A INFLUÊNCIA DO APOIO PEDAGÓGICO AO ESTUDANTE NO ENSINO SUPERIOR DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA INSTALADA NA MICRORREGIÃO DE CURITIBANOS/SC Claudia Mayumi Uekubo UFSC-Curitibanos [email protected] Débora Aparecida Almeida UnC-Curitibanos [email protected] RESUMO: O Apoio Pedagógico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi criado em razão do cumprimento do Programa de Ações Afirmativas de acompanhamento e permanência do aluno ingressante na universidade. No Campus de Curitibanos foi implantando no segundo semestre de 2010 e é mantido até os dias de hoje. Ele busca a superação das dificuldades e deficiências de conteúdos resultantes do ensino médio, desenvolver técnicas de aprendizagem e diminuir os índices de reprovação e evasão em determinadas disciplinas. Desta forma, buscou-se com esta pesquisa colaborar com a UFSC – Campus de Curitibanos no sentido de analisar e avaliar a eficiência do Apoio Pedagógico oferecido aos seus estudantes, bem como discorrer sobre o atual papel das instituições de ensino superior, analisar a estrutura e funcionamento do apoio pedagógico, investigar o perfil do acadêmico vinculado ao apoio pedagógico e também do acadêmico que se desvinculou e sugerir práticas que possam contribuir para a melhoria dos seus resultados. Para isso, foram utilizados como modalidades de pesquisa as revisões bibliográficas, pesquisa documental e pesquisa de campo. Nas revisões bibliográficas, buscamos o embasamento teórico e uma compreensão mais profunda sobre o tema. As pesquisas de campo e documental foram realizadas com os alunos que participaram e também com os que desistiram do apoio pedagógico no primeiro semestre de 2012. Os resultados da pesquisa de campo e dos depoimentos demonstraram que o apoio pedagógico vem atingindo seu objetivo o que indica a necessidade e a manutenção desse programa. Foram apresentadas algumas recomendações que possam contribuir para melhorar os resultados deste programa. Palavras-Chave: Apoio Pedagógico. Ensino Superior .Conhecimento. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA Com o intuito de analisarmos o Programa de Apoio Pedagógico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especificamente no Campus Universitário de Curitibanos, é necessário primeiramente entendermos o atual contexto da Educação Superior no Brasil, tendo-se em conta fatores de ordem econômica, social, cultural entre outros. O ensino superior passou e ainda passa por uma série de dificuldades, enfrentando problemas como necessidade de expansão, elevação dos padrões de qualidade, diferenças regionais, elevação dos custos, massificação, pressão por aumento de vagas, conquista da autonomia didático-administrativa e financeira e contribuição para o desenvolvimento tecnológico e inovação. Marcovitch (1998, p. 24) enfatiza que: A sociedade busca instituições como as universidades, que apresentem uma visão racional e humanista de projetos complexos como aqueles que surgiram na confluência dos interesses ambientais e dos interesses do desenvolvimento econômico. Nesse último meio século, observamos que ocorreram profundas mudanças tanto na estrutura do ensino na universidade como em sua posição e no sentido social. Estão sendo incluídas mudanças na estrutura, nos conteúdos e nas dinâmicas de funcionamento das instituições universitárias com o objetivo de colocá-las em condições de enfrentar os novos desafios que as forças sociais lhes obrigam a assumir. Contudo, tais mudanças, em sua maioria, ainda não alcançaram uma consolidação firme: […] o mundo universitário é um foco de dinâmicas que se entrecruzam e que estão provocando os que alguns não vacilam em descrever como uma autêntica 'revolução' da educação superior. A própria legislação foi modificando, nos últimos anos, a gama de atribuições e expectativas sobre a universidade: o que deveria ser, os novos desafios sociais a que deverá responder, as condições sob as quais e supõe que tem de funciona. (ZABALZA, 2004, p. 20) Passaram-se grandes mudanças também no sentido social atribuído às universidades, tais como: massificação e progressiva heterogeneidade dos estudantes, redução de investimentos, nova cultura da qualidade, novos estudos e a novas orientações de formação, incluindo a importante incorporação do mundo das novas tecnologias e do ensino à distância. Para Zabalza (2004, p. 59) “a universidade do século XXI tem de ser pensada e tem de atuar – ao menos, essas são também as previsões e as propostas dos organismos internacionais – a partir de perspectivas muito diferentes e muito mais abertas às novas dinâmicas da globalização e da formação contínua.” A partir do momento em que o ensino, em todos os seus níveis, for expandido a todos, reduzirem os índices de evasão e repetência além de outras deformações no ensino e lacunas de aprendizagem, será respondido satisfatoriamente parte do desafio teórico da educação. Marcovitch (1998, p. 94) afirma que: O acesso de ensino público de primeiro e segundo grau à universidade pública está se tornando cada vez mais restrito. A escola pública foi um sucesso no passado, mas atravessa uma série de dificuldades no presente. Isso restringe, na base, a composição discente do terceiro grau, excluindo milhares de jovens que têm direito de acessá-la. Com esta visão, o autor conclui que um novo perfil de universidade se define, devendo ser integrada, empreendedora e generosa. Integrada buscando promover o melhor aproveitamento de recursos, estreitando vínculos com outras instituições e