Central de Cases FABIANO GOMES – CENTRO DE CULTURA E BEM-ESTAR: a construção de um conceito de luxo em serviço de Yôga www.espm.br/centraldecases Central de Cases FABIANO GOMES – CENTRO DE CULTURA E BEM-ESTAR: a construção de um conceito de luxo em serviço de Yôga Preparado pela Profª Ani Mari Hartz Born, da ESPM-RS. Recomendado para as disciplinas de: Marketing, Marcas e Serviços. Este caso exemplo foi escrito inteiramente a partir de informações cedidas pela empresa e outras fontes mencionadas no tópico “Referências”. Não é intenção do(s) autor(es) avaliar ou julgar o movimento estratégico da empresa em questão. Este texto é destinado exclusivamente ao estudo e discussão acadêmica, sendo vedada a sua utilização ou reprodução em qualquer outra forma. A violação aos direitos autorais sujeitará o infrator às penalidades da lei. Direitos Reservados ESPM. Abril 2010 www.espm.br/centraldecases RESUMO Desde a indicação de um amigo até um negócio profissional, este estudo de caso revela a trajetória da escola de Yôga Fabiano Gomes, localizada no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Inicialmente apresenta os cinco anos de Fabiano Gomes antes da escola de Yôga, o mercado de Yôga no Brasil e o método DeRose. O caso ainda destaca algumas decisões fundamentais no processo de construção da marca, focada no mercado de luxo e o desenvolvimento desde a inauguração da escola aos dias atuais. PALAVRAS-CHAVE Serviços, marca. ABSTRACT Since the indication of a friend until a professional business, this case study reveals the trajectory of the school of yoga Fabiano Gomes, located in the Moinhos de Vento in Porto Alegre/RS/Brazil. Initially presents five years of Fabiano Gomes before school yoga, the yoga market in Brazil and the DeRose method. The case also detaches some key decisions in the process of building of the mark focus in the luxuriousness market and development since the inauguration of the school. KEYWORDS Services, mark. | Central de Cases 3 SUMÁRIO Cinco anos antes da escola de Yôga....................................................... 5 O mercado de Yôga e o método DeRose....................................... 5 Algumas decisões fundamentais.................................................... 6 Da inauguração aos dias atuais............................................................... 8 A segunda reforma.......................................................................... 9 Questões para discussão....................................................................... 13 Referências............................................................................................. 13 | Central de Cases 4 Cinco anos antes da escola de Yôga Aos 17 anos, como grande parte dos jovens, Fabiano Gomes escolhia o curso que iria estudar na faculdade e não tinha dúvidas: Artes Cênicas. Mas seu pai, Fábio Gomes, advogado, aconselhou-o a cursar Direito. Então Fabiano começou a cursar Direito e, no segundo semestre, já estava estagiando em um escritório; mas no quarto semestre resolveu também cursar Psicologia, pois não estava muito satisfeito com a Advocacia. “Eram 47 créditos de aula por semana”, lembra Fabiano. Em 1999, Fabiano formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), trancou a faculdade de Psicologia e no ano seguinte foi morar em Munique, na Alemanha. Três meses depois, um amigo, Duilio Berni, foi morar na Itália e Fabiano aproveitou as férias para visitar seu amigo. Duilio lhe contou que estava fazendo um “negócio muito legal” lá em Porto Alegre e achava que combinava com Fabiano. “Mas o que é?” perguntou Fabiano. E Duilio respondeu: “Eu tô fazendo Yôga em uma escola na Quintino”. Sabendo apenas que Yôga se tratava de uma filosofia de vida e que essa palavra significava “união”, Fabiano comentou: “Ah, sei, eu sempre passo por lá e até já me deu vontade de parar, mas eu não sei por que nunca parei”. O amigo insistiu: “Quando retornares, vai lá, vai lá, que acho que tu vais gostar, diz que fui eu que te indiquei, que o pessoal é meio chato, pois sem indicação talvez tu não entres”. Ao retornar da Alemanha, Fabiano retomou a Advocacia e o curso de Psicologia; além disso, foi imediatamente visitar o local da prática de Yôga e logo se inscreveu. “Fui lá porque foi indicação de um cara que eu considero