CARLOS H. MARCONDES
Professor do Departamento de Ciência
da Informação da UFF e do Programa
de Pós-Graduação em Ciência da
Informação - PPGCI - IBICT/UFF.
Mestre e Doutor em Ciência da
Informação pela UFRJ/1BICT.
Pesquisador do CNPq. Tem atuado em
diferentes projetos relacionados a
tópicos como bibliotecas digitais e
documentos eletrônicos, como na
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações (http://www.ibict.br/bdtd/
acesso.htm): no Programa PROSSIGA;
no projeto SciELO/Open Archives
(http://www.scielo.br). Autor de várias
publicações, em periódicos nacionais e
internacionais, na área de
bibliotecas digitais, metadados
e publicações eletrônicas.
HÉLIO KURAMOTO
Formado em Engenharia Elétrica pela
UnB em 1988. Diplomado em Estudos
Aprofundados (DEA) em Ciências da
Informação e da Comunicação pela
ENSSIB (França), em 1995. Doutor
em Ciências da Informação e da
Comunicação pela Université Lumière
(Lyon, França), 1999.
Trabalha no Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT) desde fevereiro de 1983,
inicialmente como analista de sistemas
e, em seguida, ocupou diversos cargos
de confiança. Desde outubro de 2002,
atua como Coordenador Geral de
Projetos Especiais e Diretor substituto
do IBICT.
Editora da UFBA Instituto Brasileiro de Informação em
Rua Barão de Geremoabo, Ciência e Tecnologia - IBICT
s/n - Campus de Ondina SAS Quadra 05 Lote 06 Bloco H
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Saberes e Práticas
Carlos H. Marcondes
Hélio Kuramoto
Lídia Brandão Toutain
Luís Sayão [orgs.j
Salvador/Brasília
UFBA/IBICT
2005
© 2005 by Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/UFBA
e IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
Direitos para esta edição cedidos à Editora da Universidade Federal
da Bahia. Feito o depósito legal.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida,
sejam quais forem os meios empregados, a não ser com a
permissão escrita do autor e da editora, conforme a
Lei n° 9 6 10 de 19 de fevereiro de 1998.
Copidesque e Revisão (IBICT)
Francisco de Paula
Margaret de Palermo Silva
Revisão Editorial (EDUFBA)
Tânia de Aragão Bezerra
Magel Castilho de Carvalho
Capa
Joe Lopes
Projeto Qráfico e Editoração
Joe Lopes
Parcerias:
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia,
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/UFBA e a
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Biblioteca do IBICT_______ ___________________________________________ ___ ___
B582
Bibliotecas digitais: saberes e práticas/organizadores. Carlos H. Marcondes, Hélio Kuramoto.
Lídia B. Toutain, Luís Sayão [prefácio de Aldo de Albuquerque Barreto]. - Salvador. BA:
EDUFBA: Brasília: IBICT. 2005.
278 p: il.
Publicação em parceria da UFBA com o IBICT.
ISBN 85-232-0350-8
I. Biblioteca digital. 2. Biblioteca digital - Brasil. 3. Preservação digital. 4. Software
livre. 5. W eb semântica. 6. Metadados. 7. Comunicação científica - Tecnologia digital. I.
Título. II. Marcondes. Carlos Henrique. III. Kuramoto. Hélio. IV. Toutain. Lídia Brandão. V.
Sayão. Luís Fernando. VI. Barreto. Aldo de Albuquerque. VII. Universidade Federal da Bahia.
VIII. Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
CDU 027-021.131
Prefácio...... 7
In tro d u ção ......
11
1 . D im e n s ã o C o n t e x t u a i
Biblioteca digital: definição de termos
Lídia Brandão/U FB7-1 ......
15
Estado atual das bibliotecas digitais no Brasil
Murilo Cunha/UnB
Cauan McCarthy/Louisiana State University,
School of Library and Information Scien ce ...... 25
W e b semântica e a gestão de conteúdos informacionais
M aria Luiza M achado Campos/NCE-UFRJ
M aria Luiza de Alm eida Campos/UFF
Linair M aria Campos/NCE-UFRJ...... 55
2 . D im e n s ã o T e c n o l ó g i c a
Infra-estrutura tecnológica de uma biblioteca digital:
elementos básicos
Silvana Vidotti/UNESP-Marília,
Ricardo Çonçalves S an tA n a /U N ESP- M a rília ......
79
Metadados: descrição e recuperação de informações na W e b
Carlos Marcondes/U F F ...... 97
Preservação digital no contexto das
bibliotecas digitais: uma breve introdução
Luis F. S a y ã o /C IN ...... 115
Ferramentas de software livre para bibliotecas digitais
Helio Kuram oto/IBIC T...... 147
3 . D im e n s õ e s d o U s o
O novo papel das tecnologias digitais na
comunicação científica
Sely C o s ta /íln B ...... 167
A interface do usuário e as bibliotecas digitais
Sueli M a r a Ferreira/USP
Patrícia Cristina N. Souto/Portcom...... 187
Tornando a informação disponível:
o acesso expandido e a reinvenção da biblioteca
M arília Levacou/U FRÇS....... 207
4 . G e s t ã o erm B i b l i o t e c a s D i g i t a i s
Serviços de referência digital
M arília Rocha Alvarenga M endonça/UFF...... 22 7
Gestão em bibliotecas digitais
Luis Atílio V ice n tin i/U N IC A M P ...... 227
Bibliotecas digitais: uma nova cultura,
um novo conceito, um novo profissional
Othon Jambeiro/UFBA
Helena Pereira/UFBA
Ângela M aria B a rreto /U F B A ...... 263
5 . E x p e r iê n c ia s B r a s ile ir a s
e in te r n a c io n a is
Biblioteca digital brasileira: integrando a ICT brasileira
Helio Kuramoto/I B I C T ...... 293
Uma biblioteca digital em multimídia para
apoiar a educação no Brasil
Fredric Michael L itto fU S P ...... 3 11
Federação de bibliotecas digitais lusófonas em
ciências da comunicação
Sueli M a ra Ferreira/USP
Patrícia Cristina N. Souto/Portcom...... 325
P r e f á c io
A s m udanças na tecnologia da inform ação ocorridas durante os ú lti­
m os anos reorganizaram as atividades associadas à ciência da inform a­
ção. A so cied ad e sem pre foi m ais afetada pelas tra n sfo rm a çõ e s da
tecnologia do que pelo seu con teú d o, pelo m enos no curto prazo. Por
isso, aqueles que con vivem mais de perto com estas alterações enfren­
tam com m aior carga as con seqü ências sociais e físicas de um a enorm e
ansiedade tecnológica.
O profissional desta área foi precipitado em um a con ju n ção de tra n s ­
form ações, m u itas das quais, ele ainda nem m esm o percebeu.
O modelo tecnológico inovador é fechado e induz a um distanciam ento
alienante de co m o ele opera ou se opera no m elhor sentido. O c o n h e c i­
m en to interno da técnica é, m uitas vezes, considerado irrelevante e até
indesejável. Se as suas con seqü ências são benéficas para a sociedade,
question ar é quase inoportun o.
A chegada da sociedade eletrônica de inform ação modificou drastica­
m ente a delim itação de tem po e espaço da informação. A im portância do
instrum ental da tecnologia da inform ação forneceu a infra-estrutura para
modificações, sem retorno, das relações da inform ação com seus usuários.
A interatividade ou interatuação m ultitem poral m udou o acesso do
usuário à inform ação para o tem po real, o que representa o tem po de aces­
so no entorno de zero nos estoques digitais de inform ação;
possibilita o
acesso em m últiplas formas de interação entre o receptor e a estrutura da
inform ação con tida neste espaço. A interatividade modifica o fluxo: u su á ­
rio > tem po > inform ação. Esta condição reposiciona os acervos, o aces­
so e a distribuição da inform ação. O próprio d ocu m en to de inform ação se
torna mais acessível e libera o receptor das diversas funções em linha e
em tem po linear, passando para um acesso on-line e com linguagens
interativas; a interatividade em tem po real liberta o indivíduo dos seus
rituais de sincronism o cotidiano: todos executando a m esm a atividade e
ao m esm o tem po: ir ao banco, ir ao trabalho, ir ao m ercado, ir à aula.
A intercon ectivid ade reposiciona a relação usuário > espaço > infor­
m ação, perm itindo um a m udança estrutural no fluxo de inform ação que
se torna m ultio rientado. Q u a n d o o tem p o se aproxim a de zero e a v e lo c i­
dade do infinito, os espaços se desterritorializam , perdem seus lim ites.
A in terconectividade
dá ao indivíduo um a nova con d ição d e c o n tig ü id a ­
de, onde a possibilidade de viz in h an ça se estende para a região do in fin i­
to e perm ite ao usuário da inform ação ter a possibilidade de deslocar-se,
no m om en to de sua vo n tad e , de um espaço de inform ação para ou tro
espaço de inform ação; de um estoque de inform ação para um o u tro e s to ­
que de inform ação. O usu ário passa a decidir na escolha de sua inform a­
ção, é o determ inador de suas necessidades. Ele agora é o julg ad o r da
relevância do d o cu m en to q ue procura e da qualidade do estoq u e que o
con tém em tem p o real, co m o se estivesse colocad o v irtu a lm en te d entro
do sistem a de arm azen am en to e recuperação da inform ação.
Estas m udan ças operadas no status tecn oló g ico das atividades de
arm azenam ento e transm issão da informação vêm trazendo m utações co n ­
tínuas na relação da inform ação com seus usuários. Destacam os com o
instabilidades m ais notáveis: a) m udanças na estrutura de inform ação; b)
m udanças no fluxo de inform ação; c) o novo profissional da inform ação.
A interação em tem po real com a estrutura e suporte da inform ação
tem questionado o caráter alfabético e linear do d ocum ento texto. O co m ­
putador perm ite um texto livre das amarras da com posição e da interpreta­
ção linear. O código lingüístico com um perm anece com o base das estru tu ­
ras de inform ação, com o o elem ento sistem ático e com pulsório, para uma
determ inada com unidade de inform ação, mas os significados estão cada
vez mais individualizados e intencionais. O docu m en to em hipertexto per­
m ite que cada receptor m odifique a m ensagem arbitrariam ente segundo
seu conceito de relevância, atuand o tam bém com o se fosse um autor do
próprio texto. O fluxo da inform ação entre os estoques digitais e os recep­
tores permeiam dois critérios: o da tecnologia da inform ação que almeja
possibilitar o m aior e m elhor acesso disponível e o critério da ciência da
inform ação, que intervém para qualificar este acesso em term os das co m ­
petências individuais dos usuários para assim ilar a informação.
N as décadas iniciais da atividade, as unidades de inform ação tra b a ­
lhavam com um fluxo de inform ação que era realizado em um tem p o lin e­
ar e direcionado a um único esp aço de inform ação. Hoje, com a in fo rm a­
ção digital on-line, os fluxos de inform ação são m ultidirecionados, levando
a m eandros digitais onde os espaços são de vivência pela não presença.
O profissional desta área se encontra, na atualidade, com o se em um
p o n to no presente entre o passado e o futuro. C o n vive com tarefas e
técnicas tradicionais de sua profissão, mas precisa atravessar para uma
8
outra realidade, onde estão indo seus clientes, e aprender a conviver com
o novo e o inusitado, numa constante renovação da novidade.
O presente livro trata de todos estes aspectos, no seu tema de bibliote­
cas digitais, desde a história destas bibliotecas, seus conceitos e definições,
a articulação tecnológica, a gestão, o uso e as experiências brasileiras.
Certamente, um livro que preenche uma lacuna na área. A parte sobre
DIMENSÃO CONTEXTUAI analisa o significado econômico, social e cul­
tural da Web semântica e a recuperação de informações: ontologias, agen­
tes, metadados e publicações digitais: os principais padrões de bibliote­
cas digitais. A DIMENSÃO TECNOLÓGICA verifica o que é necessário
para montar o “site” de uma Biblioteca Virtual: os componentes da “URL”
de uma biblioteca digital: rede, servidor, roteador, endereço IP, servidores
de bancos de dados, motores de busca, a interface com o usuário. DI­
MENSÕES DO USO indica o novo papel das bibliotecas digitais na co­
municação científica, suas finalidades, mecanismos, canais, filtros: o pa­
pel dos serviços de informação e das publicações eletrônicas: a auto
publicação, o auto-arquivamento e informação livre; movimento “Open
Access” , “Open Archives” . GESTÃO EM BIBLIOTECAS DIGITAIS explora
os fluxos de trabalho no contexto de uma Biblioteca Digital: seleção, aqui­
sição e inclusão de material digital; relações com os usuários; habilida­
des do profissional de informação no planejamento e operação de biblio­
tecas digitais. EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS e internacionais informa sobre
as experiências de sucesso no Brasil e no exterior.
Aldo de Albuquerque Barreto
Professor, doutor e coordenador do Programa de Pós-Qraduaçáo do IBICT/UFF
Introdução
Propõe-se este livro a atender à necessidade existente na literatura de
Ciência da Informação no Brasil sobre bibliotecas digitais. Por ser a primei­
ra iniciativa neste sentido, inscreve-se como uma contribuição ao conheci­
mento do assunto. Assim, visa permitir a profissionais e estudantes da
área uma compreensão abrangente de aspectos teóricos, técnicos e práti­
cos envolvidos no planejamento e operação de bibliotecas digitais.
A partir de uma proposta inicial dos organizadores de agenda destas
questões, culminando em um acordo de co-edição entre o Programa de
Pós-Graduação em Ciência da Informação do ICI/UFBA e o IBICT, vários
autores, especialistas no assunto, foram convidados a colaborar. A gran­
de maioria respondeu positivamente, o que permitiu a abrangência do
quadro de questões e problemas tratados nos diferentes capítulos.
O que primeiro nos parece relevante considerar diz respeito ao alcan­
ce e impacto das bibliotecas digitais na sociedade brasileira. A nosso
ver, esse alcance ainda é bastante reduzido, chegando a ser mínima sua
repercussão.
As bibliotecas sempre foram, historicamente, instituições que con­
centram a informação num lugar físico para servir a uma comunidade de
usuários. Como as bibliotecas eram físicas, o alcance de seus serviços
ficava restrito às comunidade que a elas conseguiam ter acesso.
Com o surgimento da Internet, esta situação evolui de forma drástica:
não apenas o potencial de coletar e concentrar informações dispersas
aumentou enormemente, como se tornou expressiva a capacidade de aten­
der ao público no sentido mais amplo possível. As bibliotecas digitais
tornam-se, desse modo, um instrumento poderoso de distribuição, coo­
peração e acesso ao conhecimento, atendendo e podendo servir de foco
agregador a uma comunidade segmentada, distribuída geograficamente.
Na era global e informacional em que vivemos, torna-se imperiosa a
necessidade de bibliotecas digitas num país como o Brasil, e nos mais
distintos campos de atividades - a exemplo dos níveis fundamental e mé­
dio do ensino, dos serviços de saúde, do pequeno empreendedorismo, da
produção cultual e da preservação do meio ambiente, para só citar alguns.
Que se atente para o fato de que a Internet não tem dono. A conse­
qüência daí resultante é a quantidade gigantesca de informação livre, dis­
ponível, de padrões e ferramentas de softwares também livres e gratui-
tos, o que é focalizado em alguns capítulos deste livro. Visto que se trata
de informação perdida porque dispersa, desorganizada, avulta a impor­
tância da criação de bibliotecas digitais.
A consideração desses fatores, problemas e carências, ensejou o pro­
jeto de elaboração dos textos reunidos neste volume, na perspectiva do
desenvolvimento de bibliotecas digitais no país.
Espera-se que este livro possa instigar e servir de ferramenta para
fomentar discussões sobre o tema.
Carlos H. Marcondes
Hélio Kuramoto
Lídia Brandão Toutain
Luís F. Sayão
Lídia Maria Batista Brandão Toutain'
Este texto tem por o b jetivo auxiliar a com preensão e aquisição da
term inologia própria da inform ática e da inform ação no que concerne ao
con ceito específico de biblioteca digital.
O rganizad o com o um m anual de co n sulta, este livro reúne a m aior
con centração de term os utilizados pelos autores dos textos presentes,
além dos empregados por especialistas na área da biblioteca digital. A b ra n ­
ge tam bém term os e co n ce ito s nem sem pre co n sta n te s de livros de tex­
to s ou de dicionários de inform ática.
É crucial que os usuários saibam em que consistem as diferenças entre
aplicações da W e b e W e b e W e b sem ântica, entendam a necessidade ou
vantagens de utilizar certos padrões na im plantação de uma biblioteca d i­
gital, familiarizem-se com as novas tecnologias, com o os m etadados, as
linguagens docum entais de dissem inação, transm issão e uso.
A s referências cruzadas ou links a o u tras entradas ou term os ajud a­
rão a entend er m elhor determ inad o term o. A lg u n s term os têm m ais de
um significado, e cada qual é esclarecido para facilitar o entend im ento.
O que aqui é apresentado resultou, principalm ente, da con trib u ição
valiosa dos ou tro s autores deste livro.
A n a ló g ic o
Sistem a de representação de fenôm enos por m eio de analogias ou
sem elhanças.
' Doutora em filosofia, professora do Instituto de Ciência da Informação (ICI) da
Universidade Federal da Bahia-UFBA. [email protected]
A s s in a t u r a
d ig it a l
M o dalid ade de assinatura eletrônica, resultado de um a operação m a ­
tem ática que utiliza algoritm o de criptografia e perm ite aferir, com seg u ­
rança, a origem e a integridade de um d eterm inado d o cu m en to digital.
B ib lio te c a
d ig it a l
Biblioteca que tem com o base informacional conteúdos em texto completo
em formatos digitais - livros, periódicos, teses, imagens, vídeos e outros
que estão armazenados e disponíveis para acesso, segundo processos padro­
nizados, em servidores próprios ou distribuídos e acessados via rede de com ­
putadores em outras bibliotecas ou redes de bibliotecas da mesma natureza.
C e r tific a d o
d ig it a l
D o cu m e n to e m itid o e assin a d o d ig ita lm en te por um a autorid ad e
certificadora que con tém dados que identificam seu titular.
C r ip t o g r a fia
C odificação de dados segundo um código secreto, ch am ad o chave,
de form a que som ente os usuários autorizad o s podem restabelecer sua
form a original para consultá-lo.
C o o k ie
A rq u iv o que o navegador pode ler e registrar no co m p u tad o r do u s u ­
ário um website. A ssim , o usuário pode ser identificado, na segunda v is i­
ta, no website. C orresponde a um arquivo de texto pequeno, que o s e rv i­
dor cria no disco rígido do usuário, sem sua perm issão ou co n h ecim e n to ,
o que é freq üentem en te ch am ad o de “ p erson alização” .
D ig ita l
Forma de codificação de o b jeto s do m un d o real por m eios de dígitos
binários - seqüência de 0 ' s e l ' s .
D ig ita liz a ç ã o
Processo de co n versão de um d o cu m en to analógico para um form ato
digital, convertendo-o em sinais binários, por m eio de d isp o sitivo ap ro ­
priado, com o um scanner ou câm era fotográfica d igital.
D o c u m e n to
d ig it a l
Registro de inform ação codificado por m eio de dígitos binários.
D O I - D ig i t a l O b j e c t I d e n t i f i e r
Sistem a para identificar u n ivo cam e n te objetos digitais na W e b , que
tem com o propósito principal a gestão da propriedade intelectual e o
com ércio digital dos objetos. Marca registrada da D O I Foundation (http:
//w w w. doi. org).
D u b lin c o r e
Padrão de m etadados vo lta d o para a descrição e descoberta de recur­
sos na Internet. Possui um vo cab u lário con tro lad o padronizado corres­
pondente a 15 elem entos de dados, que servem para descrever recursos
w eb , com o páginas HTM L.
F o r m a to d e a r q u iv o
Especificação de regras e padrões descritos form alm ente para inter­
pretação das cadeias de bits que form am os arquivos digitais. São classi­
ficados segundo o co n h ecim e n to e a propriedade dessas especificações:
a) abertos - q u an d o as esp ecificações são de co n h e cim e n to público
(exem plo: X M L , H TM L e TXT; b) fechados - q u an d o as especificações não
são divulgadas pelos proprietários (exem plo: D O C e PPT); c) proprietári­
os - q u a n d o um a o rg a n iz a çã o d e té m os d ire ito s sobre o fo rm a to
(exemplo: PD F e D O C ). Q u a n d o um form ato é produzido por um órgão de
norm alização, ele é classificado tam bém com o padronizado.
Fra m e s/q u a d ro s
Técnica utilizada na org anização de websites com plexas (grandes
em presas, jo rn ais on-line) que co n siste na divisão da tela em vários ca m ­
pos. A configuração m ais popular é a repartição em um quadro fino na
parte esquerda ou superior da tela (sum ário com links) e um quadro m ai­
or para o an ú n cio dos arquivos endereçados por links.
G e s tã o d e c o n te ú d o s
U m te rm o geral q u e se refere à o rg a n iz a ç ã o , c a te g o riz a ç ã o e
estruturação de recursos de inform ação - texto, im agem , som etc. - de
form a
que possam ser arm azenados, publicados, reutilizados, e editados
com m aior flexibilidade.
H ip e r f ic ç ã o / h y p e r f ic t io n
U tiliz a çã o literária do hipertexto. Em vez de m arcação linear, que per­
m ite ao a u to r um a planificação rigorosa do cu rso de recepção, são ofere­
cidas ao leitor alternativas de ligação que exigem a renúncia m o m e n tâ ­
n e a , as o fe r t a s e s p e c íf ic a s , e a c e n t u a m
o p r o c e s s o de le itu r a ,
respectivam ente, a situ ação, interação x im ersão. O e n co n tro com o tex­
to é assim objetivo não só a respeito da geração do sentido, m as tam b ém
em relação à com po sição do texto.
H ip e r lin k / h y p e r lin k
U m a palavra, frase ou im agem que recebe um a m arcação especial
para fun cion ar com o um elo com o u tro d o cu m en to que pode estar no
m esm o co m p u tad o r ou em ou tro servidor da Internet. O hiperlink é a cio ­
nado por um clique do mouse.
H ip e r m íd ia / h y p e r m e d ia
A m p lia çã o do co n ce ito de hipertexto. Forma de e stru tu ração de d o ­
c u m en to s segundo o qual vários m eios de arm azen am en to e tran sm issão
de inform ação são integrados através de hiperlinks, perm itind o a u tiliz a ­
ção sim ultânea de texto, sons, im agens e vídeo.
H ip e r t e x to / h y p e r te x t
Forma de e stru tu ração da inform ação que perm ite a leitura não linear
de um texto, por m eio de acio n a m en to de hiperlinks que viabilizam a
conexão direta com o u tras partes do d o cu m en to ou com ou tro s d o c u ­
m entos disp on íveis na W e b .
H T M L / H y p e rte x t M a rk u p
Language
É a língua franca para p ublicação de d o cu m en to s na W e b . E um for­
m ato não-proprietário baseado no padrão S G M L e pode ser criado e p ro­
cessado por um a grande variedade de ferram entas. O H T M L utiliza tags,
com o < h I > e </h I > , para e stru tu rar o texto em cabeçalhos, parágra­
fos, listas, links de hipertextos etc.
18
Ic o n e / í c o n
Pictogram a que, na tela, sim boliza um objeto específico, program a ou
funções, as quais são ativad as por clique, co m o , por exemplo, o sím bolo
da lixeira para a função rejeitar.
IC P - In f r a - e s t r u tu r a d e C h a v e s P ú b lic a s
E um co n ju n to de técn icas, práticas e procedim entos, que estab ele­
cem os fun d am entos técn ico s e m etodológicos de um sistem a digital
baseado em certificação chaves públicas.
In t e r n e t
Rede das redes. Rede de com putadores de abrangência m undial que
interliga os mais diferentes sistem as com putacionais e redes, e possibilita,
por meio de protocolos padronizados, tais com o o Transmission Contool
P ro to co l (TCP) e Internet P ro to co l (IP), a troca de dados entre eles. O s
diferentes serviços de Internet baseiam-se nos próprios protocolos de trans­
m issão: Simple M a il Transfer P ro to c o l (S M T P ) para e-mail, File Transfer
P ro to co l (FTP) para transm issão de dados, Internet Relay C hat (IR C ) para
Internet, C hatb HyperTextTransfer P ro to co l (H T TP) para W o rld W id e W e b .
M e ta d a d o s
Elem entos de descrição/definição/avaliação de recursos inform acionais
arm azenados em sistem as com pu tad orizad os, organizado por padrões
específicos, de forma estruturada.
M ig r a ç ã o
Estratégia de preservação que co n siste em copiar, co n verter e/ou
transferir a inform ação digital de um a plataform a tecnológica que está se
tornand o obsoleta para um a outra m ais atualizada e de uso corrente. O
ob jetivo da m igração é preservar a integridade de objetos digitais e n ­
q u an to m antém a capacidade do usu ário de recuperá-los, exibi-los e
utilizá-los em face das co n sta n te s m udanças tecnológicas.
M u lt im íd ia
Tecnologia que perm ite ao co m p u tad o r trabalhar sim u ltan eam en te e
de forma interativa com diversos tip o s de registro inform acional, com o
texto, som , im agens estáticas, anim ação e vídeo.
N ave g a d o re s/ W e b
b ro w sers
Program as de com pu tad ores que atu am com o interface entre o u su á ­
rio e a W e b , perm itindo-o navegar - ou surfar - pelos recursos ofereci­
dos W e b . N o m odelo cliente/servidor, o navegador se caracteriza fu n c io ­
nalm ente com o um programa cliente. Netscape, M osaic, e Internet Explorer
são exem plos de navegadores W e b .
O b je to
d ig it a l
N o con tex to dos arquivos e bib liotecas digitais, é um registro de in ­
form ação codificado digitalm ente, co n sistin d o de con teú d o inform acional,
m etadados e identificador.
O n to lo g ia
1. Proposição evidente ou que se dá por verdadeira em um sistema lógico e
da qual derivam dedutivamente outras proposições. Estabelece fundamentos
de significados conceituais sem os quais a W e b Semântica não seria possível.
2. C o n cep ção de estruturas con ceb id as co m o um c o n ju n to de rela­
ções entre elem en tos com funções definidas.
O pen
a r c h iv e s / a r q u iv o s a b e r t o s
A rq u ivo eletrôn ico baseado no p rotocolo O p e n A rch ives Initiative
Protocol for M etad ata H arvestin g (O A I- P M H )- , geralm ente de acesso li­
v re , d o ta d o de d is p o s it iv o s de a u t o p u b lic a ç ã o e in te r c â m b io de
m etadados. C o n stitu i um m arco h istó rico do d e se n vo lvim e n to da c o m u ­
n icação científica, da publicação eletrônica e das bibliotecas digitais. A
partir dos O p e n A rch ives, estabeleceram -se padrão e protocolo para per­
m itir interprobabilidade entre os sistem as das bibliotecas digitais.
O p e n s o u rc e
Refere-se a pacote de softw are cuja d istrib u ição acom p anh a o seu
código fonte, o que possibilita ao u su ário alterar e adequar o softw are
segundo as suas necessidades.
O W L/W eb
O n to lo g y
Language
Padrão para elaborar ontologias na W e b . Possui uma term inologia para
form alizar a definição do conceito.
P a d rõ e s a b e rto s
Referem-se a padrões cuja d ocu m en tação está publicada e p ro n ta ­
m ente disponível, e que têm o d esen volvim ento baseado em processos
con sen suais e nvo lven d o as diversas partes interessadas.
P re se rva çã o
d ig it a l
C o n ju n to de ações técnicas, gerenciais e ad m inistrativas destinadas
a m anter a integridade e a acessibilidade de objetos digitais de valor c o n ­
tínu o, pelo tem p o que transcenda as m udanças tecnológicas.
R D F / R e s o u r c e D e s c r ip t io n
Fra m e w o rk
U m a infra-estrutura técnica desenvolvida pela W 3 C - baseada em X M L voltada para a descrição, intercâm bio de m etadados e interoperabilidade.
Tem im portância fundam ental na concepção da W e b sem ântica.
S e r v iç o
d e r e f e r e n c ia d ig it a l
Serviço de interm ediação entre os recursos inform acionais d isp o n í­
veis na In tern et e os usuários. Tem com o ob jetivo prestar assistência ao
usuário no d irecion am ento de questões às fontes de inform ações W e b e/
ou a outras fontes. Pode ser gerenciado autom aticam en te, através de
softw are ap licativos ou através da assistência de especialistas.
S e m â n tic a
Disciplina que estuda a linguagem natural e formal (signos, term os,
palavras) a sua função de representação, o que significa ou a que se refere.
S e r v id o r w e b / w e b
sever
Servidor que, posto à disposição dos com pu tad o res descentralizados
(clientes), processa os serviços e envia o d o cu m en to solicitado.
S G M L / S ta n d a rd
G e n e r a liz e d
M a rk u p
Language
Padrão internacional para definir descrições de estrutura e co n teú d o
de diversos tip o s de docu m en tos. Forma a base para o H TM L e o X M L .
P r o to c o lo s o a p
Sim ple O b je c t A ccess Protocol - S O A P - é um p rotocolo baseado em
X M L usado para requisitar serviços W e b , e intercam biar dados e infor­
m ações estruturad os em am bien tes descentralizados e d istribuídos.
T a x o n o m ía
Ferram enta que possui a função de organização sistem ática de c o n ­
teú dos inform acionais, ap resentando as relações hierárquicas entre os
con teú d os, classificando-os em grupos ou categorias.
T e sa u ro
V o ca b u lá rio controlado, com preendido co m o estruturas te rm in o ló ­
gicas, que visa a Padronizar a linguagem , em serviço s de inform ação,
cob rin do um dom ínio específico do co n h e c im e n to , trad uzid o de um a lin ­
guagem natural para um a linguagem de m áquina.
T e s a u ro c o n c e it u a i
Recurso que perm ite evidenciar m elhor as relações entre os term os
representados na on tolog ia*, privilegiando-se os aspectos do significado.
V R M L / V ir tu a l
R e a lit y
M o d e lin g
Language
Linguagem que produz m un d os trid im ensio nais e deixa-se represen­
tar por um corresp on dente plug-in tam bém do Browser.
U n ic o d e ( IS O
10646-1
U n iv e r s a l C h a r a c te r S e t)
C ódigo de caracteres de 16 bits que busca cobrir tod os os sistem as
de escrita em escala m undial; deve su b stitu ir o A S C II - c o n ju n to de
caracteres de 7 bits que tem com o lim ite som ente 128 caracteres.
U R I/ U n ifo r m
R e s o u r c e Id e n t if ie r
C o n ju n to genérico de to d o s os nom es/endereços que identificam re­
cu rsos inform acionais na W e b . Inclui U R L 's e U R N 's .
U R N / U n ifo r m
R e so u rce
N am e
Padrão da W 3 C que define um a sintaxe para nom e e endereço de
ob jeto s digitais persistentes disponíveis na Internet.
U R L - U n if o r m
R e s o u rc e L o c a to r
Endereço eletrôn ico que especifica - em ordem: o protocolo de c o ­
m unicação, o host servidor, o cam inh o do diretório, o nom e do arquivo e
o tip o do arquivo. Q u an d o um desses elem entos m uda, o link é quebrado
e se torna inoperável.
V ir tu a l
Q u e não existe de fato. Representação eletrônica de algo real.
W eb
s e m â n t ic a / s e m a n t ic w e b
1. Evolução da W E B * atual, cujos proponentes foram Tim BernersSee, Hendler e Lassila. V is a fornecer estruturas e dar significado sem ân ­
tico ao co n teú d o das páginas W e b , criando um am biente onde agente de
softw are e usuários possam trabalhar de form a cooperativa.
2. C o n h e cim en to sem ân tico * estruturado.
W e b m a s te r
Pessoa responsável pela m a n u te n çã o técnica, o b servação e a tu aliz a­
ção de um Website, sem que seja necessariam ente o autor.
W 3 C
W o rld W id e W e b Consortium é um con sórcio internacional de in d ú s­
trias que desenvolve padrões e protocolos com u ns que prom ovem a e v o ­
lução da W W W e assegura a sua interoperabilidade.
W 3
U m a rede de servidores co n ectad o s por meio de um p rotocolo c o ­
m u m , p e r m it in d o a c e s s o a m ilh õ e s de r e c u rs o s in fo r m a c io n a is
hipertextuais. Também conhecida com o W W W , W e b e W o rld W id e W eb.
X M L / E x t e n s ib le
M a rk u p
Language
I . Linguagem de padrão universal, referendada pela w 3 c e aberta, que
descreve docu m en to s eletrônicos nos q u ais o con teú d o e sua descrição
com p õem um único arquivo.
2. Estrutura sintática de padrão que descreve dados entre aplicações
e recursos de m áquina. C o n stitu i a base de vários padrões na área de
inform ação.
3. Linguagem genérica que descreve estrutura de d o cu m en to s e le trô ­
nicos, padrão sim ples, em form ato texto. Possui recursos bem definidos
e extensíveis que perm item descrever e pesquisar objetos, atrib u to s e
va lo re s através do relacionam ento entre eles.
R e fe r ê n c ia s
C Â M A R A TÉCN ICA DO D O C U M EN TO ELETRÔNICO. Qlossários de Docu­
mentos /¡rquivísticos Digitais. Rio de Janeiro: C O N A R Q , julho 2004. Dispo­
nível em: < http: //www. arquivonacional. gov.br/conarq/cam_tec_doc_ele/
download/Glossario_CTDE_2004. pdf> . Acesso em: 01/06/2005.
COSTA, Sely. Mudanças no processo de comunicação científica. In: Muller,
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W A TER S, D. W h a t are Digital Libraries? C U R ISSUES, W ashington, DC,
n.4, jul/aug., 1998. Disponível em w w w * . c\\r. org/ pubs/issues/. (Acesso
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TRISKA, R.: CAFÉ, L. Arquivos abertos: subprojeto da Biblioteca Digital
Brasileira. Cl. Inf., Brasília, v.30, n.3, set/dez. 2000.
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BULLOCK, A. Preservation of digital information. O ttawa: National Library
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PFAFFENBERGER, B. Webster’s new world: dicionário de informática. 6.
ed. Rio de Janeiro Campus, 1998.
M A RC O N D ES, C.: SAYÃO, L. Integração e interabilidade no acesso a re­
cursos informacionais eletrônicos em C&T: a proposta da Biblioteca Digi­
tal Brasileira. Ci. Inf., Brasilia, v.30, n. 3, p. 24-33, 2001.
M A RD ERO , M. Serviço de referência virtual. Ci. Inf., Brasilia, v. 30, n. 2,
p. 7-15, 2001.
Murilo Bastos da Cunha, Ph. D.'
Cavan McCarthy, Ph. D."
I . In tr o d u ç ã o
A história da Intern et no Brasil está in tim am en te ligada à im p la n ta ­
ção da Rede N acion al de Pesquisa (R N P ) [U R L : http : //w w w . rnp. br], cuja
criação rem onta a 1989 (H istórico, 2003). M u ito s estados criaram suas
próprias redes, e n q u a n to a R N P era responsável pela interligação dos
sistem as estaduais e tam bém pelo acesso ao exterior.
Entre 19 9 1 e 1993, a R N P im plantou o seu backbone básico, in te rli­
gando I I estados. N este período, a rede era utilizada som ente para c o ­
m unicação científica e tecnológica. O segundo período, de 1994 a 1996,
foi m arcado por um a enorm e expansão de suas atividades. Em m aio de
1995, a Intern et brasileira foi aberta para uso com ercial, p rovocando um
enorm e crescim ento da dem anda que, até aquele m om ento, estava repri­
mida. A Internet, a partir de então, foi rapidam ente adotada no Brasil
com o um a nova m odalidade de com unicação, co m p letam ente apropriada
para os avanços tecnológicos e para uma nação recentem ente d em o crati­
zada (C u n h a, 1999).
Universidade de Brasília. Departamento de Ciência da Informação e Documentação.
Brasília DF 70910-900 Brasil, [email protected].
Louisiana State University. School of Library and Information Science
267 Coates Hall. Baton Rouge. LA 70803-3920, USA. [email protected].
A s taxas de crescim ento da Intern et brasileira foram con sid eravel­
m ente superiores às ocorridas em o u tro s países (H istórico, 2003). Em
2000, cerca de 10 m ilhões de brasileiros u tilizavam a Intern et (Pastore,
2000 a). N esse m esm o ano, o Brasil atingia cerca de 4 1 % dos usuários
latino-am ericanos da Rede (Pastore, 20 00b). De acordo com dados do
Ibope (2 0 0 2 ), o núm ero de cidadãos com acesso à Intern et em residênci­
as alcançava 14 m ilhões, dos quais 7, 8 m ilhões poderiam ser con sid era­
dos in ternautas ativos, com um tem p o de navegação que já ultrapassava
dez horas por mês.
En tretan to , apesar do crescim ento da Intern et no Brasil ser a c e n tu a ­
do, esse dado esta tístico pode ser enganador, pois para a im ensa m aioria
da população, o acesso ao co m p u tad o r ainda é um sonho. O s dados do
IB G E (IB G E, P N A D ), referentes a 2002, atestam que dos 170 m ilhões de
h ab itan tes do país, apenas 3, 3 % (o eq uivalen te a quase 7 m ilhões de
h ab itan tes) dispunham de com p u tad o res em casa. Este é um percentual
pequeno se com parado com a existência no d om icílio de telefone (fixo ou
celular) e aparelho de televisão, respectivam ente em 62 e 90, em cada
100 residências no país. A lé m disso, o acesso à Intern et e c o m p u ta d o ­
res, isto é, da cham ada inclusão digital, é irregular no que concerne às
classes sociais. Em 7 de o u tu b ro de 2003, segundo a A gên cia N acion al
de Telecom unicações (A N A T E L ), do to tal de in ternautas brasileiros, 4 2 %
pertenciam à classe A , que tem 5 % da população; a classe B, que repre­
sen ta 19 % dos brasileiros, representava 4 8 , 7 % dos in tern au tas e, final­
m ente, as classes C, D e E, onde vivem 7 6 % da população, co n tavam com
apenas 9, 3 % dos internautas. O diag n ó stico da A N A T E L para a pequena
q u an tid ad e de in tern au tas no Brasil em relação à população é de que o
problem a em aum entar o acesso n ão está na telefonia, mas nos preços
dos m icrocom putadores.
Em setem bro de 2004, segundo Daniele M adureira, a Intern et já e sta ­
va presente em 15 % dos lares brasileiros, mas
em um País no qual a desigualdade social chega a ser pungente e apenas
um terço dos 182 milhões de habitantes tem condições reais de adquirir o
básico para a subsistência, vale a pena investir em uma mídia que só
atinge, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FG V), 15% das
residências no Brasil?
Continuando, a autora comenta que
(...) no mundo, foi preciso 38 anos para o rádio atingir 50 milhões de
pessoas, a T V aberta levou 13 anos e a T V a cabo, 10. Para atingir a
mesma marca, a Internet precisou de apenas cinco anos. (...) lembrando
que ao considerar o acesso à internet independentemente da origem (casa,
trabalho, escola, cyber café) o número de usuários no Brasil é muito m ai­
or do que 27 milhões. Destaca que a rede não se limita aos PCs: a mídia
inclui celulares, palms, videogames, T V digital e sistemas pervasivos (en­
contrados em carros e aparelhos eletrodomésticos). No nosso País, o
número reduzido de internautas é um reflexo da exclusão social e econô­
mica de grande parte da população, mas estão sendo adotadas políticas
para reverter isso. (Madureira, 2004)
N a m esm a época (setem bro de 20 04 ), escrevendo sobre o com ércio
eletrônico no Brasil, Dubes Sonego, apon ta os crescim entos verificados
no núm ero de usuários residenciais e nas diversas form as de acesso à
Rede. Esses dados con stam da Tabela I .
Tabela 1 - Usuários ativos da Internet
Período
Maio de 2002
Moio de 2003
Maio de 2004
Usuários ativos
(milhões)
7,59
7,96
11,68
Banda largo (milhões; %
do total de usuários)
1,5 (19,76%)
2,11 (26,6%)
4,93 (42,2 %)
Linha discada (milhões; %
do total de usuários).
6,09 (80,24 %)
5,84 (73,4 %)
6,75 (57,8 %)
Fonte: Sonego (2004)
O s dados e sta tístico s da Tabela I dem onstram que o núm ero de u s u ­
ários da banda larga cresceu 2 2 8 , 23 % entre m aio de 2002 e m aio de
2004. A lé m disso, esses dados n um éricos sinalizam que as perspectivas
para expansão são excelentes. U m a análise da Internet brasileira p rep a­
rada por H o w to n , W a rd w e ll & G u n d a y (2 0 0 1 ) m ostrou que 0 papel do
Estado na provisão de incen tivos para a indústria de inform ática poderá
fazer com que o país possa ter um a revolução na Internet. Para que os
projetos de bibliotecas digitais alcancem sucesso ju n to à com u nid ad e
brasileira, é vital que haja uma d im inu ição da cham ada exclusão digital,
fazendo com que se tenha uma am pla capilaridade da Rede em todos os
segm entos sociais.
2 . D e s e n v o lv im e n t o d a b ib lio t e c a d ig it a l n o B r a s il
O Brasil possui uma tradição de serviços bibliotecários, funcionando
na m aioria das cidades de m édio e grande porte; que, geralm ente, contam
com sistem as de autom ação de bibliotecas (M cC arth y, 1990; M cC arth y;
Schm idt, 1994; Corte, A . e outros, 2003). A s bibliotecas suportam os
program as educacionais, especialm ente os de segundo e terceiro graus.
N a últim a década, as bibliotecas digitais tiveram um significativo im ­
pacto no seto r de biblioteca e inform ação, n otad am en te na A m é rica do
N orte, onde atraíram enorm e atenção (C h o w d h u r; C h o w d h u ry, 1999). O
rápido avanço da Internet no Brasil, conform e já ap on tad o no item a n te ri­
or, e existência de uma base razoável de bibliotecas autom atizad as, n a tu ­
ralm ente irá redundar na am pliação do núm ero de bibliotecas digitais.
N o con tex to atual, as m aiores in iciativas brasileiras se enquadram em
q u atro categorias; ciência e tecnologia, educação, literatura e h u m a n id a ­
des, história e política. A seguir, serão analisados os principais projetos
in stitu cio n a is de bibliotecas digitais.
C i ê n c i a e T e c n o lo g ia
(C & T )
IB IC T
O In s titu to Brasileiro de Inform ação em C iên cia e Tecnologia (IB IC T ),
um a agência do M in istério da C iência e Tecnologia (M C T ), sem pre d e­
sem penhou
um p a p e l v it a l n o d e s e n v o lv im e n t o
de a t iv id a d e s
in fo rm acion ais avançadas. O s seus projetos que chegaram à fase de
im p lem en tação serão co m e n tad o s a seguir.
O Program a de Inform ação e C o m u n ica çã o para a Pesquisa (P R O S S I­
G A ) [U R L : h ttp : //prossiga. ib ict. br] foi criado em 1995, no âm b ito do M i­
nistério da C iência e Tecnologia; em m eados de 2 0 0 1, foi transferido para
o IBICT. Ele é um portal que tem por ob jetivos a d ivulgação da inform a­
ção, co m u n ica çã o e in ovação para a ciência e tecnologia. A lé m de m anter
um d iretório com pon teiros para sítios selecionados nas diversas áreas
de C & T , p o s s u i ta m b é m u m a série de b ib lio te c a s d ig ita is [h tt p : //
w w w . p ro s sig a . b r/bvtem aticas/], d e n o m in a d a s "b ib lio te c a s v ir tu a is ” .
M u ita s dessas bibliotecas são guias de sítios W e b sobre cada um dos
tem as e que, geralm ente, incluem dados sobre: pesquisadores, asso cia ­
ções e sociedades científicas, in stitu içõ es de ensino, publicações, legis­
lação, principais periódicos e obras de referência. Essas bibliotecas, na
verdade,
são diretórios de sítios W e b relacionados com um tem a esp ecí­
fico, geralm ente in cluind o dados sobre: pesquisadores, associações e
sociedades científicas, in stitu içõ es de ensino, publicações, legislação,
principais periódicos e obras de referência. Elas cobrem um a variedade
de a ssu n to s e que foram criadas con tan d o, em sua maioria, com a co o p e ­
ração de im p ortantes instituiçõ es.
Em m aio de 2003, o Prossiga tin h a um a m édia diária de 8 5 . 980 aces­
sos (Prossiga em núm eros, 2003).
A té janeiro de 2005, eram 19 os tem as cob erto s pelas bibliotecas
digitais. A baixo, em ordem alfabética, são inform ados o tem a, a data de
criação, o U R L e resum o do projeto.
1) A gropecu ária na A m a zô n ia (28 de m arço de 2003) [U R L : h ttp : //
w w w . prossiga. br/embrapa/agropecuaria/]: foi organizada pelo C e n ­
tro de Pesquisa da A m a z ô n ia O rien tal da E M B R A P A . Ela disponibiliza
inform ações sobre ciências agrárias e setor produtivo, com foco no
agronegócio.
2) A stro n o m ia (14 de agosto de 2 0 0 1) [U R L : h ttp : //w w w . prossiga. br/
astronom ia/]:, projeto do O b serva tó rio do V alo n g o da U niversid ad e
Federal do Rio de Jan eiro , em parceria com o IBICT. O seu ob jetivo é
d isponibilizar inform ações sobre a astronom ia, não só para o p esq u i­
sador, mas tam bém para o usuário leigo.
3) C iê n c ia s S o c ia is (1 7 de n o v e m b ro de
1999) [U R L : h t t p : //
binac. nce. ufrj. br/cienciassociais/]: projeto do In stitu to de C iências S o ­
ciais da U niversid ad e Federal do Rio de Ja n e iro , que disponibiliza in ­
form ações em sociologia, antropologia e ciência política.
4) Econom ia (13 de janeiro de 1998) [U R L : h ttp : //w w w . prossiga. br/
nuca-ie-ufrj/economia/]: projeto do In s titu to de Econom ia da U n iv e r­
sidade Federal do Rio de Janeiro, visa disponibilizar inform ações s o ­
bre os diferentes d om ín ios da ciência econôm ica.
5) E d u c a ç ã o (2 de s e te m b ro de
I 9 9 8 ) [U R L : h tt p : //bve. d b e c .
inep. gov. br]: projeto do In stitu to N acion al de Pesquisas Educacionais
A n ís io Teixeira (IN E P ), que disponibiliza inform ações sobre avaliação
de ensino: e statísticas educacionais; en sin o fundam ental, m édio e
superior; ou tro s assu n to s correi atos à Educação.
6) E d u c a ç ã o a D is tâ n c ia (1 3 de m a io de
1998) [U R L : h t t p : //
w w w . prossiga. br/edistancia/]: projeto da Faculdade de Educação e In s­
titu to de C iência da Inform ação da U niversid ad e Federal da Bahia:
disponibiliza inform ações sobre recursos tecn oló gico s da co m u n ic a ­
ção e inform ação na educação, especialm ente aqueles relacionados
com televisão, vídeo, co m p u tad o r e conexão à Internet.
7) Energia [U R L : h ttp : //w w w . prossiga. br/cnencin/bvenergia/]: foi d e ­
senvolvida pelo C en tro de Inform ações N ucleares da C o m issão N a c i­
onal de Energia N u cle ar (C IN / C N E N ). Ela inclui “ sítios que tratem de
área de energia nos aspectos tecn oló gico s da produção, con versão e
utilização eficiente de todas as fontes de energia, co n ven cio n ais e
não con ve n cio n a is, in cluind o im pactos am b ien tais, e co n ô m ico s e
so cia is” (C o m issão N acion al de Energia Nuclear. C IN . Biblioteca V ir ­
tual de Energia. O que é? )
8 ) E n g e n h a r ia B io m é d ic a (6 de ju lh o de 2 0 0 0 ) [U R L : h t t p : //
w w w . prossiga. br/fem -unicam p/bvbiomedica/]: projeto da Faculdade
de Engenharia M ecân ica da U N IC A M P ; disponibiliza inform ações nas
áreas de bioengenharia, biom ateriais, próteses e orteses, biom ecânica
e assu n to s correlatos à engenharia biom édica.
9) E n g e n h a ria do P e tró le o (1 3 de m aio de
I 9 9 8 ) [U R L : h ttp : //
w w w . prossiga. br/dep-fem-unicamp/petroleo/]: projeto do D ep arta­
m en to de Engenharia do Petróleo da U niversid ad e Estadual de C a m ­
pinas: disponibiliza inform ações sobre os variad o s aspectos da enge­
nharia do petróleo, ta n to nacional q u an to in ternacional.
10) Estudos Culturais (3 de ju lh o de 2000) [U R L: http: //binac.nce. ufrj.br
/estudos culturais/]: projeto c o n ju n to do Program a A va n ç a d o de C u l­
tura C on tem p o rân ea e do Program a de Pós-G rad uação da Escola de
C o m u n ica çã o da U niversid ad e Federal do Rio de Janeiro. O s assu n to s
c o b e rto s são: gênero e sexualidad e, id e n tid a d e s n acio n ais, póscolonialism o, etnia, cultura popular, pós-modernidade, m ulticulturalism o e globalização.
I I) In o va çã o Tecnológica (15 de dezem bro de 20 00 ) [U R L : h ttp : //
w w w . p rossiga. br/finep/]: projeto co n ju n to entre a Financiadora de Es­
tu d o s e Projetos (F IN E P ) e o Prossiga; disponibiliza inform ações s o ­
bre in o va çã o tecnológica em seus m últiplos aspectos.
12) Jurídica (1 ° de dezem bro de 1998) [U R L: http: //w w w . cjf.gov.br/
bvirtual/]: projeto do C onselho da Ju stiça Federal; disponibiliza o aces­
so direto a docum entos (textos doutrinários, periódicos eletrônicos,
códigos legais) e a fontes secundárias (bibliotecas, referência de ju ris ­
prudência, legislação, andam ento processual e instituições jurídicas).
13) Literatura (27 de maio de 2002) [U R L: h ttp : //binac.nce. ufrj. br/lite­
ratura/]: parceria entre o Program a A va n ça d o de C ultura C o n te m p o ­
rânea da U niversidad e Federal do Rio de Ja n e iro e o Program a de PósG rad u ação em Teatro da U N IR IO . Ela disponibiliza inform ações sobre
literatura, com ênfase na brasileira, latino-am ericana e portuguesa.
14) M u lh er (13 de setem bro de 2 0 0 1) [U R L : h ttp : //w w w . prossiga. br/
bvmulher/cedim/]: projeto do C o n se lh o Estadual dos D ireitos da M u ­
lher (C ED IM /R J): disponibiliza inform ações sobre as m ulheres relaci­
onadas com : saúde, violência, trabalho, cu ltu ra, direito e cidadania,
educação, poder e participação política.
15) M u seu s de C iência e D ivulgação Científica (20 de agosto de 2 0 0 1)
[U R L : http : //binac. nce. ufrj. br/cienciassociais/]: parceria entre a Fu n ­
dação O s w a ld o C ru z e o IBICT; disponibiliza inform ações sobre m u ­
seus das áreas de ciências naturais e físicas.
16) Ó p tic a Básica e A p licad a (2 4 de abril de 1998) [U R L : h ttp : //
w w w . prossiga. br/ifsc-usp/optica/]: projeto do In stitu to de Física de
São C arlos, órgão da U niversid ad e de São Paulo: disponibiliza infor­
m ações sobre o apoio o d esen vo lvim en to do ensino e pesquisa na
área de Ó p tica.
17) Política Científica eTecnológica (dezem bro de 1996) [U R L : h ttp : /
/w w w . prossiga. br/politica-ct/]: lançada em pelo próprio Prossiga.
18) Saúde M ental (20 de agosto de 2 0 0 1) [U R L: http: //w w w. prossiga.br/
ee_usp/saudemental/]: projeto conjunto do D epartam ento de Enferm a­
gem M aterno Infantil e Psiquiatria da Escola de Enfermagem da U n iver­
sidade de São Paulo e do M inistério da Saúde: disponibiliza inform a­
çõ es sob re a p ro m o ção , p reve n ção e tra ta m e n to s referentes ao
m elhoram ento, m anutenção ou a restauração da saúde m ental.
19) Saúde Reprodutiva (7 de junho de 1999) [URL: http://www.prossiga.br/
fspjjsp/saudereprodutiva]: projeto da Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo; disponibiliza informações sobre os eventos
biológicos, psicológicos e sociais relacionados à reprodução humana.
O u tra im p ortan te iniciativa d entro do Prossiga é a série de b ib lio te ­
cas digitais [h ttp : //w w w . ib ict. br/notaveis/] dedicadas a im p ortan tes c i­
e n tista s brasileiros. N essas bibliotecas, geralm ente são incluídos dados
biográficos, produção in telectual do pesquisador (em sua m aioria com
textos co m p le to s), m atérias na im prensa, im agens, fotos e inform ações
sobre suas descobertas e/ou con trib u ições para a ciência e tecnologia.
