principalmente através de deslocamentos angulares das articulações dos membros inferiores. Essas articulações podem realizar movimentos em todos os planos durante a marcha, mas as maiores excursões ocorrem no plano sagital (WALL, 2001). Um ponto importante a ser comentado é com relação ao centro de massa do corpo que, durante a marcha não permanece fixo, porém, tende a continuar projetado na pelve. O centro de massa de qualquer corpo é um ponto que ao ser atravessado por qualquer plano, os momentos de massa de um lado do plano são iguais aos momentos de massa do outro (INMAN et al., 1998; TREW, 1997a; PERRY, 1992b). O deslocamento do centro de massa num plano horizontal ocorre no sentido lateral; num plano sagital ocorre no sentido vertical. Combinando os deslocamentos lateral e vertical (plano de progressão) em um plano frontal (perpendicular) pode-se observar a projeção de um oito deitado (∞) (INMAN et al., 1998; PERRY, 1992b). Na marcha no plano, a pelve gira em torno de um eixo vertical alternadamente para a direita e para a esquerda, com relação à linha de progressão. Em geral, o valor dessa rotação pélvica aumenta bastante com a velocidade. A rotação pélvica torna os movimentos menos bruscos e, dessa forma, a intensidade do impacto no solo fica reduzida (INMAN et al., 1998; PERRY, 1992b). Ocorre também na marcha uma obliqüidade pélvica, onde a pelve inclina-se para baixo, no plano coronal, do lado oposto ao do membro de apoio. O deslocamento ocorre na articulação do quadril, produzindo uma adução relativa do membro de apoio e abdução relativa do outro membro, que está em balanço. Para permitir a obliqüidade pélvica, a articulação do joelho que não apóia o peso deve fletir proporcionando a passagem do membro em balanço. Conforme a inclinação lateral ocorre, durante a passagem do corpo sobre o membro em apoio, o centro de massa abaixa. Desse modo, a inclinação pélvica contribui para a efetividade do mecanismo de abdução do quadril (INMAN et al., 1998; TREW, 1997a). Durante o início e o final da fase de apoio, a flexão do joelho contribui para a suavização das alterações bruscas nas intersecções dos arcos da trajetória do centro de massa (INMAN et al., 1998; PERRY, 1992b). Esses três elementos da marcha – rotação pélvica, obliqüidade pélvica e flexão do joelho durante a fase inicial do posicionamento do pé – atuam no mesmo sentido, aplanando o arco através do qual o centro de massa do corpo se desloca e atua para diminuir a magnitude do deslocamento vertical do centro de massa do corpo (INMAN et al., 1998; PERRY, 1992b). Também existem outras rotações transversais, que envolvem partes do corpo acima e abaixo da pelve, como é o caso da rotação do tórax e dos ombros e as rotações da coxa e da perna durante a marcha. A rotação dos ombros produz o balanço dos braços, onde o avanço de uma perna é acompanhado pelo avanço do braço contralateral. Essa rotação oposta da pelve em comparação com os ombros parece proporcionar um efeito de balanço que suaviza a progressão do corpo como um todo para frente. A cabeça, o pescoço, o tronco e os membros superiores contribui no direcionamento da marcha além de manter um alinhamento vertebral neutro e distribuir as forças recebidas pelos membros inferiores, mantendo o equilíbrio (INMAN et al., 1998; PERRY, 1992b). Ao contrário dos ombros, as rotações da coxa e da perna estão em fase com a rotação pélvica. Em geral, a pelve, a coxa e a perna começam a girar internamente, em direção ao membro de apoio, no início da fase de balanço. Essa rotação continua durante a fase de duplo apoio e médio apoio, quando há uma mudança brusca e a perna inicia a rotação externa que persiste até o início de sua próxima fase de balanço (INMAN et al., 1998; PERRY, 1992b). Durante o período de balanço na marcha, os segmentos do membro inferior (inclusive o pé) ficam livres no espaço e podem rodar internamente, sem restrição. Com o pé livre, os dedos do pé vão para cima, em flexão dorsal e eversão, e para dentro em inversão, e flexão plantar (INMAN et al., 1998). Durante o período de apoio ocorre rotação externa da perna, pois mecanismos do tornozelo e do pé permitem essa rotação, enquanto o pé fica estacionário. Quando o pé está fixo no solo, a dorsiflexão produz rotação interna da perna, enquanto que a flexão plantar gera a rotação externa (INMAN et al., 1998). A deambulação natural é realizada de maneira a conservar energia. Para conseguir isso, o movimento dos membros e do tronco são integrados, diminuindo o deslocamento vertical do centro de gravidade (ROSE et al., 1998). 2.2.3 AÇÃO MUSCULAR DURANTE A MARCHA Os músculos proporcionam a força necessária para a locomoção humana. Suas estruturas anatômica, molecular e química constituem uma fonte biologicamente eficiente de potência, controlada por uma organização igualmente admirável dos nervos centrais e periféricos, com sensores diferenciados e vias de retro alimentação (RAB, 1998) O movimento ativo dos músculos é produzido pela conversão da energia metabólica em ação das fibras musculares, utilizando o metabolismo oxidativo e glicolítico (GUYTON, 1998). A marcha humana normal é uma atividade eficiente em termos de energia e não é surpreendente que muito da atividade muscular durante a marcha seja isométrica e excêntrica. Esse trabalho negativo (contra a ação da gravidade) permite uma manutenção da postura ereta contra a gravidade ou para transferir e armazenar energia entre os segmentos do membro. O trabalho positivo dos músculos (a favor da gravidade) produz um maior gasto energético e durante a marcha permite a aceleração dos membros e otimiza as atividades como a propulsão e a extensão do quadril após o toque do pé, fornecendo potência para o movimento para frente (GAGE, 1990; RAB, 1998). Estudos eletromiográficos dos músculos foram acoplados às medidas tridimensionais precisas dos movimentos da marcha no plano e em passo confortável, de modo a esclarecer a seqüência de recrutamento muscular necessária para que a marcha ocorra. A amplitude real da atividade eletromiográfica de cada músculo depende da velocidade da marcha, da idade, das dimensões corporais e de variáveis técnicas envolvidas na coleta eletromiográfica (ARSENAULT et al., 1986; LANGE et al., 1996; RAB, 1998). No momento do contato inicial, onde os objetivos mecânicos são posicionar o pé e iniciar a desaceleração do corpo, ocorre uma atividade simultânea dos músculos flexores e extensores do joelho que estabilizam e posicionam o joelho no espaço. A ação do músculo glúteo máximo desacelera a coxa e auxilia a extensão do joelho e o posicionamento do pé. Ao mesmo tempo, o músculo tibial anterior começa uma ação excêntrica para, gradualmente, impedir que o antepé se choque com o solo (TREW, 1997a; GAGE, 1990; HAMILL; KNUTZEN, 1999a; RAB, 1998; FRANKEL; NORDIN, 1989). Estudos demonstram que conforme aumenta a velocidade de caminhada, há uma diminuição do tempo de contato inicial e da flexão plantar (SAMMARCO, 1989). A partir desse momento, inicia-se a resposta à carga cujos objetivos mecânicos são de transferência de peso, estabilização da pelve e desaceleração da massa corpórea. Nesse instante, o membro recebe o peso do corpo contraindo os músculos extensores do joelho (quadríceps). O joelho flete ligeiramente e começa a estender-se pela ação concêntrica do quadríceps, sendo este movimento auxiliado por uma flexão plantar do tornozelo (ação concêntrica do tríceps sural), que tende a mover o ponto de contato do membro para frente e desviar a força de reação do corpo anteriormente ao joelho, induzindo sua retificação. Os músculos glúteo médio e mínimo contraem isometricamente, estabilizando a pelve no plano frontal (FRANKEL; NORDIN, 1989; GAGE, 1990; TREW, 1997a ; RAB, 1998; HAMILL; KNUTZEN, 1999a;). No apoio médio os objetivos mecânicos principais são de estabilização do joelho e preservação do momento de força. Enquanto o joelho permanece estendido, a ação excêntrica do músculo sóleo proporciona a força de desaceleração predominante e mantém o antepé pressionado contra o solo, criando uma acoplagem ou união de forças que permite que o joelho permaneça estendido sem necessidade de ação do músculo quadríceps propiciando um movimento com baixo gasto de energia. Os músculos gastrocnêmio e perimaleolares contraem-se excentricamente junto ao sóleo para controlar a velocidade da flexão dorsal (TREW, 1997a; GAGE, 1990; RAB, 1998). No apoio terminal, o objetivo mecânico é a aceleração da massa corpórea e o acoplamento das forças de extensão do joelho e flexão plantar do tornozelo continua mantendo o joelho passivamente estendido. Uma extensão passiva do quadril e a extensão do joelho permitem a progressão do tronco para frente, gerando um grande momento de flexão dorsal do tornozelo. Antes do contato inicial contralateral, o vetor de força de reação do solo avança no sentido das cabeças metatársicas, criando uma maior demanda sobre os flexores plantares gerando uma ação concêntrica do tríceps sural, acelerando o corpo para frente. Esse disparo de energia é responsável pela maior parte de geração de potência que mantém o corpo se movendo para frente na marcha normal. Com a ação do tríceps sural, os músculos tibial posterior, fibulares (anterior e posterior) e flexor longo do hálux são também ativados. Pode haver um pequeno disparo do músculo iliopsoas, para ocasionar a resposta de descarga do pré-balanço (ADAMS; PERRY, 1998; TREW, 1997a; FRANKEL; NORDIN, 1989; GAGE, 1990; RAB, 1998). Ainda no período de apoio, a fase de pré-balanço tem como objetivo mecânico preparar o corpo para o balanço. Nesta fase, o tríceps sural não está mais em atividade, e os flexores do quadril (iliopsoas e reto femoral) começam a elevar o membro e levá-lo para frente, em geral, por ação concêntrica. Uma ação excêntrica do reto femoral desacelera o movimento de flexão do joelho, evitando uma elevação excessiva do membro. O membro se comporta como um pêndulo passivo em grande parte da fase de balanço, e com isso, a energia consumida na atividade muscular do pré-balanço é eficientemente pequena, preparando o estágio para os eventos grandemente passivos do ciclo da marcha seguinte (TREW, 1997a; GAGE, 1990; RAB, 1998). O balanço inicial tem como objetivo mecânico a ação de liberar o pé e variar a cadência e ocorre com o final da atividade dos músculos iliopsosas e reto femoral. A duração exata do balanço e o comprimento da passada dependem do comprimento do membro inferior que balança livremente (pêndulo), do atrito dinâmico da articulação do joelho e de seus tecidos associados. Durante uma marcha lenta os músculos grácil, sartório e, principalmente, a ação complementar da cabeça curta do bíceps femoral aumentam a flexão do joelho durante esse intervalo e, na marcha rápida uma flexão excessiva do joelho é evitada pelo reto femoral (GAGE, 1990). O prolongamento da atividade dos músculos flexores do quadril ou do joelho ou a ação prematura dos músculos flexores do joelho, na fase de balanço, podem mudar a geometria do balanço livre do membro inferior. No tornozelo (que está em flexão plantar durante o prébalanço), os músculos flexores dorsais (principalmente tibial anterior) começam uma ação concêntrica para permitir que o pé saia do chão (ADAMS; PERRY, 1998; FRANKEL; NORDIN, 1989; TREW, 1997a; RAB, 1998). Durante a fase de balanço médio o objetivo mecânico é a liberação do pé na qual há uma continuação da atividade de avanço do membro (pêndulo) e passagem do pé. A extensão progressiva do joelho (ação concêntrica do quadríceps), a flexão dorsal do tornozelo (ação concêntrica do tibial anterior) auxiliada por uma ação concêntrica dos extensores longos dos dedos são eventos necessários para manter a passagem do pé, enquanto ocorre um avanço da tíbia para a posição vertical. Essa fase é um período de transição durante o qual ocorre uma atividade muscular mínima (ADAMS; PERRY, 1998; TREW, 1997a; GAGE, 1990; RAB, 1998). Ao final do período de avanço do membro (fase de balanço terminal) os objetivos mecânicos são de desaceleração do membro inferior, posicionamento do pé e preparação deste para o contato. O avanço do membro é completado pela extensão do joelho para a posição neutra. Nesse momento ocorre uma eficiente desaceleração ativa da flexão de quadril e da extensão de joelho por uma ação excêntrica dos músculos isquiotibiais e do glúteo máximo, posicionando o membro para o contato inicial. O joelho, então, prepara-se para a transferência de peso pela atividade inicial do músculo quadríceps. O músculo tibial anterior se torna excentricamente ativo quando faz com que o pé “pouse” suavemente, imediatamente antes do contato deste com o solo. Conforme o pé toca o chão, o ciclo se repete (ADAMS; PERRY, 1998; TREW, 1997a; GAGE, 1990; RAB, 1998). 2.3 ASPECTOS RELEVANTES À MARCHA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS O ato de caminhar é um movimento altamente integrado com algum grau de variabilidade intra-sujeitos. Essa variabilidade limitada inerente ao movimento humano representa tentativas repetitivas do sistema sensório-motor em realizar uma solução ótima para a locomoção (HWANG et al., 2003). Em pacientes com desordens neurológicas essa estratégia de controle muscular é indeterminada resultando em uma variabilidade considerável dos padrões de marcha (HWANG et al., 2003). O comprometimento da função da mobilidade, especialmente as disfunções da locomoção, é um dos primeiros e mais característicos sintomas de uma ampla variedade de disfunções neurológicas (PATLA; SHUMWAY-COOK, 1999). Segundo Nutt et al. (1993), o andar hemiparético está incluído nas disfunções do andar com déficits sensório-motores de nível médio do envolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC). Os problemas do SNC em nível médio afetam a organização e a execução dos padrões de movimentos associados à postura e ao andar. No período inicial de recuperação, a fraqueza muscular é o fator limitante primário na deambulação, tendo em vista que ainda não se desenvolveram os padrões sinérgicos, a espasticidade e as contraturas. A propriocepção e o equilíbrio são afetados e causam uma deteriorização do controle motor. A velocidade de caminhada é drasticamente reduzida conforme a estabilidade de apoio fica comprometida pela fraqueza tanto na musculatura proximal quanto na distal (ADAMS; PERRY, 1998). Depois do período inicial de recuperação, os distúrbios da marcha podem ser mais relacionados com a mobilidade restrita, espasticidade e sinergias primitivas dos membros. Com isso, os pacientes com seqüelas de AVE não conseguem ativar os músculos seqüencialmente nas combinações distintivas da marcha normal (ADAMS; PERRY, 1998; CARR; SHEPHERD, 1988; DEWALD et al., 1995; WOOLLEY, 2001). Embora a hemiparesia seja tipicamente associada com envolvimento unilateral do sistema, as alterações da marcha têm sido observadas nos mecanismos e ações musculares tanto no membro afetado como no membro são (WOOLLEY, 2001). Essas alterações no membro são, têm sido descritas como decorrentes de compensações devidas a um alinhamento corporal anormal freqüentemente encontrado em pacientes com lesão neural unilateral, como a produzida por um AVE. Este alinhamento anormal ou assimétrico pode ser expresso como uma mudança na posição do corpo em relação à gravidade e à base de apoio, tanto na postura ortostática como sentada, onde o