somando recursos humanos que valorizem a diversidade. Empreendedora traçando uma visão proativa e prospectiva, com senso de responsabilidade e inovação. E, finalmente, generosa sendo sensível à exclusão social decorrente do avanço tecnológico e de outros aspectos da modernidade, a serviço do interesse coletivo. Nesse sentido, demonstramos nessa pesquisa como o Programa de Apoio Pedagógico da Universidade Federal de Santa Catarina, implantado no campus de Curitibanos, vem tentando atingir seu objetivo na busca de reduzir os casos de evasão e repetência, garantindo a igualdade de condições de permanência no ensino superior público e gratuito. APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO EM ESTUDO A proposta do Programa de Apoio Pedagógico da UFSC é uma iniciativa da PróReitoria de Ensino e Graduação em parceria com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, inserida no Programa de Ações Afirmativas da UFSC, com o objetivo de promover o acesso democrático e a permanência dos estudantes no ensino superior público e gratuito. Com isso, busca-se a diminuição dos índices de reprovação e de evasão em algumas disciplinas. A evasão, interrupção do ciclo de estudo, é um problema que vem preocupando as instituições de ensino em geral, sendo públicas ou privadas. Segundo Gisi ( 2006, apud BAGGI, 2010, p. 32): […] é difícil a permanência no ensino superior para os alunos de setores sociais menos favorecidos, não só pela falta de recursos para pagar as mensalidades, mas também pela falta de aquisição de capital cultural ao longo da trajetória de sua vida e de seus estudos [...]. Essa desigualdade cultural é sentida desde a educação básica, quando a maioria dos alunos inicia seus estudos em desvantagem aos outros, em virtude da ausência de oportunidades que tiveram em relação ao acesso de conhecimentos diversos. Dessa forma, a permanência do aluno da instituição de ensino superior também depende do suporte pedagógico disponibilizado a ele. Sabe-se que Uma efetiva democratização da educação requer certamente políticas para a ampliação do acesso e fortalecimento do ensino público, em todos os níveis, mas requer também políticas voltadas para a permanência dos estudantes no sistema educacional de ensino. (ZAGO, 2006, p. 228) Para Nival Nunes de Almeida, que foi presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB) e reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a repetência pode ser uma das principais causas de evasão. “Nas escolas públicas há um índice muito elevado de repetência. Exige-se mais dos alunos, principalmente nas carreiras que necessitam cálculos”, ressalta. Já as instituições particulares, na opinião do reitor, contam com um diferencial. “Os professores têm a preocupação em ministrar aulas introdutórias e rever alguns conceitos da educação básica”. (DUARTE, 2012, p. 1) EVOLUÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL As Instituições de Ensino Superior no Brasil foram criadas inicialmente nas grandes metrópoles economicamente mais importantes para o país na época, a partir de 1920. Segundo Stallivieri (2006, p. 4) “num primeiro momento, as universidades eram extremamente elitistas, com forte orientação profissional”, dando maior ênfase ao ensino do que à investigação. Resultado da demanda do mercado que necessitava de profissionais com qualificações fundamentalmente nas áreas de engenharias, medicina e direito. Depois da Revolução de 1930, foram desenvolvidas duas políticas educacionais: uma autoritária, pelo governo federal, e outra liberal, pelo governo do Estado de São Paulo. Houve uma grande expansão do sistema público federal de educação brasileiro, foram criadas mais de 20 universidades federais. Fávero (2006, p. 9) salienta que: Apesar da tendência a uma centralização cada vez maior, reflexo da política autoritária adotada desde o início do Governo Provisório, houve iniciativas em matéria de educação superior, nesse período, que expressam posições contrastantes. Entre outras, podemos destacar: a criação da Universidade de São Paulo (USP), em 1934, e a da Universidade do Distrito Federal (UDF), em 1935. A partir de 1968 houve um movimento da reforma universitária, que tinham como base a eficiência administrativa, estrutura departamental e na indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão. Nessa reforma se buscava a eficiência e a modernização da universidade. Considera-se que: Apesar de o marco inicial da vasta legislação que estabelece medidas para a reestruturação das universidades brasileiras encontrar-se nos Decretos-leis nº 53/66 e 252/67, somente a partir de 1968, como resultado dos trabalhos do GT e como desdobramento da ação iniciada em 1966, acrescida de outros atos, é que ganha sentido falar-se de uma legislação básica da Reforma Universitária. (FAVERO, 2006, p. 18). Com isso, teve início o processo de expansão do ensino superior e sua privatização, provocando também o ingresso de jovens da classe média e trabalhadores assalariados. Também houve um estímulo para o desenvolvimento de cursos de pós-graduação no Brasil e a possibilidade de realização de cursos de pós-graduação no exterior, com vistas à capacitação avançada do corpo docente brasileiro. O setor privado ficou encarregado de atender a demanda por formação superior, enquanto que ao setor público coube o ensino de alto nível e a ampliação da capacidade de realização de pesquisa no país. Sabe-se que: É importante destacar que, desde meados dos anos 1990, o Estado vem incentivando e criando facilidades