ASPECTOS MEDIÚNICOS Este e-book contém material parcial do livro para sua apreciação. Pedidos pelo e-mail [email protected] “O bem que praticardes em algum lugar é teu advogado em toda parte” F.C. Xavier. DANIEL HOELTZ ASPECTOS MEDIÚNICOS Porto Alegre, 2006. ASPECTOS MEDIÚNICOS Diagramação e Editoração Daniel Tatsch Hoeltz Capa Cintia Goggia Revisão Rosane Marques Borba Ficha Catalográfica Marta Roberto Todos profissionais supracitados trabalharam gratuitamente em benefício das propostas deste livro a quem prestamos nossos mais sinceros agradecimentos. CATALOGAÇÃO NA FONTE H694a Hoeltz, Daniel Aspectos mediúnicos / Daniel Hoeltz. – Porto Alegre : Ed. do Autor, 2006. 248 p. ; 23 cm. ISBN 85-906638-0-9 1. Espiritismo. I. Título. Índice para o catálogo sistemático: Espiritismo Bibliotecária responsável: Marta Roberto, CRB-10/652 Impresso no Brasil. Todo produto desta obra é destinado à manutenção das atividades da Sociedade Espírita Paulo de Tarso. Todos direitos reservados e protegidos conforme a Lei 9610 de 19/02/98. PREFÁCIO A mediunidade é campo fantástico de aprendizado e um assunto muito sério. Vislumbrar as fontes para desenvolver entendimento é primordial, uma vez que destes recursos é que se estabelecerá, em nosso entendimento, as regras do bom proceder. Certo, que a base sempre será O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, o mais completo compêndio dedicado a estas pesquisas. Porém, inúmeras outras obras sobrevieram, acrescentando subsídios valorosos, na contribuição para objetivos superiores. Este livro remete-nos a essas fontes, permitindo-nos uma ampla visão da matéria. Tal a preocupação do autor, a de facilitar-nos o aprendizado, oferecendo as rotas encaminhadoras, asfaltadas pela pesquisa laboriosa que empreendeu, por ser dedicado estudioso desta questão. Aqueles que estimamos os recursos de pesquisa, aqui encontraremos os meios adequados para o crescimento nesta área, e o substancioso prazer do saber, porquanto a Doutrina Espírita, rica de informações onde outras crenças estancam, atende-nos aos anseios íntimos e justos de conhecimento das realidades subjetivas da vida, ao mesmo tempo em que revigora-nos a fé, que se expressa em segurança e paz, abrindo-nos horizontes novos, desenvolvendo-nos a inteligência, o bom-senso, a atenção, a prudência e a ética que disto deflui, remetendo-nos, conseqüentemente, a um labor de dedicação à causa do bem. Obviamente, a crença na vida após a morte é algo bastante comum, mas acreditar na possibilidade de comunicação entre os que nos antecederam em direção ao Além e os que ficaram, já não é tão freqüente, disto resultando muitas dúvidas para o ser humano. Para o atento aprendiz da vida, há fatos eloqüentes, bem como narrativas bíblicas, que respaldam igualmente tal realidade (Veja-se por exemplo I Samuel, 28, o que nenhuma facção religiosa poderá desmentir ou descaracterizar, pois o fato está nas fontes a que recorrem e expressa-se por si só...). A Igreja Católica condenava estes fenômenos até pouco tempo, e dizia que eram provocados por Satanás, mas esta é uma mentalidade medieval, porque no mês de novembro de 1983, na catedral de São Pedro, em Roma, diante de vinte mil pessoas, o Papa João Paulo II disse o seguinte: “Posso afirmar que os mortos voltam e se comunicam. Em toda a história da Igreja, eles se comunicaram conosco.” No mês de novembro de 1996, o jornal Observatore Romano (diário oficial do Vaticano), apresentou um artigo do Cardeal Gino Concetti (destacado teólogo da Ordem dos Franciscanos menores), o qual reafirma a comunicação dos Espíritos, confirma a mediunidade e chama a atenção para a conduta moral dos médiuns. Eméritos cientistas o declararam, tais como William Crookes1, descobridor dos raios catódicos, do elemento químico Tálio e da existência do quarto estado da matéria denominado “estado radiante”. As mais notáveis experiências por ele realizadas, através da médium Florence Cook, abalaram o mundo científico da época. Outro pesquisador, Oliver Lodge, Doutor em Ciências, professor de Física da Universidade de Londres, corajosamente declarou: “Eu já conversei com meus falecidos amigos pela mesma forma que poderia conversar com uma pessoa qualquer deste auditório. Sendo estes falecidos amigos, homens de ciência, deram-me a prova da sua identidade – a prova de que foram realmente eles e não alguma personificação ou alguma coisa emanada de mim mesmo. Dir-vos-ei com toda a força da emoção de que sou capaz: persistimos depois da morte...” Portanto, visto ser uma realidade, é correto empregarmos esforços para a compreensão de um dom expressivo do Espírito humano, porta de acesso àqueles que habitaram a Terra, e que nos vêm trazer a certeza da imortalidade, algo difícil de as outras religiões comprovarem sem que passem por esse gratificante labor inquisitivo, pois a forma de nos pormos em contato com os Espíritos é a mediunidade. Esta Obra foi empreendida com o propósito de auxiliar a todos quantos se candidatem às tarefas socorristas nos trabalhos de dedicação ao próximo, desta ou da outra dimensão. É mais uma contribuição que, pensamos, estava a faltar no meio literário. Délcio C. Carvalho2 Porto Alegre, 05 de Agosto de 2006. 1 William Crookes (1832-1919): cientista inglês considerado o pai da física. Contribuiu muito para a ciência moderna como descobridor dos raios catódicos e do estado radiante da matéria. Incumbido pela Real Academia Britânica de pesquisar os fatos espíritas (na verdade a Academia desejava vê-los desmentidos por um nome respeitável), após três anos de pesquisa, apresentou um relatório com fotos do espírito materializado de Katie King, que conviveu com Crookes em casa e nos laboratórios, comprovando todos os fatos espíritas a que ele, seus colaboradores e amigos cientistas assistiram. (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Léon Denis, pág. 28, PETIT, 2000- para saber mais veja págs. 84 e 88 do livro desta referência). 2 O Sr. Délcio C. Carvalho é o atual Presidente da Sociedade Espírita Paulo de Tarso fundada em 27 de março de 1955 na cidade de Porto Alegre, Av. do Forte, 1034. APRESENTAÇÃO A mediunidade é faculdade relacionada a todos aspectos evolutivos do Ser individual e coletivo. Não há como tratar, de tal assunto, sem o envolvimento integral dentro da tríade filosófica, científica e religiosa proposta pelos Espíritos superiores. À filosofia faltam respostas, à ciência falta a moral, e à religião falta a comprovação. Cogitar, investigar, analisar, experimentar, comprovar, compreender, aprender, sentir e evoluir sem devaneios, ilusões e fantasias, de maneira segura, concreta e definitiva em caminho seguro e bem definido. Aspectos Mediúnicos aborda tanto as questões técnico-científicas como as morais, isto é natural, pois não há como estudar a mediunidade afastando-se da regra do bem proceder com Deus, consigo e com o próximo. A mediunidade é proposta de integração pela interação, assim, não há como ser médium aquele que se isola. Sendo faculdade em ascensão, muito ainda lhe falta até que alcance a plenitude entre nós, Espíritos inferiores. Para entender melhor, levantamos hipóteses e questionamos nossas próprias colocações, afinal, o Espírito em evolução deve fazer uso da razão e do bom senso sem subjugar sua consciência a tudo que lhe é proposto e apresentado. Desta forma, este livro apresenta-se, continuamente, de duas formas a expressarem-se distintamente. Os parágrafos de autoria do autor são apresentados no estilo "texto" em fonte arial tamanho 11, e a sustentação bibliográfica no estilo "citação" (tecnicamente adequado às compilações) em fonte arial tamanho 10. Os textos compilados recebem, sempre, dados que facilitem a identificação dos autores espirituais desencarnados e reencarnados com o objetivo de divulgação de todas as obras consultadas, estimulando-se a aquisição dos livros apresentados conforme o gosto pessoal do leitor. As maiores compilações são aquelas referentes aos conhecimentos que nos foram trazidos pelos Espíritos superiores através das Obras Básicas a fim de se manter a integralidade destes ensinamentos que devem ser consultados, lidos e relidos em suas originais fontes onde encontram-se completos sem os resumos realizados. Diversas obras espíritas compiladas são reconhecidas pela FEB, mas nem todas encontram-se à venda; algumas até mesmo são desconhecidas por, infelizmente, não mais