A té janeiro de 2005 as sete bibliotecas existentes eram:
a) A n ís io Teixeira [U R L : h ttp : //w w w . prossiga. br/anisioteixeira/]: foi
lançada em 10 de dezem bro de 1997, pelo Prossiga com a co lab o ra­
ção de 14 entidades que cederam docu m en to s, além de arquivos pes­
soais privados. Ela disponibiliza referências, cartas e d o cu m en to s do
educador A n ís io Teixeira, in cluindo sua produção intelectual, corres­
pondência, m atérias e en trevistas na mídia, dep oim entos e h o m en a ­
gens ao educador (in stitu içõ e s que receberam o seu nom e, prém ios
in stitu íd o s e recebidos pelo pensador).
b) C arlo s C hagas [U R L : http : //w w w . prossiga. br/chagas/]: é um p ro­
je to realizado pela Fundação O s w a ld o C ru z (R J) e que disponibiliza
inform ações sobre o m édico C arlos C hagas e sobre a doença d esco ­
berta pelo m esm o (a Doença de C hagas).
c) G ilb e rto Freyre [U R L : h ttp : //prossiga. bvgf. fgf.o rg . br/portugues/
index. h tm ]: foi organizada pela Fundação G ilb erto Freyre (Recife, PE),
com o ob jetivo de servir de portal oficial de d issem inação do arquivo
d ocu m en tal da Fundação. A lém da d ocu m en tação im pressa, são in te ­
ressantes as coleções especiais com fotos, áudio e vídeos de/sobre o
pensador brasileiro.
d) Leite Lopes [U R L: http : //w w w . prossiga. br/leitelopes/]: foi lançada
em 24 de m arço de 1999, pelo Prossiga e pelo C en tro Brasileiro de
Pesquisas Físicas (C B P F ). Ela disponibiliza inform ações sobre o físico
Jo s é Leite Lopes, relacionadas com os seguintes aspectos: trajetória,
co n trib u içã o à Física, produção científica (geral, sobre Física e sobre
política científica), presença na m ídia, textos biográficos e pintura.
e) O s w a ld o C ru z [U R L : http : //w w w . p rossiga. br/osw aldocruz/]: foi
lançada em 19 de o u tu b ro de 2000, pela Fundação O s w a ld o C ru z
(R J). Ela disponibiliza inform ações sobre o m édico O s w a ld o C ru z e
seu trab alh o em prol da saúde pública no Brasil.
f) O tto Gottlieb [U R L: http: //w w w . prossiga. br/ottogottlieb/]: foi lançada
em 27 de maio de 2003, pelo Prossiga com o apoio da FAPERJ. Ela
disponibiliza inform ações sobre o professor de química O tto G ottlieb,
estando organizada em seis partes: trajetória, produção científica (1945/
2002), legado científico (teses e dissertações orientadas), presença na
mídia e depoim entos de colaboradores, am igos e ex-alunos.
g) P a u lo Freire [U R L : h ttp : / / w w w . p a u lo fre ire . u fp b . br/paulofreire/
index. htm l] projeto con jun to , desen volvid o em 2000, pelas áreas de
Educação, Inform ática, Educação a D istância da U niversid ad e Federal
da Paraíba, em cooperação com o C N P q . O seu objetivo é disponibilizar
os pressup o stos filosóficos, sociológicos e pedagógicos do p ensa­
m ento desse im p ortan te educador.
h) V ita l Brazil [U R L : h ttp: //w w w . prossiga. br/vitalbrazil/]: foi lançada
em 4 de ju lh o de 2002, pelo Prossiga em cooperação com o In stitu to
V ita l Brazil e a Fundação O s w a ld o C ruz. Ela disponibiliza inform a­
ções sobre o cie n tista V ita l Brazil, incluind o sua produção in te le c tu ­
al, biografia e sobre ofidism o e soro antiofídico.
Biblioteca Digital Brasileira - N o final de 2 0 0 1, o IB IC T lançou o por­
tal Bib lio te ca D igital Brasileira (B D B ) [h ttp : //w w w . ib ic t. br/bdb/portal/
b d b _p o rtal. h tm ], que oferece um a interface para acesso a teses e disser­
tações digitalizadas. A B D B pretende perm itir o acesso, num único lugar,
a artigos científicos, teses, dissertações, além dos arquivos digitais dos
órgãos da área de C & T d o Governo: incluirá tam bém salas de bate-papo e
listas de discussão para sociedades científicas.
B iblioteca Digital de Teses e D issertações - A im plantação da BDTD
rem onta a 1995 q u an d o o IB IC T integrou, num a única base de dados, as
referências bibliográficas de teses e d issertações de 17 universidades
brasileiras. Em dezem bro de 2002, o IB IC T instalou a Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações (BD T D ) [U R L : h ttp : //bdtd.ib ict. br/bdtd],
cuja m issão é viab ilizar a criação de um con sórcio de publicações eletrô­
nicas com a finalidade de localizar e disponibilizar teses e dissertações
produzidas no Brasil.
Esse consórcio, in éd ito no Brasil, considera que p otenciais p roved o­
res desse tip o de inform ação, em grande núm ero, podem trabalhar de
forma conjunta, proporcionando a m ultiplicação de pontos de acesso para
o usuário, com significativo a p ro veitam en to dos recursos m ateriais e
h um ano s disponíveis.
A lé m de reunir e integrar grande núm ero de publicações eletrônicas
de teses e dissertações, o consórcio perm ite tam bém aos usuários o acesso
aos textos integrais dos artigos do seu interesse, por m eio do portal B i­
blioteca Digital Brasileira. O u tra conseqüência positiva da criação desse
con sórcio é a incorporação das inform ações de teses e dissertações p ro­
duzidas no Brasil ao sistem a internacional N etw o rk e d Digital Library of
Theses and D issertations.
Para acelerar a criação de bibliotecas digitais nos cam p i brasileiros, o
IB IC T desenvolveu o Sistem a de Publicações Eletrônicas de Teses e D is­
sertações (TEDE). Este pacote de program as perm ite a rápida im p lantação
desse tip o de atividade d entro da in stitu ição de e n sin o superior, que fará
o papel de coletora e provedora de dados. O IB IC T receberá os dados
coletados e fará a sua agregação, em nível nacional.
Vale ressaltar que a C A P E S aprovou, no final de 2003 (Brasil iniciou... ),
a recom endação para que o depósito das teses e d issertações da BDTD
seja obrigatório. Isto fará com que seja aum entad o o acervo da biblioteca
e que haja um m aior interesse em iniciar projetos de teses digitais nas
universidades brasileiras. Em 18 de janeiro de 2005, existiam 6. 228 te ­
ses/dissertações em texto com pleto, hospedadas em 14 repositórios de
in stitu içõ es de ensin o superior.
A rq uivo s A b e r t o s - O IB IC T im plantou, no final de novem bro de 2 0 0 1,
o projeto dos A rq u ivo s A b e rto s que visa oferecer à com u nid ad e cie n tífi­
ca um a alternativa de co m u n icação de textos acadêm icos, científicos e
tecn oló gico s via am b ien te w e b . O A rq u ivo A b e rto do IBICT, d eno m in ad o
D iálogo C ien tífico (D IC I) [U R L : h ttp : //dici.ib ic t. br/], utiliza o softw are
ep rin ts [U R L : h ttp : //w w w . e p rin ts. org/] d esen volvid o pela U n iv e rs ity of
S o u th a m p to n (U K ), cu jos arquivos estão de acordo com os padrões do
M etad ata H arvesting. N o sítio da e p rin ts. org é possível visualizar as prin­
cipais inform ações sobre os projetos desen volvid os no Brasil.
O conceito da Iniciativa de A rq uivo s Abertos (O p e n A rchives Initiative,
O A I) representa o anseio da com u nidad e científica em form ar um fórum
aberto para aprim orar o desem penh o do atual m odelo de co m u n icação
científica. Ele visa tam bém form ar um repositório de inform ações que
d isponibilize na W e b , de form a pública e gratuita, as co n trib u içõ es sub-
m etidas d iretam ente pelos autores. Pretende-se, assim , acelerar o pro­
cesso da divulgação dos resultados das pesquisas.
A té início de 2005, segundo M árdero A re llan o (2 00 5), o IB IC T já t i­
nha im p lantando o D IC I nas seguintes entidades: a) Sociedade Brasileira
de G e n é tica [U R L : h ttp : //sbg.ib ict. br/]; b) A re n a C ien tífica (A rq u ivo s
A b e rto s para a C o m un id ade de Especialistas em C o m u n icação ), em par­
ceria com a Rede de Inform ação em C o m u n icação dos Países de Língua
Portuguesa (P O R T C O M ), m antida pela Sociedade Brasileira de Estudos
In t e r d is c ip lin a r e s da C o m u n ic a ç ã o
(IN T E R C O M )
[U R L :
h t t p : //
co m u n ica ca o . ib ict. br/]; c) Diálogo C ien tífico em C iência da Inform ação
[U R L: h ttp : //dici.ib ict. br/] para os pesquisadores brasileiros dessa área..
Rep o sitório In stitu cio n al Digital do IBICT. U tiliz a n d o a plataform a
DSpace, desenvolvida pela MIT, o IB IC T im plantou , no final de 2 0 0 4 ; o
R e p o s it ó r io In s t it u c io n a l D ig ita l do IB IC T ( R ID l)
[U R L : h t t p s : //
d sp ace. ib ict. br/dspace/]. Em 8 de fevereiro de 2005, o seu acervo con tava
com 13 docu m en to s digitais.
SCIELO
Criada em 1965, com a d eno m in ação de Biblioteca Regional de M e d i­
cina (B IR E M E ), ocu p an d o as instalações da antiga Escola Paulista de M e ­
dicina (a tu alm en te U niversid ad e Federal de São Paulo). Em 1967, foi assi­
n a d o u m c o n v ê n io e n tre o G o v e r n o B r a s ile ir o e a O r g a n iz a ç ã o
Pan-am ericana de Saúde (O P A S ) e a B IR E M E expandiu sua abrangência
geográfica, passando a funcionar com o um centro in ternacional para o
co n tin en te, com o núcleo central de um a rede cooperativa que englobou
as in stitu içõ es de inform ação da área de saúde. Sua d eno m in ação passou
a ser C en tro Latin o-A m ericano e do Caribe de Inform ação em C iên cias da
Saúde [U R L : http : //w w w . birem e. br/], m antendo-se a sigla anterior.
A BIREM E, localizada em São Paulo, é conhecida pela distribuição da
informação biomédica em C D -R O M (Castro; Packer; Castro, 1989; McCarthy,
1996). Ela tam bém tem sido um ativo centro da U N E S C O , distribuindo os
gerenciadores de bases de dados bibliográficos CDS/ISIS e M IC R O ISIS.
A Biblioteca C ien tífica Eletrônica On-Line, mais conhecida pela sigla
em inglês S C IE L O (Scien tific Electro n ic Library O n -lin e) [U R L : h ttp : //
w w w . scielo. org], é um projeto pilo to desenvolvido em 1997 pela B IR E M E
com o apoio financeiro da Fundação de A m p a ro à Pesquisa de São Paulo
(F A P ESP ). Seu objetivo era desenvolver uma m etodologia de digitalização,
arm azen am en to , dissem inação e avaliação da literatura científica em for­
m ato eletrônico, por m eio da provisão de um a biblioteca digital de perió­
dicos eletrôn icos com texto com p leto (W la d im ir, 20 02 ). O projeto p iloto
foi testad o no período de m arço de 1997 a m aio de 1998, com periódicos,
em sua m aioria das áreas de saúde; a partir de ju n h o de 1998, passou a
operar de form a regular, incorporando n ovos títu lo s de o u tras áreas. O
sistem a atu alm en te tam bém inclui títu lo s em ciências sociais e h u m a n i­
dades. A coleção básica, em janeiro de 2005, era form ada por 13 1 títu lo s
brasileiros, 47 chilenos, I 7 cu b anos e 2 1 espanhóis. O s artigos em texto
co m p leto estão disponíveis nas versões em htm l e pdf, possuind o resu­
m os em inglês. Desde 2002, o W e b o f Science faz h ip ervín culo s com os
artigos arm azenados no S C IE L O (ISI, 20 02 ).
Segu ndo o levan tam en to e sta tístico mais recente, durante 2003, o
S C IE L O recebeu 2 . 788. 4 5 1 acessos que possibilitaram o d o w n lo a d in g de
4 2 . 372. 055 páginas de artigos de periódicos (Statistics o f w w w . scielo. br).
A coleção está sendo expandida para incluir periódicos da C osta Rica,
Espanha e V enezuela. U m subsistem a separado cobre periódicos de s a ú ­
de pública. U m a característica interessante do S C IE L O é a ligação entre o
n om e do a u to r do artigo e seu curriculum vita e arm azenado no Lattes
(S a n ta n a; Packer; Barretto, 2001), m an tid o pelo C o n se lh o N acion al de
D e sen vo lvim e n to C ientífico e Tecnológico na base de dados denom inada
Plataform a Lattes [h ttp : //w w w . cn p q . br/]. Essa característica perm ite que
o usuário do S C IE L O possa enco ntrar no Lattes p rod utos de pesquisa do
m esm o autor. A Scientific D evelopm ent N etW o rk ob servo u que o m odelo
S C IE L O é um a alternativa viável para o au m e n to da visibilidade e do fator
de im p acto dos periódicos de países em d e se n vo lvim e n to na co m u n id a ­
de in ternacio nal (D ickson, 2002).
O bservatório N a c io n a l
O O bservatório Nacional criou a Biblioteca Digital de Obras Raras e Es­
peciais [U R L: http: //www. docvirt. no-ip.com/obnacional/acervo. htm l], inclu­
indo docum entos relevantes sobre astronom ia e história da ciência no Brasil.
A g ê n cia N a c io n a l de A g u a s
A A gên cia N acion al de Á gu as lançou a Bib lioteca Digital Proágua
Sem i-Á rido [U R L : http : //w w w . a n a . gov. br/proagua/biblioteca. asp] onde
estão incluíd os os textos com pletos de d o cu m en to s e relatórios té c n i­
cos, bem co m o a legislação sobre água no Brasil.
Educação
M inistério d a Educação
Portal da C A P E S . A C oordenação de A perfeiçoam en to de Pessoal de
Nível Superior (C A P E S ) [U R L: h ttp : //w w w . cap es. gov. br] é o órgão do M i­
nistério da Educação responsável pela avaliação dos program as brasilei­
ros de pós-graduação. Sua primeira iniciativa na área da inform ação digi­
tal foi a criação, em novem bro de 2000, do Portal da C A P E S [U R L: h ttp : //
w w w . periodicos. cap es. gov. br] que oferece acesso a diversos sistem as
europeus e norte-am ericanos de periódicos eletrônicos.
Em 2 0 0 1, com um estoque de cerca de 1500 títu los, o portal tinha um
uso m édio de 350. 000 acessos por mês: no final de 2002, passou a ofere­
cer acesso a 2. 400 títu lo s, dos fornecedores Scien ce Direct, Blackw ell,
O vid, A C M e outras fontes: em janeiro de 2005, passou a oferecer acesso
a 8. 466 títu lo s de periódicos nacionais e estrangeiros.
O Portal é um program a que tem finan ciam en to federal e que p erm i­
tia, em jan eiro de 2005, o acesso a alunos universitários, professores e
pesquisadores de 130 instituiçõ es, entre elas universidades, centros de
pesquisa da E M B R A P A e centros federais de ensin o técnico. Essas e n ti­
dades podem consultá-lo por m eio de um endereço Internet autorizado
(IP address). M ed ian te pagam ento, a C A P E S passou a perm itir o acesso
às in stitu içõ es privadas de ensino, sendo a U niversid ad e C ató lica de
Brasília a primeira organização a assinar este tip o de contrato.
N o segundo semestre de 2003, com os problemas orçamentários advindos
dos cortes feitos pelo Executivo, o Portal da C A PES passou por período difícil
na renovação das assinaturas com os provedores de periódicos eletrônicos.
Chegou-se a propalar até que o Portal estava sendo "fechado", havendo m ani­
festações a favor do funcionamento do Portal por parte das sociedades, associ­
ações científicas e acadêmicos. U m a Comissão Consultiva para Negociação
do Portal de Periódicos foi criada e, em 3 de outubro de 2003, informou que
as negociações junto aos fornecedores apontam convergências para no­
vos termos de contrato, em bases favoráveis ao País. A renovação dos
atuais contratos, cujo valor anual é de 18 milhões de dólares, se articula
com a possibilidade de inclusão de novos títulos, atendendo às demandas
das áreas do conhecimento ainda não contempladas no Portal. (CAPES.
Informativo n. 16)
N o final de novembro de 2003, foi divulgada a notícia de que a renovação
dos contratos foi aprovada (C A P ES . Inform ativo n. 20).
Em janeiro de 2005, o Portal tam bém provia acesso a 80 bases de
dados bibliográficos, destacando-se: W e b o f Science, A g ríco la . Bio lo g ica l
A b s tra c ts,
M E D L IN E ,
P s y c h o lo g ic a l A b s t r a c t s ,
C A B A b s tra c ts,
C O M P E N D E X , Cam bridge Scientific /¡bstracts e IN SPEC .
Base de dados sobre teses - C om o parte de suas atividades na área de
pós-graduação, a C A PES, ao longo dos anos, acum ulou uma base de dados
sobre teses e dissertações. Essa base de dados disponibilizada em linha em
ju n h o de 2002 [U RL: http: //www. capes. gov.br/Scripts/index.idc7pagina =/
servicos/indicadores/TesesDissertações.h tm ], contém 185.000 registros de
teses defendidas no Brasil a partir de 1987. É uma base de dados que não
inclui acesso ao texto com pleto, informando, porém, o endereço das biblio­
tecas depositárias onde o docum ento está disponível.
Em m eados de 2004, essa base de dados passou a oferecer acesso ao
tex to com p leto de teses e dissertações da área de H istória [U R L : h ttp : //
w w w 2 . liphis. com/]. Este é um projeto coo rd en ad o pela U n iversid ad e Fe­
deral do Rio de Ja n e iro que, no final de jan eiro de 2005, já co n tava com
249 registros de diversas universidades.
Portal Dom ínio Público — Em novem bro de 2004, o M inistério da Edu­
cação lançou o Portal D o m ínio Público [U R L : h ttp : //w w w . m ec. gov. br/
dom iniopublico/], que inclui um a biblioteca digital que reunirá m ais de mil
obras literárias, artísticas e científicas da cultura universal (M acedo, 2004).
O a ce rvo estará à d isp o sição da p o p u la çã o para pesquisa, e s tu d o e
com partilham en to de inform ações. A s obras oferecidas pelo Portal já são
de dom ínio público ou têm autorização legal de divulgação e exibição por
parte dos detentores de direitos autorais ou representantes legais.
O acervo do Portal pretende incluir um a enorm e variedade de d o cu ­
m en tos: rom ances, crônicas, poesia, livros e publicações de diversas áre­
as, teses e dissertações, fotografias, m apas, gravações fonográficas, fil­
m es, p ro g ram a s de rád io e te le v is ã o . C o m o se p o d e n o ta r p elo s
co m p o n e n te s projetados para o seu acervo, o Portal de D o m ín io Púb lico
tem m etas de difícil aten d im en to , pois, m esm o nos países d e se n vo lvi­
dos, são p o u co s os exem p los de b ib lio te c a s d ig ita is q ue fizeram a
integração de tan tos tipos de suportes inform acionais. Em janeiro de 2005,
e ste p ro jeto só tin h a im p le m e n ta d o um ca tá lo g o c o le tiv o de obras
digitalizadas, d isponíveis no Brasil e no exterior e que, m ediante so licita ­
ção do usuário, poderiam ser feitos os d ow n load s para arm azenam ento
local. Espera-se que o M in istério da Educação consiga prover recursos
financeiros, e principalm ente h um ano s e tecnológicos, para atingir essas
m etas originais. Em caso contrário, o Portal pode ser transform ar num
m ero catálogo co letivo de referências de d ocu m en tos digitais.
U niversidade de São Paulo
A Universidade de São Paulo (U S P ), a maior do país, com cerca de 40. 000
estudantes (U S P hoje, 2005), mantém o portal denominado Saber [URL: http:/
/w w w . saber.usp. br/]. Por meio desse Portal, é possível acessar a coleção de
teses e dissertações; obras raras e especiais; a Biblioteca Virtual do Estudan­
te de Língua Portuguesa e o catálogo da Editora da U S P (E D U S P ), a maior
editora universitária do Brasil, que publica cerca de 70 títulos por ano.
O Portal tam bém oferece acesso ao Dedalus, o catálogo em linha do
Sistem a de Bibliotecas da U S P (S IB I), co n ten d o cerca de 1.4 0 0 . 000 regis­
tros bibliográficos. O S IB I é pioneiro na utilização do Aleph/Exlibris, pro­
grama de autom ação de bibliotecas, atu alm en te adotado por diversas in s­
titu ições brasileiras.
Biblioteca V irtu a l do Estu d ante de Língua Portuguesa - Em 1989, a
U niversidade de São Paulo criou um centro educacional tecnologicam ente
avançado, a cham ada
E s c o la d o F u tu ro . Em
1997, e s s a E s c o la
disponibilizou na Intern et a Biblioteca V irtu a l do Estu d ante Brasileiro
(B ib V irt) [U R L : http : //w w w . bibvirt. fu tu ro . u sp . br/], a tu alm en te d en o m i­
nada Biblioteca V irtu a l do Estu dante de Língua Portuguesa.
A B ib V irt oferece cerca de 200 textos com pletos de autores clássicos
das literaturas brasileira e portuguesa, nos form atos rtf e htm l. Textos
que podem apoiar program as de televisão de ensino a d istân cia tam bém
estão sendo digitalizados. C on sid erando a natureza colorida da cultura
b rasileira, fo to g rafia s de aves, fru ta s e m ú sica ta m b é m podem ser
acessadas. A lém disso, existem arquivos de áudio com d iscursos de p o­
líticos e cientistas brasileiros.
Essa biblioteca tem ganhado prêm ios, sendo votada nos concursos
do l-Best com o um dos mais belos sítios de sua categoria. Estatísticas
recentes m ostram que a maioria dos usuários é formada por estud an tes e
professores do prim eiro grau das grandes cidades brasileiras; 7 % dos
seus usuários provêm de cidades com m enos de 10. 000 h ab itantes (Pro-
jeto, 2002), sendo, p ortanto, um interessante indicador da penetração da
W e b no in terior brasileiro.
Biblioteca Digital de O bras Raras e Especiais - Em novem bro de 2003,
a Biblioteca C entral da U S P inaugurou a sua Biblioteca Digital de O bras
Raras e Especiais [U R L: http: //w w w . obrasraras. usp. br/] (M oreno, 2003).
Em janeiro de 2005, estavam disponibilizadas 4 1 obras em várias áreas do
conhecim ento, obedecendo aos critérios de antiguidade, valor histórico e
inexistência de novas im pressões ou edições do títu lo. O s demais d o cu ­
m entos do acervo, num total de 1.224 títulos, tiveram as capas digitalizadas.
Biblioteca de Teses e D issertações - U m dos com p o n en tes do Portal
do Saber, a B ib lio teca Digital de Teses e D issertações da U S P [U R L : h ttp : /
/w w w . tese s. u sp . br] disponibiliza o acesso ao texto co m p le to a este tip o
de d o cu m en to arm azenado em form ato pdf (M A S IE R O , 2 0 0 1).
Biblioteca Digital de Direitos H u m a n o s - A Biblioteca Virtual de Direitos
Hum anos da Universidade de São Paulo [U R L: http: //ww w. direitoshum anos.
usp. br/], criada pela sua Comissão de Direitos Humanos, coloca à disposição
dos interessados as informações sobre este im portante e atual tema.
O s d o cu m en to s disponibilizados são: textos aprovados pelos orga­
nism os in ternacio nais e ratificados pelo G o ve rn o brasileiro; textos e le­
gislações elaboradas pelo sistem a Interam ericano de Direitos H um an os;
texto com p leto de d o cu m en to s im p ortan tes de interesse geral do cid a ­
dão brasileiro, tais com o: Es ta tu to do Idoso, Esta tu to da C riança e A d o ­
lescente, C ód igo de Defesa do C onsum idor.
U niversid ade Estadual de C am p in as
A U nive rsid ad e Estadual de C am pin as ( U N IC A M P ), um grande c e n ­
tro de pesquisa q ue con tava, em 2003, com cerca de 30 . 000 alunos e cuja
m aioria está na área de pós-graduação (U N IC A M P . R etrato).
Ela m a n té m um d in â m ic o siste m a de b ib lio te c a s [U R L : h ttp : //
w w w . u n ica m p . br/bc/] que, em 8 de n ovem bro de 2 0 0 1, ativou um a bib li­
oteca digital, deno m in ada Biblioteca Digital da U n ic a m p [U R L : h ttp : //
libdigi. u n ica m p . br], que tem por ob jetivo preservar e dissem inar, “ a tra ­
vés da produção científica/acadêm ica da U n ic a m p em form ato eletrôn ico
de: artigos, fotografias, ilustrações, obras de arte, revistas, registros s o ­
noros, teses, víd e o s e o u tro s d o cu m en to s de interesse ao d e se n vo lvi­
m ento científico, tecn oló g ico e só cio -cu ltu ral” (A p re se n ta çã o da b ib lio ­
te ca ). A lé m d esses d o cu m e n to s , tam b é m estã o se n d o in c lu í dos
os
trabalhos apresentados em even to s e os periódicos eletrônicos editados
pela universidade.
Foi utilizado um co n ju n to de program as desen volvid o localm ente e
d enom inado N ou-rau - um trocadilho do term o em inglês know-how.
N esse c o n ju n to [U R L : h ttp : //w w w . rau-tu. u n icam p . br/nou-rau/sbu/], que
segue a política do softw are livre, podem ser inseridos diversos tipos de
docu m en tos, de teses a recortes de jornais, em diferentes form atos, in ­
cluindo htm l, pdf, rtf e m esm o Po w e rp o in t (D escrição, 2002).
Em janeiro de 2005, o acervo dessa biblioteca digital incluía 3 . 933
teses e 10.4 6 1 d o c u m e n to s gerais, te n d o sid o realizad os 3 8 2 . 848
d ow n load s desde a sua im plantação.
U niversidade Federal do P a ra n á
A Universidade Federal do Paraná utiliza a plataforma DSpace, desenvol­
vida pelo Massaehusetts Institute of Technology (M IT ) e Hewlett-Packard, para
a criação de arquivos digitais em nível de universidades. O DSpace viabiliza a
coleção, armazenagem, indexação, conservação e disponibilização da pro­
dução cientifica de professores e pesquisadores. O projeto, denom inado Bi­
blioteca Digital de Teses e Dissertações [URL: http: //dspace.c3sl. ufpr.br/dspace/
index.jsp], inclui teses, dissertações, relatórios técnicos, arquivos com sons
e imagens. Em 25 de janeiro de 2005, o acervo total consistia de: 15 arquivos
com sons e imagens; 3 relatórios técnicos; 53 teses e dissertações.
U niversidade Federal do Rio Q rande do Sul
A U n iversid ad e Federal do Rio G rande do Sul, com a colaboração do
IBICT, lançou a sua Biblioteca Digital de Teses e Dissertações [U R L : h ttp : /
/w w w . biblioteca. ufrgs. br/bibliotecadigital/], co n ten d o docum entos defen­
didos a partir de 2 0 0 1. Em 25 de janeiro de 2005, estavam disponibilizados
2.420 d o cu m en to s em texto com pleto.
Pontifícia U niversid ad e C a tó lica (R io de Ja n e iro )
A Pontifícia U niversid ad e C atólica do Rio de Janeiro (P U C - R io ), u tili­
zando a m etodologia da NLTD, lançou a sua Biblio teca Digital de Teses e
D issertações [U R L : h ttp : //w w w . m axw ell. lam b d a. ele. puc-rio. br/cgi-bin/
d b 2 w w w / P R G _ 0 4 9 0 . D 2 W / IN P U T 7 C d L in P rg = p t], Vale ressaltar que, a
partir de agosto de 2002, tod as as teses e dissertações defendidas na
PU C - R io obrigatoriam ente passaram a ser depositadas nesse repositório.
Pontifícia U niversid ade C a tó lica de M in a s G erais
A Pontifícia U niversid ad e C ató lica de M in as Gerais (P U C - M G ) la n­
çou, com a colaboração do IBICT, a sua Bib lioteca Digital de Publicações
[U R L : h ttp : // w w w 2 . s is te m a s . p u c m in a s . b r/B D P/SilverStream /Pag es/
p g _B D P P rin c ip a l. htm l]. N essa biblioteca, estarão disponibilizadas a te ­
ses e dissertações produzidas nessa universidade.
U niversid ade Federal de San ta C a ta rin a
A U niversid ad e Federal de San ta C atarina criou o seu Banco de Teses
e D issertações [U R L : h ttp : //teses.ep s. u fsc. br/index.asp], A origem desse
B an co está ligada à criação, em 1995, do Laboratório de M ídia e C o n h e ­
cim ento, vin culado ao Programa de Pós-G raduação em Engenharia da Pro­
dução. N o período de 1995 a 1999, foram digitalizadas 283 dissertações
de m estrado e 74 teses de dou torad o . Em janeiro de 2005, esse repositório
c o n tava com 4827 itens digitais, sendo 4-005 teses e dissertações.
U niversid ade Estad u al Paulista
A U niversid ad e Estadual Paulista (U N E S P ) lançou a sua Biblioteca
Digital, que utiliza o Sistem a N ou -Rau d esen volvid o pela U niversid ad e
de C a m p in a s. Essa B ib lio te ca [U R L : h ttp : / / w w w . b ib lio te c a . u n e s p . br/
bibliotecadigital/] tem por ob jetivo o arm azen am en to , co n tro le e d isse ­
m inação de d o cu m en to s digitais. O seu acervo é co m p o sto de teses e
dissertações, p artituras m usicais, slides, fotografias, periódicos e le trô ­
nicos e a produção científica da in stituição .
U niversid ade Federal de São Carlos - A U niversid ad e Federal de São
C arlos criou, em I 7 de agosto de 2004, no seu Portal do C o n h ecim en to , a
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações [U R L : http: //w w w . bdtd. ufscar.br/
]. Essa biblioteca visa divulgar, em texto com p leto, a teses e dissertações
defendidas nos seus 18 program as de pós-graduação.
U niversid ad e do Vale do Rio dos Sino s - A U n iversid ad e do Vale do
Rio dos Sino s (U N IS IN O S ) criou, com o apoio do IBICT, a sua Biblioteca
Digital de Teses e D issertações [U R L : h ttp : //bdtd. u n isin o s. br].
U niversid ad e C ató lica de Brasília - A U niversid ad e C ató lica de Brasília
U C B ) lançou, com o apoio do IBICT, a sua Biblioteca Digital de Teses e
D issertações [U R L : h ttp : //w w w . b d td . u cb . br/tede/tde_busca/index. php].
Em 2 de fevereiro de 2005, o seu acervo era co m p o sto de 40 teses de
m estrado, em texto com pleto.
Universidade Católica de Pelotas - A Universidade Católica de Pelotas
(Rio Grande do Sul) lançou, com o apoio do IBICT, a sua Biblioteca Digital de
Teses e Dissertações [URL: http://200.17 . 17 0 . 152/tede/tde_busca/index.php],
Universidade Federal F lu m in e n s e - A Universidade Federal Fluminense,
por m eio do seu N ú cleo de D o cum entação, lançou a sua Biblioteca D igi­
tal de Teses e D issertações [U R L: h ttp : //w w w . b d td . n dc. uff.br]. Esse pro­
jeto co n to u com o apoio do IBICT.
U niversid ad e Livre da M ata A tlâ n tic a - A U niversid ad e Livre da M ata
A tlâ n tic a , in stitu içã o de utilidade pública, sediada no C o n v e n to dos
Franciscanos, em Cairú (Bahia), é um a entidade do terceiro setor, dedicada
à prom oção do desen volvim ento sócio-econôm ico-ecológico integrado.
C o n ta n d o com o apoio do W o rld w a tc h In stitu te, sediado em W a s h in g ­
to n ( U S A ) , m o n to u a B ib lio te c a D ig ita l W w i - U M A
[U R L : h tt p : //
w w w . w w iu m a . org. br/]. O acervo dessa biblioteca é co n stitu íd o de tex­
tos co m p leto s de entrevistas, artigos de diversas publicações periódicas
e os núm eros publicados na língua portuguesa da revista W o rld W a tch .
U n iversid ad e C ató lica Dom Bo sco - A U niversid ad e C ató lica Dom
Bosco, por m eio do seu M estrado em D esen volvim en to Local, criou, em
m aio de 2002, a sua Biblioteca Digital [U R L : h ttp : //w w w . b d m dl. u cd b . br/
]. N o projeto foi u tilizado o p rotótipo d esen volvid o na U niversid ad e Fe­
deral de San ta C atarina pelo grupo de pesquisa Bibliotecas Digitais da
Rede M e tro p o litan a de A lta Velocidade/Florianópolis. A té 25 de janeiro
de 2005, existiam 395 d ocu m en tos digitais no acervo dessa biblioteca.
U niversid ad e do Vale do Itajaí - A U n iversid ad e do Vale do Itajaí, por
meio do seu C en tro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, criou a
sua Bib lioteca Digital [U R L : http: //w w w . cttm ar. u n iva li. br/~b ib cttm ar/].
O projeto foi desenvolvido por alu nos de C iência da C om p u tação. O seu
acervo inclui trabalhos de co n clu são do curso de graduação, teses e d is­
sertações.
Faculdade Integrada do Recife - A Faculdade Integrada do Recife criou
a Biblioteca Digital da Copesq [U R L : h ttp : //docente. fir.br/copesq/nipe/
bibliotecadigital/] que inclui as publicações e m onografias de con clu são
de cursos dos alunos de graduação dessa in stitu içã o de ensino superior.
In s titu to Tecnológico de A e ro n áu tica - O In s titu to Tecnológico de
A e r o n á u t ic a
(IT A ) la n ç o u a s u a B ib lio te c a
D ig ita l [U R L : h t t p : //
w w w . b ib l. ita . br.], um projeto d esen volvid o pela Biblioteca C entral e a
Divisão de C iên cia da C om p utação. Em janeiro de 2005, co n stavam do
seu acervo 97 trabalhos de con clu são de curso de graduação, 389 teses e
110 dissertações.
L ite r a tu r a
e h u m a n id a d e s
B ib lio teca N a c io n a l
A Biblioteca N acional do Rio d e Janeiro (B N ) [U R L: http: //w w w . b n . br/],
o m aior acervo da A m érica Latina (com cerca de nove m ilhões de peças),
foi fundada em 1808 a partir da coleção da Biblioteca Real de Portugal
que havia sido transferida de Lisboa para o Rio d e Janeiro, por ocasião da
in vasão francesa à Península Ibérica.
N a B N é possível co n su lta r in cu n áb u lo s raros, apreciar as gravuras
de Debret ou ouvir m úsicas com p o stas por Villa-Lobos. Todos esses aces­
sos são facilita d o s por meio do Program a Biblioteca N acion al sem Fron­
teiras [U R L : h ttp : //w w w . b n . br/fbn/bibsemfronteiras/], criado em janeiro
de 2 0 0 1, e que visa a m ontagem de um a biblioteca digital concebida de
form a am p la co m o um a m b ie n te onde e stã o in teg rad as as co leçõ es
digitalizadas essenciais para o en te n d im e n to das cu ltu ras brasileira e
portuguesa (Program a Biblioteca).
Periódicos raros do início do século XIX , gravuras e imagens tam bém
estão sendo digitalizados e indexados. Para visualizar essas imagens e reali­
zar pesquisa textual é necessário fazer os dow nloads dos plug-in do progra­
mas D o cR e a d e r, produzido pelo DocPro [U R L: http: //ww w . docpro. com . br/
default. htm],
N a Biblioteca N acion al existe um a área separada d enom inada “ Lite ­
ratura Eletrô n ica” , na qual os leitores que desejarem co n su lta r textos
co m p leto s de 15 dos principais autores da literatura brasileira, podem
encontrá-los no form ato pdf.
Em janeiro de 2005, já estavam digitalizados os A n a is d a B ib lio teca
N a c io n a l, relativos aos vo lu m es I - 1 I 7 e cob rin d o o período de 1876 a
1997. N essa m esm a data, o catálogo da B N d isp onibilizava os seguintes
tipos de d o cu m en to s digitalizados: 167 livros, 504 m anu scritos, 196 fo ­
tos, I 7 partituras m usicais, 10 m apas antigos, 10 m ateriais audiovisuais,
seis obras raras (de um acervo to tal de 4 2 . 000 itens).
Portais gerais e de hum anidades
O s portais dos grandes provedores brasileiros de acesso à Internet ofere­
cem serviços relevantes à literatura e humanidades. O Terra/Lycos [URL: http: /
/w w w . terralycos.com ], megaportal com sede em Barcelona (Espanha), é con ­
siderado o portal líder nos mercados espanhol e brasileiro. Ele reivindica contar
com mais de 400 milhões de visitantes em mais de 40 países. N o Bras il,
ele
mantém um dinâmico portal [URL: http://www. terra.com . br] que oferece uma
livraria eletrônica, a Virtual Books Online [URL: http://virtualsbooks.terra.com.br/
], que também contém uma coleção com 120 obras clássicas das literaturas
portuguesa e brasileira, além de ficção, poesia e livros infantis.
O ou tro grande portal brasileiro é o U n ive rso On-line (U O L ) [U R L:
w w w . uol. c o m . br/] que divulga ser o m ais utilizado sítio na portuguesa,
com mais de um m ilhão de assinantes, sete m ilhões de páginas e 10
m ilhões de usuários ú nico s visitan te s a cada mês. O U O L , criado em 28
de abril de 1996, é um a em presa m antida pelo grupo Abril (editor, entre
outros, da revista Veja) e Folha de S. Pau lo . Grande parte do co n teú d o do
U O L é restrito aos assinantes: o acervo é com p o sto , entre outros, de
obras de referência, d icionários eletrônicos, revistas e jornais.
Outros recursos em hum anidades
Pequenos sítios, sem apoio financeiro oficial, d isponibilizam textos
com pletos da literatura brasileira que estão em dom ín io público. É bom
lembrar que a legislação brasileira sobre direitos autorais perm ite a cópia
livre de co n teú d o s após 70 anos do falecim ento do autor, além disso, os
clássicos da literatura brasileira geralm ente fazem parte da bibliografia
básica dos vestibu lares para ingresso nas in stitu içõ es de en sin o sup eri­
or. O s principais sítios são:
a) Biblioteca V irtu al de Literatura [U R L: http: //w w w . biblio. co m . br]: cri­
ada em setem bro de 2000, provê acesso a textos em form ato html, com
biografias e com entários dos principais literatos brasileiros e p ortu ­
gueses, com trechos de partes de suas obras que já estão em dom ínio
público. Ela tem um a freqüência média diária de 350 acessos.
b) Alexandria V irtu al [U R L: http: //w w w . supervirtual. co m . br]: a Editora
Supervirtual é uma empresa privada de arm azenam ento digital, locali­
zada em São Paulo (SP). Foi além dos clássicos básicos, disponibilizando
uma ampla variedade de material em diferentes form atos (zip, doc e
pdf). Em janeiro de 2005, o seu acervo era de 102 . 396 itens.
c) EBooks Brasil [U R L : http: //w w w . ebooksbrasil. com/] o m aior d istri­
buidor de livros eletrôn icos no país.
d) B ib lio te c a D ig ita l P a u sa para a Filo so fia [U R L : h tt p : / / w w w .
bdpfilosofia. pop. c o m . br/]: provê acesso ao texto com p leto de livros
em português, dos principais filósofos estrangeiros.
História, Direito e Política
Senado Federal
O Sen ad o Federal, com sede em Brasília, tem um a longa tradição na
área de inform ática. O C en tro G ráfico do Sen ad o Federal [U R L : h ttp : //
w w w . senado. gov. br/web/cegraf/conselho/] oferece acesso no form ato pdf
a textos com p letos de livros que cobrem cerca de 500 anos do Brasil,
relacionados com as áreas de história, política e direito.
O Senado Federal m antém o Sistem a de Inform ações do C ongresso
N acion al (S IC O N ) [U R L : h ttp : / /w w w 6 . sen ad o. gov. br/sicon/] que perm ite
o acesso a qu atro bases de dados (Bib lio tecas da Rede Rubi, Discursos
dos Senadores, Legislação federal, M atérias com tra m ita çã o no Senado).
Essas bases de dados são integradas e m u itos dos seus registros e n c a ­
m inham para o texto com p leto do do cu m en to , por exem plo: discurso do
parlam entar, texto de um a norm a legal ou artigo de periódico.
Fu ndação Ç etú lio Vargas
A Fundação G e tú lio Vargas m antém no Rio de Ja n e iro o C en tro de
Pesquisa e D o cu m en tação de História C on tem p orân ea do Brasil (C P D O C )
[U R L : h ttp : //w w w . cp d o c. fgv.br/comum/htm/] que focaliza a recente h is ­
tória política brasileira.
O s usuários podem co n su lta r m ateriais relacionados com a história
brasileira m ediante registro gratuito. Eles têm acesso a cerca de 35. 000
fotografias digitalizadas, áudio com 40 0 en trevistas de personalidades
que participaram de even to s políticos nos ú ltim o s 50 anos, ou tro s m a te ­
riais audiovisuais e reproduções de d o cu m en to s im pressos. Tam bém é
possível co n su lta r um catálogo de quase um m ilhão de m anu scritos e
verbetes do D icio n ário histórico-biográfico brasileiro.
Superior Tribunal de Ju stiça
A B ib lio te ca D ig ital Ju ríd ic a [U R L : h ttp : //bdjur.s tj. g o v . br/dspace/
index.jsp] foi criada em 22 de setem bro de 2004, no âm b ito do Superior
Tribunal d e ju s tiç a . Ela utiliza a Plataform a DSpace, desenvolvid a no MIT.
Em 8 de fevereiro de 2005, co n sta va m em seu acervo 42 d ocu m en to s
digitais em texto integral, co m p o sto de norm as legais, artigos de perió­
dicos, palestras, discursos, conferências e cap ítu lo s de livros.
A r te s e A r q u it e tu r a
Instituto Moreira Sales
O In s titu to Moreira Salles (R io de Ja n e iro e São Paulo) [U R L : h ttp : //
w w w . im s. c o m . br] iniciou, em fevereiro de 2004, a digitalização dos acer­
vos da sua divisão m usical, que tem sob sua guarda as coleções dos
m úsicos A n tô n io D auria, Pixinguinha, Elizeth Cardoso e Ernesto Nazareth,
do crítico Jo s é Ram os Tinhorão, do pesquisador H um b erto Franceschi e
do jorn alista W a lte r Silva (C onde, 2002). O projeto visa disponibilizar
para o público um riquíssim o acervo co m p o sto de livros, p artituras e
gravações m usicais raras que con tam a história do choro, do surgim ento
das escolas de sam ba, do nascim ento do rádio e dos antigos carnavais
do Rio de Janeiro.
Tesouros d a C idad e de São Paulo
Em I I de m arço de 2003, foi lançado o Projeto Tesouros da Cidade de
São Paulo: Biblioteca Digital M u ltim íd ia [U R L : h ttp : //portal. prefeitura.
sp.gov.br/secretarias/cultura/bibliotecas/marioandrade/0009]. Esse Projeto,
uma parceria entre a Secretaria M unicip al da C u ltu ra de São Paulo e o
In stitu to Em bratel 2 1, visa a digitalização e a veicu lação pela Intern et de
acervos raros localizados na Biblioteca M ário de A n d rad e e no D ep arta­
m ento de Patrim ôn io H istórico.
O s acervo s incluem cerca de 5. 000 gravuras e fotos das tran sfo rm a­
ções urbanas ocorridas em São Paulo, no período de 1860 a 1960 e os
textos integrais de 120 livros raros sobre o Brasil, publicados entre 15 5 1
a 1885.
Bib lio teca V irtu a l do A m a zo n a s
A Biblioteca V irtu a l do A m azo n as [U R L : h ttp : //w w w . bv.am . gov. br/
portal/] foi lançada em abril de 2002. Trata-se de um projeto da Secretaria
de C ultura do Estado do A m a z o n a s que tem por ob jetivo disponibilizar
parte do acervo de m ateriais raros da Biblioteca Pública do Estado e do
In stitu to Geográfico e H istó rico do A m azo n as. A b ran g e textos em d o m í­
nio público sobre tem as am azônicos, d o cu m en to s da Província ( 18521888), estu d o s literários e recortes de jornais. Em janeiro de 2005, já
estavam dispon ibilizados I 74 im agens de projetos arq u itetô n ico s de
edificações de M a n a u s no final do século 19 e início do século 20, além
de plantas da cidade, linhas de bonde, relatórios, m ensagens, exposições
e legislação da Província do A m azo n as.
3 . C o n c lu s õ e s
Existe um a série de fatores que favorecem o d esen vo lvim en to da b i­
blioteca digital no Brasil. C onform e já exposto no prim eiro item , o país
está form alm ente com p rom etid o com o am plo acesso à Internet; cerca de
2 0 % da população - em to rn o de 35 m ilhões de pessoas - deveria ter
acesso no final de 2004.
A s em presas telefônicas, desde 2000, passaram a oferecer acesso em
banda larga e serviços de A D S L a partir de 2002. O M in istério da C iência
e Tecnologia está im p lantand o a Rede N acion al de Pesquisa -2 (R N P - 2 ),
o equ ivalen te à Internet-ll (H istórico, 20 01 ), que interligará to d o s os 27
estados brasileiros com ligações até 155 m ps, com conexões para as
redes estrangeiras.
A p e sa r de recente, a biblioteca digital com eça a receber apoio fin a n ­
ceiro governam ental. A lg u m a s bibliotecas digitais que ob tiveram su ce s­
so foram criadas baseadas nas experiências e recursos existentes em suas
in stitu içõ es, por exemplo: Prossiga, Biblioteca V irtu a l do Estu d an te de
Língua Portuguesa e SC IELO . Em alguns casos, esse sucesso faz com que
a biblioteca digital se transform e no núcleo central de um portal, por
exemplo: o SC IELO . Esforços coo perativos tam b ém desem penharam im ­
p ortan te papel na criação de bibliotecas digitais no Brasil, ressaltando-se
o caso do Prossiga.
Existem claras sim ilaridades entre as bibliotecas digitais no Brasil e
em o u tro s países, são elas: o suporte governam ental tem sido vital na
im p lantação adequada dos sistem as; in stitu içõ es nacionais e as b ib lio te ­
cas nacion ais têm estado em prim eiro plano no m o vim e n to das b ib lio te ­
cas digitais. A própria Biblioteca Digital de Saú d e pode ser com parada ao
U S Pu b M ed [U R L : h ttp : / /w w w 4 . n cb i. n lm . n ih . gov/PubM ed], o H ospital
V irtu a l [U R L : h ttp : //w w w . v h . org] ao U K O M N I [U R L : h ttp : //omni. ac. uk].
Em m u itos países, a Biblioteca N acion al ocupa um papel de liderança na
c o n stru çã o da rede de bibliotecas digitais. Espera-se que a Biblioteca
N acio n al do Rio de Ja n e iro assum a um papel relevante no Brasil.
É claro que existem lim itações ao d esen vo lvim en to das bibliotecas
digitais no Brasil. U m a diferença entre a A m érica do N o rte é que, nos
Estados U n id o s, o acesso a fotografias históricas é um grande elem ento
in cen tivad o r das bibliotecas digitais. M u ita s das coleções do A m erican
M e m o ry da Library of C ongress [U R L : http : //memory. loc. gov] baseiam -se
48
em coleções de fotografias históricas. Uma possível causa desse fato
poderia ser que as fotografias antigas teriam mais dificuldades de serem
preservadas nas condições climáticas brasileiras. Outra razão adicional
poderia ser o fato de que, no passado, os jornais brasileiros talvez te­
nham operado com relativamente baixo nível técnico e, portanto, meno­
res chances para acumularem grandes coleções fotográficas.
E as perspectivas futuras? A maioria das estatísticas demonstra que
as bibliotecas digitais brasileiras estão tendo significativos impactos na
sociedade, na pesquisa e cultura do subcontinente. O atual sistema de
bibliotecas digitais parece cobrir de forma razoável as áreas prioritárias,
principalmente pelo fato de que foi criado por instituições que já estavam
atendendo as demandas existentes.
Ainda não está claro como as bibliotecas digitais podem se desen­
volver sem uma coordenação adicional. Além disso, também não está
claro se essa coordenação deva ser espontânea ou estimulada central­
mente. Até meados de 2004, uma variedade de instituições estava disse­
minando suas teses e dissertações, tanto no formato de resumo como
em texto completo. Com o advento da Biblioteca Digital de Teses e Dis­
sertações (BDTD) o IBICT recuperou o tempo perdido, fazendo com que o
país possa ser mais bem servido por meio de um sistema coordenado
para controle e acesso desse tipo de material. E o caso de indagar se
ações similares deveriam ser copiadas em outros segmentos, como o
feito pelo Governo Federal ao aprovar, em 2002, normas gerais para a
criação de sítios governamentais (Brasil. 2002).
Em fevereiro de 2005, época em que este capítulo foi escrito, o Gover­
no do Presidente Lula já tinha ultrapassado o seu segundo ano de admi­
nistração e a temática da inclusão digital ou a ampliação do acesso ao
mundo virtual está sendo retomado pelas autoridades federais. Infeliz­
mente, o Programa Sociedade da Informação (Governo, 2002), lançado
pelo governo anterior (Fernando Henrique Cardoso), parece que ficou
“congelado” e as verbas oriundas do Fundo de Universalização dos Ser­
viços de Telecomunicações (FUST) não foram gastas até agora. E sabido
que nesses recursos seriam contemplados projetos para dar acesso à
Internet às bibliotecas públicas, escolas e telecentros. Assim, recursos
financeiros que poderiam estimular o surgimento de projetos de bibliote­
cas digitais oriundos de bibliotecas públicas estão no compasso de es­
pera, aguardando m udanças por parte dos m inistro s envo lvid os. A lém
disso, recursos orçam en tários têm sido co n tingenciad os.
De qualquer m odo, apesar da presente situ ação financeira, à sem e­
lhança de ou tro s países, é visível que a Intern et e as bibliotecas digitais
poderão executar um im portan te papel na garantia da am pliação do aces­
so à in fo rm ação no Brasil. A in fo rm a tiz a çã o do país e a criação de
telecentros som ente terão sentido se for possível oferecer m ateriais in ­
form ativos de boa qualidade à população. A s bibliotecas digitais c o n s ti­
tuem o único canal que tem o potencial de d isponibilizar co n teú d o c u ltu ­
ral de bom nível para a N ação em geral. Isso representaria a grande
co n trib u ição das bibliotecas digitais para o progresso brasileiro.
R e f e r ê n c ia s
ANATEL. Só 8 % dos brasileiros têm acesso à internet. Brasília, 7 de out. de
2003. <URL: http://www.anatel.gov.br> Acesso em: 23 de dezembro de 2003.
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lece regras e diretrizes para os sítios na Internet da Administração Pública
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Maria Luiza M. Campos'
Maria Luiza deAlmeida Campos/UFF'
Linair Maria Campos/NCE-UFRf"
I. Introdução
A Web é hoje considerada o maior repositório de informações dos
mais variados domínios de conhecimento, tendo apresentado um desen­
volvimento vertiginoso desde sua criação. Suas características de liber­
dade de publicação, autonomia das fontes e controle descentralizado fi­
zeram com que uma grande diversidade de recursos fosse crescentemente
disponibilizada, mudando significativamente o comportamento de seus
usuários e ampliando o perfil de sua utilização. O que pode hoje ser ob­
servado é uma significativa dependência dos serviços prestados via este
novo ambiente de interação, muito além do objetivo inicial de publicação
de documentos interligados via uma rede hipertextual de associações.
Além de navegar através de ligações entre os documentos, os usuários
da Web podem ainda fazer buscas por produtos, verificar situação de sua
'Departamento de ciência da computação/IM. Universidade Federal do Rio de Janeiro
[email protected]
"Departamento de ciência da informação Universidade Federal Fluminense.
[email protected]
""Núcleo de computação eletrônica. Universidade Federal do Rio de Janeiro
linairm c® . nce.ufrj.br
conta bancária, co n su lta r horário de vôos. com prar bilhetes de viagem ,
para citar apenas alguns dos serviço s disponíveis.