peso corporal é deslocado para o lado não envolvido. Esta estratégia se desenvolve para compensar outros comprometimentos, como os déficits motores e sensoriais no lado hemiparético durante o ciclo da marcha (SHUMWAY-COOK ; WOOLLACOTT, 2003). Desta forma, os déficits de equilíbrio e propriocepção limitam a capacidade desses pacientes de desviar e apoiar o peso corporal no membro parético. Esse equilíbrio deficiente e o medo de cair fazem com que o paciente aumente sua base de apoio durante a marcha (ADAMS; PERRY, 1998; CARR; SHEPHERD, 1988). Os padrões desordenados de ativação muscular podem se manifestar no andar dos pacientes hemiparéticos como uma incapacidade de recrutar adequadamente o músculo, como uma ativação exagerada de um músculo ou por uma incapacidade de modular a atividade muscular durante o ciclo do andar (KNUTSSON, 1994). Da mesma forma, alguns autores classificam os pacientes em uma ou mais das seguintes categorias de disfunções: - “padrão espástico” caracterizado por uma resposta de alongamento exagerada; - “padrão parético” caracterizado por uma ativação muscular de padrões centralmente produzidos, que estarão ausentes ou reduzidos; “padrão de coativação” produzido por uma coativação anormal de grupos musculares múltiplos (KNUTSSON; RICHARDS, 1979; KNUTSSON, 1994). O componente neural da paresia resulta do recrutamento supra-espinhal insuficiente dos motoneurônios de músculos específicos do membro inferior, seja durante determinadas partes do ciclo do andar, seja durante todo o ciclo (SHUMWAYCOOK ; WOOLLACOTT, 2003). A fraqueza pode resultar tanto na incapacidade de gerar forças para mover o corpo para frente (fraqueza dos flexores plantares no apoio terminal) quanto em movimentos livres que resultam da ausência de controle, como o choque do pé após o contato do calcanhar no solo devido à perda do controle excêntrico do músculo tibial anterior e da flexão plantar descontrolada (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 2003). A perda da capacidade de recrutar seletivamente o músculo tibial anterior durante o andar, pós AVE, é um exemplo comum do comprometimento da programação. A presença de um queda rápida do pé após o contato do calcanhar sugere que o comprometimento subjacente é a inatividade do tibial anterior e não a espasticidade ou a contração do gastrocnêmio ou do sóleo (PERRY, 1992b; KNUTSSON; RICHARDS (1979). Outro fator bastante comum que acomete a marcha de pacientes que sofreram AVE é a dificuldade em transladar ou deslocar o centro de gravidade lateralmente para liberar o membro intacto para o balanço (CARR; SHEPHERD, 1988). Nesse caso, a fraqueza do flexor do quadril produzindo uma flexão inadequada, afeta principalmente essa fase do andar. A flexão do joelho é perdida no balanço quando existe uma flexão inadequada do quadril, por isso o paciente é incapaz de desenvolver um momento suficiente no quadril para flexionar indiretamente o joelho. Com isso, os pacientes utilizam diversas estratégias compensatórias para retirar o pé do solo durante o balanço, mesmo com uma flexão inadequada do quadril. Uma dessas estratégias é a circundução do membro acometido, definida como um movimento abrupto do quadril, rotação de avanço da pelve e a abdução do quadril para avançar o membro (SHUMWAY-COOK ; WOOLLACOTT, 2003). A velocidade da marcha em sujeitos com hemiparesia é relacionada ao estágio de recuperação motora da extremidade inferior, sendo relacionada positivamente com a força muscular dos membros inferiores (RICHARDS; OLNEY, 1996; SHUMWAYCOOK ; WOOLLACOTT, 2003), e tem sido considerada um preditor da melhora dos movimentos locomotores, além de ser uma variável básica na avaliação da marcha em pacientes que sofreram um AVE (WOLLEY, 2001). Em um estudo, Richards e Olney (1996) comparam os perfis dos movimentos do tornozelo e ativação dos músculos tríceps sural e tibial anterior durante a marcha em um grupo de sujeitos hemiparéticos divididos em três grupos de acordo com suas velocidades de caminhada (velocidade rápida, velocidade intermediária e velocidade lenta). Foi constatado que a velocidade, a cadência e o comprimento da passada foram significantes e positivamente correlacionados com a magnitude da ativação do tibial anterior e tríceps sural durante a marcha. Alta velocidade de caminhada, gerou ativações musculares e movimentos do tornozelo mais próximos do normal. Além disso, tem sido observado que a velocidade da marcha em pacientes com hemiparesia é positivamente correlacionada a magnitude da força propulsiva durante a retirada do pé do membro parético do solo (RICHARDS; OLNEY, 1996). Olney et al. encontraram que a velocidade de caminhada no lado afetado tem uma correlação inversa com a proporção de apoio simples e duplo (WOLLEY, 2001). Já a espasticidade causa impacto no andar de duas formas: - ela resulta na ativação inadequada do músculo em determinados pontos do ciclo do andar, quando ele está sendo rapidamente alongado; - altera as propriedades mecânicas do músculo, produzindo rigidez exagerada, que é um problema musculoesquelético (SHUMWAYCOOK ; WOOLLACOTT, 2003). O desenvolvimento da tensão dos músculos espásticos, no paciente adulto com hemiparesia, pode ser apenas parcialmente explicado pelas respostas reflexas hiperativas de alongamento. Alguns autores sugerem que a espasticidade altera as propriedades das fibras musculares propriamente ditas e que esse é um fator que contribui para os déficits de coordenação observados nos pacientes com espasticidade (BERGER et al, 1984). A espasticidade contribui para o andar desordenado por meio da ativação muscular inadequada, durante determinadas partes do ciclo do andar, nas quais os músculos são alongados, e por meio de mudanças na rigidez onde são resultantes das alterações nas propriedades mecânicas do músculo propriamente dito (SHUMWAYCOOK ; WOOLLACOTT, 2003). Comparados a um grupo controle, foi observado em pacientes com hemiparesia espástica que a ativação do tríceps sural começava junto com a fase de apoio, apresentando uma amplitude de pico relativamente baixa. Após o contato inicial, o alongamento do tríceps sural resultava na ativação prematura dos músculos. O encurtamento resultante do músculo antes de corpo ter passado à frente dos pés, empurra a parte inferior da perna para trás e produz a hiperextensão do joelho, o que torna o músculo incapaz de acumular tensão para dar a propulsão (KNUTSSON, 1994). As principais compensações da flexão plantar excessiva incluem a hiperextensão do joelho e/ ou a inclinação do tronco para frente (PERRY, 1992c; SHUMWAYCOOK; WOOLLACOTT, 2003). A hiperextensão do joelho pode ocorrer em ritmo rápido ou lento e geralmente começa no meio ou no final do apoio, continuando até o pré-balanço. A extensão excessiva do joelho significa que a tíbia não consegue avançar sobre o pé imóvel do apoio simples (PERRY, 1992c). Na fase de balanço da marcha, a espasticidade dos flexores plantares resulta em uma retirada inadequada dos artelhos do chão, devido uma posição estendida do joelho no apoio terminal. Isso faz com que os flexores do quadril e do joelho se esforcem mais para erguer o membro e tirar o pé do solo durante o balanço (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). No balanço terminal, os flexores plantares espásticos resistem à extensão do joelho e à flexão dorsal do pé, essenciais para o posicionamento da perna no contato inicial do calcanhar. As estratégias compensatórias incluem o encurtamento da passada e a redução da velocidade do andar (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). A hiperextensão de joelho que é observada durante a fase de apoio em diferentes pacientes pode ser causada por diferentes mecanismos. Em alguns casos, a hiperextensão de joelho pode ser causada pela atividade antecipada do tríceps sural, resultando no tracionamento posterior da perna e forçando a hiperextensão de joelho. Em outros pacientes, foi sugerido que a hiperextensão de joelho é um mecanismo compensatório para promover a estabilidade do membro durante o suporte de peso, ocasião em que os isquiotibiais estão agindo para estabilizar o joelho (WOLLEY, 2001). Segundo alguns autores, a espasticidade não é o único componente que contribui para os distúrbios do andar, mas também as alterações na ativação da musculatura comprometida (CRENNA, 1998). Uma vez que a formação adequada da seqüência da ativação dos músculos diversos é essencial para a recuperação do equilíbrio, a perda da seqüência normal pode ser uma contribuição significativa para a instabilidade dos pacientes com problemas neurológicos. A natureza obrigatória desses padrões sinérgicos também impede que os pacientes alterem a duração, a intensidade e a graduação da força muscular; resultando em movimento lento e mal coordenado do membro afetado (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). A coativação excessiva de agonista-antagonista é um dos fatores que pode contribuir para a debilidade ou fraqueza muscular após o AVE. Um padrão anormal de coativação consiste na ativação sinérgica de muitos músculos do membro inferior e tem sido reportados no lado parético e não parético durante a marcha, especialmente durante a fase de apoio (LAMONTAGNE et al., 2000). Estas sinergias anormais de coativação no lado não parético resulta da lesão neurológica ou de compensações biomecânicas. Como a coativação muscular ocorre durante a marcha de indivíduos saudáveis quando há mudanças na estabilidade, supõese que o aumento nos níveis de coativação encontrados no lado não parético assiste a estabilidade postural durante a marcha (LAMONTAGNE et al., 2000). Maiores durações das coativações agonistas-antagonistas são associadas com velocidades de caminhada mais lentas, pobre estabilidade postural e baixa força dinâmica do tornozelo no lado parético durante a marcha (LAMONTAGNE et al., 2000). Dimitrijevic et al. apud Wolley (2001) classificaram os padrões de atividade eletromiográfica em 6 categorias com base na atividade de músculos flexores e extensores. Na primeira categoria os participantes exibiram ausência de atividade no tibial anterior durante o apoio ou balanço e atividade contínua do tríceps sural. Na segunda categoria os participantes exibiram atividade no tibial anterior durante o balanço e pequena atividade no tríceps sural durante o apoio e início do balanço. Os dois grupos de músculos são ativos durante o apoio e o balanço médio. Na terceira categoria encontraram atividade tanto no tríceps sural como no tibial anterior durante o apoio e o balanço médio, embora a magnitude do tríceps sural ter sido menor durante o balanço do que no apoio. Na quarta categoria foi encontrado atividade no tibial anterior durante o balanço e a primeira e terceira partes do apoio. O tríceps sural exibiu atividade similar no apoio e também teve a atividade durante o balanço terminal. Na quinta categoria ambos os músculos apresentaram atividade durante o apoio com atividade recíproca. O tibial anterior também foi ativo durante o balanço inicial. Na sexta categoria os pacientes exibiram padrões similares aos normais com a atividade de tríceps sural no médio apoio e atividade do tibial anterior no balanço inicial e terminal . Knutsson e Richards (1979) sugeriram que a eletromiografia nos pacientes hemiparéticos pode ser classificada em 3 tipos de distúrbios motores. Os pacientes classificados como Tipo I exibiram pequenos distúrbios da marcha, com distúrbios de EMG ocorrendo primariamente em níveis e padrões fásicos do tibial anterior e tríceps sural. Os níveis de EMG nos 2 músculos foram menores do que o normal durante a fase de apoio, e o tríceps sural exibiu ativação prematura. Isso sugeriu que esse padrão foi relatado para um limiar baixo da ativação do reflexo de estiramento. Tipo II os pacientes foram caracterizados por ausência ou redução significante nos padrões de EMG para dois ou mais grupos de músculos no membro inferior envolvido. Os músculos distais do membro inferior envolvido demostram mais padrões de ativação alterados que os grupos de músculos proximais. Em adição, esses pacientes exibiram uma série de capacidades de caminhada mas tenderam a exibir hiperextensão de joelho durante o apoio e uma falta de flexão de joelho durante o balanço. No Tipo III os padrões de EMG exibiram coativação de vários músculos com mudanças desorganizadas na ativação em diferentes grupos musculares, ocorrendo primariamente no final do balanço. Entretanto, não foi significante a diminuição no nível da atividade eletromiográfica. Pesquisadores que examinaram o padrão de força de reação do solo de pacientes hemiparéticos durante a marcha encontraram que os pacientes exibiram padrões que diferem dos participantes saudáveis tanto no membro inferior envolvido como não envolvido, além de exibirem grande variabilidade inter-individual. Também pode ser observado uma falta de simetria bilateral nos padrões de curva de força de reação do solo entre os membros envolvido e não envolvido (WOLLEY, 2001). Em um estudo descrito por Woolley (2001), os autores sugerem três características dos padrões de força vertical na marcha hemiparética. Na primeira classificação os participantes exibiram curvas verticais similares aos participante normais com dois picos verticais ocorrendo a aceitação do peso e retirada do pé e uma depressão intermediária ocorrendo durante o médio apoio. O segundo grupo de pacientes exibiu um componente da força vertical que foi relativamente constante durante toda a fase de apoio e exibiu várias irregularidades nos picos e cristas. O terceiro grupo exibiu um único pico vertical na primeira parte da fase de apoio que gradualmente diminui para o zero durante o final do apoio. 2.4 ANÁLISE BIOMECÂNICA DA MARCHA O estudo do movimento é fundamental na análise objetiva dos padrões de movimento normal do corpo humano e de particular interesse para a compreensão da importância relativa de cada um dos constituintes dos diferentes segmentos do aparelho locomotor (HERNANDEZ, 2000). Sendo assim, a mensuração do movimento humano requer uma abordagem rigorosa e sistemática. A Biomecânica do movimento busca explicar como as formas de movimento dos corpos de seres vivos acontecem na natureza a partir de parâmetros cinemáticos e dinâmicos (ZERNICKE, 1981; NORKIN, 1998). Para o estabelecimento de metas terapêuticas realistas, e para o desenvolvimento e implemento de um plano terapêutico dirigido para a melhora ou restauração da marcha de um paciente, o terapeuta precisa ser capaz de avaliar seu estado deambulatório (NORKIN, 1998). O maior problema da avaliação visual da marcha é que sua validade e confiabilidade são questionáveis. Para superar estes problemas, foram desenvolvidas diversas listas e escalas de avaliação que enfocam a observação do terapeuta quanto aos desvios. Contudo, como a pontuação destes e de outros instrumentos é grosseira (geralmente sobre uma escala de três, quatro ou cinco pontos), alterações pequenas da marcha, mas significativas, podem ser perdidas. Isso é particularmente problemático ao avaliar condições nas quais a alteração ocorre lentamente, mais notavelmente em pacientes com patologias neurológicas, como o AVE (WALL, 2001). Em vista disso, a avaliação deve envolver uma acurada descrição do padrão de marcha e de suas variáveis, uma identificação, descrição e análise de alguns desvios da marcha, além da identificação dos mecanismos responsáveis pela produção das anormalidades (NORKIN, 1998). Essa análise é um processo altamente importante que requer a cooperação dos pacientes e de uma equipe multidisciplinar, onde tipicamente se incluem físicos, fisioterapeutas, biomecânicos e engenheiros. O objetivo fundamental na coleta dos dados é de monitorar os movimentos do paciente com precisão suficiente para o uso clínico (ENDERLE et al., 1999), além de fornecer dados objetivos que possam ser utilizados como base para a formulação de metas terapêuticas e avaliação do progresso em busca dessas metas (NORKIN, 1998). As ferramentas de mensuração clínicas são essenciais para a resolução de problemas, tomadas de decisões e determinação de metas efetivas. As atividades que formam a base de avaliação do paciente ou do indivíduo saudável exigem ferramentas que possam revelar características normais ou anormais do movimento. Dados de mensuração de alta qualidade também são exigidos para fornecer evidências que comprovem a efetividade de intervenção e, portanto, devem ser capazes de detectar melhoras, deteriorização ou estagnação na condição dos pacientes (DURWARD et al., 2001). Os métodos através dos quais a biomecânica aborda as diversas formas de movimento são a antropometria, a cinemetria, a dinamometria e a eletromiografia. 