Barotrauma de Ouvido Médio
BAROTRAUMA DE OUVIDO MÉDIO
ALVAREZ, Ana Paula F.O.; ALEXANDRE, Analu e NASCIMENTO, Elaine S.do.
Resumo: O ouvido médio começa na membrana timpânica e tem um espaço aéreo conhecido
como cavidade timpânica. Dentro dela encontram-se três ossículos articulados entre si
(martelo, bigorna e estribo) suspensos por ligamentos que faz a ligação do ouvido externo com
o ouvido interno. A orelha média estabelece comunicação também com a rinofaringe, através
da tuba auditiva (antiga trompa de Eustáquio) que permite a entrada do ar no ouvido médio
equalizando as pressões do ar atmosférico interna com a externa. Quando não ocorre essa
equalização, pode-se ter desde um desconforto até um trauma acústico que é denominado de
Barotrauma. O Barotrauma pode ocorrer em viagens aéreas e montanhosas e durante
atividades de mergulho, geralmente em descidas muito rápidas, devido ao aumento de pressão
do ambiente. Enquanto essas pressões não equalizarem, a audição é diminuída, ocorre dor e
pode-se ter perfuração de tímpano e sangramento até que o equilíbrio seja restabelecido.
1- INTRODUÇÃO
Equalizar as pressões interna com a
externa do tímpano é essencial para o bom
funcionamento da audição. O barotrauma
de ouvido médio é definido segundo
Armstrong e Hein1, como uma inflamação
traumática aguda ou crônica causada por
alterações da pressão atmosférica.
Separado do ambiente externo pela
membrana timpânica, o ouvido médio
comunica-se com a rinofaringe através da
tuba auditiva (antiga trompa de Eustáquio).
Para que ocorra o funcionamento ideal da
audição é necessário que a pressão
atmosférica externa esteja igual à pressão
interna. A tuba auditiva realiza a
manutenção da pressão de dentro do
ouvido. Se a pressão no ouvido médio
diminui, não é permitida a entrada de ar
pela tuba a não ser que a sua abertura seja
ativamente promovida. Quando a pressão
do ouvido médio é menor do que no canal
auditivo tem-se o tímpano abaulado para
dentro o que poderá causar dor e lesionar ou
rasgar o tímpano. Seja por qualquer motivo,
quando a pressão do ar no ouvido médio
difere (para menor ou para maior) do que a
do ambiente externo e a tuba auditiva não
permite a passagem do ar para que ocorra o
equilíbrio, por estar bloqueada (pode ser
congênita ou devido a uma inflamação na
garganta por exemplo), causará o
barotrauma.
O fator básico do barotrauma,
segundo Bento, Miniti e Marone2 é a falta
de ventilação adequada dessas cavidades
(corporais) quando o individuo se submete
a mudança de pressão barométrica,
impossibilitando assim o equilíbrio das
pressões intra e extracavitárias.
A freqüência que ocorre o
barotrauma é grande. As pessoas sofrem
barotrauma
geralmente
quando
há
alterações de altitude, como em viagens
aéreas, percursos em regiões montanhosas
ou durante atividades aquáticas de
mergulhos, em geral na descida,
principalmente quando muito rápidas, em
razão da diferença da pressão atmosférica.
O barotrauma pode ocorrer
unilateral ou bilateralmente. Traz uma
sensação de desconforto e de plenitude
(“enchimento”), dor no ouvido e
diminuição da capacidade auditiva causada
pelas diferenças de pressão interna e
externa do tímpano. Nos casos mais graves,
a dor é muita intensa, podem ocorrer
1
Barotrauma de Ouvido Médio
vertigens, febre e perfuração do tímpano,
extravasamento de líquido seroso ou de
sangue através da tuba auditiva e surdez
temporária. Na maioria das vezes, as
manifestações desaparecem logo depois da
exposição à diferença de pressões. Podendo
permanecer por algumas horas, dias ou
semanas.