serem publicadas. A compilação vem relembrar estes autores cujas obras não podem ser esquecidas. De todas as consultas, destacam-se as realizadas através das “Obras Básicas” da Doutrina Espírita. Não poderia ser diferente, dentre elas, O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, também chamado por ele de Guia dos Médiuns e dos Evocadores, que é o mais importante livro de estudo sobre mediunidade já publicado e que recebe capítulo especial, neste livro, para que o leitor conheça mais a seu respeito e conteúdo. Sem a pretensão de trazer algo de novo, o objetivo deste livro é de “confraternizar o conhecimento para o bem de todos”, auxiliando a divulgação das cem obras espíritas apresentadas e dos conhecimentos de algumas questões espirituais que, caridosamente, nos foram trazidos pelos Espíritos superiores. Esta é a nossa proposta. Agradecimentos a Deus, aos colegas da FERGS e da Sociedade Espírita Paulo de Tarso, e aos amigos que trabalharam de forma dedicada e voluntária possibilitando a realização deste livro. “Dedicado às amadas esposa e filha”. Daniel Tatsch Hoeltz Porto Alegre, 16 de agosto de 2006. SUMÁRIO PREFÁCIO.....................................................................................5 APRESENTAÇÃO...........................................................................9 SUMÁRIO......................................................................................11 1. REFLEXÃO E PRECE INICIAL................................................. 17 2. CRONOLOGIA DE ALLAN KARDEC........................................21 3. REUNIÕES MEDIÚNICAS........................................................ 25 3.1. Comunicações........................................................................25 3.2. Objetivos das Reuniões Mediúnicas......................................28 3.2.1 Primeiro Objetivo..............................................................29 3.2.2 Segundo Objetivo.............................................................30 3.2.3 Terceiro Objetivo...............................................................31 3.2.3.1 Classificação dos Espíritos Assistidos nas Reuniões Mediúnicas..................................................................................................... 32 3.2.3.2 Assistência aos Espíritos Desencarnados Materializados...................................................................................34 3.2.3.3 Motivo de Atendimento no Plano Físico.....................35 3.3 Requisitos Inerentes aos Participantes...................................36 3.4 Influência do Meio...................................................................38 4. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDIUNIDADE.....................41 4.1 Conceito de Mediunismo.........................................................41 4.2 Conceito de Mediunidade........................................................42 4.3 Finalidade da Mediunidade..................................................... 45 5. FLUIDOS...................................................................................47 5.1 Conceito de Fluido Cósmico Universal....................................48 5.2 Natureza e Propriedades dos Fluidos (elementos fluídicos)...48 5.2.1 Formação e Propriedades do Perispírito...........................50 5.3 Qualidades dos Fluidos...........................................................51 5.4 Mediunidade e Fluidos............................................................52 5.4.1 Larvas Mentais e Bacilos Psíquicos..................................53 5.4.2 Fluido contra Fluido...........................................................55 5.5 Princípio Vital..........................................................................56 5.6 Ectoplasma..............................................................................59 6. MEDIUNIDADE E A EVOLUÇÃO DO PSIQUISMO.................. 63 6.1 Evolução do Psiquismo............................................................63 6.2 Aspectos Psicológicos..............................................................66 6.3 Gráfico “Consciência Mediúnica”..............................................75 6.4 Médiuns, Mediunidades e Grau de Consciência......................76 7. MEDIUNIDADE E ORGANISMO...............................................77 7.1 Origem Inteligente e Material para a Comunicação................ 77 7.1.1 Espírito, Perispírito e Corpo...............................................78 7.2. Fenômeno Mediúnico e Organismo........................................80 7.2.1 Ressonância Magnética....................................................82 7.3 Comunicação de Espírito “Encarnado”....................................82 7.4 Mediunidade no Mundo Espiritual............................................82 7.5 Glândula Pineal........................................................................83 7.5.1 Definição da Pineal............................................................84 7.5.2 Função da Pineal...............................................................84 7.5.3 Períodos Fundamentais de Ação da Pineal......................86 7.6 Cérebro Espiritual e Material, Corpúsculos de Nissl............... 87 8. MEDIUNIDADE E PERISPÍRITO.............................................. 89 8.1 Conceito...................................................................................89 8.1.1 Formação do Perispírito....................................................90 8.1.2 Aura (psicosfera)..............................................................91 8.1.3 Choque Anímico................................................................93 8.3 Propriedades e Funções do Perispírito...................................93 8.3.1 Plasticidade.......................................................................95 8.3.1.1 Fenômeno Ideoplástico...............................................95 8.3.2 Luminosidade....................................................................96 8.3.3 Penetrabilidade..................................................................97 8.3.4 Corporeidade.....................................................................98 8.3.5 Tangibilidade.....................................................................99 8.3.6 Sensibilidade Magnética....................................................99 8.3.7 Expansibilidade (elasticidade)...................................... 101 8.3.8 Bicorporiedade (desdobramento).................................. 102 8.3.9 Capacidade Refletora................................................... 102 8.3.10 Odor............................................................................ 103 8.3.11 Temperatura............................................................... 103 8.4 Funções do Perispírito........................................................ 104 8.4.1 Função Instrumental .................................................... 104 8.4.2 Função Individualizadora.............................................. 105 8.4.3 Função Organizadora (modeladora)............................. 105 8.4.4 Função Sustentadora.................................................... 106 9. ANIMISMO............................................................................ 9.1 Conceito.............................................................................. 9.2 Fontes dos Conteúdos das Comunicações Anímicas......... 9.3 Como distinguir as comunicações anímicas?..................... 9.4 Fontes de Estímulo do Animismo...................................... 9.5 Sonambulismo.................................................................... 107 107 109 111 112 114 10. MECANISMO GERAL DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS.................................................................................... 10.1 Conceito............................................................................ 10.2 Mecanismo das Manifestações Físicas............................ 115 115 117 11. MECANISMO DAS MANIFESTAÇÕES INTELECTUAIS........................................................................ 11.1 Terminologia Geral e Conceito......................................... 11.2 Sintonia............................................................................. 11.3 Afinidade Moral................................................................. 11.4 Classificação dos Médiuns de Efeitos Intelectuais........... 