FITORREMEDIAÇÃO: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RECUPERAÇÃO EM SOLOS CONTAMINADOS COM METAIS PESADOS Tamires Carvalho dos Santos1, Devson Paulo Palma Gomes1, Clissiane Soares Viana Pacheco1, Alexsandra Nascimento Ferreira 2, Marcelo Franco3 1. Graduando em Engenharia Ambiental 2. Graduando em Licenciatura em Química. 3. Prof. D.Sc. do Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais ([email protected]) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Praça Primavera, 40, Campus de Itapetinga, BA, Brasil. Data de recebimento: 02/05/2011 - Data de aprovação: 31/05/2011 RESUMO A preocupação em relação ao meio ambiente evoluiu ao longo dos anos, sendo um dos fatores a aplicação de técnicas tradicionais inadequadas ao manejo do solo. Neste contexto surgem as chamadas Tecnologias Inovativas de Tratamentos (ITT’s) entre as quais se destaca a fitorremediação que consiste na utilização de espécies vegetais para remedição de solos, sedimentos e sistemas aquáticos. Esta técnica pode ser utilizada para remoção de metais pesados, elementos de grande toxicidade e bioacumulativos, o que pode trazer problemas de saúde nos níveis superiores da cadeia alimentar como o ser humano. As vantagens da fitorremediação residem em: custo inferior as técnicas tradicionais, facilidade em monitorar as plantas em relação a microorganismos (mudou com a nova regra do hífen), etc. Já suas desvantagens advêm da possibilidade das plantas utilizadas se tornarem plantas daninhas, e da influência do clima e das condições edáficas no crescimento das plantas na área, entre outras. Desta maneira é preciso um maior estudo em relação à utilização da técnica mediante e uma ação conjunta de profissionais e com isso identificar o melhor método para remedição (remediação) e recuperação de cada tipo de solo. PALAVRAS-CHAVE: Meio Ambiente, Sustentabilidade Ambiental, Biorremediação. ABSTRACT Concern about the environment has evolved over the years, being one of the factors to apply traditional techniques to inadequate soil management. Arise in this context calls for Innovative Treatment Technologies (ITT's) among which stands out that phytoremediation is the use of plant species for remediation of soils, sediments and aquatic systems. This technique can be used to remove heavy metals, major elements of toxic and bioaccumulative, which can bring health problems in the upper levels of the food chain to humans. The advantages of living in phytoremediation: the lower cost than traditional techniques, ease of monitoring plants for microorganisms, etc. Since its drawbacks arise from the possibility of the plants used to become weeds, and the influence of climate and soil conditions on plant growth in the area, among others. Thus we need a larger study on the use of this technique and a joint ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 1 professional and thus identify the best method for remediation and recovery of each type of soil. KEYWORDS: Environment, Environmental Sustainability, Bioremediation INTRODUÇÃO A preocupação com o meio ambiente evoluiu ao longo dos anos e parte disso foi em função da aplicação de técnicas tradicionais inadequadas de manejo do solo. Com isso surgiram Tecnologias Inovativas de Tratamentos (ITT´s) que visam a descontaminação de solos e águas subterrâneas e contempla, em suas formas mais variadas, a utilização de Biorremediação. A contaminação de solos esta ligada, em sua grande maioria a atividades antropogênicas relacionadas à má disposição de resíduos originados do ciclo de processos industriais, representam um problema ambiental. Na recuperação de áreas degradadas, a revegetação apresenta vantagens, devido a sua natureza permanente, combinada aos baixos custos de manutenção, proteção contra erosão eólica e hídrica, melhoria da estrutura do solo, aumento da fertilidade do solo e recuperação estética da área (ACCIOLY & SIQUEIRA, 2000). Grandes esforços têm sido feitos para integrar conhecimentos que facilitem a reabilitação de solos poluídos ou contaminados com metais pesados, e assim, possibilitar o retorno da funcionabilidade e estabilidade do ecossistema (CUNNINGHAM, 1996). Técnicas de recuperação de solos poluídos por metais pesados, como escavação e substituição do solo ou tratamento químico ex situ, têm sido eficazes em pequenas áreas (MULLIGAN et al., 2001). Essas técnicas agridem mais o meio ambiente e são relativamente mais caras que a fitorremediação. O gerenciamento