2.4.1 DINAMOMETRIA – FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO A dinamometria se preocupa em realizar uma análise cinética do movimento, ou seja, estuda as forças que causam o movimento. Essas forças podem ser internas (geradas por elementos contráteis ou tecido não contrátil) ou externas (gravidade e as forças de reação do solo) (WALL, 2001) As três leis de do movimento desenvolvidas por Isaac Newton são uma parte importante da base matemática da avaliação da cinética do locomoção; mas a terceira lei é especialmente importante para a locomoção. Chamada Lei de ação e reação, afirma que as forças são sempre compostas aos pares, iguais e em direções opostas, de modo que se um corpo é empurrado contra o outro, o segundo empurrará de volta o primeiro com força da mesma magnitude (HAMIL; KNUTZEN, 1999b; ROWE, 2001). Portanto, a força de reação do solo nada mais é do que uma aplicação direta da terceira lei de Newton. A força de reação do solo (FRS) é medida através das plataformas de força e isso é realizado quando o pé está em contato com o solo durante a fase de apoio do ciclo da marcha. A plataforma de força determina a magnitude e a direção do vetor de força de reação do solo, medindo seus três componentes: força vertical e de cisalhamento médiolateral e ântero-posterior. O sinal das forças componentes depende da atribuição de um sistema de coordenadas referencial. A plataforma é alinhada no plano da marcha com três eixos de coordenadas dimensionais (X - Y - Z) (JOHANSON, 1998; TREW; EVERETT, 1997). Quando o indivíduo caminha sobre a plataforma, os sensores detectam as variações na magnitude e na direção de cada força e convertem essas informações em sinais elétricos que são enviados a um computador responsável em fazer os cálculos das grandezas cinéticas de interesse (JOHANSON, 1998). As plataformas de força podem utilizar vários princípios físicos diferentes para converter as cargas em sinais elétricos proporcionais à direção e à magnitude das cargas. Os sensores usados nas plataformas podem ser sensores de deformação (strain gauge) ou cristais piezoelétricos. Cada material tem propriedades distintas que influenciam na sensibilidade, na linearidade e no ruído vibratório da saída do sinal elétrico. A plataforma de força precisa ser calibrada periodicamente, para assegurar que a saída elétrica seja sempre a mesma para uma determinada quantidade de força (HALL, 1993; JOHANSON, 1998). Atualmente, a plataforma de força é uma escala de medida muito sofisticada geralmente embutida no solo, com uma superfície nivelada à superfície do solo onde o indivíduo está, e os sinais captados pela movimentação sobre a plataforma são transmitidos e um computador, onde é feita a análise. No entanto, podem também estar acopladas a uma esteira rolante (FIGURA 11) ou ainda através de resistores e capacitores elétricos ou transdutores colocados na sola do pé, porém, nesses casos, geralmente medem somente um dos componentes de força (componente vertical) (HAMILL; KNUTSSON, 1999b; JOHANSON, 1998). Force 700 Newtons (N) 600 500 400 300 200 100 0 0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 Absolute Time (s) Figura 27 - Gráfico demonstrando a força de reação vertical do solo em Newtons (N) por tempo absoluto (s) de ambos os pés durante uma passada por duas plataformas de força acopladas a uma esteira rolante (Software Gaitway ). A partir da série temporal da força de reação do solo gerada pelo Software Gaitway é possível analisar diversas variáveis temporais, espaciais e de FRS, como por exemplo, as variáveis relacionadas abaixo (FIGURA 12): ¾ Tempo de apoio simples: Tempo em que o corpo é sustentado por apenas um dos pés. ¾ Tempo de duplo apoio: Tempo no qual o corpo é suportado por ambos os pés e corresponde ao contato inicial do calcanhar de um dos pés após a retirada do pé contralateral do solo. ¾ Tempo de contato: Tempo que vai desde o contato inicial do calcanhar de um pé até a retirada deste mesmo pé do solo. ¾ Cadência: Número de passos por minuto. ¾ Comprimento da passada: Valor determinado pela razão da velocidade de deslocamento da esteira pela cadência. ¾ Base de suporte: Distância entre os pés medida em ângulos retos em relação à linha de progressão. ¾ Primeiro pico de força: Valor absoluto máximo para o primeiro pico da curva de força vertical x tempo. Ocorre na primeira metade do tempo de contato, durante o apoio do calcanhar no solo. ¾ Segundo pico de força: Valor absoluto máximo para o segundo pico da curva de força vertical x tempo. Ocorre na segunda metade do tempo de contato, durante a retirada do pé solo. ¾ Força no médio apoio: Força absoluta mínima que ocorre entre o primeiro e o segundo pico da curva força vertical x tempo. Ocorre quando o pé de referência está na fase de médio apoio. ¾ Impulso: Integral da curva de força de reação do solo no domínio do tempo durante o apoio do pé. ¾ Taxa de aceitação do peso: Valor do primeiro pico de força dividido pelo tempo para o primeiro pico e mostra o quanto a força está variando em função do tempo, no momento do apoio do calcanhar do solo. a b c e d f g h Figura 28 - Esquema da Curva de FRS demonstrando os parâmetros analisados na marcha dos Grupos I e II. ( a ) Primeiro Pico de Força; ( b ) Segundo Pico de Força; ( c ) Força no Médio Apoio; ( d ) Taxa de Aceitação do Peso; ( e ) Impulso - Área total da curva ; ( f ) Tempo de Duplo Apoio; ( g ) Tempo de Apoio Simples; ( h ) Tempo de Contato. 2.4.2 ELETROMIOGRAFIA A Eletromiografia (EMG) é o estudo da função muscular por meio da análise do sinal elétrico emanado durante as contrações musculares, e tem sido utilizada largamente para o estudo do movimento humano, uma vez que permite um acesso ao processo fisiológico que leva o músculo a gerar força e produzir movimento (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985; JOHANSON, 1998; HAMILL; KNUTZEN, 1999b). Sabendo-se que a unidade motora é a unidade funcional no músculo, um importante parâmetro do sistema motor é o número de atividade presente nessas unidades motoras (STALBERG; FALK, 1997). O neurônio motor ativa cada uma das unidades motoras dentro do músculo e, quando são ativadas unidades motoras suficientes, ocorre uma despolarização da membrana muscular, que resulta em uma voltagem perceptível. A voltagem pode ser detectada por eletrodos colocados na área e representa a soma algébrica de todos os potenciais de unidades motoras. Os sinais registrados através da EMG contém importantes informações sobre a estrutura e o funcionamento das unidades motoras (MORAES, 2000). Os sinais eletromiográficos são afetados pelas propriedades anatômicas e fisiológicas dos músculos, pelo esquema de controle do sistema nervoso periférico e pela instrumentação utilizada na coleta de sinal (MORAES, 2000). Portanto, é de extrema importância entender os fundamentos das funções básicas dos músculos para o correto registro de sinais eletromiográficos. O sinal eletromiográfico pode ser um indicador válido para níveis de ativação muscular, e também pode ser usado para estudar a coordenação e o controle dos movimentos (STALBERG; FALK, 1997). É sugerido que uma certa conexão possa existir entre a magnitude do sinal eletromiográfico e a força muscular exercida. Em apenas algumas condições essa conexão pode ser representada por uma relação linear (STALBERG; FALK, 1997). O sistema de registro típico para EMG consiste em um conjunto de eletrodos bipolares de superfície, de agulha ou de fio, colocados em cima ou a uma curta distância, do ponto motor, o local da entrada da terminação nervosa do músculo. Um eletrodo adicional é também colocado sobre uma protuberância óssea para servir como ponto de referência. À medida que o potencial de ação na fibra muscular percorre o músculo em direção aos dois eletrodos, o sinal de voltagem registrado passa por zero e então move-se no sentido negativo à medida que o sinal se distancia dos eletrodos. Consequentemente, o sinal de EMG representa uma onda sinosoidal, flutuando entre o negativo e o positivo. Quanto maior a distância entre o potencial de ação e os eletrodos menor é o sinal (HAMILL; KNUTZEN, 1999b). A EMG de superfície permite ao indivíduo ser avaliado dinamicamente de forma indolor e não invasiva, o que auxilia na “naturalidade” do movimento. No entanto, esse tipo de eletrodo de captação normalmente é utilizado apenas para verificar a presença ou não de atividade muscular, pois como o eletrodo de captação não está diretamente em contato com o músculo, há dificuldade para detectar ou isolar o potencial de ação de um único músculo pelas interferências causadas durante a contração dos músculos adjacentes (MORAES, 2000). O uso mais comum dos eletrodos de superfície é provavelmente nos estudos cinesiológicos, usualmente com uma gravação simultânea de diversos músculos no mapeamento de padrões de ativação muscular na análise de marcha, estudos ergonômicos, medicina do esporte entre outros. Também pode ser usado para mapear padrões de ativação muscular anormais em movimentos desordenados (STALBERG; FALK, 1997). Além desta modalidade, existe a EMG por telemetria (eletrodos de superfície sem cabos), que permite ao indivíduo maior liberdade de movimento dentro do alcance do transmissor (JOHANSON, 1998). Um importante aspecto a ser considerado durante a aquisição de sinais de EMG superficiais corresponde à fidelidade do sinal após realizar-se o processamento, principalmente em relação à atenuação das amplitudes dos componentes de altas freqüências do sinal (MORAES, 2000). O filtro passa-alta é usado no sinal EMG para auxiliar na redução (supressão) de freqüências baixas geradas pelo cabo e artefatos do movimento. O método fundamental para eliminar ou reduzir esses artefatos é utilizar um amplificador nos eletrodos (STALBERG; FALK, 1997). Os potenciais de ação das unidades motoras normais apresentam normalmente três ou mais fases, e a aquisição eletromiográfica contém uma série desses potenciais, que em uma contração forte, podem estar sobrepostos, resultando num traçado característico conhecido como traçado de interferência ilustrado na FIGURA 13-A (AMADIO; DUARTE, 1996). Esse sinal original é, usualmente, submetido a um processamento, para que possa haver uma melhor visualização para comparação com outros sinais biológicos. O sinal pode ser retificado através do processamento matemático que faz a raiz quadrada da média elevada ao quadrado, conhecida como abreviada em inglês RMS (root mean square). Este sinal retificado pode ser visto na FIGURA 13-B, e esse mesmo pode passar por um filtro passa-baixa, para uma apresentação do envoltório da curva, como demonstrado na FIGURA 13-C. Pode-se então, fazer o processamento do sinal de acordo com o objetivo específico do trabalho (AMADIO; DUARTE, 1996). Figura 29 - Formas de processamento do sinal eletromiográfico (A) sinal original- traçado de interferência, (B) sinal retificado e (C) sinal processado com filtro passa-baixa, representando envoltório da curva eletromiográfica (AMADIO; DUARTE, 1996). A utilização da eletromiografia na análise da marcha tem sido bastante explorada, obtendo grandes resultados e elucidações sobre processos complexos, como em que momento do ciclo da marcha um determinado músculo ou grupo muscular está ativo, e qual a intensidade dessa ativação (WALL, 2001). Além disso, com o aumento do entendimento da relação entre a coleta de sinais e a compreensão das fisiopatologias, a interpretação da EMG tem se mostrado uma importante informação no acompanhamento dos sintomas dos pacientes neurológicos (STALBERG ; FALK, 1997). A EMG dinâmica obtida dos sinais eletromiográficos cinesiológicos é uma forma acurada de definição dos padrões de disfunção muscular que contribui para as alterações da marcha de alguns pacientes. Tem sido demonstrado que os testes clínicos tradicionais podem levar a entendimentos e conclusões erradas sobre o comportamento dos músculos, podendo resultar em planos incorretos para a intervenção. A literatura sugere fortemente que as técnicas de análise de movimento podem melhorar o tratamento dos pacientes (STALBERG ; FALK, 1997). 3. OBJETIVO Este estudo tem como finalidade estudar o comportamento da marcha de indivíduos hemiparéticos pós AVE e verificar as alterações funcionais mais importantes decorrentes dessa doença, em termos de ativação eletromiográfica e da componente vertical da FRS, quando comparados a um grupo de pessoas saudáveis de mesma faixa etária. Com essa pesquisa, pretende-se acrescentar à literatura maiores informações sobre as adaptações da marcha de indivíduos hemiparéticos e contribuir para uma melhor escolha terapêutica através de um método mais apurado de avaliação. 4. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Biodinâmica do curso de Fisioterapia da Faculdade de Ciências da Saúde na Universidade do Vale do Paraíba. 