119 119 121 122 123 12. PROCESSO GERAL DA COMUNICAÇÃO........................ 127 12.1 Elementos Envolvidos na Comunicação........................... 127 12.2 Processo da Comunicação Mediúnica.............................. 128 12.3 O Problema da Recodificação da Mensagem................... 130 12.4 Ação Direta sobre os Órgãos da Fala e da Escrita........... 131 12.4.1 Ação Direta sobre os Órgãos da Fala......................... 132 12.4.2 Ação Direta sobre os Centros Sensitivo-Motores da Escrita....................................................................................... 133 12.5 Médiuns Intuitivos, Semi-Mecânicos, Inspirados e de Pressentimentos...................................................................................... 133 12.5.1 Médiuns Intuitivos....................................................... 134 12.5.2 Médiuns Semimecânicos .......................................... 134 12.5.3 Médiuns Inspirados..................................................... 135 12.5.4 Médiuns de Pressentimentos...................................... 136 13. PERIGOS E INCONVENIENTES DA MEDIUNIDADE....... 13.1 Mediunidade e Patologia................................................... 13.2 Mediunidade e Loucura.................................................... 13.3 Mediunidade e Obsessão................................................. 13.4 Fadiga............................................................................... 13.5 Exercício Perigoso e Inconveniente da Mediunidade....... 13.6 Excentricidade.................................................................. 13.7 Enfraquecimento das Faculdades Mentais....................... 13.8 A Criança e a Mediunidade............................................... 13.8.1 A Faculdade Mediúnica na Criança............................ 13.8.2 A Criança e o Exercício da Mediunidade.................... 13.8.3 Recomendações Gerais para as Crianças................. 137 137 138 139 143 144 145 145 146 146 147 148 14. PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE..................... 14.1 Introdução......................................................................... 14.2 Causas de Interrupção da Mediunidade........................... 14.3 Auto-Avaliação.................................................................. 14.4 Considerações Importantes.............................................. 14.4.1 A Suspensão e o Gênero da Faculdade..................... 14.4.2 Comunicações Morais................................................. 14.4.3 Repugnância ao Uso da Faculdade Mediúnica........ 14.4.4 Mediunidade e Nível Moral......................................... 14.4.5 Mistificação do Médium.............................................. 14.4.6 Abuso da Faculdade Mediúnica.................................. 14.4.7 Impedimento Justo...................................................... 149 149 151 153 154 154 154 155 156 156 157 158 15. EDUCAÇÃO MEDIÚNICA – ASPECTOS MORAIS............ 15.1 Introdução......................................................................... 159 159 15.2 Aspectos Morais............................................................... 15.2.1 Considerações Iniciais sobre a Influência Moral do Médium..................................................................................... 15.2.2 Anulação da Influência Moral do Médium................... 15.2.3 Médium Perfeito.......................................................... 15.2.4 Médium Imperfeito...................................................... 15.2.5 Bom Médium............................................................... 15.2.6 Mal Uso da Faculdade Mediúnica............................... 15.3 Sintonia com os Bons Espíritos: Virtudes e Defeitos........ 15.4 Inimigos do Médium.......................................................... 15.5 Mediunidade e Evangelho................................................. 15.5.1 Mediunidade e Gratuidade.......................................... 15.5.2 O Médium e as Virtudes Evangélicas......................... 15.5.3 Atitudes para os “Noviços” na Seara Mediúnica......... 15.6 Considerações Importantes.............................................. 15.6.1 A Expulsão dos Maus Espíritos.................................. 15.6.2 Pureza das Mensagens.............................................. 15.6.3 Educação Mediúnica e Individualidade Mediúnica..... 15.6.4 O Aperfeiçoamento e as Comunicações Mediúnicas..... 160 160 161 162 162 162 163 164 164 164 165 165 166 167 167 167 168 168 16. MEDIUNIDADE DO ANTICRISTO ...................................... 16.1 O Anticristo........................................................................ 169 16.2 A Mediunidade do Anticristo no Mundo............................ 170 16.3 Mediunidade do Anticristo na Casa Espírita..................... 175 17. EDUCAÇÃO MEDIÚNICA: ASPECTOS INTELECTUAIS........................................................................ 17.1 Introdução......................................................................... 17.2 Ausência do Estudo.......................................................... 17.3 Estudo.............................................................................. 17.3.1 Resultados do Estudo................................................. 17.3.2 Esclarecimento........................................................... 17.3.3 Discernimento............................................................. 17.3.4 Aperfeiçoamento......................................................... 17.4 Meios de Estudo............................................................... 179 179 179 182 183 183 183 184 184 18. EDUCAÇÃO MEDIÚNICA.................................................. 18.1 Aspectos Técnicos............................................................ 18.1.1 Eclosão da Mediunidade............................................. 18.1.2 Sintomas de Mediunidade Ostensiva.......................... 18.2 Postura da Casa Espírita diante do Médium Iniciante...... 18.2.1 Especificação das Faculdades Mediúnicas................ 18.3 Exercícios Preparatórios e os Espíritos Inferiores............ 18.4 Mediunidade de Prova...................................................... 185 185 186 188 189 190 190 191 169 19. PARTE PRÁTICA DA REUNIÃO DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA............................................................................................. 193 19.1 Dirigente............................................................................ 193 19.1.1 Dirigente e a Prece..................................................... 194 19.2 Médium e a Prece............................................................. 195 19.3 Postura.............................................................................. 195 19.3.1 Concentração na Corrente de Pensamentos ................... 19.4 Lei do Campo Mental e Espaço Mental............................ 19.5 Passividade....................................................................... 19.6 Exercícios Mediúnicos...................................................... 19.6.1 Exercícios Psicofônicos............................................. 19.6.1.1 Psicofonia Consciente......................................... 19.6.1.2 Psicofonia Sonambúlica....................................... 19.6.2 Exercícios Psicográficos............................................ 19.6.2.1 Indícios de Disposição para Escrever................. 19.6.2.2 Assistência Espiritual na Psicografia.................. 19.6.3 Exercícios para o Desdobramento............................. 19.6.4 Exercícios de Materialização..................................... 19.7 Profundidade do Transe Mediúnico.................................. 19.7.1 Sintonia Descontínua................................................. 19.7.2 Concentração............................................................. 19.8 A Vidência e os Exercícios Mediúnicos............................ 19.8.1 Intervenção Espiritual na Vidência............................. 19.9 Aparelhagens do Mundo Invisível..................................... 19.9.1 Psicoscópio................................................................ 19.9.2 Condensador Ectoplásmico....................................... 