CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS
“RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
Programa VI – Aspecto Religioso
1.1 Politeísmo Ou Paganismo - 1ª Parte
1.2 Politeísmo Ou Paganismo - 2ª Parte
1.3 Moises E O Povo Judeu
1.4 Moisés: Legislador E Missionário
1.5 O Advento De Jesus
1.6 Equipe Espiritual Da Missão De Jesus
1.7 A Missão De Jesus
1.8 A Missão Dos Apóstolos
1.9 Estudo Do Novo Testamento
1.10 A Moral Cristã
2.1 Amor A Deus, Adoração, Vida Contemplativa
2.2 A Fé E O Seu Poder
2.3 A Prece E Sua Eficácia
2.4 Sacrifícios, Mortificações E Promessas
3.1 A Caridade
3.2 Amor Materno E Amor Filial
3.3 Respeito Às Leis, Às Religiões E Aos Direitos
Humanos
4.1 Os Caracteres Da Perfeição. Obstáculos À
Perfeição
4.2 Cuidados Com O Corpo E Com O Espírito
4.3 Conduta Espírita: Vivência Evangélica
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Programa VI – Aspecto Religioso
1. Evolução do Pensamento Religioso
1.1 POLITEÍSMO OU PAGANISMO - 1ª parte
A questão 667 de O Livro dos Espíritos nos esclarece sobre as origens do politeísmo:
"(...) A concepção de um Deus único não poderia existir no homem, senão como resultado do
desenvolvimento de suas idéias. Incapaz, pela sua ignorância, de conceber um ser imaterial,
sem forma determinada, atuando sobre a matéria, conferiu-lhe o homem atributos da natureza
corpórea, isto é, uma forma e um aspecto e, desde então, tudo o que parecia ultrapassar os
limites da inteligência comum era, para ele, uma divindade. Tudo o que não compreendia
devia ser obra de uma potência sobrenatural. (...)”
Politeísmo é, pois, crença religiosa numa pluralidade de deuses ou a adoração de mais
de um deus.
Devemos, inicialmente, entender o significado de deus para que possamos alcançar o
sentido das idéias politeístas. Recorramos à questão 668 da obra da codificação já citada:
"(...) chamando deus a tudo o que era sobre-humano, os homens tinham por deuses os
Espíritos. Daí veio que, quando um homem, pelas suas ações, pelo seu gênio, ou por um
poder oculto que o vulgo não lograva compreender, se distinguia dos demais, faziam dele um
deus e, por sua morte, lhe rendiam culto.
A palavra deus tinha, entre os antigos, acepção muito ampla. Não indicava, como
presentemente, uma personificação do Senhor da Natureza. Era uma qualificação genérica,
que se dava a todo ser existente fora das condições da Humanidade (...) Se estudarmos
atentamente os diversos atributos das divindades pagãs, reconheceremos, sem esforços, todos
os de que vemos dotados os Espíritos nos diferentes graus da escala espírita, o estado físico
em que se encontram nos mundos superiores, todas as propriedades do perispírito e os papéis
que desempenham nas coisas da Terra. (...)” (02)
“(...) Entre os vários fatores responsáveis pela criação e multiplicação dos deuses
devemos salientar: a) a personificação das forças da natureza (mit. astral, deuses telúricos e
subterrâneos, deuses da fecundidade) e a sua consequente elevação ao reino da divindade; b) a
divinização de antepassados e heróis; c) a centralização política dos grandes Estados,
provocando a fusão e a unificação de culturas e crenças (...).”
Estes itens apontados podem, segundo o constante na Lello Universal, ser expressos
nos três principais sistemas do politeísmo: “(...) a idolatria, adoração de muitos deuses
personificados por ídolos grosseiros; o sabeísmo, culto dos astros e do fogo sem intermédio
de emblemas representativos, e o feiticismo (*), adoração de tudo quanto impressiona a
imaginação e a que se atribui poder; não é raro encontrar estas três formas estreitamente
unidas (...).”
Devemos fazer um parêntese nesta altura do nosso estudo: a palavra paganismo é
comumente usada como sinônima de politeísmo. Em essência o é mesmo; mas do ponto de
vista histórico e teológico, não. Quando Constantino cansagrou o Cristianismo como a nova
religião do Império Romano os não-critãos eram chamados de pagãos: praticantes do
paganismo. Neste aspecto, foram generalizados como pagãos tanto os politeistas propriamente
ditos como os ateístas não-cristãos. Dai entender-se, apesar de não se justificar, a perseguição
religiosa, que a História descreve, aos judeus, maometanos e outros povos.
“Feiticistas (*) na sua origem, como o são ainda hoje entre os povos selvagens, as
religiões da Antiguidade eram politeístas, com uma tendência mais ou menos acentuada para
o antropomorfismo. Tais eram as religiões dos principais povos antigos: egípcios, assirios,
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fenicios, persas, cartagineses, gregos e romanos, gauleses, germanos; tal é ainda atualmente a
maior parte das religiões do extremo Oriente, na Índia, no Japão ou na China. Em geral o
dogma era muito incerto, as crenças confusas e misturadas de lendas: o culto, nacional ou
local, era concebido como uma espécie de contrato entre o homem e a divindade.”
Segundo C. de Brosses, em Do Culto dos Deuses Fetiches, “(...) todas as religiões, à
exceção (...) da dos hebreus, derivariam do fetichismo, o qual, por sua vez, se originaria do
medo (...) Müller fixou definitivamente a ciência das religiões, ao aplicar o método histórico à
interpretação dos mitos gregos. (...) O raio de alcance das pesquisas estendeu- -se à mitologia
dos diversos povos indo-europeus, considerada como a mais antiga das manifestações
religiosas. (...)”
“(...) J. Lubbock dividiu em seis períodos a história religiosa da Humanidade: 1‘ –
ateísmo; 2' – fetichismo (do português feitiço, sortilégio); 3‘ – culto da natureza; 4' –
xamanismo (a religião dos xamãs, feiticeiros profissionais); 5' – antropomorfismo; 6' – crença
em um deus criador e providencial (...). Já em 1767, o francês N. S. Bergier emitira um
conceito segundo o qual o fetichismo explicava-se pela semelhança entre a mentalidade do
primitivo e a da criança, que empresta uma alma e uma personalidade ativa a cada um dos
objetos que a rodeiam. A etnologia comparada permitiu a E. B. Tylor retomar e desenvolver
esse conceito. Segundo esse autor (Primitive Culture, 1872) (...) o homem pré-histórico (...)
ter-se-ia formado de inicio uma determinada noção da própria alma a qual não tardaria a
assimilar a alma dos animais e das plantas, para depois passar a concebê-la sob a forma de
espíritos individuais disseminados por toda a natureza. Em resultado de uma lenta seleção, daí
se teria originado o politeísmo. Em algumas raças superiores (civilizadas) o deus supremo se
teria tornado deus único. (...)”
Estudando as origens do politeísmo e do paganismo, Emmanuel, em A Caminho da
Luz, nos faz importante alerta: que a gênese de todas as religiões da Humanidade tem origem
no coração augusto e misericordioso do Cristo, devido, evidentemente, à circunstância de ser
Ele o diretor espiritual do orbe terrestre. Para tanto, de tempos em tempos, envia mensageiros
à Terra para ensinar e difundir as verdades evangélicas. (13)” (...) Fora erro crasso julgar
como bárbaros e pagãos os povos terrestres que ainda não conhecem diretamente as lições
sublimes do seu Evangelho de redenção, porquanto a sua desvelada assistência acompanhou,
como acompanha a todo tempo, a evolução das criaturas em todas as latitudes do orbe. A
história da China, da Pérsia, do Egito, da India, dos árabes, dos israelitas, dos celtas, dos
gregos e dos romanos está alumiada pela luz dos seus poderosos emissários. E muitos deles
tão bem se houveram, no cumprimento dos seus grandes e abençoados deveres, que foram
havidos como sendo Ele próprio, em reencarnações sucessivas e periódicas do seu divinizado
amor. No Manava-Darma, encontramos a lição do Cristo; na China encontramos Fo-Hi, LaoTsé, Confúcio; nas crenças do Tibete, está a personalidade de Buda e no Pentateuco
encontramos Moisés; no Alcorão vemos Maomet. Cada raça recebeu os seus instrutores,
como se fosse Ele mesmo (...).”
Outro alerta que Emmanuel também nos faz, na obra citada, é sobre a unidade
substancial das religiões: "(...) A verdade é que todos os livros e tradições religiosas da
antiguidade guardam, entre si, a mais estreita unidade substancial. As revelações evolucionam
numa esfera gradativa de conhecimento. Todas se referem ao Deus impersonificável, que é a
essência da vida de todo o Universo, e no tradicionalismo de todas palpita a visão sublimada
do Cristo, esperado em todos os pontos do Globo.
No próximo roteiro estudaremos as principais religiões politeístas da Terra e a
contribuição dessas idéias religiosas para a formação moral e social da Humanidade. Antes,
porém, abordaremos algumas definições que julgamos importantes para a compreensão do
assunto.
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MITOLOGIA – É o estudo dos mitos. Nem toda religião está ligada a uma mitologia,
ma: “(...) as religiões de caráter politeísta e antropomórfico oferecem, em princípio, à
imaginação mítica, matéria própria. (...)”
MITO – É uma narração poética referente ao nascimento, vida e feitos dos antigos
deuses e heróis do paganismo.
LENDA – Relato transmitido pela tradição.
ORIGENS DOS MITOS – Guarda relação com a observação da natureza e seus
variados e multiformes elementos. A imaginação humana personificou os fenômenos naturais
e os imaginou como individualidades livres, independentes, cuja atuação estava submetida a
invariáveis leis morais e dotados, também, de uma corporeidade muito próxima da forma
humana (antropomorfismo).
EVOLUÇÃO DOS MITOS – A mitologia grega era muito mais rica que a dos
romanos e de outros povos, devido o espírito helênico ter sido altamente criador e o romano
mais prático.
FONTE DA MITOLOGIA – Baseia-se no legado dos poetas gregos e latinos.
Merece destaque a obra deixada pelo grego Homero.
COMO ERAM OS DEUSES – A aparência dos deuses era totalmente humana,
porém melhorada, mais bela e majestosa; mais fortes, mais vigorosos. Possuíam todas as
faculdades humanas em escala ampliada. Necessitavam, como os homens, do sono, da comida
e da bebida. A comida não era igual a vulgar alimentação humana, mas se alimentavam do
néctar e ambrósia. Necessitavam andar vestidos, sobretudo as deusas que escolhiam as vestes
e os adornos com capricho. O nascimento era semelhante ao dos humanos, porém os deuses
eram precoces e o período da infância bem reduzido. A mais importante vantagem dos deuses
sobre os homens era o fato de serem imortais, nunca envelheciam, não eram atingidos por
doença alguma. Moralmente, eram muito superiores aos mortais e como a maldade, a
impureza e a injustiça os aborreciam não hesitavam em castigar as maldades e injustiças
humanas. Apesar de toda superioridade física, moral e espiritual, os deuses estavam presos
aos seus destinos, fixados desde a eternidade. Os deuses passavam a vida desocupados, num
verdadeiro far niente (nada fazendo), por isto buscavam toda sorte de divertimentos e
passatempos. Os deuses viviam numa grande comunidade, reunidos em torno do pai dos
deuses e dos homens (o deus principal).
A COSMOGONIA – (Mitos referentes às origens do mundo) era mais ou menos
semelhante entre os diversos povos politeístas, apesar de que os romanos não se cuidaram de
ter idéias próprias sobre tal coisa. De um modo geral, os antigos acreditavam que o mundo
surgiu a partir do caos, ou seja, de um espaço infinito e tenebroso.
A TEOGONIA – (Mitos que explicam o nascimento e descendência dos deuses),
entre os diversos povos politeístas, também é similar, mudando, às vezes, nomes, locais e as
lendas.
SACRIFÍCIOS – Os povos primitivos e politeístas adoravam os deuses através de
oferendas, cultos, rituais que, geralmente, comportavam sacrifícios de animais ou de seres
humanos. Como nos esclarece a questão 669 de O Livro dos Espíritos, os sacrifícios existiam.
“Primeiramente, porque não compreendia Deus como sendo a fonte da bondade. Nos povos
primitivos a matéria sobrepuja o espírito; eles se entregam aos instintos do animal selvagem.
Por isso é que, em geral, são cruéis; é que neles o senso moral ainda não se acha
desenvolvido. Em segundo lugar, é natural que os homens primitivos acreditassem ter uma
criatura animada muito mais valor, aos olhos de Deus, do que um corpo material. Foi isto que
os levou a imolarem, primeiro animais e, mais tarde, homens.”
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1.2 POLITEÍSMO OU PAGANISMO - 2ª parte
Religiões Politeístas
Emmanuel, em A Caminho da Luz, nos informa que “As primeiras organizações
religiosas da Terra tiveram, naturalmente, sua origem entre os povos primitivos do Oriente,
aos quais enviava Jesus, periodicamente, os seus mensageiros e missionários.
Informa-nos Emmanuel que, naquelas épocas longínquas, devido à ausência da escrita,
as tradições se transmitiam de geração a geração através das palavras articuladas (tradição
oral), acrescentando, no entanto, que com a cooperação dos exilados do sistema da Capela, os
rudimentos das artes gráficas receberam os primeiros impulsos, começando a florescer uma
nova era de conhecimento espiritual, no campo das concepções religiosas.
Os vedas, que contam mais de seis mil anos, já nos falam da sabedoria dos Sastras, ou
grandes mestres das ciências hindus, que os antecederam de mais ou menos dois milênios, nas
margens dos rios sagrados da Índia. Vê-se, pois, que a idéia religiosa nasceu com a própria
Humanidade, constituindo o alicerce de todos os seus esforços e realizações no plano
terráqueo.
Escreveremos, a seguir, sobre as principais religiões politeístas da Antiguidade e como
elas influíram para a formação moral-intelectual da Humanidade.
Para que nos situemos no tempo e no espaço, recordemos que as raças adâmicas (ou
exilados da Capela) se reuniram, aqui na Terra, em quatro grandes grupos: os árías – que
originaram os povos indo-europeus –, os egípcios, os israelitas e os hindus.
CIVILIZAÇÃO DA ÍNDIA
“Dos Espíritos degredados no ambiente da Terra, os que se gruparam nas margens do
Ganges foram os primeiros a formar os pródromos de uma sociedade organizada, cujos
núcleos representariam a grande percentagem de ascendentes das coletividades do porvir.
As almas exiladas naquela parte do Oriente muito haviam recebido da misericórdia do
Cristo, de cuja palavra de amor e de cuja figura luminosa guardaram as mais comovedoras
recordações, traduzidas na beleza dos Vedas e dos Upanishads. Foram elas as primeiras vozes
da filosofia e da religião no mundo terrestre, como provindo de uma raça de profetas, de
mestres e iniciados.”
Segundo o americano Thomas Bulfinch (The Age of Fable ou O Livro de Ouro da
Mitologia) “A religião dos hindus foi fundada, segundo está expressamente admitido, pelos
Vedas. Os hindus atribuem a maior santidade a esses livros, afirmando que o próprio Brama
os escreveu.
Indubitavelmente, os Vedas ensinam a crença em um Deus supremo. O nome dessa
divindade é Brama. Seus atributos são representados pelos três poderes personificados da
criação, conservação e destruição, que sob os nomes respectivos de Brama, Vixnu e Siva,
formam a trimurte, ou trindade dos principais deuses hindus.”
Além destes três deuses que formam a trindade dos atributos de Brama, há, no
Bramanismo, deuses inferiores responsáveis por certos fenômenos da natureza, como: trovão,
relâmpago, fogo, sol, regiões infernais, etc.
“Brama é o criador do universo e a fonte de onde emanaram todas as divindades
individuais e pela qual elas serão, finalmente, absorvidas.” Por este princípio do bramanismo
observa-se, nitidamente, o caráter politeista e panteísta da religião dos hindus.
É interessante destacar que “Os adeptos do bramanismo consideram Buda como uma
encarnação ilusória de Vixnu (um dos deuses da trindade), assumida por ele a fim de induzir
os Asuras, adversário dos deuses, a abandonar os ensinamentos sagrados dos Vedas, graças ao
que eles perderiam sua força e supremacia. "
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Isto se explica por que "Os budistas negam inteiramente a autoridade dos Vedas e as
observâncias religiosas neles prescritas e seguidas pelos hindus. Também não aceitam a
separação dos homens em castas e proíbem todos os sacrifícios sanguinolentos e o uso de
alimentos de origem animal. Seus sacerdotes são escolhidos em todas as classes; devem se
sustentar mendigando; e, entre outras coisas, têm obrigação de procurar utilizarem-se de
objetos jogados fora como inúteis por outros e descobrirem o poder medicinal das plantas.”
Os brâmanes são idólatras e há divisões entre eles, formando seitas distintas, conforme
os deuses que venerem. Dai existirem, ainda hoje, as seitas dos seguidores e adoradores de
Vixnu (Deus que protege a Terra de perigos), de Siva (Deus do princípio destruidor e que
conta, atualmente, com maior número de adeptos) e do deus principal, Brama.
As influências do bramanismo são boas quando originam a formação dos Mahatmas e
são negativas quando estabelecem o sistema de castas. É o que Emmanuel nos esclarece: “Os
cânticos dos Vedas são bem uma glorificação da fé e da esperança, em face da Majestade
Suprema do Senhor do Universo. A faculdade de tolerar, e esperar, aflorou no sentimento
coletivo das multidões, que suportaram heroicamente todas as dores e aguardaram o momento
sublime da redenção. Os mahatmas criaram um ambiente de tamanha grandeza espiritual para
o seu povo, que, ainda hoje, nenhum estrangeiro visita a terra sagrada da Índia sem de lá
trazer as mais profundas impressões acerca de sua atmosfera psíquica. Eles deixaram também,
ao mundo, as suas mensagens de amor, de esperança e de estoicismo resignado.”
“O povo hindu, embora as suas tradições de espiritualidade, deixou crescer no coração
o espinho do orgulho que, aliás, dera motivo ao seu exílio na Terra.
Em breve a sua organização das castas separava as suas coletividades para sempre.
Essas castas não se constituíam num sentido apenas hierárquico, mas com a
significação de uma superioridade orgulhosa e absoluta.”
Entre os missionários enviados por Jesus à Índia destacam-se as figuras de Buda e
Crisna.
CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
“Dentre os Espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia
foram os que mais se destacavam na prática do bem e no culto da verdade.
Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o
tribunal da Justiça Divina. Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão
altamente desenvolvido. Em todos os corações morava a ansiedade de voltar ao orbe distante,
ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos. Foi por esse motivo que, representando
uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo
Egito desapareceram para sempre do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas
Pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana
regressaram à pátria sideral.”
A religião egípcia se caracterizava pelo duplo aspecto com que se manifestava: para a
massa popular, ainda não suficientemente madura para receber os ensinamentos profundos,
era politeísta. Para os sacerdotes e iniciados, era monoteísta. como nos explica Emmanuel:
"Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então,
sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de
todos os seres.”
Entretanto, entre o povo, predominavam as idéias politeístas. “As massas requeriam
esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião.”
E, conforme consta na Enciclopédia Delta Larousse, “Sem embargo da multiplicidade
dos deuses egípcios – uma lista achada no túmulo de Tutmés Ill nomeia cerca de setecentos e
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quarenta – a mitologia propriamente dita é bastante pobre ou pelo menos só chegaram até nós
muito poucas lendas relativas às divindades.”
O deus principal do povo egípcio era Amon ou Amon-Ra e havia outras divindades
subalternas (Osiris, Set, Horus, Anúbis, e outros).
Inegavelmente, a grande contribuição da religião egípcia repousa nos ensinamentos
esotéricos, que não só transmitiam a existência de Deus uno, Pai e Criador de tudo,como
também “O destino e a comunicação dos mortos e a pluralidade das existências e dos mundos
eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. Os iniciados sabiam da existência do
corpo espiritual preexistente, que organiza o mundo das coisas e das formas. Seus
conhecimentos, a respeito das energias solares com relação ao magnetismo humano, eram
muito superiores aos da atualidade. Desses conhecimentos nasceram os processos de
mumificação dos corpos.
Como tão elevados ensinamentos eram vedados ao povo, originou-se o politeísmo. A
saudade do mundo feliz e bom, a se expressar em reminiscências fragmentárias, e o culto da
morte altamente desenvolvido, permitiram que este povo, degredado num mundo tão diferente
do seu, sentisse como renascido em corpos de animais. "A metempsicose era o fruto da sua
amarga impressão, a respeito do exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre.”
CIVILIZAÇÃO GREGA
As experiências mais vastas no campo social ocorreram na Grécia, berço de filósofos,
sábios e literatos famosos, sendo que, indiscutivelmente, o maior deles foi Sócrates.
Os Gregos eram essencialmente politeístas e donos de uma mitologia inigualável.
Nenhum povo os superou nesse ponto.
Mas para compreendermos um pouco da mitologia grega, segundo palavras do autor
do Livro de Ouro da Mitologia, “cumpre-nos, em primeiro lugar, conhecer as idéias sobre a
estrutura do universo, aceita pelos gregos – o povo de quem os romanos, e as demais nações,
por intermédio dele, receberam sua ciência e sua religião.
Os gregos acreditavam que a Terra fosse chata e redonda, e que seu país ocupava o
centro da Terra, sendo seu ponto central, por sua vez, o Monte Olimpo, residência dos deuses,
ou Delfos, tão famoso por seu oráculo.
O disco circular terrestre era atravessado de leste a oeste e dividido em duas partes
iguais pelo Mar, como os gregos chamavam o Mediterrâneo e sua continuação, o ponto
Euxino.
Em torno da Terra corria o Rio Oceano). Era dele que o mar e todos os rios da Terra
recebiam suas águas.
A parte setentrional da Terra era supostamente habitada por uma raça feliz, chamada
os hiperbóreos, que desfrutava uma primavera eterna e uma felicidade perene.”
Na parte meridional da Terra morava um povo tão feliz e virtuoso como os
hiperbóreos, chamado etíope.