para a abertura e expansão de IES privadas. Em contrapartida, tem restringido o apoio à manutenção e expansão do setor público federal, que também não goza de autonomia administrativa e financeira sobre o seu orçamento. As IES privadas se concentram principalmente na região Sudeste onde, entre outros fatores, é maior a demanda de alunos, de renda e de lucro. (SGUISSARDI, 2004, apud APRILE; BARONE, 2009, p. 43) Havia a necessidade de ampliação e flexibilização do sistema de educação, redução das atribuições exercidas pelo governo e melhorias nos métodos de avaliação. Com a Constituição Federal de 1988 e com a homologação de leis que passaram a regular a educação superior, iniciou-se uma nova fase. Dentre as melhorias que ocorreram com essa Constituição: concedeu autonomia às universidades, asseverou a indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão, garantiu a gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais, criou o Regime Jurídico Único (RJU) e estabeleceu que o montante mínimo de 18% da receita anual, resultante de impostos da União, seria aplicado na manutenção e no desenvolvimento do ensino. Na Constituição de 1988 podemos encontrar: Art. 206 – O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: […] IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. […] Art. 207 – As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. […] Art. 212 – A União aplicará, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita dos impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) A Universidade Federal de Santa Catarina foi criada em 18 de dezembro de 1960, pela Lei nº 3.849, durante o governo Kubitschek, conhecido por ter aumentado o ritmo do crescimento econômico brasileiro. Segundo site da UFSC: O Estado de Santa Catarina acompanhava o país e passava por boa fase de crescimento econômico, consolidando setores industriais como o da cerâmica no sul do estado, o de papel, papelão e pasta mecânica, principalmente no Vale do Itajaí e no planalto lageano, e o de metal-mecânica no norte do estado. O ambiente econômico era, portanto, bastante propício a demandas de expansão do ensino superior. (UFSC, 2009b, p. 2) Ao longo dos anos, consolidou-se como uma das grandes instituições de ensino superior do Brasil. No seu Plano de Desenvolvimento Institucional podemos encontrar a missão da UFSC: “produzir, sistematizar e socializar o saber filosófico, científico, artístico e tecnológico, ampliando e aprofundando a formação do ser humano para o exercício profissional, a reflexão crítica, solidariedade nacional e internacional, na perspectiva da construção de uma sociedade mais justa e democrática e na defesa da qualidade de vida.” (UFSC, 2009c, p. 1) Os níveis de formação da UFSC vão desde o ensino básico, passando pela graduação até a pós-graduação. O Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), criado em 1980 e o Colégio de Aplicação (CA), criado em 1961 são as unidades correspondentes ao ensino básico da UFSC, contemplando atualmente mais de 1.200 alunos. A comunidade discente dos cursos superiores de graduação da UFSC é composta de mais de 25 mil alunos, regularmente matriculados nas modalidades presencial e à distância, em 54 cursos em diferentes turnos, habilitações, licenciaturas e bacharelados. No segundo semestre letivo de 2009, há um total de 19.723 matrículas na modalidade presencial e 6.006 na modalidade à distância. Esses dados foram indicados no perfil institucional (UFSC, 2010, p. 10) Pioneira na implantação de novas tecnologias educacionais para oferta de cursos à distância (tanto na graduação, quanto na pós-graduação), a UFSC também expande suas fronteiras, em 1995, por meio do ensino à distância e do projeto de interiorização. Atendendo ao Plano de Desenvolvimento da Educação do Governo Federal juntamente com a adesão do REUNI, a UFSC implantou 03 campi em diferentes regiões do Estado, são eles: Araranguá, Curitibanos e Joinville. A história de implantação do campus de Curitibanos teve início em 2007, quando diversos setores sociais e entidades organizadas passaram a reivindicar sua criação. O argumento para a implantação foi que a microrregião de Curitibanos necessitava de um impulso para o desenvolvimento socioeconômico e a educação superior. Este argumento juntamente com o fato de o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Curitibanos ser um dos mais baixos do Estado, de 0,769, favoreceu a instalação desta unidade interiorizada da UFSC nessa região, como podemos verificar no informe comercial da UFSC (2011, p. 2). No dia 18 de novembro de 2008, foi aprovada por unanimidade, a criação dos campi de Araranguá, Curitibanos e Joinville, em reunião do Conselho Universitário. Devido às características econômicas da região, a vocação do Meio-Estado para a agricultura, a agropecuária e a exploração de recursos florestais, definiu-se que o campus de Curitibanos abrigaria o bacharelado em Ciências Agrárias, com a previsão de 165 vagas com início em agosto de 2009. Vale mencionar que Todo o campus é vocacionado, já que a microrregião tem grande potencial agropecuário e florestal, o que fez com que as áreas de Ciências Rurais e Ciências da Vida fossem definidas como prioritárias. (UFSC, 2011, p. 2) O primeiro vestibular deste campus aconteceu no final de 2008, oferecendo inicialmente o Curso de Graduação na macroárea de Ciências Rurais, abordando a formação profissional continuada nos campos científicos, tecnológico e pedagógico. O projeto pedagógico desse curso de graduação foi concebido