198 198 200 201 202 203 204 205 205 206 207 210 213 213 214 216 218 220 220 221 20. MEDIUNIDADE DE JESUS................................................ 20.1 Jesus, Ordens e Classes de Espíritos.............................. 20.2 Jesus e a Mediunidade..................................................... 20.3 Jesus e as Propriedades Perispiríticas............................. 20.4 Jesus e os Milagres.......................................................... 20.5 Consideração Final........................................................... 223 223 226 227 228 232 21. O LIVRO DOS MÉDIUNS................................................... 21.1 O Compêndio de Mediunidade......................................... 21.2 Índice de O Livro dos Médiuns......................................... 233 233 268 22. ORAÇÃO............................................................................ 22.1 A Oração na Prática Mediúnica........................................ 22.2 Oração Final..................................................................... 237 238 239 BIBLIOGRAFIA......................................................................... 241 Abreviaturas Utilizadas E.S.E. – O Evangelho Segundo o Espiritismo; Esp. – Espírito; L.E. – O Livro dos Espíritos; L.M. – O Livro dos Médiuns. 1. REFLEXÃO E PRECE INICIAL Antes de iniciarmos o estudo dos conteúdos citados no sumário, é importante a reflexão sobre os verdadeiros propósitos da mediunidade para que, então, possamos nos projetar aos Espíritos superiores solicitando amparo e orientação. No laborioso processo evolutivo espiritual, em milenares experiências vivenciais, desenvolve-se a faculdade mediúnica a manifestar-se de forma distinta em respeito as peculiaridades de cada médium detentor de possibilidades e recursos acumulados conforme a própria história pregressa. Como instrumento de serviço, pode o médium ser útil independente de fatores intelectuais ou morais. Entretanto, aplicada dentro dos postulados da Doutrina Espírita, tal atividade exige a cristianização de seus envolvidos para que a prática mediúnica venha a representar o verdadeiro sentido do Evangelho de Jesus. E.S.E., Cap. XXVI, it. 10 - A mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada de forma santa, religiosamente. A expressão corredia decorrerá, então, da bondade, do sacrifício, do estudo, da abnegação, da discrição e da persistência que são as marcas daqueles que atingiram o mediumato3 e que são conhecidos, entre nós, como os verdadeiros missionários do Cristo a revelarem-se no Espiritismo. Para isso, segue abaixo, parte compilada do E.S.E., cap. XXVIII, Coletânea de Preces Espíritas. Tal capítulo, ditado pelos Espíritos superiores, não objetiva formatar as preces, mas sim, oferecer modelos ou guias que são baseados nos próprios esclarecimentos sobre nossas realidades e necessidades. Específica sobre a mediunidade, temos a prece “Para os Médiuns” (item 10) que responde aos anteriores itens 8 e 9 que descrevem a origem, a difusão, os objetivos, as finalidades, a evolução e as dificuldades relativos à mediunidade. E.S.E., Cap. XXVIII, Coletânea de Preces Espíritas, Para os médiuns. 8. Nos últimos tempos, diz o Senhor, difundirei do meu Espírito sobre toda carne; vossos filhos e filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos, sonhos. Nesses dias, difundirei do meu Espírito sobre os meus servidores e servidoras, e eles profetizarão. (Atos, cap. II, vv. 17 e 18). 9. PREFÁCIO. (...) Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza material, outorgou Deus ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais (...) Para penetrar no mundo invisível, deu-lhe a mediunidade (...) Santa é a missão que desempenham (...) Os Espíritos vêm instruir o homem sobre seus destinos, a fim de o reconduzirem à senda do bem, e não para o pouparem ao trabalho material que lhe cumpre executar neste mundo, tendo por meta o seu adiantamento, nem para lhe favorecerem a ambição e a cupidez (...) Aquele que, médium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, 4 religiosamente o desempenha. Sua consciência lhe profligaria , como ato sacrílego, 3 Mediumato- ápice do correto exercício da faculdade mediúnica em cuja ação o médium já não vive, antes nele vive o Cristo... (Estudos Espíritas, Espírito Joanna de Ângelis, Divaldo P. Franco). 4 Profligar: lançar por terra, procurar destruir com argumentos. utilizar por divertimento e distração, para si ou para os outros, faculdades que lhe são concedidas para fins sobremaneira sérios e que o põem em comunicação com os seres de além-túmulo (...) O médium que queira gozar sempre da assistência dos bons Espíritos tem de trabalhar por melhorar-se (...) Se, às vezes, os Espíritos bons se servem de médiuns imperfeitos, é para dar bons conselhos, com os quais procuram fazê-los retomar a estrada do bem. Se, porém, topam com corações endurecidos e se suas advertências não são escutadas, afastam-se, ficando livre o campo aos maus (...) Conseguir a assistência destes, afastar os Espíritos levianos e mentirosos tal deve ser a meta para onde convirjam os esforços constantes de todos os médiuns sérios. Sem isso, a mediunidade se torna uma faculdade estéril, capaz mesmo de redundar em prejuízo daquele que a possua, pois pode degenerar em perigosa obsessão (...) O médium que compreende o seu dever, longe de se orgulhar de uma faculdade que não lhe pertence, visto que lhe pode ser retirada, atribui a Deus as boas coisas que obtém. Se as suas comunicações receberem elogios, não se envaidecerá com isso (...) Se dão lugar à crítica, não se ofende, porque não obra do seu próprio Espírito. Ao contrário, reconhece no seu íntimo que não foi um instrumento bom e que não dispõe de todas as qualidades necessárias a obstar a imiscuência dos Espíritos maus. Cuida, então, de adquirir essas qualidades e suplica, por meio da prece, as forças que lhe faltam. 10. Prece Deus onipotente, permite que os bons Espíritos me assistam na comunicação que solicito. Preserva-me da presunção de me julgar resguardado dos Espíritos maus; do orgulho que me induza em erro sobre o valor do que obtenha; de todo sentimento oposto à caridade para com outros médiuns. Se cair em erro, inspira a alguém a idéia de me advertir disso e a mim a humildade que me faça aceitar reconhecido a crítica e tomar como endereçados a mim mesmo, e não aos outros, os conselhos que os bons Espíritos me queiram ditar. Se for tentado a cometer abuso, no que quer que seja, ou a me envaidecer da faculdade que te aprouve conceder-me, peço que ma retires, de preferência a consentires seja ela desviada do seu objetivo providencial, que é o bem de todos e o meu próprio avanço moral. 2. CRONOLOGIA DE ALLAN KARDEC Ao iniciarmos qualquer estudo sobre mediunidade, faz-se necessário que remetamo-nos aos princípios fundamentais da Doutrina Espírita que se faz revelar não somente pela extraordinária e irreparável dissertação do Codificador e dos Espíritos superiores, nas Obras Básicas, como através do método empregado por aquele que direcionou, em sua maior obra de vida, todos talentos, conhecimentos e esforços possíveis. Kardec, além das Obras Básicas, nos deixou o modelo de estudo, análise e trabalho que caracterizam o exemplo do homem justo à proposta da doutrina dos Espíritos superiores. Em Obras Póstumas, Minha Missão, o Espírito Verdade (Guia Espiritual do Codificador revelado à ele em 25 de março 1856) esclarece ao professor algumas das realidades e dificuldades de sua missão: (...)Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem (...)A nossa assistência não te faltará, mas será inútil se, de teu lado, não fizeres o que for necessário. Tens o teu livre-arbítrio (...)Nenhum homem é constrangido a fazer coisa alguma (...)a missão dos reformadores é preenchida de escolhos e perigos. Previno-te de que é rude a tua (...)por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga; numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, da tua tranqüilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo. Pois que Kardec triunfou e, como predito por seu Guia Espiritual, veio a falecer sob a imposição da vontade de trabalhar, mesmo acometido de doença cardíaca por vários anos, encerrando a vida física em rompimento de aneurisma para registrar-se de maneira imortal em nossas almas. Para melhor compreensão, segue abaixo, breve cronologia de Allan Kardec 5. 1804, 3 de outubro – nasce Hippolyte Léon Denizard Rivail em Lion na França. 