NÚMERO II - DEZEMBRO
DE
2002 - FEVEREIRO
DE
Apoio:
2003
Informativo
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ÁGUA PARA A VIDA
MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS DE VÁRZEA NA AMAZÔNIA (PA)
Lagos manejados são até 60% mais produtivos
U
Foto: Edward Parker/WWF
e no inverno de 2001, somando um
ma pesquisa inédita feitotal de 250 famílias de pescadores.
ta com pescadores na região
Nos lagos manejados, a produtide Santarém, no Pará, convidade média, por ano, foi de 41 quilos
cluiu que um lago manejade peixe por hectare. Nos lagos sem
do pode ser até 60% mais produtivo
manejo, de 26 quilos por hectare.
do que um lago explorado sem maneCom as técnicas de manejo, os
jo. O estudo envolveu as comunidades
pescadores já conseguiram estabilizar
da região do Baixo Amazonas, onde
o estoque pesqueiro da região, segunatua o projeto Várzea – Manejo dos
do o coordenador da Ecorregião Rio
Recursos Naturais de Várzea na AmaAmazonas e Florestas Inundáveis do
zônia, desenvolvido pelo Instituto de
WWF-Brasil, Antonio Oviedo, de 38
Pesquisa Ambiental da Am azônia (IPAM)
anos. “Mas ainda há registros de
em parceria com o WWF-Brasil.
sobrepesca de pirarucu e tambaqui”,
“Um grande esforço tem sido feito
alertou Oviedo.
para manejar lagos na várzea do AmaComunidades da região de Santarém
Agora, o grande desafio é comerzonas, mas não há estudos que moscializar a produção. Este ano comunidades de Santarém fecharam o
trem os resultados desse tipo de ação para os recursos naturais. Na
primeiro contrato para venda de pirarucu manejado por um preço difepesquisa queríamos avaliar se o manejo estava realmente trazendo
renciado. A empresa Pescaves pagou R$ 2,70 por quilo de peixe inteibenefícios para os pescadores em termos de produtividade”, disse
ro, enquanto o peixe sem manejo foi vendido por R$ 2,00 o quilo. “A
Oriana Trindade de Almeida, de 41 anos, coordenadora do programa
idéia é procurar ‘mercados verdes’, que valorizam o peixe oriundo de
de pesca comercial do Projeto Várzea e uma das autoras do trabalho.
lagos manejados ”, disse Marcelo Crossa Martinelli, 42 anos, consulOriana comparou a produtividade de 18 comunidades - 9 que prator do Projeto Várzea. “Nos grandes mercados, como Brasília e as
ticam o manejo dos lagos, 9 que praticam a pesca tradicional. Em cada
capitais do Sudeste, o preço por quilo chega a R$ 7, R$ 9.”
comunidade, foram entrevistadas cerca de 15 famílias, no verão de 2000
Um ano para salvar a água
o Ano Internacional da Água Doce.
2003 será
Foi decretado pela Organização das Nações Unidas, que encoraja suas agências, os Estados
Membro e qualquer outro interessado a aproveitar
o ano para aumentar a consciência quanto à importância da água doce e promover ações nos níveis
internacional, regional, nacional e local.
O Programa Água Para a Vida já atendeu ao chamado. Quer aproveitar ao
máximo a oportunidade para estabelecer canais de comunicação e mobilização junto à sociedade.
O Ano Internacional da Água Doce coincide com duas campanhas previstas no Programa Água Para a Vida: uma no Distrito
Federal e outra de alcance nacional. Ambas
vão estimular a redução do consumo de água
pela população em geral, modificando comportamentos e revertendo a falsa idéia - generalizada
- de que a água é um recurso inesgotável.
“É um momento importante para sensibilizar
a sociedade para melhor uso do recurso aquático”, disse o coordenador do Programa Água Para a Vida, Samuel Barrêto, de 36 anos.
O ano de 2003 também será de mudanças no cenário político.