muito, valorizei bastante a opinião dele”. Começou a praticar mais e mais e a gostar mais e mais. Ele descobriu um universo que não imaginava: “Eu achava que Yôga era só trabalho físico, mas é uma tecnologia do desenvolvimento humano das mais antigas, de cinco mil anos. E eu falei pra mim: bom, eu acho que é com isso que eu quero trabalhar”. Então decidiu entender o mercado de Yôga no Brasil e estudar com mais profundidade o método DeRose, tornando-se instrutor, em 2003, pela Universidade Estácio de Sá e pela Universidade de Yôga. O mercado de Yôga e o método DeRose Naquela época, existiam apenas três escolas de Yôga em Porto Alegre e nenhuma no Rio Grande do Sul que trabalhasse com foco no mercado de luxo, o qual Fabiano pretendia explorar. Em São Paulo, nos Jardins, estava sendo inaugurado o “DeRose Concept” com essa proposta, mas não durou muito tempo. No Rio de Janeiro, mais especificamente no Jockey Clube da Gávea, abriu o Espaço Nirvana, que trabalha desde então com o conceito de centro de bem-estar e com um público diferenciado. Hoje, segundo a União Nacional de Yôga, no Brasil há duzentas escolas, estando onze no Rio Grande do Sul e seis delas em Porto Alegre, com os seguintes nomes: Unidade Moinhos, Unidade Bela Vista, Unidade Mont Serrat, Unidade Rio Branco, Unidade Zona Sul e Unidade Fabiano Gomes. O número de praticantes brasileiros gira em torno de cinquenta mil alunos, sendo cerca de mil e quinhentos praticantes (credenciados) no Estado gaúcho e setecentos na capital. Além disso, estima-se que haja o dobro de pessoas praticando o método em academias e personal (UNI-YÔGA, 2010). DeRose é “um escritor especializado em filosofia oriental que se dedica a es- | Central de Cases 5 crever sobre vários temas: comportamento, ficção, boas maneiras, contos, gastronomia, biografia, filosofia, história, etc. Conta com mais de vinte livros escritos, publicados em vários países e mais de um milhão de exemplares vendidos” (UNI-YÔGA, 2010). O seu método propõe uma reeducação comportamental, enfatizando a boa qualidade de vida, boas maneiras, boas relações humanas, boa cultura, boa alimentação e boa forma (UNI-YÔGA, 2010). Hoje existem cinco níveis de filiação das escolas ao método DeRose: - Correspondente: pode ser de qualquer linha e não tem compra de material minima, mas tem 10% de desconto em livros; - Simpatizante: tem de ser instrutor formado sem compra mínima de material e com 20% de desconto em livros; - Agregada: instrutor revalidado anualmente, 30% de desconto; - Credenciada: representante efetivo do método com 50% de desconto em livros e uma compra mínima por mês (utiliza-se placa Uni-Yôga para divulgação); - Certificada: credenciada com autorização de usar a placa do método DeRose que representa o mais alto padrão de escola. Essa categoria é algo recente, cerca de cinco meses, pois os níveis das escolas estavam ficando muito diferenciados. Para obter o nível certificada, a escola deve cumprir alguns critérios como, por exemplo, ter uma estrutura mínima e ter cerca de 150 alunos, ou seja, um conjunto de requisitos para poder utilizar a marca do método DeRose. Aqueles que não têm esse requisito utilizam apenas a placa Uni-Yôga. Para o futuro, Fabiano já pensa em uma proposta: mais adiante ter um nível mais alto, algo como “Método DeRose Prime”. Figura 1 - Mestre DeRose Algumas decisões fundamentais Enquanto isso, nesses dois anos em que praticava Yôga, também estava muito envolvido na área de comércio exterior, pois havia aberto um departamento de comércio exterior no escritório, uma vez que falava quatro línguas. Mas quando resolveu investir no Yôga, mesmo não sabendo bem como fazer, falou para o pessoal que não poderia participar desse projeto. Dessa forma, começou a lecionar Yôga na escola onde fazia aula. No início, Fabiano lembra que, quando começou, a escola tinha 45 alunos e que, logo em seguida, conseguiu montar um grupo adequado para trabalhar, e com isso a escola triplicou o número de alunos. Com base no conhecimento adquirido, decidiu criar a sua própria escola. Fabiano revela: “A ideia era essa: mergulhar na escola e ver o que acontecia, até em termos de rendimento para ver seu eu conseguiria viver bem. Em cima desse número, eu montei meu plano de negócios e, já pensando em trabalhar no bairro