1815 – inicia estudos no Instituto de Educação fundado por Pestalozzi em Yverdum na Suiça. 1823 – lança seu primeiro livro didático Curso Prático e Teórico de Aritmética e inicia seus estudos sobre o magnetismo animal (mesmerismo). 1825 – funda e dirige uma escola de primeiro grau onde leciona todas disciplinas científicas com exceção da sociologia. 1826 – funda a Instituição Rivail. 1828 – publica o Plano Proposto para a melhoria da Educação Pública na França. 1830 – admirador de Fénelon, traduz os três primeiros livros do Telêmaco para o alemão. 5 Fonte de pesquisa - Revista A Reencarnação, n 428, ano LXXI, FERGS, João Paulo Lacerda, 2004 e Obras Póstumas, Cap. Bibliografia de Allan Kardec, FEB. Gravura acima – busto de Kardec colocado sobre seu túmulo. 1831 – publica Gramática Francesa Clássica de acordo com um novo plano. Escreve Memória sobre a Instrução Pública. Ganha concurso promovido pela Academia de Ciências de Arrás pela Memória a respeito da questão: Qual o Sistema de Estudos mais em Harmonia com as Necessidades da Época? 1832 – casa-se com Amélie Gabrielle Boudet, professora primária, de belas artes e de letras. 1834 – perde o instituto devido a falência no jogo de seu sócio e tio encerrando sua atividade na educação privada, empregando-se como contabilista e estudando por conta à noite. 1835 – através de recursos próprios, inaugura um salão de ensino que mantém por cinco anos, onde passam mais de quinhentos alunos sem quaisquer condições financeiras a estudarem, gratuitamente, diversas matérias com ênfase em ciências exatas. 1843 – leciona matemática e astronomia em cursos públicos duas vezes por semana durante cinco anos. 1845 – possível ano de publicação de seu Curso de Cálculo Mental. 1848 – a partir deste período, nova legislação impede Rivail de abrir novos cursos e institutos, somente os institutos vinculados à igreja tem autorização de permanecerem abertos. Já, nos Estados Unidos (condado de Wayne, perto de New York), a família Fox estabelece comunicação com um desencarnado através de um código de batidas nas paredes de madeira da habitação o que avançaria para a moda das mesas girantes. 1851 – com a ditadura, se vê obrigado de afastar-se de todas atividades pedagógicas. 1854 – toma conhecimento das mesas extraordinárias através do relato de seu amigo Fortier, e responde : - “É conversa para dormir em pé”. Atribui ao fenômeno algumas explicações científicas. 1855 – convidado, pelo amigo Carlotti, assiste a uma sessão de mesas dançantes. Começa a questionar o fenômeno físico por constatar uma ação inteligente em sua origem. Prossegue seus estudos freqüentando a casa dos Baudin onde a cestinha de bico (cesta onde prendia-se um lápis) é utilizada para a comunicação mais tarde substituída pela psicografia. Desanima devidos a sobrecarga de atividades que desempenhava, mas retoma o interesse após analisar a coerência das mensagens espirituais em cerca de cinqüenta cadernos deixados a ele pelo amigo Carlotti. Conhece Dunglas Home, médium de extraordinários efeitos físicos. 1856 – através da cesta conduzida pela mediunidade da Sra. Japhet, conhece sua missão e o seu mentor espiritual - Espírito Verdade. 1857 – em 18 de abril, publica a 1ª edição de O Livro dos Espíritos e assume o pseudônimo de Allan Kardec (nome que já foi utilizado por ele em antiga reencarnação celta). 1858 – funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (mais tarde Sociedade de Estudos Espíritas de Paris). Orienta as sessões mediúnicas através de Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas. Lança a Revista Espírita custeada por ele durante onze anos. 1859 – publica O Que é o Espiritismo?. É executada a peça de Mozart recebida mediunicamente na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris sob avaliação de críticos que reconhecem o estilo do músico. 1860 – lança nova edição ampliada de O livro dos Espíritos. 1861 – publica O Livro dos Médiuns. 1862 – publica O Espiritismo na sua Expressão mais Simples. 1864 – publica Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo. 1865 – edita O Evangelho Segundo o Espiritismo (edição final), O Céu e o Inferno e Coleção de Preces Espíritas. 1868 – leva ao publico Caracteres da Revelação Espírita, e A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 1869 – em 31 de março, desencarna em plena atividade na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris quando rompe-se um aneurisma. Deixa a codificação, o exemplo e uma estimativa de seis a sete milhões de espíritas pelo mundo já naquela época. Vês que a tua missão está subordinada a coisas que dependem de ti. (Última frase do Espírito Verdade ao futuro Codificador em 12 de junho de 1856, Obras Póstumas, Minha Missão) 3. REUNIÕES MEDIÚNICAS L.M., Cap. XVI – “Dos Médiuns Especiais”, it. 186, Allan Kardec: Para que uma comunicação seja boa, preciso é que proceda de um Espírito bom; para que esse bom Espírito a possa transmitir indispensável lhe é um bom instrumento; para que queira transmiti-la, necessário se faz que o fim visado lhe convenha. L.M., Cap. III – “Do Método”, it. 18, Allan Kardec: Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar. O Espiritismo, também, já o dissemos, entende com todas as questões que interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que principalmente convém é ٛ encará-lo pelas suas conseqüências. 3.1. Comunicações Este capítulo objetiva esclarecer “o que é uma reunião mediúnica” sem a pretensão de dar por encerrado um assunto sobre algo em plena evolução. É importante que o aspirante ou iniciante aos serviços mediúnicos saiba em que campo deseja se inserir, libertando-se de quaisquer vínculos com fantasia, ilusão ou expectativas nada relacionáveis aos verdadeiros propósitos das reuniões mediúnicas. Para isso, reuniram-se conceitos atuais do livro Reuniões Mediúnicas somados aos conteúdos de O Livro dos Médiuns (L.M.): Cap. III – “Do Método”, Cap. X – “Da Natureza das Comunicações”, Cap. XXI – “Da Influência do Meio”, Cap. XXV – “Das Evocações”, Cap. XXIX – “Das Reuniões e das Sociedades Espíritas”. As comunicações mediúnicas podem ser segundo O Livro dos Médiuns, Cap. X – “Da Natureza das Comunicações”: 134. Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros (...) elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e mesmo ímpias. 135. As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer. Tais Espíritos saem-se às vezes com 6 tiradas espirituosas e mordazes e, por entre facécias vulgares, dizem não raro duras verdades, que quase sempre ferem com justeza (...) A verdade é o que menos os preocupa; daí o maligno encanto que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a presunção de neles crer sob palavra. As pessoas que se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e 7 falaciosos. Delas se afastam os Espíritos sérios, do mesmo modo que na sociedade 8 humana os homens sérios evitam a companhia dos doidivanas. 136. As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica. No tocante a comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das falsas, o que nem sempre é fácil (...) 137. Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito (...) Unicamente pela regularidade e freqüência daquelas comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos que as dão e a confiança que eles merecem. Se, para julgar os homens, se necessita de experiência, muito mais ainda é esta necessária, para se julgarem os Espíritos. Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo (...) Em todos os tipos de reuniões, algo se colhe como experiência; entretanto, a característica do tipo de comunicação exige atenção de dirigentes no objetivo de dar direção aos serviços. Os objetivos das comunicações devem ser sempre educativos e produtivos, quando o médium não filtra a mensagem e permite a extravagância nas comunicações poderá estar ocorrendo a invigilância ou a adesão às idéias grosseiras que encontram guarida no campo mental do médium (ver cap. 19.4), gerando-se a identificação com o Espírito, com envolvimento pelo sentimento de simpatia com o mesmo, e perigoso “apoio” sem restrições. O tipo de comunicação está relacionado com a qualidade do grupo9, visto que, são desejáveis, em nossa atualidade, as comunicações instrutivas e sérias por elevarem o nível do serviço alcançando-se os três objetivos das reuniões mediúnicas (a seguir neste capítulo). A respeito das reuniões instrutivas, é destacado na p. 17 do livro Reuniões Mediúnicas, do Projeto Manoel Philomeno de Miranda: Essas são as reuniões que, hoje, denominamos, no Movimento Espírita, de mediúnicas, e que serão objeto de uma série de reflexões para sinalizarmos alguns aspectos indispensáveis, à guisa de modesta contribuição, para quantos delas participam, no sentido de conscientizá-los melhor quanto às responsabilidades inerentes a essa participação. 