Na parte ocidental da Terra, ficava um lugar abençoado, os Campos Elíseos, para onde
os mortais favorecidos pelos deuses eram levados, sem provar a morte, a fim de gozar a
imortalidade da bem-aventurança.”
Para os gregos havia um grande deus: Zêus. Era o deus supremo, personificava o céu,
era o senhor do universo, pai dos demais deuses, deusas e da Humanidade.“(...) Zêus era
eterno, onisciente, onipotente. Estava, contudo, submetido ao destino (a Moira). Dele
emanavam, com o poder dos reis, as leis das sociedades, a propriedade, o casamento, a
hospitalidade, a justiça.”
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Havia ainda outros deuses – os principais, os subalternos, as divindades infernais e os
heróis ou semideuses.
Evidenciam-se, na Grécia antiga, os papéis de duas cidades: Atenas – berço da
democracia, onde o povo amava a liberdade e dedicava-se à cultura, às artes, à beleza. Desta
cidade saíram grandes legisladores, como Sólon, filósofos, como Sócrates, Platão, Xenofonte,
além de poetas. Esparta, ao contrário, representava o poder absoluto, ditatorial, onde se
proibia o comércio, condenava a cultura, os seus filhos eram educados dentro de leis rígidas,
que por severas em demasia abalavam os alicerces da família e favoreciam a corrupção.
A mitologia grega, tão rica e fantasiosa como era, favoreceu que os gregos vivessem
as experiências sociais necessárias à sua evolução, sendo que as conquistas sociológicas
desenvolvidas em Atenas foram o que houve de mais positivo mesmo para os dias atuais.
Com Esparta, contudo, as experiências no campo social não foram tão benéficas. É o que nos
fala Emmanuel: "Esparta passou à história como um simples povo de soldados espalhando a
destruição e os flagelos da guerra, sem nenhuma significação construtiva para a
Humanidade.”
CIVILIZAÇÃO ROMANA
Foram, sobretudo, os etruscos que deram origem ao povo romano. Os etruscos se
caracterizavam por ser “esforçados, operosos e inteligentes. Nas regiões da Toscana,
possuíam largas indústrias de metais, marinha notável, destacado progresso no amanho da
terra e, sobretudo, sentimentos evolvidos que os faziam diferentes das coletividades mais
próximas. Acreditavam na sobrevivência e ofereciam sacrifícios às almas dos mortos,
venerando os deuses cujas disposições, em cada dia, presumiam conhecer através dos
fenômenos comuns da Natureza.”
A história da fundação de Roma está envolvida na romântica lenda de Rômulo e
Remo, heróis divinizados, que segundo se dizia eram filhos do deus guerreiro Marte e da
Vestal Réia Sílvia (sacerdotisa da deusa do lar Vesta), foram amamentados por uma loba e
fundaram Roma.
Segundo o iluminado mentor espiritual Emmanuel, as influências do povo etrusco
foram decisivas para as experiências que os romanos precisariam viver mais tarde. Neste
sentido, vale "recordar a figura de Tarquinio Prisco, filho da Etrúria, que trouxe à cidade
grandes reformas e inúmeras inovações em todos os departamentos da sua consolidação e do
seu progresso. Seu sucessor, Sérvio Túlio, era igualmente da sua família. Este, dividiu todo o
povo da cidade em classes e centúrias, segundo as possibilidades financeiras de cada um,
desgostando os patrícios, a esse tempo já organizados, em virtude de essa reforma apresentarse dentro de características liberais, não obstante as suas finalidades militares.
Onde, porém, mais se evidenciam as influências etruscas, nas organizações romanas, é
justamente na alma popular, devotada aos gênios, aos deuses e às superstições de toda
espécie. Cada família, como cada lar, possuía o seu gênio invisível e amigo, e, na sociedade,
alastravam-se as comunidades religiosas.
Os romanos, ao contrário dos atenienses, não procuravam muitas indagações
transcendentes em matéria religiosa ou filosófica, atendendo somente aos problemas do culto
externo, sem muitas argumentações com a lógica.” É por isso que, a despeito da numerosa
quantidade de deuses existentes em Roma – O Panteão chegou a ter mais de trinta mil - a
mitologia romana é pobre.
O politeísmo romano contribuiu para que se desenvolvessem, na sociedade romana,
grandes virtudes, entre as quais destacamos os deveres familiares, evidenciando o papel das
matronas.
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Se por um lado o Direito Romano e a organização familiar passam para a posteridade
como aquisições evolutivas deste poderoso povo, por outro lado, lamentavelmente, Roma
deixou-se embriagar pela sede das conquistas e do expansionismo. Instalado o portentoso
Império Romano, o tacão de César passa a subjugar povos e mais povos, até que a águia
romana tomba ao chão revelando toda a decadência de quem prometia muito.
Falamos das principais civilizações politeístas da Antiguidade, com a expansão dessas
civilizações pelos quadrantes do planeta. A miscigenação entre os indivíduos gerou a
formação de novos povos que tiveram influências maiores ou menores na história da
civilização humana. Citamos, a título de exemplo, os assírios-babilônicos, os fenícios, os
iranianos, os chineses, os celtas, os nórdicos, entre outros.
1.3 MOISES E O POVO JUDEU
As origens do povo judeu estão repletas de narrações lendárias, sendo algumas
fantasiosas e destituídas de uma certa lógica; outras, no entanto, são até coerentes e permitem
que acompanhemos a evolução da nação israelita na face do Planeta.
A história de Israel está, basicamente, contida no Velho Testamento. "(...) O antigo ou
Velho Testamento abrange três conjuntos, discrimináveis pelo conteúdo e nem sempre
uniformemente distribuídos. Aqui aceitaremos para esses três conjuntos os títulos sugeridos
por Antônio Luís Sayão.
(Elucidações Evangélicas) :
a) Lei – livros históricos de legislação mosaica; b) Profetas – livros de inspiração
mediúnica, intercaladas de passagens históricas; c) Escrituras Sagradas – livros hagiógrafos
(de coisas santas), de poesia e de sapiência.
a) – Lei abrange cinco livros iniciais, englobados em tradução grega sob o nome de
Pentateuco:
•
Gênesis
•
Ëxodo
•
Levítico
•
Números
•
Deuteronômio
Gênesis abrange a história simbólica das origens da Humanidade, posto em destaque o
povo hebreu até sua entrada no Egito; Êxodo, as agruras desse povo, sua saída do Egito e
aliança com o Senhor, através dos Dez Mandamentos, recebidos por Moisés no Monte Horeb,
na cadeia do Sinai; Levítico, leis civis e religiosas, núcleo da legislação moisaica, destinada ao
povo e especialmente a sacerdotes, isto é, levitas (descendentes de Levi, a serviço divino) ;
Números, outras leis e prescrições, principalmente recenseamento do povo hebreu e
enumeração das famílias; Deuteronômio, recapitulação de preceitos e episódios, inclusive
morte de Moisés. (...)
b) – Profetas corresponde predominantemente a livros de predições, espécie de
história condicional do futuro. Classificam-se os profetas hebreus, com respeito à cronologia,
em antigos e modernos; os chamados modernos subdividem-se em maiores e menores. (...)”
(09). Os livros antigos são: Josué, Juízes, Rute e Reis. Os livros dos profetas modernos,
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maiores, são: Isaias, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Os menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias,
Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
c) “(...) Escrituras Sagradas corresponde a livros hagiógrafos (de coisas santas),
poéticos e de sapiência (...)”, são eles; Paralipômenos (livro das coisas deixadas de lado),
Esdras (ou de Neemias), Ester, Job, Salmos (Cento e cinquenta poemas líricos).
Provérbios (sentenças morais), Eclesiastes (poema didático sobre a inanidade
(frivolidade das coisas humanas), Cântico dos Cânticos (história poética de uma fidelidade
amorosa).
Segundo tradição da Bíblia (no Velho Testamento) a Humanidade originou-se em
Adão e Eva que tiveram, inicialmente, dois filhos Caim e Abel e, mais tarde, Seth. Cam
matou Abel, afastou-se do convívio dos pais e, apesar da sua origem divina, ligou-se aos
habitantes primitivos da Terra, casou-se e teve filhos. Mais tarde Seth, seu irmão veia fazer a
mesma coisa; ou seja, Espíritos de origem divina associaram-se aos habitantes dos vales, ou
filhos da Terra. Desse e de outros cruzamentos, veio a surgir, propriamente dito, o povo
judeu, de acordo com a seguinte genealogia: Adão, Caim e Seth, Enoch (filho de Caim),
Methusala, Noé, Sem e, da linhagem de Sem, nasceu Abrahão (ou Pai Abrahão) ; Abrahão
gerou Isaac com Sarah, sua esposa, e Ismael com Hagar, sua escrava. Os dois filhos de
Abraão dão origem a dois povos: de Isaac forma-se a nação judia; de Ismael, a nação árabe.
Isaac casa-se com Rebeca (da família de Nahor, na Mesopotâmia), Deste casamento,
nascem os gêmeos Jacob e Esaú. Jacob após vinte anos com Labão casa com Raquel e tem
muitos filhos, entre eles José, que mais tarde foi para o Egito e tornou-se figura importante
junto ao faraó. (Ver o livro Gênesis do Velho Testamento).
Foi com José que, de fato, iniciou-se a "(...) emigração pacifica dos filhos de Israel
para a terra do Nilo (...)” (06) durante aproximadamente quatrocentos anos. Ao final deste
período, o rei do Egito é o Faraó Ramsés II, casado com uma princesa hitita.“(...) Pode-se
avaliar o que era no Antigo Egito o trabalho escravo a que os filhos de Israel foram
submetidos, também nas grandes construções das margens do Nilo, por um velho quadro dum
túmulo de rocha a oeste da cidade de Tebas, descoberto por Percy A. Newberry (...). Nos
muros duma espaçosa abóbada são representadas cenas da vida de um dignitário, o vizir
Rekhmire (...). Uma cena mostra-o inspecionando obras públicas. Num detalhe do que
representa a fabricação de tijolos chama a atenção a pele clara dos trabalhadores, coberta de
uma simples tanga de linho. (...) Ele nos provê de pão, cerveja e todas as coisas boas, mas,
malgrado o louvor pelos cuidados que lhes são ministrados, não resta dúvida que eles não
estavam ali voluntariamente, mas eram forçados a trabalhar. O varapau está na minha mão,
diz, num hieróglifo, um capataz egípcio.”
Em Êxodo, encontramos a mesma referência ao trabalho escravo dos judeus no Egito.
Os egípcios odiavam os filhos de Israel, e os afligiam com insultos; faziam-lhes passar uma
vida amarga com penosos trabalhos de barro e tijolos.”
“(...) O reinado de Ramsés II foi a época da opressão e da servidão de Israel, mas foi
também a época em que surgiu o grande libertador desse povo – Moisés. (...)”
O nome Moisés oferece diversas interpretações que merecem ser citadas aqui a título
de informação. Em Êxodo, 02:10 é dito que “Esta lhe chamou Moisés, e disse: porque das
águas o tirei (meshithi-hu). A maioria dos intérpretes identifica a palavra Esta com a filha de
faraó, e isso tem levado muitos a suporem uma origem egípcia para o nome Mõsheh, em
egípcio ms, criança ou nascido (...). Êxodo, 2:10 liga claramente o nome de Mõsheh com o
fato de haver sido tirado da beira do rio (mãshã, retirar). Essa palavra simbólica poderia
surgir naturalmente em lábios hebreus, mas não egípcios, fato esse que favorece o ponto de
vista mencionado logo acima, de que foi a própria mãe de Moisés quem lhe deu o nome, e não
a filha de faraó (...). "
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O escritor Werner Keller afirma que “(...) Moisés era um hebreu nascido no Egito e
criado por egípcios, com um nome tipicamente egípcio. Moisés é o nome Mãose, comum no
país do Nilo. A palavra egípcia ms representa Mosu; a linguaguem escrita egípcia dispensava
as vogais; significa simplesmente rapaz-filho. (...)”
“(...) Moisés pertencia à tribo de Levi, ao clã de Coate, e à casa ou família de Aarão
(Êx, 06:16 e segs.) (...).”
A história de Moisés inicia-se quando ele assassina um egípcio por vê-la maltratar
hebreus. Temendo a perseguição de faraó, foge para a terra de Madiã, ou seja, em direção do
Oriente, a leste do Golfo de Akaba, para junto dos seus ancestrais.
Nesta terra, chamada Terra dos forjadores de cobre, Moisés vivia vida tranquila,
apascentado ovelhas, quando certo dia, passando pelo Monte Horeb teve uma visão, a se
manifestar através de uma chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Por meio desta
visão, Moisés compreendeu que o povo judeu sofria no Egito, mesmo após a morte do faraó, e
que deveria libertá-la do cativeiro.
Moisés liberta seu povo às custas de enormes sacrifícios e amparado pelos prodigiosos
dons mediúnicos que possuía.
Conforme nos informa Césare Cantu, “(...) Deus multiplicou os prodígios para
favorecer o povo escolhido e para confundir o faraó, que, apesar das suas reiteradas
promessas, não consentia na partida dos israelitas e até os tinha dispersado pelo pais.
Finalmente, Moisés, tendo convocado os anciãos de Israel, recordou-lhes o Deus único, no
qual formavam uma só nação: O Deus, que prometia livrá-los pelo seu braço poderoso e fazer
deles o seu povo; exortou-os então a sair com ele do Egito (...).”
“Pelo deserto, “(...) Moisés conduzia seiscentos mil homens, em estado de pegar em
armas, o que dava quase dois milhões de indivíduos e dirigia-os para a Palestina, pais
perfeitamente escolhido, porque não poderiam resistir aos povos do Eufrates, nem ao poder
dos fenícios. (...). O caminho que havia a percorrer podia ser de trezentas milhas: porém
Moisés quis demorar o seu povo no deserto o tempo necessário, para que se despojasse
completamente das idéias profanas, contraídas pela sua longa residência em país estrangeiro e
nos hábitos aviltantes do cativeiro; a fim de que, tomando novamente a tradição nacional de
Abraão e da sua aliança com Jeová (Deus) aprendesse a pôr toda a sua confiança no seu Deus,
que se manifestava por continuados prodígios e se acostumasse à lei nova. (...)
Moisés teve de lutar contra a obstinação de um povo agreste e inculto, que, enquanto o
seu profeta lhe preparava em dez linhas as regras da vida, sacrificava ao boi Ápis e respondia
aos benefícios com murmúrios. O patriarca morre antes de o introduzir na Terra Prometida, na
idade de cento e vinte anos e nunca mais se levantou em Israel um profeta igual a ele (...).”
“Moisés foi, com efeito, o maior homem que a história conhece. Foi conjuntamente
poeta e profeta insigne, o primeiro dos historiadores, legislador, profundo político e
libertador.
As suas próprias leis supõem uma ciência de tal sorte antecipada, que pareceria um
milagre. Sem ambição, não procurou o poder para si, nem para o seu irmão; porem quis, do
estado de hordas vagabundas, elevar o seu povo ao grau de nação estável, constituindo-a nas
três grandes unidades de Jeová, de Israel e do Tora, isto é, um Deus, um povo e uma lei. (...)”
Cabe aos judeus o privilégio de transmitir ao Ocidente a idéia de Deus único, isto
porque, “(...) todas as nações civilizadas tiveram a crença em um Deus Supremo, mestre dos
deuses subalternos e dos homens. Os egípcios reconheciam um princípio primordial que eles
denominavam knef, ao qual tudo o mais era subordinado. Os antigos persas adoravam o bom
princípio chamado Oromase (.„). Os antigos brâmanes reconheciam um só Ser Supremo; os
chineses não associavam um só subalterno à divindade (...). Os gregos e romanos, malgrado a
multidão de seus deuses, reconheciam em Júpiter o soberano absoluto do Céu e da Terra. (...)”
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No entanto, a idéia de um Deus único é mais completa e bem definida no povo judeu.
Vejamos o que Emmanuel tem a dizer: “(...) Enquanto os cultos religiosos se perdiam na
divisão e na multiplicidade, somente o judaísmo foi bastante forte na energia e na unidade
para cultivar o monoteísmo e estabelecer as bases da lei universalista, sob a luz da inspiração
divina.
Por esse motivo, não obstante os compromissos e os débitos penosos que parecem
perpetuar os seus sofrimentos, (...) o povo de Israel deve merecer o respeito e o amor de todas
as comunidades da Terra, porque somente ele foi bastante grande e unido para guardar a idéia
verdadeira de Deus, através dos martírios da escravidão e do deserto.”
1.4 Moisés: Legislador e missionário
Moisés
2. Na lei moisaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai,
e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos
costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.
A lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não
tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros.
- Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu,
nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os
adorareis e não lhes prestareis culto soberano1.
II. Não pronunciareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus.
III. Lembrai-vos de santificar o dia do sábado.
IV. Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que
o Senhor vosso Deus vos dará.
V. Não mateis.
VI. Não cometais adultério.
VII. Não roubeis.
VIII. Não presteis testemunho falso contra o vosso próximo.
IX. Não desejeis a mulher do vosso próximo.
X. Não cobiceis a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o
seu boi, nem o seu asno, nem qualquer das coisas que lhe pertençam.
É de todos os tempos e de todos os países essa lei e tem, por isso mesmo, caráter
divino. Todas as outras são leis que Moisés decretou, obrigado que se via a conter, pelo
temor, um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater
arraigados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir
autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos os
legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem precisava apoiar-se na autoridade
1
Allan Kardec cita a parte mais importante do primeiro mandamento, e deixa de transcrever as seguintes frases:
“... porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Deus zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na
quarta gerações daqueles que me aborrecem, e uso de misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e
guardam os meus mandamentos." - (ÊXODO, XX, 5 e 6.) Nas traduções feitas pelas Igrejas católica e
protestantes, essa parte do mandamento foi truncada para harmonizá-la com a doutrina da encarnação única da
alma. Onde está "na terceira e na quarta gerações", conforme a tradução Brasileira da Bíblia, a Vulgata Latina (in
tertiam et quartam generationem), a tradução de Zamenhof (en la tria kaj kvara generacioj), mudaram o texto
para "até à terceira e quarta gerações". Esses textos truncados que aparecem na tradução da Igreja Anglicana, na
Católica de Figueiredo, na Protestante de Almeida e outras, tornam monstruosa a justiça divina, pois que filhos,
netos, bisnetos, tetranetos inocentes teriam de ser castigados pelo pecado dos pais, avós, bisavós, tetravós. Foi
uma infeliz tentativa de acomodação da Lei à vida única. - A Editora da FEB, 1947.
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de Deus; mas, só a idéia de um Deus terrível podia impressionar criaturas ignorantes, em as
quais ainda pouco desenvolvidos se encontravam o senso moral e o sentimento de uma justiça
reta. E evidente que aquele que incluíra, entre os seus mandamentos, este: “Não matareis; não
causareis dano ao vosso próximo", não poderia contradizer-se, fazendo da exterminação um
dever. As leis moisaicas, propriamente ditas, revestiam, pois, um caráter essencialmente
transitório.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
A nova era
9. Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo
conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o
instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as
vicissitudes por que passou esse povo destinavam-se a chamar a atenção geral e a fazer cair o
véu que ocultava aos homens a divindade.
Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais
ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia, porém, restringiam-lhe o sentido, porque,
praticada em toda a sua pureza, não na teriam então compreendido. Mas, nem por isso os dez
mandamentos de Deus deixavam de ser um como frontispício brilhante, qual farol destinado a
clarear a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.
A moral que Moisés ensinou era apropriada ao estado de adiantamento em que se
encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e esses povos, semi-selvagens quanto
ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro
modo que não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo. Notável
do ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e das ciências, a inteligência deles muito
atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o império de uma religião
inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma representação semimaterial, qual a que
apresentava então a religião hebraica.
Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a idéia de Deus lhes
falava ao espírito.
O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral
evangélicocristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há
de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os
humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra,
tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. E a lei do progresso, a que
a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza
para fazer que a Humanidade avance.
São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as idéias, para que se realizem
os progressos que estão nos desígnios de Deus. Têm elas de seguir a mesma rota que
percorreram as idéias de liberdade, suas precursoras. Não se acredite, porém, que esse
desenvolvimento se efetue sem lutas. Não; aquelas idéias precisam, para atingirem a
maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção das massas. Uma vez isso
conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os espíritos, que então abraçarão uma
ciência que lhes dá a chave da vida futura e descerra as portas da felicidade eterna. Moisés
abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. - Um Espírito israelita.
(Mulhouse, 1861.)
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1.5 O advento de Jesus
O povo judeu aguardava ansiosamente um Messias que o libertasse do jugo de Roma.
"A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo
povo judeu. Os sacerdotes não esperavam que o Redentor procurasse a hora mais escura da
noite para surgir na paisagem terrestre. Segundo a sua concepção, o Senhor deveria chegar no
carro magnificente de suas glórias divinas, trazido do Céu à Terra pela legião dos seus Tronos
e Anjos; deveria humilhar todos os reis do mundo, conferindo a Israel o cetro supremo na
direção de todos os povos do planeta; deveria operar todos os prodígios, ofuscando a glória
dos Césares.” Mas Jesus chega humilde entre os animais de uma manjedoura, vem filho de
carpinteiro e, durante sua missão, busca os fracos, os oprimidos, os sofredores de toda
sorte.“(...) O judaísmo, saturado de orgulho, não conseguiu compreender a ação do celeste
emissário. ”
Houve, porém, muitos que o reconheceram como o Messias anunciado pelos profetas
da Antiguidade, pelos judeus. Entre eles destacam-se aqueles que se tornariam, mais tarde,
seus discípulos, apóstolos e seguidores. O próprio Jesus, em diversas ocasiões, afirma ser ele
o enviado de Deus. Vamos analisar algumas passagens bíblicas que tratam do assunto.
“Quem quer me receba, recebe aquele que me enviou”. (Lucas, 9:48)
"(...) Aquele que me despreza, despreza aquele que me enviou”. (Lucas, 10:16).
“(...) Aquele que me recebe não me recebe a mim, mas recebe aquele que me enviou.”
(Marcos, 9:37).
“Jesus então lhes disse: Ainda estou convosco por um pouco de tempo e vou em
seguida para aquele que me enviou”. (João, 7:33).
