38 IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS Caracterização comparativa de células dendríticas em pacientes com neoplasia mamária por estágio tumoral Carolina Antas Torronteguy, Cristina Bonorino (orientador) Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular, Faculdade de Biociências, PUCRS, Resumo Introdução A neoplasia mamária é a de maior mortalidade entre as mulheres brasileiras, sendo que o Rio Grande do Sul encontra-se entre os estados com as maiores taxas (7,7 a 18,4 óbitos por 100 000 mulheres). Nos estágios mais avançados é necessário fazer quimioterapia e/ou radioterapia cujos efeitos deletérios no sistema imune são bastante conhecidos. Nos últimos anos, diversos trabalhos tem mostrado tentativas de utilização de terapia celular como alternativa terapêutica para várias neoplasias como: melanoma, cólon, mama, sarcoma renal. A grande estrela desta nova abordagem terapêutica é um subtipo celular especializado na apresentação de antígenos: a célula dendrítica. As células dendríticas fagocitam os antígenos tumorais no sítio do tumor, migram para os linfonodos drenantes, onde os apresentam em um contexto MHC I, para as células T. Além disso, as células dendríticas fazem o prime das células T naive e representam a união entre a imunidade inata e a celular. No entanto, são conflitantes os resultados do uso clínico de vacinas com células dendríticas em humanos. Estudos recentes mostram que os tumores induzem um estado de tolerância imune. Os estudos clínicos de terapia celular são realizados em pacientes com neoplasias avançadas e nossa hipótese é de que as células dendríticas se comportem de maneira diferente conforme o estágio tumoral. Nosso objetivo é caracterizar fenotipicamente as células dendríticas em cada estágio tumoral comparando com controles saudáveis e com controles portadores de patologia mamária benigna e um ensaio de sinalização através de western blots após estimulação destas células com diferentes ligantes de receptor toll. Metodologia: 39 O estagiamento tumoral é determinado por um padrão internacional denominado sistema TNM. No total teremos 6 grupos: Sem neoplasia e sem alterações benignas nas mamas – controles, sem neoplasia, mas com alterações benignas nas mamas – controles, com neoplasia estágio clínico I, com neoplasia estágio clínico II, com neoplasia estágio clínico III, com neoplasia estágio clínico IV. Critérios de Exclusão: Uso de quimioterápicos (prévio ou atual), uso de radioterapia (prévio ou atual), uso de imunossupressores (prévio ou atual). Geração de células dendríticas à partir de monócitos do sangue periférico: Serão coletados 12 mL de sangue venoso periférico de cada paciente e cada controle, em tubo heparinizado. As células mononucleares serão separadas por ficoll histopaque. Após isoladas, as células aderentes serão colocadas em cultura com meio AIMV com 1mL de R-10 acrescido de 50 ng/mL de IL4 e 50 ng/mL de GMCSF e deixadas incubar. No quarto dia, são adicionados novamente IL-4 (50ng/mL) e GMCSF (25 ng/mL), sem trocar o R-10. No quinto dia, acrescenta-se TNF-α (50ng/mL), para maturação das MoDCs. No sétimo dia de cultura, as células não aderentes serão removidas e marcadas para citometria de fluxo, em placas de 12 poços: 5x106 células por poço e incubadas por 2 horas em estufa a 5% de CO2 a 37oC e após, lidas por citometria de fluxo. Marcadores: CD1a, CD14, CD11c, CD83, CD86, CD40, CCR7, CD80, HLADR. Sinalização - Western Blot: Parte das células dendríticas retiradas da cultura no dia sete, serão replaqueadas e colocadas em culturas para estímulo com LPS (via TLR4), CPG (via TLR9), PGN (via TLR 2, NOD1 e NOD 2) e nada (controle negativo) por 15min, 30 min e 1h. A seguir parte delas será coradas para P38 e ERK1/2 para posterior análise por citometria de fluxo e parte delas será lisada. O lisado celular será então analisado por meio de western blot para a expressão de diferentes marcadores das diferentes vias inflamatórias do receptor toll. Anticorpos: Anti Erk , pErk, NFkB, Map kinase p 38. Análise estatística: KolmogorovSmirnov, Kruskal-Wallis, ANOVA. Um valor de p menor que 0.005 será considerado estatísticamente significante. A análise dos dados será feita com o programa GraphPad Prism versão 4.0 (GraphPad Software, San Diego, CA) e com programa programa SPSS Resultados (ou Resultados e Discussão) Nossos resultados são preliminares ainda, mas encontramos diferenças no número de células dendríticas geradas à partir de monócitos de pacientes e controles, sendo que os pacientes parecem ter menos células dendríticas. Interessante que nem pacientes nem controles parecem expressar CD80. As células parecem aumentar a expressão de HLS DR e CD 11c após IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 40 estímulo com peptidoglicano (PGN), o que não observamos após o estímulo com LPS. Os pacientes parecem expressar meno CD11c e menos HLADR em relação aos controles saudáveis.Os dados estatísticos ainda não foram realizados devido ao pequeno número de amostras até o momento. Os blots serão feitos assim que chegarem os anticorpos (já encomendados). Conclusão É possível que estejamos estimulando as células dendríticas com excesso de LPS, faremos uma curva e LPS, para determinarmos se a falta de resposta por nós observada é devido à dose inadequada. Até o momento, nossos dados são condizentes com a literatura, mostrando um estado de menor ativação das DCs das pacientes em relação aos controles, mas necessitamos de um número maior de pacientes para realizarmos análise estatística e termos dados objetivos. Referências MINISTÉRIO DA SAÚDE. ATLAS DE MORTALIDADE POR CÂNCER. Brasil. Disponível em: http://www.inca.gov.br/atlas/docs/represent_espac_MAMA.pdfl . Acesso em: 20 jun. 2009 NAKAHARA, T. MOROI, Y. UCHI, H., FURUE, M. Differential role of MAPK signaling in human dendritic cell maturation and Th1/Th2 engagement. Journal of Dermatological Science 42, (2006). 1—11 PAN, K., WANG, H., LIU, W., ZHANG, H., ZHOU, J., LI, J., WENG, D., HUANG, W., SUN, J., LIANG, X., XIA, J. The pivotal role of p38 and NF-jB signal pathway sinthe maturation of human monocyte-derived dendritic cells stimulated by streptococcal agent OK-432. Immunobiology 214 (2009) 350–358 R CHEN, AB ALVERO, D-A SILASI, KD STEFFENSEN and G MOR. Cancers take their Toll—the function and regulation of Toll-like receptors in cancer cells. Oncogene 27, (2008). 225–233 STEINMANNM, R., HAWIGER, D., NUSSENZEEIG, M., Tolerogenic Dendritc Cells. Annu. Rev. 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