6 7 8 Meio-termo entre a graça e a zombaria. Enganador. Indivíduo leviano, adoidado. 9 Valores morais e intelectuais, adesão e comprometimento com a tarefa em sentimento de humildade, respeito e amor ao próximo. Assim sendo, ao referirmo-nos a “reuniões mediúnicas”, estaremos falando das reuniões instrutivas e sérias que devem ser, via de regra, as reuniões de prática no desenvolvimento mediúnico. 3.2. Objetivos das Reuniões Mediúnicas Os objetivos das reuniões mediúnicas relacionam-se, basicamente, aos princípios esclarecedores e consoladores da Doutrina Espírita, recebendo diversas denominações pelos autores espirituais e espíritas sem que fujam deste ponto de encontro. A idéia prepotente de que o médium pertencia a uma classe privilegiada ou especial da humanidade gerou o distanciamento do serviço mediúnico de sua real proposta, de maneira que, ilustres Espíritos e espíritas relembraram a verdade, desde os primórdios, claramente registrada pelo Codificador. L.M., Cap. XIV, it. 159, Allan Kardec, it.159. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Na colocação deste item 159, o Codificador esclarece que a mediunidade é faculdade comum ao homem. É claro que nem todos manifestam-na ostensivamente (a se revelar na psicofonia ou psicografia, por exemplo), todavia, postura de humildade ainda deve ser expressada, visto que, na grande maioria, a mediunidade é de prova e concedida através das possibilidades orgânicas que, em ação da misericórdia divina, possibilitam a ascensão, conforme for utilizada, aos, por demais, endividados . Diálogo com as Sombras, Cap. II, Hermínio C. Miranda: O médium foi realmente distinguido com o recurso da mediunidade, para produzir mais, para apressar ou abreviar o resgate das suas faltas passadas. De forma a estabelecer uma reflexão sobre os objetivos das reuniões mediúnicas vamos seguir a divisão em três objetivos centrais, conforme o Projeto Manoel Philomeno de Miranda. 3.2.1 Primeiro Objetivo Sendo as reuniões mediúnicas de caráter instrutivo, este, já pelo próprio nome, define seu objetivo primeiro. Reuniões Mediúnicas, 1ª Parte, p. 17. Projeto Manoel Philomeno de Miranda: o 1º objetivo das reuniões mediúnicas é a instrução dos participantes encarnados. Que seja, portanto, o nosso propósito constante o de aproveitar cada lição, cada depoimento, como uma oportunidade de aprender, uma instrução prática que os bons Espíritos estão nos ensejando. Jamais nos coloquemos diante do fato espírita como se nada tivesse a ver conosco, como se, pretensiosamente, já tivéssemos superado totalmente aquele problema-lição que nos chega. A instrução dos encarnados (médiuns) também se dá através de Espíritos esclarecedores, como destaca Allan Kardec no livro O que é o Espiritismo, Cap. II, item 50 : O fim providencial das comunicações é convencer os incrédulos de que tudo para o homem não se acaba com a vida terrestre, e dar aos crentes idéias mais justas. Segundo Allan Kardec, as comunicações também devem “dar aos crentes idéias mais justas”, e que do grupo dos crentes devem participar “os médiuns”, como nos ensina Divaldo Pereira Franco no livro Qualidade na Prática Mediúnica, 2ª parte, q. 46: É muito comum pessoas envernizadas de falsa cultura dizerem: - “eu não creio”. Deixam a impressão de que o fato delas afirmarem que não crêem, dá-lhes autoridade para negar a realidade. Embora alguém assevere a sua descrença, não invalida a existência real do que nega, em nenhum ângulo. Por isso é necessário que a pessoa tenha percorrido antes o caminho da cultura espírita, em torno do assunto, para chegar a uma posição positiva ou negativa. E assim sendo, concluímos, sem dúvidas, que os médiuns não podem pertencer ao grupo dos incrédulos, já que não é objetivo das comunicações dar fé a quem não tem, bem como, médiuns incrédulos são indesejáveis, já que corrompem a vibração uníssona desejável de um grupo. A respeito desta afirmativa, analisemos que “os incrédulos” são aqueles que desconhecem a Doutrina, que, fortalecida pelos ensinamentos colhidos das reuniões mediúnicas, abastece-se de recursos cada vez mais convincentes. Reuniões Mediúnicas, p.19, Projeto Manoel Philomeno de Miranda: Convencer os incrédulos é tarefa muito mais da Doutrina que do fenômeno, pois que aquela transcende a este, conferindo-lhe bases interpretativas legítimas e sólidas. 3.2.2 Segundo Objetivo Alcançando-se o primeiro objetivo – instrução dos participantes encarnados –, partimos para o segundo objetivo. Reuniões Mediúnicas, 1ª Parte, p.18, Projeto Manoel Philomeno de Miranda: (...) surge uma colocação adicional: o convencimento dos incrédulos propiciado como decorrência das comunicações obtidas nas reuniões mediúnicas. É claro que este convencimento não se dá através da exposição pública das reuniões mediúnicas, mas sim, através do fortalecimento do corpo da doutrina. Como Allan Kardec coloca no L.M., Cap. III, “Do Método”: (N.18)... Ensina todo aquele que procura persuadir a outro, seja pelo processo das explicações, seja pelo das experiências...; (N.19)... É crença geral que, para convencer, basta apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico. Entretanto, mostra a experiência que nem sempre é o melhor, pois que a cada passo se encontram pessoas que os mais patentes fatos absolutamente não convenceram...; Por conclusão, notamos que certas pessoas se satisfazem com as explicações; outras, nem mesmo com os fatos, se deixam convencer, o que exporia as reuniões mediúnicas abertas aos comentários vexatórios nada construtivos à divulgação da Doutrina. Expor as reuniões mediúnicas seria “colocar o carro à frente dos bois”, como colocado em: L.M., Cap. III, “Do Método”, it. 19, Allan Kardec:Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido (...) Assim sendo, dentro das reuniões, devem estar aqueles que já estão convencidos e que conhecem, podendo contribuir ao convencimento e conhecimento dos incrédulos.10 Não podemos esquecer que além dos incrédulos, ainda existem os incertos, além dos opositores, como descreve Allan Kardec no mesmo capítulo. Reuniões Mediúnicas, 1ª Parte, Avaliação, p.39, Projeto Manoel Philomeno de Miranda: Colocou-se claramente que os incrédulos passíveis de convencimento em curto prazo, por contato direto com a Doutrina, não são os materialistas sistemáticos nem os incrédulos de má vontade e de má fé, mas os desanimados e os de fé vacilante, encarnados ou desencarnados. Devemos saber que mesmo os incrédulos mais persistentes beneficiam-se com o fortalecimento da Doutrina, já que esta repercute no progresso da sociedade comum. 3.2.3 Terceiro Objetivo Dentre os incrédulos, incertos e opositores, encontram-se os Espíritos desencarnados em situação ainda infeliz e que são atendidos pelo terceiro objetivo das reuniões mediúnicas que é o de assistir os Espíritos desencarnados. Neste encontro, somos possibilitados de auxiliar os verdadeiros dirigentes da reunião mediúnica (Espíritos Superiores) como descreve Allan Kardec (L.M., Cap. XXV, nº. 281): A evocação dos Espíritos vulgares tem, além disso, a vantagem de nos pôr em contacto com Espíritos sofredores, que podemos aliviar e cujo adiantamento podemos facilitar, por meio de bons conselhos. No mesmo nº 218, Allan Kardec ressalta que o médium deve dar de graça o que recebe de graça, sendo que “de que vale as mais belas orientações de Espíritos elevados se estas não são colocadas em prática por aqueles que as recebem ?” L.M., it. 218- Há egoísmo naquele que somente a sua própria satisfação procura nas manifestações dos Espíritos, e dá prova de orgulho aquele que deixa de estender a mão em socorro dos desgraçados. De que lhe serve obter delas comunicações de Espíritos de escol, se isso não o faz melhor para consigo mesmo, nem mais caridoso e benévolo para com seus irmãos deste mundo e do outro? Que seria dos pobres doentes, se os médicos se recusassem a lhes tocar as chagas? 