Está bem caracterizado, nestas citações, que Jesus foi o mensageiro de Deus. Ele
falava em nome do Pai. “(...) estas palavras, que Jesus tantas vezes repetiu: Aquele que me
enviou, não só comprovam uma dualidade de pessoas, mas também, (...), excluem a igualdade
absoluta entre elas, porquanto aquele que é enviado necessariamente está subordinado ao que
envia. (...)” Esta explicação tem razão de ser por que há quem pense ser Jesus e Deus uma só
pessoa.
Em João, 14:28, Jesus não só esclarece a sua qualidade de mensageiro de Deus como
também “(...) consagra o princípio da diferença hierárquica que existe entre o Pai e o Filho.
(...) Se há uma diferença hierárquica entre o pai e o filho, Jesus, como filho de Deus, não pode
ser igual a Deus.
Ele confirma esta interpretação e reconhece a sua inferioridade com relação a Deus,
em termos que não deixam lugar a dúvidas.” A citação de João é a seguinte:
"Ouvistes o que foi dito: Eu me vou e volto a vós. Se me amásseis, rejubilaríeis, pois
que vou para meu Pai, porque meu Pai é MAIOR DO QUE EU.” – (S. João, 14:28)
Em outra oportunidade Jesus chega a afirmar que até a doutrina que ensinava não é
dele mas que ela veio de Deus:
– “Não tenho falado por mim mesmo, meu pai que me enviou, foi quem me
prescreveu, por mandamento seu, o que devo dizer e como devo falar,– e sei que o seu
mandamento é a vida eterna; o que, pois, eu digo é segundo o que meu Pai me ordenou que o
diga.” – (João, 12:49 e 50).
É preciso entender nestas palavras de Jesus uma profunda identidade com as verdades
divinas. Ele é o grande Messias enviado pelo Pai ao planeta Terra, em missão de amor e
renúncia, e, através da sua humildade revelou-nos a grandeza e elevação do seu Espírito.
Os apóstolos acreditavam piamente ser Jesus o Messias aguardado. É o que
interpretamos nas seguintes citações constantes de "Atos dos Apóstolos”:
“(...) Que, pois, toda a Casa de Israel saiba, com absoluta certeza, que Deus fez Senhor
e Cristo a esse Jesus que vós crucificastes”. (Atas dos Apóstolos, 2:36. Prédica de Pedro).
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“Moisés disse a nossos pais: O Senhor vosso Deus vos suscitará dentre os vossos
irmãos um profeta como eu. Escutai-o em tudo o que ele disser. – Quem não escutar esse
profeta será exterminado do meio do povo.
Foi por vós primeiramente que Deus suscitou seu Filho e vo-lo enviou para vos
abençoar (...)” (Atos dos Apóstolos, 3:22, 23 e 26. Prédica de Pedro).
“Os reis da Terra se levantaram e os príncipes se uniram contra o Senhor e contra o
seu Cristo – Herodes e Pôncio Pilatos com os gentios e o povo de Israel verdadeiramente se
conluiaram contra o vosso santo Filho Jesus (...)”. (Atas dos Apóstolos, 4:26 a 28. Prece dos
Apóstolos).
“(...) Foi a ele que Deus elevou pela sua destra, como sendo o príncipe e o salvador,
para dar a Israel a graça da penitencia e remissão dos pecados. (Atos dos Apóstolos, 5:31
Respostas dos Apóstolos ao sumo-sacerdote).
"Mas estando Estevão cheio de Espírito Santo e elevando os olhos ao céu, viu a glória
de Deus e a Jesus que estava de pé à direita de Deus (...)” (Atos dos Apóstolos, 7:55 Martírio
de Estevão).
É de se imaginar que a vinda do Cristo entre nós envolveu intenso trabalho por parte
de todos aqueles Espíritos convocados a participar da sua gloriosa missão. Cada um desses
Espíritos recebeu uma tarefa específica, de devotamento e amor, a fim de facilitar a vinda do
diretor espiritual da Terra aos planos inferiores.
Inicialmente Jesus envia “(...) às sociedades do globo o esforço de auxiliares
valorosos, nas figuras de Ésquilo, Eurípides, Heródoto e Tucidides, e por fim a extraordinária
personalidade de Sócrates (...)", entre os gregos.“(...) na China encontramos Fo-Hi, Lao Tsé,
Confúcio; nas crenças do Tibete, está a personalidade de Buda e no Pentateuco encontramos
Moisés; no Alcorão vemos Maomet. Cada raça recebeu os seus instrutores.”
“(...) A família romana, cujo esplendor espiritual conseguiu atravessar todas as eras,
(...) parecia atormentada pelos mais tenazes inimigos ocultos, que, aos poucos, lhe minaram
as bases mais sólidas, mergulhando-a na corrupção e no extermínio de si mesma. (...) Os
Gracos, filhos da veneranda Cornélia, são quase que os derradeiros traços de uma época
caracterizada peia administração enérgica, mas equânime, cheia de honestidade, de sabedoria
e de justiça.”
A vinda do Cristo estava próxima e Roma, sede do mundo, parecia não se dar conta
disso. Para tanto foi necessário que a república morresse e permitisse o nascimento do –
Império Romano, com novas diretrizes.
"(...) A aproximação e a presença consoladora do Divino Mestre no mundo era motivo
para que todos os corações experimentassem uma vida nova, ainda que ignorassem a fonte
divina daquelas vibrações confortadoras. Em vista disso, o governo de Augusto (Júlio César
Otaviano Augusto, ou simplesmente Otávio, primeiro imperador romano decorreu em grande
tranqüilidade para Roma e para o resto das sociedades organizadas do planeta. (...)”
É então que se movimentam as entidades angélicas do sistema, nas proximidades da
Terra, adotando providências de vasta e generosa importância. A lição do Salvador deveria,
agora, resplandecer para os homens, controlando-lhes a liberdade com a exemplificação
perfeita do amor. Todas as providências são levadas a efeito. Escolhem-se os instrutores, os
precursores imediatos, os auxiliares divinos. Uma atividade única registra-se, então, nas
esferas mais próximas do planeta, e, quando reinava Augusto, na sede do governo do mundo,
viu-se uma noite cheia de luzes e de estrelas maravilhosas. Harmonias divinas cantavam um
hino de sublimadas esperanças no coração dos homens e da Natureza. A manjedoura é o
teatro de todas as glorificações da luz e da humildade, e, enquanto alvorecia uma nova era
para o globo terrestre, nunca mais se esqueceria o Natal, a “noite silenciosa, noite santa".
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1.6 EQUIPE ESPIRITUAL DA MISSÃO DE JESUS
“Os historiadores do Império Romano sempre observaram com espanto os profundos
contrastes na gloriosa época de Augusto.
Caio Júlio César Otávio chegara ao poder por uma série de acontecimentos felizes.
Uma nova era principiara com aquele jovem enérgico e magnânimo. O grande império
do mundo, como que influenciado por um conjunto de forças estranhas, descansava numa
onda de harmonia e de júbilo, depois de guerras seculares e tenebrosas.”
"(...) A paisagem gloriosa de Roma jamais reunira tão grande numero de inteligências.
É nessa época que surgem Vergílio, Horácio, Ovídio, Salústio, Tito Livio e Mecenas (...).
É que os historiadores ainda não perceberam, na chamada época de Augusto, o século
do Evangelho ou da Boa Nova. Esqueceram-se de que o nobre Otávio era também homem e
não conseguiram saber que, no seu reinado, a esfera do Cristo se aproximava da Terra, numa
vibração profunda de amor e de beleza. Acercavam-se de Roma e do mundo não mais
Espíritos belicosos, como Alexandre ou Aníbal, porém outros que se vestiriam dos andrajos
dos pescadores, para servirem de base indestrutível aos eternos ensinos do Cordeiro.
Imergiam nos fluidos do planeta os que preparariam a vinda do Senhor e os que se
transformariam em seguidores humildes e imortais dos seus passos divinos. (...)”
Entre esses Espíritos, destaca-se a figura de Maria de Nazaré.
Atendendo a solicitação de Jesus, durante a crucificação, Maria foi morar em
companhia de João, “(...) ao sul de Éfeso, distando três léguas aproximadamente da cidade. A
habitação simples e pobre demorava num promontório, de onde se avistava o mar. No alto da
pequena colina, distante dos homens e no altar imponente da Natureza, se reuniriam ambos
para cultivar a lembrança permanente de Jesus. Estabeleceriam um pouso e refúgio aos
desamparados, ensinariam as verdades do Evangelho a todos os Espíritos de boa-vontade e,
como mãe e filho, iniciaram uma nova era de amor, na comunidade universal.”
"A casa de João, ao cabo de algumas semanas, se transformou num ponto de
assembléias adoráveis, onde as recordações do Messias eram cultuadas por Espíritos humildes
e sinceros.
Maria externava as suas lembranças. Falava dele com maternal enternecimento,
enquanto o apóstolo comentava as verdades evangélicas. Decorridos alguns meses, grandes
fileiras de necessitados acorriam ao sítio singelo e generoso. Ela atendia, no pobre santuário
doméstico, aos que a procuravam exibindo-lhe suas úlceras e necessidades.
Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de Casa da Santíssima.
O fato tivera origem em certa ocasião, quando um miserável leproso, depois de
aliviado em suas chagas, lhe osculou as mãos, reconhecidamente murmurando:
"– Senhora, sois a mãe de nosso Mestre e a nossa Mãe Santíssima.”
(...) E João consolidava o conceito, acentuando que o mundo lhe seria eternamente
grato, pois fora pela sua grandeza espiritual que o Emissário de Deus pudera penetrar a
atmosfera escura e pestilenta do mundo para balsamizar os sofrimentos da criatura."
A elevação espiritual de Maria é vista, também, ao longo da permanência de Jesus
entre nós, através de manifestações de humildade, dedicação e amor.
Vale destacar, ainda, o valor espiritual de Maria quando da anunciação da vinda de
Jesus, feita pelo anjo Gabriel:
“(...) o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a
uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era
Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
(...). O anjo (...) acrescentou:"Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis
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que conceberás e darás à luz um filho, e o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande,
será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele
reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim. “Maria, porém, disse ao
anjo: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” O anjo respondeu: O
Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o
Santo que nascer será chamado Filho de Deus.
(...) Disse, então, Maria: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua
palavra!” E o anjo retirou-se. (...)”
Sempre com esta submissão aos desígnios de,Deus, Maria mostrou-se humilde até os
seus derradeiros momentos na Terra, quando, ainda naquela pequenina casa em Éfeso, Jesus
aparece-lhe e a leva para as regiões elevadas da espiritualidade, dizendo-lhe: “(...) – Sim,
minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha
dos Anjos... (...)”
Ao lado de Maria, esteve um Espírito sobre o qual temos poucas informações: é José.
“(...) Muito pouco se diz de José. Foi com Maria a Belém e estava com ela quando Jesus
nasceu, Lc 2:4,16. Com ela estava quando Jesus foi apresentado no Templo, Lc 2:33. Guiouos na fuga para o Egito e na volta para Nazaré, Mt 2:13, 19 a 23. Levou Jesus a Jerusalém
quando Este tinha 12 anos, Lc 2:43,51 (...)”. Tudo indica que José não presenciou a
crucificação de Jesus porque já houvera partido para o mundo espiritual.
"(...) Maria (...) tinha que figurar como mãe, e José como pai de Jesus. (...)”
“MÉDIUNS PREPARADORES – Para recepcionar o influxo mental de Jesus, o
Evangelho nos dá noticias de uma pequena congregação de médiuns, à feição de
transformadores elétricos conjugados, para acolher-lhe a força e armazena-la, de principio,
antes que se lhe pudessem canalizar os recursos”.
E longe de anotarmos ai a presença de qualquer instrumento psíquico menos seguro do
ponto de vista moral, encontramos importante núcleo de medianeiros, desassombrados na
confiança e corretos na diretriz.
Informamo-nos, assim, nos apontamentos da Boa Nova, de que Zacarias e Isabel, os
pais de João Batista, precursor do Médium Divino, “eram ambos justos perante Deus,
andando sem repreensão, em todos os mandamentos e preceitos do Senhor, que Maria, a
jovem simples de Nazaré, -que acolheria o Embaixador Celeste nos braços maternais, se
achava "em posição de louvor diante do Eterno Pai”, que José da Galiléia, o varão que o
tornaria sob paternal tutela, “era justo”, que Simeão, o amigo abnegado que o aguardou em
prece, durante longo tempo, “era justo e obediente a Deus”, e que Ana, a viúva que o esperou
em oração, no templo de Jerusalém, por vários lustros, vivia “servindo a Deus”.
Nesse grupo de médiuns admiráveis, não apenas pelas percepções avançadas que os
situavam em contacto com os Emissários Celestes, mas também pela conduta irrepreensível
de que forneciam testemunho, surpreendemos o circuito de forças a que se ajustou a onda
mental do Cristo, para dai expandir-se na renovação do mundo.”
Uma outra referência a José, e que dá para compreender o seu valor espiritual, está em
Mateus, 1:18 a 25. Nessa passagem um Anjo aparece em sonho a José, dissuadindo-o de
abandonar Maria por estar ela grávida; explicando como e quem Maria gerou. Ao acordar,
José aceita as exortações do Anjo e ampara Maria durante o tempo em que a acompanhou na
Terra.
É preciso que destaquemos também a figura espiritual de João Batista, filho de Isabel
e Zacarias, também chamado O Precursor, porque foi ele quem preparou os passos de Jesus.
A predição do nascimento de João Batista pode ser lida em Lucas, 1:5 a 25. É uma
passagem evangélica de muita beleza.
17
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“(...) Quanto ao nascimento de João, como era preciso que este impressionasse o
espírito público desde o seu aparecimento na Terra, deu-se em circunstâncias
particularíssimas, quais a de já serem velhos os seus genitores e a da mudez temporária de seu
pai. Importa, porém, se atenda a que, se bem já Isabel estivesse avançada em anos, sua idade
não era tal que a impossibilitasse de conceber, de conformidade com as leis naturais (...).”
“(...) João fora Elias, o grande profeta de que fala o livro Reis (3o vol. XVll), e como
tal era tido pelos judeus. Precisamente porque o povo via em João a reaparição de Elias (08)
Após o nascimento de João, “(...) Transcorridos alguns anos, vamos encontrar o
Batista na sua gloriosa tarefa de preparação do caminho à verdade, precedente o trabalho
divino do amor, que o mundo conheceria em Jesus-Cristo.
João, de fato, partiu primeiro, a fim de executar as operações iniciais para grandiosa
conquista.
Vestindo de peles e alimentando-se de mel selvagem, esclarecendo com energia e
deixando-se degolar em testemunho à Verdade, ele precedeu a lição da misericórdia e da
bondade.
Ele sentia, não há como duvidar, “ a voz que clama no deserto”, e preparava “ os
caminhos do Senhor”. Fora assim mesmo que respondera aos judeus enviados pelos
sacerdotes e levitas de Jerusalém, ao lhe indagarem se ele era o Cristo ou o Elias esperado.
A personalidade de João Batista, classificado por Jesus como “o maior dos nascidos de
mulher”, destaca-se solenemente pela sua austeridade no modo de anunciar o Grande
Enviado, chegando a atrair multidões a si, que, convictas da sua superioridade moral e
espiritual, e convertida para a vida superior, entravam no Jordão limpando-se das máculas
gafeiras do homem velho e de lá saíam limpos de corpo para simbolizar a limpeza da alma a
que aspiram, por uma vida de progresso e perfeição.
Outros Espíritos fizeram parte da missão de Jesus e não nos será possível falar de
todos, mas, a partir deste roteiro, tentaremos destacar o trabalho e missão de alguns.
1.7 A MISSÃO DE JESUS
Jesus veio ao mundo para "(...) como profetizou Isaias, fazer raiar a Luz aos que se
achavam na região da morte: dar crença aos que não a tinham, guiar os que se haviam perdido
e se achavam desviados da Estrada da Vida (...) finalmente, apresentar-se a todos como o
Modelo, o Paradigma, o Enviado de Deus, o único Mestre capaz de legar um ensino puro e
perfeito, o verdadeiro representante da Verdade que redime e salva. Daí a sua sentença: "Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por mim.” (João, 14:06) (...)”.
“(...) Descendo de Esfera Superior, em tal missão, Jesus surgiu à face da Terra, não
entre sedas e alabastros2, mas em humílima e tosca estrebaria.
Mal descerrara os olhos na penumbra deste mundo, foi constrangido a fugir, para
resguardar-se da fúria sanguinolenta de Herodes.
Apresentando-se como o Messias anunciado pelos profetas da Antiguidade (...) foi
recebido com desconfiança, até por João Batista, o precursor, que (...) enviou dois emissários
para saberem se era ele, realmente, o esperado Filho de Deus.
Iniciando a pregação do Reino do Céu, não conseguiu o entendimento imediato nem
mesmo de seus discípulos (...).
2
Alabastro - Pedra, branca ou clara, translúcida, macia, parecida com mármore, e empregada nos
trabalhos de escultura. Antig gr e rom Pequeno vaso alongado para óleos, ungüentos e perfumes, de
fundo arredondado e gargalo estreito com borda larga, originariamente feito de alabastro.
18
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E foi assim que exerceu o seu ministério – entre incompreensão e desprezo, amargura
e solidão (...)”.
“(...) Antes de avançarmos outras considerações, reputamos de magna importância
ressaltar aqui a extrema simplicidade, a completa humildade, a pobreza, o desatavio e a
singeleza com que Jesus marcou (...) a sua presença e o seu messianato neste mundo.
Ele não teve sequer onde reclinar a cabeça. Nada possuiu de material, nenhuma
propriedade, nenhum dinheiro, nenhum bem. Cercou-se da gente mais inculta de um povo
social e politicamente subjugado. Reuniu em torno de si amigos rudes e iletrados da região
mais pobre do Império Romano. Falou sempre na linguagem mais simples que alguém jamais
usou e, sem nada ter escrito com as suas próprias mãos, tudo deixou registrado no coração e
na memória dos que lhe ouviram a palavra e testemunharam o exemplo. Peregrino
paupérrimo, sem bolsa nem cajado (...) jamais ocupou qualquer cátedra (...), não possuiu
qualquer diploma de escolaridade, foi coroado apenas com espinhos, publicamente açoitado
(...) e finalmente pregado numa cruz infamante (...). Foi assim se apresentando e assim agindo
que dividiu as eras terrestres em antes e depois d’Ele, como ninguém jamais o fez,
permanecendo para sempre como a maior presença, o mais alto marco, a mais elevada e
imorredoura expressão de toda a História Humana, em todas as épocas do mundo. (...)” (07)
Há de se considerar que apesar da resistência dos judeus em reconhecer Jesus como o
Cristo de Deus, o povo admirava a sua doutrina porque “(...) ele ensinava como quem tinha
autoridade, e não como os escribas e fariseus”. (Mateus, 7:28 e 29)
Estas palavras do Evangelho mostram que o ensino do Cristo havia impressionado
fortemente os judeus que o foram ouvir na encosta da montanha, nas proximidades do lago de
Genesaré.
Isso porque os escribas e os rabinos do Moisaísmo (...) eram muito minudentes 3 na
explanação dos formalismos cerimoniais e das observâncias exteriores do culto, mas nunca
lhes expuseram verdades assim profundas, nem lhes sensibilizaram os corações com tão
expressivos apelos à retidão de caráter, à brandura, à caridade, à misericórdia, ao perdão, à
tolerância, ao desapego dos bens terrenos (...).”
A respeito da missão de Jesus, “(...) assim se exprime o padre Vieira: “A Sabedoria
divina descendo do céu à Terra a ser Mestre dos homens, a nova cadeira que instituiu nesta
grande universidade do mundo e a ciência que professou foi só ensinar a ser santos, e
nenhuma outra (...); e para si tomou só a ciência de ensinar o homem a ser bom e justo,
honesto e amorável. (...)”
“Jesus, como sábio educador, costumava recorrer frequentemente às parábolas a fim
de melhor interessar e impressionar os seus ouvintes. (...)” (12) Isto foi um recurso que usou
para que os seus ensinamentos atingissem diretamente as mentes e corações dos homens, além
de permitir que os séculos não os tornassem esquecidos.
“(...) Quantas verdades transcendentes e desconhecidas nos foram reveladas por Jesus
e registradas no seu Evangelho Divino! (...) Jesus nos revelou a amorosa paternidade do Deus
Eterno e Único, conscientizou-nos de sua onipotente bondade, de sua misericórdia e infalível
justiça, de sua presença onímoda e perene, ensinando-nos a elevar até Ele a força do nosso
pensamento e a confiar com filial devoção na sua infatigável Providência! (...)”
E "(...) só o vero4 Cristianismo nos oferece a expressão da Justiça indefectível,
proclamando com o Evangelho: A cada um será dado segundo suas obras. (...)”
“(...) O Cristianismo é a doutrina da moralização dos hábitos e dos costumes. Encerra,
em essência, a ética social sob os seus aspectos mais excelentes. Não é uma seita, nem um
3
Minudente - Em que há minudências; minucioso. Que se ocupa com minúcias. 2 Narrado com todos os
pormenores; circunstanciado. 3 Feito com todo o escrúpulo e atenção.
4
Vero – verdadeiro.
19
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partido. É o código de moral que abrange o direito de todos, estabelecendo, ao mesmo tempo,
a responsabilidade de cada indivíduo segundo as condições em que se encontra e influência
que exerce no seio da coletividade. (...)”
Para ser cristão, no verdadeiro sentido da palavra,“(...) Acima de todas as coisas (...) é
preciso ser fiel a Deus (...)” não só nos momentos de tranqüilidade mas sobretudo "(...) nas
horas tormentosas, em que tudo parece contrariar e perecer. (...)”
"(...) O divino legado de Jesus, que a Humanidade Terrena ainda não quis aceitar e não
pôde receber, é o de um mundo feliz, de paz e amor, sem injustiças, em opróbrios, sem
miséria, sem orfandade, sem crimes e sem ódios, sem fratricídios e sem guerras (...).”
No exercício da sua missão de amor, Jesus operou fenômenos, como as curas,
considerados até hoje, em vários departamentos do conhecimento humano, como milagrosos.