A proposta da W e b sem ântica1 pretende fazer com que essas atividades
possam ser executadas não só por usuários, mas tam bém por programas (ou
pela m áquina, com o preferem alguns autores). Esses programas ajudariam a
autom atizar tarefas mais complexas e a decidir, ao longo de atividades inter­
mediárias, qual serviço utilizar, além de obter e fornecer informações, q uan­
do necessário, até com pletar a tarefa especificada. Para que programas pos­
sam se com unicar com programas através de uma sofisticada cadeia de
interações, eles precisam ser capazes de interpretar tais informações e de
julgar a adequação dos serviços a utilizar, eventualm ente envolvendo o usu­
ário, quando dele depender qualquer decisão neste processo.
A W e b sem ântica encontra-se nos seus prim órdios, e, por isso m es­
mo, é ainda encarada com ceticism o por m uitos. N o en tan to , cada vez
mais surgem abordagens e tecnologias buscando m elhorar sua cap acid a­
de de prover suporte à identificação, localização, en te n d im e n to e uso de
seus recursos. Baseada no am plo uso de padrões e arq u iteturas extensí­
veis, capazes de se adaptarem à dinam icidade dos requisitos deste meio,
a W e b sem ântica vem trazendo novas perspectivas ao com partilham ento,
in te r c â m b io e in te g r a ç ã o de re c u rs o s , a u m e n t a n d o seu grau de
autom atização e m elhorando significativam ente o aten d im en to às neces­
sidades de seus usuários.
Im plícitos a tod as essas questões relativas ao tra ta m e n to e acesso a
recursos na W e b . procedim entos relacionados à gestão de con teú d os
inform acionais se apresentam . Esses procedim entos envo lvem operações
de classificação, indexação e com patibilização de inform ações para per­
m itir que recursos m ais diversos possam ser agregados, para posterior
busca, recuperação e uso efetivos.
A gestão de co n teú d o s (Heflin; Hendler, 20 00 ) é um co n ceito recente,
q ue surge no â m b ito da ciência da co m p u ta ç ã o , para dar c o n ta do
gerenciam ento de inform ações de sistem as corp orativos, p ossibilitando
sua organização e acesso. En tretanto, este co n ce ito está d iretam ente re­
lacionado às atividades de tra tam e n to e recuperação de inform ação, v e ­
lhas con h ecid as no am bien te da ciência da inform ação.
N esta perspectiva, este artigo apresenta as idéias básicas e m ecan is­
m os u tilizad os pela W e b sem ântica, d iscutin d o seus papéis e inter-rela­
ções. A n a lisa ainda a relação entre estas in iciativas e os procedim entos
de organização e representação de dom ínios, uniform ização e padroniza­
ção, oriundos de áreas com o a ciência da inform ação, com vistas à ges­
tão de con teú dos. É d entro deste contexto que se d iscutem as m udanças
e tendências nesta área, em especial nas n ovas abordagens aplicadas a
bibliotecas digitais.
2. U m a
n o v a g e ra çã o d a W e b : a W e b
s e m â n t ic a
A W e b atual foi criada ten d o com o foco a am pla disponibilidade de
con teú d os publicados para co n su m o por seus usuários. A evolu ção da
W e b levou a que cada vez m ais estes con teú d os fossem explorados ta m ­
bém por aplicações, em um am bien te in tensivo de tro ca de inform ações,
que, no entanto, até recentem ente, tem dependido de acordos e predefini­
ções por parte de seus usuários, de forma a garantir a interoperabilidade
entre essas aplicações.
A proposta de um a W e b sem ântica busca m inorar ou elim inar essa
dependência, aum en tan d o a expressividade dos descritores associados
aos recursos disponíveis, perm itindo a u to m atizar a colaboração entre
aplicações e entre estas e seus usuários, através de buscas m ais efetivas,
integração e interoperabilidade entre aplicações. Se na primeira geração
da W e b , os d o cu m en to s eram apenas ligados entre si, deixando para o
usuário o papel de interpretar a natureza destas ligações, a nova geração
da W e b pretende ter ligações sem anticam ente m ais ricas, capazes de dar
suporte às aplicações em suas negociações.
Segundo Berners-Lee, Hendler e Lassila (2 0 0 1):
A W e b semântica representa a evolução da W e b atual. Ela visa fornecer
estruturas e dar significado semântico ao conteúdo das páginas W e b ,
criando um ambiente onde agentes de software e usuários possam traba­
lhar de forma cooperativa.
N este novo contexto, a W e b será capaz de representar associações
entre recursos que, em princípio, poderiam não estar relacionados. Para
isso, com pu tad o res necessitam ter acesso a co n h ecim e n to consensual
de dom ínios, através de descritores (m etad ados) - criados segundo p a­
drões
estabelecidos de inform ações. A lé m disso, devem tam b ém dispor
de co n h ecim e n to específico de cada dom ín io representado através de re­
des de co n ceito s e regras definidas sobre eles. A exem plo de seus pre­
cursores na área de inteligência artificial, os idealizadores da W e b se­
m ântica reconhecem a im portância da representação do c o n h ecim e n to
de um d om ínio, colocan d o as abordagens e m ecanism os daquela área em
c o n ta to com os novos requisitos e infra-estrutura da W e b . Surge então,
renovado, o con ceito de ontolog ias (G u arin o ; G iaretta, 1995), ap resen ta­
d a s c o m o t e c n o lo g ia c h a v e p a ra a g e ra ç ã o da W e b
s e m â n t ic a ,
corresp on dend o a um e n te n d im e n to com u m e com p artilh ad o sobre um
d om ín io capaz de ser co m u n icad o entre hom ens e aplicações. N esse se n ­
tido, várias in iciativas, co m o as desen volvid as pelo W 3 C , buscam por
m eio da criação de padrões, arq u iteturas de m etadados, o n to lo g ias e ser­
v iço s de inferência, dentre outros, a m elhor forma de tornar a inform ação
tam bém com preensível pela m áquina (Passin, 2004).
3. A
d e s c r iç ã o e r e p r e s e n t a ç ã o d e c o n t e ú d o s
in fo r m a c io n a is a s e r v iç o d a g e s tã o d e
c o n te ú d o s na W e b
N o dom ín io teórico/m etodológico da W e b sem ântica, a gestão de
c o n teú d o s se insere co m o um co n ce ito em con stru ção , co n tem p lan d o o
gerenciam ento das inform ações de um sistema/rede através do tratam ento
de co n teú d o s sem ânticos. Para que esse tra tam e n to ocorra com q u alid a ­
de, são de fundam ental im portância investigações relativas a padrões de
in tercâm bio, con tro le de linguagem e m odelos de representação, através
de m etad ados, vocab u lários, o n to lo g ias, tesauros, tax on om ias, entre
outras.
A gestão de co n teú d o s envo lve um a série de proced im en tos de u n i­
fo rm iz a ç ã o e p a d ro n iz a ç ã o de in fo rm a ç õ e s , b a s e a d o n u m a v is ã o
integradora. N esse con tex to , dois co n ce ito s são considerados e sse n ci­
ais: o de organização e o de com u nicação .
O co n ce ito de organização pressupõe procedim entos classificatórios.
Tais procedim entos possibilitam o agru pam en to e a recuperação de infor­
m ações de acervos diversos. Essas inform ações podem estar em forma
e stru tu rad a (b ancos de dados, por exem plo) e não estruturad a (textos
integrais, por exem plo). Esses p rocedim entos classificatórios, além de
evidenciar os co n to rn o s de atu ação de um a instituição/organização, faci­
litam os processos de seleção e de tra tam e n to de inform ações. O p ro d u ­
to desse processo classificatório se apresenta com o um m apa de c o n te ú ­
dos - taxonom ias - das atividades das organizações que as produzem .
Nesse contexto, as taxonom ias podem ser consideradas com o ferram en­
ta s q u e p o s s u e m
a fu n ç ã o de o r g a n iz a ç ã o ló g ic a de c o n t e ú d o s
inform acionais.
U m a taxonom ia é um a lista de categorias de a ssu n to estruturada.
N ão inclui a definição de tópicos, mas som ente apresenta as relações
hierárquicas entre os tópicos, co m o um a parte sistem ática de tesauros.
A tu alm e n te , o desen volvim en to de taxonom ias tem sido um dos pilares
da gestão da inform ação e do con h ecim ento.
O uso de taxonom ias perm ite que se estabeleçam padrões de alto nível
para a ordenação e classificação de inform ações através de m ecanism os de
herança, além de permitir que as organizações possam reconhecer e relaci­
onar atividades agregadoras de valor, dim inuindo esforços na produção e
utilização do conhecim ento. O conceito de herança é um dos conceitos
mais poderosos no desenvolvim ento de software. A s m áquinas podem
com preender corretam ente relacionam entos de generalização e especiali­
zação entre as entidades atribuindo propriedades às classes gerais e então
assum indo que as subclasses herdam estas propriedades.
En tretanto, para que um a taxonom ia possa verdadeiram ente fu n cio ­
nar com o um m ecanism o que perm ite a integração das inform ações, é
necessário que exista interoperabilidade entre os diversos sistem as de
um a in s titu iç ã o . Isto significa p ro m o ve r a ca p acid ad e dos s iste m a s
potencializarem oportun id ades de intercâm bio e reutilização de inform a­
ções, interna ou externam ente.
N esse con tex to , a com u n icação deve ser entendida co m o um a série
de procedim entos que permite a transm issão de conteúdos informacionais,
a partir de um a visã o integrada desses con teú d os. Insere-se, nesse d o ­
m ínio, a im portância de ações com o definição de m etadados e c o n s tru ­
ção de term ino logias padronizadas. Essas ações viabilizam o tra tam e n to
e a recuperação das inform ações no con tex to da W e b sem ântica.
M etadados (M o u ra e outros, 1999), no am biente da W e b , são em ge­
ral entendidos com o elem entos de descrição/definição de dados arm aze­
nados em sistem a com putadorizado. O rganizados em padrões propostos
para com unidades específicas, perm item que se determ ine o con teú d o de
cada cam po, através de procedim entos com o padronização do nom e do
cam po, descrição do co n teú d o do cam po, tipo de dados, form ato etc. A
finalidade principal dos m etadados é docum entar, através de elem entos
descritores, qualquer tip o de recurso disponível na W e b , com o objetivo
de perm itir com unicabilidade e interoperabilidade entre sistem as. A a d o ­
ção de padrões de m etadados perm ite com m ais facilidade o estabeleci­
m ento de m ecanism os de im portação e exportação de inform ações, assim
com o a criação de um a visão integrada dos dados de um a organização.
A lé m d isso , p erm ite q ue agentes in te lig e n te s n ão s o m e n te p ossam
intercam biar inform ações, mas que possam transferir para um sistem a um
con h ecim en to sem ântico estruturado que é à base da W e b sem ântica.
Por ou tro lado, é necessário tam bém um m eio que viab ilize a c o m u n i­
cação não som ente en tre os sistem as, mas entre o sistem a e o usuário
desse sistem a. Este m eio é a linguagem . A linguagem , definida com o
língua em ação, é co m p o sta por pelo m enos três objetos, ou seja: a e ti­
queta lingüística, o c o n te ú d o con ceituai e um co n tex to co m u nicacional.
N o espaço da W e b sem ântica esses três elem en tos são de im portância
capital para que um a co m u n icação possa ser estabelecida, p erm itindo
assim acessibilidade às inform ações disponibilizadas.
A s etiquetas lingüísticas que deverão fazer parte do mapa de con teú d o
de um site, assim com o aquelas utilizadas nos m ecanism os de busca, são
determ inadas por uma atividade term inológica. Para cada etiqueta lingüís­
tica deve existir um único conteúdo conceituai, dentro de um dado con tex­
to, para possibilitar com unicação, evitar ruído e garantir precisão e quali­
dade na recuperação das informações. Nesse sentido, uma série de princípios
teóricos e m etodológicos é adotada para garantir a harm onização de c o n ­
ceitos e term os. (W u e ste r, 1981: Dalhberg, 1978: G om es; C am pos, 1996)
O pro d u to desta atividade é um vo cab u lário con tro lad o. N o âm bito
da W e b sem ântica este p rocedim ento de co n tro le de vo cab u lário vem
s e n d o re p re s e n ta d o p o r d iv e rs o s in s t r u m e n to s c o m o te s a u r o s e
on tolog ias.
Tesauro é um vo cab u lário controlado e d in âm ico de term os relaciona­
dos sem ântica e genericam ente, cobrindo um d om ín io específico do c o ­
nhecim ento, funcionando com o um dispositivo de controle term inológico
usado na tradução da linguagem natural dos docum entos, dos indexadores
ou dos usuários para uma linguagem do sistem a (linguagem de d o cu ­
m entação, linguagem de inform ação) m ais restrita (U n e s c o , 1973, p. 6).
O s tesauros são estru tu ras sistem áticas de con ceitos. Essas estruturas
conceituais apresentam term os e relacionam entos entre term os. O s rela­
cionam entos expressos no tesauro podem ser classificados em hierár­
quicos (gênero/espécie e partitivos), asso ciativo s e de equivalência, re­
presentados respectivam ente pelas siglas TG/TE; TGP/TEP; TA/TA; USE/
U P (C am pos, 2001).
A partir da década de 90, com o d esen vo lvim en to de estud o s que
relacionam te s a u ro s a e stru tu ra s te rm in o ló g ica s, co m e ça m a surgir
tesauros que agregam, além de um a parte sistem ática e um a parte alfabé­
tica, definições para cada term o. Estes, tesauros são d eno m in ad os de
tesauros con ceituais e seguem a ve rten te m etodológica européia, tendo
com o princípio a Teoria da Classificação Facetada e a Teoria da Term inolo­
gia (C am pos; G om es, 2004).
Diferentem ente dos tesauros, que ao surgirem, em finais da década de
60, tinham a finalidade de servir de instrum ento para a padronização da
linguagem de um serviço de informação, as ontologias ganham expressão
no âm bito da W e b sem ântica, já na década de 90, visand o a perm itir
interoperabilidade sem ântica entre sistem as. En tretan to , on tolog ias e
tesauros possuem pontos convergentes no que tange à função de serem
instrum entos que visam padronização term inológica e à recuperação de
informação.
M u ita confusão se tem feito em to rn o do co n ceito de on tolog ia, que
não pode ser considerado som ente com o um vocabulário controlado. U m a
ontologia possui inform ações de natureza distinta, ou seja, term inológica
- possui um co n ju n to básico de con ceitos e relações - e assertivas ap li­
cadas aos co n ceito s e relações que co n stitu e m um c o n ju n to de axiomas
(diferentem ente de um tesauro).
Em bora a co n stru çã o de ontolog ias não seja um a tarefa trivial, em
m uitos casos ela pode partir de vo ca b u lá rio s já existentes, co m o os
tesauros. Estes, se bem estruturad os, podem fornecer o p o n to de partida
para a organização dos co n ceito s em hierarquias de classes e subclasses,
bem com o a d eno m in ação dos term os associados aos co n ceito s repre­
sentados. Para o m elhor apro veitam ento do tesauro, espera-se que sua
con cep ção parta da definição de co n ceito s, com o aqueles d eno m in ad os
tesauros co n ceitu ais, e não da sim ples hierarquização de term os usados
na linguagem natural. Privilegiam -se, desta form a, os asp ectos do sig n i­
ficado, um a vez que o foco no co n ce ito perm ite evidenciar m elhor as
relações entre os term os representados na on tolog ia.
A co n strução de ontologias, no entanto, envolve mais aspectos do que
a co n strução de relações entre term os, com o por exemplo, a identificação
das diferentes relações entre os conceitos representados e a definição de
condições necessárias e suficientes para identificá-los. Estas últim as c o n ­
tribuem para inferências mais ricas do que as fornecidas pelas relações
entre conceitos. Por exemplo, se um a laranjeira é uma árvore frutífera, p o ­
dem os inferir que laranjeira é tam bém um a árvore, assum indo-se que a
hierarquia de classes seja organizada com o: árvore / árvore frutífera / laran­
jeira. Por ou tro lado, vam os supor que definim os que um a árvore tropical
tem co m o condições necessárias e suficientes os atributos de ser árvore e
ser originária dos trópicos, e que a laranjeira possui esses atributos. N esse
caso, podem os então inferir que laranjeira é tam bém um a árvore tropical,
independentem ente da hierarquia onde esteja situada na ontologia.
U m a on tolog ia tem por ob jetivo prover um a base sem ântica para e s ­
quem as de m etadados, facilitando a co m u n ica çã o entre sistem as e ag e n ­
tes. Desta form a, on tolog ias estabelecem fun d am entos de significados
co n ce itu a is sem os quais a W e b sem ântica não seria possível, devido à
heterogeneidade dos con ceitos representados (Jacob, 2003).
A heterogeneidade tem sido identificada co m o um dos problem as
m a is im p o r t a n t e s e d if íc e is d e s e re m
tra ta d o s .
Ela e n v o lv e a
interoperabilidade e cooperação entre m últip las fontes de inform ação,
retratando diferenças sintáticas, sem ânticas e estruturais entre sistem as.
A heterogeneidade sem ântica representa a tu alm en te o m aior e m p e ­
cilh o para interoperab ilid ade, rep resen tan d o um grande desafio para
integração de inform ações na W e b . Para tratar esse problem a é preciso
buscar u m a linguagem capaz de representar co n h ecim e n to e regras, além
de inferir n ovos dados.
Isso se dará a partir de inter-relacionam entos entre on tolog ias e sp e ­
cíficas de dom ínios, que têm com o premissa: o uso racional de m etadados,
para d escrição de dados de form a hom ogênea: o uso siste m á tico de
o n tolog ias, preenchendo a lacuna entre fontes de dados heterogêneas; e
a utilização de associações sem ânticas, tratando a interoperabilidade entre
dom ínios (A d am s, 2002).
4. A
W e b
s e m â n t ic a e o
p o t e n c ia l in fo r m a tiv o d e s e u s p a d rõ e s
A W e b s e m â n tic a p rete n d e criar u m a n o va ab ord ag em para o
co m p artilh am en to de recursos, buscando m elhorar extraordinariam ente
os serviços e p rodutos nela baseados. Ela cria um cenário onde os ag en ­
tes de softw are desem penham tarefas diárias para os usuários finais, fa­
zen d o u so de cla s sifica çõ e s /ta x io n o m ia s , m eta d a d o s, v o c a b u lá rio s
estruturados e ontologias.
A W e b sem ântica pretende tornar m ais fácil a vida das pessoas res­
pondendo a várias perguntas. Por exemplo, um usuário poderia digitar
‘Q u al o m elhor program a de pós-graduação sobre G estão de Inform ação
na área da Região Sud este no Bra sil? ’ U m agente inteligente correria pela
W e b , com pararia a p on tuação das universidades de acordo com as a va li­
ações da Capes ou o u tras e traria um a lista de nom es. O agente in te li­
gente e n tã o apanharia o form ulário de inscrição e os dados sobre auxílio
financeiro e inform ação do(s) m elhor(es) program a(s) de pós-graduação.
Para v ia b iliz a r e ssas facilidades é n ecessário o uso de padrões e
m etodologias voltad os para fornecer m aior clareza para o significado da
inform ação m anipulada, acarretando o acréscim o de uma cam ada extra de
infra-estrutura, que faz uso de m etadados mais expressivos, à atual HTM L.
N a W e b atual são utilizadas tags M ETA do H T M L para inserir infor­
m ações no cabeçalho (header) de um a página W e b , associando dados
padronizados sim ples tais com o (Figura I): o autor da página, um a d es­
crição textual do d o cu m en to e um a lista de palavras-chave. Estas últim as
podem ser u tilizadas pelas m áquinas de busca para indexar a página,
ju n ta m e n te com palavras extraídas do seu títu lo e corpo.
<head>
<title>Macaxeira</title>
<meta NAME="description" content=" Comidas Típicas do Nordeste ">
cmeta NAME="keywords" content="comida típica, nordeste, macaxeira">
<meta NAME="author" content="Maria Luiza">
'
</head>
Figura 1 —Exemplo do uso de tags META no cabeçalho de uma página HTML
O s descritores perm itidos pelas tags M ETA são um tip o lim itado de
m etadado, um a ve z que fornecem pouca expressividade para descrição
do a ssu n to tratad o no d o cu m en to ao qual estão associadas. Para m e lh o ­
rar essas lim itações, in iciativas m ais abrangentes de p adronização foram
adotadas, com o é o caso do padrão Dublin Core (D ub lin core, 20 04 ), d e­
sen volvid o nos E U A , com o ob jetivo de propor um c o n ju n to de elem en ­
tos padronizado, v o lta d o para a descrição de recursos, in cluind o páginas
HTM L, na W e b .
O padrão D C é form ado por 15 e le m e n to s (title, creator, subject,
description, publisher, contributor, date, type, form at, identifier, source,
language, relation, couerage, rights), que podem ser acom o d ad o s d entro
das tags M ETA do H T M L (Figura 2).
<head>
<tille>Mocaxeira</title>
<meto NAME="DC.description" content=" Comidas Típicas do Nordeste ">
<meta NAME="DC.subjed" content="macaxeira">
<meta NAME="DC.Ianguage" content="pt">
</head>
Figura 2 - Exemplo do uso de tags META no cabeçalho de uma página HTML
O DC, embora forneça descritores extensíveis, ainda não perm ite d es­
crever de forma expressiva os diferentes recursos e co n teú d os disponíveis
na W e b , tendo em vista os agentes de software. Por exemplo, não é possí­
vel associar ao autor de um livro outros recursos na W e b , tais com o sua
página pessoal, seu e-mail e a página da instituição a que ele pertence.
En tretanto, m esm o que padrões com o o D C não ten h am resolvido as
questões de expressividade objetivadas pela W e b sem ântica, um asp ec­
to que não deve ser ignorado é que os m etadados padronizados e os
vo cab u lário s estruturad os torn am m ais fácil às bases de dados com unicarem -se entre si, levando em con ta o grande problem a da Intern et a tu a l­
m ente, que é a fragm entação dos dados e a natureza esp o ntânea da d es­
crição de con teú d os. O uso de um a term inologia padronizada possibilita
um tra tam e n to au to m á tico m ais refinado das inform ações descritas, ga­
rantindo co n sistên cia e harm on ização entre o term o em pregado e seu
co n teú d o inform acional. Dessa form a, esse tem sido o ca m in h o seguido
pelas iniciativas e padrões ligados à W e b sem ântica, em bora m uitos a s ­
pectos devam ser levados em consideração ao definir tais vocab u larios
padrão, com o verem os a seguir.
C om a W e b sem ántica, agentes podem descobrir o significado de
urna página W e b seguindo ligações hipertextuais dos d o cu m en to s W e b
a vocab ulários controlados específicos. Por exemplo, as on tolog ias ofe­
recem referências cruzadas, de m odo que um agente com preenda que
‘m acaxeira’, ‘a ip im ’ e ‘m an d io ca ’ co n stitu em diferentes expressões do
m esm o conceito. A in d a, as o n to lo g ias perm item descobrir que dois c o n ­
ceitos são eq uivalen tes caso am bos com partilhem as m esm as ca racte ­
rísticas necessárias e suficientes para defini-los. Por exem plo, se um a
pizza doce é definida com o sendo uma pizza que tem um a cobertura doce,
e se um a pizza possui cobertura de chocolate, e ainda ch o co la te é defini­
do com o sendo doce, então a on tolog ia perm ite inferir que um a pizza de
ch oco late é um a pizza doce.
Para atingir os objetivos pretendidos pela W e b sem ântica, espera-se
anotar os recursos disponíveis com m etadados expressivos, com o os for­
necidos pelas ontologias. A lé m disso, para perm itir inferências no nível
pretendido, é necessário que as ontologias sejam representadas em um a
linguagem com p atível com padrões em uso na W e b , de m odo que sua
aceitação e extensão sejam facilitadas, mas com um nível de form alism o
tal que perm ita processam en to pelos agentes. C om p lem en tarm en te, é
im p ortante que as on tolog ias sejam planejadas através do uso de algum
m étodo que ven h a a ajudar a definição e a organização dos con ceitos,
sempre tendo em m ente que a sua construção é uma tarefa multidisciplinar,
envo lven do não só as técn icas para sua elaboração, com o tam b ém o c o ­
n hecim en to do seu d om ínio alvo.
V á ria s in iciativas têm sido adotadas de forma in terdependente para
perm itir a concretização da W e b sem ântica. Elas partem do uso do X M L 2,
que fornece um a estrutura sin tática padrão para descrever dados e vêm
sendo con struíd as em busca de m aior flexibilidade, m aior expressividade
sem ântica e interoperabilidade entre recursos e aplicações.
O uso do X M L tem se difundido rapidam ente na W e b , por ser um
padrão sim ples, em form ato texto, com um a estrutura bem definida e
facilm ente extensível. Porém o X M L está no nível da interoperabilidade
sintática, pois a sem ântica das suas representações ainda é im plícita, o
que pode gerar am bigüidade ao descrever con ceitos de um d om ínio. Por
exem plo,
o elem ento < id e n tifica cão > em um esquem a X M L pode ser
usado para representar o m esm o recurso que o elem ento < id e n tid a d e >
em o u tro esquem a, sem que seja possível para a m áquina inferir a u to m a ­
tica m e n te que eles são equivalentes. Isso se dá porque não existe uma
interpretação geral im posta pelo padrão para as tags que descrevem os
elem entos. Essa interpretação deve ser negociada pelos que usam os
d ocu m en to s. N a W e b sem ântica, en tretanto, espera-se que os agentes
de softw are sejam capazes de interpretar a descrição de um recurso de
form a independente, sem am bigüidade, de m odo a poder localizá-los,
com biná-los com ou tro s, se for con venien te, e to m ar decisões baseadas
em co n h ecim e n to s q ue podem ser inferidos a partir dos significados in ­
terpretados.
N esse contexto, surge o RD F3, que faz uso do X M L para perm itir d es­
crever e pesquisar recursos de forma m ais flexível, m ediante rep resenta­
ção de relacionam entos entre estes, na forma de triplas co m p o sta s por
objeto-atributo-valor, sendo que um valor pode ser um literal ou ou tro
recurso. A tra vé s do RDF, é possível representar afirm ações sim ples, com o,
por exem plo: “ o a u to r da m úsica Beatriz é C h ico B u a rq u e " e “ C h ic o
Buarque possui e-mail c h ico @ x x x . co m . br” . Estas afirm ações podem ta m ­
bém ser representadas em forma de grafo. N este caso, recursos são re­
presentados por elipses, e n q u an to a associação de valores literais a e s­
tes é representada por um a caixa retangular, c o m o m ostra a Figura 3.
U m a o u tra van tag em do RD F é que ele é facilm ente extensível pelo
uso de o u tro s esquem as de representação de d om ínios, que podem ser
usados para am pliar a sem ântica im plícita que ainda se e n co n tra em sua
p roposta. N esse sentid o, o RD F Schem a4 (R D FS) vem s e ju n ta r ao padrão
RDF, fornecendo a este um nível superior de abstração que perm ite que
con ceitos p rim itivos, ou tipos de objetos sejam definidos, cuja sem â n ti­
ca pode ser entendida por agentes de softw are (H u i e ou tros, 2003). D es­
ta form a, através do RDFS é possível definir um a term inologia para repre­
sen tar c o n c e ito s co m o recurso, classe (tip os de recurso), subclasse e
propriedade (atributos das classes), que podem ser usados para expres­
sar organizações hierárquicas de con ceitos e suas relações. Por exemplo,
no caso da figura 3, o term o propriedade é u sad o para d efinir que
possuiflutor e possui Em ail, são relacionam entos, deixando-se claro de
que forma propriedade deve ser usado e o que ele significa. De m aneira
análoga, ou tro s esquem as podem ser usados ainda para contextualizar o
significado de propriedades co m o possuiEm ail abrindo cam in h o para a
descoberta de n ovos con h ecim en tos através de inferências sobre afirm a­
ções cuja sem ântica agora passa a ser explícita. Dessa form a, o RD FS vem
apoiar não só a u tilização de vocab u lários diversos para diferentes d o m í­
nios, com o tam bém dar um sentido con sen sual a alguns elem entos bási­
cos que podem ser explorados pelos agentes de softw are que estejam de
acordo com esta sem ântica, para interpretar de forma inequívoca as afir­
m ativas feitas sobre os recursos por eles m anipulados.
Entretanto, o RD FS não foi concebido com o sendo um a linguagem
para co n stru çã o de ontologias, e, dessa form a, apresenta algum as lim ita­
ções que foram superadas por linguagens com o o D A M L + O IL 5 e, mais
recentem ente O W L 6, que vem sendo adotada com o padrão para elab ora­
ção de on tolog ias na W e b .
O W L possui um a term inologia mais poderosa para form alizar a defi­
nição de con ceitos, estendendo o RDFS para descrever características tais
com o condições necessárias e suficientes (que servem para indicar os
atrib u to s m ínim os que definem um co n ce ito ), d isjun ção (que serve para
indicar que dois ou m ais con ceitos são c o is a s . d istin tas), interseção e
união, e ainda cardinalidade de relações, relações de eq uivalência, inver­
sas, sim étricas, dentre outras. C om base nesse form alism o mais sofisti­
cado, ferram entas cham adas de reasoners são capazes de fazer inferências
mais poderosas, bem com o validar a o n tolog ia de acordo com as afirm a­
ções que são feitas ao se definirem seus con ceitos. Por exemplo, pode­
mos definir um v in h o branco por m eio das con diçõ es necessárias e sufi­
cientes (representadas pela term inologia de EquiualentC lass) de ser um
v in h o e ter a cor branca (e é representado por in te rse ctio n Of, no caso
unin d o as duas con dições V in h o e a restrição de sua cor). O que significa
que se se a cham pagne é definida co m o um vin ho , e se tem com o atrib uto
de cor " b r a n c o ” , e n tã o pode-se inferir através dessa o n to lo g ia que
cham pagne é um v in h o branco.
■ A lé m de descrever e localizar recursos, a W e b sem ântica envo lve a
realização de tarefas, de forma sincrônica ou não. N esse cenário, é p o ssí­
vel, por exem plo, um a pessoa em férias tirar um a foto com a câm era de
seu celular, usar o aparelho para procurar por um agente de im pressão de
fotos digitais, fazer o pagam ento da im pressão através de d ébito em car­
tã o de crédito, cuja validação é feita por um o u tro agente, e solicitar a
entrega das fotos para a sua residência. A s tarefas d esem penhadas pelos
agentes podem ser executadas por serviço s W e b , tran sform an d o assim a
Intern et em um a fonte de serviços distribuíd os interoperáveis, que p o ­
dem ser executados a qualquer hora, de forma individual ou com binada, e
que são apoiados por uma arquitetura padrão (Services O p en ArchitectureS O A ) que prevê m ecanism os para a sua descoberta (U n iversal Description,
D isco very and In teg ratio n -U D D I), descrição (W e b Services D escription
La n g u ag e - W SD L) e troca de m ensagens (Sim ple O b je c t A cce ss ProtocolS O A P ) de m aneira independente de plataform a e de linguagem de p ro ­
g ram ação7.
En tretan to , os padrões ligados aos serviços W e b possuem lim ita ­
ções que dificultam a sua busca au tom atizad a. N esse contexto, várias
in iciativas têm sido conduzidas para m elhorar diferentes aspectos da ar­
qu itetu ra padrão de serviços W e b , adicio nan d o m aior sem ântica a esta.
O ob jetivo é originar um novo con tex to para o uso desses serviços, que
favoreça a u to m a tiz a r não só a sua descoberta, co m o tam b ém seu uso de
forma com binada. U m a dessas iniciativas é a O W L - S (M artin et a i , 2003),
uma on tolog ia para descrição de serviços W e b em term os de seus a s ­
pectos funcionais e não funcionais, que pode ser estendida para descre­
ver aspectos específicos de cada área de aplicação dos serviços.
A partir destas iniciativas, apoiando as idéias e padrões associados à
W e b sem ântica, desenvolveu-se uma infra-estrutura de softw are capaz
de apoiar seu uso e dar suporte à co n stru ção de um a nova geração de
aplicações. D entre estas ferram entas, incluem -se sistem as e interfaces
de program ação (as ch am ad as/)P/s) que ajudam na descrição e an o tação
de co n teú d o s (M cBride, 2 0 0 5 ), na valid ação e co n stru ção de on tolog ias
(Horrocks, 1998), na descoberta em tem p o real de novos co n h ecim en to s
a partir das definições form ais aí existentes (H a a rs le v e M ö ller), na busca
e recuperação de recursos (in clu in d o -se aí, serviço s W e b ) (Fen sel e
Bussler, 2002). U m a das ferram entas m ais populares para criação e m a ­
nipulação de on tolog ias é o Protégé8, que dá suporte à representação em
O W L assim com o outras funcionalidades para perm itir a sua visualização
e validação. U m a lista detalhada de ferram entas e iniciativas ligadas à
W e b sem ântica pode ser encontrada na página W e b da sem anticw eb . org9.
5 . B ib lio t e c a s d ig it a is e a g e s t ã o d e
c o n té u d o s n a e ra d a W e b
s e m â n t ic a
A variedade de form atos e o vo lu m e de dados têm crescido de m a n e i­
ra acelerada nos últim os anos. Hoje em dia um do cu m en to co m u m en te já
é constituíd o não apenas de texto, mas de gráficos, imagens, sons e vídeos.
Esses d o cu m en to s se en co ntram nos m ais diversos locais: em bancos de
dados, em sistem as de arquivos, espalhados pela W e b , ou ainda arm aze­
nados em bibliotecas digitais. Estas últim as, fornecendo vantag ens tais
com o acesso rem oto e distribuído, facilidade e rapidez de busca, e refe­
rências cruzadas a ou tro s docu m en tos. En tretanto, estes d o cu m en to s
possuem um a característica com u m : devido à sua diversidade de form a­
to, as diferentes plataform as, m eios e locais de arm azenam ento, e ta m ­
bém à sua atualização dinâm ica, eles n ecessitam de um n ovo m odelo,
mais expressivo e ágil para seu gerenciam ento.
A in d a sem um foco na W e b sem ântica, Hodge (200 0) apresentou
interessantes considerações sobre o papel de sistem as de organização
de co n h ecim e n to no con tex to de bibliotecas digitais, salientand o que
estes sistem as vão bem além do objetivo inicial da organização dos acer­
vos, podendo dar suporte à interligação dos recursos, a m ecan ism o s de
recuperação mais sofisticados explorando as ricas relações entre os c o n ­
ceitos representados.
Essas características se m ostram alinhadas com os ob jetivos da W e b
sem ântica, onde as tecn olo gias de descrição da inform ação têm evolu íd o
para prover m aior form alism o de representação e co n se q ü e n te m e n te
m aiores possibilidades de recuperação de inform ação relevante, por m eio
do uso de agentes inteligentes de softw are capazes de utilizar so fistica­
dos m ecanism os de inferência.
E interessante o b servar que hoje tip os de co n teú d o diversos podem
ser descritos. Por exemplo, em ferram entas de busca com o o G o o g le 10,
pode-se fazer buscas por im agens. En tretanto, o tip o de retorno o b tid o é,
em geral, im preciso e genérico. N ão é possível, com a tecn olo g ia trad ici­
onal, ob ter respostas a q uestões, com o: localize im agens de tecid os que
ten h a m d iagnóstico de câncer com tam a n h o de 20 mm.
N esse cenário, as on tolog ias têm um im p ortan te papel a cum prir: o
de fornecer a base sem ântica para que m ecanism os sofisticad os de des­
c riç ã o e recu p e ra çã o de d ad o s p o ssa m atuar, le v a n d o em c o n ta a
heterogeneidade não só dos docu m en to s em si, m as tam b ém dos v o c a ­
bulários ou m etadados utilizados para descrevê-los.
O s am bientes de gerenciam ento de co n teú d o s da W e b sem ân tica le­
vam em conta esses aspectos e fazem uso de processos que interm edeiam
essas diferenças de forma autom atizada, u tilizand o recursos tais com o
busca m ediada por o n to lo g ias diversas e serviço s W e b . C o m o exem plo
de tais am bientes, podem os citar o Je ro m e D L (K ruk e Synak. 2 0 0 4 ) e o
M a r c O n t " , este ú ltim o ainda em im plem entação.
Je ro m e D L é um a biblioteca digital de código aberto que perm ite a
descrição de recursos em RDF, sendo co m p atível com o padrão Dublin
C ore. Sua principal vantagem está no uso de buscas sem ânticas basea­
das em ontologias, em vez de palavras-chaves, m elhorand o co n sid era­
ve lm en te a precisão da busca. A lém disso, perm ite a descrição da e stru ­
tura do docum ento, por exemplo: capítulos, in tervalos de páginas, partes,
anexos. U m a outra vantagem é a utilização de S O A P com o p ro to co lo de
troca de m ensagens, perm itind o integração de recursos de diferentes bi­
bliotecas, com diferentes form atos de descrição.
O projeto M a rc O n t é m ais am bicioso que o Jero m eD L, na m edida em
que propõe um a arquitetura mais formal e robusta para a descrição de
recursos. U m de seus ob jetivos principais é a integração de bibliotecas
digitais, u tilizand o para isso serviços W e b , on tolog ias em O W L e ferra­
m entas para trad u ção entre diversos padrões de descrição. O W L é usado
com o in tu ito de perm itir inferências e para expressar padrões de descri­
ção tais com o o Dublin Core e o M A R C 2 1 12, este ú ltim o um padrão orig i­
nário da Biblioteca do C on gresso a m erican a13, e em uso por m ais de 30
anos em bibliotecas. A lém disso, estão previstos recursos de in telig ên ­
cia artificial tais com o m ineração de dados e algoritm os evolu cion ário s
(capazes de aprendizado através de m odelos). O projeto teve início em
m eados de 2004, esperando-se que os prim eiros resultados sejam d ivu l­
gados em um ano.
C om o podem os observar, a W e b sem ântica está ainda em seus e s tá ­
gios iniciais, m as há evidências de que sua co n solid ação depende apenas
de tem p o e do am adu recim ento das tecn olo gias utilizadas. U m a dessas
evidências é o in vestim e n to crescente de grandes fabricantes, organiza­
ções internacionais de padronização e com unidades, com destaque para
a área de bibliotecas digitais, na qual problem as de tra tam e n to de infor­
m ação são cada vez m ais críticos, devido ao vo lu m e e à com plexidade
cada vez m aior de m anipular e integrar inform ações heterogêneas e d is­
tribuídas de m aneira dinâm ica.
7. C o n c lu s ã o e t e n d ê n c ia s
N o ambiente da W e b semântica, a gestão de co n teú d o s inform acionais
amplia suas fronteiras, revendo métodos e abordagens tradicionalm ente u ti­
lizados, expandindo suas funcionalidades de forma a explorar o potencial das
recentes inovações. Em especial, as bibliotecas digitais, representando ilhas
de informação de reconhecida qualidade, ganham novo impulso, não apenas
com as melhorias nos m ecanismos de indexação, recuperação e navegação,
mas principalmente na integração e interligação de seus acervos, ampliados
diante da possibilidade de conexões autom áticas a novos recursos.
A nova W e b depende do d esen volvim en to de ferram entas que facili­
tem a geração e a gerência de tod o este rico c o n ju n to de descritores,
garantindo criação de cam adas sem ânticas por sobre os recursos dispo-
níveis. O s profissionais da inform ação têm m uitas habilidades que os
cientistas da co m p u tação e outros procuram qu an d o ten tam vislum brar a
W e b sem ântica, podendo contribuir decisivam ente para sua próxima etapa
de d esen volvim ento. C o m o ap on tad o por A lvaren g a (2 00 1), a resposta
para m uitas das questões na área de bibliotecas digitais pode estar na
com b in ação e adaptação de m étodos e práticas da b ib lio teco no m ia às
tecn olo gias de softw are desenvolvidas recentem ente. N ã o é à-toa que
a tu alm en te verificam os um a série de q uestões co m u n s que se con fig u ­
ram no fazer destes profissionais, a exem plo de organização de m odelos
de r e p r e s e n t a ç ã o d o c o n h e c im e n t o , c l a s s if ic a ç ã o d e r e c u r s o s
inform acionais, elaboração de vocab u lários e on tolog ias, organização de
inform ação. Por isso, espera-se m aior in tercâm b io entre estas co m u n id a ­
des, desde a efetivação de um a term inologia co m u m até o d e se n vo lvi­
m en to de trab alh os co n ju n to s, especialm ente n o d om ín io da gestão de
co n teú d o s na W e b sem ântica.
N o ta s
1 Semantic W e b Home Page: w w w . w 3 . org/200l/sw/
2 Extensible Markup Language (XML): http: //www.w 3 . org/XML.
3 Resource Description Framework (RDF): http://www.w3. org/TR/rdf-primer/.
4 RDF Schema (RDFS): http://www.w 3. org/TR/rdf-schema/
5 DAM L+OIL Reference Description: http://www.w3. org/TIVdaml-l-oil-reference
6W e b Ontology Language (O W L ) Reference: http://www.w 3 . org/TFV2002/
WD-owl-ref- 20021 I 12/
7 W e b Services Activity Homepage: http://www.w 3 . org/2002/ws/
8 Protege O ntology Editor and Knowledge Acquisition System: http: //
protege.stanford. edu/
9 Semantic W e b Homepage: http://www.semanticweb. org.
10 Ferramenta de Busca Google: http://www. google.com
11 Projeto MarcOnt: http: //www. marcont. org
12Machine-Readable Cataloguing Standards (M ARC): http://www.loc.gov/marc/
13 American Library of Congress: http://www. loc.gov/
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Silvam Aparecida Borsetti GregorioVidotti'
RicardoG onçalves Sant'Ana"
I. In t r o d u ç ã o
Para se pensar em um a infra-estrutura tecn oló g ica para um a b ib lio te­
ca digital, é necessário o e n ten d im en to dos co n ce ito s relacionados à ex­
pressão “ Biblioteca D ig ital” :
- Biblioteca: entendida de forma sim plificada com o in stitu içã o que
tem por princípios básicos a seleção, o arm azen am en to , a represen­
tação descritiva e tem ática, a organização, o acesso, a recuperação e
a dissem in ação de itens d ocum entários aos usuários potenciais.
- Digital: informação em formato digital (em com putação - dígitos 0 ou I)
U tiliza n d o os con ceitos de biblioteca e digital, pode-se afirmar que o
desenvolvim ento de um a biblioteca digital se baseia no planejam ento de
" Doutora em educação - UNESP. Professora de tecnologias em informação do Departamento
de Ciência da Informação, atua nos cursos de graduação em arquivologia e biblioteconomia
e no programa de pós-graduação em ciência da informação da Faculdade de Filosofia e
Ciências da Universidade Estadual Paulista - UNESP. Membro do Grupo de Pesquisa Novas Tecnologias em Informação, [email protected]
" Mestre e doutorando em ciência da informação - UNESP. Professor de tecnologias de
informática do Departamento de Ciência da Informação, atua nos cursos de graduação em
arquivologia e biblioteconomia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual
Paulista - UNESP. Membro do Grupo de Pesquisa - Novas Tecnologias em Informação.
[email protected]
79
um a biblioteca tradicional/convencional, desde o processo de aquisição
(com pra, digitalização, acesso a ou tro s sites e auto - arq u ivam en to ), o
processam ento técnico (catalogação, classificação, indexação - m etadados
e iniciativa de arquivos abertos), a recuperação (ferram entas de busca), a
dissem inação (boletins eletrônicos), o aten d im en to ao usuário (setor de
referência digital - m eios de co m u nicação digital e sistem as agentes), até
a preservação (itens docum entários e dos suportes inform acionais). N e s ­
te sentido, torna-se necessário um estud o sobre as funcionalidades, as
características e os serviços a serem oferecidos, bem co m o um a política
de d esen volvim ento de coleções baseada em tipos d ocum entais, c o n te ú ­
dos inform acionais e público-alvo, e uma política de preservação.
O planejam ento da estrutura digital passa pelas etap as de definição
da A r q u it e t u r a
da In f o r m a ç ã o de w e b s ite , q u e c u lm in a c o m
o
d im e n sio n a m e n to do sistem a de co m p u tação (h ard w a re e softw are), v i­
san d o a integração dos serviço s e dos co n teú d o s inform acionais para
um a interação eficiente do usuário com o am biente inform acional.
Definidos os requisitos básicos de fu n cio n am en to de um a biblioteca
digital, passa-se ao processo de aquisição, no qual são definidos os c o n ­
teúdos/recursos inform acionais que com p o rão o acervo digital por m eio
de com pra, assinatura, digitalização, auto- arq u ivam en to e seleção de
o b ras p ertencentes a o u tras bibliotecas digitais, rep o sitó rio s in s titu ­
cio nais, periódicos científicos e/ou outros websites. O acervo pode ser
c o m p o s to por recu rsos m u ltim íd ia (in fo rm açõ es tex tu ais, so n o ras e
im a g é tic a s ) in te rlig a d o s a tra v é s de in fo rm a ç õ e s re fe re n c ia is e/ou
contextuais.
A p ó s a a q u is iç ã o d os ite n s d o c u m e n tá rio s d ig ita is , in icia-se o
p rocessam en to técn ico dessas obras com a elaboração de m etadados,
q u e s ã o “ um c o n ju n to de d a d o s re fe re n c ia is m e to d o lo g ic a m e n te
e stru tu rad o e codificado, conform e padrões in ternacionais, para lo cali­
zar, id e n tifica r e recuperar p o n to s in fo rm a cio n a is de d o c u m e n to s ” .
(Siqueira; San to s, 2004, p. 96). C o m o exem plo, tem-se; M A R C em X M L ,
D ub lin C ore (D C ), Intern et A n o n y m o u s FTP A rch ive (IA F A ), S u m m a ry
O b jects Interchange Format (S O IF ), Text Encoding Iniciative (TEI) e Encoded
A rch ival D escription (E A D ). V ale destacar que o O A I (O p e n A rch ives
In itia tive ) provê um a forma padrão para to rn ar disponível o acervo digital
via Internet, bem co m o para a coleta de inform ações de o u tro s acervos
via co n su ltas através do protocolo O A I- P M H (O p en A rch ives In itiative
Protocol for M etad ata H arvestin g).
O processo de recuperação das inform ações pode ser baseado em
estruturas de diretório que classificam as obras/recursos digitais seg u n ­
do sistem as de classificação hierárquico predefinidos, com o C D D (C la s ­
sificação Decim al de D e w e y) ou C D U (C lassificação Decim al U n iversal),
e em estruturas de busca direta via ferram enta de busca, que con siste em
percorrer tod a a base de m etadados à procura das inform ações que s a tis ­
façam a expressão de busca. A lém disso, a recuperação pode ser feita em
diferentes bibliotecas digitais e/ou o u tro s websites de form a sim ilar a um
m etapesquisador.
A atividade de dissem inação pode consistir na elaboração e no envio
de boletins eletrônicos, e-mails, listas de discussões que divulguem a
incorporação de novos con teú dos, bem com o de con teú d os específicos a
cada usuário potencial, segundo critérios estabelecidos no m om en to do
cadastro do usuário e em atividades d in am icam ente estabelecidas c o n ­
forme interação do usuário com o sistem a.
O atendim ento digital ao usuário, conform e serviço de referência, pode
ser feito por várias form as de com u n icação que vão desde e-mails e IR Q ,
IC Q , ehat - softwares que têm a característica de serem on-line, p o ssib i­
litando "co n ve rsa s ” virtu a is em tem p o real -, até sistem as agentes de
com unicação.
A política de preservação dos recursos/objetos deve ser enfocada em
termos de integridade lógica e física do ambiente informacional, que consis­
te na instalação de softwares e hardwares de segurança quanto à questão de
acesso e uso, bem com o da m anutenção e da atualização dos suportes
informacionais, considerando a evolução destes suportes e sua vida útil.
Conform e W a in w r ig h t (1 996, p. 2, tradução nossa), reafirma-se, e n ­
tão, que
a biblioteca digital continua sendo uma biblioteca, com os mesmos pro­
pósitos, funções e metas da biblioteca tradicional. A parte digital do ter­
mo indica meramente que os materiais são armazenados e acessados digi­
talmente. Uma biblioteca digital é então muito mais que uma coleção
digital, particularmente uma coleção, como é ilustrado no número gran­
dioso de sites da W o rld W id e W e b na Internet que consiste em informa­
ção atual relativamente volátil1
81
2 . A r q u it e t u r a d a In f o r m a ç ã o d e w e b s it e
O s estudos apontam a interligação da A rq u itetu ra da Inform ação com
os processos, m étodos e ferram entas u tilizados pelas bibliotecas tra d ic i­
o n a is , c o m o fo rm a s de o rg a n iz a ç ã o e im p la n ta ç ã o de a m b ie n te s
inform acionais digitais de busca, interação, prom oção e usabilidade de
inform ações, porém com um enfoque específico nos serviço s e p rod utos
digitais, de m odo a criar sistem as de seleção, descrição, arm azenam ento,
representação, indexação, recuperação e dissem in ação de inform ações
digitais que possibilitem a co n strução , o arm azen am en to e a d issem in a­
ção do con h ecim ento.
A expressão “ A rq u ite tu ra da Inform ação” foi apresentada pelo arq u i­
te to e desenhista gráfico Richard Saul W u r m a n , na década de 1960, rela­
cionada às diversas form as co m o a inform ação sobre am bientes urbanos
poderia ser reunida, organizada e apresentada para públicos d istintos.
C o m isso, W u r m a n viu a arquitetura co m o um a ciência e arte de criar
um a "in s tru ç ã o para espaço organizado" (W y lly s , 2000, p. I).
Diversos autores apresentam características da A rq u ite tu ra da Infor­
m ação em websites de diferentes naturezas, com o M cG ee e Prusak ( 1994),
D o nati, C a rva lh o e Prado (1 998), Rosenfeld e M o rville (1 998), S tra io to
(2 0 0 2 ), C arrett (2 00 3), S arm en to e Souza, Foresti e V id o tti (2 0 0 4 ) e
C am argo (2004).
A A rq u ite tu ra da Inform ação descrita por Rosenfeld e M o rville (1 998)
apresenta os seguintes elem entos, que podem ser utilizad os no d e se n ­
v o lvim e n to de website, e que podem ser aplicados em biblioteca digital:
- Sistem a de organização: form as de agrup am ento dos co n teú d o s
inform acionais - responsável pela estru tu ração dos co n teú d o s, nele
são definidos os critérios de disposição dos itens inform acionais, o b ­
servan d o os esquem as e/ou estruturas que m elhor satisfaçam a n e ­
cessidade do usuário, sem com p rom eter a navegabilidade do website.
O s esquem as podem ser dos tipos exatos, am bíguos ou híbridos. O s
exatos são caracterizados pela criação de seções bem definidas, e se d i­-,
videm em: alfabético (apresentação da inform ação em ordem alfabética),
cro n o ló g ico (inform ações ordenadas cron olo g icam en te) e geográfico (in ­
form ações por regiões geográficas). O s am bíguos, em tó p ico s (tip o s de
82
classificação por assu n to s ou tó p ico s específicos), orientad os a tarefas
(organiza co n teú d o s e aplicações em co n ju n to s de funções e processos),
específicos a um público (com acesso restrito ou não), e dirigidos a m e­
táforas (utilizam m etáforas com u ns ao usuário, que lhe perm item e n te n ­
der itens de inform ação a serem acessados). Já os híbridos con têm m ais
de um tip o de esquem a, ta n to dos esquem as exatos q u an to dos am b í­
guos, e são geralm ente enco ntrad o s em websites, um a vez qu e um único
esquema de organização nem sem pre é suficiente para representar o c o n ­
teúdo inform acional. Destaca-se que a utilização de esq uem as deve s u ­
gerir m odelos m entais associados à estrutura cog nitiva dos usuários.
A s estruturas podem ser do tip o hierárquicas, de base relacional ou
hipertextuais. A s hierárquicas, geralm ente, apresentam um a ord en a­
ção de classes por ordem de subordinação (do geral para o específico
- top-down). A s de base relacional possibilitam o acesso por infor­
mações de cam pos específicos ou pela com binação deles, inicialm ente
em term os específicos e cu lm in an d o em term os mais genéricos (do
específico para o geral -bottom -up). A s hipertextuais são um a forma
não linear de organização (rede inform acional).
- S is te m a de ro tu la g e m : d e n o m in a ç ã o do c o n te ú d o do g ru p o
inform acional - form a de representar um co n ju n to de inform ações u ti­
lizando um a palavra ou um ícone, de m odo a facilitar a recuperação
da inform ação e a navegabilidade do w e b site . Em o u tras palavras, é a
representação ou identificação textual ou iconográfica de um c o n te ú ­
do específico, ob jetivan d o facilitar e tornar fam iliar um a forma de or­
ganização de inform ações. Possibilita ao usuário decidir qual c a m i­
nho seguir, p e rm itin d o que o m esm o possa identificar-se com a
linguagem e com a estruturação do site, cu lm in an d o em um tem po de
navegação m ais otim izado.