3.2.3.1 Classificação dos Espíritos Assistidos nas Reuniões Mediúnicas Dentre os Espíritos infelizes que são levados ao atendimento nas reuniões mediúnicas podemos destacar, conforme Reuniões Mediúnicas, 1ª Parte, Avaliação, p. 42, 43, 44, Projeto Manoel Philomeno de Miranda: 10 Allan Kardec, no L.M., Cap. III, “Do Método”, descreve categorias de incrédulos que podem ser: incrédulos por sistema (a negação absoluta, raciocinada a seu modo); incrédulos por falta de coisa melhor (o são deliberadamente e o que mais desejam é crer, porquanto a incerteza lhes é um tormento); incrédulos de mávontade (a esses muito aborreceria o terem que crer); incrédulos por interesse ou de má-fé (os que a compõem sabem muito bem o que devem pensar do Espiritismo, mas ostensivamente o condenam por motivos de interesse pessoal. Não há o que dizer deles, como não há com eles o que fazer); os incrédulos por pusilanimidade (que terão coragem, quando virem que os outros não se queimam); os incrédulos por escrúpulos religiosos (aos quais um estudo esclarecido ensinará que o Espiritismo repousa sobre as bases fundamentais da religião e respeita todas as crenças); depois, vêm os incrédulos por orgulho, por espírito de contradição, por negligência, por leviandade etc. etc., incrédulos por decepções. Espíritos sofredores: ressentindo-se das marcas da desencarnação ou das seqüelas das enfermidades que os vitimaram ou expondo os conflitos que desenvolveram durante a encarnação, deverão sair aliviados e esperançosos. Espíritos que desconhecem a condição de desencarnados por estarem confusos e iludidos com uma realidade inesperada: (...) serão preparados a fim de que os Amigos Espirituais, parentes desencarnados ou mesmo os doutrinadores, em contatos posteriores, os esclareçam com relação à nova condição de vida em que se encontram. Espíritos que negam a condição de desencarnados pelo fascínio do materialismo: (...) auto-hipnotizam-se a ponto de crerem na própria ilusão física que construíram, serão conduzidos através do choque anímico a “remorrerem”, vivendo outra vez o momento da desencarnação a fim de se libertarem. Espíritos amedrontados: são os perseguidos por outros Espíritos (...) os dementados e 11 de mentes avassaladas por sevícias e profundas sugestões desfechadas por seus algozes vão, pouco a pouco, se libertando. Espíritos mistificadores: deverão ser reconhecidos. A presença de tais Entidades não deverá ser habitual, ocorrendo tão-somente para a nossa instrução e objetivando atender o doente no mal específico que é o hábito infeliz de burlar. 12 Espíritos obsessores: são os que se comprazem em ferir, malsinar, engendrar vinganças e perseguições; apresentar-se-ão controlados e alguns deles haverão de se sensibilizar com os exemplos que lhes possam ser passados. E.S.E., Cap.XII, Amai os vossos inimigos, Inimigos desencarnados:Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Importante: As terapias de socorro aos Espíritos sofredores inicia-se antes da passagem de Espíritos pelas reuniões mediúnicas, aliás, elas já eram praticadas antes mesmo do advento do Espiritismo, como ainda o são, afinal de contas, são uma necessidade espiritual (para saber mais, leia: Temas da Vida e da Morte, Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Divaldo P. Franco). Isto nos faz refletir a respeito de quem realmente faz e quem recebe a caridade já que os médiuns: - recebem dos Espíritos sofredores a advertência quanto à conduta moral e suas conseqüências através do exemplo infeliz que dão; - recebem de Espíritos superiores esclarecimentos fortalecedores ao corpo da Doutrina, bem como alertas para correção pessoal (comum nas psicografias); - não são os elementos indispensáveis ao socorro de Espíritos sofredores, já que este socorro se inicia antes no plano Espiritual, passa pelas reuniões mediúnicas (plano físico),13 e continua no plano espiritual. Nota: Importante salientar que as reuniões mediúnicas não são ambiente onde praticamos a caridade (esclarecendo melhor o médium em desenvolvimento e evitando-se inclusive o afloramento da vaidade, prejudicial a todo intercâmbio), como declarou Divaldo P. Franco, em seminário promovido pela USE (abril/1980): (...) ali é o lugar onde vamos aprender e receber caridade (...) 11 Atos de crueldade, desumanidade. desvirtuar, censurar, condenar, denunciar, desejar mal. 13 (...) advento do Espiritismo. Com a sua chegada ao universo dos homens, criaram-se regras e orientações seguras para o exercício mediúnico, e as reuniões de objetivos elevados passaram a ser realizadas de modo vasto, no plano físico, com o intuito de acelerar a marcha da Humanidade. (Temas da Vida e da Morte Espírito Manoel Philomeno de Miranda – Divaldo P. Franco). 12 Afinal de contas, ao recebermos a declaração das conseqüências de atos infelizes de Espíritos desencarnados, somos alertados sobre a necessidade de mudança de comportamento correlacionável aos fatos da comunicação. 3.2.3.2 Assistência aos Espíritos Desencarnados Materializados Os Espíritos Superiores definem por Espíritos materializados não aqueles que se encontram reencarnados, mas sim, aqueles que, despidos da vestimenta carnal, ainda apresentam apego às sensações, prazeres e necessidades advindas do corpo físico. Os Quatro Evangelhos, J. B. Roustaing: Por Espírito material entendei aqueles cujos pendores são todos para matéria e que lhe sentem a influência mesmo quando dela desprendidos, isto porque o perispírito corresponde sempre ao adiantamento espiritual. O de um Espírito pouco adiantado, sujeito, conseguintemente, às atrações da matéria, é muito espesso e bastante aproximado, embora não o vejais, das matérias que compõe os vossos corpos. Para os Espíritos materiais ou materializados, existe a fome, a dor física, a sede, o calor e o frio como impressões registradas no perispírito. Portas e paredes são obstáculos intransponíveis, já que não reconhecem a nova realidade. Devido a esta incapacidade de reconhecerem-se como Espíritos, acabam por não reconhecerem os Espíritos benfazejos que deles se aproximam, sendo então necessária a intermediação de um encarnado, visível para eles (dirigente e médium), que possa através da fala esclarecer-lhes sobre a atual situação. É assim comum que, nas reuniões mediúnicas, os Espíritos atendidos não vejam os Espíritos que ali os conduziram. Nos Domínios da Mediunidade, Cap. 6, Espírito André Luiz, Francisco Cândido Xavier: (...) conduzido por três guardas espirituais, Libório foi trazido à sala de socorro do grupo. Era infortunado solteirão desencarnado que não guardava consciência da própria situação. Incapaz de enxergar os vigilantes que o traziam, caminhava à maneira de um surdocego, impelido por forças que não conseguia identificar. Informou Áulus: - É um desventurado obsessor, que acabam de remover do ambiente a que muito tempo, se ajusta,.desencarnou em plena vitalidade orgânica, depois de extenuar-se em festiva loucura. Letal intoxicação cadaverizou-lhe o corpo, quando não possuía o menor sinal de habilitação para aconchegar-se às verdades do espírito (...) (...) reparem. É alguém se movimentar nas trevas de si mesmo, trazido ao recinto sem saber o rumo tomado pelos próprios pés, como qualquer alienado mental em estado grave. 3.2.3.3 Motivo de Atendimento no Plano Físico O trabalho de assistência espiritual, bem como a atividade mediúnica, se dão tanto no plano espiritual como no físico. Nada fundamental exige o atendimento de desencarnados entre nós, mas pelo nosso apelo de aprender servindo, concede-nos, a Espiritualidade maior, a oportunidade de participar desta ação sublime de cunho socorro-assistencial que nos desperta a consciência, pelo saber, e o coração, pelo sentir vivenciando. Missionários da Luz, Cap. 17, Espírito André Luiz, Francisco Cândido Xavier: - Por que a doutrinação em ambiente dos encarnados? Indaguei. – Semelhante medida é uma imposição no trabalho deste teor? -Não – explicou o instrutor –, não é recurso imprescindível. Temos variados agrupamentos de servidores do nosso plano, dedicados exclusivamente a esse gênero de auxílio. As atividades de regeneração em nossa colônia estão repletas de institutos consagrados à caridade fraternal, no setor de iluminação dos transviados. Os postos de socorro e as organizações de emergência, nos diversos departamentos de nossas esferas de ação, contam com avançados núcleos de serviço da mesma 14 ordem. Em determinados casos, porém, a cooperação do magnetismo humano pode influir mais intensamente, em benefício dos necessitados que se encontram cativos das zonas de sensação na crosta do mundo. Mesmo aí, contudo, a colaboração dos amigos terrenos, embora seja apreciável, não constitui fator absoluto e imprescindível; mas, quando é possível e útil, valemo-nos do concurso dos médiuns e doutrinadores humanos, não só para facilitar a solução desejada, senão também para proporcionar ensinamentos vivos aos companheiros envolvidos na carne, despertando-lhes o coração para a espiritualidade. 