Moinhos, peguei esses números e apresentei para o meu pai. Eu tinha recebido alguma coisa de herança da minha mãe e ele iria me ajudar a viabilizar o negócio. Ele me encheu de perguntas que eu não sabia responder, e eu voltava, buscava as respostas e apresentava novamente até chegar ao final da discussão”. | Central de Cases 6 Depois dessa primeira decisão, veio a segunda: escolher as pessoas com quem iria trabalhar. Para isso, estabeleceu alguns critérios: seu círculo de amizades, ter no mínimo o 2º grau completo, ter conhecimentos culturais (comportamento, valores...) e também “pessoas que tivessem fogo nos olhos para trabalhar”, enfatiza Fabiano. Todos os livros que ele tinha estudado como, por exemplo, “Empresas Feitas para Vencer”, de Jim Collins, sua equipe também foi estudar. “Todo domingo de noite a gente se reunia na minha casa, fazia um sopão e ia conversar. Cada um levava meia dúzia de legumes, até porque eu queria que todo mundo se sentisse parte do negócio, e foi o que efetivamente aconteceu”, resume Fabiano. Paralelamente, Fabiano tentava comprar uma casa de quinhentos metros quadrados para estabelecer seu novo negócio. Levou seis meses para conseguir comprar a casa (em dezembro de 2004) na Rua Luciana de Abreu, 115, em Porto Alegre, e investiu R$ 800 mil reais. “Essa casa estava enrolada, era para advogado comprar. E depois ainda tive que tirar o DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto), porque eles estavam alugando, e a prefeitura tinha recentemente se mudado (saiu o PT e entrou o Fogaça)”. No dia seguinte à compra, recebeu um telefonema oferecendo um milhão de reais, mas recusou a proposta e percebeu o quanto valeu “desenrolá-la”. E por isso investiu ainda R$ 100 mil reais para reformá-la. Ele lembra: “Vendi apartamento, carro, vacas... vendi tudo o que eu tinha. O que dava para vender eu vendia e consegui dar uma ajeitada na casa. Não comprei nenhum móvel que tem aqui dentro, tudo eu consegui”. Nos cinco meses seguintes, período de duração da reforma, Fabiano tentava decidir o nome da escola. Para escolher o nome da escola, Fabiano revela que foi difícil, pois a política da União Nacional de Yôga, à qual é vinculado, permitia utilizar somente o nome bairro onde a escola estava localizada. Porém a escola, localizada na Rua Quintino Bocaiúva, já utilizava o nome Uni-Yôga Moinhos e estava no mercado há treze anos. Após inúmeras discussões com sua equipe, resolveu adotar o nome da rua de sua escola, ficando da seguinte forma: Uni-Yôga Luciana de Abreu. Utilizando o logotipo padrão e abaixo o nome da escola. Figura 2 - Fachada atual da escola de Yôga Figura 3 - Primeira marca da escola | Central de Cases 7 Da inauguração aos dias atuais Antes de iniciar as atividades da escola de Yôga, Fabiano passou a frequentar o bairro Moinhos de Vento, pois mora no bairro Bela Vista. Normalmente fazia reuniões nas cafeterias e aproveitava para conversar com o proprietário e empregados, deixando seu cartão de visitas. Além disso, contratou um assessor de imprensa para o período de um ano a fim de gerar publicidade, pois não queria investir em propaganda. Poucos dias antes de inaugurar a escola de Yôga, Fabiano recebeu o telefonema de Márcia Zaffari, colunista do caderno RSVIP do jornal Zero Hora, dizendo que gostaria de fotografar algo diferente com ele na praia. Então, “fui fotografado de roupa de banho fazendo uma posição de Yôga bem difícil na beira do mar”, revela Fabiano. No dia seguinte, recebeu inúmeros telefonemas; eram os amigos comentando sobre a coluna, sendo que em uma foto estava a esposa do governador Rigotto e, na outra, ele com informação sobre a sua formação acadêmica e que estava abrindo uma escola de Yôga. “Até hoje o pessoal lembra disso, e foi fundamental”, comenta Fabiano. Figura 4 - Primeira divulgação da escola de Yôga Inauguraram a escola de Yôga no dia 1º de agosto de 2005 com uma grande festa, divulgada nas colunas RSVIP e Informe Econômico do jornal Zero Hora. A equipe estava muito motivada. A escola iniciou com cerca de quarenta alunos. Segundo Fabiano, desde o primeiro mês ela está no “azul”, não o investidor, mas sim o empreendimento. Ele revela: “Nunca tive que tirar dinheiro do meu bolso para pagar despesa. Às vezes não sobrava muito, mas sobrava”. O modelo de remuneração adotado