- Sistem a de navegação: forma de interação do usuário com o am b i­
ente e com o co n teú d o inform acional disponível, p erm itindo ao u s u ­
ário ir de um p o n to ao ou tro pelo cam inh o desejado, p ossibilitando
um m elhor apro veitam en to do tem p o de uso ou de acesso. M an tém o
equilíbrio entre a m ovim entação e o oferecim ento de op çõ es de links
83
para o usuário. A s estru tu ras de navegação baseiam -se geralm ente
nas form as hierárquicas, globais e locais.
A estrutura de navegação hierárquica perm ite o acesso às inform a­
ções dos níveis mais gerais até os m ais específicos. A estrutura de
navegação global possibilita o acesso a diferentes tip os de inform a­
ções e serviços (m ovim en tos laterais - largura), e o acesso a itens
específicos de inform ações (m ovim en tos verticais - profundidade). O
sistem a de navegação local é um sistem a utilizado para com plem entar
o sistem a global, perm itindo um a navegação entre um co n ju n to p arti­
cular de páginas do próprio website. A estrutura de navegação ad-hoc
apresenta links inseridos no corpo do texto, que podem ser palavras
ou frases, fornecendo inform ações adicionais sobre um assunto, em
u m a form a m ais te x tu a l. D e n tre os e le m e n to s q u e p e rm ite m a
e stru tu ra çã o da navegação d estacam os: a barra de navegação, os
frames, o sum ário, os índices e o mapa do site.
A s s im , conform e N u n es (2 00 0, p. I ),
A rq u ite tu ra de navegação define-se com o a criação de estru tu ras
estabelecidas por vários. links que formam um organograma com todas as
páginas existentes dentro de um mesmo site. Os hiperlinks proporciona­
dos pela HTML são verdadeiras "pontes de ligação” entre o conteúdo das
páginas de um site, e por meio deles, é possível direcionar e estabelecer
possíveis caminhos ao visitante. As estruturas de navegação não são
exclusivas dos sites da Internet e a mesma maneira de funcionamento
serve também para CD-ROM s e outras publicações em hipermídia. Exce­
tuando diversos sites que colocam o mapa do site à disposição do visitan­
te, na maioria das vezes a estrutura de navegação permanece oculta e só
pode ser deduzida após algumas páginas internas serem vistas.
- Sistem a de busca: possibilita ao usuário a form ulação das expres­
sões de busca para a recuperação dos d ocu m en tos que correspondem
à inform ação desejada. Para a recuperação das inform ações é n eces­
sária um a forma de representação descritiva e tem á tica adequada aos
conteúdos dos m etadados. Deve-se observar, antes da im plem entação,
a form a co m o os usuários p otenciais realizam essas buscas, e seus
diferentes tip os de necessidades inform acionais. O s tip os de busca
ap resentados por Rosenfeld e M o rville (199 8) são: busca por itens
84
con hecidos, qu an d o o usuário sabe exatam ente o que deseja; busca
por idéias abstratas, em que o usuário tem um a vaga noção do a s su n ­
to; b uscas exploratórias, q u an d o o usuário pesquisa para aprender
mais sobre um determ inado assu nto; e buscas com preensivas, em
que os usuários desejam todas as inform ações possíveis sobre o as­
sun to a ser pesquisado.
Além dos sistem as de organização, rotulagem, navegação e busca, vale
destacar a usabilidade que enfoca a análise do design do web site, verifican­
do a possibilidade um pleno funcionam ento, identificando e solucionando
possíveis erros, tornando-os fáceis de usar em prol do usuário. Pode ser
aplicada durante a criação ou na rem odelação de um web site.
Assim , a usabilidade baseia-se no con stan te estudo dos usuários p o­
tenciais, aplicando os cham ados testes de usabilidade; “ eles são os in stru ­
mentos m ais indicados para medir a taxa de sucesso da busca de inform a­
ções e para pesquisar o com portam ento dos indivíduos durante a interação
com os sistem as inform atizados” . (Agner, 2004, p. I). Na realização des­
tes testes, são escolhidos tipos de usuários diferentes, com ou sem co n h e ­
cim ento ou familiaridade com o website, e o cruzam ento dos resultados
obtidos por esses “ públicos” diferentes dirá se todas as tarefas realizadas
(como, por exemplo, a busca de determinada inform ação no site) foram
realizadas com sucesso ou não, apontando as preferências dos usuários.
Portan to, a verificação da usabilidade do website faz-se necessária
uma vez que, segundo Dias (2003, p. 28):
Um sistema interativo é considerado eficaz quando possibilita que os
usuários atinjam seus objetivos. A eficácia é a principal motivação que
leva um usuário a utilizar um produto ou sistema. Se um sistema é fácil de
usar, fácil de aprender e mesmo agradável ao usuário, mas não consegue
atender a objetivos específicos de usuários específicos, ele não será usa­
do, mesmo que seja oferecido gratuitamente.
Estruturado nos elem entos da Arquitetura da Informação e baseado nos
princípios de usabilidade descritos anteriormente, o website deve, portanto,
revelar seus serviços, seus conteúdos e suas formas de interação de maneira
simples, de m odo a gerar uma confiabilidade da instituição ao usuário.
3. A r q u it e t u r a t e c n o ló g ic a
Para tornar os serviços e con teú dos da biblioteca digital acessíveis via
Internet, devem ser consideradas algumas características do fun cion am en ­
to da Internet. Essa rede perm ite que m ilhões de com putadores troquem
inform ações entre si, e isso só foi possível devido à utilização de conceitos
com o o de pacotes de inform ações e de endereçam ento. Toda inform ação a
ser transm itida é fragmentada em pacotes (partes) e então enviada para seu
destino, contendo o endereço do rem etente e do destinatário.
Q u a n d o o usuário se con ecta à Internet, recebe um endereço, que
pode ser diferente a cada conexão, já que sua única função é perm itir que
receba as respostas às solicitaçõ es geradas.
Porém , qu an do o objetivo é fornecer um d eterm inado serviço à rede.
com o, por exemplo, tornar disponível o co n teú d o de um a biblioteca vir­
tual, deve-se obter um endereço fixo e assim poder ser e n co n trad o pelos
usuários que se pretende atender.
A Internet utiliza um esquem a de endereçam ento e nom enclatura ch a ­
m ado endereçam ento IP (Internet Protocol). Cada endereço IP é com p o sto
por qu atro núm eros, cada um com valor entre 0 e 255, com pondo, assim,
um endereço único em toda a rede para cada ponto ou nó desta rede.
O co n ju n to de elem entos de h ard w are e softw are qu e form am a es­
tru tu ra do site com p õ em uma rede local e para que esta rede local possa
se co m u n icar com o u tras redes é necessário um e q u ip am en to capaz de
enviar e receber inform ações de outras redes, o roteador, que terá seu
próprio endereço de rede, con h ecid o com o g a te w a y, endereço este que
deverá estar registrado em tod os os dem ais eq uip am entos que fazem
parte da rede local, pois é através do roteador que os m esm os poderão se
co m u n ica r com a Internet.
A s inform ações que trafegam entre os eq uip am entos da rede local
são identificadas por endereços específicos que podem ser classificados
em fun ção do cálcu lo realizado em co n ju n to com um a identificação da
própria rede, con h ecido com o m áscara de rede. Se o endereço de d estino
da inform ação não pertencer à rede local, esta inform ação será direcionada
para o roteador, que irá então direcioná-la para as redes externas e, por
con seg u in te, para a Internet.
N ã o é tarefa fácil lem brar esta seqüência de núm eros cada vez que se
deseja acessar um determ in ado endereço, e para sim plificar esta tarefa é
86
utilizado ou tro esquem a de sim plificação, llniform Resource Locator (U R L ),
através do qual é atribuído um nom e para cada endereço, cham ado nom e
de host ou nom e de dom ínio.
O endereço IP, do binário ao dom ínio, é ilustrado da seguinte m anei­
ra: I 10 0 1000 10 0 10 0 0 1 1010101 1 0000001 I à 2 0 0 . 14 5 . 17 1.3 à w w w .
marilia. u n e sp . br. Para visualizar o endereço IP de um d eterm inado end e­
reço, com o a U n e sp - C am pu s de M arília, o usuário pode utilizar, por
exemplo, a opção Executar do W in d o w s e digitar o com ando: tracert
w w w . m arilia. u n esp . br. N este m om ento, será exibido o endereço IP deste
endereço de host e o cam inh o percorrido.
Para que seja possível utilizar este esquem a de endereços é preciso
registrar seu próprio endereço de IP e seu dom ínio. N o Brasil, é possível
registrar seu endereço através de um cadastro ju n to à Fundação de A m ­
paro à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP. M aiores inform ações
podem ser obtidas no endereço: h ttp: //registro.br/index.h tm l, onde é pos­
sível verificar se o dom ínio já existe e realizar tod o o processo de regis­
tro, que co n siste no preenchim ento de form ulários e pagam ento da taxa
referente ao registro e ao prim eiro período.
A W o rld W id e W e b , conhecida tam bém com o W e b , é um dos serviços
disponíveis na Internet. A W e b oferece um a interface gráfica com o usuário
(Ç rap h ical llser Interface - G U I), colorida e de fácil utilização. O utilitário
necessário para acessar dados na W e b é cham ado navegador W e b , cliente
W e b ou Browser. Projetada inicialm ente para com unicação de material tex­
tual e gráficos simples, atualm ente a W e b permite a utilização desde im a­
gens a som, vídeos, filmes interativos, aplicativos e m u ito mais.
Para que seja possível oferecer este tipo de serviço, é preciso que o
navegador W e b do usuário, ao acessar o seu endereço, receba com o res­
posta um co n teú d o em form ato W e b . Para tan to , é necessário o desen ­
volvim en to de um a estrutura com posta por eq uip am ento e program a que
passam a ser os responsáveis pela resposta para as solicitações do c o n ­
teúdo que se deseja disponibilizar.
O ap licativo a ser instalado e configurado será o servid or W e b e rece­
berá e responderá às solicitações dos usuários. Entre as várias opções de
aplicativos para atender a esta tarefa, pode ser citado o Internet Information
Services - IIS da M icrosoft. Porém , o m ais u tilizado tem sido o A p a ch e
que, vale lembrar, é m ais u tilizado em sistem as op eracionais Linux, a m ­
87
biente para o qual foi desenvolvido. A p ó s a in stalação do A p ach e, d e v e ­
rão ser configuradas as variáveis am bientais e de fu n cion am ento, tais
com o os endereços, os serviços e as interfaces com o u tro s aplicativos.
U m sistem a operacional é um softw are responsável pela in terp reta­
ção dos com and os, pela criação do am biente de trabalho, e que co n siste
na cam ada interm ediária entre o softw are ap licativo e o h ard w are. É o
interpretador básico de com and os, e é a interface pela qual o usuário tem
acesso aos recursos que o h ard w a re oferece. O s exem plos mais co m u n s
de sistem a operacional são o W in d o w s - M icro so ft e o Linux
A perform ance do site vai estar ligada, entre ou tro s fatores, à v e lo c i­
dade de resposta às solicitaçõ es geradas pelos usuários via W e b . Para
que esta velocidade de resposta seja otim izada, é altam en te reco m en d á­
vel que o eq u ip am en to que irá processar estas inform ações seja a d e q u a ­
d am ente configurado.
Cada um a das tarefas do site pode ser atribuída a um eq u ip am en to
que irá funcionar para aquele fim, sendo definido com o servidor, ou co m o
definem Baldam , Valle e C avalcan ti (2002, p. 156):
Computadores que são normalmente a peça central da rede e gerenciam o
fluxo de dados e operações de compartilhamento de hardware. Os siste­
mas hoje em dia podem utilizar mais de um servidor simultaneamente,
dividindo os serviços para que se possa ter uma rede mais veloz.
O u tro s servidores podem ser configurados para atender às d e m a n ­
das de serviço s de arquivo, de segurança, de im agem e de aplicação.
Entre os serviços que deverão ser m antid os, destacam -se:
. - Servid o r de Banco de dados: que com preende os ap licativos que
com p õ em o Sistem a G erenciador de Ban co de Dados, dentre eles d e s ­
tacam o s o M y S Q L que vem sendo utilizad o em função da facilidade
de instalação, por estar disponível para vários am bientes, por não
requerer m u ito do servidor, não ter cu sto (disponível gratu itam en te
nos/íe h ttp : //w w w . m ysq l. com/), e por possuir um a perform ance acei­
tável. Já o Postg reSQ L é um sofisticado sistem a gerenciador de banco
de dados objeto-relacional, que suporta m u itos dos recursos S Q L ,
in clu in d o co n tro le de tran saçõ es e funções e tip os definidos pelos
88
usuários. É considerado um a das m elhores opções de banco de dados
de código aberto, sendo disponibilizada tam bém uma versão com er­
cia l. M a is d e ta lh e s p o d e m ser e n c o n t r a d o s em : h t t p : / / w w w .
postgresql. org. br/
- Servidor W e b : responsável direto pelas respostas às solicitações que
são recebidas pelo site, originadas pelo acesso realizado pelos usuários
através de seus navegadores. São m uitas as opções de navegadores,
com o M ozilla, Opera, N estscape e Firebird. Porém, atualm ente o d om í­
nio do aplicativo da M icrosoft é incontestável, sendo portanto o Internet
Explorer considerado o padrão de m ercado brasileiro.
- M a n u te n çã o dos objeto s digitais que podem estar arm azenados
por o u tras bibliotecas digitais ou m esm o em sites com o u tro s fins.
Cabe salientar a im portância da análise da confiabilidade do m aterial
que está sendo acessado, bem co m o de q uestões ligadas à elab ora­
ção do co n ju n to de m etadados de cada objeto e da preservação deste
con teú do, que estará fora do co n tro le da biblioteca digital que está
sendo construída. Se a opção for perm itir o au to-arq u ivam en to dos
recursos digitais por parte dos usuários identificados, deverá con star
do projeto, tam bém , um a interface que perm ita a inclusão de objetos
digitais, bem com o de seu respectivo co n ju n to de m etadados.
- O s objetos/obras digitais podem ser desenvolvidos em form ato PDF,
que perm ite a elaboração de cópias idênticas aos docum entos originais
ou com um form ato de apresentação inalterável independentes da pla­
taforma com putacional, e com um grau de segurança aceitável. Para a
criação de textos em form ato Portable Docum ent Format (PD F) pode ser
utilizado o PDF995, que além de rápido e de fácil utilização, não tem
custo. Pode ser encontrado em: http: //w w w . pdf995. com/. O aplicativo
Adobe Reader da empresa A d obe System C orporation perm ite o aces­
so a esses docum entos, sem custo, e o d on w load do aplicativo de
acesso e leitura pode ser feito via endereço: http: //w w w . adobe. com/
products/acrobat/readstep2. html. O s recursos digitais podem ainda ser
apresentados com forma de arquivos com pactados. A com pactação é a
operação que consiste em retirar a redundância dos dados, de forma a
d im in u ir o ta m a n h o do arq u ivo, sem perdas de dados. A rq u iv o s
com pactados podem facilitar o arm azenam ento e a transm issão, p o­
rém o cliente deverá possuir o aplicativo que perm ite o acesso e a
d e s c o m p a c ta ç ã o d e ste s a rq u iv o s . Exem p los de p ro g ram a s para
com pactação de dados: Brazip: W in Z ip , W in r a r e Pkzip - este últim o
utilitário pode ser copiado no site: http: //w w w . pkware. com/
- Ferramentas de busca: utilização de uma aplicação de desenvolvim en­
to proprietário exclusivo ou desenvolvida por terceiros, pelas empresas
que fornecem gratuitamente ferramentas de busca de uso geral na Internet
e que podem ser configuradas para atuação interna e externa ao banco
de m etadados da biblioteca digital. Segundo V id o tti (2 0 0 1, p.48),
As ferramentas de busca, conhecidas também como máquinas de busca
ou search engines, utilizam softwares que indexam e catalogam as páginas
e/ou sites da Internet em bases de dados, com a finalidade de possibilitar a
recuperação de documentos solicitados pelos usuários da Internet, se­
gundo as estratégias de busca e os critérios adotados.
- S o ftw a re de g e stã o de b ib lio te c a s d ig ita is : e x iste m in ú m e ro s
sofw ares d isponíveis para o d esen vo lvim en to de um a biblioteca d ig i­
tal, que vã o desde aplicativos para o gerenciam ento de coleções digi­
tais até a gestão com pleta de tod as as atividades e serviço s de um a
biblioteca digital. Esses softwares podem ser com ercializados ou d is ­
trib u íd o s conform e con ceito de softw ares gratuitos e/ou livres. N o
softw are livre os usuários podem utilizar, estudar, m odificar e até
m esm o repassar sem que seja necessária autorização do autor.
- Porém , o desen volvim ento do próprio softw are requer um a análise
cuidadosa de seus cu stos em função do retorno a ser ob tid o e ta m ­
bém da questão da continuidad e do projeto. U m a solu ção proprietária
é aquela em que a própria organização realiza o d esen volvim ento, seja
com mão-de-obra própria, seja terceirizada. Entre os p o n to s positivos
de u m a s o lu çã o proprietária, pod em os d estacar q u e a so lu çã o é
con struíd a de acordo com as necessidades identificadas pela organi­
zação, além de haver ab soluto con tro le da con tin u id ad e do d e se n vo l­
v im e n to pela própria organização. Vantagem im portante, tam bém , é a
de m anter a organização livre de custos de licenças e independente de
restrições geradas por um possível fornecedor de aplicativos. Por outro
lado, existem pontos negativos a serem considerados, com o a necessi­
dade de m anutenção de recursos hum anos e esforços para d ocu m en ta­
ção do sistem a e m anutenção do aplicativo e a dificuldade de acom p a­
nham ento da evolução da tecnologia. Também é im portante levar em
consideração a dificuldade de se m anter alinhado aos padrões de mer­
cado e de com unicação com outras organizações que os utilizam .
- Vale destacar que a utilização de um softw are para o d e se n vo lvi­
m e n to de u m a b ib lio te c a d ig ita l, im p lic a n e c e s s a r ia m e n te a
im plem entação de um a interface de com unicação via Internet, ou seja,
a im plantação de um website, que pode ser d esen volvid o utilizando
as linguagens Ja va , PERL, P H P ou sim plesm ente H TM L, para que os
usuários possam buscar e visualizar os objetos digitais, con ten d o,
no m ínim o, um a ferram enta de busca que perm ita a localização de um
determ inado objeto digital ou m esm o a visualização dos ob jeto s com
definições aproxim adas das solicitadas pelo usuário. Este aplicativo
deverá ter acesso à base de m etadados da biblioteca digital.
- Preservação: consid erand o a preservação do d o cu m en to original, a
conversão do d ocu m en to para a meio digital implica, segundo Levacov
(1997, p. 5),
[...] tão somente a preservação da informação e não a preservação física
do documento na mídia original. O suporte digital [...] cria novos proble­
mas: o da obsolescência das tecnologias de preservação, armazenamento
e recuperação (hardware, software, sintaxe etc. ) e, dada a facilidade de
manipulação de dados pela mídia digital, o da autenticidade. [Enquanto
que] o problema da preservação “ intelectual” se refere à integralidade e
autenticidade dos documentos que podem ser corrompidos intencional
ou acidentalmente.
Para que o am biente inform acional não seja alterado de forma indevida,
são utilizados firew alls, barreiras interpostas entre a rede interna e a rede
externa com a finalidade de evitar acessos não autorizados, protegendo
programas e eq uip am entos de ações com origem externa (In te rn e t). São
aplicativos
preferencialm ente in stalados em co m p u ta d o re s dedicados
som ente a esta função. A lé m disso, devem ser instalad os a n tivíru s efica­
zes que inibam a execução de vírus que se instalam nos eq u ip am en tos
sem autorização (co n scie n te ) do usuário e que podem p rovocar danos
ta n to aos dados, co m o aos aplicativos e ao próprio h ard w a re . M an ter
aplicativos que possam con tro lar e im pedir que esses program as sejam
instalados é fator fun d am ental na política de segurança de q u alq uer p ro­
je to ligado à tecn olo gia da inform ação, não sen d o diferente no caso das
bibliotecas digitais.
4 . C o n s id e r a ç õ e s F in a is
D ian te do exposto, podem os afirm ar que para a organização de infor­
m ações que serão d isp o n ib iliz a d as em m eios dig itais, sua form a de
arm azenam ento, recuperação e apresentação, podem ser utilizad os os
princípios básicos da A rq u ite tu ra da Inform ação de website.
O s elem entos básicos da A rq u ite tu ra da Inform ação ap licados à b i­
blioteca digital visam à criação de estruturas digitais q ue priorizem a
organização descritiva, tem ática, representacional, visual e navegacional
de inform ações, em con son ân cia com o co n teú d o inform acional, o c o n ­
te x to e o u s u á rio , t e n d o o b je tiv o s bem d e fin id o s , a d e q u a n d o o
d im e n s io n a m e n to e o d ire cio n a m e n to dos s e rv iç o s e d o s p ro d u to s
inform acionais aos usuários potenciais.
C u n h a ( 1999, p. 26 5) afirma que
A s bibliotecas, em todas as épocas, sempre foram dependentes de
tecnologia da informação. A passagem dos textos m anuscritos para a
utilização de textos impressos, a utilização pioneira do microfilme como
agilizador do intercâmbio de informações, o acesso à base de dados bibli­
ográficos armazenados nos grandes bancos de dados e o uso do cd-rom
demonstram que nossas instituições sempre acompanharam e venceram
os novos paradigmas tecnológicos. O advento da biblioteca digital, alta­
mente dependente das diversas tecnologias de informação, também ultra­
passará essas novas barreiras.
A s bibliotecas digitais, além das atividades oferecidas pelas b ib lio te­
ca s t r a d ic io n a is , tê m c a r a c te rís tic a s p ró p ria s, q u e p o s s ib ilita m
a
otim ização do uso das tecnologias da inform ação, agregando valores aos
serviços oferecidos, possibilitand o ao usuário o acesso independente de
tem po e espaço, e os recursos/obras digitais podem co n ter textos, im a­
gens estáticas e dinâm icas e sons, com características m ultim ídia (a u d i­
tivas e visuais) e interligadas por meio de hiperlinks contextuais. A lém
disso, o serviço de referência digital pode contar com alguns m ecan is­
mos de avaliação do usuário, via interação com o am biente inform acional,
de m odo a prover au to m a tica m e n te ta n to a dissem inação seletiva da in ­
formação com o a interface com u nicacional eficientes e personalizad as .
N o ta
A digital library remains a library, with the same purposes, functions
and goals as a traditional library. The digital part of the term indicates
merely that the material is stored and accessed digitally. A digital library is
therefore far more than a digital collection, particularly a collection, as is
illustrated in the overwhelming number of the W o rld W id e W e b sites on
the Internet, which consists of relatively volatile current information.
R e fe r ê n c ia s
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Carlos Henrique Marcondes'
I. In t r o d u ç ã o
Na história das bibliotecas, à medida que as coleções aum entam ,
descrever d o cu m en to s vem se to rn a n d o um a condição fun d am ental para
possibilitar sua posterior recuperação entre os itens da coleção, ava lia ­
ção de relevância e posterior uso. Profissionais de inform ação vêm cria n ­
do, há séculos, m etodologias para registro, in ven tário e descrição de
docum entos, co m o forma de con tro lar acervos e prover m eios de acessar
seletivam ente os itens de um a coleção. U m in stru m en to de pesquisa de
um arquivo ou um catálogo de um a biblioteca nada m ais são que descri­
ções de d o cu m en to s de um a coleção, organizadas com a finalidade de
facilitar sua re cu p e ra çã o e a ce sso , os agora c h a m a d o s m e ta d a d o s
(M ilsted, 1999).
O que antes era um problem a dos profissionais de inform ação, em
contextos específicos com o a recuperação de inform ação em arquivos e
bibliotecas, generaliza-se com o surgim ento da W e b em m eados dos anos
90. Parcelas significativas da cu ltu ra contem porânea, en treten im en to , c i­
ência, educação e negócios passam a estar organizados em torno da W e b .
1Professor do Departamento de Ciência da Informação. UFF, [email protected]
O term o “ m eta d a d o s” surge neste contexto: o crescim ento acelerado e
caótico da W e b coloca na ordem do dia o problem a de identificar, recu­
perar e avaliar a infinidade de recursos os m ais diversos, to rn ad o s d isp o ­
níveis na W e b .
U m dos m aiores ob jetivos do uso de m etadados no con tex to da W e b
é perm itir não só descrever d o cu m en to s eletrôn icos e inform ações em
geral, p ossib ilitand o sua avaliação de relevância por usuários hum anos,
mas tam b ém perm itir agenciar com p u tad ores e program as especiais, ro­
bôs e agentes de softw are, para que eles com preendam os m etadados
associados a d o cu m en to s e possam então recuperá-los, avaliar sua rele­
vância e m anipulá-los com m ais eficiência. N e sta qu estão é que entra a
linguagem X M L - Extensible M arkup Language - Linguagem de M a rc a ­
ção Extensível - padrão proposto e hom ologado pelo W 3 C 1, com o m eca­
nism o de codificar m etadados associados a um d o cu m en to eletrônico
em um form ato que seja legível não só por pessoas m as tam bém por
program as. O uso de program as para processar m etadados em X M L é um
dos pilares da iniciativa cham ada W e b sem ântica (Berners-Lee, 2001).
A identificação e recuperação de recursos inform acionais torna-se
assim um a das q u estõ es m ais im portantes da atual econ om ia da W e b .
C o m o já dizíam os (M arco nd es, 2001), "... a inform ação relevante para
um dado problem a tem que estar disponível no tem p o certo. De nada
adianta a inform ação existir se quem dela necessita não sabe da sua exis­
tência ou se ela não puder ser en co n tra d a . ”
A literatura brasileira é ainda escassa e esparsa sobre o assu nto (Souza,
1997). (R o sseto , 2 0 0 2 ). A s experiências práticas brasileiras m ais c o n h e ­
cidas se referem ao d esen vo lvim en to do Padrão Brasileiro de M etad ad o s
de Teses e D issertações Digitais, o M Tbr (M arco nd es, 20 03 ), da B ib lio te ­
ca Brasileira de Teses e D issertações (BD TD ) operada pelo IBICT. O u tra
experiência significativa é a im plem entação do O p e n A rch ive s Protocol
for M etad ata H arve stin g no SciELO (M arcond es, 2003b).
Este ca p ítu lo d iscute estas atividades de descrição de inform ações o uso dos assim ch am ad os m etadados - no con tex to da W e b e das p u ­
blicações eletrônicas e sua im portância para a recuperação e a econom ia
da inform ação. Em bora o con ceito de m etadados não seja lim itado ao uso
na descrição e recuperação de inform ações, apresenta e d iscu te com m ais
detalhes o padrão D ublin Core, o m ais co n h ecid o para esta finalidade.
2. W e b , m e ta d a d o s e d e s c o b e rta d e re c u rs o s
Meta dados são definidos com o d a d o s sobre d a d o s (d e cib e l, 1995).
São dados associados a um recurso W e b , um d o cu m en to eletrônico, por
exemplo, que perm item recuperá-lo, descrevê-lo e avaliar sua relevância,
manipulá-lo (o tam a n h o de um docum ento, ao se fazer d o w n lo ad in g ou o
seu form ato, para saberm os se dispom os do program a adequado para
m anipulá-lo), gerenciá-lo, utilizá-lo, enfim.
A primeira ten tativa de dar conta da explosão inform acional em que se
transformou a W e b foram os catálogos, com o o Yahoo (o primeiro catálogo
da W e b ), e os cham ados m ecanism os de busca, com o A lta V is ta , Lycos,
W e b C ra w le r etc, e mais recentem ente, o Google. Enquanto em catálogos
como o Yahoo, a descoberta, avaliação e descrição e inclusão dos recursos
W e b na base de dados são feitas por profissionais de inform ação, os m eca­
nismos de busca, para indexarem a W e b , possuem programas que visitam
página por página da W e b , percorrem o texto de cada página, extraindo daí
palavras-chaves, e arm azenando num a base de dados estas palavras-cha­
ves, associadas ao U R L da página. E sobre esta base de dados que os u su ­
ários fazem suas buscas nos sites dos m ecanism os de busca. N atu ralm e n ­
te, por ser uma indexação autom ática com base em palavras isoladas, sem
nenhum controle term inológico, efetuada em páginas sobre os mais varia­
dos assuntos, diferentes idiomas e totalm en te desprovida de qualquer in­
form ação c o n te x tu a i, os re s u lta d o s têm baixíssim a p recisã o (S n e i­
derman, 1997). Estudos com o o citado reforçam a dim ensão do problema
localização/identificação colocado pela Internet.
C om o objetivo de ajudar a obter m aior precisão nas buscas por pági­
nas W e b , ajudando os robôs dos m ecanism os de busca a fazerem uma
indexação de m aior qualidade, num prim eiro m om ento foram incorpora­
dos m etadados no texto m esm o destas páginas. Isto foi feito com o uso
de tags especiais da linguagem H TM L (a linguagem em que são escritas
as páginas da W e b ), as tags M ETA , com o m ostrado a seguir:
<meta nome = "cd.subjed" content = "bibliotecas digitais, metadados;
recuperação de informações; XML">;
O u então:
<meta name = "dc.creator" content = "MARCONDES, Carlos Henrique">.
Estas tags não ficam visíveis quando a página H TM L é exibida na tela de
um browser com o Internet Explorer ou Nestcape Navigator, mas podem ser
processadas por um programa robô que esteja indexando a página.
N o en ta n to , esta te n ta tiva inicial esbarra com um ou tro problem a, a
em ergência da cham ada W e b profunda ou deep W e b (Bergm an, 2001).
A p ó s um período inicial da W e b , baseado em páginas estáticas escritas
na linguagem H TM L e arm azenadas com o a r q u iv o s . htm l o u . h tm nos
diferentes servidores W e b - a ch am ada W e b superficial -, cada vez mais
d o cu m en to s eletrôn icos só se torn am acessíveis através de interfaces de
bancos de dados, invisíveis p o rtan to aos program as-robôs dos m ecan is­
m os de busca. Esta é a cham ada W e b profunda. N estes casos, as páginas
H T M L são geradas pelos sistem as de bancos de dados on-the-fly, ou seja,
dinam icam ente, com o resultado de um a consulta específica, só para aque­
le usuário que fez a co n sulta, e não mais com o arquivos arm azenados
p erm anen tem en te no disco rígido de um servidor. Segund o este autor, a
W e b profunda é de 1000 a 2000 vezes m aior que a W e b superficial.
Exemplos desta situ ação podem ser visto s qu an d o co n su ltam o s o site
da Receita Federal para saber se a devolução do Im p osto de Renda já foi
depositada em nossa conta corrente. Q u an d o inform am os o CPF, o siste ­
ma de banco de dados em ite autom aticam en te um d o cu m en to em H TM L
só para nós. C aso sem elhante acon tece quando co n su ltam o s o site do
IBG E, cruzando m ortalidade infantil com determ inado m unicípio, com de­
term inado ano. Em casos com o os citados, esquem as com o as tags M ETA,
que são parte de um docu m en to H T M L arm azenado num servidor, não
funcionam , porque os program as-robôs dos m ecanism os de busca, ao
percorrerem determ inado site, não encontrarão estas páginas.
O problem a da W e b profunda faz com que, hoje em dia, cada vez
m ais m etadados esteja arm azenados em bancos de dados ou catálogos
de bibliotecas digitais, associados, através de U R L , aos d o cu m en to s ele­
trô n ico s que eles descrevem . C o n ju n to s de m etadados relativos a um
d o cu m en to eletrôn ico tam bém não precisam ser únicos: vários c o n ju n ­
to s de m etadados, produzidos por diferentes in stituiçõ es, podem ser as­
10 0
sociados ao m esm o d o cu m en to eletrônico. Desta forma, o m esm o d o c u ­
mento eletrôn ico pode estar sendo referenciado por vários co n ju n to s de
metadados, assim com o um livro pode ter cópias em diversas bibliotecas
e em cada um a delas ser descrito diferentem ente, com várias finalidades
diferentes, não só para descrevê-lo e ajudar na sua recuperação, co m o
tam bém para ajudar a sua gestão, identificar questões relativas a direitos
autorais ou à preservação digital do docu m en to.
A descoberta de recursos para viabilizar seu uso torna-se, com o já foi
dito, altam ente crítica num am bien te co m o a W e b . D iferentem ente do
contexto restrito dos catálogos de um a biblioteca, a W e b é um am b ien te
com partilhado mas altam ente desestruturad o, gerido de forma d e sce n ­
tralizada e em crescim ento explosivo, co n s titu in d o um verdadeiro d e sa ­
fio para seus gestores, em especial para os profissionais da inform ação.
Todas as ações e decisões dos profissionais de inform ação têm um im ­
pacto global, tu d o que for publicado é im ed iatam en te visível para o m u n ­
do todo. Estes têm de ter a con sciência que este desafio só pode ser
enfrentado com estratégias que, em bora já con h ecid as pelos p rofissio­
nais de inform ação, agora têm que ser em pregadas num a escala global.
Estam os falando de cooperação e co m p artilh am en to de recursos.
N o espaço da Internet, atividades co m o a descoberta de recursos são
desenvolvidas não só por usuários h um ano s, mas tam bém , e cada vez
mais, na perspectiva da W e b sem ântica, por m eios autom áticos, por p ro ­
gramas robôs, “ aranhas” , agentes de software. Isto é m otivado pelo grande
crescim ento da W e b e esta é um a das principais estratégias de fazer fren­
te a este crescim ento explosivo.
Além do uso de agentes de softw are, o u tra estratégia ig ualm ente
im portante, ligada tam bém à q u estão dos m etadados, é, um a vez q ue as
publicações na W e b crescem de form a exponencial e não existem profis­
sionais de inform ações suficientes para descrevê-los todos, perm itir que
autores eles mesmos descrevam seus docum entos ao publicá-los eletroni­
camente “ na fo n te ” , conform e um a proposta bem antiga da b ib lio te co ­
nomia, retom ada por W e ib e l ( 1995).
Para isso é necessário portan to que descrições/representações de re­
cursos inform acionais - os agora cham ados m etadados - possam seguir
um padrão de descrição que seja simples o suficiente p a ra que um autor
possa descrever seu documento. Esta é a proposta da iniciativa Dublin Core.
101
3. O
p a d rã o D u b lin
C o r e e s u a c o d ific a ç ã o
le g ív e l p o r m á q u in a
O padrão de m etadados para descrição de docum entos eletrônicos,
proposto pela Dublin Core M etadata Initiative — D C M I (http: //purl.org/dc),
foi pensado segundo esta idéia: ser sim ples o suficiente e auto-explicativo,
de m odo que o próprio autor do d ocu m en to possa ele mesmo, descrevê-lo
ao publicá-lo eletronicam ente. O u tro s padrões de descrição/representação
de docum entos, com o o M A R C por exemplo, são mais com plexos, exigin­
do o aporte de profissionais de inform ação treinados.
O padrão D C M I é co m p o sto de som ente 15 elem entos descritivos,
sim ples e auto-exeplicativos, o ch am ad o Dublin C ore M e ta d ata Elem ent
Set - D C M ES. N o s sistem as de p ublicação eletrônica, ao su b m eter seu
d o cu m en to num a biblioteca digital ou num arquivo depre-prints, o autor,
ao incluir ou fazer u p load do texto, preenche um form ulário descrevendo
seu docum ento, associando m etadados ao m esm o e arm azenado-os num
catálogo a u to m atizad o ou base de dados.
O co n ju n to de m etadad os D C M I e sua utilização são os seguintes:
• S u b ject (assu n to ):
• Title (títu lo ):
• C reator (autor, responsável pelo d o cu m en to ):
• Pu b lish er (publicador, quem to rn a o d o c u m e n to d isp o n íve l na
Internet):
• C ontribuitor (outros colaboradores - porex. editores, tradutores, etc):
• D escription (descrição, resum o, sum ário):
• Date (data de publicação);
• Type (tip o de recurso - hom epage, rom ance, poesia, softw are, d ici­
onário);
• Form at (form ato do arquivo que co n tém o d o cu m en to eletrôn ico —
texto, PDF, LaTex, H TM L, W O R D ou outro);
• Indetifier (geralm ente o U R L de um d o cu m en to e letrôn ico);
• Relation (relacionam entos com outros docum entos, por ex. versões);
• Source (fon te ou origem );
• Language (idiom a do d o cu m en to );
• C overage (cobertura - espacial ou tem poral, sobre que lugar, ou
sobre que época o tex to se refere);
102
•Rights
(texto livre especificando qualquer restrição referente a direi­
tos autorais).
A concisão da descrição de um docum ento obtida pelo uso dos 15 ele­
mentos descritivos Dublin Core vem sendo objeto de discussão entre os parti­
cipantes da DCM I. Esta concisão resulta em perda de precisão na recuperação
de informações. Para superar estes problema, a DCM I propôs também os cha­
mados Q ualificadores ( h ttp : //purl.org/dc/docum ents.dcm es-qualifiers20000711.htm) de alguns dos elementos do conjunto, por exemplo (utilizando-se aqui tam bém as tags M ETA da linguagem HTML para codificação):
<meta name="dc.Subjectscheme="DECS" content="Sida"> ou cmeta
name="dc.Sub¡ect scheme="CNPq" content="Ciências Sociais Aplicadas">.
N estes casos, fica explícito, através do qualificador scheme, que o
assunto (dc. Su bject) foi retirado de um vocabulário con tro lad o ou de uma
tabela de a ssu ntos padronizada (um scheme), com o o D EC S - D escritores
em Ciência da Saúde - ou a tabela de áreas de co n h ecim e n to C N P q ;
ou então
<meta name="dc.Coverage.temporal" content="ldade Média">.
A q ui, o elem ento Dublin C ore (dc) Coverage recebe um “ refinam en­
to ” , especificando que a cobertura é “ tem p o ral” .
O positores desta ten d ência dentro da D C M I argum entam que o uso
de Qualificadores faria com que o co n ju n to de m etadados D C perdesse
seu caráter in tu itivo , dificultando seu uso pelos próprios autores. N o
entanto, o uso de qualificadores, bem co m o de qualquer dos 15 e lem en ­
tos, é opcional: pode-se utilizar tod os os 15 elem entos, som ente alguns
deles, com ou sem qualificadores.
U m a vez v is to o padrão proposto pela D C M I, fica ainda a q u estão de
como codificá-los em m eio legível por com putador, de form a am pla, ge­
neralizada e não exclusiva, para que os m etadados possam ser lidos por
programas. A form a que tem se firm ado com o um padrão na W e b para
codificar m etadados tem sido a linguagem X M L.
103
4 . C o d if ic a n d o
0
m e ta d a d o s em
lin g u a g e m
X M L
uso das tags M ETA da linguagem H T M L para a co d ificação de
m etadados, com as suas lim itações, foi discutid o nos exem plos a n te rio ­
res. A linguagem X M L vem sendo usada de forma cada vez m ais genera­
lizada, com esta finalidade. X M L é um a linguagem cuja proposta é ser um
padrão universal, referendado pelo W 3 C (h ttp : //w w w . w 3 c . org/XML/) e
aberto, v o lta d o para a descrição d a estrutura de docum entos eletrônicos
onde o co n te ú d o e sua descrição com põem um único arquivo, de tip o
texto puro - portável, p o rtan to sem problem as para qualquer tip o de s is ­
tem a com putador, já que este form ato, tam b ém con h ecid o c o m o A S C II Am erican Stan dard C ode for Inform ation Interchange -, é o m ais u niver­
sal e pode ser lido por tod as as plataform as co m p u tacio nais.
A o co n trá rio de o u tras form atos de arquivos, os ch am ad os form atos
proprietários com o o f o r m a t o . D O C do M icro so ft W o r d ou o form ato
•MDB do M icro so ft A ccess, um arquivo X M L não está preso a um progra­
ma para lê-lo; na X M L são explicitados, além dos co n teú d o s dos d o c u ­
m entos, a sua estrutura, sob a forma de m arcações, identificadas por um
nom e significativos, en vo lvid o nos caracteres “ < ” e
a cada m arca­
ção indicando o início de um determ inado con teú d o, por exem plo <aut ° r > , corresponde um a m arcação de fim, < /a u to r> ; os co n teú d o s ficam
entre m arcações, < a u to r> Jo ã o da S ilv a < / a u to r> , assim :
< referencia idioma= "pi" >
<aulor>Décio, Otávio C</autor>
<titulo>XML: guia de consulta rápido</titulo>
<imprenta>
<local>São Paulo</local>
: <editor>Novatec</editor>
<data>2000</data>
< imprenta >
</referencia >
B
Todo d o cu m en to X M L é dito “ bem form ad o” q u an d o pode ser a sso ci­
ado a um a árvore, que deve ter uma m arcação raiz (n o caso, < referencia,
< /referen cia> ); a toda m arcação inicio deve corresponder um a m arcação
fim (< a u to r > e < /a u to r> , < titu lo > e < / titu lo > , etc)
A s linguagens para m arcação de textos tiveram início com a S G M L Stru ctu re d M arku p Language — e têm na H T M L — H yp ertex t M a r kup
104
Language - que se co n stitu i na base da “ teia global” da Internet, sua
versão mais conhecida. A diferença entre a H T M L e a X M L é que naquela,
as tags são predefinidas, im utáveis: por exem plo, < h I > e </h I > para
cabeçalhos, < a href> e < /a> para hiperlinks, etc. Todo d o cu m en to deve
ser identificado co m o H TM L (< h t m l> < / h tm l> ), ter um a área de cab e­
çalho ( < h e a d x / h e a d > ) com o nom e para o docu m en to (< t it le > < /
title > ), um títu lo principal e um a área definida com o corpo (< b o d y > < /
b o d y> ) do co n te ú d o do docum ento. C o m o o exem plo a seguir:
<html>
<head>
<title> Exemplo de HTML simples</title>
</heod>
<body>
<hl >Este é o primeiro nível de cabeçalho</hl >
Bem-vindo oo mundo do HTML.
Este é o primeiro parágrafo. <p>
E este é o segundo.<p>
</body>
</hfml>
Esta página vai aparecer assim na tela de um browser :
N um d ocu m en to X M L as m arcações não têm a ver com a aparência do
docum ento ao ser exibido num browser e sim com sua estrutura. O am b i­
ente eletrônico de fun cion am ento de um docu m en to X M L na W e b é bas­
tante com plexo. N a verdade, um d ocu m en to X M L pode fazer referência a
105
um a folha de estilo s - C SS, caseating style sheet -, com instruções refe­
rentes especificam ente a com o o docu m en to deve ser exibido. U m d o cu ­
m en to X M L tam bém pode fazer referência a um ou tro arquivo, cham ado
esquem a (X M L Sch e m a ) ou DTD (D o cu m e n tT yp e D efinition) que especifi­
ca regra de validade do docum ento, por exemplo, quan tas ocorrências do
cam po < a u to r> são possíveis, que co n teú d o é válido para o cam po letras, núm eros, valores num éricos. O uso de docu m en tos X M L asso cia­
dos a esquem as ou DTDs garante um a grande precisão na sua form atação,
perm itindo que eles possam ser usados em tran saçõ es "se g u ra s ” via
Internet, com o, por exemplo, em com ércio eletrônico. Para evitar co n fu ­
sões sem ânticas sobre os cam pos usados em d ocu m en tos X M L , o uso do
cam p o < a u to r> num livro ou num a ação judicial, d ocu m en tos X M L ta m ­
bém podem fazer referência aos ch am ad os espaços de nom es - nam e
spaces, vocabulários específicos que perm item identificar, através de uma
U R L , em que con tex to s e que com unidades utilizam um d eterm inado sig­
nificado para os cam pos de docu m en tos X M L . O s elem entos que c o m ­
põem o am biente eletrônico de fun cion am ento de um d o cu m en to X M L na
W e b podem ser visto s de forma integrada na seguinte ilustração:
106
U m exem plo do uso de m etadados segundo o padrão Dublin C ore e
codificados em X M L é o protocolo O p en A rch ive s In itiative Protocol for
M etadata H a rve stin g - O A I- P M H ( h ttp : //w w w o p e n a rch ive s. org/O AI/
openarchivesprotocol. h tm ). Este protocolo surge da com u nid ad e de c i­
entífica que publica seus trabalh os em arquivos eletrônicos de acesso
aberto, os open archives ( http: //w w w . open arch ives. org), que com eçam a
surgir com o alternativa aos periódicos publicados pelos grandes editores
em fins da década de 90, para publicação direta pelos próprios autores
(Marcondes, 2 0 0 1). O O A I- P M H permite a coleta autom ática de metadados
de docum entos arm azenados em arquivos de publicações eletrônicas os “ provedores de d ad o s” . U m a v e z coletados, m etadados de d o cu m e n ­
tos eletrônicos de diferentes provedores de dados podem ser “ reutilizados” ,
por exemplo, agregados num a base de dados única, p erm itindo realizar
uma busca unificada a esta base co m o se tivesse sendo feita aos diferen­
tes provedores de dados sim ultaneam en te. O s m etadados são coletad os
segundo o padrão Dublin Core. A seguir é m ostrad o o diálogo entre os
programas: harvest do provedor de serviços e servidor O A I- PM H : o p ro ­
grama harvest solicita m etadados de determ inado d ocu m en to, recebe
como respostas estes m etadados, segundo o padrão Dublin Core e c o d i­
ficados em X M L :
- solicitação, pelo program a harvest, de m etadados segundo o p a­
d rão D u b lin C o re ( “ o a i_ d c ” ), do d o c u m e n to id e n tific a d o p o r
“ oai: arX iv: c s / 0 1 1201 7 ” , do arqu ivo de pre-prints “ arXiv. org” , enviada
segundo um com an d o HTTP:
hHp://orXiv.ora/ooi2?verb=GetRecord&identifier=ooi:arXiv:cs/
011201 7&metadafaPrefíx=oai_rl<-
107
U m a aplicação especial em X M L para a descrição de recursos W e b é
o RD F-R eso u rce Description Fram ework (http: //ww w . w 3 c . org/RDF/), ta m ­
bém um padrão W 3 C . En q u a n to X M L é um a linguagem genérica para a
descrição da estruturação de d o cu m en to s eletrônicos, RD F é específica
para criar m etadados com a finalidade de localizar e identificar recursos.
RD F usa X M L dentro de um esquem a m ais estruturado. Baseia-se na c o n ­
cepção de que um recurso W e b possui propriedades (por exem plo, seu
autor, seu títu lo, seu idiom a) e que cada um a destas propriedades possui
um va lo r ( “Jo ã o da S ilv a ” , “ M in h a v id a ” , “ p o rtu g u ês” ). O valor de um a
propriedade pode ser ou tro recurso, por exem plo, o v a lo r de a u to r pode
ser o endereço de sua página W e b . U m exem plo é m ostrado a seguir
108
tíficos este vo cab u lário poderia ser o Dublin Core, conform e v is to em
Beckett (2002).
5. C o n c lu s õ e s
De forma acelerada, m ais e m ais p rod utos da cultura hum ana passam
a ser publicados e distribuídos diretam en te em m eio digital através da
W e b , pois esta proporciona alcance, rapidez, baixo cu sto e interatividade.
A W e b vem se to rn a n d o algo com o um a única e im ensa biblioteca digi­
tal. U m recurso inform acional, com esta dim ensão, é único na história da
cultura hum ana. N o ssas responsabilidades, com o profissionais de infor­
mação, para a gestão e o uso com u m destes recursos tam b ém assum em
uma dim ensão mais am pla.
Mais e mais se torna prem ente facilitar a recuperação destes recursos
para que eles possam ser utilizados. A W e b vem tendo um crescim ento ao
mesmo tem po acelerado e caótico, e a ordenação deste crescim ento, o uso
de padrões que facilitem a recuperação e viabilizem o uso das inform ações
disponíveis tem sido um a preocupação constante. O uso de m etadados
pelas mais diferentes com unidades da W e b se insere neste contexto.
Dublin Core é o m ais o mais específico para inform ações bibliográfi­
cas. O u tro s padrões de m etadados b astan te usados em o u tras áreas
especializadas são os seguintes:.
•M aterial instructional/pedagógico - IM S - In stru ction M a n ag em e n t
System , http: //w w w . im sproject. org/metadata/index. h tm l;
- D ad o s g e o g ráfico s - C o n te n t S ta n d a rd for D ig ital G e o s p a tia l
M etadata (C S D G M ), http: //w w w . fgdc. gov/m etadata/contstan. htm l
• M etadados de descrição arquivística em form ato legível por c o m ­
p u ta d o r - E A D
-
E n c o n d in g A r c h i v e s
D e s c r ip t io n ,
h t t p : //
lo cw eb . loc. gov/ead/ead. htm l;
• Inform ações governam en tais - G ILS - G lobal Inform ation Locator
Service, h ttp : //w w w . gils. net/elem ents. htm l
• C om ércio e le trô n ico - IN D E C S - In te ro p era b ility o f D ata in ECom m erce S ystem s, h ttp: //w w w . indecs. org
• M e ta d ad o s para preservação digital - O A IS - O p e n A rc h iv in g
Inform ation S ys te m , h ttp : //ssdoo. gsfc. n a s a . g o v/n o st/w w w classic/
109
docum ents/pdf/CCSDS-650. 0-B-1. pdf
• M e ta d a d o s sobre d ire ito s a u to ra is - p ro ject R o M E O , h tt p : //
w w w . lboro. a c . uk/projects/romeo/index. htm l
Dublin Core é um padrão vo lta d o p rincipalm ente para a descrição e a
descoberta de d o cu m en to s eletrônicos. C a so a biblioteca digital, além de
referenciar recursos eletrônicos, tam bém seja um a publicadora ou e d ito ­
ra, co m o o são várias bibliotecas digitais especializadas ou arquivos ele­
trônicos, que têm a cu stódia dos d o cu m en to s que com p õem sua c o le ­
ção, terá que se preocupar, além de referenciar seus d o cu m en to s com
m etadados segundo padrões com o Dublin Core, com questões com o copy
right, adm inistração e gestão destes d o cu m en to s e a preservação digital
dos m esm os. Para todas estas atividades, existem conjuntos de m etadados
específicos.
X M L é, cada vez m ais, a base de vários padrões da área de inform a­
ção. A lé m do O A I- P M H , ou tro protocolo de recuperação de inform ações,
o S R W - "Search Retrieval on W e b ” ( h ttp : //w w w . lo c. gov/z3950/agency/
zing/srw/) -, o sucessor do p rotocolo Z 3 9 . 50, de largo uso em bibliotecas
para viabilizar a co n su lta a um catálogo virtu al form ado por catálog os
distribuídos de várias bibliotecas, tem por base para troca de m ensagens
entre program as clientes e servidores o X M L . A s on tolog ias, bases de
c o n h e c im e n to so b re d e te rm in a d o d o m ín io , b aseiam -se na O W L “ O n to lo g y W e b Language” ( h ttp : //w w w . w 3 c . org/2004/O W L/), cod ifica­
da em X M L .
O s problem as de recuperação de inform ações, de um a m aneira a m ­
pla, vêm sendo endereçados pela iniciativa cham ada W e b sem ântica (h ttp : /
/w w w . w 3 c . org/200 l/sw/). A W e b sem ântica (Souza, 20 04 ) é uma e v o lu ­
ção da W e b atual, baseada em d ocu m en tos hipertextuais escritos seg u n ­
do a linguagem H TM L, que só perm item a indexação au to m ática por p a ­
lavras ch aves, extraídas do texto. A base da infra-estrutura da W e b
sem ântica vão ser páginas escritas em X M L , que, além do con teú d o, t e ­
rão m etadados utilizando vocabu lários e relações m uitos poderosos (u ti­
lizando RD F e o n to lo g ia s) para expressar a sem ântica das novas páginas
W e b . Sobre esta estrutura de páginas ricas sem an ticam en te irão atu ar
program as especiais, os ch am ados agentes inteligentes, que terão a ce s­
so ao co n h ecim e n to em b u tid o nas páginas da W e b sem ântica, para rea­
110
lizarem tarefas que dem andem con h ecim ento, raciocínio, dedução. Espe­
ra-se, desta forma, que estes program as possam ser m uito m ais co o p e ­
rativos e úteis, facilitando a vida dos usuários h um anos, antecipando-se
a suas necessidades, aprendendo, com o tem po, os hábitos e n ecessid a­
des de seus usuários. Espera-se com isso cam inh ar para a realização da
proposta do idealizador da W e b sem ântica, Tim Berners-Lee (2 0 0 1), que
nos é m uito familiar, lem brando a proposta do M u n d an eu m de Paul O tle t:
"A W e b sem ântica não é m eram ente a ferram enta para con d u zir tarefas
individuais que nós tem o s discutido até aqui. M ais que isso, se ad eq ua­
damente planejada, A W e b sem ântica pode apoiar a evolu ção do c o n h e ­
cim ento h um ano com o um to d o ” .