Na realidade, Jesus não operou nenhum milagre. Esses fatos “(...) considerados
milagrosos pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm
como causa primária as faculdades e os atributos da alma (...)”.
“(...) O principio dos fenômenos psíquicos repousa nas propriedades do fluido
perispiritual, que constitui o agente magnético; nas manifestações da vida espiritual durante a
vida corpórea e depois da morte; e, finalmente, no estado constitutivo dos Espíritos e no papel
que eles desempenham como força ativa da Natureza. Conhecidos estes elementos e
comprovados os seus efeitos, tem-se, como conseqüência, de admitir a possibilidade de certos
fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía uma origem sobrenatural.”
Jesus, Espírito perfeito, profundamente sábio, operava prodígios aos olhos dos
terricolas ainda ignorantes, sem derrocar nenhuma lei da natureza. Manipulava os fluidos
como lúcido conhecedor das suas propriedades e qualidades. Dai, não existir milagres nas
curas que proporcionava. E há mais: Jesus “(...) Agia por si mesmo, em virtude do seu poder
pessoal (...).”
O poder prodigioso de Jesus permitia promover curas, substituindo "(...) a molécula
malsã por uma molécula sã (...).” (01) Isto porque, a elevada pureza dos seus fluidos, a
energia da sua potente vontade e o seu imenso amor pelas criaturas permitiam que cegos
adquirissem a visão, que paralíticos andassem, que leprosos se vissem limpos da lepra, que
mudos falassem, que obsidiados se libertassem dos obsessores e que mortos aparentes
retomassem à vida.
O livro A Gênese, de Allan Kardec, traz no capítulo 15 uma série de relatos extraído
do Evangelho, sobre curas realizadas por Jesus.
Recomendamos sua leitura, valiosamente enriquecida pelos comentários do
Codificador.
Fontes de consulta:
1.
Allan Kardec. A Gênese. FEB, 1995. Curas, item 31, pág 295; Os milagres
do Evangelho, itens 01 e 02, pág 309- 311.
2.
Rodolfo Calligaris. Páginas de Espiritismo Cristão. O Sublime idealista..
FEB, 1983, pág 172-173
3.
Rodolfo Calligaris. O Semão da Montanha. Ele ensinava como quem tinha
autoridade. FEB 1974, pág 209-210.
4.
Hernani Sant´Anna. Universo e Vida. O Divino legado. Pelo espírito de
Áureo. FEB, 1980. pág 118-124.
5.
Cairbar Schutel. O Espírito do Cristianismo. Exclusivos intuitos de Jesus e
seu pensamento íntimo. O Clarim. Pág 17.
6.
Vinicius. Em torno do Mestre. FEB, 1979. A grande lição. pág 128; Jesus
e suas parábolas, pág 229; Cristianismo e justiça, pág 235; Cristianização do
mundo, pág 304.
20
CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
7.
8.
Francisco Cândido Xavier. Boa Nova. Pelo Espírito de Humberto de
Campos.. FEB, 1979. Fidelidade a Deus, pág 48.
Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz. Pelo Espírito de
Emmanuel. A vinda de Jesus. FEB, 1995, pág 108;
1.8 A MISSÃO DOS APÓSTOLOS
“(...) Congregou Jesus em torno de si doze discípulos diretos:
1 – André, irmão de Pedro.
2 – Bartolomeu (Natanael).
3 – Filipe.
4 - João (Boanerges) Evangelista, irmão de Tiago maior.
5 - Judas Iscariote
6 – Mateus (Levi), irmão de Tiago Menor.
7 – Pedro (Simão, Cefas).
8 – Simão Cananeu, o Zelador ou o Zeloso.
9 - Tadeu (Judas Tadeu).
10 - Tiago (Boanerges) ou Tiago maior, filho de Zebedeu
11 - Tiago menor, filho de Alfeu.
12 - Tomé (Didimo).
Incumbidos de predicar o Evangelho ou Boa Nova, cada qual se imortalizou como
enviado ou apóstolo (...).” (13)
Esses Espíritos, chamados por Jesus para compor seu colégio apostolar “(...) seriam os
intérpretes de suas ações e de seus ensinos. Eram eles os homens mais humildes e simples do
lago de Genesaré.
Pedro, André e Filipe eram filhos de Betsaida, de onde vinham igualmente Tiago e
João, descendentes de Zebedeu. Levi, Tadeu e Tiago, filhos de Alfeu e sua esposa Cleofas,
parenta de Maria, eram nazarenos e amavam a Jesus desde a infância, sendo muitas vezes
chamados os irmãos do Senhor, à vista de suas profundas afinidades afetivas. Tomé descendia
de um antigo pescador de Dalmanuta e Bartolomeu nascera de uma família laboriosa de Caná
da Galiléia. Simão, mais tarde denominado O Zelote, deixara a sua terra de Canãa para
dedicar-se à pescaria, e somente um deles, Judas, destoava um pouco desse concerto, pois
nascera em Iscariotes e se consagrara ao pequeno comércio em Cafarnaum, onde vendia
peixes e quinquilharias.
O reduzido grupo de companheiros do Messias experimentou a princípio certas
dificuldades para harmonizar-se. Pequeninas contendas geravam a separatividade entre eles.
Levi continuava nos seus trabalhos da coletoria local, enquanto Judas prosseguia nos
seus pequenos negócios, embora se reunissem diariamente aos demais companheiros. Os dez
outros viviam quase que constantemente com Jesus, junto às águas transparentes do
Tiberiades (...).”
A seguir, citaremos alguns dados biográficos dos doze apóstolos e também de Paulo
de Tarso, procurando caracterizar a missão deles:
André, assim mencionado em Mateus, 04:18; 10:02; Marcos, 03:18; Lucas, 06:14;
João, 01:40; Atos dos Apóstolos, 01:13. (...)”
“(...) A sua atitude, durante toda a vida de Jesus, foi de ouvir o Mestre, observar seus
atas, estudar os seus preceitos, seguindo-O sempre por toda a parte.
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A não ser certa vez que saiu com mais outro companheiro a pregar a Boa Nova ao
mundo, segundo ordem que o Mestre deu aos doze, nenhuma outra ação aparece de André,
enquanto Jesus se achava na Terra. (...).
Há uma tradição que André, após a difusão do Espírito (Pentecostes), pregou em
Patras, cidade da Grécia e em Achaia. (...)”
Bartolomeu, assim mencionado em Mateus, 10:03; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14;
Atos dos Apóstolos, 1:13. (...) Não se comprova nitidamente que o apóstolo se
chamasse Natanael Bartolomeu. O nome de Natanael aparece em João sem indicações (1:45 a
51) e como “discípulo”, originário de "Caná da Galiléia (...)”.
“(...) De Bartolomeu (...) a notícia biográfica é resumida.
Dizem ter ele nascido em Caná, na Galiléia, e haver depois pregado o Evangelho na
Arábia, na Pérsia, na Etiópia e depois na Índia, onde regressou para a Liacônia, passando
depois a outros países.
Seja como for, é interessante saber que estes, como os demais Apóstolos, limitavam a
sua missão a pregar o Evangelho e às curas e recepção de instruções espirituais para o bom
andamento da sua tarefa. Nem cultos, nem ritos, nem exterioridades eram adotados pelo
Cristianismo nascente.”
Filipe, assim mencionado em Mateus, 10:03; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; João, 1:40;
Atos, 1:13 (...)”.
Após a crucificação de Jesus, Filipe “(...) ficou em Jerusalém até a dispersão dos
Apóstolos, indo, segundo a tradição, pregar o Evangelho na Frígia, recanto da Ásia Menor, ao
sul da Bitinia.
Foi Filipe que apresentou Jesus a Natanael, um homem ilustre e de caráter lapidado
que residia na Galiléia (...).
Natanael, após esse encontro com o Mestre, O seguia, tornando-se um dos seus
discípulos.
Filipe morreu já muito velho, dizem que em Hierápolis. (...)”
João, assim mencionado em Mateus, 4:21, 10:03; Marcos, 3:17; Lucas, 6:14; Atos,
1:13. A si próprio se define como discípulo "ao qual amava Jesus” (João, 13:23; 20:2, 26;
21:7, 20), perífrase admissível, se generalizada (...).
(...) Indicou-o Jesus para cuidar de Maria, após o episódio do Calvário (João, 19:27).
Pescador. Anotou em grego suas principais reminiscências, testemunho subjetivo, não
meramente sumariado (...). Desterrado provisoriamente na ilha de Patmos pelo imperador
Domiciano, admite-se haver composto nesse período o Apocalipse, livro de visões místicas
(Apokalypsis, revelação). (...)”
Samaria, Jerusalém e Ásia Menor foram sucessivamente teatro do seu apostolado.
João desencarnou já bem velho.
Judas Iscariote, assim mencionado em Mateus, 10:04; Marcos, 3:19; Lucas, 6:16;
João, 12:4; Atos dos Apóstolos, 1:16, como Judas simplesmente.
Filho de Simão Iscariote (João, 13:02), da cidade de Carioth (...). Tesoureiro ou caixa
da comunidade apostólica, cujos escassos proventos se destinavam a esmolas. (...)”
Segundo Humberto de Campos, Espírito, Judas era “um apaixonado” pelas idéias
socialistas de Jesus, e entendia que a "política seria a única arma com a qual poderia triunfar”,
além do mais não conciliava a "vitória com o desprendimento de riquezas”. Por isso entregou
Jesus a Caifás, não imaginando, porém, que as coisas tomassem o rumo que tomaram e, em
desespero, suicidou-se.
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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
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Judas teve oportunidade de reparar seus erros, passando, inclusive, por uma “fogueira
inquisitorial, onde, imitando o Mestre, foi traído, vendido e usurpado, nos idos anos do final
do século XV. (Ver Joana D’arc, de Léon Denis).
Mateus, assim mencionado por si próprio (10:03) e pelos Atos dos Apóstolos (1:13).
Chamava-se antes Levi (ver Marcos, 2:14; 3:18; Lucas, 5:27; 6:15) (...).
(...) Não era pescador, mas publicano. Denominavam-se publicanos, no império dos
Césares, os empresários de rendas públicas, membros da poderosa ordem dos cavaleiros;
dominada pelos romanos a Palestina, também nesta se intitularam publicanos os cobradores
de impostos, destinados ao patrimônio do invasor (...).”
“(...) Mateus era publicano e se tornou um dos doze Apóstolos, mas se conservou na
obscuridade enquanto o Cristo estava na Terra. Só depois da ascensão e descida do Espírito
no Cenáculo, ele entrou em ação: pregava na Judéia e nos países vizinhos, até a dispersão dos
Apóstolos, aproveitando os momentos de folga para escrever o seu Evangelho. Depois, dizem
haver partido para o Oriente, pregando a nova doutrina na Pérsia e na Etiópia (...).”
Pedro, mencionado como “Simão que se chama Pedro” em Mateus, 4:18; 10:02; como
Simão "a quem (Jesus) pôs o nome de Pedro” em Marcos, 1:16; 3:16; (ver também: Lucas,
6:14; 9:20; Atos dos Apóstolos, 1:13).
Irmão de André (Mateus, 4:18; Lucas, 6:14; João, 1:40). Pescador. Integrante do grupo
inicial e espécie de intérprete dos apóstolos, aparentemente o mais assíduo junto ao Mestre,
por este singularizado como pedra sobre a qual edificaria sua Igreja (Mateus, 16:18)
Pedro é a pedra da comunidade humana espiritualizada – apóstolo carnal, em missão
de devotamento.
Simão, mencionado como Simão Cananeu, em Mateus, 10:09 e Marcos, 3:18; como
"Simão, chamado o Zelador”, em Lucas, 6:15; como Simão, o Zelador, em Atos dos
Apóstolos, 1:13. (...)”
Pouco se sabe acerca do apóstolo zelador ou zeloso, com base no Novo Testamento.
Simão “(...) era galileu, parece que nascido em Caná, onde Jesus, nas bodas
transformou a água em vinho. Lucas chama-o Zelote, o Zeloso, significação essa que, em
grego (...) exprime a mesma idéia que “Cananeu.” (...)
O historiador grego Nicéforo diz que ele percorreu o Egito, a Cirenaica e a África; que
anunciou a Boa Nova na Mauritânia e em toda a Líbia e depois nas ilhas Britânicas, que fez
muitos milagres, isto é, que era dotado de faculdades psíquicas, com o auxilio das quais
produzia curas e outros fenômenos, que apoiavam suas prédicas (...)”
Tadeu, assim mencionado em Mateus, 10:03 e Marcos, 3:18; como “Judas, não o
Iscariote” em João, 14:22; como "Judas irmão de Tiago” em Lucas, 6:16 e Atos dos
Apóstolos, 1:13. (...)”
“(...) Judas Tadeu, diz Nicéforo e Isidoro, após a difusão do Espírito (Pentecostes),
anunciou o Cristianismo aos povos da Líbia, aos da Pérsia e Armênia. Deixou uma epístola
exortativa, que faz parte do Novo Testamento, em que convida seus discípulos a pelejarem
pela fé e se armarem de obras boas que dêm sinal de purificação (...)”.
Tiago (maior), mencionado como Tiago, filho de Zebedeu, em Mateus, 10:03 e
Marcos, 3:17; como Tiago em Lucas, 6:14 e Atos dos Apóstolos, 1:13. Na prática, Tiago
maior.”
“(...) Participou de episódios culminantes, como a transfiguração no Tabor, agonia em
Getsemani, aparição em Tiberíade (...)”
23
CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
Tiago (menor), mencionado como “Tiago, filho de Alfeu” em Mateus, 10:03; Lucas,
6:15; Atos dos Apóstolos, 1:13. Como “Jacob, filho de Alfeu” em Marcos, 3:18. Na prática
Tiago menor. (...)” Chamado irmão de Jesus.
Tomé, assim mencionado em Mateus, 10:03; Marcos, 3:18; Lucas, 6:15; Atos dos
Apóstolos, 1:13; como Tomé... que se chama Dídimo em João (20:24; 21:02). (...)”
Resta-nos citar dois discípulos de Jesus: Matias e Paulo de Tarso.
Matias foi o “(...) substituto de Judas Iscariote (Atos dos Apóstolos, 1:23, 26). Após o
primeiro e trágico desfalque, recompunha-se o número de doze, escolhido talvez por
correlação com as tribos de Israel: – "(...) estareis assentados também vós sobre doze tronos,
julgando as doze tribos de Israel (...)”.
“(...) Nada sabemos nos primeiros tempos sobre Matias, senão que ele foi um dos
setenta e dois discípulos que o Senhor designou e enviou, dois a dois, adiante de si a todas as
cidades e lugares que pretendia visitar (...)”
“(...) Uma tradição, confirmada entre os gregos, refere que, após o Pentecostes, ele
pregou o Evangelho na Capadócia e para o lado do Ponto Euxino. (...)”
A escolha de Matias foi através de sorteio, costume existente entre os Judeus da época.
Paulo “(...) nasceu em Tarso, na Cilicia, e pertencia a uma família de judeus da seita
farisaica. Foi educado em Jerusalém, sendo discípulo de Gamaliel, havendo também
aprendido o oficio de tecelão, segundo o preceito da lei judaica, que impunha a todos os
doutores da lei a obrigação de saberem um oficio (...)”
Falar da missão de Paulo e da sua vigorosa personalidade não é tarefa fácil;
recomendamos, a propósito, a leitura da excelente obra de Emmanuel Paulo e Estevão.
Resumidamente, podemos dizer que a missão de Paulo de Tarso foi a de pregar a Boa
Nova aos gentios, de universalizar o Cristianismo. Trabalho que realizou com verdadeiro
devotamento e imensos sacrifícios. Antes de se converter ao Cristianismo, na estrada de
Damasco, Paulo perseguia os cristãos e contribuiu enormemente para o suplício de Estevão –
(anteriormente ao Cristianismo, Estevão se chamava Jesiel) – o primeiro mártir cristão.
Prendeu Pedro, João (Evangelista) e Filipe.
Na execução da sua gloriosa missão, Paulo fez três grandes viagens indo a Bitínia
(próximo ao mar Negro), Capadócia, Cária (perto do rio Meandro), Cilícia (região do
Mediterrâneo entre a Ásia Menor e a ilha de Chipre e terra Natal de Paulo), Frigia e Galácia
(interior da Ásia Menor), Liacônia (centro-sul da Ásia Menor), Lícia (no Mediterrâneo,
próximo ao mar Egeu), Lídia (no mar Egeu,) Mísia (entre o mar de Mármara e o mar Egeu),
Paflagônia (ao norte, no mar Negro), Panfilia (entre o Egeu e o mar da Cilicia, no
Mediterrâneo), Ponto (extremo nordeste da Ásia Menor), Psidia (ao sul da Ásia Menor). Na
terceira viagem, o apóstolo foi, preso, até Roma, indo após à Espanha.
Paulo se imortalizou, também, pelas suas Epistolas, em número de 14, enviadas,
respectivamente, aos romanos, aos corintios (I e II), aos gálatas, aos efésios, aos filipenses,
aos colossenses, aos tessalonicenses (I e II), a Timóteo (I e II), a Tito, a Filêmon e aos
hebreus.
Paulo morreu em Roma e não seria exagero afirmar que, se não fosse o trabalho
realizado por esse apóstolo, dificilmente o mundo ocidental conheceria o Cristianismo.
Fontes de consulta:
1.
Cairbar Schutel. Vida e Atos dos Apóstolos. O Clarim, 1981. A Eleição de
um Apóstolo em Jerusalém, pág 11; O discurso de Pedro=A Profecia de
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2.
3.
Joel, pág 20; A ação de João Evangelista, pág 76; Conversão de Paulo, pág
86; Os Apóstolos de Jesus, pág 242; Mateus, pág 253; André e Bartolomeu,
pág 254-255; Filipe e Tomé, pág 256-257; Simão, Judas e Matias, pág 259262.
Francisco Cândido Xavier. Boa Nova. Os Discípulos. Pelo espírito de
Humberto de Campos. FEB, 1979. pág 38-39.
Francisco Cândido Xavier. Crônicas do Além-Túmulo. Judas Iscariote.
Pelo espírito de Humberto de Campos. FEB, 1975, pág 41-42.
1.9 ESTUDO DO NOVO TESTAMENTO
“(...) O Cristo nada escreveu. Suas palavras, disseminadas ao longo dos caminhos,
foram transmitidas de boca em boca e, posteriormente, transcritas em diferentes épocas, muito
tempo depois da sua morte. Uma tradição religiosa popular formou-se pouco a pouco,
tradição que sofreu constante evolução até o século IV. (...)”
"(...) Mateus e João, discípulos diretos, de contacto pessoal com o Mestre, escreveram
respectivamente em hebraico e em grego; Marcos e Lucas, ambos em grego, o primeiro
transmitindo reminiscências de Pedro apóstolo, o segundo investigando e recolhendo por via
indireta. Harmonizam-se os quatro textos num todo orgânico, composto sem acomodações
sob inspiração mediúnica, cujo influxo não derrogou a liberdade volitiva e os pendores
psíquicos: – Mateus, menosprezado funcionário, atende ao aceno do novo chefe e Nele passa
a vislumbrar o diretor supremo, o rei em nomenclatura humana, embora ao nível do“reino
dos céus”; – Marcos, atemorizado quando jovem com a intensidade da tarefa, sublima depois
em Jesus o servo incansável, paradigma da fraternidade a serviço divino; – Lucas, mais
intelectualizado, pesquisador do pretérito e analista do futuro, apresenta Jesus como entidade
imaculada, presa pela genealogia ao pai Adão, porém subtraída ao pecado pela redenção no
Pai Criador; – João, mais espiritualizado, portanto mais próximo da essência, tem olhos de ver
em Jesus a entidade celestial, o verbo mesmo de Deus, não apenas o rei, o servo, o homem,
sinopses de biografia terrena.”
“Somente as (epistolas) de Paulo se conhecem por título, conforme destinação: – aos
romanos, aos coríntios (I, II), aos gálatas, aos efésios, aos filipenses, aos colossenses, aos
tessalonicenses (I, II), a Timóteo (I, II), a Tito, a Filêmon, aos hebreus. As demais, dirigidas a
todos os fiéis, são chamadas católicas ou universais”.
Sem rigorismo de averiguação técnica, talvez assim possamos dispor as Epístolas, em
ordem cronológica: – primeira de Pedro; – de Paulo aos tessalonicenses (I e II), coincidentes
com a segunda viagem missioneira do Apóstolo dos gentios; – idem aos gálatas, coríntios (I e
II), romanos, coincidentes com a terceira viagem missioneira; – única de Tiago menor; – de
Paulo aos efésios, aos colossenses, aos filipenses, a Filêmon, aos hebreus, a Tito, a Timóteo (I
e II), coincidentes com a prisão do Apóstolo dos gentios e viagem a Roma para final
julgamento; – segunda de Pedro; – primeira, segunda e terceira de João Evangelista.”
“(...) Ao lado desses evangelhos, únicos depois reconhecidos pela Igreja, grande
número de outros vinha à luz. Desses, são conhecidos atualmente uns vinte; mas, no século
Ill, Orígenes os citava em maior número. Lucas faz alusâo a isso no primeiro versículo da
obra que traz o seu nome.
Por que razão foram esses numerosos documentos declarados apócrifos e rejeitados?
Muito provavelmente porque se haviam constituído num embaraço aos que, nos séculos II e
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Ill, imprimiram ao Cristianismo uma direção que o devia afastar, cada vez mais, das suas
formas primitivas (...)”.
“O Antigo Testamento é o livro sagrado de um povo – o povo hebreu; o Evangelho é o
livro sagrado da Humanidade. As verdades essenciais que ele contém acham-se ligadas às
tradições de todos os povos e de todas as idades. A essas verdades, porém, muitos elementos
inferiores vieram associar-se (...)”.
Quanto à sua verdadeira origem, admitindo-se que os Evangelhos canônicos sejam
obras dos autores de que trazem os nomes, é preciso notar que dois dentre eles, Marcos e
Lucas, se limitaram a transcrever o que lhes fora dito pelos discípulos. Os outros dois, Mateus
e João, conviveram com Jesus e recolheram os seus ensinos. (...)”