O novo presidente assume com a necessidade e perspectiva de crescimento econômico. Diante disso, é preciso entender que modelo de
crescimento econômico se pretende implantar. Se é um modelo tradicional, que só traz benefícios para uma pequena parcela da sociedade, além de danos ao meio ambiente, ou se é um modelo de crescimento inovador, que incorpora a temática ambiental nas políticas
setoriais, como transporte, habitação e energia. O fator ambiental
pode agregar valor nas transações comerciais, gerar empregos e
promover o uso mais eficiente dos recursos naturais.
O modelo adotado vai pautar o desenho do Plano Pluri-Anual
(PPA) de investimentos do Governo Federal. Ele pode resultar em
mais ou menos danos ao meio ambiente. O Programa Água Para a
Vida dará especial atenção às hidrelétricas, hidrovias e estradas,
obras de grande impacto sobre a qualidade e a quantidade de água.
“Temos grandes expectativas para o Ano Internacional da Água
Doce, que poderá motivar a sociedade na proteção desse recurso
vital e garantir o acesso à água de boa qualidade a milhões de
brasileiros hoje excluídos desse serviço.”
Wamore Dias Carneiro/WWF
GESTÃO DA BACIA DO RIO SÃO JOÃO (RJ)
Consórcio do Rio usa rádio
e TV para proteger a água
Descerramento da placa na nova sede do Conágua
GESTÃO DA BACIA DO ALTO TOCANTINS (GO)
Em Goiás, a meta é
criar Comitê de Bacia
No dia 8 de novembro foi inaugurada a nova sede do Consórcio
Intermunicipal de Usuários de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do
Alto Tocantins (Conágua Alto Tocantins), em Alto Paraíso, Goiás. O Consórcio reparte as instalações do Escritório Chapada dos Veadeiros do
WWF-Brasil.
“Com a nova sede temos condições técnicas e operacionais para
promover, a partir do consórcio, um maior engajamento e a total inserção
da comunidade no processo de desenvolvimento sustentável da região”,
disse o presidente do Conágua Alto Tocantins, Joaquim Pires, que também
é prefeito de Minaçu, um dos municípios que já se associou ao consórcio.
O Conágua foi constituído em 2001 para promover o desenvolvimento sustentável a partir do uso eficiente dos recursos naturais, em
especial a água. A meta agora é criar o Comitê de Bacia, estabelecido
pela lei que instituiu a política nacional de recursos hídricos (Lei 9.433/
97), para gerenciar a água de forma descentralizada, integrada e com a
participação da sociedade.
A Bacia do Alto Tocantins, de quase 55 mil km2, estende-se por 20
municípios dos Estados de Goiás e Tocantins e três regiões administrativas
do Distrito Federal. O apoio ao Consórcio é uma das ações do projeto
“Gestão da Bacia do Alto Tocantins”, que o Programa Água Para a Vida
desenvolve em parceria com a Ecodata.
“Todos nós dividimos a responsabilidade de garantir a boa qualidade
da água”, disse Donizete Tokarski, coordenador-geral do Consórcio e
diretor presidente da Ecodata. “O Conágua é o mediador desse processo
ao facilitar a comunicação e chancelar as articulações.”
Está no ar no Rio de Janeiro, na região dos Lagos, a campanha
“Viva o São João”. São seis spots para o rádio e três vinhetas para a TV
chamando a atenção de residentes e turistas para a Bacia Hidrográfica
do Rio São João, suas áreas degradas e a necessidade de conservar
água e floresta na região. A campanha é parte do projeto “Gestão da
Bacia do Rio São João”, que o WWF-Brasil desenvolve em parceria
com o Consórcio Intermunicipal Lagos São João e a Associação MicoLeão-Dourado. O projeto, por sua vez, é parte do Programa Água Para
a Vida, desenvolvido com o apoio do Grupo HSBC.
O diretor de Relações Institucionais do HSBC, Hélio Duarte, e o
gerente de Relações Públicas e Responsabilidade Social, Marcos César
Moura da Silva, visitaram a região e assistiram ao lançamento da campanha, no dia 24 de outubro. Eles também participaram da inauguração das novas instalações do Laboratório Físico-Químico da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) – Agência
Regional das Baixadas Litorâneas. O presidente da FEEMA, Paulo
Coutinho, o Secretário Geral do WWF-Brasil, Garo Batmanian, e o
coordenador do Programa Água Para a Vida, Samuel Barrêto, também
estiveram no evento.