111
N o ta s
1W orld W id e W e b - consórcio internacional que trabalha na proposição
de padrões tecnológicas para a W eb ,
http: //www. w 3 c. org
R e f e r ê n c ia s
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113
LuísFemando Sayao'
I. A
e ra d o e s q u e c im e n to
São m uitos os efeitos negativos das tecnologias modernas, e os seus
desdobramentos - se nada for feito - nos aguardam num a curva do futuro.
O mais dram ático e o mais discutido é certam ente a degradação am biental,
o leviatã que am eaça a própria vida no nosso planeta. Porém, sem ao m e­
nos saber, estam os subm etidos a vários outros perigos decorrentes do uso
inconseqüente da tecnologia. Dentre os m uitos problemas provocados pelo
avanço vertiginoso da tecnologia - assinalados na agenda crítica da h u m a­
nidade à espera de uma solução - está o risco da perda irreversível dos
estoques de inform ações digitais, que são cada vez mais os principais re­
gistros das atividades, de toda a natureza, da sociedade moderna.
O dilema que se instala é que tecnologia digital coloca a hum anidade
sob o risco de um a am nésia digital, que já está em curso, ao m esm o
tempo em que abre op ortunidades extraordinárias em tod os os cam pos da ciência à arte, do trabalh o ao lazer. A urgência da sociedade c o n te m ­
porânea em transform ar tudo , tu d o - textos, im agens, vídeos, m úsica para form atos digitais é justificada pela enorm e econom ia de esp aço físi­
' Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN. Centro de Informações Nucleares - CIN
[email protected]
co de arm azenam ento e, sobretudo, pelos extraordinários ganhos de p ro ­
dutividade e eficiência proporcionados pela otim ização dos fluxos de tra ­
b a lh o .
Is t o s e m
f a la r n a s f a c ilid a d e s d e a c e s s o a o s e s t o q u e s
inform acionais. públicos e privados, que, por si só, são um fenôm eno
n ovo e sem precedentes, com o tam b ém é a sua outra face: a facilidade de
produção, edição, publicação, integração e distribuição de inform ação em
form atos digitais pelos m eandros das redes de com p u tad ores m undiais.
D entro desse con tex to de incertezas, talvez não haja desafio m aior
para os bibliotecários, arquivistas e dem ais profissionais de inform ação e
co n h ecim en to , neste com eço de século, do que garantir m eios de acesso
à in fo rm a çã o d ig ita l às fu tu ras g e raçõ es, para q ue elas n ão sejam
am eaçadas ou sofram os efeitos de algo catastrófico co m o uma era do
esq u ecim en to . A q u estão essencial que se coloca para a sociedade da
inform ação pode bem ser com o salvar a nossa m em ória digital '.
N ão é necessário dizer que grande parte da informação produzida hoje já
nasce digital, e as que estão em suportes convencionais estão rapidamente
sendo convertidas para formas digitais: o que é preciso enfatizar é que, ape­
sar dessa tendência avassaladora e irreversível, não há em contrapartida es­
tratégias consolidadas para garantir o acesso de longo prazo às informações
digitais de valor contínuo. M uitas informações consideradas tesouros digi­
tais pela U nesco29já foram irremediavelmente perdidas, com o foi, por exem­
plo, a prim eira m ensagem e le trô n ica e n viad a por c ie n tis ta s do MIT,
M assachusetts Institute of Technology, em 1964 '• A nossa com pulsão em
produzir informações digitais é infinitam ente superior à nossa capacidade de
preservar o acesso a elas. N ão obstante, o que a hum anidade deseja, sem
talvez dar conta da dim ensão do problema, é garantir que a herança cultural,
histórica, científica e econômica, expressa através de informação digital, possa
no futuro ser acessada por m eio dos recursos tecnológicos disponíveis na
época, de maneira íntegra, e que essa informação tenha a garantia tam bém de
sua autenticidade e confiabilidade - o seu valor de prova.
O maior problema da preservação digital é que a tecnologia digital, em
com paração com a impressão tradicional, é um suporte extremamente frágil e
instável. A longevidade dos materiais digitais está ameaçada pela vida curta
das mídias digitais, pela obsolescência rápida dos equipamentos de informática,
dos softwares e dos formatos. O tem po cada vez mais curto entre a inovação
e a obsolescência tecnológica nas áreas de tecnologia da informação constitui
116
uma ameaça cada vez mais contundente à longevidade dos objetos do reino
digital. Isto acontece principalmente porque a rápida obsolescência é a chave
da sobrevivência empresarial num mercado altamente competitivo.
Entretanto, o im p acto da curta longevidade dos m ateriais codificados
digitalmente não está circu n scrito som ente aos sistem as de inform ações
formais - arquivos e bibliotecas digitais -, ou à consciência histórica e à
memória coletiva das organizações e dos seres hum anos. Ele tem ou tro s
desdobram entos, com o o ilustrado pela seguinte questão: com o podere­
mos lançar para um futuro d istan te m ensagens suficientem ente d u ra ­
douras, alertando sobre depósitos de rejeitos radioativos form ados por
substâncias cuja meia-vida pode alcançar m ilhares de anos, com o um
dos isótopos do plu tônio, o 239, que tem meia-vida de 24 mil anos?
Imagine o que aconteceria, se a docum entação sobre uma falha em um
reator nuclear m isteriosam ente desaparecesse. Este foi o problema com que
a Ontário Hydro 2 se deparou quando, no início de 1990, verificou que os
registros digitais sobre a falha num com ponente não podiam ser recupera-,
dos. M uitos casos exemplares são repetidamente relatados pela literatura
sobre a perda irreversível ou sobre o alto custo de recuperação de registros
exclusivamente digitais de im portância reconhecida, causados por práticas
e p olíticas-o u ausência de políticas - equivocadas de gestão de repositórios
digitais. São m uitos os exemplos, mas entre os casos clássicos está o do
censo am ericano de 1960, cujos dados foram arm azenados em fitas que 16
anos depois só duas m áquinas no m undo podiam ler, uma no Jap ão e outra
guardada com o peça de m useu no Sm ithsonian Institu tion . 3 U m a operação
de salvamento heróica e custosa recuperou a m aior parte dos dados, mas
não tudo (dizem que hoje se sabe mais sobre o censo americano de 1860 do
que o de 19 6 0 )4. O Brasil tam bém está bem representado: observações da
Amazônia feitas por satélite na década de 1970 estão para sempre perdi­
das14. Essas inform ações foram perdidas por causa da o b so lescên cia
tecnológica: o hardw are e/ou software, usados para acessar ou ler os regis­
tros não estão mais disponíveis e a tecnologia atual não é com patível.
Deve ficar claro que o desafio de assegurar o acesso de longo prazo a
informações armazenadas digitalm ente coloca o profissional de informação
diante de um problema de grande complexidade, posto que as questões
envolvidas não se limitam ao dom ínio puram ente tecnológico, o que já seria
uma tarefa hercúlea. A gestão de informações digitais, devido principalmen-
117
te à sua transcendência tem poral e à sua dependência aos com prom issos de
longo prazo, envolve ainda questões adm inistrativas, legais, políticas, eco­
nôm icas e financeiras e, sobretudo, questões referentes à representação das
informações via m etadados para acesso e gestão da preservação. Tudo isso,
somado, coloca a preservação digital na classe dos problemas de natureza
complexa. E exatam ente disso que vam os tratar neste texto.
2 . B ib lio t e c a s d ig it a is e a p r e s e r v a ç ã o d ig it a l
A preocupação sobre a preservação da inform ação eletrônica co m e ­
çou nos anos 70, dentro do am b ien te da com u nid ad e arq uivística l4. D u ­
rante esse tem p o a arquivologia avançou b astan te nessa área, tornandose um a c iê n c ia m ais te c n o ló g ic a e m ais s o fis tic a d a , in c o rp o ra n d o
co n h ecim e n to s novos da tecn olo gia da inform ação, p rincip alm ente os
necessários para garantir a integridade e auten ticid ad e dos ob jeto s digi­
tais sob a sua guarda - certificação, assinatura digital, criptografia, etc.
C om isso cam inhou tam b ém para superar o ve lh o dilem a que sem pre a
a to rm entou , que é o quase antag on ism o entre a preservação e o acesso.
Som ente nos últim os anos, com o potencial agravam ento do problema,
é que outros enfoques nesse sentido foram identificados, analisados e com ­
parados, dentre os quais a ótica e perspectiva das bibliotecas digitais.
M as a despeito dos pesados in vestim en to s em tecnologia da infor­
m ação, existe uma debilidade crítica na infra-estrutura dos sistem as de
inform ação que os incapacitam de garantir preservação con tinu ad a e aces­
sibilidade plena às inform ações geradas num con tex to de rápido avanço
tecn oló g ico 5. A m aioria desses sistem as m anipula inform ação digital
segundo paradigm as do m un d o analógico, gerando recursivam ente enor­
mes con tradiçõ es e situ açõ es de risco para os objetos digitais sob suas
custódias. A biblioteconom ia - antes focada no padrão de sistem as de
bases de dados referenciais e catalográficas - só tard iam en te com eçou a
incorporar m etodologias de preservação digital aos seus processos, o
que se deu com o surgim en to das bibliotecas digitais e dian te da enorm e
responsabilidade que isso acarreta para elas.
N ão o b sta n te esse d istan ciam en to inicial das questões de p reserva­
ção digital, as bibliotecas digitais hoje são geradoras, cu sto d ia n te s e dis­
tribuidoras de m ateriais inform acionais digitais de toda a natureza, e com o
118
tal
têm a responsabilidade inicial de assegurar a preservação de longo
prazo e, conseqüentem ente, a plena acessibilidade a esses m ateriais, posto
que as condições para a criação de inform ação digital e para a atribuição
de usabilidade a elas são essencialm ente as m esm as requeridas para que
elas perdurem. Há um con sen so claro de que, à medida que os criadores/
disseminadores/ proprietários de inform ação digital aceitam a resp on sa­
bilidade inicial de arquivarem seus objetos digitais, terão tam b ém de in ­
corporar preservação digital nos seus processos 6.
Dentro desse contexto, as bibliotecas digitais se torn am cada vez
mais um elo im portan te na perenização dos estoques de inform ação dig i­
tal, as quais co n stitu e m testem u n h o s das atividades da organização ou
sistema de organizações na qual essas bibliotecas estão inseridas. U m
exemplo concreto disso são as redes de bibliotecas de teses e d isserta­
ções, cujos acervos digitais distrib uídos em rede são o te ste m u n h o das
atividades acadêm icas e de pesquisa de um a universidade, de um país ou
de uma região 7-8. G eneralizando um grau a mais, pode-se verificar que
cada vez mais in stitu içõ es não-arquivísticas são obrigadas a assum ir a
custódia de estoques inform acionais digitais de caráter arquivístico, fato
já reconhecido pelos especialistas da área de arquivologia, ta n to é que a
norma IS O /O A IS 9 é dirigida tam b ém - e especialm ente - para in s titu i­
ções não-arquivísticas, d eten to ras de responsabilidade co m o geradora,
provedora ou cu sto d ian te, de inform ação digital.
A s bibliotecas digitais sem pre estiveram imersas em problem as de
origem bem diversificada 7 - técn ico s, gerenciais e eco n ô m ico s - tais
como banco de dados, arm azen am en to de massa, interoperabilidade,
metadados, protocolos e padrões, direitos autorais e m odelos de c u sto e só agora, reconhecida a gravidade da q u estão e as responsabilidades de
quem detém acervos digitais, vo lta m sua atenção para o problem a de
preservação digital e para o seu escopo tam b ém interdisciplinar e m uitas
vezes coincid ente com os seus antigos problem as.
3. P r e s e r v a ç ã o d ig it a l -
c o m p le x id a d e e p a ra d o x o
“A preservação digital e n vo lve não so m en te a retenção do ob jeto
informacional em si, mas tam bém do seu significado. E necessário, p ortan ­
to, que as técnicas de preservação sejam capazes de com preender e recriar
119
a forma original ou a função do objeto de forma que seja asseguradas sua
autenticidade e acessibilidade" l0-Além do mais, as estratégias de preser­
vação devem ter uma am plitude tal que incorporem vários outros aspectos,
incluindo custo-benefício, restrições legais e requisitos de acesso para o
usuário-final. O próprio sentido conceituai de preservação, no contexto da
inform ação digital, está imerso em um paradoxo: tradicionalm ente preser­
var algo significa mantê-lo im utável e intacto; entretanto, no am biente di­
gital, preservar significa, na maioria dos casos, mudar, recriar, renovar: mudar
form atos, renovar mídias, hardw are e software. Por um lado, queremos
manter a informação intacta, com o ela foi criada; por outro, queremos acessála dinam icam ente e com as mais avançadas ferramentas 5.
A longevidade da inform ação, finalm ente, torna-se um problem a im ­
portante e de interesse de m uitas disciplinas, não som ente da arquivologia
e da biblioteconom ia. Cada grupo com percepção, interesses e ab ord a­
gens diferentes em relação à longevidade dos docum entos digitais. Exis­
tem hoje num erosas iniciativas internacionais cuidando dessa questão.
En tretanto, a variedade de soluções não tem im plicado ab solu tam en te
um corpo de con h ecim en tos plenam ente consolidados.
É de se esperar, portanto, que se tenham abordagens variadas de e s­
tratégias para a preservação digital. Elas vão desde a criação de m useus
tecnológicos, onde equipam entos e program as são depositados e m a n ti­
dos; passando pelo desen volvim ento de programas em uladores de e q u i­
p am entos antigos, que perm item - em tese - processar softwares o b so ­
letos em qualquer com p u tad o r do futuro; passando ainda pela m igração,
que se baseia no princípio de que os objetos digitais podem acom panhar
a tecnologia por meio de atualização de mídias e form atos; chegando a
um a abordagem que co n stitu i uma autêntica regressão tecnológica: pas­
sar o m aterial digital para meios mais estáveis - e analógicos -, com o
papel ou m icrofilm e. A despeito da perda total dos atributos digitais, tais
co m o hipertextualidade, som , m ovim ento e distribuição em rede, esta é
p rovavelm ente a estratégia mais usada pelas organizações e pelas p esso ­
as (ou você, leitor, nunca im prim iu um a foto digital achando que esta é
m elhor m aneira de preservá-la? ).
N en hu m a dessas estratégias tom ada isoladam ente é capaz de solu ci­
onar o espectro am plo de problem as decorrentes da fragilidade dos m ate­
riais digitais e de suas inúm eras dependências. Além do mais, a escolha
120
das estratégias é som ente uma das facetas do problema de preservação
do acesso aos d ocu m en tos digitais. Temos que considerar ainda outras
variáveis, com o os aspectos tecnológicos decorrentes do uso intensivo de
tecnologia da inform ação - hardw are, software, arm azenam ento de m as­
sa, tecnologia W e b , protocolos, normas etc.; os aspectos organizacionais,
gerenciais, sociais, legais e jurídicos - g e s tã o , planejam ento, direitos au­
to ra is , a u te n tic id a d e , le g is la ç ã o e tc .; a s p e c to s e c o n ô m ic o s , c u jo
equacio nam ento ainda está nos primeiros passos - m odelo de custo, m o­
d e lo de n e g ó c io e tc .; e p rin c ip a lm e n te os a s p e c to s p e rtin e n te s à
arquivologia e à ciência da inform ação. Essas diversas facetas interagem
entre si p actuand o com prom issos de longo prazo, aum entando o núm ero
de variáveis do problem a e colocando a preservação digital na classe dos
problem as com plexos. C oncorre para isso a própria essência complexa
dos objetos digitais inform acionais, com o será visto a seguir.
O que se espera da preservação digital é, em últim a análise, preservar
o con teú do intelectual de um objeto digital. Entretanto, a noção de c o n ­
teúdo no m undo digital é estratificada e complexa. N o m undo analógico,
os d ocu m en tos encerram em único suporte todos os seus atributos de
forma m onolítica: a presença física, o layout, o form ato, o con teú d o e o
suporte são elem entos virtu alm en te inseparáveis, com o é o caso de um
livro convencional. Todo processam ento acontece na cabeça do leitor, e
quando o livro é preservado, todos os aspectos do livro são igualm ente
preservados. Em contraste, os objetos digitais são facilm ente d ecom pos­
tos em elem entos individuais, o que im plica um esforço adicional - e sig­
nificativo - para identificar quais elem entos devem ser preservados para
garantir que o objeto digital seja preservado com o um todo. Bullock 11
identifica um co n ju n to de aspectos, enfatizando que as estratégias de pre­
servação devem garantir que o maior núm ero tecnicam ente possível deles
persista no tem po, quais sejam: lim ites do objeto digital; presença física ou seja, a sua cadeia de bits: conteúdo - no seu nível mais baixo com o um
arquivo A S C II; apresentação; funcionalidades; autenticidade; localização
e referência do objeto no tem po; proveniência - origem e cadeia de c u s tó ­
dia; e contexto - relacionam entos e dependências de hard w are e software.
Parece claro que o objetivo da preservação digital não é preservar os
objetos digitais tão som ente com o artefatos físicos, independentem ente
da sua usabilidade, p osto que para tal bastaria a guarda em am biente
121
con tro lad o das m ídias que dão suporte a esses objetos. A preservação
no universo digital tem pouca relação com a longevidade de discos ó t i­
cos, fitas m agnéticas e ou tros m eios de armazenagem (bem guardado, o
m eu C D de m úsica pode durar 100 anos, mas daqui a 25 anos haverá
aparato para tocá-lo? ). Hoje não há dúvida que o santo graal da preserva­
ção digital é a preservação do acesso con tínu o ao conteúdo intelectual
dos d ocu m en tos digitais, e que a viabilidade das bibliotecas e arquivos
digitais depende fortem ente da expectativa de vida dos sistem as de aces­
so - um elo tão resistente q u an to o seu mais frágil com p onente l2. N o
m un do analógico - do papel e do microfilme - a preservação e o acesso
são atividades relacionadas, porém distintas e m uitas vezes antagônicas;
no m undo digital a preservação e acesso são indissociáveis - a p reserva­
ção digital se confunde com a própria preservação do acesso.
Conclui-se, portanto, que para m anter os objetos digitais perenem ente
acessíveis para uso, requer-se algo mais do que preservar sim plesm ente
o artefato físico, é necessário considerar tam bém várias outras d im en ­
sões que o problem a apresenta: I) a preservação física, cujo foco está na
preservação das mídias e na sua renovação quando se fizer necessário; 2)
a preservação lógica, que tem com o foco os form atos e a dependência de
h ard w are e software que m antenham legíveis e interpretáveis a cadeia de
b its; 3) preservação intelectual, que tem com o foco o conteúdo in te le ctu ­
al e sua autenticidade e integridade; 4) é im portante ainda considerar a
preservação do aparato - na forma de m etadados - necessário para lo ca­
lizar, recuperar e representar a inform ação digital; 5) assim com o proce­
der ao m onitoram ento e à instrum entalização da com unidade-alvo, aud i­
ência para o qual a inform ação de forma privilegiada se dirige, no sentid o
de garantir que ele possa com preender plenam ente a inform ação no m o ­
m ento do seu acesso . 13
O s processos de preservação de informação digital variam enorm em ente
em função dos diferentes tipos de objetos a serem preservados - texto,
imagem, dados numéricos, vídeo, som, multimídia etc. Não im portando a
natureza do objeto digital, o objetivo fundamental é preservar a integridade
do objeto, isto é, as suas características de objeto único e singular. Saber
com o se preserva, em term os operacionais objetos, codificados digital­
mente, ou m esm o outros tipos de objetos, depende fortemente da capaci­
dade de discriminar as características essenciais do que precisa ser preser­
122
vado. A integridade de objetos inform acionais digitais não depende so ­
m ente do objeto em si, mas está tam bém vinculada aos diversos tipos de
atributos que eles vão incorporando durante o curso de sua vida, bem com o
os interesses dos diversos atores envolvidos. Tudo isso som ado é que fi­
nalm ente lhes confere identidade distinta e singularidade l4.
Dois docum entos têm im portância fundam ental na formalização e na
conceitualização do problema da preservação dos objetos digitais e ta m ­
bém no estabelecim ento de um elenco de inform ações necessárias para
instruir os processos de preservação. São eles: o relatório Preserving Digi­
tal Inform ation 14e a norma O pen Archival Inform ation System (O A I S ) 9.
Preserving Digital Inform ation, relatório produzido peloTask Force on
A rch ivin g o f Digital Inform ation em 1966, no âm bito da C om m ission on
Preservation and A ccess (C P A ) e do Research Libraries G roup (R L G ) e s­
tabelece que “ no am biente digital, as características que determ inam a
integridade da inform ação e m erecem atenção especial para propósitos
arquivísticos são as seguintes: con teú d o , perm anência, referência, p ro­
veniên cia e co n te x to ” .
Por outro lado, a International Standard Organization - ISO - publicou,
em 2003 o m odelo de referência para O pen Archival Inform ation System O A IS - 9, cujo desenvolvim ento foi coordenado pelo C onsultative C om m itte
for Space Data System , de sigla C C SD S, e tinha com o objetivo estabelecer
padrões para dar apoio à preservação de longo prazo de informações digi­
tais decorrentes de observações espaciais. Embora o desenvolvim ento do
m odelo tenha se originado no âm bito da com unidade espacial, ele se dirige
tam bém a outras audiências. O docum ento define um m odelo de referência
de alto nível para um sistem a aberto voltado para arquivam ento de infor­
mações. N o m odelo o sistem a de arquivam ento é definido com o uma orga­
nização de pessoas e sistem as que assum iu a responsabilidade de preser­
var a inform ação e torná-la disponível - em term os de acesso - para uma
classe privilegiada de usuários, designada com o com unidade-alvo. Entre
outras coisas, o M odelo O A IS tem o objetivo de proporcionar uma arquite­
tura com um que pode ser usada para ajudar a com preender o desafio das
organizações que tem a responsabilidade de arquivo, especialm ente aq ue­
las envolvidas com a inform ação digital e a sua preservação15' 21.
C om o parte dessa arquitetura, o Modelo O A IS identifica e distingue en ­
tre os diferentes tipos de informação - ou m etadados - aqueles necessários
123
para
dar suporte à preservação digital. Essas informações são divididas em
quatro diferentes grupos fortemente baseados nos conceitos já estabeleci­
dos pelo Relatório da CPA/RLG - informação de referência, informação de
contexto, informação de proveniência e informação de permanência.
C o n te ú d o - Conform e já enfatizado, o objeto da preservação digital é o
conteúdo, isto é, a substância intelectual contida nos objetos informacionais.
N o entanto, a noção de conteúdo é em si uma idéia complexa que opera em
níveis distintos de abstração. O s objetos do reino digital precisam, para pre­
servar a sua integridade, que se considere em que nível de abstração está
definido o seu conteúdo inform acionall4. A natureza digital de uma informa­
ção é dada pela forma com o ela é armazenada: seqüências de 0 ' s e I 's , isto
é, cadeias de bits (bitstream). Podemos, portanto, concluir que a forma mais
básica de preservar a integridade de um objeto informacional é preservar a
configuração de bits que o definem com o objeto único. Mas esta estratégia é
simplista demais e pouco útil, pois, “ um arquivo, formado por cadeia de bits,
não é um docum ento propriamente dito, ele simplesmente descreve um d o­
cum ento que se concretiza quando o arquivo é interpretado pelo software
que o produziu. Sem esse software (ou um equivalente), o arquivo é um d o ­
cum ento criptografado através do seu próprio código” l6. Recuperada uma
cadeia de bits, ela pode representar uma infinidade de coisas - de um a se­
qüência de inteiros a um arranjo de pontos de uma imagem, e deve, portanto,
ter o seu significado interpretado. A maioria dos arquivos contém inform a­
ções cujo significado só pode ser explicitado pelo software que os criou. Essa
interpretação é fortemente dependente de formatos, códigos e estruturas que não podem ser explicitamente representadas na cadeia de bits - e que
são tratados por software e hardware específicos, que por sua vez estão
sujeitos a um ciclo de obsolescência cada vez mais rápido. Estas dependên­
cias é que impõem as mais graves dificuldades na gestão da integridade da
informação digital, pois pressupõem níveis sofisticados de controles14' l6.
Portan to, para se com preender um docum ento é necessário conhecer
o significado do seu con teú d o na linguagem para o qual ele foi construído.
N o caso de um docu m en to digital, essa linguagem é um program a de
com putador. D ependendo da complexidade de um dado d o cu m en to digi­
tal, pode-se extrair o seu conteúdo através de um softw are que não o
original, com perdas de vários níveis. U m bom exemplo são os editores
de texto que, via de regra, disponibilizam m ecanism os para con verter
124
d ocu m en to s em form atos co m u n s de intercâm bio, porém o uso de tais
m ecanism os freqüentem ente resulta em perdas e execução inadequadas
em term os de estrutura, layout e funcionalidades.
O RLG 14estabelece que, no mais alto nível de abstração, os arquivos
definem os seus co n teú d o s de forma que transcendam os lim ites de
h ard w are e softw are necessários para a leitura e interpretação dos bits de
um o b jeto inform acional e tam bém para executá-lo segundo form atos e
representações estruturais específicas; isto é, os arquivos devem definir
o co n teú d o em term os do co n h ecim en to e idéias que o objeto contém .
Portan to - ao m enos por essa ótica, o desafio da preservação digital é
fazer as conversões necessárias para a preservação do con teú d o in te le c­
tual usando algoritm os padronizados de intercâm bio e o u tras estratégias
apropriadas, de forma que as idéias presentes no final sejam idênticas às
con tid as no objeto original.
P e r m a n ê n c ia
(F ix it y )
O Relatório C PA /R LG 14 declara que o processo de identificação e
preservação de um o b jeto digital vai bem além das considerações sobre
o seu con teú d o. Esse processo depende em grande escala tam bém de
ou tros fatores, dentre eles a forma com o um co n teú d o está fixado com o
um o b jeto discreto. “ Se um objeto não está fixado e o seu con teú d o está
sujeito a m udanças ou retificações não inform adas, e n tão sua integrida­
de pode estar com prom etida e o seu valor co m o registro cultural (e com o
valor de prova) pode estar tam bém severam ente reduzido” . N a perspecti­
va do M od elo O A IS l5, o p rop ósito da inform ação de perm anência é asse­
gurar que o co n teú d o inform acional arm azenado em um repositório é
a u tê n tico e íntegro, p osto que a m utabilidade dos co n teú d o s em forma
digital torna esse problem a um dos mais críticos no con tex to da preser­
v a ç ã o d ig ital. N o e n ta n to , há que se d e sta c a r q ue essa q u e s tã o é
m inim izada pelas diversas técn icas de au ten ticação e criptografia hoje
d is p o n íve is - m arca d 'á g u a , a ssin a tu ra d ig ital, c e rtifica ç ã o digital,
algoritm os verificadores etc., m as é preciso ainda desenvolver co n sid e­
ravelm ente padrões, p olíticas e m etodologias para a aplicação adequada
dessas técnicas na geração de objetos digitais co n ven ien tem en te fixa­
dos. Em term os de m etadados, a inform ação de perm anência docum enta
os m ecanism os de au ten ticação usados. para assegurar que o con teú d o
125
inform acional de um objeto digital não sofreu alterações não d o cu m e n ta ­
das; ela se refere a qualquer inform ação que docum enta m ecanism os de
au ten ticação em uso em um dado repositório.
R e f e r ê n c ia
Para que um objeto m antenha sua integridade e as características que
o identificam com o um objeto único e singular, é necessário tam bém que
se possa localizá-lo de forma definitiva e confiável entre outros o b jeto s
ao longo do tem po. Isto nos indica que é necessário que o co n teú d o
inform acional seja, de algum m odo, identificado e d escrito14. Portan to,
um m eio con sisten te de referência a um objeto inform acional co n stitu i
um aspecto im portante no processo de preservação digital. Parte deste
problem a geral - identificar e corretam ente referenciar objetos digitais con siste no problem a específico de resolução de nom es e localização,
que é objeto de iniciativas im portantes, principalm ente no âm bito W o r ld
W id e W e b C osortiu m - W 3 C (h ttp : //www. w 3 c . org) - entidade resp on ­
sável pelo ord enam ento da Internet.
•
O m étod o mais usado para indicar a localização de um objeto digital
no m un do W e b é a Uniform Resource Locator (U R L ). Ela se refere a um
lugar ond e o objeto reside, mais especificam ente, em que com p u tad o r
servidor ele está arm azenado e disponível para acesso. A debilidade da
U R L é que ela varia com m uita freqüência, especialm ente quando o o b je ­
to migra de uma m áquina para outra. O u tros m étodos mais robustos têm
sido testad o s pela W 3 C e por outras organizações: Uniform Resource
N am e ( U R N ) '7, que estabelece um nom e único e perm anente para cada
objeto; Persistente U R L (P U R L )18 e Digital O b ject Identifier (D O I)19.
Inform ação de Referência, nos termos do O A IS 9, descreve sistem as de
identificação e mecanismos que permitem assinalar identificadores, usados
para identificar univocamente o conteúdo informacional, tanto interna com o
externamente, em relação ao sistema de arquivos onde ele se encontra ar­
mazenado. Dessa forma, a Informação de Referência tam bém permite que
sistemas externos façam referência a este conteúdo informacional particu ­
lar, o que sugere duas principais funções para a informação de referência:
em primeiro lugar ela deve identificar o conteúdo informacional localm ente
- ou seja. dentro do sistema de arquivo que ele reside; em seguida ela deve
identificar o conteúdo informacional globalmente, isto é, para um sistem a
126
externo ao s iste m a de a rq u ivo onde e stá a rm a ze n a d o o co n te ú d o
informacional. U m bom exemplo para esta função dupla da informação de
referência é a catalogação de um livro que é identificado dentro do contexto
de sua coleção, via núm ero de cham ada e no contexto global - do universo
de livros - por uma agência externa via seu ISBN , ou pelo Digital O bject
Identifier (D O I). U m nível intermediário de identificação pode ser observa­
do no contexto da catalogação cooperativa, por exemplo, por um núm ero
O C LC . A informação de referência pode tam bém ser usada para armazenar
informações descritivas que podem ser usadas por usuários para descobri­
m ento de recursos. N esse sentido, muitas iniciativas em arquivos digitais
estenderam a definição de informação de referência para incluir também dados
descritivos. O O A IS observa que no contexto das bibliotecas digitais, infor­
mações de referência podem tam bém incluir descrição bibliográfica.
P r o v e n iê n c ia
O Relatório da C PA /R LG 14 considera que a proveniência tem se to rn a ­
do um dos con ceitos organizacionais centrais da ciência arquivística m o ­
derna. O seu texto indica que um a suposição subjacente ao princípio da
proveniência é que a integridade de um objeto inform acional está parcial­
m ente incorporada na sua trajetória, desde sua origem, e que para preser­
var a integridade de um objeto inform acional, os arquivos digitais devem
necessariam ente preservar o registro de sua origem e a sua cadeia de
custódia. A in d a segundo os resultados da Força Tarefa da CPA/RLG , o
investim ento em estabelecer a proveniência dos objetos inform acionais é
im portante para preservar a integridade deles de duas m aneiras distintas.
Em primeiro lugar: traçar a cadeia de custódia a partir do p on to de criação
de um dado objeto ajuda no estabelecim ento da suposição que ele é a u ­
têntico, e que ele é o que se supõe que ele seja, e que seu conteúdo não foi
m anipulado, alterado ou falsificado 20. Em segundo lugar: estabelecer a
proveniência através da cadeia de cu stódia significa docum entar, pelo
m enos em parte, o uso específico do objeto pelos seus custodiantes ao
longo do tem po, ou seja, criar um registro de uso para o objeto.
N o s term os da taxonom ia do O A IS 9, inform ação de procedência refe­
re-se geralm ente à inform ação que d ocum enta a cronologia do co n teú d o
inform acional, incluindo sua origem ou fonte, e quaisquer m udanças do
seu o b jeto ou do seu co n teú d o sofrida ao longo do tem p o desde sua
127
origem - criação, transferência de propriedade, migração de form atos;
inclui tam bém inform ações sobre a cadeia de custódia, isto é, quem tem
tid o sua custódia desde que ele foi originado. A inform ação de procedên­
cia pode registrar ainda inform ações sobre propriedade intelectual, per­
m issão de acesso, depósito legal, dentro do escopo da gestão de acesso
do co n teú d o inform acional.
C o n te x to
O atrib u to contexto de um objeto inform acional digital está relacio­
nado à forma com o ele interage com os outros elem entos do am plo a m ­
biente digital. O m odelo de referência O A IS 9 define inform ação de c o n ­
texto com o sendo
a inform ação que docum enta o relacionam ento do
co n teú d o inform acional com o seu m eio am biente. Isto inclui a m o tiva ­
ção de sua criação e o seu relacionam ento com os outros o b je to s” . De
acordo com o Relatório C PA /R LG , o contexto de uma inform ação digital
inclui uma dim ensão técnica, uma dim ensão de linkage com ou tros ob je­
tos, um a dim ensão de co m u nicação e uma ampla dim ensão social.
O con tex to técn ico especifica as dependências dos objetos digitais
relativas ao h ard w are e ao software, que, devido a sua natureza in trín se­
ca, requerem o uso de com pu tadores e programas tan to para criá-los
assim co m o para usá-los. O nível de dependência pode variar en o rm e­
m en te. desde um o b je to que depende de processadores e sistem as
operacionais específicos, até os docum entos codificados em linguagens
de m arcação, tais com o HTM L, S G M L e X M L, que não têm dependências
específicas. Isto coloca m ais um desafio para as instituições cuja m issão
é preservar a integridade dos objetos inform acionais digitais - os arqui­
vo s e bibliotecas digitais -, que é representar o mais fielm ente possível o
contexto dos objetos em relação à dependência de h ard w are & software',
e superar, por m eio de m ecanism os apropriados de m igração - ou de
outras estrategias de preservação —, os problem as que am eaçam o uso
futuro dos m ateriais digitais.
A dim ensão linkage do contexto dos objetos inform acionais digitais
co n stitu i um problem a de extrema com plexidade e ainda sem solução
satisfatória, pósto que im põe para um objeto digital residente em um
am biente de rede. e cuja integridade depende m uito mais da suas interrelações com outros recursos do que no objeto individual, que os meca-
128
nism os de preservação con tem plem não som ente o ob jeto isoladam ente,
mas tam bém seus links. U m a Homepage, por exemplo, para ter a sua in te ­
gridade preservada, deve ser preservada em con ju n to com seus links e
com ou tros objetos.
O contexto pode tam bém incluir inform ações relativas ao m odo de
distribuição de um dado objeto digital - se ele, por exemplo, reside num a
rede ou está arm azenado num C D - R O M —, co n stitu in d o a dim ensão c o ­
m unicação. C o m o objetos digitais são, com freqüência crescente, gera­
dos e m antidos p uram ente em am biente de rede, as características da
rede, tais com o segurança e largura de banda, tornam -se im p ortan te na
sua caracterização. Dessa form a, a integridade de um dado objeto digital •
d istribuído via rede deve levar em conta as características da rede que
suportam a sua existência.
O Relatório da RLG tam bém toca num a dim ensão social do contexto,
que teria co n tribu ições à integridade de objetos inform acionais digitais.
Esta dim ensão poderia incluir, por exemplo, as políticas específicas e
decisões de im plem entação que definem os vários atrib u to s de um a rede:
largura de banda, segurança, restrições de uso etc.; e o con tex to social e
organizacional onde os registros são gerados. São fatores que podem
caracterizar o interesse das pessoas envolvidas - os stakeholders - nos
objetos inform acionais.
4. A s
e s t r a t é g ia s d e p r e s e r v a ç ã o
d ig it a l
A té o presente m om ento - e provavelm ente até um futuro indefinido
- não terem os disponível um a estratégia única capaz de dar con ta de
todo o espectro de problem as relacionados à preservação digital. O que
se apresenta são soluções específicas para casos específicos. C o m o v e ­
remos a seguir, são m uitas as m etodologias de preservação digital: alg u ­
mas apresentam soluções parciais; outras são sim plesm ente ausência de
solução que partem principalm ente dos que confiam dem asiadam ente
que as tecnologias do futuro e as técnicas da arqueologia digital - tra b a ­
lho sofisticado de recuperação de objetos digitais danificados ou in aces­
síveis pela obsolescência tecn oló gica - serão capazes de recuperar o que
pode já estar para sem pre perdido. D entre as soluções potencialm ente
com pletas, algum as são de uso corrente, m esm o que em pequena escala,
129
outras
são experim entais e estão ainda nas bancadas dos laboratórios ou
ainda em patam ares bastan te teóricos.
De forma geral, a com unidade envolvida no problema de preservação
digital foi capaz de desenvolver m étodos efetivos para a preservação do
con teú d o inform acional de m ateriais digitais, cujos form atos e e s tru tu ­
ras são bem conhecidos e mais simples, mas falha ou obtém resultados
pífios para m ateriais m ais com plexos e dinâm icos, ou para os que c o n s ­
titu em form as novas ou em ergentes de docum entos e que expressam a
inovação no uso da tecnologia digital.
Por mais surpreendente que seja, uma das estratégias mais com um ente
usadas no afã de se con servar o conteúdo intelectual de d ocu m en tos
digitais é fixá-lo em suportes analógicos, m esm o tendo-se em co n ta as
perdas óbvias dos seus atributos digitais, tais com o apresentação, fu n cio­
nalidades, distribuição em rede, hipertextualidade e hiperm ídia. A forma
mais elem entar de se fazer isto é imprimir os docum entos digitais em
papel, que é ainda m ais longevo que os equivalentes digitais, ou m elhor
ainda, fixá-los em m icrofilm e, onde a estabilidade e valor de prova p od e­
rão estar garantidos por séculos. Papel e m icrofilme são mais estáveis
que a maioria das mídias digitais e não necessitam de software e h ard w are
especiais para recuperar os seus conteúdos.
Explorando esse m esm o cam inho, novos produtos com erciais são lan ­
çados tendo por base gravações analógicas. Este é o caso do “ H D R o se tta ”
22 que prom ete aos seus clientes mil anos de duração para as páginas
gravadas em suas placas de metal e recuperadas com auxílio de m icro s­
cópios ó tico s ou eletrônicos. Estas soluções con stituem verdadeiras re­
gressões tecnológicas, à medida que se valem de suportes tecn o lo g ica ­
m ente ultrapassados para garantir um futuro cujo lim ite não podem os
avaliar, - a preservação de artefatos digitais.
Ainda seguindo a estratégia de regressão tecnológica, se pode conver­
ter os docum entos para formas digitais mais simplificadas, tais com o texto
puro - form ato A S C II; dessa forma, m inim izando a exigência de softwares
de recuperação sofisticados, podem atravessar sucessivas gerações de
tecnologia. Pode-se ainda transformá-los em imagens em form ato digital form atos PDF, Tl FF, JP E G etc. - a partir de docum entos digitais originais.
Para am bos os casos persistem, todavia, os problemas de preservação di­
gital dos objetos resultante das conversões, e somam-se ainda as perdas
13 0
severas dos atributos inerentes aos docum entos digitais, principalm ente
no caso dos docum entos com características m ultim ídias ou formatos mais
complexos. Entretanto, estas são estratégias de baixo cu sto e especial­
mente viáveis pela sua facilidade e universalidade, para o caso em que reter
o conteúdo é o mais im portante, e que outras funcionalidades presentes exibição, indexação, características com putacionais etc. - não são críticas.
O fato real é que enqu anto perdurar a carência de estratégias de preserva­
ção mais robustas, consolidadas e de custo-benefício favorável, a im pres­
são em papel, microfilme ou em outros dispositivos analógicos, bem com o
a conversão para form atos mais simples permanecerão com o as únicas
estratégias viáveis para m uitas pessoas e organizações l4 23-24
C on siderand o que uma cadeia de bits faz parte da cam ada mais ele­
m entar dotada de um significado intencional de um ob jeto digital, pode
se supor, a princípio, que o requisito básico para a preservação digital é
assegurar que esta cadeia de bits estará para sem pre arm azenada de m a­
neira íntegra num m eio estável. Pode se supor ainda que se este m eio se
d eteriora ou se to rn a o b s o le to antes q u e a in fo rm ação ten h a sido
transferida para o u tra mídia, a inform ação estará perdida e portanto, a
preservação digital está circunscrita à cópia da inform ação digital para
uma nova mídia, antes que a inform ação arm azenada na mídia atual se
torne obsoleta e não possa ser mais acessada.
A realidade, porém, m ostra que a preservação digital é algo mais c o m ­
plexo do que a sim ples cópia para uma mídia mais atualizada. Isto é n e­
cessário, mas raram ente suficiente com o estratégia única de preservação
digital e com o garantia de que a inform ação possa ser recuperada e p ro­
cessada com a tecnologia disponível no futuro. O acesso e interpretação
de um a cadeia de bits requerem estruturas gerenciais e tecnológicas s o ­
fisticadas e m etainform ações que orientem a extração do seu significado
e a com preensão plena, a qualquer m om ento, pela com unidade-alvo para
a qual o objeto foi originalm ente produzido.
..
P a d rõ e s
U m fator fundam ental de sucesso para o aum ento da longevidade dos
objetos digitais, não im portando a estratégia de preservação digital adota­
da, está relacionado com a adoção de padrões, especialm ente os padrões
abertos - que são padrões cuja docum entação está publicada e p ronta­
131
m ente disponível, e que tem o desenvolvim ento baseado em processos
consensuais envolvendo as várias partes interessadas. N um a visão o tim is­
ta, os padrões abertos permitem que os docum entos digitais sejam repre­
sentados em form atos mais duradouros e estáveis, dessa forma reduzindo
a velocidade do ciclo de obsolescência dos objetos digitais. São os padrões
que formam as bases de funcionam ento das bibliotecas digitais, e que to r­
nam possíveis m uitas de suas funcionalidades essenciais, com o por exem ­
plo, a interoperabilidade entre sistem as e intercâmbio autom ático de infor­
m ações28. A aplicação de padrões na preservação digital - na codificação,
nos form atos e nos esquemas de representação - torna os processos de
preservação digital mais fáceis, m enos freqüentes e mais baratos, à medida
que reduzem a grande variedade de processos de preservação custom izados,
que são decorrentes da m ultiplicidade de formatos em que se traduzem os
objetos digitais não padronizados. Idealmente a padronização deve prece­
der a própria criação do objeto da preservação14-23 24.
Esta abordagem se baseia no pressuposto de que produtos da in d ú s­
tria de tecnologia da inform ação - h ardw are, software e mídias - que são
aderentes com padrões largam ente utilizados, estão mais difundidos no
m ercado e são, p ortanto, m enos v o lá t e is 23.
E necessário enfatizar que os padrões de uso corrente, via de regra,
não foram planejados especificam ente para a preservação digital e talvez
por isso não funcionem tão bem, mas facilitam a com unicação e a ação
m útua entre os vários dom ínios - conceituais, tecnológicos, representa­
cionais etc. - que concorrem para a preservação digital e são con sid era­
dos essenciais para tal. N um a primeira análise, podem os diferenciar as
seguintes classes de padrões de interesse 25:
• padrões que servem com o m odelos de referência (arquitetura) des­
crevendo funcionalidades, procedim entos, fluxos de inform ação, c o n ­
ceitos concernentes a bibliotecas e arquivos digitais. São exem plos
dessa categoria a ISO/DIS 15489, DoD 5 0 1,2-STD e o O A IS , que serão
especialm ente d iscutidos mais adiante;
• padrões vo ltad o s para preservar o form ato do objeto digital, a apre­
sen tação e funcionalidades e para facilitar o intercâm bio de d o cu ­
m entos. Por exemplo: X M L e PDF;
• m etadados padronizados para preservar o acesso ao docum ento e
132
descrever o conteúdo, o contexto tecnológico, a proveniência e o signi­
ficado, perm itindo a recuperação e a interpretação futura dos docu m en ­
tos digitais. O conjunto de m etadados preconizados pelo O A IS para
preservação, Dublin Core, M A R C e IS A D (G ) são alguns exemplos.
Devem os, entretanto, dedicar atenção a algumas limitações inerentes à
utilização de padrões com o estratégia de preservação digital: em primeiro
lugar os padrões e protocolos, m esm os os abertos, se tornam obsoletos e
sofrem m udanças decorrentes do desenvolvim ento vertiginoso das áreas
de tecnologia da inform ação e das m udanças de paradigmas - por exem ­
plo, em banco de dados: modelo de dados hierárquico para modelo relacional
e em seguida para o modelo orientado a objetos -, o que indica que e ven ­
tualm ente haverá necessidade de converter m ateriais digitais em form atos
obsoletos, porém, padronizados, para novos formatos. N os casos de rápi­
do desenvolvim ento, parece ser irreal esperar que os padrões tenham a
longevidade desejada: em segundo lugar - tam bém em decorrência dos
avanços tecnológicos - há m uitos setores nos quais padrões técnicos
inexistem, m esm o os proprietários, ou são conflitantes, o que acontece
especialm ente no caso de novos tipos de mídia e novas formas de repre­
sentação. Enquanto os padrões são bem definidos para texto (exemplo:
A S C II), imagens (exemplo: TIFF e JP E G ) e docum entos codificados (exem ­
plos: X M L , HTM L), não se observou o surgim ento de padrões consolidados
para outros tipos de informação, com o para bases de dados
finalm ente,
na ausência de padrões abertos para alguns aspectos de um dado objeto
digital, padrões proprietários se tornam padrões de fato, isto pode a co n te ­
cer m esm o quando padrões abertos existem, mas são tecnicam ente inferi­
ores aos padrões proprietários co rresp o n d e n tes26.
A p e sa r dessas lim itações,, o uso de padrões com o estratégica básica
de preservação digital não deve jam ais ser descartado, posto que em
algum as áreas eles cum prem um papel im p ortante. Este é precisam ente o
caso das bibliotecas e arquivos digitais cujas coleções estão centradas
em m ateriais textuais e iconográficos que não são, via de regra, d in a m i­
cam ente interativos, tais com o relatórios, periódicos e docu m en tos ele­
trô nico s e coleções de im agens, que por sua natureza podem ser benefi­
ciados com adoção de padrões já consolidados, tais com o a Extensible
M a rk u p Language - X M L -, e o Tagged Im age File Form at - TIFF.
133
Existe, portanto, um co n sen so claro entre os especialistas da área de
que a preservação digital pode ser realm ente facilitada com a adoção de
alguns procedim entos que incluem : I) a definição de um con ju n to lim ita­
do e gerenciável de padrões, preferencialm ente abertos e/ou de am pla
aceitação e de uso corrente: 2) a aplicação desses padrões na criação de
n ovos objetos digitais, ou na conversão de docum entos analógicos para
form atos digitais; 3) o acom p an h am en to da obsolescência dos padrões
desse co n ju n to e o m on ito ram ento do surgim ento de novos padrões; 4) a
m igração para os novos padrões tão logo eles estejam consolidados
Portanto, o uso de padrões será de grande utilidade se houver co n sen ­
so entre os vários atores envolvidos na questão da preservação digital s o ­
bre que conjuntos de padrões são potencialm ente eficazes para determ ina­
dos tipos de materiais digitais; se a indústria de T.l. tornar prontam ente
disponíveis produtos e ferramentas de software que estejam em conform i­
dade ou dêem sustentação a esses conjuntos de padrões; e ainda se os
gestores de arquivos e bibliotecas digitais puderem exigir aderência aos
padrões com o condição para inclusão de docum entos nesses repositórios.
As
a b o r d a g e n s d e p r e s e r v a ç ã o d ig it a l
Lee 10 classifica as m etodologias de preservação digital existentes
em duas grandes abordagens. A primeira delas é mais con servad ora e
p ro cu ra a d o ta r co m o e s tra té g ia a re s ta u ra ç ã o plena do a m b ie n te
tecn o ló g ico original para decodificar os objetos digitais no futuro. Isto
pode ser realizado de duas form as: preservando-se réplicas reais de p la­
taform as de h ard w are e softw are para uso no futuro - cham ada de e stra ­
tégia de preservação da tecnologia; ou recriando-se virtu a lm en te nos
n ovos com putadores, por m eio de program as em uladores, as platafor­
m as obsoletas. Esta estratégia é conhecida com o em ulação da tecnologia.
Em poucas palavras, esta abordagem está baseada na criação de m useus
tecn oló g ico s, ainda que eles sejam virtu ais e os seus acervos sejam cri­
ados por programas.
A outra vertente identificada por Lee procura superar a obsolescência
dos form atos dos arquivos por meio de duas estratégias: a primeira delas
se baseia na conversão de form atos e na renovação e transferência de
mídias, e é conhecida co m o estratégia de migração; a outra estratégia é
cham ada de encap sulam ento, onde tud o que é necessário para o acesso
134
ao o b jeto digital é agrupado fisicam ente ou logicam ente, sendo então
preservado, incluindo inform ações que são expressas por m etadados.
M ig ra ç ã o
A estratégia de migração envolve basicam ente um con ju n to de a tivi­
dades - que devem ser repetidas periodicam ente - que consiste em copiar,
converter ou transferir a inform ação digital do patam ar tecnológico que a
sustenta - mídias, software, form atos e hard w are - para um outro mais
atualizado e de uso corrente. A n alisan d o com um grau a m ais de profundi­
dade, verem os que migração envolve transferir a inform ação digital de uma
mídia que está se tornando obsoleta ou fisicam ente deteriorada, ou in stá ­
vel, para um suporte mais novo ou tecnologicam ente mais atualizado, por
exemplo: de um C D - R O M para outro C D - R O M mais novo, de disquete
para um D VD ; de um form ato ultrapassado para um form ato mais atual ou
para um formato padronizado, por exemplo: de M S W o rd para X M L ou A SC II;
de um a plataforma com putacional em vias de descontinuidade para outra
mais moderna, por exemplo: de V A X para U N IX l0.14A m igração é a estratégia de preservação digital m ais utilizada em
m aior escala; é tam bém a que possui um co n ju n to de procedim entos
mais bem organizados e consolidados dentre as estratégias correntem ente
praticadas. Talvez seja im p ortan te lem brar que m igração já vem sendo
praticada há m uito tem po, antes m esm o de a qu estão da preservação
digital se tornar um problem a crítico para a sociedade. O s arquivos de
dados - responsáveis pela guarda dos dados co m p u tacio nais de uma
organização, por e x e m p lo - p o s s u e m um a longa história de uso com s u ­
cesso das técnicas de m igração " . Este sucesso ocorre especialm ente
porque estes repositórios lidam com inform ações relativam ente h o m o ­
gêneas e depositadas segundo procedim entos e form atos, sem pre que
possível, mais sim ples e/ou padronizados. •
O objetivo primordial da migração é preservar a integridade de objetos
digitais enquanto m antém - prioritariam ente - a capacidade do usuário de
recuperá-los, exibi-los e u tilizá-lo s em face da c o n s ta n te m ud an ça
tecnológica. O seu foco está centrado no conteúdo inform acional im brica­
do em um objeto digital, em detrim ento da tecnologia que o envolve; e, não
m enos im portante, na possibilidade de assegurar a acessibilidade futura a
esse conteúdo, usando a tecnologia disponível à época do acesso. Com
135
essas características, a migração preserva potencialm ente o conteúdo de
um objeto digital; entretanto, ela pode não ser capaz de preservar algumas
das funcionalidades mais complexas, com o por exemplo, as propriedades
m ultim ídias e o contexto - links e outros relacionam entos - do objeto
digital. E mais: migrações sucessivas podem eventualm ente levar a perdas
severas e inaceitáveis; a idéia básica, portanto, é m inim izar essas perdas e
reter o conteúdo num a forma mais usável possível "■l4-24A s estratégias de migração e os seus custos associados variam conside­
ravelmente, posto que são fortemente dependentes da sustentação tecnológica
do material digital a ser preservado, da diversidade de formatos, do grau de
complexidade dos atributos de exibição e das facilidades de acesso e recupe­
ração que se deseja mantida através do tempo. O que se observa é que os
procedimentos de migração aplicados a informações digitais assentada em
arquivos de dados mais simples estão bem estabelecidos e em funcionam en­
to operacional, mas as soluções para objetos digitais mais complexos, só
agora estão nas primeiras etapas do seu encam inham ento pela com unidade
envolvida com os problemas da preservação digital. Essas soluções exigem
ainda um grande esforço de pesquisa e interdisciplinaridade; de estudos de
viabilidade técnica, econômica, legal e gerencial; de análises com parativas e
de avaliação sobre as melhores práticas l4.