em um formato que não obriga o candidato ao vestibular a optar por um curso específico no momento da sua inscrição e nem no início do curso, pois os mesmo serão oferecidos em dois ciclos formativos. O primeiro ciclo, com a duração de 03 anos, compreenderia disciplinas do núcleo comum da macroárea de Ciências Rurais. Findo este ciclo, o aluno receberia o título de bacharel em Ciências Rurais. Os alunos que desejarem continuar o segundo ciclo de estudos terão à disposição habilitações específicas, tendo que optar por uma delas. O projeto inicial era de que fossem implantados nesse campus os cursos de Agronomia, Engenharia Florestal, Engenharia Agrícola, Agroindústria e Licenciatura em Ciências Rurais. Realizou-se, no dia 05 de agosto de 2009, a cerimônia de instalação e posse de diretores e a recepção aos calouros, representando a expansão de 180 vagas. Em 08 de junho de 2011, a Câmara de Ensino de Graduação da UFSC aprova a criação do curso de graduação em Medicina Veterinária para o campus de Curitibanos. O curso surgiu de reivindicações populares por meio de uma ampla pesquisa junto a estudantes e setores da sociedade local. A Câmara de Ensino de Graduação aprova em 14 de setembro de 2011, a criação dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal para o campus de Curitibanos, como segundo ciclo de formação profissional continuada para os alunos formados no curso de Ciências Rurais. Conforme o site da UFSC (2012a), o campus de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina conta com a seguinte infraestrutura: Terreno principal com área de 240.000 metros quadrados; Prédio com aproximadamente 5.000 metros quadrados concluído em maio de 2010; Casa de vegetação, galpão de maquinário e viveiro de mudas; Fazenda experimental agropecuária, com terreno de 242.000 metros quadrados, na localidade do “Campo da Roça” no km 6 da Rodovia Ulysses Gaboardi, onde estão planejadas construções de unidade didáticas, demonstrativas e de pesquisa; Fazenda experimental florestal, com terreno de 310.000 metros quadrados, localizado no km 264 da rodovia BR 470, em Curitibanos-SC, terreno mantido em convênio com a EMBRAPA e a EPAGRI. Este campus ainda abriga em sua comunidade: 27 docentes efetivos, 08 docentes temporários, 20 servidores técnicos administrativos, 412 discentes, entre os 04 cursos de graduação (Ciências Rurais, Agronomia, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária) e 21 funcionários terceirizados (entre eles 09 vigilantes e 12 serventes de limpeza e conservação). O PROGRAMA DE APOIO PEDAGÓGICO AOS ESTUDANTES Uma das dificuldades que o ensino superior brasileiro enfrenta são as péssimas condições do ensino básico, muitos estudantes chegam à universidade com séries dificuldades e lacunas de conhecimento, habilidades e competências. As universidades precisam se preparar para a chegada dos filhos da classe trabalhadora com limites teóricos determinados pela condição concreta de vida e pela pobreza cultural em que muitas famílias vivem sem acesso aos bens culturais. A UFSC em sua proposição de promover o acesso democrático e principalmente garantindo a igualdade de condições de permanência dos estudantes no ensino superior público e gratuito desenvolveu o programa de Apoio Pedagógico. O programa é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Ensino e Graduação em parceria com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e se insere no Programa de Ações Afirmativas da UFSC. O Apoio Pedagógico da UFSC foi criado em razão do cumprimento do que se propõe na Resolução Normativa nº 008/CUn/2007 de 10 de julho de 2007, “Programa de Ações Afirmativas” da Universidade Federal de Santa Catarina, como consta no seu artigo: Art. 12. As ações afirmativas de acompanhamento e permanência do aluno ingressante na Universidade de que trata o inciso III do artigo 4º, são as seguintes: I – apoio acadêmico estruturado em projetos e programas voltados para conteúdos e habilidades necessários ao desempenho acadêmico e para aspectos relacionados ao processo de aprendizagem; (UFSC, 2007d, p. 4) Os efeitos das implementações de programas como este seriam a democratização e o aumento do índice de rendimento da universidade, garantindo aos estudantes das camadas menos favorecidas, concretamente, o prosseguimento nos estudos, em lugar de terem de enfrentar sucessivas reprovações que terminam levando a maioria à desistência. Nota-se que Como o objetivo almejado não pode ser reduzido a verificar carências para recusar os estudantes deficientes, é recomendável a complementação do sistema de exames classificatórios pela implantação, na universidade, de programas de recuperação cultural destes estudantes reprovados porém que revelaram capacidade de aprender. Tais programas dariam cursos intensivos, de um ou dois semestres, para todos os estudantes que apresentassem deficiências na formação secundária, a fim de proporcionar-lhes oportunidade de novo exame de ingresso na universidade. (RIBEIRO, 1991, p. 237) O programa é oferecido aos estudantes em especial das primeiras fases, buscando reduzir os casos de evasão e reprovação ocasionados pelas lacunas de aprendizado originadas no ensino médio, através de aulas gratuitas e em períodos extraclasses de disciplinas do ensino médio, oferecendo a oportunidade para que alunos aprimorem conteúdos e desenvolvam técnicas de aprendizagem. As matrículas nas aulas de apoio pedagógico são realizadas por meio de um sistema informatizado. As aulas são gerenciadas pelo Departamento de Apoio Pedagógico