“(...) Dos quatro livros canônicos que narram a Boa Nova (sentido do Termo
Evangelho) que Jesus Cristo veio trazer, os três primeiros apresentam entre si tais
semelhanças que, muitas vezes, podem ser postos em colunas paralelas e abarcados com um
só olhar, dai o seu nome de sinóticos”.
A tradição eclesiástica, atestada desde o século II, atribui-os respectivamente a (São)
Mateus, (São) Marcos e (São) Lucas. De acordo com ela, Mateus, o publicano pertencente ao
colégio dos doze apóstolos, (...) escreveu o primeiro; redigiu-o na Palestina, para os cristãos
convertidos do judaísmo, e sua obra, composta em língua hebraica, isto é, aramaico, foi
depois traduzida para o grego. João Marcos, um discípulo de Jerusalém (AT 12, 12), que
auxiliou no apostolado a Paulo, (...) a Barnabé, seu primo (...) e a Pedro, (...) do qual era
intérprete, redigiu em Roma a catequese oral deste último. Um outro discípulo, Lucas,
médico, (...) de origem pagã, (...) nascido em Antioquia, (...) companheiro de Paulo na sua
segunda viagem apostólica (...) e na terceira, (...) bem como nas duas vezes que ele esteve
preso em Roma (...), foi o terceiro a escrever um evangelho, que podia portanto apoiar-se na
autoridade de Paulo (...), como o de Marcos se apoiava na de Pedro (...). A língua original do
segundo e terceiro evangelhos é o grego.
O evangelho de João também foi escrito em grego.
“(...) Os três Evangelhos sinóticos, ou concordantes, (...) acham-se fortemente
impregnados do pensamento judeu-cristão, dos apóstolos, mas já o evangelho de João se
inspira em influência diferente.”
No evangelho segundo Marcos “(...) suas grandes linhas denotam uma evolução que
merece ser levada em conta, por causa de sua verdade histórica e de seu alcance teológico:
primeiramente, Jesus é recebido favoravelmente pelas multidões, seu messianismo humilde e
espiritual decepciona a expectativa do povo e o entusiasmo arrefece; então Jesus se afasta da
Galiléia para se dedicar à formação do pequeno grupo dos discípulos fiéis (...).
Assim é exatamente o paradoxo de Jesus, incompreendido e rejeitado pelos homens,
mas por Deus enviado e triunfante (...). Preocupa-se menos (no evangelho de Marcos) em
explanar o ensinamento do Mestre e refere poucas palavras suas. Seu tema essencial é a
manifestação do Messias crucificado (...)”.
O evangelho segundo Mateus pode-se caracterizar (... como um drama em sete atos
sobre a vinda do Reino dos Céus 1. seus preparativos na pessoa do Messias menino; (...) 2. a
promulgação do seu programa, diante dos discípulos e do povo no Sermão da Montanha; (...)
3. sua pregação por meio de missionários, cujos sinais – que vão confirmar sua palavra – são
anunciados pelos milagres de Jesus e aos quais o Discurso da missão apresenta diretrizes; (...)
4. os obstáculos que deve encontrar da parte dos homens, segundo o plano humilde e oculto,
desejado por Deus, o qual o Discurso das parábolas (11,1 – 13,52) ilustra; 5. seus começos
num grupo de discípulos que têm Pedro coma chefe, primícias da Igreja, cujas normas de vida
são esboçadas no Discurso comunitário (...) ; 6. a crise que prepara seu advento definitivo,
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suscitada pela crescente oposição dos chefes judeus e anunciada pelo Discurso escatológico 5;
(...) 7. enfim, o próprio advento, no sofrimento e no triunfo, pela paixão e pela ressurreição.
(...)”
“(...) O mérito particular do terceiro evangelho lhe vem da personalidade muito
cativante do seu autor, que nele transparece continuamente. (São) Lucas é um escritor de
grande talento e uma alma dedicada. Elaborou sua obra de modo original, com um esforço de
informação e ordem (...). Isto não quer dizer que tenha podido dar ao material recebido da
tradição um arranjo mais histórico que Mateus e Marcos (...)”.
O estilo como Marcos escreve “(...) é áspero, cheio de aramaismo e muitas vezes
incorreto, mas impulsivo e de uma vivacidade popular cheia de encanto. O de (São) Mateus é
também aramaizante, porém mais trabalhado, menos pitoresco, mais correto. O de (São)
Lucas é complexo: de qualidade excelente quando depende só de si próprio, (...) enfim ele
gosta de imitar o estilo bíblico dos Setenta e o faz de modo admirável. (...)”
O evangelho de João além de ser bem mais complexo é dirigido“(...) aos cristãos em
geral (...)”.
“(...) a obra joanina apresenta traços que lhe são próprios e a distinguem claramente
dos evangelhos sinóticos. Seu autor parece ter sofrido influência bastante forte duma corrente
de pensamento amplamente difundida em certos círculos do judaísmo, cuja expressão se
redescobriu recentemente nos documentos essênios de Qumrã. Neles se atribuía importância
especial ao conhecimento (...).”
Mais ainda: o quarto evangelho, mais que os sinóticos, quer dar a entender o sentido
da vida, dos gestos e das palavras de Jesus (...). Por outro lado, ele demonstra possuir, muito
mais que os sinóticos, um caráter cultual e sacramental. (...)”
“(...) O que antes de tudo interessa ao evangelista é manifestar o sentido de uma
história, que é tão divina quanto humana: história, mas também teologia, que acontece no
tempo, mas tem suas raízes na eternidade; quer narrar fielmente e propor à fé dos homens o
acontecimento espiritual que se realizou no mundo com a vinda de Jesus Cristo: a encarnação
do Verbo para a salvação dos homens. (...)”
Com relação à redação do texto evangélico, podemos concluir com Emmanuel: “(...)
As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si, como partes
indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus e Lucas
receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime,
a João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista.”
“(...) Supuséramos sempre como impossíveis de concatenação adequada: a mente
prática de Mateus, a descritiva, de Marcos, a artística, de Lucas, e a divina, de João (...)”.
O Novo Testamento, revelação divina por instrumentos humanos, quais o foram os
seus autores, apresenta-nos muitos degraus de revelação e conhecimento, somente acessíveis
pela evolução com o tempo ou pela iluminação com o esforço próprio; uma só LUZ – por
filtros diversos”.
“Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos
comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela
Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatros primeiras têm sido
objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante
desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos pódem
reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças,
porquanto jamais ele constitui matéria das disputas religiosas (...)”
5
Escatológico - (Escatologia) - 1. Doutrina sobre a consumação do tempo e da história. 2. Tratado sobre os fins
últimos do homem.
Discurso Escatológico - Pregação sobre os fins últimos do homem; sobre a finalidade da existência do homem.
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Além dos evangelhos, contém o Novo Testamento outros livros ou conjuntos: Atos
dos Apóstolos, Epistolas e o Apocalipse.
Atos dos Apóstolos é uma obra que possivelmente foi escrita pelo evangelista Lucas
(02). Trata-se da “(...) continuação do Evangelho, após o episódio do Calvário. (...) Nela se
destaca o papel de Pedro, mormente o de Paulo. (...)” (20) Lucas quis nos dar nessa obra,
acima de tudo, (...) uma exposição da força de expansão espiritual do Cristianismo. (...)”
Com relação às Epistolas, “(...) salvou-se do olvido pequeno acervo de cartas enviadas
pelos apóstolos Paulo, Tiago (menor), Pedro, João (Evangelista) e Judas (Tadeu). Somente as
de Paulo se conhecem por título, conforme destinação (...). As demais, dirigidas a todos os
fiéis, são chamadas católicas ou universais. (...)”
As epistolas de Paulo e Atos dos Apóstolos revelam a missão de Paulo e sua vigorosa
personalidade, sendo que a Epístola aos romanos representa“(...) uma das mais belas sínteses
da doutrina paulina. Todavia, não é uma síntese completa, nem é a doutrina toda. (...)”
O Apocalipse, que significa revelação, foi escrito pelo apóstolo e evangelista João
quando se encontrava desterrado na ilha de Patmos. O Apocalipse é um livro de visões
místicas onde “(...) é difícil definir exatamente a fronteira que separa o gênero apocalíptico do
profético; (...) mas enquanto os antigos profetas ouviam as revelações divinas e as
transmitiam oralmente, o autor de um apocalipse recebia suas revelações em forma de visões,
que ele consignava num livro. Por outro lado, tais visões não têm valor por si mesmas, mas
pelo simbolismo que encerram. (...)”
“(...) O Apocalipse de João tem singular importância para os Destinos da Humanidade
terrestre (...)”. É o que nos fala Emmanuel.
Só nos séculos XV e XVI a invenção de Gutemberg e a rebeldia de Lutero facilitariam
traduções da Bíblia em idiomas nacionais, a começar pelo alemão. (...)”
Conhece-se também “(...) a chamada Bíblia doa 70, corpo doutrinário traduzido ao que
se diz por 72 sábios de Alexandria, do qual teriam sido tiradas 70 cópias. (...)”
Recomendamos a leitura das partes essenciais do Novo Testamento, citadas nesta
síntese, para maior entendimento do assunto aqui abordado.
Segundo Emmanuel (Paulo e Estevão) Paulo de Tarso sempre alimentou a esperança
de, um dia, escrever um Evangelho decalcado nas recordações de Maria, para que tudo ficasse
bem claro sobre a vida e os feitos de Jesus. Complementaria as anotações de Levi (Mateus).
Mas, não lhe sendo possível realizar pessoalmente o feito, designou Lucas para fazê-la, o qual
ouviu tudo de Maria Santíssima, tendo ainda procurado diversos cristãos que testemunharam
eventos da vida do Senhor, inclusive o próprio Mateus.
Mais tarde, Lucas prosseguiria esse trabalho, complementando-o com o seu Atos dos
Apóstolos, auxiliado nessa tarefa por Aristarco, um dos que espontaneamente partilharam da
prisão de Paulo, em Roma.
Quanto aos escritos e tradições orais envolvendo os fatos do Novo Testamento, há
páginas valiosas no citado romance histórico-mediúnico Paulo e Estevão, psicografado por
Francisco Cândido Xavier.
O APOCALIPSE DE JOÃO
Alguns anos antes de terminar o primeiro século, após o advento da nova doutrina, já
as forças espirituais operam uma análise da situação amargurosa do mundo, em face do
porvir.
Sob a égide de Jesus, estabelecem novas linhas de progresso para a civilização,
assinalando os traços iniciais dos países europeus dos tempos modernos. Roma já não
representa, então, para o plano invisível, senão um foco infeccioso que é preciso neutralizar
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ou remover. Todas as dádivas do Alto haviam sido desprezadas pela cidade imperial,
transformada num vesúvio de paixões e de esgotamentos.
O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se encontrava preso
nos liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a linguagem simbólica do invisível.
Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como
advertência a todas as nações e a todos os povos da Terra, e o velho Apóstolo de Patmos
transmite aos seus discípulos as advertências extraordinárias do Apocalipse.
Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos. É verdade que
freqüentemente a descrição apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua
expressão humana não pôde copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante
interesse para a história da Humanidade. As guerras, as nações futuras, os tormentos
porvindouros, o comercialismo, as lutas ideológicas da civilização ocidental, estão ali
pormenorizadamente entrevistas. E a figura mais dolorosa, ali relacionada, que ainda hoje se
oferece à visão do mundo moderno, é bem aquela da igreja transviada de Roma, simbolizada
na besta vestida de púrpura e embriagada com o sangue dos santos.
A REDAÇÃO DOS TEXTOS DEFINITIVOS
Nesse tempo, quando a guerra formidável da crítica procurava minar o edifício imortal
da nova doutrina, os mensageiros do Cristo presidem à redação dos textos definitivos, com
vistas ao futuro, não somente junto aos Apóstolos e seus discípulos, mas igualmente junto aos
núcleos das tradições. Os cristãos mais destacados trocam, entre si, cartas de alto valor
doutrinário para as diversas igrejas. São mensagens de fraternidade e de amor, que a
posteridade muita vez não pôde ou não quis compreender.
Muitas escolas literárias se formaram nos últimos séculos, dentro da critica histórica,
para o estudo e elucidação desses documentos. A palavra apócrifo generalizou-se como o
espantalho de todo o mundo. Histórias numerosas foram escritas. Hipóteses incontáveis foram
aventadas, mas os sábios materialistas, no estudo das idéias religiosas, não puderam sentir que
a intuição está acima da razão e, ainda uma vez, falharam, em sua maioria, na exposição dos
princípios e na apresentação das grandes figuras do Cristianismo.
A grandeza da doutrina não reside na circunstância de o Evangelho ser de Marcos ou
de Mateus, de Lucas ou de João; está na beleza imortal que se irradia de suas lições divinas,
atravessando as idades e atraindo os corações. Não há vantagem nas longas discussões quanto
à autenticidade de uma carta de Inácio de Antioquia ou de Paulo de Tarso, quando o
raciocínio absoluto não possui elementos para a prova concludente e necessária. A opinião
geral rodopiará em torno do crítico mais eminente, segundo as convenções. Todavia, a
autoridade literária não poderá apresentar a equação matemática do assunto. É que, portas
adentro do coração, só a essência deve prevalecer para as almas e, em se tratando das
conquistas sublimadas da fé, a intuição tem de marchar à frente da razão, preludiando
generosos e definitivos conhecimentos.
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(história do advento do Cristo e suas repercussões).Novo Testamento
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Evangelho
(boa nova)
Epístolas
Apocalipse
(revelação de
visões proféticas)
• Segundo Mateus
• Segundo Marcos
• Segundo Lucas
• Segundo João
Atos dos Apóstolos (continuação)
aos romanos
aos conríntios (I e II)
aos gálatas
aos efésios
aos filipenses
de Paulo
aos colossenses
aos tessalonicenses (I e II)
a Timóteo
a Tito
a Filêmon
aos hebreus
de Tiago menor
de Pedro (I e II)
a todos os fiéis
de João (i, II e III)
de Judas Tadeu
as sete igrejas da Ásia Menor
Fontes de consulta:
1. Allan Kardec. O Evangelho Segundo Espiritismo. Introdução. FEB 1995, pág.
25.
2. Novo Testamento e Salmos. A Bíblia de Jerusalém. Edições Paulinas, pag. 12,
13, 17-20, 163, 166, 288, 296, 482.
3. Leon Denis. Cristianismo e Espiritismo. Origem dos Evangelhos. FEB, 1978,
pág. 25-28, 268-269.
4. Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz. Pelo espírito de Emmanuel. FEB,
1995. pág. 124-129
5. Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Pelo espírito de Emmanuel. FEB,
1995. questão 284, pág. 168-169.
6. Mínimus. Síntese de o Novo Testamento. FEB, 1979, pág 31.
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1.10 A MORAL CRISTÃ
"(...) Jesus foi o maior revolucionário que apareceu no mundo.
Espírito incomparável em sabedoria e em virtudes, foi Ele escolhido no Conselho
Supremo para trazer a Lei da Reforma Social à Terra, para que possam imperar no lar, na
sociedade, nas nações, os preceitos de amor recíproco em plena atividade para a evolução da
Humanidade. (...)”
“(...) A Revolução Cristã é a execração do ódio e a proclamação do Amor; é a
bandeira da Fraternidade Universal, flutuando na Inteligência, sob a paternidade de Deus.
(...)”
Qual a verdadeira doutrina do Cristo? Os seus princípios essenciais acham-se
claramente enunciados no Evangelho. É a paternidade universal de Deus e a fraternidade dos
homens, com as conseqüências morais que dai resultam; é a vida imortal a todos franqueada e
que a cada um permite em si próprio realizar o reino de Deus, isto é, a perfeição, pelo
desprendimento dos bens materiais, pelo perdão das injúrias e amor ao próximo.”
Para Jesus, numa só palavra, toda religião, toda a filosofia consiste no amor:
“Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos
perseguem e caluniam (...)”.
“(...) Sob a suave e meiga palavra de Jesus, toda impregnada do sentimento da
natureza, essa doutrina se reveste de um encanto irresistível, penetrante. Ela é saturada de
terna solicitude pelos fracos e pelos deserdados. É a glorificação, a exaltação da pobreza e da
simplicidade. Os bens materiais nos tornam escravos; agrilhoam o homem à Terra. A riqueza
é um estorvo; impede os vôos da alma e a retém longe do reino de Deus. A renúncia, a
humildade, desatam esses laços e facilitam a ascensão para a luz.
Por isso é que a doutrina evangélica permaneceu através dos séculos como a expressão
máxima do espiritualismo, o supremo remédio aos males terrestres, a consolação das almas
aflitas nesta travessia da vida, semeada de tantas lágrimas e angústias. (...)”
“(...) A Boa Nova ressuma esperança, pois é a história do homem angustiado, batendo
e Jesus respondendo, em forma de socorro lenificador incessante, como a dádiva de Deus para
a libertação do ser”.
“Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes
contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes
como sendo as que conduzem à eterna felicidade (...) Orgulho e egoísmo, eis o que não se
cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos
explícitos como condição absoluta da felicidade futura. (...)"
Sendo caridosos e humildes estaremos vivenciando o Cristianismo no seu sentido mais
amplo que é a prática da lei do amor.
A prática da caridade significa “(...) Benevolência para com todos, indulgência para as
imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
(...) A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações
em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais,
ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós
mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados (...).”
A moral cristã, ensinada e exemplificada por Jesus, tem por definição “(...) a aplicação
dos princípios curativos e regeneradores do Médico Divino. Esses princípios começam na
humildade da manjedoura, com escalas pelo serviço ativo do Reino de Deus, com o auxílio
fraterno aos semelhantes, com a adaptação à simplicidade e à verdade, com o perdão aos
outros, com a cruz dos testemunhos pessoais, com a ressurreição do Espírito, com o
prosseguimento da obra redentora através da abnegação e da renúncia, da longanimidade e da
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perseverança no bem até ao fim da luta, terminando na Jerusalém libertada, símbolo da
Humanidade redimida. (...)”
Jesus ensinava por parábolas. Isto porque nem todos possuíam evolução espiritual para
apreender as verdades evangélicas em toda a sua profundidade.
Se por um lado a doutrina cristã é clara e simples “(...) em seus princípios essenciais
(...) Todavia, ela manifesta os sinais de um ensino oculto. Jesus fala muitas vezes por
parábolas. Seu pensamento, de ordinário tão luminoso, mergulha por vezes em meia
obscuridade. Não se percebem, então, mais que os vagos contornos de uma grande idéia
dissimulada sob o símbolo. (...)”
É o que ele próprio explica por estas palavras (...) :
“Eu lhes falo por parábolas, porque a vós outros vos é dado conhecer os mistérios do
reino dos céus, mas a eles (referindo ao povo em geral) não lhes é concedido”. (Mateus, XIII,
10 e 11) (...)”
Mas, "(...) Sob o véu das parábolas e das ficções, ocultava concepções profundas. (...)”
Devemos compreender também que “Jesus, como sábio educador, costumava recorrer
freqüentemente às parábolas a fim de melhor interessar e impressionar os seus ouvintes”.
Esse processo é eminentemente prático e pedagógico, pois supre as deficiências
intelectuais do educando, sempre que se trata de assuntos transcendentes.
Demais, na época em que o Mestre Divino predicava (...), os ensinamentos eram
conservados e revividos por meio de tradição. Ora, é muito mais fácil reter na mente a lição
ministrada através de um conto qualquer, onde há o enredo que auxilia as associações de
idéias, do que quando ensinada de modo inteiramente abstrato. (...)
(...) se o sapientíssimo Instrutor e Guia da Humanidade não tivesse envolvido seus
sublimes preceitos no manto parabólico, eles não teriam chegado até nós. (...)”
Finalmente, devemos considerar como conclusão desta síntese, que “(...) O sermão da
montanha resume, em traços indeléveis, o ensino popular de Jesus. Nele é expressa a lei moral
sob uma forma que jamais foi igualada”.
Os homens aí aprendem que não há mais seguros meios de elevação que as virtudes
humildes e escondidas.
"Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque
deles é o reino dos céus. – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. –
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.– Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia. – Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (...)”
O Sermão da Montanha começa com as bem-aventuranças, ora citadas, e é completado
com a comparação que Jesus faz do homem sensato que constrói a casa sobre a rocha, como
sendo todo aquele que ouve as suas palavras e as põe em prática. Esse discurso evangélico
pode ser lido em Mateus, a partir do capítulo 5º até o 7º versículo 29. No Sermão da
Montanha "(...) temos cinco temas principais: 1. o espírito que deve animar os filhos do Reino
(...); 2. o espírito com que devem eles cumprir as leis e as práticas do judaísmo (...); 3. o
desprendimento das riquezas (...); 4. as relações com o próximo (...); 5. a necessidade de
entrar no Reino por uma decisão corajosa que se traduza em atos (...)”.
Deve-se perceber que o sermão pronunciado em uma das colinas próximas de
Cafarnaum é um discurso inaugurai sobre o advento e o que representa o Reino dos Céus.
No “(...) Sermão da Montanha (...), Jesus compôs, com a simplicidade da sabedoria
autêntica e com a profundidade da verdade revelada, uma síntese das leis morais que regem a
evolução humana”.
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Gandhi, o inesquecível líder hindu, dizia que o Sermão da Montanha é a mais bela
página da Humanidade. Por si só preservaria os patrimônios espirituais humanos, ainda que se
perdessem os livros sagrados de todas as religiões. (...)”
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Evangelho Segundo Espiritismo. A nova era (pág. 60); Fora da
caridade não há salvação (pág. 246-247). FEB 1993,
2. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Caridade e amor do próximo. Questão 886,
págs 407-408. FEB, 1995.
3. A Bíblia de Jerusalém. Novo Testamento e Salmos. As bem-aventuranças.
Edições Paulinas. 1980, nota “d” pag. 1288. Mateus, 5 a 7. Nota “e”, pág. 1288.
4. Leon Denis. Cristianismo e Espiritismo. Sentido oculto dos Evangelhos. FEB,
1987, pág. 37-38, 43, 45-46.