na escola foi elaborado da seguinte forma: 40% da receita era para o investidor da escola e 60% para os instrutores. Toda receita era compartilhada por todos, independentemente de sua origem (personal, cursos, palestras...) e cada um ganhava percentualmente em cima do que gerava. Um ano após, atingiram o número de cem alunos. “Lembro até hoje quando o centésimo aluno entrou, foi no último dia de agosto”, recorda Fabiano. Esse resultado foi comemorado com uma festa de um ano, sendo registrada por quatro emissoras de televisão. Mesmo com bons resultados, a escola estava tendo um grande problema que precisaria ser imediatamente solucionado. Alguns achavam que o nome da escola Luciana de Abreu era o nome da proprietária. Pessoas ligavam e pediam para “falar com | Central de Cases 8 a Luciana” e isso acabou gerando confusão. Ciente, Fabiano comenta: “Na verdade, a gente não tinha uma identidade e nem sabia como chamar a escola”. Ficaram dois anos com esse nome e resolveram modificá-lo para o nome do real proprietário, Fabiano Gomes, com a utilização do logotipo padrão do método DeRose. Figura 5 Segunda marca da escola de Yôga Paralelamente, o relacionamento com alguns colegas estava ficando delicado. “Eu era exigente, tinha divergência na maneira de gerir o negócio; tudo bem fazer diferente, mas determinado colega não dava o resultado que eu queria, bastava me mostrar o resultado. Aí começou a gerar conflito, a fazer grupinhos”, revela Fabiano. A escola trabalha com esquema de metas e resultados e, segundo o investidor, existe confusão entre o conceito de trabalho versus resultado. Algumas falas surgiram, como por exemplo, “Mas eu trabalho um monte, devo ganhar mais”. Fabiano defendiase: “Se tu trabalhares 10 horas e teu resultado for pífio, o teu rendimento vai ser pífio. Mas se tu trabalhares duas horas e teu rendimento for bom, tu vais ganhar bem”. E seus colegas começaram a reivindicar um salário fixo, embora não fossem empregados, mas sim sócios, Fabiano não cedia. Com esse tipo de problema, o reflexo apareceu no número de alunos. Tiveram uma pequena redução, mas no segundo semestre do segundo ano conseguiram retomar. Mas uma coisa era certa: o “sobe-e-desce” de alunos estava ligado ao relacionamento entre colegas. E, para completar, Fabiano decidiu iniciar a segunda reforma na escola. A segunda reforma Em algum momento, Fabiano teria de fazer uma segunda reforma, porque o telhado estava comprometido, não tinha vestiário no banheiro, precisava refazer a parte elétrica e também a parte hidráulica. Mesmo certo de que não era o melhor momento financeiro da escola, pensou: “Acho que é melhor fazer a reforma agora com cento e poucos alunos do que esperar para estar com duzentos”. Primeiramente fez um orçamento da reforma, mas para fazer tudo o que ele gostaria, teria de investir trezentos e setenta mil reais. O problema é que não tinha esse dinheiro e precisaria de um empréstimo. Depois de inúmeros cálculos, percebeu que o mais importante era o quanto iria pagar de custo fixo para o banco. Então, se ele pegasse trezentos e cinquenta mil reais, o seu custo fixo seria de nove mil e quinhentos reais. E para conseguir pagar esse valor, sua receita e as outras depesas tinham de estar sempre projetadas e executadas corretamente, o que julgava difícil. Então decidiu elaborar duas listas com as devidas prioridades e solicitou empréstimo de duzentos mil reais ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Em dezembro de 2007, iniciou a segunda reforma. A casa estava destruída | Central de Cases 9 quando recebeu uma péssima notícia por telefone: o executivo do banco havia trancado o repasse da verba. “Lembro-me até hoje quando recebi a notícia, ficou tudo complicado, pois eu não tinha dinheiro nem para fazer a casa de novo e nem para continuar. Sorte que tinha um sofá para eu poder sentar enquanto todo mundo estava empolgado, trabalhando, sem saber de nada. Passei o Natal daquele ano no pronto-socorro, com infecção urinária”, recorda Fabiano. Após vários contatos que tinha em Brasília, somados a outros contatos do tempo em que advogava, no final de janeiro, Fabiano recebeu o valor do empréstimo, mas já tinha utilizado parte de sua reserva financeira. O saldo final da segunda reforma: gastou sessenta e sete mil reais a mais, tendo