2- REVISÃO DE LITERATURA
O Barotrauma de ouvido médio de
acordo com o autor Reuter, H. S.define-se
como (peso, pressão) com trauma, para F.
Gonçalves identifica a patologia como
Barotite média uma inflamação de caráter
agudo16. A incidência da patologia é devida
à mudança de pressão ambiental, onde o
fator principal é o papel da tuba auditiva,
sua função é prover a ventilação dos
espaços aéreos do osso temporal, sendo
responsável por sua pneumatização e
manutenção do equilíbrio da pressão com o
ambiente 1,6,17 .
Sua incidência ocorre durante
viagem aérea, ou em mergulho subaquático,
e consiste na impossibilidade da tuba
auditiva abrir 2,3,6,8. O autor Bert, relatou as
primeiras incidências descrevendo os
sintomas auditivos sofridos por dois
balonistas 1,2 ; Outros relatos surgiram, com
pescadores de ostras por mergulhos livres,
referiam otalgias e perfurações da
membrana timpânica 1,4,5,17.
Com
o
desenvolvimento
aeroespacial após a I e II Guerras Mundiais,
frequentemente apareceram outros casos de
“disbarismo” como denominou Hinchcliffe
para designar os barotraumas de maneira
geral, daí a importância de ser melhor
estudado, em sua fisiopatologia e
complicações para a orelha interna3.
Em repouso, a tuba auditiva
encontra-se fechada pelo efeito passivo de
mola de seu segmento cartilaginoso.
Durante essa oclusão, o ar contido na orelha
média, vai sendo absorvido pela mucosa
vascularizada do promontório levando a
cavidade a uma pequena pressão negativa
fisiológica que contribuirá na sucção do ar
quando a tuba auditiva abrir. Quando se
desafia esse sistema de equilíbrio da
pressão, variando a pressão ambiental,
como ocorre nas mudanças de altitude nos
vôos em aeronaves ou mergulhos
submarinos, põe-se à prova a sua eficiência.
As chances de desequilíbrio são maiores do
que ao nível do mar1, 11, 6.
O mecanismo de instalação do
Barotrauma é explicado fisicamente pela lei
de Boyle, aplicada à orelha média. Ela diz
que “a pressão e o volume de uma massa de
gás variam de maneira inversa”. Assim,
quando uma aeronave ascende, a pressão
ambiental tende a diminuir, quando o
volume de ar dentro da caixa timpânica,
tende a aumentar. A membrana timpânica,
que é elástica, vai se projetando para fora
até que o mecanismo de válvula da tuba
deixa o ar sair e o equilíbrio se estabelece
antes de qualquer sofrimento da orelha
média. Na eventualidade de uma obstrução
da tuba, o Barotrauma pode ocorrer sem
que o indivíduo tenha muito que fazer para
evitá-lo. Deve-se adicionar que, quanto
maior altitude, menor as chances de
Barotrauma de orelha média1, 11,12.
Quando a aeronave descende, de
uma maneira geral, as possibilidades de
Barotrauma Otológico aumentam, pois se
sabe que a pressão ambiental, que tende a
aumentar progressivamente, vai também
atuar na nasofaringe, colocando as paredes
cartilaginosas da tuba, dificultando sua
abertura durante a deglutição. Mais uma
vez sob a lei de Boyle, o volume de ar da
caixa timpânica vai diminuindo ao passo
que a pressão ambiental vai aumentando. A
membrana timpânica vai se retraindo no
sentido da orelha média, pela pressão
negativa no seu interior2. A abertura da tuba
auditiva agora ativa, pelo ato de deglutição,
admitirá ar para a orelha média,
restabelecendo o equilíbrio, até que todo
esse ciclo ocorra novamente durante a
descensão8, 9,14.