5. Divaldo Pereira Franco. Luz do Mundo. Boa Nova. Pelo Espírio de Amélia
Rodrigues. Salvador, Bahia.Alvorada, 1971. pág. 14.
6. Cairbar Schutel. O Espírito do Cristianismo. A Grande Revolução. Matão, SP.
O Clarim, 1971. pág. 125, 127.
7. Richard Simonetti. A voz do monte. Medicina do FuturoRio de Janeiro. FEB,
1991. pág. 12.
8. Vinícius. Em torno do Mestre. Jesus e suas parábolas. FEB, 1979. pág. 229.
9. Francisco Cândido Xavier. Pontos e Contos. Pelo espírito Irmão X. FEB, 1979.
pág. 21.
2. Relação da Criatura com o Criador
2.1 Amor a Deus, Adoração, Vida Contemplativa
DEUS
Anthero de Quental.
Largos anos passei, aí no mundo,
A pensar, meditando na existência
De Deus – o Ser de paz e de clemência,
Fonte de todo o amor puro e fecundo
Eu fiz, na sua busca, estudo fundo
Através toda a humana consciência,
E dos ínvios caminhos da Ciência
Pela Terra, no Mar, no Céu profundo.
Bem desejava achá-lo, amá-lo e vê-lo,
E servi-lo, adorá-lo e conhecê-lo,
Em doce crença inalterável, viva.
Mas não o vi jamais, porque, mesquinho,
Enveredei aí por mau caminho:
– O trilho da ciência positiva.
II
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Eu devia buscá-lo onde Ele mora:
Na suma perfeição da Natureza,
E no esplêndido encanto e na beleza,
Do Céu, do Mar, da Luz, da Fauna, e Flora.
Eu podia encontrá-lo em cada hora
Nessa vida: – no Amor, e na Pureza,
Na Paz e no Perdão, e na Tristeza,
E até na própria Dor depuradora.
Mas eu andava cego e nada via;
E a vaidade escolheu para meu guia
A Ciência falaz, enganadora!
Se o guia fosse a Fé ou a Bondade,
Vê-lo-ia dai na Imensidade,
Como, em verdade, O vejo em tudo agora.
* * *
Objetivo da adoração
649. Em que consiste a adoração?
“Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma.”
650. Origina-se de um sentimento inato a adoração, ou é fruto de ensino?
“Sentimento inato, como o da existência de Deus. A consciência da sua fraqueza leva o
homem a curvar-se diante daquele que o pode proteger.”
651. Terá havido povos destituídos de todo sentimento de adoração?
“Não, que nunca houve povos de ateus. Todos compreendem que acima de tudo há um Ente
Supremo.”
652. Poder-se-á considerar a lei natural como fonte originária da adoração?
“A adoração está na lei natural, pois resulta de um sentimento inato no homem. Por essa razão
é que existe entre todos os povos, se bem que sob formas diferentes”.
Adoração exterior
653. Precisa de manifestações exteriores a adoração?
“A adoração verdadeira é do coração. Em todas as vossas ações, lembrai-vos sempre de que o
Senhor tem sobre vós o seu olhar”.
a) - Será útil a adoração exterior?
“Sim, se não consistir num vão simulacro. É sempre útil dar um bom exemplo. Mas, os que
somente por afetação e amor-próprio o fazem, desmentindo com o proceder a aparente
piedade, mau exemplo dão e não imaginam o mal que causam.”
654. Tem Deus preferência pelos que O adoram desta ou daquela maneira?
“Deus prefere os que O adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e
evitando o mal, aos que julgam honrá-Lo com cerimônias que os não tornam melhores para
com os seus semelhantes.
“Todos os homens são irmãos e filhos de Deus. Ele atrai a Si todos os que lhe obedecem às
leis, qualquer que seja a forma sob que as exprimam.
“É hipócrita aquele cuja piedade se cifra nos atos exteriores. Mau exemplo dá todo aquele
cuja adoração é afetada e contradiz o seu procedimento.
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“Declaro-vos que somente nos lábios e não na alma tem religião aquele que professa adorar o
Cristo, mas que é orgulhoso, invejoso e cioso, duro e implacável para com outrem, ou
ambicioso dos bens deste mundo. Deus, que tudo vê, dirá: o que conhece a verdade é cem
vezes mais culpado do mal que faz, do que o selvagem ignorante que vive no deserto.
E como tal será tratado no dia da justiça. Se um cego, ao passar, vos derriba, perdoá-lo-eis; se
for um homem que enxerga perfeitamente bem, queixar-vos-eis e com razão.
“Não pergunteis, pois, se alguma forma de adoração há que mais convenha, porque
equivaleria a perguntardes se mais agrada a Deus ser adorado num idioma do que noutro.
Ainda uma vez vos digo: até Ele não chegam os cânticos, senão quando passam pela porta do
coração.”
655. Merece censura aquele que pratica uma religião em que não crê do fundo d’alma,
fazendo-o apenas pelo respeito humano e para não escandalizar os que pensam de modo
diverso?
“Nisto, como em muitas outras coisas, a intenção constitui a regra. Não procede mal aquele
que, assim fazendo, só tenha em vista respeitar as crenças de outrem. Procede melhor do que
um que as ridicularize, porque, então, falta à caridade. Aquele, porém, que a pratique por
interesse e por ambição se torna desprezível aos olhos de Deus e dos homens.
A Deus não podem agradar os que fingem humilhar-se diante Dele tão-somente para granjear
o aplauso dos homens.”
656. À adoração individual será preferível a adoração em comum?
“Reunidos pele comunhão dos pensamentos e dos sentimentos, mais força têm os homens
para atrair a si os bons Espíritos. O mesmo se dá quando se reúnem para adorar a Deus. Não
creias, todavia, que menos valiosa seja a adoração particular, pois que cada um pode adorar a
Deus pensando Nele.”
Vida contemplativa
657. Têm, perante Deus, algum mérito os que se consagram à vida contemplativa, uma vez
que nenhum mal fazem e só em Deus pensam?
“Não, porquanto, se é certo que não fazem o mal, também o é que não fazem o bem e são
inúteis. Demais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o homem pense Nele, mas não
quer que só Nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na Terra. Quem passa todo o
tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive
uma vida toda pessoal e inútil à Humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver
feito.”
Fonte de consulta
1. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Da Lei de Adoração. Questões 649 a 657.
FEB 1994, pág. 316-318.
2. Rodolfo Calligaris. As Leis Morais. Como adorar a Deus? FEB 1983, pág. 46.
3. Leon Denis. O Grande Enigma. O grande enigma; pág. 25-28. Comunhão
universal; pág. 41 a 43. Necessidade da idéia de Deus; pág. 69-70. FEB 1983.
4. Camille Flammarion. Deus na Natureza. Deus. FEB, 1987. pág. 392.
5. Pietro Ubaldi. Deus e Universo. Em busca de Deus. Lake. Pág. 292, 296, 316,
317.
6. Pietro Ubaldi. A Grande Síntese. Conceito de criação. FEB, 1939. pág 201.
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2.2 A Fé e o seu Poder
"Como se sabe, o vocábulo fé possui várias acepções.
No sentido comum, corresponde à confiança em si mesmo porquanto quem a tenha
será capaz de realizações que parecerão impossíveis aos que duvidem de si próprios. (...)
Dá-se, igualmente, o nome de fé à crença nos dogmas desta ou daquela religião, caso
em que recebe adjetivação específica: fé judaica, fé budista, fé católica, etc. (..;)”
“(...) Existe, por fim, uma fé pura, não sectária, que se traduz por uma segurança
absoluta no Amor, na Justiça e na Misericórdia de Deus.
Dentre todas as espécies de fé, esta é a mais sublime, mas também a mais difícil de
ser encontrada, por ser apanágio de poucas almas de escol, cujo aprimoramento vem de um
longo passado. (...)”
“(...) Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou
o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de
realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer:eu creio, mas afirmar eu
sei, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar
em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua
iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe
enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade
redentora que edifica no íntimo do Espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente
ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor.”
Por estas palavras se conclui que existem condições que caracterizam a fé verdadeira
ou inabalável. Segundo Kardec, “Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em
dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé.
Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem
verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a
razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde
desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer
do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz
meridiana. (...)” A principal condição da verdadeira fé é, pois, ser raciocinada. Outra
condição é prender-se à verdade, não se compactuando, nunca, com a mentira.
Fato digno de nota é que a fé verdadeira não se conquista de uma hora para outra. É
trabalho do tempo, de experiências vivenciadas. Daí é que “(...) Em certas pessoas, a fé
parece de algum modo inata; uma centelha basta para desenvolvê-la. Essa facilidade de
assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao
contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos evidente de naturezas retardatárias. As
primeiras já creram e compreenderam (...); as segundas (...) estão com a educação por fazer
(...)”.
Neste sentido, Emmanuel faz uma distinção entre crer e ter fé: “(...) Acreditar é uma
expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé se encontram embrionários”.
O ato de crer em alguma coisa demanda a necessidade do sentimento e do raciocínio,
para que a alma edifique a fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um
exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos
conduzem as criaturas a todos os despautérios. Mas também interferir nos problemas
essenciais da vida, sem que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo
declive onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes.”
“(...) Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o
homem para o bem. É a base da regeneração. (...)”
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“(...) A fé sincera é empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não a tinham, ou,
mesmo, não desejariam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão á alma, ao passo que a
fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta”.
Em síntese, a “(...) Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em
todas as épocas da Humanidade (...).”
A passagem evangélica relatada em Mateus, 17:14 a 20; Marcos, 9:14 a 29 e Lucas,
9:37 a 43, é um exemplo do poder da fé. Contam os evangelistas que um certo pai procura
Jesus pedindo-lhe para curar o seu filho obsidiado, já que os discípulos do Mestre Divino não
conseguiram. Jesus cura o enfermo e “(...) Os discípulos vieram então ter com Jesus em
particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio?
Respondeu-lhe Jesus: por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se
tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí
para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível (...)” – Mateus, 17:14 a 20. (01)
Nessa passagem evangélica, Jesus nos revela o quanto podemos fazer se tivermos fé,
mesmo que esta fé seja do tamanho de um grão de mostarda."(...) A fé robusta dá a
perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas
coisas, que nas grandes. Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação (...)”.
No relato do evangelista Marcos, vale destacar certo trecho da conversa ocorrida entre
Jesus e o pai do obsidiado, quando este último rola e se contorce pelo chão sob ação do
obsessor: “(...) Perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo acontece-lhe isto? Respondeu
ele: Desde a infância; e muitas vezes o tem lançado tanto no fogo como na água, para o
destruir; mas se podes alguma coisa, compadece-te de nós e ajuda-nos. Disse-lhe Jesus: se tu
podes crer; tudo é possível ao que crê. Imediatamente o pai do menino exclamou: Creio!
Ajuda a minha incredulidade! (...)” – Marcos, 9:21 a 24.
Este colóquio entre Jesus e o pai do menino, traz-nos preciosa lição. “(...) Belas
palavras que enchem de esperança os desanimados e, ao mesmo tempo, nos ensinam que o
impossível é termo sem significação, só pronunciado pelos ignorantes”.
Quantos impossíveis têm caído ante a ação constante da boa vontade e do esforço!
Quantos impossíveis se têm apresentado aos nossos olhos como esfinge devoradora e vão por
terra, de um momento para outro, à ordem imperiosa da prece que parte de um coração aflito
e crente na misericórdia do Céu!
Quantas vezes todas as portas (...) parecem fechar-se duramente para não mais se
abrirem, e, no dia seguinte, as dificuldades são resolvidas, as lutas afastadas (...)!
Tudo é possível àquele que crê, e, quando a crença que nos mantém não bastar para
removermos sicômoros6* e transportarmos montanhas, lembremo-nos da exclamação do pai
do menino: Creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade! (...)”
O assunto sobre a fé é vastamente encontrado na literatura espírita e, como não nos é
possível citar trechos de todas essas obras, fazemos algumas referências, do número 13 a 21,
nas fontes de consulta deste roteiro.
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. A fé transporta montanha. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
FEB, 1995. Item 01, pág. 299; item 02, pág. 300; Item 06, pág. 301. (A fé religiosa. –
Condição da fé inabalável); Item 07, pág. 302; 05; Item 07, pág. 303; 06. Item 11, pág. 305.
(A fé: mãe da esperança e da caridade); Item 11, pág. 305.
6
Sicômoro: “É uma verdadeira figueira, e é ainda comum nos sítios quentes e abrigados da Palestina. (...)
Crescem fácil e rapidamente, apresentando uma grande copa, largos ramos, e enormes raízes. Dá várias
novidades de figos durante o ano, mas são pequenos e insípidos. São contudo, a principal alimentação para as
classes mais pobres. Tanto nas flores como na folhagem assemelha-se muito à figueira comum. A madeira é
macia, mas durável, é capaz de ser cortada em grossas tábuas. (...)”
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2. Rodolfo Calligaris. Divagações em torno da fé. Páginas de Espiritismo Cristão.
FEB, 1983. Pág. 38 e 39.
3. Cairbar Schutel,. A Cura de Um Epiléptico. O Espírito do Cristianismo. O Clarim.
Pág. 311.
4. Francisco Cândido Xavier. Espiritismo. Fé. O Consolador. Pelo Espírito
Emmanuel. FEB, 1995. Questão 354, págs. 200-201; Questão 355, pág. 201.
5. Francisco Cândido Xavier A Fé Religiosa. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 5. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 1980. Págs. 51-53.
6. Francisco Cândido Xavier. Fé – Esperança – Caridade. Palavras de Emmanuel.
Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978. Págs. 93 -97.
7. Francisco Cândido Xavier Alterações na Fé. Ceifa de Luz. Pelo Espírito
Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Págs. 125-127; 139 –141.
8. Francisco Cândido Xavier. Se tens fé. O Espírito da Verdade. Por diversos
Espíritos. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1985. Págs. 75-76.
9. Francisco Cândido Xavier FÉ. In: . Dicionário da Alma. Por diversos Espíritos.
Rio de Janeiro: FEB, 1979. Págs. 172 - 175.
10. Léon Denis. Fé, Esperança, Consolações. Depois da Morte. Rio de Janeiro. FEB,
1994. Págs. 258-262.
11.
Divaldo Pereira Franco. Desprezo à fé. Após a Tempestade. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Alvorada, 1974. Págs. 16-20.
12. Divaldo Pereira Franco Fé. Estudos Espíritas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6.
ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Págs. 113-116.
2.3 A prece e sua eficácia
Qualidades da prece
1. Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que, afetadamente, oram de pé nas
sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens. - Digo-vos, em verdade, que
eles já receberam sua recompensa. - Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e,
fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto,
vos dará a recompensa.
Não cuideis de pedir muito nas vossas preces, como fazem os pagãos, os quais imaginam que
pela multiplicidade das palavras é que serão atendidos. Não vos torneis semelhantes a eles,
porque vosso Pai sabe do que é que tendes necessidade, antes que lho peçais. (S. MATEUS,
cap. VI, vv., 5 a 8.)
2. Quando vos aprestardes para orar, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, a
fim de que vosso Pai, que está nos céus, também vos perdoe os vossos pecados. - Se não
perdoardes, vosso Pai, que está nos céus, também não vos perdoará os pecados. (S.
MARCOS, cap. XI, vv. 25 e 26.)
3. Também disse esta parábola a alguns que punham a sua confiança em si mesmos, como
sendo justos, e desprezavam os outros:
Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu, publicano o outro. - O fariseu,
conservando-se de pé, orava assim, consigo mesmo: Meu Deus, rendo-vos graças por não ser
como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como esse
publicano. Jejuo duas vezes na semana; dou o dízimo de tudo o que possuo.
O publicano, ao contrário, conservando-se afastado, não ousava, sequer, erguer os olhos ao
céu; mas, batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador.
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Declaro-vos que este voltou para a sua casa, justificado, e o outro não; porquanto, aquele que
se eleva será rebaixado e aquele que se humilha será elevado. (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 9 a
14.)
4. Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz ele, não vos ponhais
em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade
das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes
qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus,
se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Oral, enfim,
com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu.
Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros,
procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, nº 7 e nº 8.)
Eficácia da prece
5. Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que
pedirdes. (S. MARCOS, cap. XI, v. 24.)
6. Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo
Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim pensam
que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas
mudar os decretos de Deus.
Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de
cada um; mas, daí a crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade,
vai grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que instrumento passivo,
sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a cabeça ao jugo dos
acontecimentos, sem cogitar de evitá-los; não devera ter procurado desviar o raio. Deus não
lhe outorgou a razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para
não querer; a atividade, para ficar inativo. Sendo livre o homem de agir num sentido ou
noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, conseqüências subordinadas ao que ele faz ou
não. Há, pois, devidos à sua iniciativa, sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que
não quebram a harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do
ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo.
Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis
que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.
7. Desta máxima: “Concedido vos será o que quer que pedirdes pela prece”, fora ilógico
deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda
súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para nosso bem. É
como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses.
Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade para a sua
felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de
uma operação que lhe trará a cura.
O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a
resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades,
mediante idéias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da
ação.
Ele assiste os que se ajudam a si mesmos, de conformidade com esta máxima: "Ajuda-te, que
o Céu te ajudará"; não assiste, porém, os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer
uso das faculdades que possui. Entretanto, as mais das vezes, o que o homem quer é ser
socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço. (Cap. XXV, nº 1 e seguintes.)
8. Tomemos um exemplo. Um homem se acha perdido no deserto. A sede o martiriza
horrivelmente. Desfalecido, cai por terra. Pede a Deus que o assista, e espera. Nenhum anjo
lhe virá dar de beber. Contudo, um bom Espírito lhe sugere a idéia de levantar-se e tomar um
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dos caminhos que tem diante de si Por um movimento maquinal, reunindo todas as forças que
lhe restam, ele se ergue, caminha e descobre ao longe um regato. Ao divisá-lo, ganha
coragem. Se tem fé, exclamará: "Obrigado, meu Deus, pela idéia que me inspiraste e pela
força que me deste." Se lhe falta a fé, exclamará: "Que boa idéia tive! Que sorte a minha de
tomar o caminho da direita, em vez do da esquerda; o acaso, às vezes, nos serve
admiravelmente! Quanto me felicito pela minha coragem e por não me ter deixado abater!"
Mas, dirão, por que o bom Espírito não lhe disse claramente: "Segue este caminho, que
encontrarás o de que necessitas"? Por que não se lhe mostrou para o guiar e sustentar no seu
desfalecimento? Dessa maneira tê-lo-ia convencido da intervenção da Providência.
Primeiramente, para lhe ensinar que cada um deve ajudar-se a si mesmo e fazer uso das suas
forças. Depois, pela incerteza, Deus põe a prova a confiança que nele deposita a criatura e a
submissão desta à sua vontade. Aquele homem estava na situação de uma criança que cai e
que, dando com alguém, se põe a gritar e fica à espera de que a venham levantar; se não vê
pessoa alguma, faz esforços e se ergue sozinha.
Se o anjo que acompanhou a Tobias lhe houvera dito: "Sou enviado por Deus para te guiar na
tua viagem e te preservar de todo perigo", nenhum mérito teria tido Tobias. Fiando-se no seu
companheiro, nem sequer de pensar teria precisado. Essa a razão por que o anjo só se deu a
conhecer ao regressarem.
Ação da prece. - Transmissão do pensamento
9. A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em
comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento,
ou uma glorificação. Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos
mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas
vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a
outros seres que não a Deus, fá-lo recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto
nada sucede sem a vontade de Deus.
10. O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando o modo de transmissão do
pensamento, quer no caso em que o ser a quem oramos acuda ao nosso apelo, quer no em que
apenas lhe chegue o nosso pensamento. Para apreendermos o que ocorre em tal circunstância,
precisamos conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o espaço, todos os seres,
encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste mundo, dentro da atmosfera. Esse
fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do pensamento, como o ar o é do som,
com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido
universal se estendem ao infinito. Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra
ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se
estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o
som.
A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. E assim que os
Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é
assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que
relações se estabelecem a distância entre encarnados.
Essa explicação vai, sobretudo, com vistas aos que não compreendem a utilidade da prece
puramente mística. Não tem por fim materializar a prece, mas tornar-lhe inteligíveis os
efeitos, mostrando que pode exercer ação direta e efetiva. Nem por isso deixa essa ação de
estar subordinada à vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, único apto a torná-la
eficaz.
11. Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustenta-lo em
suas boas resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral
necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse
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meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. Um homem,
por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em conseqüência de excessos a que se entregou, e
arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se
não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de
resistir às tentações.
12. Se em duas partes se dividirem os males da vida, uma constituída dos que o homem não
pode evitar e a outra das tribulações de que ele se constituiu a causa primária, pela sua incúria
ou por seus excessos (cap. V, n~ 4), ver-se-á que a segunda, em quantidade, excede de muito
à primeira. Faz-se, portanto, evidente que o homem é o autor da maior parte das suas aflições,
às quais se pouparia, se sempre obrasse com sabedoria e prudência.
Não menos certo é que todas essas misérias resultam das nossas infrações às leis de Deus e
que, se as observássemos pontualmente, seríamos inteiramente ditosos. Se não
ultrapassássemos o limite do necessário, na satisfação das nossas necessidades, não
apanharíamos as enfermidades que resultam dos excessos, nem experimentaríamos as
vicissitudes que as doenças acarretam. Se puséssemos freio à nossa ambição, não teríamos de
temer a ruína; se não quiséssemos subir mais alto do que podemos, não teríamos de recear a
queda; se fôssemos humildes, não sofreríamos as decepções do orgulho abatido; se
praticássemos a lei de caridade, não seríamos maldizentes, nem invejosos, nem ciosos, e
evitaríamos as disputas e dissensões; se mal a ninguém fizéssemos, não houvéramos de temer
as vinganças, etc.