4.1 AMOSTRA Foi analisada a marcha de 20 indivíduos divididos em dois grupos distintos. O GRUPO I ou CONTROLE foi composto por 10 indivíduos saudáveis e não praticantes de atividade física regular de ambos os sexos (5 homens / 5 mulheres), com idade média de 53.7 + 6.5 anos, com estatura média de 1.71 + 0.1 metros e peso médio de 809.0 + 73.6 Newtons (ANEXO A). Os fatores de inclusão para este grupo foram a ausência de lesões músculoesqueléticas, cardiorespiratórias e/ou neurológicas relevantes que pudessem gerar alteração do padrão de marcha desses indivíduos. A seleção do grupo controle foi realizada após o preenchimento de um questionário que possibilitou verificar as exigências citadas acima (ANEXO A). O GRUPO II foi composto por 10 pacientes com quadro clínico de hemiparesia decorrente de um AVE, sendo que em 8 deles o hemicorpo esquerdo estava acometido. Foram selecionados pacientes de ambos os sexos (6 homens / 4 mulheres) com idade média de 57.2 + 7.6 anos, com estatura média de 1.66 + 0.1 metros e peso médio de 772.1 + 69.4 Newtons (ANEXO B ). Para inclusão neste estudo, os pacientes deveriam ter, no mínimo, 1 ano pós lesão, idade acima de 50 anos, ausência de lesões músculo-esqueléticas e/ou cardiorespiratórias importantes que pudessem interferir no padrão de marcha. Além disso, os pacientes deveriam ser ausentes de lesões neurológicas associadas e/ou déficits cognitivos e apresentar marcha independente sem o uso de órteses em membros inferiores. O tipo do AVE apresentado pelos pacientes, ou seja, hemorrágico ou isquêmico, não foi um fator considerado para a inclusão dos indivíduos neste grupo. Os pacientes foram selecionados após o preenchimento de um questionário (ANEXO B) e de uma avaliação fisioterapêutica realizada com base em uma ficha de avaliação clínica utilizada no Setor de Neurologia Adulto do Centro de Prática Supervisionada desta Universidade. Através da utilização da ficha de avaliação clínica, foi possível verificar a presença de hipertonia leve e redução da força muscular em dorsiflexores e flexores plantares no membro inferior acometido pelo AVE na maior parte dos pacientes avaliados (ANEXO C). Todos os voluntários selecionados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido contendo informações que os deixaram cientes do objetivo, dos procedimentos e riscos do estudo (ANEXO D). 4.2 EQUIPAMENTOS 4.2.1 PLATAFORMAS DE FORÇA Para realizar a aquisição da componente vertical da força de reação do solo, foi utilizada uma esteira instrumentada Modelo Troter do Sistema de Análise de Marcha Gaitway, que consiste em uma esteira rolante composta de duas plataformas de força (FIGURA 14). Figura 30 - Esteira instrumentada Modelo Troter do Sistema de Análise de Marcha Gaitway Estas plataformas são baseadas em quatro transdutores piezoelétricos da Marca Kistler, dispostos a uma distância de 350 mm do eixo transversal e 210 mm do eixo longitudinal da plataforma. Cada transdutor possui um cristal piezoelétrico sensível à pressão exercida na direção vertical. Dependendo da direção da força, os cristais geram cargas positivas ou negativas, proporcionais a essas forças. Esse amplificador é programado automaticamente, de modo que se possa obter a mensuração da componente vertical da força de reação do solo. A presença de duas plataformas de força montadas em série permite a obtenção de passos seguidos, possibilitando inclusive a visualização e análise do período de duplo apoio durante a marcha Além das plataformas, a esteira possui um dispositivo auxiliar Gaitway Foot Discriminator, que se constitui de um sinal infravermelho retro-reflexivo, que informa ao software de aquisição dos dados quando o apoio é feito com o pé direito ou esquerdo no ciclo da marcha. O Sistema Gaitway possui ao todo dez canais condicionadores de sinais, sendo dois para as plataformas de força, um para o sensor de velocidade, um para o discriminador de passos citados anteriormente e seis canais auxiliares. Esses canais auxiliares permitem que outros sistemas de aquisição de sinais biológicos (eletromiografia, eletrogoniometria, entre outros) sejam conectados ao Sistema permitindo aquisições simultâneas e sincronizadas. A conversão do sinal analógico para digital, visando o armazenamento e processamento dos dados no Software Gaitway, se dá através de um conversor analógico-digital (conversor A/D) de 12 Bits acoplado à própria esteira. 4.2.2 ELETROMIÓGRAFO Para a aquisição do sinal eletromiográfico foi utilizado um eletromiógrafo da marca EMG System do Brasil Ltda. (FIGURA 15), composto de 8 canais, sendo 4 canais habilitados para eletromiografia, conectados a eletrodos ativos bipolares compostos de um pré-amplificador diferencial (FIGURA 16). O ganho total do sinal será de 2000 vezes, sendo 20 vezes no pré-amplificador dos eletrodos e 100 vezes no segundo estágio de amplificação. Este fator de ganho está compatível com a magnitude da atividade elétrica dos músculos em estudo. A banda de freqüência de sinal está entre 20 e 500 Hz. Figura 31 - Eletromiógrafo da marca EMG System do Brasil Ltda. Figura 32 - Eletrodos bipolares ativos compostos de um pré-amplificador Para a fixação dos eletrodos foram utilizados adesivos retangulares descartáveis da marca Embramac, tendo como medidas a altura de 4,5 cm, largura de 3,0 cm e distância entre os pólos de 2,5 cm. Os adesivos são compostos por uma espuma de polioretano flexível que faz a interface entre o ilhós e a pele. Além disso, contém uma mistura em gel condutor que garante maior condutividade do sinal elétrico muscular e redução de interferências (FIGURA 17). Figura 33 - Foto dos eletrodos adesivos retangulares descartáveis da marca Embramac 4.2.3 SISTEMA DE SEGURANÇA PARA CAMINHADA EM ESTEIRA Para uma maior segurança durante a caminhada dos pacientes hemiparéticos na esteira, foi necessário o desenvolvimento de um sistema que minimizasse o risco de quedas durante o experimento e que, ao mesmo tempo, não gerasse restrição dos movimentos e não sustentasse o peso desses pacientes durante a locomoção. O sistema de segurança desenvolvido para este estudo com o auxílio da FAPESP (PJP 01/03496-0), é composto por um colete anti-queda regulável da marca Singing Rock - Modelo Complete Worker (FIGURA 18), duas chapeletas Couer 10 mm da marca Petzl, dois “para bolt” 5/16” x 21/8”, dois mosquetões Eco Biner 24KN da marca Kalaiash, um mosquetão HMS Pera 22 KN da marca Kalaiash, um ascensor da marca Petzl, uma fita de segurança Anel 60 cm da marca Kalaiash e uma corda estática KM III 11mm da marca New England. Figura 34 - Foto do colete anti-queda regulável da marca Singing Rock - Modelo Complete Worker conectado ao mosquetão HMS Pera 22 KN e à fita de segurança presa ao ascensor. Os dois mosquetões de 24 KN foram presos em chapeletas fixadas ao teto através de chumbadores (“para bolt”). O terceiro mosquetão (22 KN) foi preso na parte posterior do colete. No mesmo local, foi colocada a fita de segurança que tem sua outra extremidade presa ao ascensor (FIGURA 19). Uma extremidade da corda é presa ao mosquetão que está na parte posterior do colete, passa por dentro dos outros dois mosquetões presos ao teto e sua outra extremidade é presa no ascensor, o qual possibilita o ajuste do comprimento da corda e, conseqüente regulagem da altura do colete em relação à esteira (FIGURA 20). Figura 35 - Foto demonstrando detalhes da disposição dos equipamentos presos ao colete de segurança Figura 36 - Foto demonstrando a disposição dos equipamentos presos ao teto através da corda estática. Essa conformação das partes do sistema, formando com a corda um triângulo invertido (FIGURA 21), possibilita a segurança anti-queda necessária para os voluntários sem que haja restrição de sua movimentação ou suspensão desses voluntários da esteira. Figura 37 - Sistema de segurança para marcha em esteira. Em estudos pilotos realizados para testar o suporte de segurança foi observado que o uso deste não gera alteração nos dados de força de reação do solo após o período de adaptação ao equipamento (CAMPOS et al., 2003 , 2004). 4.3 SINCRONIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS A duração do registro eletromiográfico e da força vertical de reação do solo foi de 10 segundos e ocorreu de forma sincronizada, a uma freqüência de amostragem de 1000 Hz. Isso foi possível pelo fato dos dois equipamentos estarem fazendo uso de um único conversor A/D. Para que a sincronização fosse realizada o eletromiógrafo, que se encontra conectado a um computador, também foi conectado a uma caixa de BNC da qual saem 4 cabos axiais que foram conectados em quatro canais auxiliares da esteira (FIGURA 22). Esses cabos correspondem aos quatro canais de eletromiografia que foram utilizados durante as coletas. Figura 38 - Esquema da disposição dos equipamentos sincronizados. O sinal eletromiográfico de cada músculo avaliado foi monitorado durante todo o período das coletas no Software Aqdados, através do computador ligado ao eletromiógrafo. Porém, o armazenamento dos dados, tanto de força de reação do solo quanto eletromiográficos, foi realizado no Software Gaitway contido no computador ligado à esteira. 4.4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Previamente a participação neste estudo, todos os voluntários selecionados foram instruídos a utilizar um vestuário confortável e que não restringisse seus movimentos durante a caminhada. Além disso, foram orientados a utilizar o calçado padronizado para esse estudo, no caso, o tênis. Dessa forma, evita-se interferências decorrentes dos diferentes tipos de sapato, visto que a distribuição do centro de pressão varia de acordo com a altura e material que compõe o solado do calçado (FOTI et al, 1992). Antes de iniciar a caminhada na esteira, todos os voluntários caminharam em suas velocidades habituais por três vezes seguidas em uma passarela de 10 metros com o tempo do percurso cronometrado para cada voluntário. Dessa forma, calculando-se a média de velocidade das três tentativas, foi possível obter a velocidade média de caminhada em solo para cada voluntário, servindo como parâmetro para a adequação da velocidade em esteira. 4.4.1 PROCESSO DE ADAPTAÇÃO AOS EQUIPAMENTOS Todos os voluntários passaram por um período de adaptação aos equipamentos previamente a coleta dos dados, minimizando, desta forma, alterações devido a não habituação ao meio (WALL; CHARTERIS, 1980, 1981; CAMPOS et al., 2002). O período de adaptação para o Grupo I ou Controle constou-se de 15 minutos de caminhada na esteira com o uso do suporte de segurança, sendo realizada logo após este período a coleta dos dados. Para o Grupo II, o período de adaptação aos equipamentos variou de dois a três dias, onde a cada tentativa o paciente caminhou por cerca de meia hora na esteira, com intervalos de cinco minutos a cada dez minutos de caminhada. Os intervalos entre os dias de caminhada não foram maiores que três dias. Ao final do terceiro dia de treino aproximadamente, quando o paciente já apresentava adaptação aos equipamentos, foi realizada a coleta dos dados. Durante o período de adaptação de ambos os grupos, a velocidade da esteira foi sendo aumentada gradativamente até se aproximar da velocidade de caminhada encontrada em solo. 4.4.2 LOCALIZAÇÃO DO PONTO MOTOR E COLOCAÇÃO DOS ELETRODOS A localização do ponto motor dos músculos a serem analisados foi realizada através da técnica de eletrodo monopolar por intermédio de um gerador universal de pulsos elétricos Nemesys 941 (Quark). Foi utilizada a corrente Farádica, que é do tipo monopolar e exponencial. A corrente foi programada para emitir trens de pulso de 1ms em freqüência tetanizante (20 a 80 Hz). A técnica de localização do ponto motor, segundo Araújo et al. (1995), está sujeita a menos erros sistemáticos. Inicialmente foi fixado o eletrodo dispersivo (placa metálica) na região distal do membro inferior em questão. Um eletrodo tipo caneta foi posicionado perpendicularmente à região do ponto motor dos músculos tibial anterior (TA) e gastrocnêmio medial (GM) para ambos os membros inferiores (FIGURA 23). A região do ponto motor de cada músculo foi encontrada previamente no mapa de pontos motores. ®°¯²±U³´<µ¶©·¸¹»ºEµ ¼¾½À¿ÂÁEÃÄ ¢¡8 E£S¤ @ ¥§¦©¨ª«¬ « Figura 39 – Músculos do membro inferior selecionados para a análise do sinal EMG durante a marcha (http://www.terra.es/personal/cadcad/otros/musculos.html). A intensidade da corrente foi sendo aumentada gradativamente até o voluntário relatar a sensação da passagem da corrente. A partir desse momento, o eletrodo era deslocado até o ponto em que a contração dos músculos fosse observada. A demarcação do local foi feita através de um lápis dermatográfico. A colocação dos eletrodos de superfície foi feita no sentido longitudinal das fibras musculares de interesse sobre a região demarcada anteriormente, após a realização de limpeza com álcool e tricotomia do local. Após a colocação dos eletrodos adesivos, uma fita crepe convencional foi fixada sobre os eletrodos visando evitar que os mesmos se movimentassem, minimizando desta forma, interferências no sinal eletromiográfico sem alterar o padrão de marcha dos indivíduos (FIGURA 24). Figura 40 – Foto demonstrando a localização dos eletrodos de superfície nos músculos GM e TA dos voluntários. 4.4.3 AQUISIÇÃO DOS DADOS DE FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO E ELETROMIOGRAFIA Todos os voluntários, tanto do Grupo I como do Grupo II, fizeram uso do suporte de segurança durante a caminhada. Os voluntários, utilizando o suporte, foram pesados por uma das plataformas de força da esteira para a calibração das plataformas e posterior normalização dos dados de força de reação vertical do solo. Os canais para a aquisição do sinal eletromiográfico foram conectados aos eletrodos adesivos já fixados anteriormente nos quatro músculos a serem avaliados simultaneamente (TA direito e esquerdo / GM direito e esquerdo). Para o Grupo I foram realizadas logo após o período de adaptação, cinco coletas de dados com duração de dez segundos cada, constando de uma coleta a cada minuto de caminhada para cada voluntário. A duração de cada coleta para o Grupo II foi a mesma do Grupo I (dez segundos), porém, foram realizadas dez coletas de dados sendo duas a cada minuto de caminhada, pois como a velocidade de locomoção dos pacientes foi menor do que no Grupo I, fez-se necessário realizar mais coletas para se obter um número próximo de passadas para os dois grupos. A velocidade média de caminhada em esteira para os voluntários do Grupo I foi de 1.0 + 0.07 m/s, enquanto para o Grupo II foi de 0.50 + 0.08 m/s. Foram consideradas para análise todas as curvas de força de reação do solo que apresentavam o padrão temporal semelhante ao padrão descrito na literatura (WINTER, 1991). Foram analisados onze parâmetros a partir da série temporal de força de reação vertical do solo: Tempo de apoio simples (TAS); Tempo de duplo apoio (TDA); Tempo de Contato (TC); Cadência (CAD); Comprimento da passada (CP); Base de suporte (BS); Primeiro pico de força (PPF); Segundo pico de força (SPF); Força no médio apoio (FMA); Impulso (IMP) e Taxa de aceitação do peso (TAP). Tanto durante o período de adaptação como no dia da coleta, todos os voluntários tiveram a pressão arterial aferida antes, durante e após a caminhada em esteira para evitar intercorrências durante a aquisição dos dados. Este estudo seguiu as normas e condutas do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Paraíba (ANEXO G). 