e Avaliação vinculada à Pró-Reitoria de Graduação, que realiza o controle e gerenciamento dos materiais didáticos e contratação de professores. Os controles de frequência são efetuados pela secretaria do campus de Curitibanos. As disciplinas são ministradas por professores contratados temporariamente pelo período de dois a três meses, com jornada semanal de uma hora e meia. Somente os estudantes que obtiverem presença igual ou superior a 75% recebem certificado de participação. As necessidades apresentadas nos diagnósticos dos professores de disciplinas de graduação e de apontamentos acerca da taxa de reprovação elevada levaram a demanda da oferta e a estruturação do programa de disciplinas do apoio. No campus de Curitibanos, o apoio pedagógico foi implantado no semestre 2010-2. Houve um recesso no seguinte semestre, sendo novamente oferecido a partir do semestre 2011-2 até os dias de hoje, nas seguintes disciplinas: De 1ª fase: Cálculo Diferencial e Integral, Química Orgânica, Produção Textual e Zoologia Geral; De 2ª fase: Física e Química Analítica; Inglês I e Inglês II. Podemos verificar na tabela que segue abaixo, o índice de vagas disponibilizadas especificamente por disciplinas e o de estudantes que se matricularam no programa de apoio pedagógico do campus de Curitibanos, desde a sua implementação até os dias de hoje. Tabela 1 – Total de Vagas Disciplina Semestre Biologia Física Química 40 2010-2 2011-2 40 2012-1 40 40 Produção Textual 40 Inglês II 40 50 40 Inglês I Matemática 40 50 40 40 40 40 Total de Vagas Total de Inscritos 160 63 140 121 280 201 Fonte: Alves (2012, p. 12) Na próxima tabela, foram coletados informações do apoio pedagógico no semestre 2012-1 que mostram o número de inscrições de alunos e a taxa de conclusão dos mesmos fragmentados por disciplinas. Tabela 2 – Apoio Pedagógico 2012-1 APOIO PEDAGÓGICO SEMESTRE 2012-1 DISCIPLINAS INSCRITOS FEMININOS INSCRITOS MASCULINOS INSCRITOS CONCLUINTES FEMININOS CONCLUINTES MASCULINOS CONCLUINTES MATEMÁTICA 32 16 16 11 3 8 PRODUÇÃO TEXTUAL 22 11 11 3 0 3 QUÍMICA 29 15 14 6 2 4 BIOLOGIA 37 23 14 16 9 7 FÍSICA 15 9 6 4 2 2 INGLÊS NÍVEL I 45 21 24 11 5 6 INGLÊS NÍVEL II 21 13 8 2 1 1 TOTAL 201 108 93 53 22 31 Fonte: Do autor. METODOLOGIA Nesta seção será esclarecida a metodologia de pesquisa que foi utilizada para alcançarmos os objetivos desta pesquisa, considerando os aspectos operacionais, possibilidade de acesso às informações, delineamento da pesquisa, coleta e análise de dados. DELINEAMENTO DA PESQUISA Para analisar a influência que o programa de Apoio Pedagógico gera no percurso e manutenção do acadêmico na universidade, utilizamos como modalidades de pesquisa as revisões bibliográficas, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Nas revisões bibliográficas, buscamos o embasamento teórico e uma compreensão mais aprofundada sobre o tema através de diversos autores, obras selecionadas, dados informatizados, leis, decretos. Segundo Severino (1985, apud REIS, 2010, p. 36-27), “ao apresentar uma metodologia para leitura, análise e interpretação de textos, que auxilia o momento de leitura em todo tipo de trabalho acadêmico, traz grande contribuição para instrumentalizar o pesquisador no processo da pesquisa bibliográfica”. Os temas da revisão bibliográfica foram: um panorama sobre as instituições de ensino superior no Brasil, a Universidade Federal de Santa Catarina, a criação do campus de Curitibanos, o programa de Apoio Pedagógico ao estudante. Segundo Bravo (1991), são documentos todas as realizações produzidas pelo homem que se mostram como indícios de sua ação e que podem revelar suas ideias, opiniões e formas de atuar e viver. Nesse sentido também utilizamos a pesquisa documental já que esta permite a investigação de determinada problemática não em sua interação imediata, mas de forma indireta, por meio de estudo dos documentos que são produzidos pelo homem e por isso revelam o seu modo de ser, viver e compreender um fato social. Foram objetos da pesquisa documental o histórico escolar, os índices de frequência, aprovação, reprovação, conclusão, eficiência, entre outros dos estudantes que buscaram o apoio pedagógico. A pesquisa de campo deste projeto foi realizada no campus de Curitibanos da UFSC. A coleta de dados ocorreu através de entrevista estruturada, utilizando para isso o instrumento do questionário. Os questionários foram aplicados aos estudantes vinculados ao programa e também aos que vieram a desistir. Cervo e Bervian (1996) ensinam que “todo questionário deve ser impessoal, para assegurar a uniformidade na avaliação de uma situação”. Classificação da pesquisa quanto a seus objetivos Quanto a seus objetivos, essa pesquisa é definida como pesquisa descritiva. Segundo Gil (2002, p. 41-42) “pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionários e a observação sistemática”. Classificação da pesquisa quanto aos meios de investigação Para Gil (2002, p. 54), a técnica do estudo de caso está plenamente adequada às pesquisas sociais uma vez que “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. A escolha da técnica de estudo de caso ocorreu por tratar-se de uma investigação empírica sobre a realidade, buscando examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto. universo e Amostra de Pesquisa Reis (2010, p. 39) defende que: A pesquisa de campo em educação, portanto, caracteriza-se pela ida do pesquisador ao campo, os espaços educativos para a coleta de dados, com o objetivo de compreender os fenômenos que nele ocorrem. Pela análise