O s pesquisadores da área vem estabelecendo taxonom ias para as d i­
ferentes abordagens da migração, baseadas principalm ente na medida da
intervenção da m igração sobre o objeto digital, m ais precisam ente, no
grau de transform ação que sofre a cadeia de bits original do objeto digital
subm etida a um determ inado processo de migração. A lg u n s autores c o n ­
sideram tam bém para fins de classificação os efeitos sobre as fu n cio n ali­
dades e look a n d feel do objeto original, e ainda fatores tais com o: risco
associado, esforço hum ano e com plexidade técnica envolvida l0. A nor­
ma O A I S 9 identifica quatro tip os de migração, que têm ainda com o prin ­
cípio de divisão o grau de interferência da m igração sobre a integridade
da cadeia de bits. reju ven escim en to (refreshing); replicação, reempaco tam en to e transform ação. N o rejuvenescim ento, a mídia em vias de
deterioração é sim plesm ente substituída por outra, assegurando-se uma
cópia perfeita da cadeia de bits original; na replicação a cadeia de bits é
m antida, mas ocorrem m udanças nos m ecanism os de m apeam ento das
inform ações; e n q u a n to no reem pacotam ento a interferência ocorre ao ní­
136
vel das m etainform ações de e m p aco tam ento do objeto, conform e defini­
da pelo m odelo O A IS ; finalm ente na transform ação há uma real interfe­
rência na cadeia de bits do objeto digital.
A ssim com o o uso de um pequeno núm ero de padrões evita que se
tenha que fazer um núm ero excessivo de m igrações custom izadas, além
de reduzir o ciclo tem poral de operações de m igração pelo alongam ento
da longevidade dos objetos digitais, a com patibilidade retrospectiva dos
softwares seria o u tro fator de im pacto p ositivo para a com unidade que se
interessa pela preservação digital. A com patibilidade retrospectiva per­
mite que softwares atuais leiam dados de sistem as mais antigos sem
n ecessidade de reform atações su b sta n cia is e sem perdas de fu n c io ­
nalidades. O que se propõe é que com patibilidade retrospectiva faça par­
te do elenco de facilidades padrão dos pacotes de software,
Em bora as estratégias de m igração venham rapidam ente se tornando
mais efetivas e mais consolidadas, fortalecidas pela experiência prática
adquirida pelas com unidades envolvidas com o problem a, e pelo aprendi­
zado de com o selecionar m étodos mais efetivos e apropriados, a m igra­
ção perm anece em grande escala experim ental e fornece um terreno fértil
para pesquisa e esforço de desenvolvim ento l4.C on tu d o, as fragilidades e
incertezas da m igração ficam mais evidentes à medida que crescem o v o ­
lume e a diversidade dos estoques digitais que necessitam de gestão para
a preservação de longo prazo. Q u an d o alguém assum e a responsabilida­
de de preservar um objeto digital, pode ser difícil predizer quando a m i­
gração será necessária, o que será requerido, quantas reformatações terão
que ser feitas, o qu an to de informação e funcionalidade será perdido, q u an ­
to a m igração irá custar, ou - o que é pior - se ela é p o s s ív e l23. O que se
tem certeza é que as operações de m igração, a cada ciclo, terão de ser
repetidas para cada um dos docum entos, m esm o que esses docum entos
sejam raram ente acessados e que cada form ato, cada aplicação, cada tip o
de docu m en to vá exigir uma operação específica, o que torna virtualm ente
im possível a adoção de m étodos autom atizados.
M as as críticas à m igração com o estratégia de preservação digital
não se esgotam no cam po da gestão e cu sto . A m igração envolve quase
sem pre interferência na cadeia de bits - exceto quando envo lve a sim ples
cópia da cadeia de bits original para uma nova mídia -, cujas im plicações
podem significar perdas severas de inform ação, de funcionalidades; in ­
137
tro d u ção de erros e m odificação na forma com o a inform ação é exibida
para o usuário. M igração é a cópia da cópia, da cópia que m antém o
acesso, mas não preserva os originais. Por fim, as técnicas de m igração
pod em n ão ser ca p a ze s de c o n v e rte r o b je to s co m p le x o s c o m o as
m ultim ídias e d ocu m en tos criados a partir de novos paradigm as té c n i­
cos, cu ltu rais e artísticos 24.
P r e s e r v a ç ã o d a t e c n o lo g ia
Esta estratégia pressupõe que um m useu de equipam entos e progra­
mas - plataforma de hardwares e periféricos, sistemas operacionais, driv ers
e o program a de aplicação original - podem ser preservados com a fin a­
lidade de replicar no futuro a configuração necessária para recuperar um
objeto digital no seu am biente original l0.
A vantagem im ediata desse m étodo é que o objeto digital m antém
tod as as suas propriedades, aparência e com p o rtam en to originais, vis to
que será processado no seu am biente nativo. Há um certo grau de c o n ­
senso que esta pode ser a m elhor estratégia para certos objetos num
h orizonte tem poral curto, quando a migração não é possível. Porém, num
prazo mais longo ela se torna absolutam ente proibitiva em term os de
supo rte técnico, espaço e cu sto "•26.
E fácil com preender as dificuldades de m anter e gerenciar m useus
tecn ológicos, se pensarm os na velocidade em que gerações de h ard w are
e softw are se m ultiplicam e no cu sto - quando possível - de m anu ten ção
e assistência técnica; no problem a da docum entação e na deterioração
dos eq uipam entos, pois é im provável que as m áquinas funcionem indefi­
nidam ente, considerando tão som ente que os próprios chips estão s u b ­
m etidos a decaim entos inerentes à sua natureza física.
A lé m do mais, é necessário com preender que os objetos digitais a n ­
tigos e os softwares aplicativos que os suportam raram ente poderão s o ­
breviver nas suas m ídias originais, e terão de ser copiados para m ídias
atualizadas, o que os im pede de serem lidos em seus equip am entos o ri­
ginais. Isto im plica que interfaces entre cada m áquina antiga e n ovas
gerações de mídias deverão ser desenvolvidas 26.
Por últim o, os docum entos recuperados por essa estratégia têm o
acesso restrito aos m useus, perdendo os seus atributos de d istribuição
por rede.
138
E m u la ç ã o
Esta estratégia está bem próxima à filosofia da preservação tecnológica,
tendo em vista que envolve preservar program as aplicativos originais, os
objetos digitais originais e todas as suas funcionalidades. A em ulação
parte do pressuposto que é tecn icam en te viável substituir as plataform as
de h ardw are obsoletas necessárias para rodar no futuro os aplicativos
originais por m áquinas virtuais, por meio de program as emuladores. Em
vez de m useus de equipam entos reais, teríam os m useus virtuais, c o n s ti­
tuídos de programas em uladores de hardw ares obsoletos.
Mas antes de prosseguir, é necessário compreender que um emulador é
algo que desempenha a função de outro, e que no contexto da tecnologia de
informação um emulador é um programa que permite que um equipam ento
desempenhe o papel de outro - e diferente - equipamento. Isto possibilita
que um programa emulador de um com putador obsoleto possa rodar num
com putador do futuro, permitindo que neste com putador se processem p ro­
gramas que originalmente rodavam no com putador o b so leto 26.
A em u lação tem estado sob m uitas pesquisas e controvérsias. É c o n ­
siderada por m uitos pesquisadores com o um a opção viável para superar
as fragilidades da migração, ao m esm o tem po em que sofre severas c ríti­
cas de ou tros estudiosos da área. Rothenberg, que em punha a bandeira
da em ulação, propõe um m odelo que preserva in tacto o d ocu m en to digi­
tal original - ou seja, a sua cadeia de bits -, o software de aplicação
o rig in al u sa d o para criar e/ou recu p erar o d o c u m e n to e o siste m a
operacional apropriado e ou tro s arquivos necessários para restabelecer o
am biente de processam ento do softw are de aplicação. Tudo isto deve ser
encapsulado em um “ e n velo p e” , que deve co n ter ainda especificações
que perm itam , num a data indefinida no futuro, a co n stru çã o de um
emulador, e d o c u m e n ta ç ã o - q u e deve perm anecer legível para h um anos
- c o m instruções para acesso ao envelope e interpretação do d ocu m en to
objeto da preservação, incluindo m etadados de proveniência, de co n tex ­
to e a d m in is tra tiv o s 26.
A s críticas colocadas se con cen tram na com plexidade técnica de d e­
senvolver em uladores confiáveis e o alto risco que isso acarretaria para
os objetos digitais dependentes dessa solução. A abordagem da e m u la ­
ção requer a disponibilidade da especificação detalhada do eq uip am ento
obsoleto, que por várias razões nem sem pre é possível. Espera-se que o
139
de s e n v o lv im e n to
de form atos p ad ro nizad os para a e sp ecificação de
h ard w are facilite no futuro essa tarefa l4.
A p esar das controvérsias, percebe-se um consenso em to rn o de al­
gum as possibilidades im portantes da em ulação, dentre elas a possib ili­
dade que oferece de m anter - pelo m enos a curto e m édio prazo - a
presença física do objeto digital e suas funcionalidades originais, que
pode ser crítica para alguns objetos e alguns usuários. A estratégia ta m ­
bém é potencialm ente útil para o caso em que a migração não é possível,
seja porque se desconhece o form ato do objeto, seja pela sua com plexi­
dade, seja porque o recurso é fortem ente dependente de h ard w a re e
softw are particulares ou ainda porque não se pode convertê-lo para for­
m atos independentes de softw are ia l4.
Pode-se argumentar também que emulação é mais “ econôm ica” do que a
migração - apesar de essa diferença não poder ser minimamente quantificada
- porque um programa emulador de uma configuração de hardware particu­
lar pode ser usado para acessar toda a informação digital que requer tal co n ­
figuração. Entretanto, necessita-se ainda muita pesquisa e comparações para
que a emulação possa finalmente sair da bancada dos laboratórios.
E n c a p s u la m e n to
A estratégia de encapsulam ento envolve criar “ containers” ou “ em bru­
lhos - estruturas físicas ou lógicas - onde todos os elem entos necessári­
os para a interpretação do objeto digital estão reunidos, incluindo o pró­
prio objeto e os m etadados correspondentes. O s metadados estabelecidos
pelo M odelo de Referência O A IS tam bém são usados para fornecer as in ­
formações de suporte que devem estar presentes em um encapsulam ento:
inform ação de representação, usadas para interpretar corretam ente a se­
qüência de bits, contexto, proveniência, referência e permanência.
O U n iv e rs a l P re s e rv a tio n Fo rm at (U P F ) 27 é um m e ca n is m o de
arm azenam ento de arquivo de dados autodescrito, que utiliza a estrutura
de w rappers para encerrar o objeto digital e m etadados com o propósito
de protegê-los contra a obsolescência tecnológica.
5 . À g u is a d e c o n c l u s ã o
Reco nh ecido o caráter efêmero dos objetos digitais, as bibliotecas e
arquivos digitais devem ser pensados a partir de conceitos, p rocedim en­
140
tos e políticas que tornem tão longevos os seus estoq u es inform acionais
q u an to eles são dem andados pela sociedade de hoje, ten d o com o pers­
pectiva o am anhã e o depois.
Portanto, com o co n clu são talvez seja mais útil estabelecer um c o n ­
ju n to de recom endações, extraídas do texto, que sintetizem as ações ne­
cessárias para se co n stru ir um corpo de co n h ecim en to e um elenco de
práticas voltadas para a preservação de docu m en tos digitais.
Pad rõ es. U m dos desafios im portantes é criar diretrizes, políticas e
padrões que o governo, em presas, a ciência e tecnologia possam usar
hoje para assegurar a longevidade dos registros digitais. Isto inclui pro­
m over o uso de padrões e protocolos abertos, estáveis e de uso amplo;
adotar padrões na criação, arm azenam ento e tran sm issão . de. d o cu m en ­
tos digitais; m onitorar o surgim ento de novos padrões e m igrar quando
necessário. O uso de padrões torna m ais fácil e m enos dispendiosa a
aplicação de estratégias de preservação. A rq u ivo s e Bibliotecas digitais
devem manter-se à frente do desen volvim ento de padrões e garantir que
sua própria infra-estrutura esteja em conform ação com os padrões larga­
m ente adotados.
G e s tã o d o cu m e n ta l. A p licar procedim entos e estratégias de gestão
docum ental quando da criação, tratam en to , tran sm issão e preservação
de d ocu m en tos em form atos digitais; desenvolver planejam ento de lo n ­
go prazo; definir critérios para seleção do patrim ôn io digital, pois nem
tu d o poderá ser salvo; desenvolver m odelos de cu sto e de m inim ização
dos riscos das conversões; prom over o uso e o estab elecim en to de p ro­
cedim entos de m elhores práticas. Para ajudar os bibliotecários e arqui­
vistas do futuro, nós precisam os de m étodos para organizar a inform ação
digital hoje.
T ecn olo g ia. A p lica r as técn icas apropriadas de preservação digital
respeitando as especificidades de cada problem a, pois não há - até a
presente data - solução genérica e nem solução que funcione em grande
escala; pesquisar e d esenvolver soluções abertas em cooperação com a
indústria de tecnologia da inform ação; e, sobretudo, m onitorar as in o va­
ções tecnológicas p o tencialm ente úteis e validá-las qu an d o apropriado.
S e g u ra n ç a d ig ita l. A p o ia r o u so de in s tru m e n to s o riu n d o s da
tecnologia da inform ação e de aceitação consensual que garantam a in te ­
gridade, a confiabilidade e a autenticid ade dos d ocu m en to s digitais, e
141
que os proteja contra acidentes e intervenções não autorizadas, tais com o,
certificação digital e criptografia.
M etad ad o s. Incentivar o uso de estruturas padronizadas de metadados
orientadas para a gestão da preservação digital, para a acessibilidade dos
d o cu m en tos digitais e para a interoperabilidade dos sistem as.
Agenda de pesquisa. Desenvolver uma agenda nacional de pesquisa ori­
entada para os problemas da preservação do acesso e da longevidade digital,
alinhada com as principais iniciativas internacionais. Além das considerações
naturais provenientes da arquivísticas, da biblioteconomia e da tecnologia da
informação, é necessário incluir aspectos legais, sociais e éticos.
Legislação. Dispor de um corpo de leis que garanta a proteção do
p atrim ôn io digital e o seu reconhecim ento pleno com o valor de prova.
Isto envolve os problem as de depósito legal e as restrições im postas
pelas questões de Copyright e propriedade intelectual à preservação do
patrim ônio digital, pois uma biblioteca pode ter o direito de acesso e uso
da inform ação digital, mas não o de preservar.
A rq u ivo s e bib liotecas nacionais. Fortalecer e instrum entalizar - em
term os de equipam entos, metodologias e pessoal especializado - o A rq u i­
vo e a Biblioteca Nacional, para que possam desempenhar um papel ativo de
liderança e de disseminadores de conhecim ento na gestão da preservação
dos docum entos digitais. Alertar aos outros detentores de acervos digitais
que a primeira linha de defesa contra a perda de informação de valor são eles
— geradores, disseminadores e proprietários de informação digital.
G o ve rn o . Propor e estabelecer políticas públicas voltadas para a sal­
vaguarda do patrim ôn io digital do país, incluindo alocação de recursos,
estab elecim ento de diretrizes e ordenam entos e disponibilização de in s­
tru m en to s de divulgação para a conscientização da sociedade sobre os
problem as decorrentes da fragilidade dos objetos digitais.
R e c u rs o s
h u m a n o s . In c lu ir n o s c u r r íc u lo s d a s e s c o la s de
arquivologia, b ib lio teco n o m ia e tecn olo gia da inform ação d isciplinas
que co n tem p lem as q u estõ es de preservação digital; organizar e p ro ­
m over tre in am e n to , cursos de exten são e esp ecialização para as e q u i­
pes graduadas a tu a n te s na área.
A lia n ç a s e co o p e ra ção . É preciso lem brar que garantir o acesso à in ­
form açao digital é um com prom isso profundo e duradouro, cujo prazo é
indefinido, e do qual tom am parte m uitos atores. É fundam ental, p o rtan ­
142
to, estabelecer pactos de cooperação entre governo, editores, indústrias
de Tl, bibliotecas, arquivos, m useus, universidades, in stitu to s de p esqui­
sa etc. Sem alianças e cooperação, os program as m ais am plos não serão
a b solu tam en te possíveis.
A c e s so . Por fim, o mais im portante: tu d o isso é necessário para ga­
rantir acesso aos estoques de inform ações digitais de valor co n tín u o às
suas respectivas com unidades-alvo, e, não m enos im portante, garantir
tam bém que essa inform ação - e n q u an to válida - perm aneça com p reen ­
sível para esta com unidade.
143
Notas
1 LUKESH, Susan S. E-mail and Potential Loss to Future Archives and
Scholarship or The Dog that Didn’t Bark. First Monday, Peer-Reviewed
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2 CO O K, Terry. It’s 10 o ’clock: do you know where your data are? Technology
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3 W A R N E R , Dorothy; B U SC H M A N , John. Studying the Reader/Researcher
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4 LESK, Michael. Preservation of N ew Technology. Disponível em: < http:/
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5 CHEN, Su-Shing. The paradox of digital preservation. Computer, p.2-6,
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6 C O N SELH O N A C IO N A L DE A R Q U IV O S, C Â M A R A TÉCN ICA DE D O ­
C U M EN T O S ELETRÔ N ICO S — CONARQ/CTDE. Carta para a preserva­
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22 HD-Rosetta Archival Preservation Services. Home Page: < http://
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24 HEDSTROM , Margaret. Digital preservation: problems and prospects.
Disponível em: < http://www.dl.ulis.ac.jp/DLjournal/No_20/! -hedstrom/
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25 LORIST. Jeroen. Standard for digital libraries and archives: digital longevity.
Betade Internal Reports, March 2001. Disponível em: < http://www.
betade.tudelft.nl/reports/Lorist_StandardsLongevity_20010307.pdf>. Aces­
so em 14/03/2005
26 ROTHENBERG, Jeff. Avoiding technological quicksand: finding a viable
technical technical foundation for digital preservation. Disponível em:
< http://www.clir.org/pubs/reports/rothenberg/contents.html> . Acesso
em: 14/03/2005
27 SHEPARD, Thom. Universal Preservation Format. Abbey Newsletter, v.22,
n.5, 1998. Disponível em: < http://www.palimpset.stanford.edu/byorg/
abbey/an/an22-5/an22-504.html>. Acesso em:02/02/2004.
28 M A RC O N D ES, Carlos Henrique; SAYÃO, Luis Fernando. Integração e
interoperabilidade no acesso a recursos informacionais eletrônicos em C&T:
a proposta da Biblioteca Digital Brasileira. Ci. Inf.. Brasilia, v. 30, n. 3, p.
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< http://www.google.com.br/url?sa=U6start=2&q=http://www.ibict.br/
cienciadainform acao/include/getdoc.php% 3 F id % 3 D 5 1 4 % 2 6 a rtic le %
3D 2 2 4 % 2 6mode%3Dpdf£>e= 7620> . Acesso em: 14/03/2005.
29 The continuity of digital heritage. Qateways, n.61, February 2003. Dis­
ponível em: < http://www.nla.gov.au/ntwkpubs/gw/6l/p04a0l.html>.
Acesso em: 14/03/2005.
146
Hélio Kuramoto'
I . In t r o d u ç ã o
(Jm a das grandes dificuldades en co ntrad as por bibliotecas e centro s
de docu m en tação , em especial no Brasil, para dissem inar os seus acer­
vos, relaciona-se à identificação de um a ferram enta adequada para tratálos, organizá-los e dissem iná-los. Q u alq u e r iniciativa para organizar, tra ­
tar e dissem inar inform ação, seja referencial, seja em texto integral, exigia,
até alguns anos atrás, um in vestim en to relativam ente im portante, devido
ao alto cu sto das soluções de software. A s soluções eram dependentes
de pacotes de softw are de gestão de bancos de dados, os quais eram , em
sua m aioria, com erciais e em b u tiam solu ções proprietárias'. Em passado
recente e m esm o hoje, m uitas bibliotecas se deparam com dificuldades
para au tom atizar o seu acervo bibliográfico, apesar de existirem diversas
soluções com erciais e algum as de dom ín io pú blico2.
R ecentem ente, com o surgim ento das novas tecnologias da inform a­
ção agregadas ao m ovim ento do software open source3, tam bém c h a m a ­
do softw are livre, várias alternativas de p acotes de softw are para c o n s ­
tru ção e gestão de bibliotecas digitais têm sido distribuídos na W eb.
Verifica-se, dessa m aneira, que os esforços para a con stru ção e gestão de
Doutor em ciências da informação e da comunicação pela Université Lumière - Lyon 2
França. Coordenador geral de projetos especiais e do Programa Biblioteca Digital Brasileira
do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). kuramoto@ibict br
147
bibliotecas digitais são bem m enores, sem necessidade de grandes in ­
vestim en tos em term os de infra-estrutura tecnológica. Essa facilidade será
m ostrada ao longo deste capítulo, mas antes, para contextualizar, será
feita um a rápida discussão sobre o con ceito de bibliotecas digitais e ter­
m inologias afins. Em seguida, será apresentada a iniciativa de arquivos
abertos (O p e n A rch ives Initiative), os seus ideais e padrões. Essa in icia­
tiva co n stitu i um m arco im portante no desenvolvim ento das bibliotecas
digitais. Em seguida, serão apresentados alguns requisitos desejáveis para
um pacote de softw are de adm inistração de bibliotecas digitais, além de
um a tipologia desses pacotes e uma breve descrição de alguns dos p aco ­
tes de software, open source, identificados na Web.
2. Bibliotecas digitais: contexto e definições
Até alguns anos atrás, década de 80, utilizavam-se para a disseminação
da informação as bases de dados bibliográficas ou referenciais. Essas bases
lidavam apenas com informações referenciais, pois não havia tecnologias
que facilitassem o tratamento e a disseminação de conteúdos integrais. O
custo das unidades de armazenamento e de memória era muito alto.
Com a popularização dos microcomputadores, o barateamento das
unidades de armazenamento, das memórias e o surgimento das novas
tecnologias da informação, começaram a surgir as bases de dados full
text. Concomitantemente a esse fenômeno surgiram termos como biblio­
tecas eletrônicas, bibliotecas digitais, bibliotecas virtuais e até bibliote­
cas do futuro e bibliotecas sem paredes.
Segundo a Association of Research Libraries (ARL), existem várias
definições para bibliotecas digitais, assim como, existem termos como
biblioteca eletrônica e biblioteca virtual que são sempre utilizadas como
sinônimos. Essa associação extraiu, de um trabalho4 realizado por
Drabenstott, os elementos comuns identificados nessas definições:
• a biblioteca digital não é uma simples entidade;
• a biblioteca digital requer tecnologias para interconectar os recur­
sos de outras bibliotecas digitais;
• • a interoperabilidade entre várias bibliotecas digitais e serviços de
informação é transparente aos usuários finais;
148
• a meta principal é o acesso universal a bibliotecas digitais e servi­
ços de informação;
• as bibliotecas digitais não se lim itam a referências bibliográficas ou
inform ações referenciais: elas se estendem aos artefatos digitais que
não podem ser representados ou distribuídos em form ato im presso.
A ARL tenta, portanto, caracterizar o que seja uma biblioteca digital,
sem, no entanto, conceituá-la.
No início de um encontro do W G (DLib Working Group on Digital
Library), foi proposta a seguinte definição:
Biblioteca digital é definida como sendo um conjunto de serviços apoi­
ados por uma coleção de objetos informacionais que suporta usuários in­
teressados nesses objetos, assim como organiza e preserva esses objetos
disponíveis direta ou indiretamente por meio eletrônico ou digital.
A biblioteca digital não é meramente equivalente a uma coleção
digitalizada com ferramentas de gestão de informação. Trata-se, também,
de uma série de atividades que integram coleções, serviços e pessoas em
suporte do completo ciclo de criação, disseminação, uso e preservação
de dados, informação e conhecimento.
Verifica-se na literatura da área que os termos bibliotecas digitais,
bibliotecas virtuais, bibliotecas eletrônicas designam um mesmo tipo de
sistema de informação, portanto são termos sinônimos, apesar de cada
um desses termos privilegiar determinado aspecto da tecnologia, assim:
• o termo bibliotecas eletrônicas enfatiza o fato de os acervos encon­
trarem-se registrados em meio eletrônico;
• bibliotecas digitais enfatizam o fato de a informação encontrar-se
codificada em base digital;
• biblioteca virtual enfatiza o fato de o sistema utilizar tecnologias de
realidade virtual. Alguns autores entendem também que nesse tipo
de biblioteca a informação não está presente no servidor onde se en­
contra na biblioteca, mas em outros servidores remotos. Portanto,
esse tipo de biblioteca encerra um conjunto de links.
Para efeito deste capítulo, o termo bibliotecas digitais designa uma
aplicação envolvendo o registro, o tratamento e a disseminação de infor­
149
ma ç õ e s
r e f e r e n c ia i s , a s s i m c o m o c o n t e ú d o s e m t e x t o in t e g r a l e m
m e io
d ig it a l.
3 .
A
in ic ia t iv a
b ib lio t e c a s
A
d o s
o p e n
a r c h iv e s
e
as
d ig it a is
in ic ia t iv a d e o p e n a r c h iv e s c o n s t it u i u m m a r c o n a h is tó r ia d o d e ­
s e n v o l v i m e n t o d a c o m u n i c a ç ã o c ie n t í f i c a e , p o r c o n s e g u i n t e , d a p u b l i c a ­
ç ã o e l e t r ô n i c a e d a s b i b l i o t e c a s d i g it a is . E s s a i n i c i a t i v a p r o m o v e u a e l a ­
b o r a ç ã o e o e s t a b e le c im e n t o d e p a d rõ e s e p r o t o c o lo s p a ra in t e r o p e r a r
b i b l i o t e c a s d i g it a is .
Em ju lh o d e
f iz e r a m
19 9 9 , P a u l C in s p a r g , R ic k L u c e e H e r b e r t V a n d e S o m p e l
u m a c h a m a d a p a r a p a r t i c i p a ç ã o d e u m a r e u n iã o p a r a e x p lo r a r a
c o o p e r a ç ã o e n t r e a r q u iv o s d e e - p rin ts c ie n t íf ic o s . O e n c o n t r o fo i r e a li z a d o
e m o u t u b r o d e 19 9 9 , e m S a n t a Fé, e fo i d e n o m i n a d o o r i g i n a lm e n t e c o m o a
R e u n i ã o s o b r e S e r v i ç o U n i v e r s a l d e P r e p r in t , p a r a o e s t a b e l e c i m e n t o d a
O p e n A r c h i v e s in i t i a t i v e ( O A I ) [w w w . o p e n a r c h i v e s . o r g ] . O o b j e t i v o d a O A I
é c o n tr ib u ir d e fo rm a c o n c r e ta p ara a tr a n s fo rm a ç ã o d a c o m u n ic a ç ã o c ie n ­
t íf ic a . O v e í c u l o p r o p o s t o p a r a e s s a t r a n s f o r m a ç ã o é a d e f in iç ã o d e a s p e c ­
t o s t é c n i c o s e o r g a n iz a c io n a i s d e u m a e s t r u t u r a p a r a p u b l ic a ç ã o c i e n t í f i c a
n a q u a l a m b a s a s c a m a d a s , liv r e s e c o m e r c i a i s , p o d e m s e r e s t a b e l e c i d a s .
•
A s s im , a lé m d o s a s p e c t o s t é c n ic o s , e s s a in ic ia t iv a d e u o r ig e m a u m
m o v i m e n t o c h a m a d o O p e n A r c h i v e s a n d O p e n A c c e s s to K n o w l e d g e a n d
I n f o r m a t i o n in S c i e n c e a n d H u m a n it ie s . Is s o fo i p o s s ív e l d e v i d o a o s id e ­
a is e c o n c e i t o s e s t a b e l e c i d o s p e lo O p e n A r c h i v e s I n i t i a t i v e ( O A I ) , q u e
p o d e m s e r s i n t e t i z a d o s n o s s e g u i n t e s t e r m o s : u s o d e s o f t w a r e liv r e , t a m ­
b é m c h a m a d o o p e n s o u r c e , a u t o - a r q u i v a m e n t o 5, c r i a ç ã o d e r e p o s i t ó r i o s 6
d e liv r e a c e s s o , t a n t o i n s t i t u c i o n a i s q u a n t o t e m á t i c o s , u s o d e p a d r õ e s d e
p r e s e r v a ç ã o d e o b j e t o s d i g it a is .
E m t e r m o s o r g a n iz a c io n a is , a in ic ia t iv a d e a r q u iv o s a b e r to s p r e c o n iz a
d o is
g ran d es
c o n ju n to s
de
a t o r e s 7, o s
p ro v e d o re s
de
dados
(d a ta
p r o v id e r s ) e o s p r o v e d o r e s d e s e r v i ç o s (.S e r v ic e p r o v id e r s ) .
O s p r o v e d o r e s d e d a d o s s ã o o s g e s t o r e s d e a r q u i v o s d e e - p rin ts o u
ta m b é m
d e n o m in a d o s r e p o s it ó r io s , a o s q u a is s ã o s u b m e t id o s , d ir e t a ­
m e n t e p e l o s s e u s a u t o r e s , o s p r e - p r in t s , r e l a t ó r io s t é c n i c o s , d e n t r e o u ­
t r o s t ip o s d e d o c u m e n t o s . O s p ro v e d o re s d e d a d o s to r n a m d is p o n ív e is ,
150
à com unidade, m ecanism os para subm issão ou auto-arquivam ento, res ­
ponsabilizam -se pelo arm azenam ento a longo prazo dos trabalhos, preo­
cupam -se com a preservação dos objetos digitais e tornam disponíveis,
para coleta, os m etadados relativos aos trabalhos ou d o cu m en tos p u b li­
cados no seu repositório.
O s provedores de serviços, que tam bém podem se caracterizar com o
agregadores, são in stituições que se preocupam em coletar os m etadados
arm azenados nos vários provedores de dados, oferecendo um a interface
ou m ecanism o de busca que possibilita aos usuários finais a con sulta ou
busca em um repositório que integra os m etadados coletad os a partir de
diferentes provedores de dados.
Esse m odelo de organização é bastante interessante, pois viabiliza e
facilita o acesso à inform ação pela com u nidad e científica e tecnológica.
O s provedores de serviços têm o papel de integrar diferentes provedores
de dados, os quais arm azenam inform ação em áreas do co n h ecim e n to
específicas. A existência dos provedores de serviços tem á tico s facilita
ao usuário final o acesso à inform ação especializada. N o Brasil, o In s titu ­
to Brasileiro de Inform ação em C iência e Tecnologia (IB IC T ) vem tra b a ­
lhando com essa perspectiva, assu m indo o papel de um grande provedor
de serviço, ou agregador, e prom ovendo a in stituição de provedores de
dados em diversas áreas do con h ecim ento, assim com o a in stitu ição de
repositórios in stitu cio n ais, facilitando, assim , o cu m p rim en to de sua
m issão com o órgão nacional de inform ação em ciência e tecnologia.
Para facilitar a exposição de m etadados por parte dos provedores de
dados e a sua captura por parte dos provedores de serviços, a O A I e s ta ­
beleceu um c o n ju n to de padrões: definiu-se o D u b lin Core, sem os
qualificadores, com o padrão de m etadados; o protocolo O A I- P M H (Open
A rc h iv e In itia tive - Protocol o f M e ta d a ta Harvesting) com o o m ecanism o
para interoperar os vários provedores de dados e os provedores de se rv i­
ços. O O A I- P M H é um p rotocolo con cebido e executado no contexto de
um ou tro protocolo, o H TTP - Hypertext Transfer Protocol, protocolo u ti­
lizado pela W eb para navegação em suas páginas.
Graças ao estabelecim ento dessa iniciativa, vários pacotes de software
para a con stru ção e gestão de bibliotecas digitais surgiram, u tilizando os
ideais e padrões preconizados por essa iniciativa. N a seção 5 . 1 serão
descritos alguns desses pacotes.
151
4 . R e q u is it o s d e s e já v e is p a ra u m s o ftw a r e
d e b ib lio t e c a d ig it a l
Existem inúm eros pacotes de softw are para con stru ção e a d m inistra­
ção de uma biblioteca digital. Esses pacotes vão desde um softw are to ­
talm en te genérico com o um S G B D 8, a partir do qual, aliado a um con ju n to
de program as, pode-se con struir qualquer tipo de biblioteca digital, até
pacotes que são específicos para determ inado tipo de coleção com o um
sistem a de gestão de eventos científicos, com o o Open ConferenceSystem.
A escolha de pacotes específicos com o o Open Conferece System ou o
Open Jo u rn a l System, com propósitos específicos, dem anda do usuário
m enor esforço, dado que esses pacotes de software são preparados para
serem param etrizados, cabendo ao usuário apenas adequá-lo à sua ne­
cessidade. Esses pacotes de software não exigem esforço de program a­
ção e são sim ples de serem m anipulados.
São os seguintes os requisitos básicos desejáveis para pacotes de
softw are para gestão de bibliotecas digitais:
P o r t a b ilid a d e
A portabilidade é a habilidade de um pacote de softw are poder ser
execu tad o em diferentes am bien te operacion ais. Po u co s p aco tes de
softw are possuem essa habilidade. Hoje, essa característica seria m uito
desejável, ten d o em vista que vivem os em um m undo heterogêneo, no
qual con vivem dois m undos, o dos softw are open source, ou softw are
livre, e o dos softw are proprietários. Em outras palavras, vivencia-se com
o m undo Linux e com o Microsoft sim ultaneam ente.
F le x ib i lid a d e q u a n t o à d e f in iç ã o d o
p a d rã o de m e ta d a d o s
Esse requisito indica se o pacote de softw are possui a habilidade de
oferecer, ao usuário, outros padrões de m etadados, além daquele que ele
adota. Existem pacotes de softw are com o o N ou-Rau e o Phronesis, que
não possuem essa flexibilidade, pois eles im plem entaram um form ulário
de entrada de d ocu m en tos baseado no padrão D ub lin Core. O u tro s, p o­
rém, são m ais flexíveis, com o, por exemplo, o Qreenstone, que dá ao u su ­
ário a possibilidade de criar o seu próprio padrão de m etadados, apesar
de ter o D ublin Core com o padrão default. A im portância de se ter essa
152
flexibilidade advém do fato de que nem sem pre o D ublin Core é capaz de
descrever adequadam ente um determ inado objeto digital.
U s o d e p a d rõ e s d e in t e r o p e r a b ilid a d e
Trata-se de uma característica tam bém im portante, pois o fato de um
pacote de software ter disponível um padrão com o o Z39.50 ou o protocolo
O A I- P M H proporcionará, à biblioteca digital criada, a possibilidade de se
integrar a outras iniciativas análogas, facilitando a criação de redes de bi­
bliotecas digitais. O uso, por exemplo, do O A I- P M H perm ite a gestão de
federação de bibliotecas digitais. U m exemplo dessa federação é a Bibliote­
ca Digital de Teses e Dissertações, m antida pelo IBICT. Essa facilidade per­
mite m aior visibilidade e integração aos conteúdos de bibliotecas digitais.
U s o d e lin g u a g e m
de m a rc a ç ã o X M L
A linguagem de m arcação X M L tornou-se um padrão na W eb, e o seu
uso proporciona m aior interoperabilidade entre os sistem as de b ib lio te­
cas digitais. Se nos anos 80 e 90 os sistem as de inform ação bibliográfi­
cos / d ocu m en tário s u tilizavam a família de form ato M A R C para facilitar
o intercâm bio de dados, hoje o X M L ocupa esse espaço para a troca de
dados e navegação na Web.
C a p a c id a d e d e t r a t a m e n t o
de
m ú ltip lo s fo r m a to s d e d o c u m e n t o s
A s novas tecnologias da inform ação propiciaram o surgim ento de
vários tip os de form atos para arm azen am en to de textos, im agem e som .
Assim , um pacote de software para adm inistrar uma biblioteca digital
deveria ter facilidades para o tra tam e n to de diversos form atos com o o
PDF, RTF, H TM L, X M L , D O C , GIF, JP E G e outros.
P o s s u i r in t e r f a c e s e r g o n ô m ic a s e a d a p t a t i v a s
C on siderando que o público usuário não é norm alm ente especializa­
do no m anuseio de com p u tado res e de linguagens de program ação, é
desejável que as interfaces oferecidas pelos pacotes de softw are de ad ­
m inistração de bibliotecas digitais utilizem padrões de ergonom ia com
vistas a facilitar o seu uso por parte dos usuários m enos especializados.
N esse contexto, não se deve esquecer a com u nid ad e usuária portadora
153
de deficiência física. Assim , com o propósito de inserção social e digital,
a ergonom ia das interfaces é um aspecto im portante a se considerar na
escolha de pacotes de softw are para adm inistração de bibliotecas digi­
tais. Deve-se verificar tam bém a existência de facilidades para adaptação
das interfaces às necessidades estéticas das bibliotecas digitais.
F a c ili d a d e s p a r a e s t r u t u r a ç ã o d o s d o c u m e n t o s
Determ inadas coleções necessitam de facilidades que proporcionem
um a e stru tu ra çã o hierárquica e que, in clusive, os p roced im en to s de
indexação do con teú d o considerem essa estruturação. U m exem plo d es­
se tip o de necessidade é o caso de uma coleção de revistas. Existem duas
alternativas para a sua estruturação: I) considerar a revista com o sendo
um a unidade de inform ação, com posta por várias subunidades represen­
tadas por cada um dos artigos contidos na revista; 2) considerar cada
artigo que a revista contém com o sendo um a unidade de inform ação.
C o n f i g u r a ç ã o d o s p r o c e d i m e n t o s d e in d e x a ç ã o
Essa funcionalidade dá ao administrador da biblioteca digital a possibili­
dade de definir os metadados que se tornarão os campos de busca, ou pontos
de acesso, aos registros de uma biblioteca digital. Alguns pacotes desoftware
oferecem essa funcionalidade e dão a possibilidade de escolher não apenas
os metadados que se deseja indexar, mas tam bém se o conteúdo integral do
docum ento deverá ser ou não indexado. O Qreenstone ofecere essa possibi­
lidade, oferecendo parâmetros para que se possa indicar se o conteúdo do
docum ento deve ser indexado, e até, a indexação de seções ou capítulos em
índices separados do conteúdo integral do docum ento. Dentre os pacotes de
software que serão apresentados, o Qreenstone é o único a oferecer essa
facilidade. Essa característica repercute na interface de busca, a qual o ferece
ao usuário a possibilidade de escolha dos metadados que poderão com por
uma estratégia de busca. Portanto, a existência dessa funcionalidade não é
apenas desejável com o característica, mas imprescindível para oferecer ao
usuário maior flexibilidade na construção de sua estratégia de busca.
P o s s u i m ó d u l o d e f o r m a t a ç ã o d e r e l a t ó r i o s o u s a íd a s
N em sem pre os pacotes de software de co n strução e adm inistração
de bib liotecas digitais oferecem facilidades para se form atar e gerar rela ­
154
torio ou para se configurar a apresentação de docu m en tos. Trata-se de
uma funcionalidade m u ito desejável, pois e ven tu alm en te o usuário tem
necessidades de im prim ir o resultado de uma busca. Em alguns pacotes
de software, com o o G reenstone, o usuário pode configurar a forma de
apresentação por m eio do uso da linguagem HTM L.
Foram detalhadas nesta seção as principais características desejáveis
em um pacote de softw are para adm inistração de bibliotecas digitais.
N em tod os os pacotes de software possuem tod as essas características,
são p oucos aqueles que possuem todas as facilidades apresentadas. A
seguir, será apresentada uma tipologia de pacotes de softw are para ad­
m inistração de bibliotecas digitais.
5 . T ip o lo g ia d e p a c o t e s d e s o f tw a r e p a ra
a d m in is t r a ç ã o
d e b ib lio t e c a s d ig it a is
C on form e m en cio n ad o a nterio rm ente, existem vá rio s pacotes de
softw are para adm inistração de bibliotecas digitais e cada um apresenta
funcionalidades específicas, mas nem todas atendem às necessidades
dos usuários que pretendem con struir e m anter um a biblioteca digital.
A s soluções de softw are, para se criar um a biblioteca digital e mantêla, vão desde o com p leto d esen volvim ento de um sistem a a partir de um
S G B D (Sistem a de G estão de Bases de Dados) co m o O racle, DB II, dentre
outros, até pacotes de software desenvolvidos para essa finalidade.
O to tal d esen volvim en to de um sistem a para adm inistrar um a bib lio­
teca digital nem sem pre é uma solu ção viável, ten d o em vista o alto cu sto
de desenvolvim ento e a dependência de recursos hum anos especializados
tan to em inform ática q u an to em inform ação com experiência nesse tem a.
Ap esar de os pacotes de software nem sem pre terem todas as fu n cio n a­
lidades desejáveis, ainda assim algum as delas poderão vir a ser úteis,
principalm ente qu an do esse pacote é um softw are open source, devido à
possibilidade de se inserirem m odificações de forma a atender às neces­
sidades específicas de cada aplicação.
O s pacotes de softw are para co n stru çã o e ad m inistração de bibliote­
cas digitais podem ser divididos nos seguintes tipos: I) softw are de c a ­
ráter genérico; 2) softw are de caráter específico.
155
P a c o t e s d e s o f t w a r e d e c a r á t e r g e n é r ic o
O s pacotes de softw are de caráter genérico são aqueles que podem
ser u tilizados para qualquer tipo de aplicação, podem ser u tilizados na
co n stru çã o de qualquer tip o de biblioteca digital. Isto significa que esses
p acotes de software são capazes de tratar, organizar, registrar e d issem i­
nar qualquer tipo de docum entos. Por exemplo, o pacote de software NouRau pode ser u tilizado para tratar, organizar, registrar e dissem inar q u a l­
quer tip o de coleção de docum entos, uma vez que ele utiliza um padrão
de m etadados com patível com o padrão Dublin-Core, que é genérico.
Sabe-se, à priori, que esse padrão não consegue descrever alguns tip os
de coleções, mas dependendo das exigências do usuário, ele poderá ser
adotado em uma gama variada de coleções.
A seguir, será feita uma breve descrição de cada um desses pacotes
de software. Devido à variedade de pacotes de software existentes, não
se pretende ser exaustivo enum erando tod os eles, mas será feita um a
breve descrição do softw are Qreenstone, e em seguida, será apresentado
um quadro (Q u a d ro I) com os pacotes de softw are conhecidos pelo a u ­
tor e suas características técnicas.
Qreenstone
Esse pacote de softw are foi desenvolvido pela U n ive rsity o f W a ik a to ,
da N o va Zelândia, no contexto do projeto N e w Zeland Digital Library
(w w w .n z d l.o rg ). O G reenstone (w w w .greensto ne.org ) oferece um a nova
forma de tratar, registrar e dissem inar inform ação na Internet. Trata-se de
um softw are open source, distribuído m ediante licença9 G PL. A versão
atu alm en te em distribuição é a 2.53. C on co m itan tem en te a essa versão,
o s d e s e n v o lv e d o r e s d e sse s o ftw a re e s tã o d is tr ib u in d o um n o v o
G reenstone, tod o redesenhado, denom inado G reenstone 3.0. A d is tri­
buição do G reenston e conta com apoio da U nesco. Seguem algum as das
funcionalidades desse softw are:
A m b ie n te s operacionais - softw are m ultiplataform a, executável ta n ­
to em am biente U N IX com patível, qu an to em am biente W in d o w s e M ac
O S X. D esenvolvido em linguagem C + + e PERL, utiliza utilitários, tod os
softw are open source, com o o M G (M anaging Giga), biblioteca de fu n ­
ções que facilita a indexação e recuperação de inform ação, o S G B D . Por­
tan to , atende ao requisito de portabilidade.
156
Fo rm ato s de d o cu m e n to s s u p o rta d o s “ O G reenstone, ao ser des­
carregado do seu portal, vem com plu gins'0 d esenvolvidos para tratar
determ inados tipos de form atos, com o por exemplo:
TEXTPlug - troto documentos com extensão .txt;
HTMLPIug - trata documentos com extensão htm ou html
PDFPlug - trato documentos com extensão PDF
RTFPlug - trata documentos com extensão RTF
WordPlug - trata documentos com extensão D O C
Esses plugins são fornecidos originalm ente pelo próprio G reenston e,
mas nada im pede que o usuário possa desenvolver um plugin específico
para tratar um determ inado tipo de d ocu m en to com características esp e­
cíficas definidas pelo próprio usuário. O softw are oferece essa facilidade.
Formato de armazenamento interno—O Greenstone, ao armazenar o con ­
teúdo de um documento, converte-o para um formato compatível com o XM L.
Padrão de m etadados - O riginalm ente, o G reenstone vem com a defi­
nição do padrão Dublin Core. N o entanto, com o ele é todo param etnzável,
pode-se definir um ou tro padrão de m etadados, que pode vir inserido no
docu m en to, no caso de d ocu m en to s em HTM L, ou em um arquivo em
form ato X M L , denom inado m etadata.xm l.
M odalidades de fun cion am ento - O G reenstone oferece três m o d ali­
dades de fun cion am ento: am biente local; am biente Internet; ou em CDR O M . Isso significa que o usuário poderá criar um a biblioteca digital em
seu micro, sem que ela seja acessível por um ou tro com putador. Da m es­
ma forma, o usuário poderá criar uma biblioteca digital, utilizand o outra
m odalidade de instalação, e torná-la disponível para acesso via W eb, a s ­
sim com o exportá-la para um disco C D - R O M , facilitando a sua in sta la ­
ção em outro com putador.
Forma de operação - A configuração de um a coleção no G reenstone
se dá por m eio de param etrização, cu jos parâm etros são arm azenados
em um arquivo do tipo TXT, denom inado C O N F IG .C F G . Recentem ente, as
últim as versões desse softw are tornaram disponível uma interface gráfi­
ca que facilita, àqueles não iniciados em program ação, a param etrização
de um a aplicação de bibliotecas digitais, de uma form a mais ergonôm ica
e dirigida. Trata-se de um a interface am igável e fácil de ser m anipulada
157
por pessoas não especializadas. Essa interface é denom inada G reenstone
Librarían Interface (G LI).
Padrões de interoperabilidade - O G reenstone em suas últim as ve r­
sões vem com dois padrões: o Z39.50, para busca distribuída, e o O A IP M H (Open A rch ives In itiative - Protocol o f M e ta d a ta Harvesting), p ro­
to co lo que perm ite a coleta de m etadados.
Formas de submissão de docum entos - A entrada de docum entos nos
repositórios criados e administrados pelo Qreenstone pode ser realizada de
três maneiras: por F T P ", por meio de um diretório, ou pasta e por meio do
protocolo HTTP. A té a presente versão, esse software não oferece a facilidade
de auto-arquivamento, ou seja, não existe a funcionalidade de o usuário sub­
meter, on-line, um determinado arquivo contendo o docum ento (upload).
Facilidades de apresentação e recuperação de inform ação “ O softw are
Qreenstone oferece um a funcionalidade que raram ente é oferecida por
ou tro s pacotes. Trata-se do parâm etro Classify, que perm ite a criação de
listas de d o cu m en to s ordenados por títu lo, autor ou qualquer o u tro
m etadado definido pelo adm inistrador da biblioteca digital. Essa facilida­
de perm ite ao usuário da biblioteca digital consultá-la por m eio de n a ve ­
gação ou visualização em listas classificadas. Essas listas podem ser tan to
ordenadas alfabeticam ente, quanto segundo uma determinada hierarquia.
A lé m disso, esse softw are perm ite que se especifique a forma de apre­
sen tação dos resultados de uma busca ou con sulta em linha.
Id io m a das in terfaces - A s interfaces do G re e n sto n e podem ser
visualizad as em vários idiom as, inclusive o português do Brasil.
P a c o t e s d e s o f t w a r e d e c a r á t e r e s p e c íf i c o
A o con trário dos pacotes de sofwtare descritos na seção precedente,
os pacotes de softw are de carácter específico são aqueles que foram d e­
sen volvid os para atender a determ inados tip os de aplicações. U m exem ­
plo desse tip o de pacote de softw are é o Open Jo u rn a l Systems (O JS). Esse
softw are foi desenvolvido para atender à dem anda de con stru ção e ad m i­
n istração de um a revista cientifica eletrônica. O IB IC T cu sto m iz o u esse
softw are para a língua portuguesa do Brasil e o distribui com a d e n o m i­
nação de Sistem a Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER ). Hoje, o
S E E R é utilizado por m ais de 15 (quinze) revistas científicas que estão
d isponíveis na W e b ( http://w w w .ib ict.b r/secao.p hp ?cat= SEER /Revistas).
158
Um outro exemplo de software nessa categoria é o TEDE - Sistema de
Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações, desenvolvido e distribuído
pelo IBICT.
No quadro 2 será apresentada uma lista de alguns desses software
com algumas de suas características técnicas. Da mesma forma que a
descrição da categoria anterior, não será feita uma lista exaustiva de pa­
cotes de software nessa categoria, tendo em vista a enorme variedade
desses pacotes e a exigüidade deste espaço. Será apresentado, portanto,
um pequeno conjunto de software.
Considerando que o termo bibliotecas digitais designa um sistema
de informação que trata tanto de informações referenciais quanto de con­
teúdos integrais, não poderia deixar de apresentar pacotes de software
open source para automação de bibliotecas, detalhados no quadro 3.
Quadro 1 - Relação de Pacotes de Software de Caráter Genérico (O pen Source)
159
Quadro 2 - Relação de Pacotes de Software de Caráter Genérico (Open Source)
160
Quadro 3 - Relação de Pacotes de Software de Caráter Específio (Open Source)
6 . C o n s id e r a ç õ e s fin a is
Foram apresentados, neste capítulo, alguns pacotes de softw are com
suas caracerísticas principais. É bom ressaltar que esses pacotes não são
os únicos existentes. A o contrário, são apenas alguns dos quais o autor
do cap ítulo pôde experim entar ou que faziam parte do seu conhecim ento,
resultado de estudo s de prospecção tecn oló gica realizados no la b o ra tó ­
rio de tecnologias da inform ação do IBICT.
Todos os pacotes apresentados têm um a característica com um , são
softw are open source, portanto, software livre, e quase todos funcionam
apenas em am biente Linux com patível. Existem , é claro, outras altern a ti­
vas de software, tan to livres q u an to com erciais. O leitor poderá identificálas na W eb utilizando m ecanism os de busca com o Google, Miner, A lta V ista
ou ou tro qualquer.
U m ou tro site m uito interessante e que traz sem pre m uitas novidades
em term os de tecnologias da inform ação para a con stru ção de b ib lio te­
cas digitais é o D-Lib M agazine, cuja uri é: http://ww w.dlib.org/.
161
N o ta s
1Soluções proprietárias são soluções comerciais cujos códigos fontes não
são entregues, mas apenas o código objeto.
2 Domínio público são pacotes de software disponibilizados ao público,
livre de qualquer custo ou taxas.
3 Entende-se por software open source aquele cuja distribuição acompa­
nha o seu código fonte. Isso significa que o usuário tem além do código
de máquina do software, o seu código fonte, o que lhe dá condições para
alterar e adequar o software segundo as suas necessidades e eventual­
mente distribuí-lo. Normalmente esses pacotes de software são livres de
custo, mas eventualmente eles podem ter um custo associado, segundo
os serviços que são oferecidos vinculados ao software.
4 DRAENSTOTT, Karen M. Analytical review of the library of the future,
Washington, DC: Council Libary Ressources, 1994.
5 Os próprios autores arquivam os seus trabalhos nos repositórios ele­
trônicos.
6 Entende-se por repositórios, bancos de dados contendo conteúdos com ­
pletos e respectivos metadados.
7 Segundo [Van de Sompel, Herbert & Lagoze, Cari] participaram da C on­
venção de Santa Fé dois tipos de atores:
data providers e service providers, os quais são defnidos como: “A
data provider is the manager of an e-print archive, acting on behalf of the
authors submitting documents to the archive.
A s pointed out above, the data provider of an open archive will, at least,
provide a submission mechanism, a long-term storage system and a
mechanism that enables third parties to collect data from the archive: A
service provider is a third party, creating end-user services based on data
stored in e-print archives. For instance, a service provider could implement
a search engine for mathematical e-prints stored in archives w orldw ide” .
8 SGBD - Sistema de Gestão de Bases de Dados; em inglês DBMS - Database
Management System
9 A licença GPL é uma forma de distribuição de software livre.
10 Plugin é uma espécie de módulo de programa que executa um tipo
específico de processamento.
" FTP é a sigla de File Tranfer Protocol. trata-se de um padrão para trans­
ferência de arquivos na Internet.