4.5 TRATAMENTO MATEMÁTICO DOS DADOS Visando a comparação entre sujeitos de massas corporais diferentes, as magnitudes dos parâmetros de força foram normalizados em função do peso corporal dos voluntários. A variável cadência foi normalizada pela velocidade, enquanto a variável comprimento da passada foi normalizada pela altura de cada voluntário. Para realizar o tratamento matemático do sinal eletromiográfico foram seguidas as recomendações da Sociedade Internacional de Eletrofisiologia Cinesiológica (ISEK), onde todos os traçados eletromiográficos foram tratados para posterior comparação e análise conforme preconizado por Winter (1991). Previamente o tratamento matemático do sinal eletromiográfico, foi utilizada uma rotina desenvolvida para este estudo através do Software MatLab 6.1 denominada PASSOS (ANEXO E). Esta rotina tem por finalidade separar a força de reação do solo e o sinal eletromiográfico de ambos os apoios (direito e esquerdo) em períodos de passadas completas (período de apoio e balanço) e em períodos de apoio simples, permitindo a visualização tanto da força de reação do solo como da atividade eletromiográfica no momento em que o membro inferior contralateral está em balanço. Uma segunda rotina denominada PASSOS_B (ANEXO E) foi desenvolvida para isolar os períodos de balanço correspondentes ao sinal eletromiográfico de ambos os músculos analisados, para o apoio direito e esquerdo. Todo o processamento dos dados foi realizado a partir da série temporal obtida durante a coleta e, após a divisão da série temporal em subfases (ciclo completo, apoio simples e balanço), foi realizado o tratamento matemático do sinal eletromiográfico. Na primeira etapa foi realizada a retificação total do sinal, também conhecida como retificação da onda completa, consistindo na obtenção do valor absoluto do traçado eletromiográfico de forma que todos os sinais negativos são invertidos, passando desta forma, a possuir apenas sinais positivos. Na segunda etapa foi feita a normalização da amplitude do sinal, que consiste em submeter os valores do sinal eletromiográfico retificado a um valor de referência, e que seja comum a todos os sinais. Neste caso foi empregado o uso da média do sinal retificado da atividade dinâmica como valor de referência, visto que alguns estudos mostraram que esse método apresentou menor variabilidade quando comparado a outros métodos de normalização (ERVILHA et al., 1998) A terceira etapa constou da realização do envoltório linear obtido a partir do traçado retificado, fazendo uso de um filtro Butterworth 4a ordem digital com freqüência de corte de 5 Hz e que resulta em um envoltório que segue o contorno do sinal eletromiográfico. Na quarta etapa foi realizada a normalização do base de tempo, que teve por objetivo normalizar o tempo de atividade dos diferentes sinais coletados, onde o tempo é convertido em porcentagem de atividade (0 à 100%), seja ela a porcentagem de uma passada completa, período de apoio simples ou período de balanço. Para realizar esta seqüência de processamento foi utilizada a rotina Bionica, desenvolvida através do Software Matlab no Laboratório de Biofísica da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (http://www.usp.br/eef/lob/indice.html). Além disso, esta rotina possibilita que os sinais, tanto de atividade eletromiográfica como de FRS obtidos para cada voluntário possam ser sobrepostos, permitindo o cálculo do coeficiente de variação (desvio padrão / média) e a visualização destas curvas sobrepostas sob a forma de gráficos. Para a análise dos parâmetros de FRS fornecidos pelo Software Gaitwayforam calculados em princípio os valores médios destes parâmetros de cada uma das coletas realizadas para cada indivíduo, contendo cada uma das coletas uma série de valores correspondentes a cada passada adquirida durante a caminhada, com valores distintos para o apoio direito e esquerdo. Destes valores médios correspondentes às coletas, foi calculada uma única média representando o valor de cada parâmetro para cada um dos indivíduos participantes do estudo. Posteriormente, através dos valores médios obtidos para cada indivíduo, foi calculado um valor médio único representando cada parâmetro para cada grupo analisado. Para a obtenção de um valor único representando cada parâmetro para o Grupo Controle, foi calculada uma média entre o apoio direito e esquerdo para cada um dos parâmetros analisados. Dessa forma, calculou-se um valor médio para cada parâmetro correspondente ao Grupo I ou Controle, outro valor médio para cada um dos parâmetros para o Grupo II – Hemicorpo São (H.S.) e outro valor médio correspondente a cada um dos parâmetros para o Grupo II – Hemicorpo Acometido (H.A.). Para o cálculo do valor RMS do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, foram utilizados os dados contidos nos arquivos gerados pelas rotinas PASSOS e PASSOS_B, permitindo a obtenção do valor RMS para ambos os músculos durante o ciclo completo da marcha, período de apoio simples e período de balanço. O valor RMS (abreviação direta do inglês "root-mean-square"), corresponde à quantidade de sinal contínuo capaz de conter a mesma quantidade de energia. Matematicamente é definido como a raiz quadrada da média dos quadrados dos valores instantâneos do sinal (http://www.ufrgs.br/lmm/353_6_5.htm): onde: x(t) - sinal variante no tempo T - período de duração do sinal Após o cálculo de RMS para cada passada, foi calculada uma média desses valores para cada coleta e, posteriormente foi calculada um média com os valores obtidos para cada uma das coletas para se encontrar um valor médio de RMS para cada indivíduo, para cada músculo analisado e separados em apoio direito e esquerdo. Para o Grupo Controle, da mesma forma realizada para os parâmetro de FRS, foi calculada uma média entre os valores médios de RMS obtidos do apoio direito e esquerdo, gerando um único valor de RMS para cada músculo para representar cada indivíduo do Grupo Controle. Para o Grupo II, os valores médios obtidos para cada um dos pacientes foram separados em H.S. e H.A., conforme o procedimento já realizado para os parâmetros de FRS. 4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS Para a análise estatística descritiva dos dados foi realizado o cálculo das médias, desvio-padrão e coeficientes de variação dos dados dos parâmetros de FRS através do Software Excel 97. Já o cálculo do coeficiente de variação do sinal eletromiográfico e das curvas médias de FRS foi realizado automaticamente no Software Matlab 6.1, através da rotina BIONICA. Para a análise da estatística inferencial foi utilizado o Software Matlab 6.1, onde foi realizado o teste estatístico não-paramétrico de Wilcoxon para dados independentes, realizado entre o Grupo Controle e o H.S. e entre o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes do Grupo II, e para dados pareados, realizado entre o H.S. e o H.A. (PAGANO; GAUVREAU, 2004). O teste estatístico foi aplicado nos dados de FRS e EMG através da rotina TEST_WILCOXON (ANEXO V) desenvolvida para este estudo através do Software MatLab 6.1. O Software Origin 6.0 foi utilizado para a realização da análise de regressão linear entre os parâmetros de FRS, visando investigar possíveis correlações lineares positivas (diretamente proporcionais) ou negativas (inversamente proporcionais) entre os dados (PAGANO; GAUVREAU, 2004). O mesmo software foi utilizado para o desenvolvimento de gráficos sob a forma de Box Plots, construídos a partir dos valores médios individuais para cada parâmetro, possibilitando uma melhor visualização da dispersão inter-individual dos dados de FRS, RMS e CV para o Grupo Controle e para o Grupo II (subdivido em H.S. e H.A.). Os Box Plots são similares aos gráficos de dispersão unidimensionais, pois exigem um único eixo; em vez de se plotar cada observação, eles exibem um resumo dos dados. A caixa central estende-se desde o 25º percentil até o 75º percentil. Os 25º e 75º percentis de um conjunto de dados são chamados de quartis de dados. A linha que corre entre os quartis marca o 50º percentil do conjunto de dados. Se o 50º percentil encontra-se aproximadamente a meio caminho entre os quartis, implica que as observações no centro do conjunto de dados são razoavelmente simétricas. As linhas que se projetam para fora da caixa em ambos os lados estendem-se para valores adjacentes do gráfico. Esses valores adjacentes são as observações mais extremas no conjunto de dados que estão a mais de 1,5 vez a altura da caixa além dos quartis. Nos conjuntos razoavelmente simétricos, os valores adjacentes aproximadamente 99% das medidas (PAGANO; GAUVREAU, 2004). devem conter 5. RESULTADOS 5.1 ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE FORÇA DE REAÇÃO VERTICAL DO SOLO E ELETROMIOGRAFIA DURANTE O CICLO COMPLETO DA MARCHA 5.1.1 PARÂMETROS DE FORÇA DE REAÇÃO VERTICAL DO SOLO Os valores da média, desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) dos dados médios por indivíduo de cada parâmetro, analisados em cada grupo (I- Controle e II - Hemiparéticos – este subdividido em H.S. e H.A.), são apresentados na TABELA 1. As medidas de tendência central e dispersão destes dados médios estão também representados sob a forma de Box Plots (FIGURA 25). Na TABELA 2 encontram-se ainda, para todas as variáveis de força de reação vertical do solo, os resultados do Teste de Wilcoxon para dados independentes, realizado entre o Grupo Controle e o H.S. e entre o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes do Grupo II, e para dados pareados, realizado entre o H.S. e o H.A.. Na TABELA 1 observa-se que o valor médio do PPF para o Grupo Controle foi cerca de 3% maior que o encontrado para o H.S. e H.A. dos pacientes do Grupo II. Tal superioridade fica ainda mais evidente ao comparar-se as dispersões (FIGURA 25-A) dos dados médios por indivíduo do Grupo Controle com os do H.S. e também com os do H.A.. Devido a grande variabilidade dos dados deste último grupo (FIGURA 25-A), a diferença em relação aos do Grupo Controle é menos significativa que a entre controle e H.S. (pH0 = 0,0005 e pH0 = 0,0002, respectivamente - TABELA 2). Também devido a esta maior dispersão (maior variabilidade inter-individual), apesar de aparentemente os dados do H.A. apresentarem uma pequena tendência a serem menores que os do H.S., não foram encontradas diferenças significativas entre estes (pH0 > 0,4 – TABELA 2). O valor médio do SPF para o Grupo Controle foi cerca de 14% maior que o encontrado para o H.S., e cerca de 11% maior que o encontrado para o H.A.. Além disso, o valor do SPF no H.A. foi cerca de 3% maior do que aquele encontrado para o H.S. (TABELA 1). A baixa dispersão dos dados, apesar da assimetria presente na distribuição destes (FIGURA 25-B), colaborou para que houvesse diferença significativa entre os valores obtidos para o Grupo Controle e para o Grupo II, tanto no H.S. quanto no H.A. (pH0 = 0,0001 e pH0 = 0,0001, respectivamente - TABELA 2). A diferença foi menos significativa ao comparar os membros dos pacientes hemiparéticos (pH0 = 0,019 - TABELA 2). Durante o período de apoio simples, a magnitude do parâmetro FMA foi maior em aproximadamente 3% no H.S. dos pacientes quando comparado ao Grupo Controle e ao H.A. (TABELA 1). Mesmo apresentando maior variabilidade dos dados para o H.S. dos pacientes (FIGURA 25-C), a magnitude da FRS durante o médio apoio foi estatisticamente diferente daquela encontrada para o Grupo Controle (pH0 = 0,028 – TABELA 2). Porém, quando se comparou os valores médios deste parâmetro entre o H.A. e Grupo Controle e com o H.S., não houve diferença estatística entre eles (pH0 > 0,6 e pH0 > 0,06, respectivamente - TABELA 2). A TAP mostrou-se maior para os indivíduos do Grupo Controle quando comparados ao H.S. e ao H.A. dos pacientes, sendo maior em magnitude cerca de 46% e 43%, respectivamente. Além disso, a magnitude da TAP encontrada no H.A. foi maior em aproximadamente 6% com relação ao H.S. (TABELA 1). Na FIGURA 25-D é possível observar uma pequena dispersão dos dados, o que possibilitou estabelecer diferenças estatísticas ao se comparar os valores obtidos para o Grupo Controle com os do Grupo II, tanto para o H.S. quanto para o H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0002 e pH0 = 0,0002, respectivamente - TABELA 2). A diferença encontrada entre o H.S. e H.A. para este parâmetro foi menos significante (pH0 = 0,0039 – TABELA 2). O parâmetro IMP demonstrou maiores magnitudes no H.S. dos pacientes, tanto com relação ao Grupo Controle (maior em cerca de 37%) quanto ao H.A. (maior em cerca de 24%). Além disso, o valor médio de IMP obtido para o Grupo Controle também foi menor quando comparado ao H.A. dos pacientes em cerca de 17% (TABELA 1). Apesar de uma maior dispersão e assimetria dos valores para o Grupo II, principalmente para o H.S. dos pacientes (FIGURA 25-E), todas as diferenças encontradas são estatisticamente significativas, tanto ao comparar o Grupo Controle ao H.S. e H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0001 e pH0 = 0,0035, respectivamente - TABELA 2) quanto ao comparar os valores médios entre os membros dos pacientes hemiparéticos (pH0 = 0,002 - TABELA 2). 1.00 0.98 0.96 0.94 Controle H.S. H.A. Força no Médio Apoio / Peso Corporal 0.93 0.90 0.87 0.84 0.81 Controle H.S. H.A. % 1.20 1.10 1.00 0.90 0.80 0.70 & 0.96 0.78 Segundo Pico de Força / Peso Corporal 1.02 Taxa de Aceitação do Peso / Peso Corporal Primeiro Pico de Força / Peso Corporal $ 1.04 Controle H.A. ' 6.40 5.60 4.80 4.00 3.20 2.40 1.60 0.80 Controle H.S. H.A. ( 1.40 Impulso / Peso Corporal H.S. 1.20 1.00 0.80 0.60 0.40 Controle H.S. H.A. Figura 41 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados para os parâmetros de FRS analisados para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A. A – Primeiro Pico de Força; B – Segundo Pico de Força; C – Força no Médio Apoio; D – Taxa de Aceitação de Peso; E – Impulso. Tabela 1 – Valores de média, DP e CV das variáveis de força de reação do solo analisadas para Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). ÅÇÆÇÈÊÉ4Ë<ÆÇÌÎÍ ¡£¢e¤&¥¦¡¨§ æç2è éëê#èEç ì¾æèJíîì ù#ú ïÊðîñ-ò ó§ô)õ÷ö ó÷ö ø ûÀüLý)þ-ÿ -ÿ "!# 5 67 8 $&%#'( )+*-,/. )/. 0 1324*-,. ). 0 9:*;0 5 678</ =4>?@BA JLK/MN"M $&%#'( )+*-,/. )/. 0 C3D4E-FG HG I OPQRS TUVUXWY ced fgihkjlmn vwyxz/{|w Z&[#\] ^+_-`/a ^/a b o3p4q-rs ts u }~ B| &# -/ 34- ÏÑÐÒÔÓÎÕxÖÇ×DØ²Ö ÛÜ8Ý ÏÑÐÒÙÓÎÕxÖÇ×ÚØ²Ö ÞLßxàÇá»âã4äÎåà 1.01 0.01 0.7 0.98 0.01 0.9 0.98 0.02 1.9 1.05 0.01 1.4 0.90 0.03 3.5 0.93 0.02 2.5 0.85 0.007 0.9 0.88 0.03 3.3 0.85 0.014 1.7 5.14 0.12 2.3 2.74 0.13 4.7 2.92 0.16 5.6 0.58 0.01 1.1 0.92 0.22 23.5 0.70 0.12 16.7 Tabela 2 – Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando as variáveis de força de reação vertical do solo entre Controle x H.S., Controle x H.A. e H.S. x H.A. © ª¬«®"¯ °±²´³ ÓÔÕiÖØ×ÕBÔÚÙ4Ó/Õ Û®Ù ÜÝØÞàßáÚâ®ã äå#æ/çÒèêéÒë4ìíïîàë éåØðàëñÚò®ó ðëñôòõó4èêë ö ÷ øùïúüû3ý#úþù ú ÿ "!