e interpretação desses dados, a pesquisa poderá contribuir para a construção do saber educacional e o avanço dos processos educativos”. A população em estudo desta pesquisa corresponde a 201 alunos inscritos no Apoio Pedagógico em 2012-1. No caso dos alunos concluintes do Apoio Pedagógico da UFSC no campus de Curitibanos, neste semestre totalizando 53 alunos, a amostragem foi aleatória com 50% da referida população, o que equivale a 26 alunos, e foi realizada através de questionário. Quanto aos alunos desistentes do programa foi aplicada a modalidade de entrevista com 10% dos 148 alunos desistentes, o que equivale a 15 alunos. Neste caso, a amostra foi intencional. Esta escolha foi definida em razão da dificuldade que encontramos para abordar os alunos desistentes do programa ou mesmo pela evasão dos estudantes da universidade. Instrumentos de Coleta de Dados As técnicas de coleta de dados que foram utilizadas: a) Documentação indireta - pesquisa documental – fontes primárias - pesquisa bibliográfica – fontes secundárias b) Documentação direta - pesquisa de campo c) Observação direta extensiva Questionário – aplicados para os alunos concluintes do programa de apoio pedagógico da UFSC de Curitibanos, no semestre 2012-1. Consiste num conjunto de questões predefinidas apresentados diretamente pelo pesquisador. Após a coleta de dados de uma amostra da população em estudo serão utilizadas ferramentas informatizadas para a análise e tabulação dos dados coletados, gerando planilhas e gráficos. Entrevista – coletados dados de uma amostragem dos alunos que desistiram do programa de apoio pedagógico no mesmo semestre. Nessa forma de entrevista semiestruturada, as questões são apresentadas ao entrevistado de forma mais espontânea, seguindo uma sequência mais livre, dependendo do rumo que toma o diálogo. ANÁLISE DOS DADOS É de suma importância a definição da metodologia da análise de dados coletados. Reis (2010, p. 95): É nessa etapa que o pesquisador fará um esforço de estudo para que suas interpretações tenham algum significado acadêmico. Trata-se de compreender da forma mais aprofundada possível os resultados obtidos no processo de coleta de dados, que depois foram organizados em categorias, com o apoio de autores e de suas interpretações sobre o assunto abordado na pesquisa. Nesta pesquisa foram utilizadas as seguintes análises: Análise dos conteúdos da pesquisa qualitativa – análise dos dados coletados através de entrevistas; Análise estatística descritiva – análise dos dados coletados através do questionário presencial. Após a etapa de coleta, os dados foram analisados, interpretados e organizados em subcategorias, usando para isso, as contribuições dos diferentes autores vistos no referencial teórico. Os dados foram analisados através da comparação entre os resultados obtidos na aplicação dos questionários e entrevistas, relacionando com as interpretações sobre os assuntos relacionados aos subtemas apresentados. ANÁLISE ESTATÍSTICA DESCRITIVA ORIUNDA DOS QUESTIONÁRIOS Na análise de dados do questionário foi aplicada estatística para visualizar os resultados dos dados coletados. Os resultados dos questionários foram indicados com valores percentuais. As análises dos resultados serão apresentadas na sequência. Gráfico 1 – Fase que cursava Fonte: Dados da pesquisa Observa-se no gráfico que mais de 65% dos alunos que participam do apoio pedagógico está na primeira fase. Isso ocorre porque as disciplinas oferecidas no apoio pedagógico são disciplinas base para a primeira e segunda fase do curso de Ciências Rurais. Gráfico 2 – Sexo dos alunos que frequentaram o apoio Fonte: Dados da Pesquisa Nota-se neste no gráfico 2 que o apoio pedagógico é frequentado numa proporção praticamente paritária entre ambos os sexos, sendo mais de 53% masculino e pouco mais de 46% feminino. Gráfico 3 – Onde cursou Ensino Médio Fonte: Dados da Pesquisa Os resultados obtidos nesse gráfico mostram que grande parte dos alunos que frequentaram o apoio cursaram o Ensino Médio em instituição de ensino pública, cerca de 96%. Percebe-se que a Instiuição Pública está cumprindo sua função e garantindo o ensino gratuito. Gráfico 4 – Conhecimento adquirido no Ensino Médio Fonte: Dados da Pesquisa Neste gráfico, os resultados mostram que 53,85% dos alunos necessitam das aulas do apoio pedagógico para superar as dificuldades de conteúdo das disciplinas no ensino superior, sendo que mais de 38% acredita que possui lacunas de aprendizado originadas no ensino médio. Apenas 7,69% dos alunos acredita que veio com ensino médio com conhecimento suficiente para enfrentar o ensino superior. A deficiência do ensino médio reforça a necessidade e a manutenção do apoio pedagógico. Gráfico 5 – Objetivo no apoio pedagógico Fonte: Dados da pesquisa Observa-se que 88,46% dos alunos buscaram no apoio pedagógico a superação de dificuldades e deficiências de conteúdos do Ensino Médio. A minoria, 7,69% buscou apenas obter a certificação de atividade extracurricular e 3,85% buscou desenvolver técnicas de aprendizagem. O que confirma o resultado do gráfico anterior, onde o resultado mostra que mais de 90% dos alunos acreditam que o conhecimento adquirido no ensino médio não é suficiente para cursar as disciplinas do ensino superior. Gráfico 6 – Disciplinas cursadas no apoio pedagógico Fonte: Dados da pesquisa Verificam-se neste gráfico as disciplinas cursadas no apoio pedagógico: 30% dos alunos cursaram biologia, 9% física, 11% Química, 11% produção textual, 17% matemática, 17% inglês nível I