12 Desenvolvido por CERN. (http://cdsware.cern.ch/doiun/oad)
13 Desenvolvido pela Southampton University, (http://software.eprints.org)
1G2
14 Desenvolvido pelo Instituto Vale do futuro em parceria com a Unicamp.
(http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/)
15Desenvolvido pela Universidad de Monterrey, (http://copernico.mty.itesm.mx/
phronesis/project/phronesis 14.html)
16 Desenvolvido pela University Virginia Library e Cornell University, (http:/
/www.fedora.info/)
17 Desenvolvido pela MIT Libraries em parceria com a Hewlett-Packard
Company, (http://www.dspace.org/)
18 http://sofwatre.eprints.org/maillist.php
19 Desenvolvido pela University of British Columbia, (http://pkp.ubc.ca/ojs)
20 O IBICT customizou esse software para a língua portuguesa em cola­
boração com a University of British Columbia e o distribui sob a denomi­
nação de SEER
21 Desenvolvido pela University of British Columbia, (http://pkp.ubc.ca/ocs)
22 O Centro de Infomações Nucleares, da C N EN , em colaboração com o
IBICT, customizou o software O CS para a língua portuguesa e o IBICT o
distribui sob a denominação de SO AC .
23 Desenvolvido pelo IBICT, com apoio da FINER (http://www.ibict.br/)
24 Desenvolvido pela biblioteca da University of California, Riverside, (http:/
/infomine.ucr.edu/iVia/)
25 Desenvolvido por.... hhttpV/w ww.gnuteca.org.br/
26 Desenvolvido por Horowhenua Library Trust and Katipo Communications
(http://www.koha.org/)
27 Desenvolvido nas Filipinas (http://www.phpmylibrary.sourceforge.net/)
28 http://obiblio.sourceforge.net/
29 http://www.pizz.net/
30 O PA C significa On-line Public Access Catalog
R e f e r ê n c ia s
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163
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1 0
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tipping point for publishing reform? Journal of Electronic Publishing, v. 7,
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willinsky.html> . Acesso em: 22 mar. 2005.
164
Se/y M. S. Costa'
I.
In t r o d u ç ã o
C o m o ten h o dito em ou tros textos, a com u n icação científica c o n s ti­
tui um dos tópico s que têm sido m uito explorados e discutid os na ciê n ­
cia da inform ação, ao longo das ú ltim as quatro décadas. Por esse m otivo,
tem co n trib u íd o de form a significativa para a con stru ção de co n h ecim e n ­
to na área. C on seq üen tem en te, são vários os m odelos teóricos, as abor­
dagens e os contextos enco ntrado s na literatura para seu estudo. Isso,
por sua vez, reflete um a variedade de aspectos por m eio dos quais o
processo de com unicação entre pesquisadores tem sido estudado. A partir
p rincipalm ente da década de 90, estud o s sobre os im pactos que a in tro ­
dução de tecnologias da inform ação no am biente acadêm ico provoca na
com u n icação científica vêm co n trib u in d o para o enriq uecim ento do d e­
bate a respeito das questões p ertinentes ao tó p ico e que são, por co n s e ­
guinte, relevantes para estudo.
M ais recentem ente, observa-se um debate caloroso na literatura a
respeito de com o a com u n icação entre pesquisadores tem refletido as
m udanças provocadas pela in trod u ção das tecnologias da inform ação no
meio acadêm ico. U m a dessas m udanças diz respeito às interações no
PhD, CID/UnB, [email protected]
se i o
d a s c o m u n id a d e s c ie n t ífic a s , a s s im d e n o m in a d a s d e fo r m a g e n é r ic a ,
v i s t o q u e p o d e m s e r d e f in id a s e m d i f e r e n t e s n ív e is . É i m p o r t a n t e d e s t a ­
c a r, p o r e x e m p lo , q u e , e m u m
n ív e l m a is a b r a n g e n t e , o c o n c e i t o d e c o ­
m u n i d a d e c i e n t í f i c a in c l u i o s p e s q u i s a d o r e s , o s b i b l i o t e c á r i o s , o s p r o v e ­
d o r e s d e a c e s s o à In t e r n e t , o s c e n t r o s d e c o m p u t a ç ã o , e d i t o r e s , a g ê n c i a s
d e f o m e n t o e t c . E n e s s e n ív e l d e a b r a n g ê n c ia , p o r t a n t o , q u e s e c o n s i d e r a
a q u e s t ã o d a s t e c n o l o g i a s d i g i t a i s e o s m o d e lo s d e c o m u n i c a ç ã o c i e n t í ­
f ic a r e s u l t a n t e s d o s e u u s o , p o r p e s q u i s a d o r e s a c a d ê m i c o s , p a r a c o m u ­
n ic a ç ã o d e s u a s p e s q u is a s .
D e s s e m o d o , o c a p ít u lo a b o r d a c in c o q u e s t õ e s c o n s id e r a d a s e s s e n ­
c ia i s p a r a a d i s c u s s ã o d o t e m a e a p r e s e n t a u m p a n o r a m a s u c i n t o s o b r e o
que pensam
a lg u n s a u t o r e s q u e a s tê m
d e b a t id o n a lite r a tu r a r e c e n te .
P r im e ir o , d i s c u t e a q u e s t ã o d a c o m u n i c a ç ã o c i e n t í f i c a n o s d i a s a t u a i s ,
a p r e s e n t a n d o u m m o d e lo h í b r i d o q u e il u s t r a o p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o
c i e n t í f i c a e m f u n ç ã o d a c o e x i s t ê n c i a d o m e io im p r e s s o e d o m e io e l e t r ô ­
n ic o p a ra c o m u n ic a ç ã o d a p e s q u is a . S e g u n d o , c o m e n t a a lt e r n a t iv a s q u e
e s t ã o d is p o n ív e is a o s p e s q u is a d o r e s p a ra a c e s s o à in f o r m a ç ã o e m
te r­
m o s d e s e r v i ç o s b a s e a d o s n o m e io e le t r ô n i c o . T e r c e ir o , d i s c o r r e s u c i n t a ­
m e n te s o b re c o m o o a c e s s o a b e rto te m
in f lu e n c ia d o a d i s c u s s ã o a r e s ­
p e i t o d a a c e s s i b i l i d a d e d a i n f o r m a ç ã o c i e n t í f i c a n o s e io d a s c o m u n i d a d e s
c i e n t í f i c a s , m a is e s p e c i f i c a m e n t e n o q u e c o n c e r n e à s a g ê n c i a s d e f o m e n ­
t o , à s u n iv e r s id a d e s e a o s e d ito r e s . Q u a r t o , a r g u m e n t a c o m o u m a e s p é ­
c ie d e “ f i lo s o f i a a b e r t a ” t e m
in f l u e n c i a d o a c o m u n i c a ç ã o c i e n t í f i c a h o je .
F i n a l m e n t e , a p r e s e n t a r e s u l t a d o s d e p e s q u i s a q u e m o s t r a q u a i s r e f le x o s
podem
s e r o b s e r v a d o s n o B r a s i l, e s p e c i a l m e n t e n o q u e d i z r e s p e i t o à s
i n i c i a t i v a s c o m a r q u i v o s a b e r t o s n o P a ís .
2 .
U m
d e
m o d e lo
h íb r id o
c o m u n ic a ç ã o
d o
p ro c e s s o
c ie n t ífic a
Q u a n d o G a r v e y ; G r ifith ( 1 9 7 9 ) a p r e s e n ta r a m s e u m o d e lo d o p r o c e s ­
s o d e c o m u n ic a ç ã o , r e s u lt a d o d e u m e s t u d o a m p lo c o m
p e s q u is a d o r e s
d a p s ic o lo g ia , e c o m e n fo q u e n a q u e s t ã o te m p o r a l, c e r t a m e n t e - c o m o
t o d o a u t o r - g o s ta r ia m q u e o t r a b a lh o t iv e s s e u m fa to r d e im p a c t o e le v a ­
d o . N o e n t a n t o , p o d e m n ã o t e r im a g in a d o o i m p a c t o q u e o t r a b a l h o , d e
f a t o , t e v e n o e s t u d o d a c o m u n i c a ç ã o c ie n t í f i c a p o r e s t u d i o s o s d e o u t r a s
168
d i s c i p l i n a s e s o b r e p e s q u i s a d o r e s d a s m a is d i v e r s a s á r e a s d o c o n h e c i ­
m e n to . A
v e r d a d e é q u e o m o d e lo d e G a r v e y ; G r ifit h , p o r s e u a s p e c to
s e m i n a l n o e s t u d o d o p r o c e s s o , t e m s i d o a m p l a m e n t e e x p lo r a d o . S e r v e ,
a s s im , d e b a s e p a ra u m s e m - n ú m e r o d e o u t r o s e s t u d o s .
É im p o r t a n t e r e s s a lta r a a d a p t a b ilid a d e d o m o d e lo c o m r e la ç ã o a n o ­
v o s fa to re s q u e , a o p ro v o c a re m m u d a n ç a s n o p ro c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o
c ie n tífic a , re q u e r e m n o v a s fo r m a s d e r e p r e s e n ta ç ã o d o m o d e lo d e G a r v e y ;
G r i f i t h . A s s i m , n o v a s r e a li d a d e s , in t e r p r e t a d a s p o r s e u s a u t o r e s c o m o
m u d a n ç a s n o p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a , tê m s id o p o s s ív e is d e
s e r r e p r e s e n ta d a s c o m b a s e n o m o d e lo d o s a u t o r e s .
E o c a s o d o s im p a c t o s q u e a in t r o d u ç ã o d e t e c n o lo g ia s d e in f o r m a ç ã o
n o a m b ie n t e a c a d ê m ic o p ro v o c a n o p ro c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o e n tr e p e s ­
q u is a d o r e s . H u r d ( 1 9 9 6 ), a o e s t u d a r e s s a q u e s t ã o , e m r e la ç ã o a c ie n t is ­
t a s n a t u r a i s , p r o p ô s u m m o d e l o i n t e i r a m e n t e b a s e a d o n o m e io e l e t r ô n i ­
co. C o sta
(1 9 9 9 ) a e s tu d o u ta m b é m
em
r e la ç ã o a c ie n t is t a s s o c ia is e
p r o p ô s u m m o d e lo h í b r i d o d o p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o o n d e a c o e x i s ­
t ê n c i a d o s m e io s i m p r e s s o e e l e t r ô n i c o é il u s t r a d a . E n t r e t a n t o , p o d e m - s e
d e s t a c a r d o i s a s p e c t o s d o m o d e l o h íb r id o q u e lh e p e r m i t e m
se m a n te r
a p r o p r i a d o p a r a i l u s t r a r o p r o c e s s o , e n q u a n t o p e r d u r a r a r e f e r id a c o e x i s ­
t ê n c i a d o s d o i s m e io s : s u a a t u a l i d a d e c o m o f o r m a d e r e p r e s e n t a ç ã o d o
p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a e m d ife r e n t e s p e r ío d o s d e t e m p o e a
p o s s ib ilid a d e d e r e p r e s e n ta r d if e r e n t e m e n t e o p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o
e n tr e p e s q u is a d o r e s d e d ife re n te s d iv is õ e s d o c o n h e c im e n t o .
N o q u e c o n c e rn e à q u e s tã o d e m u d a n ç a s q u e o c o rre m
a o lo n g o d o
te m p o , a fo r m a d e r e p r e s e n t a ç ã o d o m o d e lo p e r m ite ilu s t r a r o p r o c e s s o
e m , p o r e x e m p lo , q u a t r o m o m e n t o s d i s t i n t o s . P r im e ir o , a r e p r e s e n t a ç ã o
d o p r o c e s s o d e s d e o s p r i m e ir o s e p i s ó d i o s d o u s o d e c o m u n i c a ç ã o e l e ­
t r ô n ic a , q u a n d o s e p o d e r e p r e s e n ta r a p r e s e n ç a p o u c o s ig n if ic a t iv a d o
m e io e l e t r ô n i c o e m t o d a s a s s u a s e t a p a s . S e g u n d o , s u a r e p r e s e n t a ç ã o n o
p e r í o d o c o m p r e e n d i d o p e la d é c a d a d e 9 0 , e m q u e h á u m a p r e s e n ç a s i g n i ­
f i c a t i v a d o m e io e l e t r ô n i c o , p o r é m i n f i n i t a m e n t e m a i o r n a c o m u n i c a ç ã o
in f o r m a l d o q u e n a f o r m a l. T e r c e ir o , a r e p r e s e n t a ç ã o d o p r o c e s s o n o s d ia s
a t u a i s , e m q u e s e o b s e r v a u m a r e p r e s e n t a t i v i d a d e u m p o u c o m a is e q u i l i ­
b r a d a n o s a s p e c t o s i n f o r m a i s e f o r m a i s d o p r o c e s s o , e m b o r a a i n d a m a io r
n a c o m u n i c a ç ã o in f o r m a l , e o c r e s c i m e n t o n a f o r m a l r e l a c i o n a d o c o m a
p u b lic a ç ã o , e m b o r a m a is e s p e c if ic a m e n t e e m
169
p e r i ó d ic o s . F i n a l m e n t e , a
re p re s e n ta ç ã o n o fu tu ro , em
q u e a s p e r s p e c t iv a s p a r e c e m
ser de u m a
r e p r e s e n t a t i v i d a d e c a d a v e z m a i o r d o m e io e l e t r ô n i c o e m t o d a s a s e t a p a s
d o p ro ce sso .
A f ig u r a I é u m a t e n t a t i v a d e il u s t r a r o p r o c e s s o c o m o o b s e r v a d o n o
m o m e n t o a t u a l, p r o c u r a n d o r e p r e s e n ta r a d im e n s ã o d a p r e s e n ç a d o im ­
p re s s o e d o e le t r ô n ic o e m c a d a u m a d e s u a s e ta p a s . É u m a a d a p ta ç ã o d o
t r a b a l h o d e C o s t a ( 19 9 9 ) , o q u a l a d a p t o u o t r a b a l h o d e H u r d ( 19 9 6 ) , q u e ,
p o r s u a v e z , s e b a s e o u e m G a r v e y ; G r i f i t h ( 19 7 9 ) . É i m p o r t a n t e n o t a r q u e
n a a d a p t a ç ã o d e H u r d n e m t o d a s a s e t a p a s d o m o d e lo d e G a r v e y ; G r i f i t h
e s t ã o r e p r e s e n t a d a s , v i s t o q u e a a u t o r a s i m p li f i c o u o m o d e l o . A s s i m , o
m o d e lo a q u i a p r e s e n t a d o t a m b é m r e p r e s e n ta u m a s im p lific a ç ã o d o m o ­
d e lo d o s a u t o r e s . A
n ã o le v a n d o e m
r e p r e s e n t a ç ã o r e f le t e a i n t e r p r e t a ç ã o d e s t a a u t o r a ,
c o n s id e r a ç ã o
n e n h u m a d iv is ã o e s p e c ífic a d o c o n h e c i­
m e n t o . N a v is ã o d o s le ito r e s , p o d e h a v e r u m a in t e r p r e t a ç ã o d ife r e n te , o
q u e e s t i m u l a o d e b a t e a r e s p e it o d a r e p r e s e n t a t iv id a d e d o m o d e l o h í b r i ­
d o p a r a o p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o c ie n t í f i c a , le v a n d o e m c o n t a a c o e ­
x i s t ê n c i a d o m e io im p r e s s o e d o m e io e le t r ô n ic o .
A p e s a r d a d in a m ic id a d e d o p r o c e s s o d e c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a , e m
f u n ç ã o d a s m u d a n ç a s q u e o u s o d e t e c n o lo g ia s d e in f o r m a ç ã o p r o v o c a , é
i m p o r t a n t e r e s s a l t a r q u e d u a s q u e s t õ e s t e n d e m a p e r m a n e c e r in a lt e r a d a s .
A
p r i m e ir a d i z r e s p e i t o a o u s o d o m e io e l e t r ô n i c o e m m a i o r e s c a l a n a s
e t a p a s d o p r o c e s s o c o n c e r n e n t e s à c o m u n i c a ç ã o in f o r m a l d o q u e n a q u e ­
la s r e l a c i o n a d a s à c o m u n i c a ç ã o f o r m a l, e m t o d a s a s á r e a s d o c o n h e c i ­
m e n t o . A s e g u n d a s e r e f e r e à s d i f e r e n ç a s d i s c ip l in a r e s e a t e n d ê n c i a , p o r
e x e m p lo , d e m a i o r p r e s e n ç a d o m e io e l e t r ô n i c o n a c o m u n i c a ç ã o f o r m a l
e n tr e c ie n t is t a s d a s á re a s e x a ta s e n a tu r a is d o q u e e n tr e c ie n t is t a s s o c i­
a is e h u m a n i s t a s .
E p o s s ív e l, n o e n t a n t o , e la b o r a r v e r s õ e s d i f e r e n t e s d o m o d e lo , d e p e n ­
d e n d o d a d iv is ã o d o c o n h e c im e n t o s o b re a q u a l se q u e r re p r e s e n ta r o
p r o c e s s o d e c o m u n i c a ç ã o . M a i s q u e is s o , o m o d e lo h íb r id o n ã o s o m e n t e
r e f le t e a c o e x i s t ê n c i a d o s d o i s m e io s n a c o m u n i c a ç ã o d a p e s q u i s a - c o ­
e x is tê n c ia e s s a q u e , p o r s u a v e z , p e rm a n e c e rá ta m b é m p o r m u it o t e m p o
- , m a s p e r m i t e , ig u a lm e n t e , r e g is t r a r a c o m p le m e n t a r id a d e g r a d u a l e c r e s ­
c e n t e d o m e io e l e t r ô n i c o e m r e l a ç ã o a o m e io im p r e s s o . N ã o o b s t a n t e , o
a s p e c t o c r e s c e n t e d a c o m p l e m e n t a r i d a d e d o s d o is m e io s p o d e r á s e t o r ­
n a r s u b s t it u iç ã o , p e lo m e n o s e m
r e la ç ã o a a l g u m a s d a s e t a p a s d o p r o ­-
170
Figura 1: Modelo híbrido do processo de comunicação cientifica, adaptado de Costa (1999)
cesso para as quais o meio impresso vem apresentando representatividade
cada vez menor, como é o caso da submissão de manuscritos a editores
e da notificação de aceitação/rejeição de trabalhos para publicação.
O u tro s aspectos parecem tender a se perpetuar refletindo a coexis­
tência dos dois meios. Entre eles, o registro formal do co n h ecim en to em
livros, periódicos e o u tro s form atos, assim com o os canais de acesso a
eles. Em o u tras palavras, ta n to a publicação da pesquisa q u an to os meios
de acesso aos con teú d os publicados parecem tend er a refletir a coexis­
tência do m eio im presso e do m eio eletrônico indefinidam ente. Isso, por
sua vez, tem reflexo nas bibliotecas com o coleções onde fontes de infor­
m ação estão organizadas e disponíveis, e nos serviços de inform ação
pelos quais se tem acesso às fontes e seus con teú d os. Há um núm ero
cada vez m aior de serviços de inform ação baseados no m eio eletrônico,
com vista s a tornar o acesso à inform ação rápido e dim inuir o g a p entre o
m om ento do registro do co n h ecim e n to e o m o m en to do acesso à infor­
m ação. Parece oportun o, portanto, apresentar um as poucas con sid era­
ções a respeito de alguns serviço s de inform ação para pesquisadores
científicos, disponíveis no m eio eletrônico.
171
3.
R á p id a s c o n s id e r a ç õ e s s o b r e s e r v iç o s d e
in f o r m a ç ã o p a ra a c o m u n id a d e a c a d ê m ic a ,
b a s e a d o s n o m e io e le t r ô n ic o
E possível pensar que desde que existem com putadores, existem, ta m ­
bém, serviços de inform ação eletrônicos. Sem dúvida, os serviços de in ­
form ação m uito cedo se beneficiaram dos d esenvolvim entos da c o m p u ­
tação. M ais ainda, da com binação da com putação e das telecom unicações.
A Internet, nesse contexto, vem contribuindo para tornar disponíveis cada
vez m ais, e rapidam ente, conteúdos, em princípio acessíveis em nível
global. Em princípio, porque a acessibilidade não depende apenas da d is­
ponibilidade, mas, e principalm ente, do letram ento tecn ológico e da for­
m ação (co n h ecim en to necessário ao entend im ento dos con teú d os d is­
p on íveis) dos usuários da inform ação.
N o meio acadêmico, uma série de questões tem provocado a adoção cres­
cente pela com unicação eletrônica. Primeiro, a pressão dos pares, das agên­
cias de fom ento e das próprias universidades (C osta, 2000). Segundo, o ch a­
m ado d e te rm in is m o te cn o ló g ico que tem m ostrad o a in flu ên cia da
disponibilidade sobre o uso de tecnologias1por mais que se reconheçam, na
literatura, fatores outros - particularmente sociais - responsáveis pela ado­
ção de tecnologias de informação (Gom es, 1999). Terceiro, o processo quase
natural de adoção de inovações, estudado por Rogers (1995), em que, preco­
ce ou tardiamente, com o ressalta Borgman (2 0 0 1), a maioria dos pesquisado­
res acadêmicos acaba por decidir pela adoção de tecnologias de informação
para com unicação da pesquisa. Há outros, não discutidos aqui. O que se
quer ressaltar é uma certa imposição sobre os pesquisadores, nos dias atu ­
ais, para que usem serviços de informação baseados no meio eletrônico. Es­
tes, por outro lado, constituem um meio de aumentar o acesso à informação
publicada, o que, por sua vez, aumenta a visibilidade dos pesquisadores.
De fato, a acessibilidade depende, em grande parte, do potencial de
serviço s de inform ação que propiciem uma busca rápida, dinâm ica e efi­
ciente. C o m o observa Law rence (2001), ao discutir a qu estão da m aior
visibilid ade de autores que têm seus trabalhos disponíveis on-line, com
acesso livre,
A disponibilidade on-line de um artigo pode não aumentar significativa­
mente acesso e impacto, caso não haja serviços de busca eficientes e
172
abrangentes, visto que um percentual substancial da literatura precisa
ser indexado por esses serviços antes que os cientistas o considerem útil.
Há, portanto, um número cada vez maior de produtos e serviços eletrô­
nicos de informação, os quais vêm se tornando indispensáveis aos pesqui­
sadores para o acesso à informação útil a suas pesquisas. Do ponto de
vista da comunicação científica, serviços, seus produtos e os conteúdos
que tornam disponíveis tendem a constituir um único locus, no sentido em
que algumas formas de organização da informação digital permitem a cria­
ção de repositórios onde autores depositam os conteúdos por eles gera­
dos, tornando-os imediatamente acessíveis a suas audiências. Um exem­
plo são os repositórios institucionais, comentados no item 5.
4. O acesso aberto e seu impacto nas
universidades, nos editores comerciais e nas
agências governamentais de fomento à pesquisa
científica
Brody; Harnad (2004) têm, persistentemente, chamado atenção para
o fato de que o acesso livre (open access) a resultados de pesquisa
maximiza o acesso à pesquisa propriamente dita, maximizando e acele­
rando o impacto dessas pesquisas e, conseqüentemente, a produtivida­
de, o progresso e as recompensas da pesquisa. Neste contexto, os auto­
res observam que o impacto;
• fornece a medida do ta m a n h o da co n trib u ição que a pesquisa dá a
' futuras pesquisas (publique ou pereça);
• gera futuros financiamentos de pesquisa;
• con trib u i para a p ro d u tivid a d e da pesquisa e para o apoio finan cei­
ro da in stitu içã o do pesquisador;
• avança a carreira do pesquisador;
• promove o progresso da pesquisa (grifos dos autores).
Em linha com o que observam Brody; Harnad, Lawrence (2001), apre­
senta resultados de uma pesquisa que mostrou um crescimento de 336%,
em média, nas citações a artigos disponíveis on-line, em relação a artigos
173
publicados off-line, na m esm a fonte. O autor ressalta que “ para maximizar
o im pacto, m inim izar a redundância e acelerar o progresso científico,
autores e editores deveriam visar a tornar a pesquisa fácil de ser acessada” .
O acesso tende, então, a ser a qu estão crucial do progresso científico em
qualquer área do conhecim ento.
N os últim os cinco a seis anos, tem-se identificado um m ovim ento en ­
tre pesquisadores acadêmicos, principalm ente das ciências exatas e n atu ­
rais, no sentido de que seus resultados de pesquisa estejam disponíveis,
gratuitam ente, o mais am plam ente possível. Com unidades científicas de
disciplinas com o a física, a m atem ática, a com p u tação e a biologia q u a n ­
titativa (arXiv: http://arxiv.org), a econom ia (RePEc: http://repec.org), as ci­
ências da vida (Pu b M ed Central: http://ww w.pubm edcentral.nih.gov), a
medicina e biologia (PloS: http://www.plos.org) e as ciências cognitivas psicologia, neurociência, lingüística, filosofia, biologia, entre outras disci­
plinas (CogPrints: http://cogprints.org), por exemplo, desenvolveram solu ­
ções am plam ente conhecidas.
Tais iniciativas provocaram um am plo e acalorado debate na literatura
m undial a respeito do n ovo m odelo de publicação, em que “ direito livre,
irrevogável, m undial e perpétuo de acesso ” a trabalhos publicados, com o
definido na R eu n ião de B eth esda de I I de abril de 2003 (B e th e sd a
S tatem en t..., 2003) é reivindicado em nível global.
Suber (2 0 0 3 ) cham a atenção para o fato de que o sistem a atual de
publicação é contrário a esse etos. De fato, com o ressaltam C h an ; C osta
(2 00 5), editores com erciais têm atribuído preços excessivos e im p osto
barreiras de perm issão sobre publicações de pesquisas que são am p la­
m ente financiadas com recursos públicos. N o entanto, a inform ação c i­
entífica e técnica é, fundam entalm ente, um bem público global, que deve
estar livrem ente disponível para o benefício de tod os (A lb erts, 2002). É
com preensível, portanto, o debate que se observa na literatura sobre o
tem a. A N ature, por exemplo, tem estim ulado essa discussão. Em data
recente, a N atu re publicou o resultado de uma enquete em que procurou
identificar qual seria o desejo dos seus leitores para 2005. A p ó s a c o n ­
clu são da pesquisa, a própria revista decidiu se incluir nos resultados,
apresentando seus desejos, cham ados de “ resoluções para os leitores da
revista” , e que incluem , entre o u tras idéias (Wis/i list 2005):
174
Boa informática: Resolva visitar uma biblioteca real para folhear periódi­
cos e livros em papel pelo menos uma vez em 2005. E lembre a você
mesmo e aos estudantes que o conhecimento disponível sobre um assun­
to não é restrito às respostas a buscas no Google;
Boa comunicação: Resolva ser bravo e compartilhe seu conhecimento
científico com o público em geral [....] Convide um jornalista para almoçar
a fim de se conhecerem mutuamente. Ofereça-se para falar a um grupo de
alunos da educação básica, ou mesmo do jardim de infância [...];
O que se depreende da brincadeira da Nature (há outras três reco­
mendações) com seu público é a importância que a visibilidade dos pes­
quisadores tem, a necessidade do acesso amplo à informação científica e
a imposição de que a informação científica deve estar disponível a todos,
por meio de serviços de informação diversificados e de qualidade.
Todo esse debate tem reflexo nas universidades, nas agências de fo­
m ento e no próprio governo. Em alguns países desenvolvidos, com o a
Inglaterra, essa questão tem sido objeto de deliberação por parte de go­
vernos, universidades e agências de fom en to há mais de cin co anos. N os
países em d esen volvim ento, nem tan to . O que tem ch am ad o mais a te n ­
ção são os reflexos que a q u estão do auto-arquivam ento tem provocado.
Chan; Costa (2005) ressaltam as experiências dos governos america­
no e britânico com relação ao papel que governo e agências de fomento
exercem nesse contexto e que reflexo isso tem sobre editores comerciais.
Os autores comentam que, nos países ricos, esses organismos
estão começando a questionar a eficiência do sistema de publicação atual,
dominado por interesses comerciais, e estão começando a demandar que a
pesquisa que eles financiam esteja tão amplamente acessível quanto possível.
No caso britânico, o Wellcome Trust, maior instituição privada de fi­
nanciamento do Reino Unido, anunciou seu apoio às iniciativas com aces­
so livre em 2003.0 Comitê de Ciência e Tecnologia da House of Commons
publicou, em 20 de julho de 2004, um relatório resultado de oito meses
de levantamentos sobre essa questão (acesso a publicações científicas)
no País. Duas das inúmeras recomendações do relatório são destacadas
no artigo de Chan; Costa:
175
O governo deve prover fundos para todas as universidades do Reino Unido
criarem repositórios institucionais de acesso livre;
Os autores de artigos baseados em pesquisa financiada pelo governo
devem depositar cópias deles em seus repositórios institucionais.
N o caso am ericano, Chan; C osta destacam a decisão da H ouse of
Representatives de que o N atio nal In stitu te o f Health (segunda m aior
in stitu ição de financiam ento para pesquisa nos Estados U n id o s) d e se n ­
volvam um a política de requerer que cientistas financiados pelo in stitu to
depositem seus artigos no PubM edCentral, quando aceitos para p u b lica­
ção em um periódico.
A s decisões e recom endações dessas instituições e países são m u i­
tas e m ostram a im portância da questão do acesso livre à inform ação no
seio da com unidade científica e da sociedade em geral. Têm , certam ente,
im pacto m undial. Urge, portanto, que países em desenvolvim ento, com o
o Brasil, realizem estudos e desenvolvam e im plem entem projetos que
visem à inserção do País nesse contexto. Recai sobre as bibliotecas u n i­
versitárias enorm e desafio. Sobre as com unidades científicas da ciência
da inform ação, desafio m aior ainda, assim com o da ciência da c o m p u ta ­
ção. A ssim , é fundam ental que se conheçam em profundidade, e se e s tu ­
dem nos cursos de form ação dessas áreas, as questões relacionadas com
o que se cham a neste cap ítulo de Tríplice A A , com o se d iscute a seguir,
visand o a dar uma noção genérica sobre os term os.
5. O
t r íp lic e A A : a c e s s o a b e rto ,
a r q u iv o s a b e r to s , a u t o - a r q u iv a m e n to :
in flu ê n c ia d e u m a
“ filo s o f ia ” a b e rta ?
U m a análise dos trabalhos apresentados na 7a International Conference
on Electronic Publishing-EIPub2003 (C osta; Moreira, 2003) revelou que
d entro da abordagem geral do tem a da conferência (publicações ele trô n i­
cas), o am biente acadêm ico é identificado com o o principal cenário ta n to
para pesquisa q u an to para desenvolvim ento, o que aponta para as c o m u ­
nidades científicas co m o seus principais atores. Pode-se, então, afirm ar
que à m edida que o m eio eletrônico, gradual e crescentem ente, su b stitu i
17G
o meio impresso no contexto da publicação eletrônica, as mudanças na
comunicação aumentam também, provocando crescimento e diversidade
nas interações entre pesquisadores e no desenvolvimento do conheci­
mento. Isso, por seu turno, acelera o acesso à informação.
Da mesma forma, mudanças paradigmáticas relacionadas com uma
necessária filosofia aberta estão progressivamente acontecendo, dando lu­
gar a uma nova ordem mundial que, por sua vez, é subjacente às preocupa­
ções de pesquisadores em relação à publicação eletrônica. Uma sumarização
das idéias discutidas nas sessões gerais da EIPub2003 mostrou, de fato,
que a tendência principal da comunicação eletrônica hoje parece ser em
direção a uma filosofia aberta, levantando questões sobre software aberto,
acesso aberto, arquivos abertos e outras (Costa; Moreira, 2003).
N este pon to, vale a pena ressaltar as explicações de Lagoze; V an de
Som pel (200 1) a respeito do term o arquivos abertos. O s autores obser­
vam que nesse term o, a palavra arquivo é usada para representar a idéia
de um repositório onde se arm azenam inform ações. Q u a n to à palavra
aberto, o sen tid o é de uma interface de m áquina aberta que facilite tornar
co n teú dos de diversos autores disponíveis, a u m en tan d o a visibilidade da
produção de com u nidades científicas.
Deusdará (2005) chama atenção para duas questões essenciais nessa
discussão. A primeira diz respeito às afirmações de Unsworth, intima­
mente relacionadas com a abordagem de Lagoze; Van de Sompel e o guarda-chuva técnico da interoperabilidade (abordagem da multiplicidade de
atores). A autora destaca, do trabalho de Unsworth (2004):
As economias envolvidas nesses sistemas são três: uma economia de pres­
tígio, primordial aos autores (produtores de conteúdo), importante mas
secundária para os outros atores; uma economia monetária, primordial
para os editores, não muito importante para os produtores de conteúdo
na maioria dos casos, e importante, mas não realmente primordial, para
as bibliotecas; e uma economia subsidiária, primordial para as bibliotecas
que são financiadas pelas universidades como um bem público, e mais
importante para os produtores de conteúdo do que eles geralmente ima­
ginam (Unsw orth apud Deusdará, 2005, p. 18).
A segunda, derivada do pensamento de Van de Sompel (2004), no
qual se registra:
177
-
Existe um a crescente insatisfação com o sistema de com unicação científi­
ca já estabelecido (...), resultado de vários fatores, incluindo o rápido
a u m en to do preço das assinaturas, a questão dos direitos autorais, a
lentidão entre o m om ento da obtenção do resultado e sua real publicação
e restrições q uanto ao que pode ser publicado e com o isso pode ser d is­
sem inado (Van de Som pel apud Deusdará 2005, p. 19),
N a v e rd a d e , a q u e s tã o d o p reço d as a s s in a tu ra s te m s id o u m a d as
p rin cip a is , se n ã o a p rin cip al m o tiv a ç ã o para o s m o v im e n to s d o a c e s s o
a b e rto e d o s a rq u iv o s ab erto s. Pro s se r (2 0 0 3 ) c h a m a a te n ç ã o para o fato
de q u e p o r três s é c u lo s o m o d e lo b ásico para a c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a
nas c iê n c ia s exatas e n a tu ra is p e rm an ece u im u tá v e l, c o m o p e rió d ic o c i­
e n tífic o n o p apel c e n tra l. C o n tu d o , o b s e rv a Prosser,
A confluência dos preços crescentes dos editores, os orçam entos restri­
tos das bibliotecas e as novas tecnologias eletrônicas de com unicação
estão criando o am biente certo para uma transform ação m arcante em
com o se com partilham novas informações dentro da com unidade desses
cientistas.
U m a d e ss a s tra n s fo rm a ç õ e s e s tá re la cio n a d a c o m o s re p o s itó rio s
in s titu c io n a is c o m o “ c o le ç õ e s d ig itais q u e c a p tu ra m e p re s e rv a m a p r o ­
d u ç ã o in te le c t u a l d e u m a u n iv e rs id a d e o u u m a c o m u n id a d e m u ltiu n iv e rs itá r ia ” . O a u to r c o m p a ra as fu n ç õ e s d o s p e rió d ico s tra d ic io n a is ,
n o m e a d a m e n te re g istro , ce rtific a ç ã o , aw are n ess e a rq u iv a m e n to , c o m as
d o s re p o s itó rio s in s titu c io n a is , o b s e rv a n d o q u e n e ste s a c e rtific a ç ã o n ã o
é g a ra n tid a , p elo m e n o s n o s m e sm o s m o ld es da “ revisão in d e p e n d e n te e
in te rn a c io n a l, p elo s p a re s ” . U m a p o ssíve l s o lu ç ã o , sug ere Proser, seria
um a rede de re p o s itó rio s in s titu c io n a is ligadas a p e rió d ico s re fe re n d a ­
dos, c a s o em que, em razão d o ace sso livre aos re p o sitó rio s in s titu c io n a is ,
o s p e rió d ico s te ria m , ig u a lm e n te , q u e p ro ver a ce sso livre.
N e s s e p o n to as idéias de Prosser e n c o n tra m eco no q u e H a rn a d e o u ­
tro s ( 2 0 0 1) classificam c o m o v ias verd e e d ourad a para o a ce sso ab erto. A
prim eira é rep resentad a pelo au to - a rq u iva m e n to p or p arte d o s a u to re s q u e
o b tê m p erm issão (sinal verd e) d os ed itores de p eriód icos q u e aceitara m
seus artig o s para p ub licação , de d ep ositarem seus tra b a lh o s em um s e rv i­
d or de a rq u iv o s ab erto s co m acesso livre. A segu nd a diz re sp eito ao s p eri ­
178
od íeos científicos e letrônicos de acesso livre. N a primeira, p o rtan to , o acesso
livre é g aran tid o pelos arq u ivo s ab erto s q u a n d o estes to rn a m d isp o n íveis,
liv re m e n te 1, artig o s p u b lica d o s em p erió d ico s cien tífico s referendados. N a
seg u n d a, o acesso livre é g aran tid o d ire ta m e n te pelos p róp rios periódicos.
O b s e rv e - s e q u e a ab o rd a g e m de H a rn a d e o u tro s tra z para d eb aixo
d o “ g u a rd a - ch u va té c n ic o para in te ro p e ra b ilid a d e p rá tic a ” , de Lagoze;
V a n de So m p e l (2 0 0 4 ), o s ed itores. Q u a n t o ao s re po sitó rio s in stitu c io n a is,
p ro v o ca m a e n tra d a d as b ib lio te c a s em cen a . Todos c e rta m e n te c e n tra d o s
na p re o c u p a ç ã o c o m a a c e s s ib ilid a d e a m p la e irrestrita à in fo rm a ç ã o , re­
s u lta d o d o m o v im e n to re ce n te em d ire çã o à filosofia a b e rta para o s ar­
q u iv o s em q u e o s c o n te ú d o s g erad o s p o r p e sq u isa d o re s e s tã o d is p o n í­
v e is , o s s o ftw a re s u tiliz a d o s na c ria ç ã o d e re p o sitó rio s d e d iv e rs o s tip o s
e o acesso , q u e s tã o c e n tra l e m to d a e ssa d iscu ssã o .
6 . R e s u lt a d o s
d e p e s q u is a
s o b r e a r q u iv o s a b e r to s
re c e n te
no
B r a s il
E s tu d o re c e n te (D E U S D A R Á , 2 0 0 5 ) in v e stig o u c o m o in s titu iç õ e s a c a ­
d ê m ic a s b ra sileira s, ta is c o m o u n iv e rs id a d e s e in s t it u t o s d e p e sq u isa ,
tê m re sp o n d id o ao m o v im e n to m u n d ia l n ã o s o m e n te d o s a rq u iv o s ab er­
to s , m a s ta m b é m de u m a e s p é c ie de b o rb u lh a n te filo sofia ab erta (C o s ta ;
M o re ira , 2 0 0 3 ). N e s te s e n tid o , ta n to o n ú m e ro c re s c e n te de s e rv iç o s e
p ro d u to s q u e tê m sid o criad o s - p a rtic u la rm e n te para p e sq u isa d o re s a c a ­
d ê m ic o s - q u a n to as m u d a n ç a s q u e tê m s id o o b s e rv a d a s n o a m b ie n te da
p e s q u is a s e n as c o m u n id a d e s c ie n tífic a s p arecem ser re s u lta d o d o a c a lo ­
rad o d e b a te e n c o n tra d o na lite ra tu ra , n o s ú ltim o s três, q u a tr o an o s , s o ­
bre tó p ic o s re la c io n a d o s c o m a In ic ia tiv a c o m A r q u iv o s A b e r t o s (Open
A r c h iv e s In it ia t iu e - OA / ). M a is q u e isso , s ã o c e rta m e n te p ro d u to d essa
e s p é c ie de filo so fia ab erta.
A p re o c u p a ç ã o c o m a q u e s tã o d o s a rq u iv o s a b e rto s, p e rió d ic o s e le ­
trô n ic o s , re p o s itó rio s in s titu c io n a is , b ib lio te c a s d ig ita is e tc , a p o n ta para
a n e c e ss id a d e de p e sq u isa s s o b re o tó p ic o , à m e did a q u e reflete n o v o s
p a ra d ig m a s para a c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a . Isso p o rq u e tê m su rg id o t a n to
n o v o s p ro b le m a s de p e sq u isa so b re o s is te m a de c o m u n ic a ç ã o c ie n tífic a ,
q u a n to n o v a s fo rm as de lidar c o m eles. C o m essa m o tiv a ç ã o em m e n te ,
in icio u - se, em ju lh o de 2 0 0 4 , u m e s tu d o cross-sectional, a ser re aliz a d o
179
regularm ente pelos próxim os dois ou três anos2, com o ob jetivo de ex­
plorar as experiências com arquivos abertos no Brasil. N a primeira etapa,
descrita nesta seção, o objetivo foi m apear as iniciativas brasileiras com
im plem entações relacionadas com arquivos abertos.
A s p e c to s
m e t o d o ló g ic o s d o e s t u d o
O estudo centrou o foco no uso do protocolo O A I- P M H (Open A rchives
Initiative-Protocol for M e ta d a ta Harvesting). N esse contexto, considerou
quatro tipos de iniciativas: o primeiro diz respeito ao envolvim ento inde­
pendente e direto de autores com o auto-arquivam ento. O segundo en vo l­
ve o desenvolvim ento e a im plem entação de repositórios institucionais. O
terceiro tipo se relaciona com iniciativas que visam a criar periódicos ele­
trônicos. Finalm ente, o quarto tipo de iniciativa considerada no estud o diz
respeito às que visam ao gerenciam ento de conferências e publicação dos
anais em form ato eletrônico, em am biente aberto.
U m a das s u p o siçõ e s do e s tu d o foi a de q ue o que vem sen d o
im plementado no País em term os de O A I, envolvendo a com unidade cientí­
fica, está de acordo com o que Lagoze; Van de Sompel (2 0 0 1) cham aram de
“ guarda-chuva técnico para interoperabilidade prática” (Figura 2). O s auto­
res discutem a multiplicidade de comunidades que exploram hoje a estrutura
técnica da O A I para coleta de metadados (m etadata harvesting), observando
que uma variedade de atores pode agora ser identificada no contexto das
com unidades de O A I- PM H , que incluem autores, editores, bibliotecários,
agências de fom ento etc. Isto é, comunidades científicas no contexto mais
amplo do termo, conforme discutido no item 2 deste capítulo.
U m a segunda suposição para o estudo foi a de que a com u nid ad e
científica brasileira deve estar con sciente do possível aum ento da sua
visibilidade, qu an d o torna seus con teú d os disponíveis por m eio de um a
im plem en tação baseada no O A I- P M H , interoperável. p ortanto. C o m o c i­
tad o anteriorm ente, a pesquisa de Law rence (2 0 0 1 ) ressaltou a relação
entre disponibilidade on-line de um trabalho e seu im pacto. N o en tan to ,
quer com acesso livre ou não. um a im plem entação baseada na O A I c o n s ­
titu i certam en te um fator que con trib u i para aum entar a visibilidade do
pesquisador.
Para a primeira etapa da pesquisa, a população investigada co m p re­
endeu 22 in stitu içõ es acadêm icas apontadas pelo IB IC T c o m o e n vo lvid a s
180
Fig u ra 2: Estrutura da Iniciativa com Arquivos Abertos para Múltiplas
Comunidades. Fonte: Deusdará, 2005. adaptado de Lagoze: Van de Sompel,
2001.
com OAI no Brasil. Das 22 instituições apontadas. 19 foram contatadas
por e-mail e três por telefone, visando a uma consulta mais aprofundada
sobre o trabalho com arquivos abertos realizado na instituição. Nove ins­
tituições responderam à primeira consulta (seis por e-mail), mas somen­
te quatro confirmaram ter implementado alguma iniciativa com arquivos
abertos: o Ibict, o Inpe, a UnB e a UCB.
U m a entrevista estruturada foi realizada com pessoas das quatro insti­
tuições, resultando na identificação de seis iniciativas, visto que tanto na
U n B quanto no Inpe foram identificadas duas unidades adm inistrativas dis­
tintas trabalhando com aplicações envolvendo O A I- P M H . O roteiro da en­
trevista consistiu de quatro grupos de questões, incluindo: características do
respondente (cuja intenção foi unicam ente a de deixá-lo(a) à vontade); tipo
de im plementação e suas características em term os de software usado, tipo
de aplicação, raison detre etc; percepções do respondente sobre vantagens e
desvantagens da O A I; e expectativas sobre o futuro da O A I no País.
Síntese dos resultados do estudo
Características dos respondentes:
Três respondentes são do sexo masculino e uma do sexo feminino.
Três têm formação em áreas das ciências sociais e humanas e um das
ciências exatas e naturais. Dois têm doutorado, um mestrado e um ba­
charelado. Os quatro são responsáveis pela implementação da OAI em
suas instituições.
181
Tipos de implementação e suas características:
Foi identificado o uso dos quatro tipos de iniciativas com arquivos
abertos,definidos no estudo, quais sejam: auto-arquivamento em qual­
quer repositório, repositórios institucionais, periódicos eletrônicos e anais
de conferências.
Todas as iniciativas identificadas usam o protocolo OAI-PMH, inde­
pendentemente do software adotado. Todas se baseiam em softwares li­
vres.
As iniciativas com arquivos abertos no País são lideradas por pesqui­
sadores (autores), editores e bibliotecários, confirmando o modelo de
interoperabilidade de Lagoze: Van de Sompel.
Os softwares utilizados e suas finalidades são:
• o ePrint, para auto-arquivamento, por parte do Ib ict , em uma apli­
cação que envolve o depósito, pelos autores, de artigos referendados
para publicação em periódicos, trabalhos apresentados em eventos e
relatórios de pesquisa:
• oTEDE, para repositório institucional da Universidade Católica de
Brasília, para o depósito de teses e dissertações:
• • o URLib Service, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesqui­
sas Espaciais para dois tipos de aplicações: repositório institucional
envolvendo o depósito de artigos de periódicos, capítulos de livros,
livros relatórios de pesquisa e outros documentos: anais de confe­
rências.
• o SEER (tradução para o português do Open Journal System, da
Universidade de British Columbia, Canadá), para a criação de perió­
dicos eletrônicos. Vem sendo usado pelo Ibict e pelo Centro de For­
mação de Recursos Humanos em Transportes (Ceftru), da Universi­
dade de Brasília.
• o SOAC (tradução para o português do Open Conference System,
da Universidade de British Columbia, Canadá) foi usado pelo Depar­
tamento de Ciência da Informação da UnB para a organização de duas
conferências internacionais.
Percepção dos respondentes
Na percepção dos respondentes da pesquisa, o principal objetivo da
182
implementação de iniciativas com arquivos abertos é ampliar a visibili­
dade dos autores e suas organizações, assim com o agilizar o processo de
publicação de trabalhos científicos. A perspectiva para o futuro, na o p i­
nião deles, é de que haja um crescim ento rápido na adoção de arquivos
abertos no País.
7. C o n s id e r a ç õ e s fin a is
Parece pertinente considerar o guarda-chuva técnico para interoperabi­
lidade prática co m o uma espécie de novo m odelo do processo de c o m u ­
nicação científica no que concerne à representação dos aspectos relacio­
nados com os atores do processo. N este sentido, o m odelo destaca a
inclusão gradual de novos atores do processo, levando-se em con ta que
as m udanças q u an to a essa q u estão se iniciaram pela ação de p esq u isa­
dores na qualidade de autores e usuários da inform ação científica. A ad e­
são gradual de editores e das bibliotecas, com o tam bém de agências de
fom ento, é um a qu estão inexorável e irreversível. O que aponta para n o ­
vas m udanças é o m odelo que envolve o pagam ento para dissem inação
(pagar para publicar, objeto de discussão em ou tros trab alh os). O m od e­
lo representa, no en tan to , a am pliação das fronteiras de um a igualm ente
nova com u nidad e científica form ada por adotantes, precoces ou tardios,
das inovações que arquivos abertos, periódicos eletrônicos e o u tras for­
mas de co m u n icação eletrônica representam .
183
N o ta s
1 É im po rtan te lem brar que o conceito de arquivo aberto não inclui o
acesso livre, com o destacado por Van de Som pel e outros autores.
2 Apesar de a pesquisa estar planejada para ser realizada, repetidamente, nos
próximos anos, não constitui um estudo longitudinal, visto que não envol­
verá o mesmo grupo de sujeitos sendo entrevistado ao longo desse período.
R e fe r ê n c ia s
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185
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira'
Patrícia Cristina do Nascimento Souto"
I . E v o lu ç ã o d o c o n c e it o d e in t e r f a c e
Ressaltar a importância da interface quando se analisa qualidade de bi­
bliotecas digitais é hoje condição sineq u a non. N o entanto, a interface nem
sempre foi considerada importante, pelo contrário, uma análise de sua evolu­
ção demonstra que já foi o com ponente do sistema de menor relevância, por
conta de dois fatores fundamentais: a limitação das máquinas em term os de
capacidade de processam ento e no fato dos sistemas serem utilizados por
um pequeno grupo de pessoas com alto grau de especialização.
O d esen volvim en to tecnológico, a extensão de seu uso a cada vez
m aior núm ero de pessoas com diversificados interesses e níveis de c o ­
nhecim ento, sua inserção no co tid ian o e em tod as as atividades h u m a ­
nas e a evolução cog nitiva ocorrida nos indivíduos no uso destas ferra­
m entas tecnológicas, form am um am biente propício para a co n stan te
reform ulação deste conceito. A s interfaces deixam de ser baseadas em
Coordenadora da Portcom/Rede de Informação em Ciências da Comunicação dos países de
língua portuguesa e do Núcleo de Pesquisa 'Design de Sistemas Virtuais Centrado no
Usuário” . Professora doutora do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da
ECA/USP. [email protected]
Pesquisadora da Portcom e do Núcleo de Pesquisa "Design de Sistemas Virtuais Centrado
no Usuário” , aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Comunicação, área de concentração em ciência da informação e documentação.
[email protected]
187
linhas de com an do e textos e com eçam a adicionar elem entos da lin g u a ­
gem visual, resultando em interfaces gráficas1, que am pliam as p o ssib ili­
dades e a qualidade do acesso, m anipulação e co m u nicação entre h o ­
mem e com putador.
N este sentido, interface passa a ser, de acordo com M oran (1 98 1) "a
parte de um sistem a co m pu tacio nal utilizada pelo usuário para interagir
física, perceptiva e con ceitualm en te com o próprio” . Esta definição a m ­
plia a noção do con ceito de interface, determ inando claram ente a p resen ­
ça de dois com p o nentes com plem entares:
• com p o nentes físicos - são os recursos tangíveis co m p o sto s por
dispositivos de h ard w are com os quais os usuários realizam as a tiv i­
dades m otoras e perceptivas (teclado, m ouse, teclado, tela, im pres­
sora, ícones, com andos, menus, ferram entas, dentre o u tro s) e, d is p o ­
sitivo s de softw are que possibilitam que o usuário interaja com o
sistem a, por m eio da im plem entação dos processos co m p u tacio n ais
necessários para con tro le dos dispositivos de hard w are: e
• com p o n en tes cog nitivos - são recursos abstratos d esenvolvidos
pelo sistem a a partir de diretrizes, conceitos e valores pré-definidos,
para priorizar os processos cog nitivos voltad os ao raciocínio, à in ter­
pretação e ao processam ento de inform ações do usuário d u rante a
realização de suas tarefas.
Descarte a presença dos com po nentes cognitivos, o co n ceito ainda
m antém seu foco e objeto de preocupação no sistem a com o um fim em si
mesmo.
A tu a lm e n te , o con ceito de interface agrega propostas e co n trib u i­
ções de várias áreas do con h ecim en to (com o engenharia cog nitiva, c iê n ­
cia da inform ação, psicologia e ou tras) e passa a centralizar sua p reo cu ­
pação no processo de interação homem-máquina e hom em -hom em através
da m áquina. Entende-se interação com o a relação entre usuários (c a te ­
gorias, expertise e sistem as), co n teú d os (tipos, níveis e relevância) e s is ­
tem as (interface, funcionalidades básicas e com plem entares) (Tsakonas,
Kapidakis, Papatheodorou, 2004).
Segu nd o Beaudouin (200 4)
...projetar a interação ao invés de d e se ­
n har a interface significa m udança do foco em busca da qualidade da
188
interação entre o usuário e o com putador: a interface de usuário é o meio,
não o fim ” .
C om esta proposta, a interface passa a ser percebida tan to co m o o
meio para a interação usuário-sistem a, q u an to com o um a ferram enta que
oferece os in stru m en to s para este processo co m u nicativo.
Considerar a interface com o o instrum ento para construção da interação
entre sistema e usuário apresenta uma série de desafios, sendo os principais:
(a) com o conhecer, estudar e apreender conhecim ento sobre os modelos
mentais que usuários têm em relação as suas interações com o mundo:
(b) com o articular, explorar e representar os m odelos m entais id e n ti­
ficados ju n to aos usuários em um projeto con ceituai coerente e que
se m anten ha co n tin u a m e n te alinhado as suas necessidades, co n tex ­
to, evoluções e m ovim ento ao longo do tem po e do espaço:
(c) com o acom p anh ar e considerar as evoluções nos m odelos m en ­
tais dos usuários:
(d) com o alcançar e gerenciar a efetividade e naturalidade na interação
entre hom em (m odelo m en tal) e o sistem a (interface representando o
m odelo con ceituai proposto) (Horgen, 2 0 0 1).
