Comportamento | Para neurologista, se o objetivo é ser
feliz, é necessário estar rodeado de pessoas alegres
PARA A NEUROCIÊNCIA
A felicidade, sob o ponto de vista biológico, é um estado
mental emocional de caráter positivo. Por meio de pesquisas,
neurocientistas estão tentando entender o funcionamento
das bases neurais nessa situação e, entre as respostas que já
temos, é que, quando estamos felizes, são ativados a amígdala,
uma estrutura primitiva na região profunda do cérebro, a região
medial frontal e o lobo temporal. O caminho é bem diferente de
outras sensações, como o nojo e o medo, que acionam inicialmente
a amígdala, mas depois ativam conexões mais sensoriais e motoras
do cérebro, respectivamente. Isso nos mostra que a felicidade é
uma modalidade emocional complexa e requer interpretação.
Comprar é algo que, realmente, faz as pessoas felizes, mas estudos
recentes afirmam que a felicidade é maior quando se compra
coisas para presentear alguém do que para si mesmo. É um aspecto
multiplicador, ou seja, ao ver a pessoa contente, a felicidade volta
para si. Estudando o cérebro, identificamos que felicidade não é
permanente, é dinâmica, e muito influenciada pelo meio. Não dá
para estar feliz num ambiente triste. Se o objetivo é ser feliz, é
preciso se cercar de pessoas alegres.”
CÉSAR RODRIGUES/AAN
“
Li Li Min, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp)
PARA A ECONOMIA
Os economistas trabalhavam com a hipótese de que a
vida monetária era a representação do bem-estar humano
até que passaram a comparar o avanço de indicadores
objetivos, como padrão de consumo e segurança, e depois estes
com indicadores subjetivos, ou seja, como as pessoas percebem
o mundo em que vivem e a condição atual de vida. A grande
descoberta é que essa ligação não é linear. Até certo ponto, à
medida em que a renda das pessoas aumenta, elas são mais felizes.
No entanto, a partir de um determinado valor (US$ 18 mil ao ano),
isso não faz mais diferença no quesito felicidade.
Outro estudo feito com ganhadores de loterias mostrou que,
enquanto melhora a condição social, eles são mais felizes, mas,
após a adaptação à nova vida, o sentimento não se sustenta.
Sabemos que a variável econômica que mais impacta o bemestar é o emprego e, no Brasil, o crescimento do nível de emprego
está diretamente ligado à melhor posição do País no relatório
de felicidade da ONU. A proporção de brasileiros felizes é alta e
isso é fruto tanto do crescimento de nossa economia como da
intensidade dos investimentos em relações pessoais, que é uma
questão cultural.”
Eduardo Giannetti, pesquisador e professor do Instituto de Ensino
e Pesquisa (Insper), de São Paulo, e autor do livro Felicidade
– Diálogos Sobre o Bem-estar da Civilização, da Companhia das
Letras „
24 metrópole campinas 23/12/12
BEL PEDROSA / DIVULGAÇÃO
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