e apensas 3% inglês nível II. Percebemos a grande procura pelas disciplinas de biologia e matemática é devido ao elevado índice de reprovação nas disciplinas relacionadas, tais como zoologia e cálculo diferencial e integral. Gráfico 7 – Reprovação na disciplina relacionada com a do apoio pedagógico Fonte: Dados da pesquisa Este gráfico apresenta que a grande maioria dos alunos não reprovaram na disciplina relacionada à que frequentaram no apoio pedagógico, cerca de 69%. Mais de 30% dos alunos reprovaram. É importante verificar, nesse caso, o resultado do gráfico 1 onde mais de 65% dos alunos são de primeira fase e por este motivo, não tem como haver reprovação. Destacase ainda que mais de 19% reprovaram no semestre concomitante ao apoio pedagógico, o pode justicar o resultado do gráfico 4, onde mais de 92% acreditam possuir dificuldades oriundas do ensino médio. Gráfico 8 – Avanços na aprendizagem Fonte: Dados da pesquisa O resultado deste gráfico mostra que 92,31% dos alunos que cursaram o apoio pedagógico adquiriram avanços na aprendizagem, acrescentando de alguma forma suas bases de conhecimento. Somente 7,69% dos alunos acreditam que as aulas do apoio pedagógico não contribuíram para superar as deficiências de conteúdo do ensino médio. Gráfico 9 – Deficiências do Apoio Pedagógico Fonte: Dados da pesquisa Percebe-se neste gráfico que a grande maioria dos alunos, pouco mais de 88,46%, encontrou dificuldade para conciliar os horários das aulas do apoio pedagógico com as demais atividades acadêmicas. Apenas 11,54% dos alunos encontraram problemas de aprendizagem no apoio pedagógico. Gráfico 10 – Melhorias no Apoio pedagógico Fonte: Dados da pesquisa A grande maioria dos alunos, 56% acreditam que teriam um melhor rendimento com a inclusão de atividades à distância e com o aumento de horas de atividades extracurriculares. O programa de apoio pedagógico necessita de maior esclarecimento e orientação sobre seu funcionamento e seus objetivos, bem como de uma maior motivação para frequentá-lo, na opinião de 32% dos alunos. 12% acham que o apoio pedagógico deve oferecer propostas inovadoras para estimular o processo de ensino aprendizagem. ANÁLISE DOS DADOS ORIUNDOS DOS DEPOIMENTOS Na análise de dados das entrevistas a coleta de dados ocorreu por meio da gravação de áudio com os alunos que se matricularam no apoio pedagógico e não concluíram os 75% de frequência que o programa exige para fins de certificação. As questões iniciais foram feitas para traçar um perfil destes alunos. A seguir apresentaremos os gráficos com os resultados coletados nas entrevistas traçando um perfil dos alunos desistentes do apoio pedagógico. ANÁLISE QUANTITATIVA DOS DADOS ORIUNDOS DOS DEPOIMENTOS A análise dos depoimentos foi subdividida em dados qualitativos e quantitativos. Abaixo seguem os gráficos oriundos da análise quantitativa. Gráfico 11 – Fase que cursava Fonte: Dados da pesquisa Nota-se neste gráfico que a fase que a grande maioria dos entrevistados é inicial, sendo 60% de primeira e 20% de segunda fase. Gráfico 12 – Disciplina no Apoio Pedagógico Fonte: Dados da pesquisa Neste gráfico observamos a procura pelas disciplinas pelos alunos que se matricularam, mas não concluíram o apoio. Notamos que a desistência maior é nas disciplinas de inglês nível I e II, com 35% dos alunos. Gráfico 13 – Ensino Médio Fonte: Dados da pesquisa Assim como os alunos que concluíram as aulas do apoio pedagógico, grande parte dos alunos que não teve frequência suficiente no apoio pedagógico também cursou o ensino médio em instituições de ensino públicas, 87% como aponta o gráfico. Gráfico 14 – Reprovação na disciplina relacionada com o apoio Fonte: Dados da pesquisa Percebe-se que o índice de reprovação ocorre com os estudantes de fases mais avançadas. Assim como no gráfico 7, salienta-se que 60% dos alunos que desistiram do apoio pedagógico são alunos de primeira fase, portanto, não tem como haver reprovação. ANÁLISE QUALITATIVA DA PESQUISA ORAL Quando questionados sobre a base de conhecimento adquirida no ensino médio observamos que a maioria dos entrevistados acredita que possui lacunas de aprendizado e deficiências de aprendizado, dessa forma, necessitando de reforço no ensino superior. “Olha, a base pra escola pública eu considero que foi fraca né, porque eu encontrei dificuldades na disciplina e tô encontrando. Se minha base fosse melhor eu não teria tanta dificuldades e ficando em algumas matérias. Daí eu estaria indo bem.” (Entrevistado 11) Isso se confirma quando responderam a questão que se refere ao que buscaram quando se matricularam no apoio pedagógico. Muitos responderam que buscam um auxílio para relembrar, aprender e superar deficiências do ensino médio, conforme depoimentos: “Acho que suprir essa deficiência que vem do ensino médio e fundamental.” (Entrevistada 02). “Ah, eu busquei relembrar o que eu tinha visto no ensino médio para me ajudar nas disciplinas aqui na faculdade.” (Entrevistado 09). Durante as entrevistas, foi questionado sobre o que levou esses alunos a desistirem das aulas do apoio pedagógico. O motivo principal foi: a falta de tempo para conciliar as outras atividades acadêmicas e pessoais com o apoio. Alguns confessaram falta de interesse e outros problemas de relacionamento interpessoal em uma determinada disciplina. “Ah, por falta de tempo e por falta de interesse também. Mas o maior problema foi por falta de tempo, eu tive que... não dava conta de tudo.” (Entrevistado 09). “[...] o estilo de ensinar dela não condizia com o que eu