CARACTERIZACÃO FÍSICA DE COMPONENTES DE SUBSTRATOS E MISTURAS1 Angélica Rossana Castro de Souza2, Rafael Camargo Ferraz3, Marcia Xavier Peiter4, Adroaldo Dias Robaina³, Natalia Texeira Schwab¹, Maurício Neuhaus¹, Gessiana Raquel Castro De Souza¹ INTRODUÇÃO Com o crescente consumo de flores e plantas ornamentais de vaso, torna-se necessário encontrar elementos alternativos para substratos, a fim de reduzir os custos da produção. Sabe-se que no Brasil há vários materiais com potencial para exercer a função de substrato, entretanto, a falta de avaliações e informações limitam sua exploração. No entanto, o substrato deve garantir por meio de sua fase sólida a manutenção mecânica do sistema radicular, assegurando um balanço correto de água-ar estabelecendo na fase líquida o suprimento de água e nutrientes, sendo que a caracterização física dos substratos permite a análise desses componentes. OBJETIVOS Avaliar a potencialidade de diferentes misturas de materiais orgânicos como uma alternativa na composição de substratos para produção comercial de plantas de vaso, reduzindo o custo de produção e permitindo a utilização de subprodutos da agroindústria. MÉTODOS Foram testados substratos compostos por casca de arroz carbonizada, cinzas de casca de arroz, matéria orgânica doméstica decomposta, esterco bovino e esterco de aves, utilizando-se o critério volume por volume, nas seguintes proporções: a) materiais puros: T1- (CAC)= 100% volume de casca de arroz carbonizada, T2- (CZ) = 100% volume de casca de arroz queimada (transformada em cinza),T3- (EB)= 100% volume de esterco 1 Resumo expandido apresentado no VII ENSub, 15 - 18 de setembro de 2010, Goiânia, Goiás Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Laboratório de Hidráulica, CAPES. 3 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Laboratório de Hidráulica, CNPQ 4 Professor Departamento de Engenharia Rural, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2 2 bovino, T4- (MO)= 100% volume matéria orgânica doméstica decomposta; b) misturas: T5- (CAC + EB)= 60% volume de casca de arroz queimada (transformada em cinza) + 40% de volume de esterco bovino, T6- (MO + EA) = 70% volume matéria orgânica doméstica decomposta + 30% volume de esterco avícola, T7- (CZ + EB) = 60% volume de casca de arroz queimada (transformada em cinza) + 40% volume de esterco bovino, T8(CAC + EA) = 70% volume de casca de arroz queimada (transformada em cinza) + 30% volume de esterco avícola, T9- (CAC + MO) = 50% volume de casca de arroz queimada (transformada em cinza) +50% volume matéria orgânica doméstica decomposta, T10- (MO + EB) = 50% volume matéria orgânica doméstica decomposta + 50% volume de esterco bovino. Foi realizada a caracterização física dos materiais e misturas através das seguintes análises: densidade do substrato (DS), relação poros/sólidos (P/S), espaço de aeração (EA) e retenção de água (CRA), para os diferentes substratos. As quantificações foram desenvolvidas de acordo com metodologia proposta por KÄMPF et al (2006). RESULTADOS Na Tabela 1 são apresentados os resultados das análises físicas realizadas nos diferentes tratamentos. Tabela 1 - Características físicas dos materiais e das misturas formuladas com a finalidade de uso para plantas cultivadas em vaso. Tratamentos DS* EA CRA P/S -1 g.l %volume ml T1 213,6 25,0 502,0 3,0 T2 228,7 26,0 860,0 1,5 T3 739,3 4,0 413,0 0,6 T4 935,2 7,0 574,0 1,0 T5 451,2 29,0 261,0 1,2 T6 836,3 3,0 428,0 0,7 T7 575,0 8,0 627,0 1,2 T8 233,6 33,0 371,0 2,3 T9 479,0 17,0 425,0 1,5 T10 860,5 19,0 400,0 0,3 3 *DS = densidade do substrato seco; EA = espaço de aeração; CRA = capacidade de retenção de água; P/S = relação volume de poros/volume de sólidos. Sabe-se que a densidade do substrato considerada ideal para o pleno desenvolvimento da planta é entre 400 e 500 g.l-1. Espaço de aeração os valores ideais são próximos a 30%. Os valores idéias para a capacidade de retenção de água são os maiores, considerando a importância desta característica na freqüência de irrigação, uma vez que esta depende da presença e do tamanho dos poros do substrato. As matérias primas indicadas para uso na composição de substratos a relação P/S deve-se encontrar geralmente acima de 3. Quando se realiza a mistura com predominância de casca de arroz carbonizada como matéria prima (T8), resulta na elevação da relação entre o volume de poros e sólidos, em comparação aos demais tratamentos. CONCLUSÃO As misturas 60% volume de casca de arroz carbonizada + 40% de volume de esterco bovino e 50% volume de casca de arroz carbonizada +50% volume matéria orgânica apresentaram melhores resultados em relação a densidade. Os materiais alternativos constituídos por 70% volume de casca de arroz carbonizada + 30% volume de esterco avícola, 60% volume de casca de arroz carbonizada + 40% de volume de esterco bovino, 100% volume de casca de arroz carbonizada, 100% volume de cinza de casca de arroz apresentaram resultados consideráveis para o espaço de aeração. Para a capacidade de retenção de água os substratos 100% volume de cinza de casca de arroz, 60% volume de casca de arroz carbonizada + 40% de volume de esterco bovino, 100% volume matéria orgânica e 100% volume de casca de arroz carbonizada, apresentam valores ideais.