“A visita à região da bacia do Rio São João foi muito mais que uma
oportunidade de conhecer de perto um dos projetos que o HSBC apóia
em parceria com o WWF. Foi uma chance de nós também aprendermos
muito mais sobre preservação e uso consciente de nossos recursos
hídricos”, disse Duarte. “Além disso, é importante destacar o alto nível
de envolvimento e comprometimento dos diversos parceiros locais
com os projetos apoiados e com os benefícios para a região.”
O laboratório da FEEMA realiza desde junho de 1999 análises bacteriológicas e emite mensalmente relatórios de balneabilidade das praias
da região. Agora poderá fazer também exames físico-químicos para o
monitoramento do São João e de todos os corpos hídricos da região.
“Todo ano, quando chove muito, há grande mortandade de peixes
na parte baixa do Rio São João. Até agora não tínhamos como monitorar
a água e saber o que está acontecendo nesse rio”, disse o secretário
execut ivo do Consórcio, Luiz Firmino Pereira, 37 anos. “Por aí já se
pode ter uma idéia da importância de ter o laboratório.”
O Projeto Lagos do São João contará ainda com um livro, um mapa
e um CD-ROM sobre a Bacia, além de um documentário, para apoiar o
trabalho de educação ambiental junto às comunidades ribeirinhas, vizinhas das nascentes, e à população abastecida pela águas do São João.
ECOTURISMO E MANEJO DA VÁRZEA EM SILVES (AM)
Caravana Mergulhão revisita comunidades da Amazônia
O WWF-Brasil e a Associação de Silves pela Preservação Ambiental
e Cultural (ASPAC) retomaram em novembro a Caravana Mergulhão
na região de Silves, a 300 km de Manaus. Até maio de 2003 equipes
multidisciplinares e multitemáticas percorrerão 13 comunidades ribeirinhas em torno do lago de Silves. Com elas, os integrantes da Caravana vão desenvolver atividades de educação ambiental e discutir alternativas econômicas viáveis, além de coletar informações sócioambientais que permitam identificar problemas e soluções possíveis.
A Caravana Mergulhão é uma das ações do projeto “Ecoturismo e
Manejo da Várzea em Silves”. As equipes itinerantes pretendem estimular a articulação das comunidades para que elas tomem decisões sobre
diversos temas de interesse local - principalmente pesca, qualidade da
água, agricultura, pecuária, ecoturismo e lixo. Para incentivar o debate, a
Caravana realiza palestras, jogos e atividades ligadas às artes.
Implementada pela primeira vez em 1999, com ênfase em educação ambiental, a idéia da Caravana havia sido abandonada por falta de
recursos. Agora foi retomada com a participação dos programas do
WWF-Brasil Água Para a Vida e de Educação Ambiental, que se aliaram
no projeto aos programas Amazônia e de Turismo e Meio Ambiente.
“As comunidades precisam discutir os problemas e resolvê-los em
parceria”, disse Bento dos Santos, 44 anos, coordenador da ASPAC. “A
Caravana é uma grande oportunidade. Foi muito importante retomá-la.”
Água Para a Vida é uma publicação trimestral do WWF-Brasil • Endereço: SHIS QL 06/08 Conjunto E 2º andar, Brasília-DF CEP: 71620-430 • Telefone: (0xx61) 3647400 • Fax: (0xx61) 364-7474 • Internet: http://www.wwf.org.br. • E-mail: [email protected] • Coordenação do Programa Água Para a Vida: Samuel Barrêto • Jornalista
responsável: Ulisses Lacava (Reg. 1451/08/66v/DF) • Edição: Rebeca Kritsch • Projeto gráfico e editoração: André Ramos • Este informativo foi confeccionado em
papel Reciclato,100% reciclado.
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