de áreas contaminadas requer procedimentos relacionados à investigação, à análise de risco, as regulamentações e ações como remediação, contenção ou remoção do meio contaminado. As técnicas de remediação são variáveis, conforme a matriz contaminada, a natureza do contaminante, o nível de contaminação e a disponibilidade de recursos. Muitas destas tecnologias já são amplamente difundidas e utilizadas na remediação de solos, sedimentos, águas subterrâneas e superficiais, atmosfera e resíduos contaminados. Novas tecnologias estão sendo investigadas e entre estas, destaca-se a fitorremediação, a qual baseiase na utilização de plantas como ferramenta principal. A técnica é complexa, por compreender um sistema vegetal dependente de vários fatores como por exemplo, adaptabilidade às condições edafoclimáticas locais, espécies de plantas adaptadas e a própria natureza e nível de contaminação da área (MONTEIRO, 2005). A utilização da fitorremediação é baseada na seletividade, natural ou desenvolvida, que algumas espécies exibem a determinados tipos de compostos ou mecanismos de ação. Esse fato é de ocorrência comum em espécies agrícolas e daninhas, tolerantes a certos herbicidas. A seletividade deve-se ao fato de que os compostos orgânicos podem ser translocados para outros tecidos da planta e subseqüentemente volatilizados; podem ainda sofrer parcial ou completa degradação ou ser transformados em compostos menos tóxicos, especialmente menos fitotóxicos, combinados e/ou ligados a tecidos das plantas (compartimentalização) (ACCIOLY & SIQUEIRA, 2000; SCRAMIN et al., 2001). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 2 O objetivo deste trabalho é descrever o processo de fitorremediação em solos contaminados com metais pesados, expor características os principais potenciais e limitações do processo, bem como a perspectiva atual desta tecnologia. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA MATRIZ DO SOLO. O solo é uma matriz complexa que envolve diversos materiais, minerais e orgânicos, resultantes das interações de fatores de formação através do tempo (clima, organismos vivos, rochas de origem e relevo) (BECK et al., 2000). A matriz solo consiste em quatro componentes principais: substâncias minerais, matéria orgânica, água e ar, que encontram-se geralmente em estado adiantado de subdivisão e tão intimamente misturados que se torna sobremodo difícil uma separação satisfatória. Os solos podem ser classificados de acordo com a distribuição e quantidades das frações granulométricas, conforme o diâmetro das partículas: areia (2 a 0,05 mm), silte (0,05 a 0,002 mm) e argila (<0,002 mm). Os solos são também classificados como minerais ou orgânicos. Solos minerais (inorgânicos) são aqueles que, nas camadas superficiais, o teor de matéria orgânica é comparativamente reduzido, variando geralmente de um a 10 por cento. Solos orgânicos ou turfosos podem apresentar quantidades acima de 80% de matéria orgânica e são encontrados apenas em regiões particulares onde houve favorecimento para sua formação. Os solos minerais assumem maior importância do que os orgânicos por ocuparem elevada proporção de área total da terra (MEURER, 2004). Um solo mineral típico abriga uma variada população de organismos vivos. Em campo, o escalonamento completo em tamanhos, desde minhocas e insetos às bactérias e microrganismos diversificados, ocorre comumente nos solos normais (BRADY, 1979). Segundo MEURER (2004), a maior reatividade da matéria orgânica do solo (MOS), em comparação com os minerais, também se deve à grande área superficial específica (ASE – área disponível para que ocorram reações químicas), a qual pode chegar a 900 m2g-1, e uma alta carga de superfície. Ao contrário dos argilominerais, que podem apresentar cargas negativas permanentes ou dependentes de pH, a MOS apresenta somente cargas dependentes do pH e 23 predominantemente negativas na faixa de pH dos solos (4,0 a 6,0), essa característica contribui para o comportamento do solo como um todo. Algumas das principais reações em que a MOS tem papel fundamental são: troca de cátions, complexação de metais, poder de tamponamento da acidez, interação com argilominerais e reações com outras moléculas orgânicas adicionadas ao solo pela ação do homem como herbicidas, inseticidas, rejeitos industriais e urbanos, resíduos petroquímicos, etc. A dinâmica no solo e os mecanismos dessas interações dependem das propriedades físicas e químicas das moléculas envolvidas, do pH, da temperatura, do potencial redox, da umidade, entre outras. As interações do solo com o poluente são importantes porque controlam sua persistência, velocidade de degradação, toxicidade, mobilidade e sua disponibilidade para organismos vivos. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 3 METAIS PESADOS NO SOLO Dentre as propriedades características do solo que afetam a retenção e mobilidade de metais pesados, estão o potencial hidrogeniônico (pH), capacidade de troca catiônica (CTC), quantidade de matéria orgânica, quantidade e tipo de minerais na fração argila (argilas silicatadas e óxidos) e competição iônica.Os solos podem ainda apresentar uma extensa variedade de sítios de adsorção, com várias propriedades de ligação e enorme quantidade de complexos não iônicos e aquoiônicos, com elevada capacidade de realizarem adsorção e até participarem dos processos de precipitação dos metais (MATOS et al., 1995). A complexidade de todas as reações possíveis no sistema heterogêneo natural do solo necessita de uma grande quantidade de dados para uma apropriada predição das conseqüências ecológicas da poluição do solo com metais pesados. Os teores médios e alguns níveis de referência de qualidade ambiental de Mn, Pb, Cd, Cr, Cu, Ni e Zn encontrados em solos nas literaturas internacionais encontramse relacionados na TABELA 1. Conforme SPARKS (2003), as fontes de origem dos elementos-traço são principalmente as rochas ou outras formas naturais; também podem contribuir o enriquecimento dos teores nos solos, os fertilizantes, materiais calcários, biossólidos, águas de irrigação, resíduos da combustão de carvão mineral, emissões de indústrias metalúrgicas e veículos. Outras atividades extrativistas podem esta ligada na poluição ou enriquecimentos de metais pesados no solo, como a agropecuária, caracterizada pelo uso intensivo de agroquímicos, poluentes atmosféricos, materiais tóxicos e radioativos mal alocados. TABELA 1. Faixas e teores totais médios de referências de alguns metais pesados em solos. Concentração Metais (mg.kg-1) Faixa normal Teor médio máxima Cd 0,05-1,4 0,01-7 1,5 Cr 10-1800 5-1000 100 Cu 2-250 2-100 60 Ni 2-2000 10-1000 25 Mn - 200-2000 - Pb 1-80 2-200 100 Zn 16-110 10-300 200 FONTE: Adaptado de Andrade (2008). Os metais pesados são elementos de grande toxicidade para o homem, pois poluem os ecossistemas, entram na cadeia alimentar, tendo a sua concentração aumentada à medida que avançam os níveis tróficos, causando desta forma malefícios à saúde humana. Os metais pesados podem atuar como fator limitante ao estabelecimento de plantas em solos contaminados. (COSTA et al., 2006). A FITORREMEDIAÇÃO E SEUS PRINCÍPIOS. Uma vez que a biomassa vegetal representa 99% da massa viva do planeta, é natural que as plantas estejam envolvidas em numerosos processos que têm ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 4 relação íntima com o destino de resíduos químicos despejados no ambiente (MORENO & CORSEUIL, 2001). A taxa de absorção de metais tóxicos no solo pelas raízes de plantas terrestres é tipicamente baixa, entretanto, algumas espécies apresentam capacidade de hiperacumular alguns elementos tóxicos. A tolerância a metais pesados tem sido relacionada com a capacidade dos organismos em sintetizar peptídeos de baixo peso molecular, ricos em enxofre, que participariam na complexação desses metais (SCHMÖGER et al., 2000, HARTLEY- WHITAKER, 2001). Segundo SCHNOOR et al. (1995) não esta na lista de referencias o termo fitorremediação é utilizado para englobar todos os processos envolvidos na remediação de solos, sedimentos e sistemas de aqüíferos contaminados por meio da seleção e utilização de espécies vegetais. A fitorremediação pode ser usada em solos contaminados com substâncias orgânicas ou inorgânicas, como metais pesados, elementos contaminantes, hidrocarbonetos de petróleo, agrotóxicos, explosivos, solventes clorados e subprodutos tóxicos da indústria (CUNNINGHAM et al., 1996). De acordo MONTEIRO (2008) a aplicação da fitorremediação é classificada conforme o destino do contaminante (Figura 1): degradação, extração, contenção ou uma combinação dos mesmos e nos mecanismos envolvidos. Os mecanismos incluem a extração do contaminante do solo ou da água subterrânea, a concentração dos contaminantes nos tecidos vegetais, a degradação do contaminante por vários processos bióticos ou abióticos, a volatilização ou transpiração de contaminantes voláteis das plantas para a atmosfera, a imobilização dos contaminantes na área do sistema radicular, o controle hidráulico de água subterrânea contaminada, o controle do escoamento superficial, da erosão e infiltração através da cobertura vegetal. FIGURA 1: Mecanismos envolvidos no processo de Fitorremediação. FONTE: Cunningham et al., 1995. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 5 Os mecanismos que envolvem o processo de fitorremediação, a ação sobre os compostos poluentes pode ser direta da planta com remoção ou captura dos contaminantes seguido de degradação (fitoextração in planta), ou ex planta, onde as raízes da planta podem liberar compostos que estimulem a atividade microbiana na rizosfera (SALT et al., 1998). As raízes promovem fonte de carbono adicional à microflora do solo e, além disso, também promovem aumento na disponibilidade de oxigênio através de seus canais (SCHWAB, 2006). O bom funcionamento da técnica envolve um nível de complexidade para os processos de remediação, já que as plantas representam um sistema biológico extremamente complexo com suas próprias características e limitações. As principais considerações na avaliação do uso de plantas como tecnologia de remediação de uma área seriam o tipo de matriz contaminada, a natureza e concentração do contaminante e o potencial efetivo para o crescimento e desenvolvimento adequado das plantas. Todos os fatores necessitam ser avaliados e as limitações das plantas devem ser compensadas através das práticas agrícolas utilizadas no cultivo de espécies comerciais importadas para a aplicação da tecnologia de fitorremediação. (MONTEIRO, 2005) PROCESSOS DE FITORREMEDIAÇÃO EM SOLOS CONTAMINADOS Plantas tolerantes a concentrações de metais pesados são de interesse particular à ciência, pois representam modelos geneticamente selecionados, os quais podem ser utilizados em processos de fitorremediação. Esse processo consiste na utilização de plantas para estabilizar, colher ou mudar quimicamente os contaminantes para formas não perigosas podendo ser efetuado com custos financeiros e ambientais menores do que os métodos convencionais (COSTA et al., 2006). A remediação do solo contaminado com metais através do uso de plantas, inicialmente, só poderá ser efetiva caso estes elementos sejam absorvidos. Para que haja absorção os metais devem estar biodisponíveis na solução do solo seguindo o mesmo processo de absorção de nutrientes. Desta forma, um adequado teor de umidade faz-se necessário não apenas para atender as demandas hídricas da planta, mas também para que a solução do solo disponibilize íons essenciais à nutrição. A diferença do potencial hídrico no solo permite a movimentação de água no perfil e, com isso, o transporte de solutos até a zona radicular para posterior absorção. Logo, o fluxo de massa segue o fluxo transpiracional constituindo o sistema solo-planta-atmosfera (MONTEIRO, 2005). O QUADRO 1. apresenta alguns dos mecanismos de fitorremediação empregados no solo, bem como os principais meios e plantas utilizadas em cada processo . ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 6 QUADRO 1 - Tecnologias e Processos de Fitorremediação Mecanismo Meta do processo Meios Contaminantes Tipos de plantas Fitoextração Captura e extração do contaminante Solo, Sedimento e Lodos Metais: Ag, Cd, Co, Cr, Cu, Hg, Mn, Mo, Ni, Pb, Zn. Radionuclídeos: 90Sr, 137Cs, 239Pu, 234, 238U Fitoestabilização Contenção do Contaminante Solo, Sedimento e Lodos As, Cd,, Cr, Cu, Hg, Pb, Zn Fitodegradação Destruição do contaminante Solo, Sedimento e Lodos e Águas de superfície e subterrâneas Compostos orgânicos, solventes clorados, fenóis, herbicidas Algas, álamo aquático, cipreste Fitovolatilização Extração do contaminante do meio e libera-o ao ar Águas subterrâneas, Solo, Sedimento e Lodos Solventes clorados, alguns inorgânicos (Se, Hg e As) Álamos, alfafa preta, mostarda indiana Cobertura Vegetal (Evapotranspiração) Contenção do Contaminante, controle de erosão Solo, Sedimento e Lodos Compostos orgânicos e inorgânicos Álamos, gramas Mostarda da índia, girassol, álamos, etc. Mostarda da índia, álamos aquáticos, gramas, etc FONTE: U.S.EPA, 2000. POTENCIALIDADES E OBSTÁCULOS DA FITORREMEDIAÇÃO EM SOLOS CONTAMINADOS COM METAIS PESADOS A fitorremediação apresenta elevado potencial de utilização, devido às vantagens que apresenta em relação às outras técnicas de remediação de contaminantes do solo. Com base nos relatos de CUNNINGHAM et al. (1996) e essas vantagens são: • • custo inferior em relação às técnicas tradicionalmente utilizadas envolvendo a remoção do solo, essa é uma das principais vantagens da fitorremediação; compostos orgânicos podem ser degradados a CO 2 e H2O, removendo toda a fonte de contaminação, não havendo, a necessidade de retirada das plantas ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 7 • • • • • • • • fitorremediadoras da área contaminada. Situação esta não válida para metais pesados; plantas são mais fáceis de ser monitoradas do que microrganismos, por exemplo; propriedades biológicas e físicas do solo são mantidas e, não raro, até melhoradas; incorporação de matéria orgânica ao solo, quando não há necessidade de retirada das plantas fitorremediadoras da área contaminada; fixação de nitrogênio atmosférico, no caso de leguminosas; plantas auxiliam no controle da erosão, de processos eólico e hídrico, evitando assim o carreamento de contaminantes com a água e com o solo e, por conseguinte, reduzem a possibilidade de contaminação de lagos e rios; redução do movimento descendente de água contaminada de camadas superficiais do solo para o lençol freático; plantas são mais favoráveis, esteticamente, do que qualquer outra técnica de biorremediação e podem ser implementadas com mínimo distúrbio ambiental, evitando escavações e tráfego pesado; utilização de energia solar para realização do processo e tem alta probabilidade de aceitação pública. Contudo a fitorremediação não um sistema perfeito assim não é aplicável em todos os tipos de clima, condições topográficas, dentre outros fatores. As limitações da fitorremediação de compostos orgânicos em geral e de agrotóxicos, relatadas por Macek et al. (2000), são: • • • • • • • • dificuldade na seleção de plantas para fitorremediação; tempo de obtenção de uma despoluição satisfatória pode ser longo (usualmente mais de uma estação de crescimento); o contaminante deve estar dentro da zona de alcance do sistema radicular; clima e condições edáficas podem restringir o crescimento de plantas fitorremediadoras; elevados níveis do contaminante no solo podem impedir a introdução de plantas no sítio contaminado; pode causar a contaminação da cadeia alimentar; necessita disposição da biomassa vegetal, quando ocorre a fitoextração de poluentes não-metabolizáveis ou metabolizados a compostos também tóxicos; possibilidade de a planta fitorremediadora tornar-se planta daninha; e pode-se necessitar de melhoria nas condições do solo, incluindo a quelação do contaminante para facilitar sua absorção pelas plantas, causado pela quebra de pontes de ligação com partículas do solo. Apesar das limitações, os benefícios apresentados pela fitorremediação a tornam uma técnica promissora. Contudo, ela requer ação conjunta de profissionais de diversas áreas, no intuito de identificar espécies capazes de atuar na descontaminação de solos, principalmente em condições edafoclimáticas brasileiras. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A preferência às técnicas de descontaminação in situ, como é o caso da fitorremediação, se dá pela menor alteração ao meio ambiente, outros aspectos são favoráveis à aplicação deste método, como o custo investimento inicial e de operação, espaço a ser tratado, tempo de tratamento final, aceitação pública entre outros benefícios relacionados ao método. Apesar de existirem limitações, os benefícios apresentados pela fitorremediação a tornam uma técnica promissora. Contudo, ela requer ação conjunta de profissionais de diversas áreas, no intuito de identificar a melhor metodologia a ser seguida na descontaminação de solos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, M. G. de Fitorremediação em bioensaio com solos de área de mineração e processamento de chumbo, avaliada sob diferentes métodos de. Dissertação, Universidade Federal do Paraná. 2008. ACCIOLY, A. M. A.; SIQUEIRA, J. O. Contaminação química e biorremediação do solo. In: NOVAIS, R. F.; ALVAREZ V.; V. H.; SCHAEFER, C. E. G. R. Tópicos em ciência do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2000. v. 1. p. 299-352. BECK, F. L.; BOHNEN, H.; CABEDA, M. S. V.; CAMARGO, F. A. O.; KÄMPF, N.; MEURER, E. J. Projeto pedagógico - ensino de graduação. Porto Alegre: Departamento de solos da UFRGS, 2000. Boletim técnico n. 6. In: MEURER, E. J.; Fundamentos de química do solo. Porto Alegre: Genesis, 2000. 174 p. BRADY, N. C. Natureza e propriedades dos solos. 5 ed. 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