estava esperando daí eu acabei desistindo.” (Entrevistado 06). Dois alunos, dos quinze entrevistados responderam que o apoio pedagógico não agregou mais conhecimentos. Os demais informaram que as aulas que frequentaram auxiliaram para relembrar conteúdos do ensino médio e superar algumas dificuldades que de lá trouxeram. Isso significa que mais de 85% dos entrevistados aproveitaram o apoio pedagógico de alguma forma. “Sim, relembrando coisas que a gente esqueceu no ensino médio.” (Entrevistado 13). O aproveitamento dos alunos reflete no resultado da questão posterior, onde 100% dos alunos afirmaram que fariam novamente o apoio, caso fosse necessário. A grande maioria faria desde que tivesse mais horários disponíveis. “Se fosse disponibilizado mais horários.” (Entrevistado 14) Dentre as melhorias para o apoio pedagógico entre os entrevistados são: Planejar o horário das aulas do apoio, evitando os choques de horários com as disciplinas curriculares, conforme Entrevistado 01: “[...] Acho que é só isso, o horário. O material é bom, os professores são bons também. O primordial é o horário.” Iniciar antes, concomitante com o semestre letivo, não iniciar com as disciplinas do semestre em andamento. “Acho que iniciar um pouco mais cedo, quando começar as aulas, assim já iniciar o apoio" (Entrevistada 02). Melhorar o relacionamento apoio pedagógico x aluno. Salienta a Entrevistada 07: “[...] Assim a gente não sabe se o professor é bom, se o professor é legal, o que que vai dar, o que que não vai dar, então a gente fica muito perdida também né. [...]” Maior interesse por parte dos alunos. Responde o Entrevistado 09: “Pra mim tá bom, tem que ter mais interesse dos alunos, porque a gente vai nos primeiros dias e já não quer ir mais. [...]” CONSIDERAÇÕES FINAIS O apoio pedagógico está inserido no Programa de Ações Afirmativas da UFSC, com o objetivo de promover o acesso democrático e a permanência dos estudantes no ensino superior público e gratuito. Ele busca minimizar os índices de reprovação de algumas disciplinas e a evasão dos cursos de graduação, através de aulas para suprir as dificuldades e as deficiências de conteúdos oriundos do ensino médio. A análise da contribuição do apoio para a formação dos estudantes comprovou-se através da pesquisa de campo que demonstrou a satisfação dos acadêmicos com relação aos resultados. O resultado apresentado no gráfico 4 demonstra a necessidade e a manutenção do apoio pedagógico para os alunos do campus de Curitibanos da UFSC. O papel principal das Instituições de Ensino Superior face ao perfil dos egressos foi apresentado no referencial teórico que contemplou o Apoio Pedagógico como um programa que busca garantir aos estudantes das camadas menos favorecidas a igualdade de condições de permanência no ensino superior público e gratuito. As investigações da estrutura e funcionamento do apoio pedagógico e o perfil dos acadêmicos que participaram e dos desistentes do programa ocorreram por meio dos depoimentos e questionários com os alunos participantes do programa. Os resultados demonstraram que o apoio vem atingindo seu objetivo indicando avanços na aprendizagem, relembrando conteúdos e superando lacunas de conhecimentos adquiridos no ensino médio. A grande maioria dos alunos cursou o ensino médio em instituições de ensino públicas e acreditam que chegaram ao ensino superior com lacunas de aprendizado e dificuldade de conteúdos. O principal empecilho que os alunos encontram para participar do apoio pedagógico é a dificuldade de conciliar os horários das aulas do apoio com as demais atividades acadêmicas. Observou-se também descomprometimento por parte dos alunos para dar continuidade no programa. Recomendações para contribuir para a melhoria dos resultados do apoio pedagógico: Planejar que as aulas do apoio pedagógico iniciem concomitante com o semestre letivo, não com o semestre em andamento como vem ocorrendo. Os conhecimentos relembrados e adquiridos nas aulas do apoio servem de base para a maioria das disciplinas de primeira fase. Verificar os horários para que não ocorram choques com outras atividades acadêmicas, conforme justificado pelos alunos como maior dificuldade que acaba levando-os a abandonar as aulas do apoio. Melhorar o relacionamento do apoio pedagógico com o aluno, através de questionários com os alunos avaliando se o programa vem atingindo seus objetivos, as necessidades e dificuldades encontradas pelos alunos, as sugestões de melhoria, entre outros. Buscar incentivar, motivar, divulgar, esclarecer o programa do apoio pedagógico para que os alunos não percam o interesse e acabem abandonando as aulas que eles mesmos acreditam que contribuem na sua vida acadêmica. Acreditamos que conseguimos atingir todos os objetivos previstos neste trabalho. Os resultados mostraram que é importante e necessário que a UFSC continue oferecendo esse reforço aos seus estudantes. O apoio pedagógico vem cumprindo seu papel beneficiando os alunos que participam do programa, melhorando seu desempenho acadêmico, contribuindo para diminuir os índices de reprovação e evasão das disciplinas. REFERÊNCIAS ALVES, K. T. Percepções sobre a construção de competências na transição do ensino médio para o ensino superior: um estudo de caso com professoras do apoio pedagógico. Artigo (Mestrado em Educação) – Universidade do Planalto Catarinense , UNIPLAC, Lages, 2012. APRILE, M. R. eE BARONE,R. E. M. Educação Superior: políticas públicas para inclusão social. Online. 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