utilizado a reserva financeira da família. Teve uma queda no número de alunos durante os seis meses da reforma; não obtinham novos alunos, pois a casa estava sempre com barulho e suja. Mesmo antes de iniciar a reforma, Fabiano buscou vender essa ideia para os alunos, evidenciando as melhorias. Inclusive fez uma pesquisa para descobrir o que os alunos gostariam que melhorasse na infraestrutura. Algumas das sugestões não puderam ser atendidas, como por exemplo, um deck na frente da casa. Mas a casa ficou no padrão esperado por Fabiano. Figura 6 Ambientes da escola após a segunda reforma A reforma não foi somente estrutural, mas também da equipe, pois alguns instrutores saíram da escola. Fabiano resume: “na fortuna os nossos amigos nos conhecem e na pobreza nós conhecemos os nossos amigos”. Para reverter a situação, contrataram uma consultoria organizacional com o objetivo de realinhar a marca e o posicionamento. Nesse sentido, reformularam alguns cursos ofertados. Primeiramente trataram de reorganizar a equipe e revisar os valores e crenças essenciais. Posteriormente ajustaram a política de preços dentro dos padrões de mercado alinhados com a estrutura e serviços prestados. O plano mínimo anual de duas vezes por semana custava R$ 295,00 reais por mês, mas no fechamento forneciam 30% de desconto (valor para estudantes na época) para todos os que vinham no intuito de aumentar o número de alunos. Após a reforma, cortaram os descontos para estudantes para 20% e passaram a ser mais inflexíveis com os preços, apenas negociando no caso de pagamento de um plano anual à vista. Um ano e meio após a reforma, estavam com oitenta e quatro alunos e um faturamento superior a quando tinham cento e vinte alunos. Puderam realmente prestar um serviço diferenciado, primando por um trabalho personalizado com poucas pessoas em cada turma e um personal. Os cursos ofertados são: Pré-Yôga, Swásthya, Personal Yôga Training, aprofundamento filosófico e Yôga nas empresas. O Pré-Yôga é um estágio preliminar às aulas mais avançadas. Neste estágio há um incremento da saúde física antes do interessado ter acesso ao Yôga propriamente | Central de Cases 10 dito. Tem uma proposta descomplicada sem compromisso, sem sânscrito. Neste período o praticante vai trabalhar o organismo com efeitos imediatos intensos e de larga duração. A permanência nessa etapa é a mínima possível. SwáSthya, em sânscrito, significa autossuficiência. Também engloba os significados de saúde, bem-estar, conforto e satisfação. SwáSthya Yôga é o nome da sistematização do Yôga Antigo, Pré-Clássico, o Yôga mais completo do mundo. O único que possui regras de execução e que contém os elementos que fundamentam todas as outras modalidades de Yôga. Nessa etapa trabalham-se oito feixes de técnicas que visam desenvolver o praticante de maneira ampla e multilateral: físico, mental e emocional. O Personal Yôga Training constitui-se por um trabalho diferenciado, em que o acompanhamento personalizado do instrutor maximiza a evolução do praticante. O trabalho desenvolvido é direcionado para as necessidades e características de cada aluno, como consequência, os efeitos são potencializados. O Personal Yôga Training oferece ainda a possibilidade de as aulas serem realizadas na casa do praticante, com disponibilidade de horários diferenciada que contempla as necessidades das pessoas ocupadas. O aprofundamento filosófico visa aprofundar a vivência da prática do Yôga com ênfase em cada uma de suas partes. Durante as aulas, o praticante tem contato com a cultura e as origens do Yôga Antigo ou SwáSthya Yôga, ampliando o conhecimento no que se refere à filosofia que constitui o tripé do método: prática, teoria e tradição comportamental. O Yôga nas empresas utiliza-se de técnicas de Yôga para atingir as expectativas específicas de cada empresa e/ou de cada profissional. De maneira geral, esse trabalho visa minimizar o estresse, promover aumento da vitalidade, da concentração, melhora na administração do tempo com consequente aumento da produtividade. Além dessas ofertas, criaram a atual marca com o conceito de centro de cultura e bem-estar. O conceito foi inspirado na casa do saber de São Paulo, que é um lugar onde se estuda filosofia e história da arte. Gostariam que a casa fosse um lugar para estar, como