3.3 Requisitos Inerentes aos Participantes A “privacidade” e “a seleção dos integrantes” são necessárias para o perfeito equilíbrio do grupo mediúnico durante as comunicações, assim não são admitidos, no local e horário do intercâmbio, senão a equipe selecionada15 pelo critério da afinidade entre si, interesse, devotamento, capacidade de integração, equilíbrio emocional, saúde e conhecimento espírita compatíveis com a tarefa a que se propõem. Importante ao médium em desenvolvimento que, antes de iniciar-se na prática mediúnica, saiba quais os requisitos necessários a fim de que o mesmo adquira qualidade em sua prática, bem como tenha autoconsciência de sua atuação. Os itens requisitos inerentes aos participantes foram extraídos do livro Reuniões Mediúnicas, 2ª Parte, “Padrões de Qualidade para as Reuniões Mediúnicas” (Projeto Manoel Philomeno de Miranda): 1 - Harmonia e amizade entre os membros de cada grupo mediúnico e entre os diversos grupos, abolindo-se qualquer sentimento de competição; 2 - Interesse incessante em aprender servindo com despojamento de toda e qualquer atitude personalista; 3 - Cooperação recíproca e motivação permanente; 4 - Compromisso individual e coletivo com o estudo, a oração, a prática da caridade e a auto-iluminação progressiva; 5 - Prática do Culto do Evangelho no Lar; 6 - Integração nas tarefas e programas da Casa Espírita e compromisso com a Causa; 7 - Ambiente reservado exclusivamente para as reuniões mediúnicas ou atividades afins; 8 - Garantia de silêncio e harmonia vibratória em todas as dependências do Centro Espírita, evitando-se atividades simultâneas que possam desestabilizá-las; 9 - Equipe conscientizada quanto ao valor das disciplinas preparatórias, pontualidade e assiduidade; 10 - Quantidade de participantes limitada, compatível com a natureza específica da reunião e capacidade de harmonização da equipe; 14 Em Choque Anímico (ver cap. 8.1.3), é abordado com mais detalhes o efeito magnético do reencarnado sobre o Espírito assistido. 15 Exceção feita para algum convidado em condições a critério do dirigente. 11 - Membros da equipe não comprometidos com práticas de intercâmbio espiritual de outras Instituições; 12 - Cada membro da equipe ciente de sua função e de todas demais inerentes ao trabalho mediúnico, não se aconselhando improvisações ou duplicidade de funções Atenção – Conforme as reuniões mediúnicas tomam corpo pelo envolvimento dedicado de seus integrantes, avolumam-se os adversários da Casa Espírita e de seus trabalhadores que acabam se tornando alvo de Espíritos perversos que maquinam investidas em todos os ambientes que ocupam (seja na Casa Espírita, seja nos ambientes de convívio profissional e social, seja no próprio lar), exigindo de cada integrante cuidados maiores aos “requisitos inerentes aos participantes”. Estas investidas também podem-se dar através de Espíritos reencarnados integrantes das atividades mediúnicas, como veremos em “Mediunidade do Anticristo” (ver cap. 16). Libertação, Cap. 16, Espírito André Luiz, Francisco C. Xavier: Enquanto a criatura é vulgar e não se destaca por aspirações de ordem superior, as inteligências pervertidas não se preocupam com ela; no entanto logo demonstre propósitos de sublimação apura-se-lhe o tom vibratório, passa a ser notada pelas características de elevação e é naturalmente perseguida por quem se refugia na inveja ou na rebelião silenciosa 3.4 Influência do Meio O meio exerce importante influência nas reuniões mediúnicas, sendo o médium importante agente de adequação e manutenção deste meio no qual manifestam-se os fenômenos de intercâmbio. Daí, fundamental, o aprimoramento moral de cada trabalhador já que a pureza de intenções sobressai-se em valor sobre os aspectos intelectuais (no que diz respeito a influência do meio). Allan Kardec constatou isto, claramente, quando, em 1860, visitou a sociedade espírita localizada em Lion onde operários, pouco intelectualizados, empreendiam esforços de serviço a manifestarem, então, elevado envolvimento com o teor moral da Doutrina, o que entusiasmou o codificador. L.M., Cap. XX, item 227 - Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral (...) Os aspectos morais a influenciarem o meio são perceptíveis tanto aos encarnados como desencarnados. Nos Domínios da Mediunidade, p.64, Espírito André Luiz, F.C. Xavier: (...) o visitante chorava. Via-se porém, com clareza, que não eram as palavras a força que o convencia, mas sim o sentimento irradiante com que eram estruturadas (...) Esta influência está, sobre tudo, relacionada a natureza dos pensamentos. A Gênese, Cap XIV, “Os Fluidos Ação dos Espíritos sobre os fluidos. – Criações fluídicas. – Fotografia do pensamento”, 19. – Assim se explicam os efeitos que se produzem nos lugares de reunião. Uma assembléia é um foco de irradiação de pensamentos diversos. É como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada um emite uma nota. Resulta daí uma multiplicidade de correntes e de eflúvios fluídicos cuja impressão cada um recebe pelo sentido espiritual, como num coro musical cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição (...) Tal a causa da satisfação que se experimenta numa reunião simpática, animada de pensamentos bons e benévolos (...) Basta, porém, que se lhe misturem alguns pensamentos maus, para produzirem o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido, ou o de uma nota desafinada num concerto. Desse modo também se explica a ansiedade, o indefinível mal-estar que se experimenta numa reunião antipática, onde malévolos pensamentos provocam correntes de fluido nauseabundo. 20. – O pensamento, portanto, produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral (...) O homem o sente instintivamente, visto que procura as reuniões homogêneas e simpáticas, onde sabe que pode haurir novas forças morais, podendose dizer que, em tais reuniões, ele recupera as perdas fluídicas que sofre todos os dias pela irradiação do pensamento, como recupera, por meio dos alimentos, as perdas do corpo material (...) o pensamento é uma emissão que ocasiona perda real de fluidos espirituais e, conseguintemente, de fluidos materiais, de maneira tal que o homem precisa retemperar-se com os eflúvios que recebe do exterior. Os resultados do trabalho mediúnico apóiam-se nos verdadeiros sentimentos de amor ao próximo que, irradiados em verdadeira corrente magnética, resultam nos mais belos serviços ao atingirem os pontos mais delicados e, por vezes, enclausurados pela dor e o desespero daqueles que nos chegam. Claro é que os Espíritos superam as deficiências do meio (conforme o L.M., it. 231q.2ª), mas resultado desta equivalência somente é obtido pela favorável influência do meio que nada mais é do que a psicosfera formada pelos elevados interesses dos integrantes das reuniões mediúnicas que atraem o apoio de Espíritos elevados. L.M., Cap. XXI, it.233 : Nem sempre basta que uma assembléia seja séria, para receber comunicações de ordem elevada. Há pessoas que nunca riem e cujo coração, nem por isso, é puro. Ora, o coração, sobretudo, é que atrai os bons Espíritos. L.M., Cap. XXIX, it.331: Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for. Daí extrai-se o fundamento de que somente adentram ao ambiente mediúnico aqueles capacitados e envolvidos com o serviço, fechando-se as portas ao público comum. Daí também se fundamenta a limitação no número de integrantes, pois se a força de até quinze, em uníssono, amplifica os recursos, difícil se torna a confluência de interesses em um grupo disperso pela multidão de integrantes. L.M., Cap.XXIX, it.330: Perfeita seria a reunião em que todos os assistentes, possuídos de igual amor ao bem, consigo só trouxessem bons Espíritos. Em falta da perfeição, a melhor será aquela em que o bem suplante o mal.