Admitamos que o homem nada possa com relação aos outros males; que toda prece lhe seja
inútil para livrar-se deles; já não seria muito o ter a possibilidade de ficar isento de todos os
que decorrem da sua maneira de proceder? Ora, aqui, facilmente se concebe a ação da prece,
visto ter por efeito atrair a salutar inspiração dos Espíritos bons, granjear deles força para
resistir aos maus pensamentos, cuja realização nos pode ser funesta. Nesse caso, o que eles
fazem não é afastar de nós o mal, porém, sim, desviar-nos a nós do mau pensamento que nos
pode causar dano; eles em nada obstam ao cumprimento dos decretos de Deus, nem
suspendem o curso das leis da Natureza; apenas evitam que as infrinjamos, dirigindo o nosso
livre-arbítrio. Agem, contudo, à nossa revelia, de maneira imperceptível, para nos não
subjugar a vontade. O homem se acha então na posição de um que solicita bons conselhos e
os põe em prática, mas conservando a liberdade de segui-los, ou não. Quer Deus que seja
assim, para que aquele tenha a responsabilidade dos seus atos e o mérito da escolha entre o
bem e o mal. E isso o que o homem pode estar sempre certo de receber, se o pedir com fervor,
sendo, pois, a isso que se podem sobretudo aplicar estas palavras: "Pedi e obtereis."
Mesmo com sua eficácia reduzida a essas proporções, já não traria a prece resultados
imensos? Ao Espiritismo fora reservado provar-nos a sua ação, com o nos revelar as relações
existentes entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual. Os efeitos da prece, porém, não se
limitam aos que vimos de apontar.
Recomendam-na todos os Espíritos. Renunciar alguém à prece é negar a bondade de Deus; é
recusar, para si, a sua assistência e, para com os outros, abrir mão do bem que lhes pode fazer.
13. Acedendo ao pedido que se lhe faz, Deus muitas vezes objetiva recompensar a intenção, o
devotamento e a fé daquele que ora. Daí decorre que a prece do homem de bem tem mais
merecimento aos olhos de Deus e sempre mais eficácia, porquanto o homem vicioso e mau
não pode orar com o fervor e a confiança que somente nascem do sentimento da verdadeira
piedade. Do coração do egoísta, do daquele que apenas de lábios ora, unicamente saem
palavras, nunca os ímpetos de caridade que dão à prece todo o seu poder. Tão claramente isso
se compreende que, por um movimento instintivo, quem se quer recomendar às preces de
outrem fá-lo de preferência às daqueles cujo proceder, sente-se, há de ser mais agradável a
Deus, pois que são mais prontamente ouvidos.
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14. Por exercer a prece uma como ação magnética, poder-se-ia supor que o seu efeito depende
da força fluídica. Assim, entretanto, não é. Exercendo sobre os homens essa ação, os
Espíritos, em sendo preciso, suprem a insuficiência daquele que ora, ou agindo diretamente
em seu nome, ou dando-lhe momentaneamente uma força excepcional, quando o julgam digno
dessa graça, ou que ela lhe pode ser proveitosa.
O homem que não se considere suficientemente bom para exercer salutar influencia, não deve
por isso abster-se de orar a bem de outrem, com a idéia de que não é digno de ser escutado. A
consciência da sua inferioridade constitui uma prova de humildade, grata sempre a Deus, que
leva em conta a intenção caridosa que o anima. Seu fervor e sua confiança são um primeiro
passo para a sua conversão ao bem, conversão que os Espíritos bons se sentem ditosos em
incentivar. Repelida só o é a prece do orgulhoso que deposita fé no seu poder e nos seus
merecimentos e acredita ser-lhe possível sobrepor-se à vontade do Eterno.
15. Está no pensamento o poder da prece, que por nada depende nem das palavras, nem do
lugar, nem do momento em que seja feita. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer
hora, a sós ou em comum. A influência do lugar ou do tempo só se faz sentir nas
circunstâncias que favoreçam o recolhimento. A prece em comum tem ação mais poderosa,
quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o
mesmo objetivo, porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas, que
importa seja grande o número de pessoas reunidas para orar, se cada uma atua isoladamente e
por conta própria? Cem pessoas juntas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três,
ligadas por uma mesma aspiração, orarão quais verdadeiros irmãos em Deus, e mais força terá
a prece que lhe dirijam do que a das cem outras. (Cap. XXVIII, nº 4 e nº 5.)
Fontes de consulta
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Pedi e obtereis. FEB
1995. item 05, pág 370; item 7, pág 371; item 9, pág 373; item 11, pág 374;
item 23, pág 383; Coletâneas de preces Espíritas, pág 386.
Francisco Cândido Xavier. Cartas e Crônicas. As três orações. Pelo
Espírito Irmão X. FEB 1974. pág 15.
Francisco Cândido Xavier. Ceifa de Luz. Oraremos. Pelo espírito
Emmanuel. FEB, 1980. pág 157.
Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Ensinamentos. FEB, 1985.
Questão 306. pág 179.
Francisco Cândido Xavier. Missionários da Luz. A oração. Pelo espírito
André Luiz. FEB, 1995. pág 64, 66 e 67.
Francisco Cândido Xavier. Rumo Certo. Petição e Resposta. FEB, 1977.
pág 71 e 73.
2.4 Sacrifícios, Mortificações e Promessas
718. A lei de conservação obriga o homem a prover às necessidades do corpo?
“Sim, porque, sem força e saúde, impossível é o trabalho.”
719. Merece censura o homem, por procurar o bem-estar?
“É natural o desejo do bem-estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. Ele
não condena a procura do bem-estar, desde que não seja conseguido à custa de outrem e não
venha a diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais.”
720. São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma
expiação igualmente voluntária?
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“Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais mérito tereis.”
a) - Haverá privações voluntárias que sejam meritórias?
“Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma.
Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem
tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a privação não passar
de simulacro, será uma irrisão.”
721. É meritória, de qualquer ponto de vista, a vida de mortificações ascéticas que desde a
mais remota antigüidade teve praticantes no seio de diversos povos?
“Procurai saber a quem ela aproveita e tereis a resposta. Se somente serve para quem a pratica
e o impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendam de colori-la.
Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a
caridade cristã.”
722. Será racional a abstenção de certos alimentos, prescrita a diversos povos?
“Permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde. Alguns
legisladores, porém, com um fim útil, entenderam de interdizer o uso de certos alimentos e,
para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas como emanadas de Deus.”
723. A alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza?
“Dada a vossa constituição física, a carne alimenta a carne, do contrário o homem perece. A
lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para
cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua
organização.”
724. Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por
expiação?
“Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros. Aos olhos de Deus, porém, só há
mortificação, havendo privação séria e útil. Por isso é que qualificamos de hipócritas os que
apenas aparentemente se privam de alguma coisa.”
725. Que se deve pensar das mutilações operadas no corpo do homem ou dos animais?
“A que propósito, semelhante questão? Ainda uma vez: inquiri sempre vós mesmos se é útil
aquilo de que porventura se trate. A Deus não pode agradar o que seja inútil e o que for
nocivo Lhe será sempre desagradável. Porque, ficai sabendo, Deus só é sensível aos
sentimentos que elevam para Ele a alma. Obedecendo-Lhe à lei e não a violando é que
podereis forrar-vos ao jugo da vossa matéria terrestre.”
726. Visto que os sofrimentos deste mundo nos elevam, se os suportarmos devidamente, darse-á que também nos elevam os que nós mesmos nos criamos?
“Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam, porque vêm de Deus. Os sofrimentos
voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem.
Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores
sobre-humanos, como o fazem os bonzos7, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas?
Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente;
consolem o que chora; trabalhem pelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos
infelizes e então suas vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém
voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais
os preceitos do Cristo.”
727. Uma vez que não devemos criar sofrimentos voluntários, que nenhuma utilidade tenham
para outrem, deveremos cuidar de preservar-nos dos que prevejamos ou nos ameacem?
“Contra os perigos e os sofrimentos é que o instinto de conservação foi dado a todos os seres.
Fustigai o vosso espírito e não o vosso corpo, mortificai o vosso orgulho, sufocai o vosso
egoísmo, que se assemelha a uma serpente a vos roer o coração, e fareis muito mais pelo
vosso adiantamento do que infligindo-vos rigores que já não são deste século.”
7
bonzo: monge budista, esp. das ordens religiosas budistas do Japão e da China; saí
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*
*
*
A palavra sacrifício, etimologicamente, tem o sentido de “fazer alguma coisa
sagrada”.
No sentido primitivo e unicamente religioso, representa uma oferenda que se faz à
divindade, através de rituais. A oferenda pode ser representada por uma pessoa ou animal
vivo, ou ainda produtos de colheita vegetal ou outros objetos.
É importante que se faça uma diferença entre o conceito religioso que se tem do termo
e sua concepção social ou popular. Assim, no aspecto religioso, além da característica do
ritual, subentende-se que o sacrifício será consumido pela divindade. O fato de alguém
exercer tarefas que certas ceitas ou religiões exigem dos adeptos, como, por exemplo, o
pagamento do dízimo, não são sacrifícios, mas regras da prática religiosa. “(...) Raramente é
usado em ciências sociais no seu significado popular de renúncia de qualquer coisa de valor
em favor de qualquer autoridade superior ou objeto de respeito ou dever. (...)
O propósito declarado do sacrifício varia muito entre as diferentes culturas. (...)”
Por extensão, o sacrifício pode ser considerado como uma renúncia ou privação
voluntária de alguma coisa. Neste sentido, o Espiritismo nos esclarece que as privações
voluntárias meritórias seriam representadas pela "(...) privação dos gozos inúteis, porque
desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta
ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos
que carecem do bastante (...)”.
Portanto, para a Doutrina Espírita, o fazer o bem aos nossos semelhantes, é o maior
mérito que as privações voluntárias podem proporcionar.
As manifestações dos sacrifícios religiosos estão muito relacionados com as
mortificações e penitências.
Etnologicamente, mortificar é sinônimo de afligir-se, atormentar-se, inquietar-se ou,
ainda, castigar, macerar o próprio corpo com penitências. A mortificação ocorreria devido o
arrependimento ou dor do pecado cometido e, em função deste arrependimento, certas
autoridades religiosas imporiam uma pena ao arrependido para remissão dos seus pecados.
Esta pena poderia ser representada por jejuns, orações, macerações ao próprio corpo e outras
tantas mortificações existentes nas manifestações de culto externo.
Em Elucidações Evangélicas, Antônio Luiz Sayão ao abordar o tema penitência, traznos luz sobre o assunto que ora estudamos. Segundo Sayão“(...) todos (...) temos que fazer
penitência, se não quisermos agravar as nossas culpas e tornar-nos passive! de maiores
castigos. Mas, que vem a ser penitência? Pode ela dispensar a expiação e a reparação? (...)."
"(...) A penitência, que Jesus aconselhou, não consiste, como se entendeu outrora, na
reclusão em claustros, nos cilícios e outras tribulações materiais (...). A penitência a que
aludia o divino Mestre é a que constitui meio de tornarmos cada vez menos ásperas,
dificultosas e tormentosas as nossas existências na Terra (...). Ela, pois, consiste no
arrependimento sincero, profundo, e no propósito firme em que a criatura se coloca de não
tornar a cometer as faltas que a arrastaram à mísera condição humana e, ainda, no esforço
decidido de as pagar de todo (...)".
“(...) O Espírito penitente absorve-se todo na oração e na vigilância que Jesus
recomendava e que formam um como antemural às ondas de paixões que nos lançam no
abismo do infortúnio (...).”
A respeito das mortificações, aconselham-nos os Espíritos da Codificação: “(...)
Procurai saber a quem ela aproveita. (...) Se somente serve para quem a pratica e o
impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendam de colori-la.
Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a
caridade cristã. (...)”
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“(...) Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem
objetivo, pois que necessitais de todas as vossas forças para cumprirdes a vossa missão de
trabalhar na Terra. Torturar e martirizar voluntariamente o vosso corpo é contravir à lei de
Deus, que vos dá meios de o sustentar e fortalecer. Enfraquecê-lo sem necessidade é um
verdadeiro suicídio. (...)”
No intuito de obter favores ou mesmo agradar a Deus ou aos bons Espíritos, algumas
pessoas executam determinadas ações ou se impõem certas privações, a que chamam de
promessa. Vulgarmente, fazer uma promessa significa, pois, voto feito para obter alguma
graça. Etimologicamente, promessa “(...) significa ação ou efeito de prometer; afirmativa de
que se há de dar ou fazer alguma coisa (...).”
As promessas tiveram uma razão de ser, devido à falta de esclarecimento espiritual das
pessoas que as praticavam. “(...) Já vai distante o tempo das supersticiosas imposições da
teocracia; (...) ao seu reinado sucedeu o império da inteligência e da razão (...) únicos
fundamentos inabaláveis da fé esclarecida e ativa.
Sim, passou o tempo da fé cega. Os crentes, os verdadeiros crentes, se formam (...)
pelo exercício livre do pensamento, pelo estudo, pela observação, pela investigação, pela
análise. (...)”
Em suma, o que se conclui é que os sacrifícios, mortificações e promessas são
manifestações materiais, de culto externo, exercidas por pessoas ainda distantes das verdades
espirituais.
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Privações voluntárias. FEB 1994. Questão
720, 721 e 726, pág 343 e 344.
2. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Verdadeiro cilício. FEB,
1995. item 26, pág 121.
3. Antônio Luiz Sayão. Elucidações Evangélicas. FEB, 1983. Fazer penitência, pág
143, 144, 145. Escribas e fariseus hipócritas, pág. 465.
3. Amor ao próximo:
3.1 A Caridade
"(...) em todos os tempos, há exércitos de criaturas que ensinam a caridade, todavia,
poucas pessoas praticam-na verdadeiramente.
Torquemada8, organizando os serviços da Inquisição, dizia-se portador da divina
virtude. A caminho de terríveis suplícios, os condenados eram compelidos a agradecer os
verdugos. Muitos deles, em plena fogueira ou atados ao martírio da roda, acicatados pela
flagelação da carne, eram obrigados a louvar, de mãos postas, a bondade dos inquisidores que
os ordenava morrer. Essa caridade religiosa era irmã da caridade filosófica da Revolução
Francesa. (...)”
Evidentemente que não é neste sentido que "Allan Kardec, depois de aprofundar a
meditação em torno dos ensinos dos Espíritos Superiores, que se apoiavam nas claras lições
do Evangelho, concluiu com sabedoria que “Fora da caridade não há salvação”, dando início a
uma nova concepção religiosa. (...)”
8
Código da Torquemada = regras da Inquisição.
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“(...) na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos
homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz;
no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o
facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para
a Terra da Promissão. (...) Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada
resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o
Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um
reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará. (...)”
Para fim de estudo é preciso que se estabeleça a diferença entre caridade, esmola e
filantropia. A resposta à questão 886 de O Livro dos Espíritos fala-nos a respeito do "(...)
verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus (...)”, ou seja, “(...)
Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das
ofensas. (...)
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em
que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou
nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós
mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma
fazer (...). O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que
lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa. (...)”
A caridade sendo “(...) Virtude por excelência constitui a mais alta expressão do
sentimento, sobre cuja base as construções elevadas do Espírito encontram firmeza para
desdobrarem atividades enobrecidas em prol de todas as criaturas.
Vulgarmente confundida com a esmola – essa dádiva humilhante do que sobeja e
representa inutilidade – a caridade excede, sobre qualquer aspecto considerada, as doações
externas com que se supõe em tal atividade encerrá-la. (...)”
“(...) Condenando-se a pedir esmola, o homem se degrada física e moralmente:
embrutece-se. Uma sociedade que se baseie na lei de Deus e na justiça deve prover à vida do
fraco, sem que haja para ele humilhação. (...) Não que a esmola mereça reprovação, “(...) mas
a maneira por que habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade de
acordo com Jesus, vai ao encontro do desgraçado, sem esperar que este lhe estenda a mão.
(...)”
Sem dúvida, valioso é todo gesto de generosidade, quando consubstanciado em dádiva
oportuna ao que padece tal ou qual aflição (...).
Entretanto, a caridade que se restringe às oferendas transitórias, não poucas vezes pode
ser confundida com filantropia, esse ato de amor fraterno e humano que identifica certos
homens ao destinarem altas somas que se aplicam em obras de incontestável valor,
financiando múltiplos setores da Ciência, da Arte, da Higiene, do Humanismo...
Henry Ford, John Rockefeller (...) foram filantropos eméritos a cuja contribuição a
Humanidade deve serviços de inapreciável qualidade (...).
Vicente de Paulo, Damien de Veuster, João Bosco e tantos outros, todavia, se
transformaram em apóstolos da caridade, pois que nada possuindo entre os valores
transitórios do dinheiro e do poder, ofertaram tesouros de amor e fecundaram, em milhões de
vidas, o pólen da esperança, da saúde, da alegria de viver (...).
Para a legítima caridade é imprescindível a fé (...). A caridade é sobretudo cristã (...).
A filantropia, não obstante o valioso tributo de que se reveste, independe da fé, não se
caracteriza pelo sentimento cristão, é irreligiosa, brotando em qualquer indivíduo (...)”.
A caridade bem sentida e vivida estabelece verdadeira fraternidade entre os homens,
visto que todos somos filhos de um mesmo Pai e, do mesmo jeito que os Espíritos superiores
nos amparam e nos sustentam nas lutas humanas, devemos, por nossa vez, amparar aqueles
nossos irmãos de humanidade, considerados criminosos. Devemos “(...) amar os desgraçados,
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os criminosos, '*' como criaturas, que são, de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão
concedidos (...)”, mais cedo ou mais tarde, pelo Senhor, quando se arrependerem das suas
faltas.
Evitemos as ações cometidas por esses companheiros ajudando-os naquilo que nos for
possível, porque a caridade que Jesus ensinou, e que o Espiritismo corrobora, deve ser
impregnada de indulgência e benevolência para com as faltas do próximo.
De conformidade com os ensinamentos evangélicos, devemos amar e orar pelos
caídos, por aqueles que se embrutecem e retardam sua evolução espiritual às custas de atos
criminosos. Finalmente, devemos ver os criminosos como doentes, que necessitam do nosso
amor e da nossa piedade.
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Caridade e amor do próximo. FEB 1994.
Questão 886 e comentário, 888, pág 407 e 408.
2. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Amar o próximo como a si
mesmo. FEB, 1995. item 14, pág 193. Fora da caridade não há salvação. Item 10, pág 251.
3. Divaldo Pereira Franco. Dimensões da Verdade. Caridade e Doutrina Espírita.
Pelo Espírito de Joanna de Angelis. Salvador, BA Alvorada 1977, pag 122.
4. Divaldo Pereira Franco. Estudos Espíritas. Caridade. Pelo Espírito de Joanna de
Angelis. Rio de Janeiro, FEB 1995, pág 121-122.
5. Francisco Cândido Xavier. Pérolas do Além. Caridade. Rio de Janeiro. FEB, 1972.
págs 40-41.
6. Francisco Cândido Xavier. Vinha de Luz. Caridade Essencial. Pelo Espírito
Emmanuel. Rio de Janeiro. FEB, 1987. pág. 234.
3.2 Amor Materno e Amor Filial
“O coração materno é uma taça de amor em que a vida se manifesta no mundo.
Entretanto, quão grave é o oficio da verdadeira maternidade!...
Levantam-se monumentos de progresso entre os homens e devemo-los, em grande
parte, às mães abnegadas e justas, mas erguem-se penitenciárias sombrias e devemo-las, na
mesma proporção, às mães indiferentes e criminosas.”
“A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No
animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessário se
tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma
abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no alémtúmulo.”
Daí se compreender que o amor maternal está nas leis da natureza mas, sem sombras
de dúvida, a missão materna nem sempre é um mar de rosas, sendo, ao contrário, tarefa
espinhosa onde a renúncia e as lágrimas fazem moradia.
Isto porque "Habitualmente, renascem juntos, sob os elos da consangüinidade, aqueles
que ainda não acertaram as rodas do entendimento, no carro da evolução, a fim de
trabalharem com o abençoado buril da dificuldade sobre as arestas que lhes impedem a
harmonia. Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no instituto familiar, caminham,
lado a lado, sob os aguilhões da responsabilidade e da convivência compulsória para sanarem
velhas feridas imanifestas.
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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
Existem pais que não toleram os filhos e mães que se voltam contra os próprios
descendentes. Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se
exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita”.
A missão materna reveste-se assim de encargos sublimes, sobretudo nesses lares onde
Espíritos antagônicos, senão inimigos, se encontram temporariamente unidos pelos laços do
parentesco físico. “A maternidade exige e desenvolve a sensibilidade, a ternura, a paciência,
aumentando a capacidade do amor na mulher.”
“(...) No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a
compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.
A missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus. Nos labores do mundo,
existem aquelas que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente particularista; contudo, é
preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte da ternura.
A mãe terrestre deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são
filhos de Deus.
Desde a infância, deve prepará-los para o trabalho e para a luta que os esperam.
Desde os primeiros anos deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade,
controlando-lhe as atitudes e concertando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião
mais propícia à edificação das bases de uma vida.
Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja necessária.
Sacrificar-se-á de todos os modos ao seu alcance pela paz dos filhos, ensinando-lhes
que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino, e que todo desperdício é falta
grave.
Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio.
Será ela no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo do trabalho e a fonte de
harmonia para todos.
Buscará na piedosa Mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs.”
Com relação à piedade filial lembramos que “O mandamento: "Honrai a vosso pai e a
vossa mãe” é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo; mas, o termo
honrai encerra um dever a mais: o da piedade filial.
Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los
na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles
fizeram conosco, na infância.”
Basicamente, duas causas determinam a ingratidão dos filhos para com os pais:
aquelas devidas às imperfeições dos filhos e aquelas outras referentes às falhas dos pais.
“Com a desagregação da família, que se observa generalizada na atualidade, a
ingratidão dos filhos torna-se responsável pela presença de vários cânceres morais, no
combalido organismo social, cuja terapia se apresenta complexa e difícil.
Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério em relação à prole,
cometem erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos, que, a
seu turno, logo podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da
ingratidão.
Muitos progenitores, igualmente, imaturos que transitam no corpo açulados pelo
tormento de prazeres incessantes – que os fazem esquecer as responsabilidades junto aos
filhos para os entregarem aos servos remunerados, enquanto se corrompem na leviandade –,
respondem pelo desequilíbrio e desajuste da prole, na desenfreada competição da utópica e
moderna sociedade.