#%$ & ' **pH0 < 0.01; *pH0 < 0.05 µ·¶&¸¹|ºk¶·»"¼½¿¾ÁÀ£Â&À ÷ķŠÆ|ÇÈÄ&ÉBÊ<ËÍÌÏÎ"ÐÏÎ ÌÏΨÑ&ÎÒËÍÌÏÎiÐÁÎ pH0= 0.0002 ** pH0= 0.0005 ** pH0= 0.4375 pH0= 0.0001 ** pH0= 0.0001 ** pH0= 0.0195 * pH0= 0.0278 * pH0= 0.6031 pH0= 0.0645 pH0= 0.0002 ** pH0= 0.0002 ** pH0= 0.0039 ** pH0= 0.0001 ** pH0= 0.0035 ** pH0= 0.0020 ** 5.1.2 PARÂMETROS TEMPORAIS Ao analisar o parâmetro CAD, foi verificado que o grupo de pacientes hemiparéticos apresentou maiores valores médios quando comparados ao Grupo Controle, sendo maior para o H.S. em aproximadamente 23% e para o H.A. em cerca de 34%. Os resultados também mostram que a CAD apresentada pelo H.A. foi aumentada em cerca de 14% com relação ao H.S. (TABELA 3). Através da FIGURA 26-A torna-se possível observar que, tanto para o Grupo Controle quanto para o Grupo II, a dispersão dos valores obtidos para CAD é bastante pequena, sendo esta muito menor para o Grupo Controle. Além disso, nota-se uma razoável assimetria na distribuição desses valores para o Grupo II. Esta baixa dispersão dos dados, permitiu que as diferenças encontradas entre os grupos fossem significativas, tanto ao se comparar o Grupo Controle ao H.S. ou ao H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0002 e pH0 = 0,0002, respectivamente - TABELA 4) quanto ao comparar os valores médios entre os membros dos pacientes hemiparéticos (pH0 = 0,002 - TABELA 4). Na TABELA 3 observa-se que o valor médio obtido de TDA para o Grupo Controle é menor quando comparado ao H.S. e ao H.A. dos pacientes em cerca de 76% e 71%, respectivamente. Ao observar a FIGURA 26-B é possível verificar que para o Grupo II foi encontrada uma maior dispersão muito maior dos dados quando comparado ao Grupo Controle, principalmente no H.S. dos pacientes. Este fato não impediu que se encontrassem diferenças significativas ao se comparar o valor médio obtido para o Grupo Controle ao H.S. e H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0001 e pH0 = 0,0001, respectivamente - TABELA 4). Porém, não foi significante a diferença encontrada entre as médias do H.S. e H.A. dos pacientes hemiparéticos para o TDA (pH0 > 0,5 - TABELA 4). Também pôde ser constatado que, durante a marcha, o H.S. dos pacientes permaneceu um maior período em apoio simples quando comparado ao Grupo Controle e ao H.A., sendo maior em cerca de 46% e 20% respectivamente (TABELA 3). Ao analisar a FIGURA 26-C nota-se uma maior dispersão e assimetria dos valores médios para o Grupo II. Com isso, foi constatada diferença significativa apenas ao comparar o H.S. dos pacientes ao Grupo Controle e ao H.A. (pH0 = 0,0001 e pH0 = 0,002, respectivamente - TABELA 4), não havendo diferença significativa entre o período em que o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes permaneceram em apoio simples durante a marcha (pH0 > 0,2 - TABELA 4). Com relação ao parâmetro TC também ficou evidente que os pacientes do Grupo II permaneceram um maior período com os pés em contato com o solo durante a marcha do que o Grupo Controle, tanto ao analisar o H.S. (64% maior) quanto o H.A. (48% maior). Além disso, o H.S. dos pacientes permaneceu em contato com o solo cerca de 29% a mais do que o H.A. (TABELA 3). Apesar de uma dispersão muito maior nos dados obtidos para Grupo II (FIGURA 26-D), a diferença entre o H.S. e H.A. (pH0 = 0,002 – TABELA 4) e as diferenças com relação ao Grupo Controle (pH0 = 0,0001 e pH0 = 0,0001, respectivamente - TABELA 4) foram significativas. $ 160 150 140 130 120 110 100 90 Tempo de Apoio Simples (s) 80 Controle H.S. & 1.50 1.00 0.50 0.00 Controle HS HA 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 H.A. 2.00 % 5.00 Tempo de Duplo Apoio (s) 170 Controle HS HA ' 8.00 Tempo de Contato (s) Cadência (passos/min.) 180 6.00 4.00 2.00 0.00 Controle HS HA Figura 42 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados para os parâmetros temporais analisados para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A. A – Cadência; B – Tempo de Duplo Apoio; C – Tempo de Apoio Simples; D – Tempo de Contato. Tabela 3 – Valores de média, DP e CV das variáveis temporais para Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). (*),+.-/0),132 ÔYÕ×ÖBØ3Ù.ÚÛLØÝÜ 46587:93;<*=>?< CEDEF 465@7A93;<*=B>.< GIHJLKNMPOQ3R8J f%gihjkilm g SETBUV WYX[ZBW\]\]^_\a`0bYV cd e n%oqparBst]t]ut[vxwIy z{ | }~a" 103.37 0.41 0.4 134.35 4.11 3.1 157.03 4.20 2.7 i 8 @ E Ya] q] a "¡ 0.32 0.01 2.0 1.31 1.08 82.8 1.11 0.70 62.6 ¢£i¤ « £ ®E¯°±²°´³%±²µ¯¶ ·i¸ ¥E¦§¨ ©Yaª]¡ ¬qª]¡ ¹º»a¼"½ 0.42 0.00 1.0 0.78 0.39 50.3 0.62 0.35 56.1 ¾·iµ¯° Å · ÈÉÊËÍÌÎË]É ¿EÀÁ ÃY»aÄ]½ ÆÇq»Ä]½ ÏÐÑaÒ"Ó 0.75 0.00 0.4 2.07 1.47 70.9 1.46 0.95 64.7 Tabela 4 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando as variáveis temporais entre Controle x H.S., Controle x H.A. e H.S. x H.A. ÞYß*àáãâäEå×áçæ !" #%$&'(*)+& (-,( ./0& (1"/ 2+34-54675839:<; =:83 4>": ?7@-A BDC BD@ è,éëêìíxéëîãïñðóò´ôöõ,ô ÷*øëùEúÎûüøëý3þ ÿ ÿ pH0= 0.0002 ** pH0= 0.0002 ** pH0= 0.002 ** pH0= 0.0001 ** pH0= 0.0001 ** pH0= 0.5469 pH0= 0.0001 ** pH0= 0.2094 pH0= 0.0020 ** pH0= 0.0001 ** pH0= 0.0001 ** pH0= 0.0020 ** **pH0 < 0.01 5.1.3 PARÂMETROS ESPACIAIS Os indivíduos do Grupo Controle apresentaram um CP maior em cerca de 26% quando comparado ao H.S. e ao H.A. dos pacientes hemiparéticos (TABELA 5). Ao observar a FIGURA 27-A, verifica-se uma dispersão dos valores bastante pequena. Todavia, não foi encontrada diferença significante ao comparar os valores obtidos para o Grupo Controle ao H.S. e H.A. dos pacientes (pH0 > 0,8 e pH0 > 0,9, respectivamente – TABELA 6). Visto que os valores de CP obtidos para o H.S. e o H.A. dos pacientes foram similares, também não foi caracterizada diferença significante entre eles (pH0 > 0,3 - TABELA 6). Quando analisou-se a BS durante a caminhada, foi verificado que tanto no H.S. como no H.A. dos pacientes hemiparéticos foram encontrados maiores valores deste parâmetro com relação ao Grupo Controle. O tamanho da BS encontrada para o H.S. e para o H.A. foi maior em cerca de 6% e 7% com relação ao Grupo Controle, respectivamente. Além disso, o valor da BS encontrada para o H.A. foi 1,5% maior do que aquele encontrado para o H.S. (TABELA 5). Na FIGURA 27-B é possível notar uma razoável dispersão e assimetria na distribuição dos valores obtidos tanto para o Grupo Controle quanto para o Grupo II. Porém, esta dispersão não impediu que fossem caracterizadas diferenças significativas ao comparar o Grupo Controle ao H.S. e H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0032 e pH0 = 0,0025, respectivamente – TABELA 6), nem $ 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 % 12,50 Base de Suporte (cm) Comprimento da Passada (u.a.) mesmo ao se comparar um membro ao outro no Grupo II (pH0 = 0,0273 – TABELA 6). 12,00 11,50 11,00 10,50 10,00 9,50 Controle H.S. H.A. Controle H.S. H.A. Figura 43 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados para os parâmetros espaciais analisados para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A. A – Comprimento da Passada; B – Base de Suporte. Tabela 5 – Valores de média, DP e CV das variáveis espaciais para Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). |´ µc¶X·¸Y¹»ºc·½¼ ijkml"nDokpqsrtj u\vxwsy z|{~}< z " -| ~< X<" m~ X \ | ¢¡ £ ¤"¥ ¦-§ ¢¡ £ ¨-©"ª<«¬t® ¯°m±~²³ E FHG7I<JKF LM NPO+QSRTU VXWYU Z\[\] NPO+QSRTU VXWYU ^`_acbedf<gh+a 0.69 0.00 0.7 0.51 0.01 2.3 0.51 0.01 2.2 10.62 0.36 3.4 11.29 0.45 4.0 11.46 0.51 4.5 Tabela 6 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando as variáveis espaciais entre Controle x H.S., Controle x H.A. e H.S. e H.A.. À¾ ¿HÁÃÂÄ\Å+Æ%ÂÈÇ è7éêëìKí½êîïðDéñò ó"ô"õõxô"öô ÷øùxúüûú ý7þ-ÿ **pH0 < 0.01; ÉËÊËÌ»Í ÎÏÊËнÑÓÒÕÔÖ ×ØÖ ÙËÚËÛ»Ü ÝÞÚËßÈàâáÕãäåä ãäçæ`äáãäåä pH0= 0.8712E-4 ** pH0= 0.9424E-4 ** pH0= 0.317 pH0= 0.0032 ** pH0= 0.0025 ** pH0= 0.0273 * *pH0 < 0.05 5.1.4 PARÂMETROS ELETROMIOGRÁFICOS Os valores da média, DP e CV dos dados médios de RMS de cada músculo por indivíduo, analisados em cada grupo (I- Controle e II - Hemiparéticos – este subdividido em H.S. e H.A.), são apresentados na TABELA 7. As medidas de tendência central e dispersão destes dados médios estão também representados sob a forma de Box Plots na FIGURA 28. Por fim, na TABELA 2 encontram-se ainda, para os dois músculos analisados, os resultados do Teste de Wilcoxon para dados independentes, realizado entre o Grupo Controle e o H.S. e entre o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes do Grupo II, e para dados pareados, realizado entre o H.S. e o H.A.. Na análise do sinal EMG do músculo GM durante o ciclo completo da marcha, o valor de RMS obtido para o Grupo Controle foi maior em cerca de 47% quando comparado ao valor de RMS obtido do mesmo músculo para o H.A. dos pacientes hemiparéticos. Além disso, o valor de RMS obtido na mesma situação para o H.S. foi maior em aproximadamente 39% com relação ao H.A. (TABELA 7). Na FIGURA 28-A é possível observar uma grande dispersão dos valores de RMS obtidos para o H.A. dos pacientes hemiparéticos, todavia esses valores se mostram razoavelmente simétricos quando comparados ao Grupo Controle e H.S.. Além disso, ao analisar-se o H.S. dos pacientes é possível verificar que os valores extremos de RMS se encontram mais distantes da maior concentração de dados que os extremos do Grupo Controle e do H.A. destes pacientes (FIGURA 28-A). Em vista disso, foi possível encontrar uma diferença significante apenas ao comparar o valor médio de RMS entre o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0005 – TABELA 8). Ao comparar-se o H.S. ao H.A. foi encontrada também uma diferença menos significativa (pH0 = 0,0492 – TABELA 8). Ao analisar a atividade elétrica do músculo TA também durante o ciclo completo da marcha, verificou-se um valor de RMS maior para o Grupo Controle quando comparado ao H.S. e ao H.A. dos pacientes em 26% e 29%, respectivamente. Porém, quando comparado ao H.A., o H.S. dos pacientes apresentou um valor médio de RMS maior em cerca de 4.6% (TABELA 7). Ao observar a FIGURA 28-B, nota-se que a dispersão dos dados obtidos para o Grupo Controle e H.S. dos pacientes são menores do que aquela apresentada no H.A.. Também é possível verificar que a distribuição dos valores de RMS do músculo TA se dá de forma assimétrica para o Grupo II. Em vista disso, a diferença encontrada entre os valores do Grupo Controle e os valores do H.A. dos pacientes é menos significante do que aquela encontrada entre o Grupo Controle e o H.S. (pH0 = 0,0283 e pH0 = 0,0041, respectivamente – TABELA 8). Além disso, não foi encontrada diferença significativa entre os valores de RMS obtidos para o H.S. e H.A. dos pacientes hemiparéticos (pH0 > 0,4 – TABELA 8). $ RMS do TA durante o ciclo da marcha (u.a.) RMS do GM durante o ciclo da marcha (u.a.) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 % 10 8 6 4 2 0 Controle H.S. Controle H.A. H.S. H.A. Figura 44 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados do sinal EMG através do valor de RMS para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A.. A – RMS do músculo GM durante o ciclo completo da marcha; B – RMS do músculo TA durante o ciclo completo da marcha. Tabela 7 - Valores de média, DP e CV dos valores de RMS obtidos para os músculos GM e TA durante o ciclo completo da marcha para o Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). "! ')()* #$% &! +-,. /103245. 6 798;:%<>=@?BADC RTSUVSXWYR c&d%egf%hjikld E3FHGJI KLDMON KBNQP Z\[^]_` aJ` b mOnporqts 4.445 0.60 13.5 3.835 1.12 29.1 2.330 1.14 48.9 uJvxwy%z>{%|}l~ TVXY &%g% ~} 3HJ D O BQ \ J O rt 5.351 0.90 16.9 3.973 1.00 25.2 3.788 2.38 62.8 Tabela 8 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de RMS do sinal EMG dos músculos GM e TA captados durante o ciclo completo da marcha. -t \ ¡¢¤£¦¥§©¨§ ª«#¬;® «¯°¤±³²´Yµ´ ²´·¶´J±¦²´¸µ^´ ¹ º¼»¾½B¿ÀBÁÂà # ÄÅHÆjÅ&ÇVÄ^ÅÈľÉTÊBÇjËÌ>Ä pH0= 0.0536 pH0= 0.0005 ** pH0= 0.0488 * ÍOÎgÏ@ÐBÑrÒBÓÔÕ Ö×HØj×&ÙVÖ^×ÈÖ¾ÚTÛBÙ ÕÔ Ö pH0= 0.0041 ** pH0= 0.0283 * pH0= 0.4922 **pH0 < 0.01; *pH0 < 0.05 5.1.5 ANÁLISE DAS CORRELAÇÕES VERTICAL DO SOLO ENTRE OS PARÂMETROS DE FORÇA DE REAÇÃO Estão plotados nos diagramas de dispersão bidiomensionais os valores médios de cada coleta, correspondentes a cada indivíduo para cada um dos grupos analisados. Através do diagrama de dispersão realizado com os valores médios obtidos para cada indivíduo entre os parâmetros de FRS, TAP e PPF, foi possível observar através da análise de regressão linear uma baixa correlação positiva (r = 0.35001; R2 = 0.12251), porém significante (pH0= 3,57305E-4), entre esses parâmetros para os indivíduos do Grupo I ou Controle (FIGURA 29-A) . Esta correlação também foi significante (pH0= 0,02405) ao se analisar os valores obtidos para o H.S. dos pacientes do Grupo II, apresentando da mesma forma observada para o Grupo Controle, uma baixa correlação positiva entre estes parâmetros (r = 0.29352; R2 = 0.08616) (FIGURA 29-B). Porém, quando analisou-se o H.A. dos mesmos pacientes, não foi observada correlação entre os parâmetros acima citados (r = 0.08809; R2 = 0.00776), consequentemente não obtendo 7.00 % $ Regressão Linear 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 0.90 0.95 1.00 1.05 1.10 1.15 1.20 Primeiro Pico de Força / Peso Corporal Regressão Linear 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 0.90 0.92 0.94 0.96 0.98 1.00 1.02 1.04 1.06 1.08 Primeiro Pico de Força / Peso Corporal Taxa de Aceitação de Peso / Peso Corporal Taxa de Aceitação de Peso / Peso Corporal Taxa de Aceitação do Peso / Peso Corporal uma relação estatisticamente significante (pH0= 0,70414) (FIGURA 29-C). & Regressão Linear 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 0.87 0.90 0.93 0.96 0.99 1.02 1.05 Primeiro Pico de Força / Peso Corporal Figura 45 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros TAP e PPF, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. Ao se analisar a correlação entre os parâmetros de FRS, IMP e SPF, pode-se verificar uma correlação positiva (r = 0.60642; R2 = 0.36774) e estatisticamente significante (pH0 < 0.0001) para os indivíduos do Grupo Controle (FIGURA 30-A). O mesmo não ocorreu quando foram analisados estes mesmos parâmetros para o Grupo II. Tanto o H.S. (r = -0.04085; R2 = 0.00166; pH0= 0.83028) (FIGURA 30-B) quanto o H.A. (r = -0.16371; R2 = 0.02680; pH0= 0.387361) não apresentaram correlação significante entre IMP e SPF (FIGURA 30-C), apesar de demonstrarem uma leve tendência à correlação negativa. $ Regressão Linear Impulso / Peso Corporal 1.50 1.35 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.45 0.95 1.00 1.05 1.10 1.15 1.20 1.25 Segundo Pico de Força / Peso Corporal % & Regressão Linear 1.50 1.50 1.35 1.35 Impulso / Peso Corporal Impulso / Peso Corporal Regressão Linear 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.45 0.45 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00 Segundo Pico de Força / Peso Corporal 0.72 0.80 0.88 0.96 1.04 Segundo Pico de Força / Peso Corporal Figura 46 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e SPF, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. Ao relacionar os valores de IMP e TC obtidos dos indivíduos do Grupo Controle, não foi possível observar uma correlação significante entre esses parâmetros (r = 0.02408; R2 = 0.00058; pH0= 0.812024) (FIGURA 31-A). Porém, através da regressão linear entre esses parâmetros realizada para o Grupo II, foi possível caracterizar uma forte correlação positiva tanto para o H.S. (r = 0.67759; R2 = 0.45914; pH0= 3.89967E-05) (FIGURA 31-B) quanto para o H.A. (r = 0.75069; R2 = 0.56354; pH0= 1.76873E-06 ) dos pacientes hemiparéticos (FIGURA 31-C). $ Regressão Linear Impulso / Peso Corporal 1.50 1.35 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.45 0.65 0.70 0.75 0.80 0.85 0.90 Tempo de Contato (s) % & Regressão Linear Regressão Linear 1.50 Impulso / Peso Corporal Impulso / Peso Corporal 1.50 1.35 1.20 1.05 0.90 0.75 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.60 0.45 0.00 1.35 0.45 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 Tempo de Contato (s) 6.00 7.00 0.80 1.60 2.40 3.20 4.00 Tempo de Contato (s) Figura 47 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e TC, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. O mesmo comportamento observado anteriormente se repete para o Grupo Controle, o qual não demonstrou nenhuma correlação entre os parâmetros IMP e TDA (r = 0.04131; R2 = 0.00171; pH0= 0.639199) (FIGURA 32-A). Para o Grupo II, foi possível verificar que existe uma forte correlação entre esses parâmetros, seja para o H.S. (r = 0.66566; R2 = 0.44310; pH0= 5.96228E-05) (FIGURA 32-B) ou para o H.A. (r = 0.93345; R2 = 0.87134; pH0= 5.42659E-14) (FIGURA 32-C). $ Regressão Linear Impulso / Peso Corporal 1.50 1.35 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.45 0.24 0.27 0.30 0.33 0.36 0.39 0.42 Tempo de Duplo Apoio (s) % & Regressão Linear 1.50 1.50 1.35 1.35 Impulso / Peso