Novas incidências ocorreram em
pacientes que necessitam de procedimentos
de câmera hiperbárica, um tratamento para
pessoas com quadro de diversas afecções, o
uso desse procedimento acarreta no
Barotrauma de ouvido médio, devido o
ambiente com oxigênio 100% e pressão
atmosférica alta, o autor relata os casos,
informando que o barotrauma de orelha
média é uma complicação freqüente da
oxigenioterapia hiperbárica e sugere que
antes do procedimento serão necessários
2
Barotrauma de Ouvido Médio
exames
minuciosos
da
membrana
timpânica5.
Alguns casos de barotrauma que
ocorreram em fase aguda evoluindo para a
cronicidade exemplo de casos com
perfurações timpânicas e luxações da cadeia
ossicular, que podem ser reparados
cirurgicamente, outros casos como edema e
hemorragia intersticiais da mucosa da tuba
podem fibrossar, diminuindo o lumén, o
que pode acometer a novos casos de
Barotrauma de ouvido médio1,6,15,7. As
complicações de maior significância
ocorrem por conta da agressão da orelha
interna, transmitindo através de suas
janelas3. Caracterizada por plenitude
auricular de difícil melhora, hipoacusia
condutiva, zumbido e raramente dor ou
vertigem, o quadro piora na vigência de
infecções de vias aéreas após vôos ou
mergulhos e mudanças de clima. O tímpano
apresenta-se abaulado ou retraído, opaco e
espessado2.
Perda auditiva do tipo sensorial de
discreta a total e as vertigens são suas
principais conseqüências9. Admite-se que o
trauma das compressões e descompressões
da orelha média seria uma forma de
microtraumatizar o Órgão de Corti pela
compressão
e
descompressão
da
1,6
endolinfa .
O tratamento é preventivo, no
sentido de facilitar a equalização de pressão
entre a cavidade da orelha média e o meio
ambiente1, 8,12.
Os indivíduos que frequentemente
estão submetidos à mudança de pressão
brusca devem estar instruídos, sobre a
praticar as manobras de Valsava e Frenzel
para evitar o Barotrauma3, 10,7.
Indivíduos
que
apresentam
infecções
respiratórias
agudas,
especialmente, com obstrução nasal ou
crises de rinite alérgica, predispõe ao
Barotrauma, devendo assim fazer uso de
descongestionantes sistêmicos que auxilia a
ventilação tubária2, 6.
A manobra de Valsava consiste em
pressionar o ar expirado na nasofaringe,
elevando se o palato e mantendo-se os
lábios fechados e igualmente o nariz este
com manobra digital, e pode ser repetido
quanto for necessário, sendo utilizada tanto
por
aeronavegantes
quanto
por
mergulhadores1, 3,12,15.
A manobra de Frenzel é mais
segura, porém mais difícil de ser ensinada e
executada. Fecha-se voluntariamente a
glote e contrai-se a boca e nariz fechado, a
musculatura do assoalho da boca e
constritores superiores da faringe. Mais
raramente, o Barotrauma de orelha média
pode ocorrer na fase de ascenssão do
mergulho, especialmente quando ela é mais
rápida, como ocorre no mergulho em
apnéia, onde o mergulhador apressa-se a
chegar à superfície para respirar1, 3,16.
3- DISCUSSÃO
Foram relatados, por vários
pesquisadores, os efeitos do barotrauma de
orelha média. Em meados dos anos 70,
Reuter, H.S. 1 descrevia como alteração de
pressão poderia causar danos à audição,
estudo esse realizados em balonistas. Mas,
apenas depois da 1ª guerra mundial, por
causa da demanda, houve mais casos a
serem estudados e conseqüentemente
relatados.
4- COMENTÁRIOS FINAIS
Devemos ter em mente que o
barotrauma de orelha média, é uma
complicação freqüente onde não há o
funcionamento adequado da tuba auditiva.
E que, com pequenos mecanismos/
técnicas, pode se evitar e prevenir o trauma
otológico, desde que não seja uma
disfunção orgânica da tuba auditiva, que
neste caso, somente com procedimentos
cirúrgicos conseguirá sanar o problema.
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