Todavia, filhos há que receberam dos genitores as mais proliferas demonstrações e
testemunhos de sacrifício e carinho, aspirando a um clima de paz, de saúde moral, de
equilíbrio doméstico, nutridos pelo amor sem fraude e pela abnegação sem fingimentos, e
revelam-se, de cedo, frios, exigentes e ingratos.”
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Em suma, “a família é o núcleo de maior importância no organismo social.
Santuário dos pais, escola dos filhos, oficina de experiências o lar é a mola mestra que
aciona a humanidade.”
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Da lei de justiça, de amor e de caridade.
FEB 1994. Questão 890, pág 410.
2. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Honrai o vosso pai e a vossa
mãe. FEB, 1995. item 3, pág 233-234.
3. Divaldo Pereira Franco. Após a Tempestade. Filhos ingratos. Pelo espírito de
Joanna de Angelis. Salvador, BA. Alvorada, 1974. pág 32-33.
4. Divaldo Pereira Franco. Luz Viva. Feminismo. Pelo espírito de Joanna de Angelis.
Salvador, BA. Alvorada, 1984. pág 55.
5. Divaldo Pereira Franco. Terapêutica de Emergência. Criança e família. Por
diversos espíritos. Salvador, BA. Alvorada, 1983. pág. 58.
6. Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Dever. Pelo espiritode Emmanuel. Rio
de Janeiro. FEB, 1985. Questão 189, págs 114-115.
7. Francisco Cândido Xavier. Luz no Lar.. Por diversos espíritos. Rio de Janeiro.
FEB, 1991. Angústia materna. pág 15. No reino doméstico. Pág 24.
3.3 Respeito às Leis, às Religiões e aos Direitos Humanos
Falou-nos Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes
uns aos outros” – João. Neste ensinamento está resumida a lei de Justiça, de Amor e de
Caridade. Com a prática deste ensinamento evangélico, os homens se respeitariam
mutuamente, os vínculos sociais entre as criaturas seriam mais consolidados, as leis mais
justas, a convivência humana mais pacifica.
Não haveria desrespeito algum entre os homens, cada qual compreenderia os seus
direitos, os seus limites de liberdade, professariam a crença para a qual estivessem inclinados
sem embargarem ou criticarem a crença dos demais, executariam as leis e normas que regem
a vida em sociedade com precisão e naturalidade, ou seja, a lei de justiça estaria sendo
aplicada em sua plenitude. Tudo isto ocorreria, e muitas outras coisas mais, se nos amássemos
uns aos outros.
Num sentido amplo, tal não acontece, infelizmente, e, por este motivo, ainda existe
tanto desrespeito às leis e aos direitos humanos.
Segundo os Espíritos da Codificação “A justiça consiste em cada um respeitar os
direitos dos demais”, acrescentando que duas coisas determinam esses direitos: “a lei humana
e a lei natural.” Isto porque "Tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e
caracteres, eles estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes.”
Uma lei aplicada à sociedade vivente, por exemplo, na Idade Média, pareceria, nos
dias atuais, algo inconcebível, apesar de ser justa e natural naquela época. “Nem sempre, pois,
é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, esse direito regula
apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de
atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.”Isto no que diz respeito à lei humana;
com relação à lei natural disse-nos, igualmente, Jesus: "Queira cada um para os outros o que
quereria para si mesmo. No coração do homem imprimiu Deus a regra da verdadeira justiça,
fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva
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proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria
que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro que a própria
consciência não lhe podia Deus haver dado.”
Perante as leis, as religiões e demais direitos humanos devemos, sempre, agir
cordialmente com respeito e fraternidade legitimas.“Respeitar as idéias e as pessoas de todos
os nossos irmãos, sejam eles nossos vizinhos ou não, estejam presentes ou ausentes, sem
nunca descer ao charco da leviandade que gera a maledicência.
Quem reprova alguém conosco, decerto que nos reprova perante alguém.”
“Suprimir toda critica destrutiva na comunidade em que aprende e serve”.
A seara de Jesus pede trabalhadores decididos a auxiliar.
“Perdoar sempre as possíveis e improcedentes desaprovações sociais à sua fé,
confessando, quando preciso for, a sua qualidade religiosa, principalmente através da boa
reputação e da honradez que lhe exornam9 o caráter. Cada Espírito responde por si mesmo. ”
Cooperar com os poderes constituídos e as organizações oficiais, empenhando-se
desinteressadamente na melhoria das condições da máquina governamental, no âmbito dos
próprios recursos.”
“Estimar e reverenciar os irmãos de outros credos religiosos.”
Em nenhuma circunstância, pretender conduzir alguém ou alguma instituição, dessa ou
daquela prática religiosa, à humilhação e ao ridículo.” Com relação à fé religiosa das pessoas
“Ninguém pensa em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros.”
Podemos então concluir que as causas que geram os desrespeitos humanos são aquelas
vinculadas à própria imperfeição humana. São aquelas que obstaculizam o progresso, como o
orgulho e o egoísmo e todas as demais paixões e imperfeições características de Espíritos em
vias de melhoria moral.
À medida que o homem progride moralmente amplia sua liberdade e cresce-lhe o
senso de responsabilidade, isto porque, “A responsabilidade resulta do amadurecimento
pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos
lídimos direitos humanos.”
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Introdução. FEB 1994. Item 8, pág 31; Da
lei do Progresso. Questão 785, pág 365; Da Lei da Justiça. Questão 874 a 876, pág 403 a 404.
2. Novo Testamento. A Bíblia Sagrada. João 13:35. Tradução de João Ferreira de
Almeida. Rio de Janeiro. Imprensa Bíblica Brasileira, 1980. pág 125.
3. Divaldo Pereira Franco. Leis Morais da Vida. Direito de liberdade. Pelo espírito de
Joanna de Ângelis. Salvador. Alvorada, 1994. pág. 184
4. Waldo Vieira. Conduta Espírita. Pelo espírito de André Luiz. Na Sociedade. Pág.
43-44; Perante os companheiros. Pág 77-79; Perante os profitentes de outras religiões. Pág
87-88; Perante a Pátria, pág 111. FEB 1991.
9
Exornar: Ornar muito; enfeitar, ataviar, engalanar.
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4. A Perfeição Moral
4.1 Os caracteres da Perfeição. Obstáculos à Perfeição
Caracteres da perfeição
1. Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos
perseguem e caluniam. - Porque, se somente amardes os que vos amam que recompensa tereis
disso? Não fazem assim também os publicanos10? - Se unicamente saudardes os vossos
irmãos, que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? - Sede, pois,
vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. (S. MATEUS, cap. V, vv. 44, 46 a
48.)
2. Pois que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta proposição: "Sede
perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial", tomada ao pé da letra, pressuporia a
possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Se à criatura fosse dado ser tão perfeita
quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é inadmissível. Mas, os homens a quem
Jesus falava não compreenderiam essa nuança, pelo que ele se limitou a lhes apresentar um
modelo e a dizer-lhes que se esforçassem pelo alcançar.
Aquelas palavras, portanto, devem entender-se no sentido da perfeição relativa, a de
que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa
perfeição? Jesus o diz: "Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos
odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem." Mostra ele desse modo que a essência da
perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras
virtudes.
Com efeito, se se observam os resultados de todos os vícios e, mesmo, dos simples
defeitos, reconhecer-se-á nenhum haver que não altere mais ou menos o sentimento da
caridade, porque todos têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que lhes são a negação; e
isso porque tudo o que sobreexcita o sentimento da personalidade destrói, ou, pelo menos,
enfraquece os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a
abnegação e o devotamento. Não podendo o amor do próximo, levado até ao amor dos
inimigos, aliar-se a nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é sempre, portanto,
indício de maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeição está na
10
Publicanos. - Eram assim chamados, na antiga Roma, os cavalheiros arrendatários das taxas públicas,
incumbidos da cobrança dos impostos e das rendas de toda espécie, quer em Roma mesma, quer nas outras
partes do Império. Eram como os arrendatários gerais e arrematadores de taxas do antigo regímen na França e
que ainda existem nalgumas legiões. Os riscos a que estavam sujeitos faziam que os olhos se fechassem para as
riquezas que muitas vezes adquiriam e que, da parte de alguns, eram frutos de exações e de lucros escandalosos.
O nome de publicano se estendeu mais tarde a todos os que superintendiam os dinheiros públicos e aos agentes
subalternos. Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo, para designar os financistas e os agentes pouco
escrupulosos de negócios. Diz-se por vezes: “Ávido como um publicano, rico como um publicano", com
referência a riquezas de mau quilate. De toda a dominação romana, o imposto foi o que os judeus mais
dificilmente aceitaram e o que mais irritação causou entre eles. Dai nasceram várias revoltas, fazendo-se do caso
uma questão religiosa, por ser considerada contrária à Lei. Constituiu-se, mesmo, um partido poderoso, a cuja
frente se pôs um certo Judá, apelidado o Gaulonita, tendo por principio o não pagamento do imposto, Os judeus,
pois, abominavam a este e, como consequência, a todos os que eram encarregados de arrecadá-lo, donde a
aversão que votavam aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito
estimáveis, mas que, em virtude das suas funções, eram desprezadas, assim como os que com elas mantinham
relações, os quais se viam atingidos pela mesma reprovação. Os judeus de destaque consideravam um
comprometimento ter com eles intimidade.
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razão direta da sua extensão. Foi por isso que Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as
regras da caridade, no que tem de mais sublime, lhes disse: "Sede perfeitos, como perfeito é
vosso Pai celestial."
O homem de bem
3. O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade,
na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo
perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou
voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se
fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que
sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas
ou expiações e as aceita sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem
esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e
sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer
ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu
primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses
dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as
perdas decorrentes de toda ação generosa.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de
raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como
ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que
prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a
suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade,
ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a
clemência do Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e
esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme
houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de
indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se
achar sem pecado."
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a
isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos
os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor
do que na véspera.
Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem;
aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo
o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito
de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicalo à satisfação de suas paixões.
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Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e
benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o
moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais
penosa a posição subalterna em que se encontram.
O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se
empenha em cumpri-los conscienciosamente. (Cap. XVII, nº 9.)
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão
as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.
Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem;
mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha
que a todas as demais conduz.
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Sede Perfeitos. FEB 1995,
Capítulo 17, itens 1 a 3 e 8.
2. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. FEB, 1994. Questões 893, 895, 896, 907, 908
e 917.
3. Francisco Cândido Xavier. Religião dos Espíritos. Pelo Espírito de Emmanuel. O
homem bom. FEB 1993. 9 ed. Pág. 123.
4.2 Cuidados com o Corpo e com o Espírito
Freqüentemente ouvimos a expressão a carne é fraca, atribuindo ao corpo as atitudes
infelizes que proporcionaram certas quedas morais. E, por este fato, há quem procure
enfraquecer ou flagelar o corpo “(...) a pretexto de evitar tentações."
Não constituirá na maceração do corpo a perfeição moral. Uma coisa não leva a outra,
evidentemente. No entanto, sabe-se que o cuidado com o corpo, promovendo a saúde e
evitando enfermidades, “influi de maneira muito importante sobre a alma. Para que essa
prisioneira viva se expanda e chegue mesmo a conceber as ilusões da liberdade, tem o corpo
de estar são, disposto, forte.”
“No corpo humano, temos na Terra o mais sublime dos santuários e uma das
supermaravilhas da Obra Divina.
Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo Idealizador que, no curso incessante
dos milênios, organizou para o Espírito em crescimento o domicílio de carne em que a alma
se manifesta.”
É verdade que “Isolado na concha milagrosa do corpo, o Espírito está reduzido em
suas percepções a limites que se fazem necessário.
Visão, audição, tato, padecem enormes restrições.
O cérebro físico é gabinete escuro, proporcionando-lhe ensejo de recapitular e
reaprender.
Conhecimentos adquiridos e hábitos profundamente arraigados nos séculos ai jazem
na forma estática de intuições e tendências.
Dentro da grade dos sentidos fisiológicos, porém, o Espírito recebe gloriosas
oportunidades de trabalho no labor de auto-superação."
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Precisa-se compreender que o corpo é o instrumento de manifestação do Espírito. Não
é o corpo que é fraco, quando das quedas morais e, sim, o Espírito.
Para a psicologia antiga o ser pensante achava-se isolado do corpo.
“A Psicologia moderna vai mais longe. A sua metodologia avançada estuda
racionalmente todos os problemas da personalidade humana, unindo os elementos materiais e
espirituais.
O corpo nada mais é que o instrumento passivo da alma, e da sua condição perfeita
depende a perfeita exteriorização das faculdades do Espírito. Da cessação da atividade deste
ou daquele centro orgânico, resulta o término da manifestação que lhe é correspondente: dai
provém toda a verdade da “mens sana” e o grande subsídio que a psicologia moderna fornece
aos fisiologistas como guia esclarecedor da patogenia11.
O corpo não está separado da alma; é a sua representação. As suas células são
organizadas segundo as disposições perispiríticas dos indivíduos, e o organismo doente retrata
um Espírito enfermo"
“No que se refere ao carpo são, o atletismo tem papel importante e seria de ação das
mais edificantes no problema da saúde física, se o homem na sua vaidade e egoísmo não
houvesse viciado, também, a fonte da ginástica e do esporte, transformando-a em tablado de
entronização da violência, do abastardamento moral da mocidade, iludida com a força bruta e
enganada pelos imperativos da chamada eugenia12 ou pelas competições estranhas dos grupos
sectários, desviando de suas nobres finalidades um dos grandes movimentos coletivos em
favor da confraternização e da saúde.
Bastará essa observação para compreendermos que a mentalidade sadia somente
constituirá uma realidade quando houver um perfeito equilíbrio entre os movimentos do
mundo e as conquistas interiores da alma.”
“O homem tem o dever de velar pela conservação do seu ser. É esta urna lei absoluta,
que não lhe é dado ab-rogar. Mas, não lhe assiste o direito de sacrificar ao supérfluo os
cuidados que o Espírito requer.
Disse Jesus: “Nem só de pão vive o homem”. Saibamos, portanto, aliar o cuidado de
que necessita o nosso corpo aos que o nosso Espírito reclama. Uns e outros podem
emparelhar, sem prejuízo algum, desde que sejam atendidos com critério.”
Amemos, pois, a nossa alma, porém, cuidemos igualmente do nosso corpo,
instrumento daquela. “Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender
a lei de Deus.”
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cuidar do corpo e do
Espírito. FEB, 1993. Capítulo 17, item 11.
2. Antônio Luiz Sayão. Elucidações Evangélicas. Lucas (X, 38 - 43FEB, 1993. pág.
459.
3. Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Pelo Espírito de Emmanuel. Vida
Aprendizado. FEB, 1995. Questão 127, pág. 81.
4. Francisco Cândido Xavier. Emmanuel. Pelo Espírito de Emmanuel. 9ed. FEB,
1981, pág. 184.
11
Patogenia – A parte da Patologia que estuda a origem das doenças.
Patologia– Parte da medicina que tem por objeto o conhecimento da origem,
sintomas e natureza das doenças.
12
Eugenia – É o conjunto de métodos que visam melhorar o patrimônio genético
de famílias, populações ou da humanidade.
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5. Francisco Cândido Xavier. Livro Esperança. Pelo Espírito de Emmanuel. 4 ed.
CEC, 1973. pág. 49.
6. Francisco Cândido Xavier. Roteiro. Pelo Espírito de Emmanuel. 5ed. FEB, 1980.
No plano carnal. pág 15-16 e O Santuário Sublime. pág. 20-21.
7. Eurípedes Kuhl,. Genética e Espiritismo. A Genética e as raças humanas. Rio de
Janeiro: FEB, 1996. Pág. 63.
4.3 Conduta Espírita: Vivência Evangélica
Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e
achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo”
Mateus, 11 : 28 a 30
“O Espiritismo tem por escopo imediato e essencial a transformação moral do homem
para melhor, porquanto lhe faculta uma identificação perfeita com os objetivos reais da vida,
que se estendem alem dos frágeis limites orgânicos.
Informado e convicto de que a vida, na Terra, constitui uma experiência evolutiva, por
cujo meio aprimora os sentimentos, o homem lapida as arestas morais, ressarce os gravames
decorrentes da invigilância, candidatando-se a futuros renascimentos abençoados, através da
realização benéfica de um comportamento salutar e correto.”
“O precioso legado com que Allan Kardec brindou a Humanidade em nome de Jesus,
preparando um futuro melhor, deve ser preservado mesmo que sob o sacrifício dos
verdadeiros espíritas.”
“Estudar Kardec para conhecer e divulgar o Espiritismo, é o compromisso de hoje, que
nos devemos impor os encarnados e os desencarnados.
Doutrina Espírita, na visão de Allan Kardec, é compromisso superior para com a vida,
mediante o respeito à vida, numa conduta viva e atuante quanto exemplar.
Eis por que Espiritismo e Cristianismo são termos da mesma equação da vida.
A investigação da imortalidade sem a filosofia estruturada na moral cristã, não vai
além de quesito parapsicológico, destituído de ética, qual ocorreu com a pesquisa
metapsíquica13 ora relegada a plano secundário.
Por sua vez, a filosofia sem o apoio do fato mediúnico torna-se expressão espírita sem
Espíritos, corpo sem alma...
Conhecer, portanto, Allan Kardec para melhor se compreender Jesus.”
Com a chegada de Allan Kardec e com o Espiritismo, renasceu o Cristianismo
primitivo, restabeleceram-se as comunicações espirituais e a revelação estuou14 no mundo das
letras, das artes, da filosofia, da ciência e da fé.”
"O Espiritismo, dispõe de todos os elementos para repetir o Cristianismo, ao mesmo
tempo avançar com a Ciência e a Tecnologia, numa extraordinária aliança da fé com a razão,
com o conhecimento e a experiência de laboratório."
13
Metapsíquica - Ver parapsicologia. Parapsicologia - Estudo de certos fenômenos
psíquicos de natureza especial e ditos ocultos (telepatia, previsão etc.); metapsíquica.
14
Estuar - 1 Agitar-se, ferver: No auge do entusiasmo, o sangue lhe estuava nas veias.
Ao pé da cratera as lavas estuam. vint 2 Agitar-se como ondas: A enorme multidão
estuava. vint 3 Agitar-se em ondas (o mar).
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“A missão do espiritismo é a do Consolador, que permanecerá entre os homens de
sentimento e de razão equilibrados, impulsionando a mentalidade do mundo para uma esfera
superior.”
“(...) O Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz dos
seres redimidos, espalham as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a verdade e
levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de
que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo.”
“Grande contingente de estudiosos das teses espiritistas pleiteia agora uma situação
especial de evidência para o Espiritismo estritamente científico, pugnando pelo esquecimento
dos tesouros evangélicos. Alguns vão ao extremo de condenar a prática da prece. A invocação
dos ensinamentos do Cristo provoca-lhes estranheza ao coração.
São discípulos que esqueceram suas origens, olvidando o carinho das mãos dedicadas
que lhes guiaram os passos vacilantes do princípio.
Querem fenômenos e prosélitos.”
“É certo que ninguém poderá excluir as características cientificas no exame
transcendente do intercâmbio entre os vivos da Terra e os vivos do Infinito. Toda indagação
séria é justa e toda análise conscienciosa produzirá os frutos doces da verdade.
A grande questão de todos os tempos não é propriamente a de conhecer, mas a de
entender a finalidade do conhecimento.
O Espiritismo constitui a porta da esperança para um mundo melhor, Seus fenômenos
representam chamamentos comuns para urna compreensão mais elevada dos valores da vida.
(...) Sua expressão religiosa com o Cristo tem no Evangelho os primórdios eternos. Nada
poderá realizar de substancialmente útil, sem aquele Divino Amigo dos homens.”
“A realização cristã, que é o primeiro programa do Espiritismo santificante, não se
conquista tão só com as rotulagens cientificas e deduções filosóficas, mais ou menos
brilhantes.
A inquietação tem sido um mal de todos os séculos.
De nossos núcleos, temos de afirmar que, sem a sintonia com o Cristo, qualquer
edificação será inútil.”
O Espiritismo com Jesus representa “um socorro do Céu, uma ressurreição das coisas
mortas e esquecidas. E uma nova floração do pensamento do Mestre, aformoseada,
enriquecida, restituída à plena luz pelos cuidados dos Espíritos celestes”.
Ao concluir o último roteiro deste Programa da Campanha de Estudo Sistematizado da
Doutrina Espírita, fica-nos a certeza de que ser espírita, na legitima acepção do termo, é ser
cristão, entendendo e vivenciando os ensinos de Jesus.
E neste instante, recordamos quão sábias e atuais são as palavras de O Espírito de
Verdade:
– “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo. No
Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se
enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: “Irmãos! nada
perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade15.”
Fontes de consulta
1. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Prefacio, Pág. 23.O Cristo
Consolador, pág. 130, cap. VI, item 05. FEB, 1995.
2. Léon Denis. Cristianismo e Espiritismo. Renovação. FEB, 1978. pág. 256.
15
Impiedade - 1 Qualidade de ímpio. 2 Falta de piedade. 3 Ato ou expressão ímpia. 4
Irreligiosidade, descrença. 5 Crueldade, desumanidade.
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3. Divaldo Pereira Franco. Seara do Bem. Por diversos Espíritos. Salvador, BA.
Alvorada, 1984.. Vitória do Espiritismo, pág 90 e 91. Jesus e Kardec sempre, pág 95 a 97.
4. Divaldo Pereira Franco. Sementes de Vida Eterna. Por diversos Espíritos.
Grandeza do Espiritismo. Alvorada, 1978. pág. 113.
5. Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Pelo Espírito de Emmanuel. Espiritismo.
Fé. FEB, 1995. Questão 352, pág 199.
6. Francisco Cândido Xavier. Dicionário da Alma. Por diversos autores. Espiritismo.
FEB, 1979, pág 149.
7. Francisco Cândido Xavier. Palavras de Emmanuel. Por Emmanuel. Espiritismo –
Espiritualismo e Evangelho. FEB, 1978.Pág. 84.
8. Francisco Cândido Xavier. Pontos e Contos. Pelo Espírito Irmão X. Espiritismo
cientifico apenas? 1979. Pág. 141 a 144.
57
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