Corporal Impulso / Peso Corporal Regressão Linear 1.20 1.05 0.90 0.75 1.05 0.90 0.75 0.60 0.60 0.45 0.00 1.20 1.00 2.00 3.00 4.00 Tempo de Duplo Apoio (s) 5.00 0.45 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 Tempo de Duplo Apoio (s) Figura 48 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e TDA, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. Da mesma forma, o parâmetro IMP não mostrou uma relação linear significante com o parâmetro TAS para o Grupo Controle (r = -0.04119; R2 = 0.00169; pH0= 0.836561) (FIGURA 33-A). Na análise do Grupo II, novamente foi encontrada uma forte correlação positiva entre o parâmetro IMP e um parâmetro temporal, neste caso, o TAS, tanto para o H.S. (r = 0.66928; R2 = 0.44794; pH0= 5.25129E-05) (FIGURA 33-B) como para o H.A. ( r = 0.89464; R2 = 0.80038; pH0= 1.03053E-07) (FIGURA 33-C). $ Regressão Linear Impulso / Peso Corporal 1.50 1.35 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.45 0.38 0.40 0.42 0.44 0.46 Tempo de Apoio Simples (s) & Regressão Linear 1.50 1.35 1.35 Impulso / Peso Corporal Impulso / Peso Corporal % 1.50 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.45 0.30 Regressão Linear 1.20 1.05 0.90 0.75 0.60 0.45 0.60 0.90 1.20 1.50 Tempo de Apoio Simples (s) 1.80 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 Tempo de Apoio Simples (s) Figura 49 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros IMP e TAS, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. Ao analisar os valores de CAD e CP obtidos dos indivíduos do Grupo I ou Controle, foi possível observar através da regressão linear uma forte e significante correlação negativa entre esses parâmetros (r = 0.83129 ;R2 = 0.69106; pH0 < 0.0001) (FIGURA 34-A). O mesmo não ocorre ao se analisar os diagramas de dispersão dos mesmos parâmetros com os valores obtidos para o Grupo II. Tanto o H.S. (r = 0.00493; R2 = 2.43195E-05; pH0= 0,96865) (FIGURA 34-B) quanto o H.A. (r = 0.09089; R2 = 0.00826; pH0= 0,46797) (FIGURA 34-C) dos pacientes deste grupo não apresentaram uma relação linear entre a CAD e o CP. Comprimento da Passada (u.a.) $ Regressão Linear 0.84 0.78 0.72 0.66 0.60 0.54 0.48 0.42 90.0 96.0 102.0 108.0 114.0 120.0 Cadência (passos/minuto) % & Regressão Linear 0.84 0.84 Comprimento da Passada (u.a.) Comprimento da Passada (u.a.) Regressão Linear 0.78 0.72 0.66 0.60 0.54 0.48 0.42 105.0 120.0 135.0 150.0 165.0 Cadência (passos/minuto) 180.0 195.0 0.78 0.72 0.66 0.60 0.54 0.48 0.42 130.0 140.0 150.0 160.0 170.0 180.0 190.0 Cadência (passos/minuto) Figura 50 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros CP e CAD, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. Ao relacionar o parâmetro espacial BS ao parâmetro temporal TDA obtido para os indivíduos do Grupo Controle, não foi possível, através da regressão linear, observar uma correlação significante entre eles (r = -0.08297; R2 = 0.00688; pH0= 0.451696) (FIGURA 35-A). Analisando-se a correlação entre estes parâmetros para o Grupo II, observou-se no H.S. (r = -0.26183; R2 = 0.06856; pH0= 0.162199) (FIGURA 35-B) e no H.A. (r = -0.36629; R2 = 0.13417; p= 0.046501) (FIGURA 35-C), uma tendência à uma correlação linear negativa entre os dados, sendo que para este último a mesma é significativa (pH0<0.05). $ Regressão Linear Base de Suporte (cm) 16.0 14.0 12.0 10.0 8.0 6.0 0.24 0.27 0.30 0.33 0.36 0.39 0.42 Tempo de Duplo Apoio (s) % & Regressão Linear 16.0 16.0 14.0 14.0 Base de Suporte (u.a.) Base de Suporte (cm) Regressão Linear 12.0 10.0 8.0 6.0 0.00 12.0 10.0 8.0 6.0 1.00 2.00 3.00 4.00 Tempo de Duplo Apoio (s) 5.00 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 Tempo de Duplo Apoio (s) Figura 51 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros BS e TDA, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. Da mesma forma que ocorreu anteriormente, o parâmetro BS não mostrou uma correlação linear com um parâmetro temporal, neste caso, o TAS. Isso ocorreu tanto para o Grupo Controle (r = -0.0209; R2 = 0.4.36797E-4; pH0= 0.863632) (FIGURA 36A) quanto para o H.S. (r = -0.20506; R2 = 0.04205; pH0= 0.277006) (FIGURA 36-B) e H.A. (r = 0.33395; R2 = 0.11152; pH0= 0.15015) (FIGURA 36-C) dos pacientes que compõem o Grupo II. $ Regressão Linear Base de Suporte (u.a.) 16.0 14.0 12.0 10.0 8.0 6.0 0.38 0.40 0.42 0.44 0.46 Tempo de Apoio Simples (s) % & Regressão Linear 16.00 16.0 14.00 14.0 Base de Suporte (cm) Base de Suporte (cm) Regressão Linear 12.00 10.00 8.00 12.0 10.0 8.0 6.0 6.00 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 Tempo de Apoio Simples (s) 1.60 1.80 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 Tempo de Apoio Simples (s) Figura 52 – Diagramas de dispersão bidimensionais relacionando os parâmetros BS e TAS, através da análise de Regressão Linear. A – Grupo I ou Controle; B - Grupo II–H.S.; C – Grupo II–H.A. 5.2 ANÁLISE COMPARATIVA DOS PARÂMETROS DE ELETROMIOGRAFIA DURANTE AS FASES DE APOIO SIMPLES E BALANÇO Os valores da média, DP e CV dos dados médios de RMS calculados por indivíduo a partir do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA durante o apoio simples e balanço, analisados em cada grupo (I- Controle e II - Hemiparéticos – este subdividido em H.S. e H.A.), são apresentados na TABELA 9. As medidas de tendência central e dispersão destes dados médios estão também representados sob a forma de Box Plots na FIGURA 37. Os resultados do Teste de Wilcoxon para dados independentes, realizado entre o Grupo Controle e o H.S. e entre o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes do Grupo II, e para dados pareados, realizado entre o H.S. e o H.A. para os dois músculos analisados nas duas fases distintas do ciclo da marcha, encontram-se na TABELA 10. Ao analisar a atividade eletromiográfica do músculo GM durante a fase de apoio simples da marcha, observou-se um valor de RMS maior para o Grupo Controle quando comparado ao H.S. e ao H.A. dos pacientes, sendo maior em aproximadamente 25% e 60%, respectivamente. Além disso, o músculo GM do H.S. dos pacientes apresentou um valor de RMS maior em 47% quando comparado ao H.A. durante esta fase da marcha (TABELA 9). Na representação gráfica é possível observar uma assimetria na distribuição dos valores de RMS do músculo GM, presente tanto no Grupo Controle quanto no Grupo II, além de uma maior variabilidade dos dados no H.S. desses indivíduos (FIGURA 37-A). Apesar da dispersão dos dados, foi encontrada diferença significativa entre o Grupo Controle e o H.S. e H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0082 e pH0 = 0,0002, respectivamente - TABELA 10) ao analisar o músculo GM nesta fase da marcha. Também houve uma diferença significativa entre os valores de RMS obtidos para o H.S. e H.A. dos pacientes hemiparéticos (pH0 = 0,002 - TABELA 10). Na análise da atividade elétrica do músculo TA também durante a fase de apoio simples, foi verificado que o valor de RMS nesta fase foi maior em cerca de 39% para o Grupo Controle com relação ao H.S. dos pacientes e cerca de 42% maior com relação ao H.A.. Além disso, o valor médio de RMS obtido para o H.S. foi maior em cerca de 4,9% com relação ao H.A. (TABELA 9). Porém, como pode ser visualizado na FIGURA 37-B, há uma grande assimetria e dispersão desses dados para o H.A. dos pacientes. Provavelmente devido a esta maior dispersão, não houve diferença significativa ao comparar os valores de RMS do H.A. com o Grupo Controle e com o H.S. (pH0 > 0,05 e pH0 > 0,5, respectivamente - TABELA 10). Somente foi constatada diferença significativa ao comparar o Grupo Controle ao H.S. dos pacientes hemiparéticos (pH0 = 0,0009 - TABELA 10). Durante a fase de balanço, o músculo GM apresentou maiores valores de RMS para o Grupo Controle e para o H.S. dos pacientes em cerca de 33% e 36% com relação ao H.A. A diferença entre o valor médio de RMS entre o Grupo Controle e o H.S. dos pacientes foi de apenas 5% (TABELA 9). Na FIGURA 37-C é possível verificar que os valores de RMS calculados para o músculo GM no H.S. dos pacientes nesta fase apresentaram uma dispersão inter-individual razoável , e que no H.A. os valores médios extremos estão mais distantes da maior concentração dos valores encontrados do que no H.S. dos pacientes e no Grupo Controle, mesmo apresentando uma menor dispersão destes valores entre os quartis. Devido à proximidade dos valores obtidos para o Grupo Controle e H.S., não foi encontrada diferença significante ao compará-los (pH0 > 0,7 TABELA 10). Porém, ao comparar os valores do Grupo Controle ao H.A. e comparar os valores obtidos entre os dois membros dos pacientes hemiparéticos, foram constatadas diferenças significativas (pH0 = 0,0081 e pH0 = 0,0488, respectivamente TABELA 10). Os valores médios de RMS obtidos do músculo TA durante a fase de balanço foram maiores para o H.S. dos pacientes, tanto com relação ao Grupo Controle (cerca de 1,3%) quanto ao H.A. ( 6,6%). A diferença encontrada para os valores de RMS entre o Grupo Controle e o H.A. foi de apenas 5,3% (TABELA 9). A variabilidade interindividual e assimetria dos valores de RMS do músculo TA nesta fase para o H.A. foram bastante grandes (FIGURA 37-D). Devido a similaridade dos valores de RMS encontrados para os grupos e grande dispersão nos dados do H.A. dos pacientes, não foram encontradas diferenças significativas em nenhuma das comparações realizadas (TABELA 10). Comparando-se os valores obtidos de RMS para os músculos GM e TA durante o período de apoio simples, nota-se que apenas para o H.A. não existe uma diferença significante destes valores (TABELA 11). Tanto para o Grupo Controle quanto para o H.S. destes pacientes, os valores RMS obtidos para o músculo GM durante este período foram significantemente maiores do que para o músculo TA (TABELA 11). Porém, ao realizar esta comparação durante o período de balanço, foi encontrada diferença estatística entre os valores de RMS obtidos para estes músculos, tanto para o Grupo Controle quanto para o Grupo II, mostrando maiores valores de RMS para o músculo TA durante este período (TABELA 11). Quando se comparou os valores de RMS obtidos apenas do músculo GM entre os diferentes períodos (apoio simples e balanço), foram encontradas diferenças estatísticas com maiores valores de RMS para este músculo durante o período de apoio simples, tanto para o Grupo Controle quanto para o Grupo II (TABELA 11). Ao realizar esta mesma comparação entre os valores RMS do músculo TA, foi encontrada diferença estatística apenas para o H.S. dos pacientes, com maiores valores de RMS deste $ RMS do GM durante o apoio simples (u.a.) 12 10 8 6 4 2 RMS do TA durante o apoio simples (u.a.) músculo durante o período de balanço (TABELA 11). Controle HS 6 4 2 HA Controle & 3 2 1 Controle HS HA HS HA ' 10 RMS do TA durante o balanço (u.a.) 4 RMS do GM durante o balanço (u.a.) 8 0 0 0 % 10 8 6 4 2 0 Controle HS HA Figura 53 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão dos dados do sinal EMG através do valor de RMS para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A.. A – RMS do músculo GM durante o apoio simples; B – RMS do músculo TA durante o apoio simples; C - RMS do músculo GM durante o balanço; D - RMS do músculo TA durante o balanço. Tabela 9 - Valores de média, DP e CV dos valores de RMS obtidos para os músculos GM e TA durante o ciclo completo da marcha para o Grupo Controle e Grupo II (H.S. e H.A.). \^]`_ ð ñ Ü Ý Þ3ßXàáÝ â·ã ò;ó%ô>õö÷ ø õ ùêú&ûJü ýÿþ ý þ ý äãåæç%Ýàéè3Ý ëíìêÝ ä ãåæç@ÝàéèêÝ î-çÝ å1ã3ßXæ·ïÝ 7.423 1.24 16.7 5.581 1.94 34.8 2.926 1.53 52.3 !#" & $ %('*)+, 7 8; 9 :<9;=>1? -/.102 34 56 36 @ACB DE FE G HI BJG 1.497 0.60 40.0 1.579 0.60 38.2 1.006 0.91 90.0 KL O M N;P 9(=QSR ? 9X?Y? ZY[X:RZ T/U1VW F4B DE FE G @ACB DE FE G HI BJG 3.865 1.74 44.9 2.348 0.28 11.7 2.233 1.76 79.0 KL O M N;P 9(=QSR ? 8; 9 :<9;=>1? T/U1VW F4B DE FE G @ACB DE FE G HI BJG 3.952 1.10 27.7 4.005 1.07 26.7 3.739 2.76 73.9 Tabela 10 - Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de RMS da EMG dos músculos GM e TA durante as fases de apoio simples e balanço. acbd egfih&jlkmfinoqpsrutwvgt xiyiz&{|my~}suC C gu<u l ~ uu pH0= 0.0082 ** pH0= 0.0002 ** pH0= 0.002 ** i¡¢£¤ ¥l¦* §4¨©ª©«¬§ pH0= 0.7624 pH0= 0.0081 ** pH0= 0.0488 * ®¯±°²³ ©«´µ §u©¶§·§u¸·¹¶ª µ¸ pH0= 0.0009 ** pH0= 0.0537 pH0= 0.5566 ®¯±°²³ ©«´µ §4¨©ª©«¬§ pH0= 0.344 pH0= 0.5453 pH0= 0.9219 **pH0 < 0.01; *pH0 < 0.05 Tabela 11 – Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon pareado comparando os valores de RMS do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA durante as fases de apoio simples e balanço. º¼»¾½À¿ ÁÃÂÅÄ Á¼Â¾ÆÀÇ ÈÊÉËÉÀÌ Ï Ï Ï Ï ÍCÎ Ì ÈÊÉËÉÐÌ ÈÊÉÒÑ Ó Î Ñ ÈÊÉÒÑ ÔgÕiÖ×lØmÕiÙÚ ÛÜÝÞßÝà ÝáÝ1â ãáã äåæç¼èéêmèëáìîí ïáï ðñòóßôõ òáö÷øîù úáú ûlüýþÿý ûüýþßý ýáý ûüýþ "!$#&% '' (*)$ +"!#+ '' ,-/.0- (12$3 (1 )54 ' % '' "16)54 **pH0 < 0.01; *pH0 < 0.05 5.3 ANÁLISE MORFOLÓGICA DAS CURVAS DE FORÇA DE REAÇÃO VERTICAL DO SOLO E ELETROMIOGRAFIA Neste item são apresentadas as curvas médias de FRS e dos sinais eletromiográficos dos músculos TA e GM normalizados pelo ciclo completo da marcha, período de apoio simples e balanço para os Grupos I e II. Para o Grupo Controle, as curvas médias de FRS e EMG correspondentes a cada um dos indivíduos deste grupo foram sobrepostas. Esta sobreposição foi possível devido a baixa a variabilidade encontrada tanto no padrão das curvas de FRS quanto do sinal eletromiográfico entre os indivíduos que compõem este grupo. As curvas médias de FRS e EMG correspondentes a cada indivíduo do Grupo Controle podem ser visualizadas no ANEXO F. Foi calculada para o Grupo Controle uma média entre os valores do apoio direito e apoio esquerdo para cada indivíduo, visto que a diferença entre esses valores, tanto para a FRS quanto para a EMG, não foi estatisticamente significante segundo o teste estatístico de Wilcoxon para dados pareados (pH0 < 0.05). Assim foi possível visualizar em apenas um gráfico o comportamento da FRS e da atividade eletromiográfica para cada músculo no ciclo completo e em diferentes períodos deste. A FIGURA 38 apresenta as curvas médias de FRS normalizadas pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples e, logo abaixo, se encontram as curvas médias do envoltório linear calculadas para os músculos GM e TA também normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao Grupo Controle. Além disso, na FIGURA 39 encontram-se as curvas médias do envoltório linear calculadas para os músculos GM e TA durante o período de balanço, ou seja, enquanto o membro contralateral encontra-se em apoio simples. Figura 54 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes aos indivíduos do Grupo Controle. Figura 55 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes aos indivíduos do Grupo Controle. Para o Grupo II não foi possível realizar a mesma sobreposição de dados entre todos os indivíduos como aconteceu para o Grupo Controle, visto que a variabilidade inter-individual apresentada entre os pacientes deste grupo foi acentuada, principalmente para os padrões de ativação muscular. Desta forma, foram selecionadas as curvas médias de dois pacientes deste grupo (pacientes A e B) que apresentam a maior parte dos achados do Grupo II, de forma a representar este grupo nos resultados. As curvas de padrão de FRS e EMG correspondentes a cada um dos pacientes do Grupo II encontram-se em anexo (ANEXO F). Os gráficos com as curvas médias plotadas em