uma extensão da própria casa, onde os praticantes, além das aulas, poderiam utilizar a infraestrutura e localização privilegiada para incrementar a cultura e a qualidade de vida. O símbolo da nova marca foi construído com base em sua assinatura, saindo do lugar comum das escolas de Yôga. A ideia surgiu baseada em grandes marcas que se diferenciam, colocando a assinatura de alguém vinculada. Assim, acreditam que podem acessar um público diferenciado, usando o networking de Fabiano e de sua família. Figura 7 - Terceira marca da escola de Yôga Após algum tempo de uso da terceira marca, passaram a utilizar um novo layout da marca, pois acreditavam que tem melhor legibilidade e visibilidade. Dessa forma, o manual de identidade visual está em desenvolvimento e a pretensão é finalizá-lo até agosto de 2010 para que possam fazer o lançamento oficial da marca na festa de cinco anos. | Central de Cases 11 Figura 8 - marca atual da escola de Yôga Fonte: Arquivo interno Quando modificaram o nome da escola de Luciana de Abreu para o nome do real proprietário, Fabiano Gomes, elaboraram a proposta de alteração e enviaram para a administração central juntamente com a proposta de uma nova fachada, que até então era laranja (a cor institucional). Quando perguntado sobre o motivo da cor laranja, Fabiano conta que há uma história de que uma vez o mestre DeRose perguntou a um professor de Yôga qual era a cor que ele menos achava que tinha a ver com a yoga, e ele disse laranja. Então ele utilizou a cor laranja para ser justamente o oposto daquela imagem de “coisa zen”. Com isso, atingiram o patamar financeiro dos cento e vinte alunos, mas hoje ainda não conseguiram retomar o mesmo número. Em dezembro de 2009, fecharam o ano com setenta e sete alunos. Mesmo não tendo o mesmo número de alunos, conseguiram atingir o mercado-alvo definido. Hoje, a escola tem um resultado financeiro maior do que quando tinham cento e vinte alunos. Após a segunda reforma, a política de preços mudou, e assim a mensalidade média passou de R$ 206,00 reais para R$ 295,00 reais. Nº de Alunos por meses/ano 120 114 105 109 100 99 100 90 80 84 77 71 Nº de Alunos por meses/ano 60 4 84 77 89 82 83 77 74 84 62 62 57 40 41 109 100J F M 96 A 85 84 85 83 88 87 83 87 77 74 J A S O N D 2005 2007 2008 2009 67 71 J 2006 85 84 70 M 96 90 62 57 M J A meta estipulada até dezembro de 2010 é obter cento e trinta alunos, através 40 de um trabalho41diferenciado das outras escolas. Para isso, estão desenvolvendo ações flyers, cartazes nos cafés e no Parcão, firmar parcerias com empresas J como: A distribuir S O N D no bairro, valorizar parceiros desenvolvendo eventos e inserindo na divulgação interna e externa da escola, ampliar networking participando de eventos, realizar telemarketing, elaborar blogs dos instrutores e postar vídeos no youtube. | Central de Cases 2005 2007 2008 2009 67 71 Fonte: Arquivo interno 2006 85 70 73 96 82 85 82 87 88 87 83 85 84 82 114 40 100 84 85 96 90 120 52 105 80 89 77 80 70 82 85 82 84 81 83 80 96 96 85 84 99 100 94 92 95 114 50 120 114 110 Figura 8 Desempenho da escola de Yôga Fabiano Gomes 12 Questões para discussão 1. Analisando o portfólio de produtos da escola Fabiano Gomes – Centro de Cultura e Bem-Estar, quais seriam as suas considerações? 2. Em sua opinião, as características da escola Fabiano Gomes – Centro de Cultura e Bem-Estar, tais como local diferenciado, infraestrutura ampla e o bom atendimento, são suficientes para justificar o preço da mensalidade? Por quê? 3. Levando em conta a literatura sobre marcas, você acredita que os elementos da marca utilizados estão adequados? Justifique e faça as devidas sugestões, caso necessário. 4. O que você pensa a respeito da ideia de Fabiano em sugerir o tipo de credenciamento “Método DeRose Prime”? Justifique sua resposta. 5. Fabiano comprou a casa para estabelecer seu negócio por 800 mil reais e no dia seguinte ofereceram 1 milhão de reais. Como você teria reagido a esta situação? 6. Se você fosse o gestor da escola, o que faria para atingir a meta de cento e trinta alunos até dezembro de 2010? Referências FABIANO Gomes. Disponível em: <http://www.centrofg.com.br/>. Acesso em 05 jan. 2010. UNI-YÔGA. Disponível em: <http://www.uni-yoga.org.br/uniyoga.php>. Acesso em 29 jan. 2010. | Central de Cases 13