vermelho representam o apoio direito enquanto que aquelas plotadas em azul representam o apoio esquerdo, independente do lado da lesão, tanto nos resultados abaixo quanto em anexo para o Grupo II. Na FIGURA 40 estão representadas as curvas médias de FRS normalizadas pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples. Logo abaixo na mesma figura, encontram-se as curvas médias do envoltório linear calculadas para os músculos GM e TA também normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.S. do paciente-A. Além disso, na FIGURA 41 encontram-se as curvas médias do envoltório linear calculadas para os músculos GM e TA durante o período de balanço do H.S. do mesmo paciente, momento em que seu H.A. encontra-se em apoio simples. A FIGURA 42 representa as curvas médias de FRS e EMG normalizadas pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples do paciente-A, porém correspondentes ao seu H.A.; e a FIGURA 43 representa as curvas médias de EMG normalizadas pelo período de balanço também para o seu H.A., enquanto o H.S. está em apoio simples. Da mesma forma, a FIGURA 44 representa as curvas médias de FRS e EMG normalizadas pelo ciclo completo da marcha e apoio simples obtidas do H.S. durante a caminhada do paciente-B, enquanto a FIGURA 45 representa as curvas médias do sinal eletromiográfico normalizado pelo período de balanço do H.S. do mesmo paciente. A representação destas curvas médias correspondentes ao H.A. do paciente-B, tanto normalizadas pelo ciclo completo da marcha e apoio simples quanto pelo período de balanço, encontram-se nas FIGURAs 46 e 47, respectivamente. Na FIGURA 40 é possível verificar no gráfico de FRS normalizada pelo ciclo completo da marcha, que o H.S. do paciente-A permanece uma maior porcentagem do ciclo em apoio do que o Grupo Controle (FIGURA 38). Além disso, é possível constatar a presença de um platô na curva, mascarando os picos, principalmente o segundo, encontrados na curva média de FRS obtida para o Grupo Controle (FIGURA 38). Ao analisar a ativação muscular dos músculos GM e TA durante o ciclo completo da marcha é possível nota que ambos os músculos possuem um padrão de ativação similar ao Grupo Controle (FIGURA 38), porém, para o músculo GM observa-se um pico de ativação menor quando comparado ao Controle, além de uma maior oscilação em sua ativação a partir de 70% do ciclo da marcha, ou seja, momento em que este membro inicia o balanço. Ao analisar a FRS normalizada pelo TAS na mesma figura, verifica-se uma maior oscilação de sua magnitude, além de uma redução no decréscimo desta força durante este período, fenômeno este bastante característico dos indivíduos saudáveis (FIGURA 38). Durante este período, ocorre uma menor ativação muscular, tanto do músculo GM quanto do músculo TA, quando comparados ao Grupo Controle (FIGURA 38). Na FIGURA 41, observa-se no gráfico que representa o padrão do sinal eletromiográfico do músculo GM normalizado pelo período de balanço, que ocorre uma maior oscilação na ativação muscular neste período conforme já havia sido observado no gráfico normalizado pelo ciclo completo (FIGURA 40). O padrão de ativação do músculo TA neste período foi similar ao padrão obtido para o Grupo Controle (FIGURA 39). Ao observar o gráfico de FRS correspondente ao H.A. do paciente-A (FIGURA 42), ao ser comparado ao padrão obtido do Grupo Controle (FIGURA 38) um estreitamento da distância entre os picos e o achatamento do 2o pico causando o deslocamento do vale entre eles de 35 % (no Grupo Controle) para 30% do ciclo. O padrão de ativação muscular também difere daquele encontrado para os indivíduos saudáveis. A ativação do músculo GM normalizada pelo ciclo completo da marcha apresenta um início prematuro (apontado no gráfico pela seta vermelha) e uma diminuição da magnitude desta ativação no decorrer do apoio, quando comparado à mesma musculatura do Grupo Controle (FIGURA 38). O músculo TA do H.A. apresenta um diminuição em sua ativação na fase de contato inicial quando comparado ao Controle (FIGURA 38) e um pico de ativação durante as fases de apoio terminal e pré-balanço (apontado no gráfico pela seta vermelha), que não ocorre nos indivíduos saudáveis. Na mesma figura, ao observar o padrão da curva de FRS normalizada pelo TAS, são encontradas as mesmas alterações do H.S., ou seja, redução do decréscimo da força aplicada e oscilações ao longo da curva. A ativação muscular, tanto do músculo GM quanto do músculo TA, da mesma forma que ocorre para o H.S., é menor do que aquela apresentada pelo Grupo Controle (FIGURA 38). Na FIGURA 43, é possível observar uma maior oscilação e menor magnitude da ativação do músculo GM do H.A. durante o balanço, quando comparado ao Controle (FIGURA 39) e, ao analisar a ativação do músculo TA durante este período, é possível verificar a presença de um padrão um pouco distinto daquele apresentado pelo Grupo Controle (FIGURA 39), apresentando maior oscilação. Figura 56 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.S. do paciente-A do Grupo II (apoio direito). Figura 57 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.S. do paciente-A do Grupo II (apoio direito). Figura 58 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.A. do paciente-A do Grupo II (apoio esquerdo). Figura 59 – Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.A. do paciente-A do Grupo II (apoio esquerdo). Na FIGURA 44, que representa as curvas médias de FRS e EMG para o H.S. do paciente-B, também é possível observar a presença de um platô na curva de FRS normalizada pelo ciclo da marcha. O padrão de ativação muscular durante o ciclo completo é bastante similar ao apresentado pelo Grupo Controle (FIGURA 38), porém, principalmente para o músculo GM, ocorre uma oscilação da ativação muscular, além de um pico de ativação na fase de balanço terminal, entre 90% e 100% do ciclo (apontado no gráfico pela seta vermelha). O músculo TA apresenta uma menor magnitude de ativação durante a fase de contato inicial também encontrado para o paciente-A. Além disso, é possível verificar um aumento da ativação deste músculo nas fases de apoio terminal e pré-balanço (por volta de 60% do ciclo), que não ocorre nos indivíduos do Grupo Controle (FIGURA 38). Na mesma figura, durante o período de apoio simples, nota-se o mesmo comportamento de FRS e ativação muscular já observado no H.S. do paciente-A, ou seja, presença de um platô com um baixo decréscimo da FRS e redução da ativação muscular, tanto para o músculo GM quanto para o músculo TA. Na FIGURA 45, observa-se uma maior oscilação durante a ativação do músculo GM durante o balanço, quando comparado ao Grupo Controle, além da presença de pico de ativação no balanço terminal, conforme já observado anteriormente na FIGURA 44 no gráfico de ativação deste músculo normalizada pelo ciclo completo da marcha. O músculo TA apresenta uma ativação quase constante durante todo o período de balanço. Para o H.A. do paciente-B é possível observar um padrão distinto de curva de FRS normalizada pelo ciclo da marcha, apresentando um pico acessório no momento do contato inicial (apontado no gráfico pela seta vermelha), seguido por um platô com diversas oscilações ao longo do apoio (FIGURA 46). Logo abaixo, ao observar os padrões de ativação muscular, é possível notar que ocorre uma ativação prematura do músculo GM (apontado no gráfico pela seta vermelha) quando comparado ao Grupo Controle (FIGURA 38), além de apresentar grandes oscilações e ativação constante com magnitudes altas durante todo o apoio. O músculo TA apresenta uma menor ativação durante o contato inicial quando comparado ao padrão de indivíduos saudáveis (FIGURA 38), além de um pico de ativação durante a retirada do pé de apoio (apontado no gráfico pela seta vermelha), também observado para o H.A. do paciente-A. Desde o início do ciclo da marcha até aproximadamente 59%, é possível notar uma ativação simultânea (co-contração) entre os músculos antagonistas GM e TA. Na mesma figura, ao observar a FRS durante o apoio simples, nota-se uma maior oscilação comparado ao Grupo Controle (FIGURA 38). O músculo GM apresenta uma menor ativação e maior oscilação durante este período, enquanto o músculo TA demonstra um padrão de ativação similar ao encontrado para o Grupo Controle (FIGURA 38). A ativação do músculo GM do H.A. normalizado pelo balanço(FIGURA 47) apresenta ma menor magnitude durante este período quando comparado ao padrão dos indivíduos saudáveis (FIGURA 39), além de apresentar um pico durante a fase de balanço terminal (apontado no gráfico pela seta vermelha). Enquanto isso, o músculo TA após demonstrar um pico de ativação na fase de balanço inicial (apontado na gráfico pela seta vermelha) permanece com uma ativação quase constante ao longo do período de balanço. Figura 60 - Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.S. do paciente-B do Grupo II (apoio esquerdo). Figura 61 - Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.S. do paciente-B do Grupo II (apoio esquerdo). Figura 62 - Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo ciclo completo da marcha e período de apoio simples, correspondentes ao H.A. do paciente-B do Grupo II (apoio direito). Figura 63 - Representação gráfica das curvas médias de FRS e envoltório linear do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizados pelo período de balanço, correspondentes ao H.A. do paciente-B do Grupo II (apoio direito). As medidas de tendência central e dispersão dos valores médios de CV calculados a partir das curvas de FRS, normalizadas pelo ciclo completo da marcha e pelo período de apoio simples, analisados em cada grupo (I- Controle e II Hemiparéticos – este subdividido em H.S. e H.A.) estão representados sob a forma de Box Plots na FIGURA 48. Os resultados do Teste de Wilcoxon para dados independentes, realizado entre o Grupo Controle e o H.S. e entre o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes do Grupo II, e para dados pareados, realizado entre o H.S. e o H.A. para comparar os valores de CV da FRS durante do ciclo completo da marcha e apoio simples, encontram-se na TABELA 12. O CV da FRS ao ser analisado em função do ciclo completo da marcha apresentou uma distribuição assimétrica dos valores para os três grupos e uma maior dispersão inter-individual no Grupo Controle e no H.A. dos pacientes hemiparéticos (FIGURA 48-A). Devido à proximidade dos valores médios de CV obtidos para o Grupo Controle e H.A. dos pacientes, além de maior dispersão dos dados nestes grupos, não foi verificada diferença significativa entre seus valores (pH0 > 0,4 – TABELA 12). Já os valores de CV calculados para o H.S. dos pacientes foi menor do que aqueles calculados para o Grupo Controle e H.A., obtendo diferenças significativas entre eles ( pH0 = 0,0172 e pH0 = 0,002, respectivamente - TABELA 12). Ao analisar o CV da FRS durante o período de apoio simples, foi observada uma dispersão dos dados um pouco maiores para o H.A. dos pacientes hemiparéticos (FIGURA 48-B). Nesta fase da marcha, foi encontrada diferença significativa entre os valores de CV da FRS apenas quando se comparou o H.S. ao H.A. dos pacientes (pH0 = 0,0039 – TABELA 12). Não foram constatadas diferenças significativas ao comparar os valores de CV do Grupo Controle ao H.S. e ao H.A. dos pacientes (pH0 > 0,1836 e pH0 > 0,2531, respectivamente - TABELA 12). Coeficiente de Variação (%) 25 20 15 10 5 0 Controle HS HA % 30 Coeficiente de Variação (%) $ 30 25 20 15 10 5 0 Controle HS HA Figura 64 – Box Plots representando as medidas de tendência central e dispersão para os valores de CV calculados da FRS durante a marcha para o Grupo Controle e Grupo II com distinção entre H.S. e H.A.. A – CV da FRS normalizada pelo ciclo completo da marcha; B – CV da FRS normalizada pelo apoio simples. Tabela 12 – Valores de significância obtidos através do Teste de Wilcoxon independente e pareado comparando os valores de coeficiente de variação da FRS durante o ciclo completo da marcha e durante a fase de apoio simples. 798;:=<?>A@B>A:DC=EF:HGI: WYXIZ?[AX]\^]_a`FbcWYd 7989CBEJK89L/:MON0P6QRP 7989C=EJK89L/:MONSPATSP N0P6QUPMVN0PATSP e f(gihjk&lmnpo qSrs2r3t qSr?quwvxt yzpq pH0= 0.0172 * pH0= 0.4961 pH0= 0.002 ** {|(}i~& zpy 0 "xSA 2" pH0= 0.1836 pH0= 0.2531 pH0= 0.0039 ** **pH0 < 0.01; *pH0 < 0.05 As medidas de tendência central e dispersão dos valores médios de CV calculados a partir das curvas médias do sinal eletromiográfico dos músculos GM e TA, normalizadas pelo ciclo completo da marcha e períodos de apoio simples e balanço, analisados em cada grupo (I- Controle e II - Hemiparéticos – este subdividido em H.S. e H.A.) podem ser visualizados sob a forma de Box Plots na FIGURA 49. Os resultados do Teste de Wilcoxon para dados independentes, realizado entre o Grupo Controle e o H.S. e entre o Grupo Controle e o H.A. dos pacientes do Grupo II, e para dados pareados, realizado entre o H.S. e o H.A. para comparar os valores de CV do sinal eletromiográfico durante do ciclo completo da marcha, apoio simples e balanço, encontram-se na TABELA 13. Ao analisar os CVs obtidos a partir do sinal eletromiográfico do músculo GM durante o ciclo completo da marcha é possível verificar uma grande variabilidade interindividual e assimetria dos dados obtidos para o H.S. dos pacientes. O mesmo acontece para o H.A., porém os valores localizados entre os quartis estão menos dispersos (FIGURA 49-A). Não foram encontradas diferenças estatísticas em nenhuma das comparações realizadas entre os valores de CV do músculo GM durante o ciclo completo da marcha (TABELA 13). Durante o apoio simples, a dispersão e a assimetria dos valores de CV calculados para o músculo GM no H.S. dos pacientes, é muito maior do que aquelas observadas para o H.A. e para o Grupo Controle (FIGURA 49-B). Portanto, apesar de o H.S. dos pacientes ter apresentado um valor médio de CV maior do que aqueles apresentados para o Grupo Controle e H.A., não foi encontrada uma diferença significativa entre eles (pH0 > 0,7 e pH0 > 0,8, respectivamente - TABELA 13), nem mesmo ao comparar um o H.S. ao H.A. (pH0 > 0,5 - TABELA 13). Devido também à relativa semelhança entre os valores do CV do Grupo Controle e do H.A., tendo este último apenas uma dispersão maior dos extremos, não foram encontradas diferenças significativas entre estes grupos. Na fase de balanço, observa-se uma razoável simetria nos valores de CV para o músculo GM no Grupo Controle e no H.S. dos pacientes, além de uma menor dispersão dos dados os três grupos (FIGURA 49-C). Por apresentarem valores de CV bastante próximos, não houve diferença significativa em nenhuma das comparações realizadas (TABELA 13). O comportamento do CV do sinal eletromiográfico do músculo TA durante o ciclo completo da marcha se dá de forma assimétrica para todos os grupos e uma dispersão inter-individual um pouco maior para o Grupo Controle (FIGURA 49-D). Observou-se um CV maior para o Grupo Controle com relação ao H.A. dos pacientes do Grupo II, obtendo uma diferença significativa entre seus valores (pH0 = 0,0025 TABELA 13) Além disso, quando se comparou os valores de CV obtidos para o H.A. com os valores do H.S., foi verificado um CV maior para o H.S. dos pacientes, sendo estes estatisticamente diferentes (pH0 = 0,002 - TABELA 13). Porém, ao comparar os valores de CV entre o Grupo Controle e H.S. dos pacientes, não foi verificada diferença