O co n ceito de interface co n tin u a evolu ind o e atingin d o novas gera­
ções que discutem cada vez m ais a aplicação de inteligência artificial2
para prom over interfaces mais adaptativas3, sensíveis ao entorno e focada
na tarefa e no m odelo m ental do usuário, form ando com isso o que se
denom ina de “ interfaces in telig en tes” . Esta nova geração de interfaces
visa to rnar a interação do usuário com a m áquina m ais eficiente (co m p le ­
tar tarefas com m enor esforço), m ais efetiva (fazer a coisa adequada na
hora certa e apoio ao processo de con stru ção do co n h ecim en to ) e mais
natural (suporte a linguagem natural) (Horgen, 2001).
En tretanto, criar e desenvolver uma interface com esse papel d e m a n ­
da que sua operacionalização seja co n stan tem en te alinhada às d efini­
ções, objetivos, estratégias e diretrizes delineadas na con cep ção do sis­
tem a. De outra forma, a evolução conceituai sobre interface se desconecta
do seu verdadeiro propósito que é alcançar m elhores níveis de p ro d u tiv i­
dade do usuário, configurando-se num d esalinh am ento potencialm ente
gerador de baixos níveis de adoção e uso de sistem as de inform ação.
189
2. A
in te r fa c e c o m o u m
in flu e n c ia m
d o s fa to re s q u e
a a d o ç ã o d a s b ib lio t e c a s d ig it a is
O s fatores que afetam a aceitação dos usuários e, co n seq ü e n tem e n ­
te, a adoção do sistem a, segundo o "M o d e lo de A d o çã o de Tecnologia"
(T A M ) d e T h o n g e ou tro s (200 2), são determ inados pelas percepções de
sua utilidade e facilid a d e de uso.
Facilidade de uso identifica a percepção de que inexiste esforço por
parte do usuário para m anusear o sistema. Q u an to mais fácil for a interação
do usuário com o sistem a, mais ele sentirá a utilidade do m esm o e cres­
cerá sua intenção de adotá-lo.
U tilid a d e d e te rm in a a p ercep ção de qu e o s is te m a a u m e n ta a
perform ance do usuário durante o desem penho de suas tarefas. Isto é
d eterm inante na adoção do sistem a, pois, segundo os autores do m odelo
acim a, usuários são m ais inclinados a adotá-los se eles podem propor­
cionar funções de m aior valor.
C om base neste m odelo de aceitação (T A M ), seus autores iniciaram
estud o s e pesquisas para identificar os fatores de adoção em bibliotecas
digitais. A p ó s um estud o de dois anos com mais de dois mil estudantes/
usu ário s da Electronic Library (E-Library) d a Open U niuersity o f Hong
(O U H K ), Thong e o u tro s (2004, 2002) propõem um “ m odelo de ace ita­
ção de bibliotecas d igitais" que está ilustrado na figura abaixo:
Figura 1 - Modelo de adoção do usuário de bibliotecas digitais (Thong e outros, 2004, 2002).
190
Este m odelo de adoção, co m p o sto de nove fatores agrupados em três
dim ensões, pode ser assim entendido:
I a. D im ensão - características d a interface - engloba os seguintes
fatores:
• term inologia - as palavras, sentenças, abreviações e linguagem de
indexação utilizadas afetam a com preensão dos usuários q u an to ao
con teú d o e sua estrutura de organização, exigindo ou não um esforço
para a atividade de recuperação de inform ações que pode co m p ro m e­
ter a experiência do usuário.
• design gráfico - afeta o estilo e a forma com o os usuários vão se
com u nicar com as bibliotecas digitais. Telas organizadas e bem d ese­
nhadas ajudam os usuários a escanear e identificar fácil e rapidam en­
te inform ações relevantes.
• navegação - proporciona contexto e flexibilidade para que o u su á ­
rio possa enco n trar as inform ações necessárias, in d ep en d en tes.d a
fonte e do local de arm azenam ento, u tilizando dois sub-sistem as exploração (browsing) e busca (searching).
2 a. Dim ensão - contexto organizacional - engloba os fatores:
• relevância do co n teú d o - qu an to m aior for o alin h am en to e a ade­
q u ação do co n teú d o às necessidades dos usuários, m aior será a per­
cepção deste q u an to à utilidade e usabilidade do sistem a.
• acessibilidade do sistem a - influencia a percepção de facilidade de
uso da biblioteca digital e tam bém a sua aceitação.
• visibilidade da biblioteca digital - o grau com que as inovações são
com u nicadas tam bém podem influenciar a aceitação pelos usuários.
3a. Dim ensão - diferenças in d ivid uais - engloba os fatores:
• auto-eficácia no uso de com putadores - mede o nível de autoconfiança
que o usuário tem ao usar um a biblioteca digital não familiar. É o
ju lg am en to individual sobre o nível de capacidade de utilizar novos
sistem as de inform ação.
• experiência com com p u tadores - reflete q u an to tem p o o usuário
lida com com pu tad ores e seu nível de expertise para tal e;
• con h ecim ento do dom ínio ou área tem ática da biblioteca - o co-
191
n h e cim en to que o usuário possui sobre o tem a tratado pode in flu en ­
ciar sua aceitação das bibliotecas digitais.
Conform e observado no modelo, quando as características da interface
propiciam espaço para a valorização das diferenças individuais dos u su á ­
rios dá-se o aum ento da percepção de facilidade de seu uso. Já os fatores
incluídos na segunda dim ensão - contexto organizacional - exercem im ­
pacto diretam en te sobre a percepção de utilidade do sistem a por parte
dos usuários.
C om base nestas discussões, depreendem-se vários e diversificados
desafios, características e funcionalidades a serem observadas no design
de interfaces.
3 . D e s ig n
d e in te r fa c e s
A rm s (2 0 0 0 ) ressalta que um a biblioteca digital é tão boa q u an to
assim for sua interface, pois ela pode facilitar e m elhorar a com unicação,
reduzir o esforço necessário para com preender a organização estrutural e
espacial dos con teú dos, localizar objetos digitais específicos no sistem a
e nas telas e proporcionar uma navegação fácil. Para C alitz (200 2), a m e­
lhor interface é aquela que não é notada, que leva os usuários a se focali­
zarem na inform ação e na tarefa, sem que percebam o m ecanism o usado
para apresentar a inform ação e desenvolver a tarefa.
O design de interface é parte integrante do m odelo conceituai do siste­
ma4, ju n tam en te com o design funcional (que especifica as funções a serem
oferecidas aos usuários) e design de m etadados (que especifica a estrutura
e esquem a de organização e descrição do conteúdo) (A rm s, 2000).
D e s ig n d e interface
D e s ig n fu n c io n a l
D a d o s e m eta d a d o s
Figura 2 - Modelo conceituai (Arms, 2000)
Deste modo, o projeto da interface que deve ser alinhado com as
especificidades, diretrizes e propostas definidas no modelo conceituai é
onde se determ ina a apresentação dos co n teú d o s nas telas e a form a de
interação a ser oferecida aos usuários para sua m anipulação.
C a r a c t e r í s t i c a s d a in t e r f a c e
Há um a série de características desejáveis em uma interface para b i­
b liotecas digitais, algum as delas (adaptadas deTedd, Large, 2005) são:
• clareza - falta de am bigüidade em term os visu a l, co n ce itu a i e
lin guístico;
• com p atibilidade - com o usuário final, com a tarefa e tam bém com
qualquer versão mais recente do sistem a, ou ou tro tipo sim ilar de
sistem a;
• co n sistên cia - interna em todos os subsistem as da biblioteca em
term os das categorias e do vocabu lário utilizado. Isto é, as m esm as
ações devem sem pre dar o m esm o resultado. A ssim com o co n s istê n ­
cia externa na entrega da inform ação;
• flexibilidade - a interface deve prover m uitas m aneiras do usuário
efetuar um a dada operação;
• passividade - a interface deve assum ir um papel passivo, p e rm itin ­
do que o usuário detenha o controle da interação;
• visibilidade — os efeitos de ações e objetos devem ser visíveis;
• eficiência - a interface deve m inim izar o esforço gasto para execu­
tar um a tarefa, por exemplo: reduzir m ovim entos dos olhos e mãos;.
• fam iliaridade para os usuários, u sando conceitos, linguagem e m e­
táforas do m un d o real dos usuários;
• diversidade e adaptabilidade - a interface deve sup ortar co n v e n ie n ­
tem ente tod as as classes de usuário e ser capaz de identificar in d ivi­
d u a lm e n t e c a d a u s u á r io e se a d a p ta r a ele, d e s e n v o lv e n d o ,
in terativam en te, uma linguagem adequada à interação entre ela e o
usuário em questão;
• com placência - a interface deve perm itir que o usuário recupere-se
de situações de erro, bem com o considerar que ele pode esquecer in­
formações já apresentadas; perdoando e prevenindo erros hum anos ine­
vitáveis e com u ns e provendo m ensagens construtivas nestes casos;
• conveniência — a interface deve permitir fácil acesso a todas as opera­
ções;
...
193
• prestim osidade - a interface deve ser prestativa, fornecendo ajuda
quando requisitada ou quando perceber que o usuário se encontra em
dificuldades. A ajuda pode se dar na forma de m ensagens de erro,
co n selhos etc., e deve ser clara e precisa, não con d u zin d o o usuário a
situações em baraçosas, nem exigindo dele con h ecim entos que ele
não tenha ou não possa obter pelo próprio sistema;
• im itação - a interface deve im itar o diálogo hum ano. Isto não sig ni­
fica necessariam ente o uso de linguagem natural, mas sim a explora­
ção de aspectos da co m u nicação hum ana não orientados a c o m a n ­
d o s, ta is c o m o o u so de e x e m p lo s , e x p la n a ç õ e s , a n a lo g ia s ,
com parações, descrições etc;
• naturalidade - a interface deve se com unicar com o usu ário de m a ­
neira natural, não exigindo o co n h ecim ento de term inologia não refe­
rente à tarefa;
• satisfação - a interface deve satisfazer o usuário e não gerar fru stra­
ção. Ela não deve dem orar na resposta e deve perm itir que o usuário
obtenha ajuda em qualquer po n to da interação;
• personalização - a interface deve possibilitar ao usu ário interagir
com o sistem a no sentid o de custom izá-lo de acordo com seu in te ­
resse, perfil ou preferências;
• naturalidade e intuitividade.
F u n c io n a lid a d e s d a in te r fa c e
A interface de um a biblioteca digital pode ter as seguintes fu n cio n a ­
lidades (adaptadas deTedd; Large, 2005, Dreher e outros, 20 04 ):
• prom over um a visualização global do con teú d o da biblioteca - a
interface deve possibilitar ao usuário a com preensão rápida e geral do
co n teú d o da biblioteca digital;
• apresentar a inform ação em m últiplos form atos — desen volver té c ­
nicas e sistem as que suportem diferentes formas de visu aliz ação do
con teú do, de acordo com sua natureza e com a necessidade e co n tex ­
to do u su ário (im agens, tex to s, coleções de tex to s, té c n ic a s de
visualização em duas ou três dim ensões, gráficos, diagram as, im a­
gens interativas, realidade virtual, sim ulações, GIS, veto res espaciais,
busca probabilística ou conceituai, mapas conceituais, dentre outras).
194
• oferecer m ecanism os de recuperação de in fo rm a ç ã o - e x iste m duas
m aneiras para se prover acesso ao co n teú d o das bibliotecas, o m eca­
nism o de busca (searching) e o de exploração (browsing) que signifi­
ca a navegação por m enus de vários tipos, texto e imagem e menus
pud-down. A apresentação da inform ação resultante da busca deve
ser apresentada de forma clara, co n siste n te e segundo algum critério
definido de priorização do con teú do, habilitando os usuários a sele­
cionarem o que é relevante.
• auxiliar / orientar - interfaces de ajuda tem um a função específica
no que tange a facilitar a com p reensão dos usuários sobre o sistem a,
dirim ir dúvidas operacionais ou de con teú d os e auxiliar os usuários.
Isto pode ser feito de várias m aneiras: to u r guiados, m anuais, orien ­
tações etc.
4 . E m b a s a m e n to
d o d e s ig n
d e in t e r f a c e :
e n t e n d im e n t o d o s u s u á r io s
Para atingir tod o o potencial das bibliotecas digitais e a u m en tar a
probabilidade de sua adoção e uso, o design e/ou as m elhorias de suas
interfaces exigem uma efetiva identificação, en tend im ento e trad u ção das
necessidades e co m p o rtam en to s inform acionais de seus usuários. Este
e n tend im ento pressupõe que o design incorpore, dentre suas atividades,
de forma co n tín u a e sistem atizada, estudos ju n to aos usuários visand o
ter m elhor com preensão de seus m odelos m entais cog nitivos em s itu a ­
ção de resolução de problem as e tom ada de decisão.
Estudar usuários, de acordo com a ciência da inform ação, pode ser
v isto sob dois prism as distintos:
• estudos de uso - que se focam nos aspectos de usabilidade do
sistem a:
• estudos de usuários - que se focam na análise do co m p o rtam en to
interno e/ou exteriorizado pelos sentidos, q u e perm ite aos indivíduos
construir e projetar seu m o vim en to através do tem p o e do espaço.
Englobam análises e o b servaçõ es da interação e uso de inform ação
pela com u nidad e independentem ente do sistem a.
Estas duas perspectivas de estudos, identificados respectivam ente
com o “ centrad o s no siste m a” e “ centrados no usu ário” , são evid encia­
das por Savo lain en ( 1993), o qual relata que o pesquisador pode escolher
entre dois tip os ideais de p on tos de vista ou perspectiva a partir da qual
irá en tend er os problem as de busca e uso da inform ação. O p o n to de
vista do interm ediário (sistem a) ou do usuário (in divíduo) da inform ação.
Cada um a dessas perspectivas im plica em diferentes interesses em rela­
ção aos processos de busca e uso da inform ação, pois refletem posições
opostas dos atores dentro da cadeia de com unicação (Figura 3).
Figura 3 - Perspectivas ou abordagens para entender os problemas de busca e uso da informa­
ção (Savolainen, 1993)
Dervin e N ilan (1986) m encionam que o estudo centrado no sistema
(tam bém denom inado estudo centrado na instituição ou estudo tradicio­
nal) foi d om inante durante m uito tem po. Estudos desta natureza caracteri­
zam todas as funções de com unicação (ex.: arm azenam ento, recuperação,
distribuição, busca e uso da inform ação) em term os do sistem a. Seus
questionam entos são focados no uso que os indivíduos fazem do sistema.
Ja a perspectiva
centrada no usuário
(ou estudos altern ativo s) sur­
ge a partir da década de 1970, quando se evidencia a prem ência em a m ­
pliar os focos das pesquisas, concentrando-se nos atores individuais dos
processos de busca e uso da inform ação, dentro de contextos sociais,
práticos e culturais.
En q u an to os estudos orientados a sistem as exam inam o que a co n te ­
ce no am bien te inform acionai externo ao indivíduo, os estud o s o rie n ta ­
dos a usuários exam inam tam bem as necessidades e preferências psico-
196
lógicas e cog nitivas internas do indivíduo e com o elas afetam os padrões
de procura e co m u nicação da inform ação (C ho o, 1998).
O desen volvim en to de estudos de usuários pode ser feito com uso de
três abordagens:
• Abordagem de V alo r Agregado de Robert Taylor
• A bordagem do Processo C o n stru tivista de Carol K uhlthau
• Abordagem de Sense-Making de Brenda Dervin.
Cada um a destas abordagens tem seu foco em fases diferentes do
processo de estu d o s de usuários: a de Taylor se concentra mais na tra d u ­
ção e operacionalização das necessidades inform acionais dos usuários
para o sistem a, e n q u an to Dervin enfatiza mais a fase anterior a estas
atividades, que é a identificação e e n ten d im en to de necessidades e c o m ­
portam ento inform acional. Já Khulthau enfatiza o estud o e análise do pro­
cesso de busca e uso da inform ação na situ ação ou tarefa específica do
usuário referente à pesquisa bibliográfica.
A bordagem do V a lo r Agregado - Robert Taylor
Esta abordagem considera com o “ valo r agregado” os processos, as
características ou os atrib u to s que, um a vez adicionados aos dados e
inform ações, os tornam de m aior valor para o usuário.
D e sen vo lvid o na década de 70, e ste m odelo é c o m p o sto de três
m ódulos: — o usu ário ou cliente com seus problem as, necessidades e
interesses; - a interface entre o sistem a e o cliente, onde fica o d en o m i­
nado
espaço de n ego ciação” 5 e - o sistem a propriam ente dito, que é
definido com o um co n ju n to coerente de processos e atividades que agre­
gam valor à inform ação e produzem diversos resultados (Taylor, 1986).
Sua base de susten tação emerge do que Taylor denom ina de "am b ien te de
uso da in fo rm ação” (Figura 4).
Este
am b ien te de uso da info rm ação” é definido com o sendo - um
co n ju n to de elem entos que afetam o fluxo e uso da inform ação para d en­
tro e para fora de entidades definidas ou de grupo de clientes; — e que
determ inam os critérios através dos quais o valor da inform ação será
julgado. Im plica em se descrever a organização, as pessoas e os proble­
mas. (Taylor, 1986). Portan to, o e n ten d im en to das peculiaridades, sem e­
197
Ihanças e diferenças na busca e uso da inform ação de grupos específicos
será o input para a operacionalização de processos executáveis no siste ­
ma e na interface que, posteriorm ente, serão concretizados e se tornarão
d isponíveis aos usuários na resposta do sistem a (output) .
Entrada de dados e
Descrições de
dados e
informações
Restrições /ameaças e
oportunidades tecnológicas
Figura 4 - Modelo de Valor Agregado de Robert Taylor (1986).
A bordagem do Processo Construtivista - C a ro l Kuhlthau
Esta abordagem enfatiza a ocorrência de estados afetivos e cog nitivos
que n aturalm en te surgem num processo de busca da inform ação. O eixo
central da abordagem de K uhlthau (1 991) é o “ Processo de Busca de In ­
form ações” (Inform ation Search Process - ISP) considerado co m o a a tiv i­
dade co n stru tivista do usuário para encontrar significado a partir da in ­
form ação, a fim de am pliar seus c o n h e cim e n to s sobre d e te rm in a d o
problema ou assunto. Esse processo ocorre em fases experim entadas pelos
indivíduos à m edida que constroem sua visão de m undo, através da assi­
m ilação de inform ações novas. A análise destas fases deve incorporar
três dom ín ios de atividades: físico (ações realm ente executadas pelos
usuários): afetivo (sentim en to s experim entados) e cog nitivo (idéias rela­
cionadas ta n to ao processo qu an to ao conteúdo).
En tenden do que busca de inform ação é um processo de elaboração
que envolve o con ju n to de experiências pessoas e sentim entos, bem com o
idéias e ações, K uh lth au (1991) delineia seu m odelo identificando as fa­
198
ses acim a m encionadas e detalh ando as experiências dos usuários em
cada um a delas.
• Fase I - Iniciação - fase em que o indivíduo se con scientiza da falta
de conhecim ento, inform ação ou en tend im ento para resolver um pro­
blema, enfrentar um desafio, acom p anh ar um projeto, alocar um re­
curso ou tom ar uma decisão. O s sen tim en to s que afloram nesta fase
são a incerteza, ansiedade e apreensão. O s pensam entos (co g n itivo )
se referem à con tem plação do problem a, com preensão da tarefa e re­
lacio nam en to do problem a a experiências anteriores. A s ações exe­
cu tad as englobam a discussão e a tarefa mais apropriada é reco nh e­
cer a necessidade de inform ação.
• Fase 2 - Seleção - ocorre quando a tarefa é identificar e selecionar a
área ou tópico genérico a ser investigado ou a abordagem a ser feita.
Q u an d o a seleção se concretiza e o usuário se sente pronto para iniciar
a busca, sentim entos de alívio, otim ism o e prontidão para com eçar a
pesquisa são com uns. C ogn itivam ente ocorre o julgam ento da infor­
m ação frente aos interesses pessoais, requisitos de trabalho e tem po
alocado. A ação tom ada é a de conferir a inform ação com outras pesso­
as. A tarefa mais apropriada é a de identificar um tópico genérico.
• Fase 3 - Exploração - fase mais difícil para os usuários e de m aior
com plexidade para os fornecedores e designers de sistem as e servi­
ços de inform ação. A tarefa aqui é investigar inform ação d entro do
problem a geral, a fim de aum entar o enten d im en to pessoal sobre o
m esm o. A inabilidade de expressar precisa e claram ente a inform ação
que se necessita im pacta na com u n icação entre o usuário e o sistem a
ou mediador. O s sen tim en to s com u ns são confusão, incerteza, d ú vi­
da, inadequação e frustração com o sistem a, p rincipalm ente quando
a inform ação é in co n sisten te ou incom patível. Pode ocorrer vo n ta d e
de abandonar tod o o processo. Em term os cog nitivos, o usuário b us­
ca tornar-se suficientem ente inform ado e orientado sobre o tem a, para
form ar o foco ou o p o n to de vista pessoal. A ação mais com u m é
localizar a inform ação sobre o tó p ico em geral e estender o e n te n d i­
m en to pessoal sobre o assu nto.
• Fase 4 - F o rm u la çã o - fase em que ocorre o tum ing point (p o n to de
virada) do processo de busca da inform ação. O s sen tim en to s de in ­
199
certeza dim inuem à medida que o entendim ento aum enta e surge uma
sensação de m aior clareza. A tarefa aqui é formar um foco a partir da
inform ação encontrada na fase anterior do processo. A ação mais
com u m é ler as anotações sobre os tem as e a tarefa mais apropriada é
form ular foco a partir da inform ação encontrada.
• Fase 5 - C oleta - fase onde a interação entre usuário e sistem a de
recuperação de inform ação se torna mais efetiva e eficiente. É a coleta
de inform ações para o problem a em foco. A sensação é de um a dire­
ção mais clara, proporcionando maior confiança para o aprofundam ento
do tem a. O interesse aum enta e pensa-se em definir, estender e dar
apoio ao tóp ico selecionado. Fisicam ente, a ação mais com u m é a de
procurar inform ação relevante e focada e a tarefa mais apropriada é
reunir inform ação pertinente ao foco.
• Fase 6 - A presen tação - a tarefa é com pletar a busca e resolver o
problem a em questão. O s sen tim en to s são de alívio e satisfação. O
estado cog n itivo está mais claro e focado. A ação m ais com u m é
sintetizar de forma personalizada o tópico ou o problem a e a tarefa
apropriada refere-se a com pletar a busca e preparar-se para apresen­
tar ou usar seus resultados.
Abordagem Sense-Making - Brenda Dervin
A abordagem "Sense-Making"6 busca avaliar com o os usuários perce­
bem, compreendem e sentem suas interações cotidianas e com o usam a
informação e outros recursos neste processo. Tem com o foco de estudo o
processo de construção de sentido, definido por Dervin ( 1983) com o a ativi­
dade hum ana de observação, interpretação e compreensão do m undo exte­
rior, inferindo-lhe sentidos lógicos, advindos do uso de suas experiências.
Esta abordagem enfatiza o aspecto processual de co n stru ção da in ­
form ação pelo indivíduo, e considera que, na busca de criação de signifi­
cado, as pessoas se m ovem ao longo de um continuum de tem po-espaço
em co n stan te m utação.
Este m odelo se operacionaliza a partir de três in stru m en to s especifi­
cam en te desenvolvidos:
• Instru m en to I - m etáfora da co n strução de sentido ou trin ô m io do
Sense M a k in g - com p o sta pelos elem entos - Situ ação: con tex to no
200
tem po e no espaço onde o sentido é con struíd o e a necessidade de
inform ação emerge. G aps ou L acu n as7- pontos em que o usuário tem
pouca ou nenhum a com preensão do processo e isto o leva a inter­
rom per seu cam inh o. Usos/help - se refere ao uso ou não uso da
inform ação pelo indivíduo na busca de sentido. O peracionaliza-se na
forma com o as respostas, que o sistem a provê, atendem (ou não) às
necessidades de inform ação dos usuários. Esta m etáfora pode ser
assim representada:
SITUAÇÃO
USO DA INFORMAÇÃ O
•Como você acha que as respostas
•Qual foi a situação que levou
você a procurar por informação?
puderam lhe ajudar (ou não ajudar)?
•O que você sentiu?
•O que você estava tentando alc an ç a r/
acom panhar?
G A P D E IN FO R M A Ç Ã O
•Que questões você tinha na mente?
•O que você queria descobrir mais?
Figura 5 — Metáfora da Construção de Sentido ou trinômio do Sense-Making.
• Instrum ento 2 - Operacionalização das variáveis do Trinôm io - com o
consolid ação dos estudos desenvolvidos por Dervin e seguidores d u ­
rante os ú ltim o s 13 anos, já foi possível a con stru ção de uma série de
categorias para codificação e análise das situações, lacunas e usos
passíveis de serem aplicados em estudos de qualquer natureza.
• In stru m e n to 3 - m étodos de coleta de dados (5 m étodos) - esta
abordagem , dada a sua especificidade na forma de coletar dados, de­
senvolveu até o m om ento cin co técnicas de en trevistas distintas para
atender a diferentes propósitos: ( I ) Micro-Mom ent Time-Line Interview',
(2) N eu tra l Questioning; (3) Helps/Hurts C haining; (4) Close-ended
Sense-Making Interview : e (5) Message 9/ing Interview . A s principais e
m ais utilizadas técnicas são as duas primeiras.
E s t u d o s d e u s o / u s a b ilid a d e
O s estudos de uso, denom in ação dada por Dervin e N ilan (1 9 8 6 )
para os estudos de usuários tradicionais, ganham espaço e n otoriedad e
201
q uando o co n ceito de usabilidade passa a ser foco de pesquisa tam bém
de várias áreas do co n h ecim en to com o a ciência da com p u tação , p sico ­
logia, ergonom ia dentre outras.
A s perspectivas sobre usabilidade têm evoluído ao longo do tem po, pas­
sando de uma preocupação mais centrada no desenvolvim ento de artefatos
com putacionais para atendim ento a necessidades físicas dos usuários e, a tu ­
almente, aparece mais centrada às necessidades e capacidades cognitivas
dos usuários durante o processo de interação com os sistemas (A rm s, 2000).
De acordo com a IS O 9 2 4 l- l I (Q u id an eeo n usability), usabilidade é
a “ extensão que um p roduto pode ser usado por usuários específicos,
para alcançar ob jetivos determ inados de efetividade, eficiência e satisfa­
ção em um con tex to de uso definido” .
A in d a não existe co n s e n s o para a d e te rm in a çã o de crité rio s de
usabilidades especificam ente aplicados para bibliotecas virtuais, m uito
em bora Saracevic (2 0 0 4 ) m encione que tais estudos têm sido largam ente
utilizados para suas avaliações.
Dentre os vários estudos já desenvolvidos (Dias. 2003; Blandford;
Buchanan, 2003; Tedd; Large, 2005), os critérios mais utilizados (m uitos
deles definidos com base nos critérios d ejaco k Nielsen, 1994) são:
• con teú do: acessibilidade, disponibilidade, claridade, complexida- de, grau em que é inform ativo, transparência, entend im ento e esforço
de en tendim ento, adequação, qualidade, validade, dentre outros.
• processos: que se refere a conseguir realizar busca, exploração
(browsing), avaliar e obter um recursos. O s critérios envolvem a c a ­
pacidade para aprender e o esforço para utilizar, conveniência e facili­
dade de uso, apoio para executar ações, dificuldade de interpretação,
taxa de erros, dentre outros.
• form ato: atratividade, esforços de sustentação, consistência, repre­
sentação de con ceitos, dentre outros.
• avaliação geral: satisfação, sucesso, qualidade da experiência, bar­
reiras/irritabilidade, dentre outros.
• funcionalidades do sistem a: recursos, produtos e serviços d isp o n í­
veis para a execução de d istintas tarefas.
• uso: utilzação do sistem a em relação as tarefas, locais, horários e
outros.
202
• habilidade de aprendizagem ( le a m a b ility): medida im p ortante para
que as interfaces de bibliotecas digitais possam m elhor apoiar os p ro­
cessos mais com plexos de acesso, busca e uso da inform ação.
Estudos de usabilidade em bibliotecas digitais podem ser realizados
utilizando técn icas variadas, tais com o: le vantam en to s diretos e on-line,
entrevistas estruturadas, focusgroup, observações, acom p an h am en to de
tarefas, estudos de casos, análises de log, análise de registros e de uso
da biblioteca digital, docu m en tos, análise da com u nicação (a n tro p o lo ­
gia). C ada uma destas técnicas tem suas aplicações, forças e fraquezas.
5 . C o n s id e r a ç õ e s f in a is
O design de interfaces de bibliotecas digitais sofrerá as influências e
im pactos da evo lu ção de con ceitos e abordagens tais com o a c o m p u ta ­
ção ubíqua, a m obilidade, acessibilidade e as estratégias de integração; e
tam bém o am ad u recim ento dos usuários na busca e uso de inform ação
digital.
N este contexto, é im portante lem brar que, apesar de term os dado
foco neste capítulo, a interface para usuários finais, entend em o s ser e s­
sencial a análise e consideração das m esm as questões para as interfaces
necessárias a to d o s os atores do processo de uso das bibliotecas digitais
(criação, publicação e com u n icação científica), tais com o produtores,
gestores e distribuidores de co n teú d o e de fontes.
Todas as tendências cam inham para ampliar, qualitativam ente, o aces­
so, o uso e o co m p artilh am en to da inform ação entre usuários e c o m u n i­
dades, possibilitand o a interação com a inform ação a partir de qualquer
dispositivo, hora e local. U m dos grandes desafios para a interface, neste
co n te x to , é a n ecessid ad e de auxiliar os u su á rio s a lidarem com a
m ultiplicidade de form atos e suportes das inform ações em co n trap osição
com a sobrecarga cog nitiva im posta por tarefas cada vez m ais com plexas
e interdisciplinares.
203
N o ta s
1 O termo Interface Gráfica com o Usuário (Graphical User Interface G U I) é usado para descrever uma interface homem/máquina quando ima­
gens gráficas e analogias de gestos humanos formam a linguagem básica
de interação entre o usuário e o computador.
2 Inteligência Artificial: uma definição bastante esclarecedora é a de E. Rich
(1991) para a qual, Inteligência Artificial (IA) é o “ estudo de como fazer os
computadores realizarem tarefas as quais, até o momento, os homens fa­
zem melhor” . Ou ainda a definição de J. L. Laurière (1990): “Todo problema
para o qual nenhuma solução algorítmica é conhecida, é um problema da
IA” . Ou seja, as tarefas relacionadas com o processamento simbólico, reco­
nhecimento de imagens e tudo o que envolva “ aprendizado” , (http://
www.universiabrasil.net/pesquisa_bibliotecas/materia.jsp?id= 6 3 10\)
3 Adaptatividade: refere-se à habilidade do sistema se adaptar a um ambiente
mutável, a diversos grupos de usuários e diferentes padrões de uso. Essas
adaptações podem se dar no conteúdo ou na interface de usuário.
Stephanidis e outros (2000).
4 Modelo conceituai significa a descrição do sistema proposto em termos
de uma série de idéias integradas e conceitos sobre o que ele deve fazer, se
comportar e parecer de forma a ser entendido pelos usuários na maneira
em que eles pretendem e planejam.
5 Espaço de Negociação: é onde o “ casamento” entre sistema e usuário
ocorre e é avaliado. Este espaço reflete as preocupações ocorridas na
análise do ambiente de uso da informação, que se denominam “ proble­
m as” (Taylor, 1986).
6 Segundo Ferreira (1997), existe a convenção de se utilizar o termo SenseMaking com as iniciais maiúsculas e hífen para se referir à abordagem e
sense making em minúsculas para se referir ao fenômeno.
7 As lacunas, segundo Ferreira (1995) podem ser entendidas como: ( I ) um
estado anômalo do conhecimento (Belkin; Oddy; Brooks, 1982): (2) um
estado de incerteza (Krikelas, 1983); ou uma situação na qual o indivíduo
está tentando chegar à compreensão de alguma coisa (Dervin, 1983).
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206
"/) biblioteca é um conceito, tanto quanto
um lugar - é função, não apenas forma"1
Marília Leuacov'
I. Introdução
A transição entre a Revolução da Imprensa, iniciada por Gutenberg
(que não acabou ainda) e a Digital (que está apenas iniciando), coloca o
profissional da informação entre dois modos eventualmente conflitantes
de encarar sua profissão, o local onde a exerce e as atividades e respon­
sabilidades que a acompanham2De um lado, uma abordagem que lida com a informação que existe,
principalmente como tinta sobre o papel, que a define e delimita, facilitan­
do sua a classificação e armazenamento, pois para elas existem critérios e
convenções muito bem definidos. De outro lado, a mudança progressiva e
' Doutora em tecnologia e mídia pela Boston University (Boston, 1994) e mestre em
computação na educação pelo Lesley College Graduate School (Cambridge. 1986).
Professora e pesquisadora na UFRGS até 2003, onde também coordenou o Centro de
Informação em Ciência e Tecnologia do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados.
Trabalha atualmente em consultorias privadas, [email protected]
207
inevitável desta inform ação para a tela com o arquivos digitais, alterando os
sólidos paradigmas inform acionais construídos através de séculos.
O espaço da biblioteca e a form ação do próprio profissional da infor­
m ação com o o con h ecem os organizaram -se e evoluíram em função das
características físicas da inform ação em átom os. A biblioteca era e ainda
é, para m uitos, um local onde reside um objeto analógico (o livro, o d o ­
cu m en to etc.) e para onde se dirigem os usuários em busca de inform a­
ção. Prateleiras para arm azenam ento, critérios de indexação, catálogos,
norm as técnicas, serviços de em préstim o, subdivisões de funções etc.
criaram-se em virtu d e destas características físicas.
A crescente d esm aterialização da inform ação, em decorrência da
m udança do suporte analógico para o digital, e as con seqüências desta
m udança (a explosão de inform ação e a tela com o suporte, por exem plo)
requerem do profissional desta área novos con ceitos sobre o que é e faz,
onde reside o objeto de seu trabalho, quem o possui e tam bém sobre
quem são e onde estão os usuários desta inform ação que "toma-se c a d a
vez menos ligada a o objeto físico que a contém 3À m edid a q u e o m u n d o se m o ve , m ais e m ais, em d ire ç ã o à
digitalização (im pu lsion ado pela era de avanços tecnológicos em que v i­
vem o s), as in stituiçõ es que se relacionam com a inform ação, tais co m o
as b ib lio te ca s , p recisam tran sform ar-se tam b é m para g a ra n tir sua
acessabilidade e m anter-se em dia com as necessidades inform acionais
da sociedade a que atendem . C aso não o façam, correm o risco de se
tornarem irrelevantes para grande percentagem de usuários, uma vez que,
a m aioria das inform ações atualizadas, principalm ente em determ inadas
áreas do co n h ecim en to , nasce e perm anece sob a forma digital, sem n u n ­
ca alcançar um a versão impressa. Portanto, é sob esta form a digital, in s ­
tável e volátil, que am pla e significativa parte do discurso h um ano se
apresenta, cada vez m ais, no início do século X X I 4.
Isso certam en te não significa que a biblioteca “ tra d icio n a l” vá d esa­
parecer num futuro próxim o em virtude do crescim ento da im portância
da in fo r m a ç ã o d ig it a l, m as q u e in e g a v e lm e n t e e la t e n d e a se
desm aterializar
e
descentralizar , evoluindo ju n to com a sociedade
onde se insere.
Essa alteração no conceito tradicional de biblioteca, portanto, não é uma
ocorrência isolada, mas o resultado das transformações que a sociedade
208
globalizada e interconectada está viven d o e que se expressam de diferen­
tes m aneiras, mas com grande pungência nas atividades relacionadas
com a inform ação.
Não devemos ignorar os problemas políticos e culturais decorrentes des­
ta informatização que, a longo termo, possuem importantes conseqüên­
cias para bibliotecas, bibliotecários e usuários.5
A sociedade pos-industrial e suas necessidades especiais foram, por­
tan to, responsáveis pela criação do que parece ser um a d icotom ia entre
tradição versus novas tecnologias. Esta d icotom ia é alavancada pelo d e­
sen volvim en to e barateam ento da tecnologia digital (com putadores, m e­
mória para arm azenam ento, redes de com u nicação , softw ares in tu itivos
e a progressiva am pliação da largura de banda disponível), aliados a"explosões de publicações im pressas e digitais, certas características da in ­
form ação digitais (co m o sua facilidade de duplicação), paralelam ente a
fatos com o o encarecim en to do papel (e as q uestões associadas com sua
sustentabilid ade), com a degradação física de coleções con struíd as s o ­
bre suportes tradicionais e ainda das dificuldades financeiras e físicas de
adm inistrar crescentes vo lu m es de m aterial im presso6
O form ato digital perm ite que a informação resida no que cham am os de
bibliotecas digitais ou virtu ais, mas desafia o profissional da área a deixar
de pensar com o um "guardião da inform ação” , entendendo as caraterísticas
especiais destas coleções e desenvolvendo estratégias informacionais que
tirem proveito destas tecnologias ao m esm o tem po em que repensam cer­
tos aspectos de sua profissão. O s aspectos referentes ao uso das novas
tecnologias, principalmente, tornam-se elem entos im portantes e precisam
fazer parte do conhecim ento deste profissional e do planejam ento de uma
biblioteca virtual, não mais uma atividade secundária a ser relegada aos
técnicos dos C PD s. A com preensão destes aspectos permite ao profissio­
nal da informação tom ar as decisões adequadas e desenvolver as políticas
necessárias à correta preservação do acervo e de seu acesso.
M u itos são os tópico s im portantes quando se reflete sobre a em er­
gência das bibliotecas digitais. A m aioria destes será tratada in d ivid ual­
m ente nos dem ais capítulos. N este, faremos breve revisão daqueles itens
que nos parecem mais pontuais.
209
2. A
b ib lio te c a
h íb r id a e a q u e s t ã o d a p r e s e r v a ç ã o
(d a in f o r m a ç ã o e d o a c e s s o )
O conceito para acomodar estes dois m om entos paralelos que estam os
vivendo é o da “ biblioteca híbrida” , aquela que contém não apenas material
impresso e magnético, mas também informação digital (em múltiplos forma­
tos: mídias óticas on e off-line, com o C D -R O M s e DVDs, terminais para
acesso a catálogos, a bancos de dados e a alguns dos variados tipos de
docum entos digitais). M ais e mais, a maioria das bibliotecas precisa incluir,
voluntariam ente ou não, estes tipos de docum entos em suas coleções. Tais
bibliotecas podem possuir tam bém computadores para acesso de seus usuá­
rios à Internet. O s profissionais a que lá atendem necessitam, no mínimo,
adquirir algum conhecim ento sobre a operação dos com putadores e desen­
volver estratégias para instrução destes conhecim entos a seus usuários.
E im p ortante lem brar tam bém que o fato de a maioria das bibliotecas
possuir ainda inform ação prim ordialm ente em átom os não as isenta de
terem de lidar com os problem as referentes ao form ato digital. M esm o
que por razões financeiras ou outras quaisquer não adotem catálogos
eletrôn icos não possuam docu m en tos com putadorizados em seus acer­
vo s nem forneçam acesso a bases de dados digitais, terão de (além d a ­
quele de perceber os usuários cada vez m enos interessados nos d o cu ­
m entos que abrigam) enfrentar um problema agudo relativo às publicações
im pressas ao longo do século X X : a preservação de suas coleções.
A maioria dos docum entos impressos que residem atualmente nas biblio­
tecas foi feita com material altam ente perecível, a polpa de árvores amaciada
e alvejada com ácido clorídrico, que, em poucas décadas (anos nos casos de
jornais), progressivamente degrada o papel, até que este se torne um farelo
irrecuperável. Grandes esforços estão sendo feitos para desacidificar cole­
ções, mas, até agora, as solução são extremamente caras. O s livros impres­
sos antes da criação e disseminação deste processo industrial, isto é, antes
do final do século XIX, não sofrem essa ameaça, mas raras são as bibliotecas
que dispõem desses volum es e, mesmo a esses, a versão digital facilita o
acesso de usuários remotos, bem com o sua preservação.
O uso de papel não-acidificado, apesar de este processo não encare­
cer o preço final, ainda não se tornou hábito pelas editoras. N a maioria
das coleções atuais, não são os livros de grandes autores clássicos que
estão em perigo maior (pois estes são reeditados periodicam ente e/ou
210
podem ser readquiridos, se houver disponibilidade financeira), mas aq ue­
les outros, que, de alguma forma especial ou raros, poucas chances terão
de reimpressão: docum entos únicos, seja pela inform ação que contém ,
seja pela im pressão aquela em particular, seja pelo tipo de diagram ação,
ilustração, encadernação, que precisam ser preservados de forma especi­
al, mas tam bém precisam estar disponíveis para o acesso dos usuários, o
que nem sem pre é com patível com os cuidados que inspiram.
Preservar a inform ação existente nestas coleções e situações, processo
antes feito de m odo pouco satisfatório em microfilmes, ganha alento com o
barateam ento e a popularização das novas tecnologias, com seus equipa­
m entos digilitadores, a flexibilidade e o pouco custo de arm azenam ento da
inform ação digital, a evolução das interfaces ¡cónicas que não requerem
mais conhecim entos m atem áticos específicos para o m anuseio das m áqui­
nas, a sociedade em redes, o crescim ento dos usuários remotos, etc., fatos
estes reforçados, com o m encionam os na acima, pelo cu sto crescente do
livro im presso, pela dificuldade em expandir fisicam ente as áreas de
arm azenam ento, por políticas editoriais discutíveis e, principalm ente, por­
que o suporte im presso engloba agora apenas parte da inform ação produ­
zida atualm ente, parte essa m enos atualizada e em form ato estático, em
contraposição aos form atos dinâm icos das hipermídias.
Estes e ou tro s fatos conectados im plicaram um a das mais im p o rtan ­
tes decisões a considerar qu an d o o rçam en to s de bibliotecas são p laneja­
dos: aum entar a coleção ou o acesso? A resposta a essa pergunta rapida­
m ente está se to rn an d o clara7
3. A
d e s c o r p o r if ic a ç ã o d a in fo r m a ç ã o ,
d a b ib lio te c a e d o u s u á r io
A informação sempre existiu em m uitos formatos m esm o antes de se
tornar digital. Cada um destes apresentava vantagens e desvantagens com o
portabilidade, durabilidade, confiabilidade, acessabilidade, legibilidade, po­
tencial ou disponibilidade para arm azenamento, recuperação e distribuição,
custo, etc. Isso fez com que diferentes usos e tipos de informação fossem
privilegiados ou não, conservados ou não, em função destas e outras carac­
terísticas. N ão há discussão, porém, de que, nos últimos 500 anos, a maioria
do conhecim ento hum ano existiu com o docum ento impresso sobre o pape l.
211
U m a situação igualmente conflitante e ameaçadora para alguns aconte­
ceu quando os primeiros livros impressos surgiram, uma vez que os “ profis­
sionais da inform ação” da época, os escribas nos mosteiros, consideraram
essa forma perigosa e inadequada (poderia expalhar idéias não-censuradas,
conter e difundir erros ortográficos, tiraria o poder da mão de quem o deteve
por m uitos séculos etc.). É a célebre frase do personagem Frollo, de V ito r
Hugo: Ceei tuera cela*, sem a qual U m berto Eco considera incom pleto qual­
quer texto sobre a transição da informação do suporte analógico para digi­
tal. Apesar de desaprovar o livro impresso e tudo o que representava, a
Igreja não conseguiu deter sua proliferação e sua crescente importância com o
suporte da informação na cultura ocidental, a ponto de se tornarem, livro e
conhecim ento, sim bolicam ente sinônim os.
A Era da Inform ação, mais uma vez, reabre o debate territorial sobre
vantagens e desvantagens de um form ato e sua inexorabilidade. Desta
vez, o digital. A inform ação neste form ato apresenta grandes vantag ens
porque descorporificada, descolada do papel, habita livrem ente, com o
sinal elétrico, o ciberespaço: um ecossistem a inform acional (form ado por
com putadores, cabos telefônicos, fibras óticas, ondas eletrom agnéticas,
satélites, telefones fixos ou celulares e outras tecnologias afins) que existe
(visível e invisível) ao nosso redor e que cresce exponencialm ente a cada
segundo, em im portância e em volum e, estando potencialm ente disp on í­
vel a qualquer um em qualquer hora e em qualquer lugar.
A biblioteca, antes “ ilh a” de inform ações visitad a fisicam ente por
usuários que buscavam um produto, principalm ente o livro, precisa ago­
ra integrar-se e disputar espaço num “ mar de inform ações” . Seus u su á ­
rios, tornando-se progressivam ente rem otos e descorporificados, a co s­
tum am -se àquilo que se pode obter “ aq ui” e “ agora” : a inform ação digital
“ in sta n tâ n e a ” disponibilizada pelas redes, em especial pela Internet e
pela crescente largura de banda disponível.
4 . C a r a c t e r ís t ic a s d a in f o r m a ç ã o n o s u p o r t e d ig it a l
C o n v e r g ê n c i a d e m íd ia s
C om o os dados são processados no com putador por m eio de im pul­
sos elétricos, para serem lá adm inistrados, precisam todos estar represen­
tados de forma
digital ou, mais precisamente, biná ria. Cham a-se binário
212
ao sinal elétrico que pode ter apenas dois estados: on e off, com ou sem
corrente, tam bém representado por zeros e uns. Exemplo: 0 0 0 1 1010.
M ídias antes residentes em suportes variados (papel de polpa de ár­
vores, de linho, de arroz, pergam inhos, papiros, plástico, telas gessadas
etc.), com o a maioria das mídias estáticas, ou em suporte m agnético, com o
as m ídias dinâm icas (áudio, víd eo etc.), podem ser todas representadas
pelos m esm os sinais digitais e, portanto, com binadas, duplicadas, arqui­
vadas, recuperadas, cruzadas e distribuídas de m odos inéditos.
Esta mídia digital - ao con trário das m ídias anteriores, nas quais cada
cópia im plicava aten uação do sinal que descrevia a inform ação (fo to có p i­
as, duplicação m agnética de fitas de áudio e vídeo etc) - pela precisão de
seu sup orte tecnológico, perm ite duplicar e recom binar d ocu m en to s de
forma a tornar indistinguível o original da cópia. Vale lem brar que, com o
diversas coleções ainda co n tin u a m (e con tin u arão por algum tem p o ) em
form ato analógico, m uitas bibliotecas precisarão adaptar-se e d e se n vo l­
ver as estratégias necessárias para adm inistrar dois acervos sem elhantes
ou até redundantes: um analó gico e o u tro digital.
A l t e r a ç ã o n o s c o n c e i t o s d e “ lu g a r ” e d e “ t e m p o ”
G raças às tecnologias das teleco m u nicações em rede, on d e o d o c u ­
m ento reside, com o bits salvos em algum H D em um p o n to da rede, deixa
de ser im portante. Sob a form a digital, a inform ação passa a habitar um
espaço “ v irtu a l" e ser visualizad a na tela do com putador. Por esta razão,
a biblioteca digitalizada pode ap on tar para as fontes de inform ação sem,
necessariam ente, possuir a propriedade física das m esm as. O im p o rtan ­
te passa a ser a dispon ibilização do acesso e, com freqüência, a con fia­
bilidade da inform ação disponibilizada. Dada a facilidade de m anipulação
deste tip o de inform ação, torna-se agora especialm ente im p ortan te saber
quem a produziu, quem a identificou co m o valiosa, quem a selecionou
para disponibilizar e quem garante sua autenticidade.
O conceito de tem p o tam bém se altera, criando-se uma “ relativização”
do m esm o. U m a de suas m aiores conseqüências é que a instantaneidade
passa a ser a palavra de ordem. Soluções com o o Programa de C om utação
Bibliográfica, por exemplo, não mais atendem às necessidades de acesso
im ediato aos docum entos q ue a inform ação em rede oportuniza. O v o lu ­
me e a diversidade de inform ação disponível on-line, em um núm ero cres­
213
cente de áreas, permite que o usuário im paciente possa migrar para uma
outra, igual ou similar, com um “ cliqu e” de seu mouse. Essa biblioteca
digitalizada pode estar “ aberta" 24 horas por dia, sete dias por semana,
com p etindo em acesso com outras bibliotecas e outras fontes, a maioria
bastante anárquicas.
A velocidade das m udanças tecnológicas que acontece nestes am bien­
tes, que podem ser medida em meses às vezes, com parada a processos
eq uivalen tes nas mídias anteriores que dem oravam séculos, cria co n fu ­
são e stress entre bibliotecários e usuários. N ão há sequer co n sen so em
prever quais serão os form atos existentes e as necessidades de um a b i­
blioteca daqui a uma década, o que dificulta enorm em ente os p laneja­
m entos na área.
N o v o s c o n c e it o s d e c a ta lo g a ç ã o
Este n o vo lugar, o cib eresp aço , abriga um a m u ltitu d e de e n tes
descorporificados: d ocu m en tos diversos, inform ações em diferentes for­
m atos e de diferentes naturezas, além de pessoas u tilizando diferentes
protocolos de acesso. Esses protocolos privilegiam determ inados tipos
de inform ação, evoluindo e transform ando-se com d esconcertante v e lo ­
cidade. E essa descorporificação que perm ite que, de qualquer lugar do
m un do onde haja o potencial de acesso, em qualquer hora e de diferentes
eq uipam entos, usuários busquem os locais onde reside - naquele m o ­
m en to - a inform ação digital desejada.
U m a das ferram entas clássicas para a localização da inform ação na
biblioteca tradicional, o catálogo,' é fortem ente influenciada por tu d o isso.
Por séculos, os catálogos representaram um a ferram enta de identificação
e descrição que atendia adequadam ente às coleções relativam ente e stá ­
ticas ou m oderadam ente dinâm icas co n tid as num a determ inada in stitu i­
ção. Tais catálogos perm itiam encontrar um livro por seu títu lo , autor ou
gênero, porque apontavam para a localização física desta inform ação na
prateleira da biblioteca. Para o profissional da ciência da inform ação, a
convergência de mídias, oportunizada pelo form ato digital (bem com o
sua localização volátil), apresenta novos desafios tam bém ao exigir que
sejam desenvolvidas novas form as de descrever e indexar estes d o c u ­
m entos dinâm icos, em m últiplos form atos e em localizações rem otas s o ­
bre as quais, m uitas vezes, tem-se m uito pouco controle.
214
Por sua im portância, o catálogo foi a primeira coisa a ser digitalizada
em m uitas bibliotecas e, posteriorm ente, a ser disponibilizada na Internet.
C ham ado em inglês de O P A C - Online Public-Access C a ta lo g (C atálo g o
de A c e s so Público em Rede), referia-se aos docu m en to s analógicos pre­
sentes em um a determ inada instituição , m uitas vezes "re u n in d o ” co le ­
ções dispersas por diferentes lugares em um a única longa e flexível pra­
teleira virtual. A m aioria das bibliotecas universitárias o possui, em seu
website, ju n to com as opções de acesso a bases de dados digitais, locais
ou remotas.
A complexa questão de criar um catálogo que descreva e aponte para
docum entos digitais dinâm icos e inconstantes, em hipermídia, em um v o ­
lume crescente, será abordada no capítulo sobre m etadados deste livro.
Mas, enq u anto eu escrevia este, a conhecida lista de discussão de A ld o
Barreto ap on tou 9 para um m emorável artigo, “ The Future o f Cataloging “ l0,
onde autora questiona-se sobre se há futuro para atividades de ca talo g a ­
ção, indexação etc. num a época de indexadores autom áticos, que criam
in stantanem en te o que se poderia cham ar de um a lista personalizada que
aponta diretam ente para a inform ação d entro da topologia específica do
ciberespaço. A autora faz as perguntas duras, mas necessárias, ao d e s­
crever, de m odo realista, o que ela e outros autores percebem qu an d o
conversam com usuários da Internet: que estas pessoas utilizam m aterial
digital on-line, diretam ente, sem recorrer aos catálogos convencionais,
acessando d o cu m en to s que, freqüentem ente, não existem ou não são
sequer solicitad os na biblioteca em átom os. A autora tam bém descreve o
form idável projeto G oogle de digitalização de obras em textos integral
(existem outros m ais antigos, com o o Projeto G utenberg, que foi o pri­
meiro, mas esses não possuem um indexador a u to m ático e poderoso
com o o G oogle na função tam b ém de patrocinador do p r o je to "). N este
universo, o nível interm ediário para localização do texto com pleto, a fu n ­
ção da catalogação e indexação, talvez se torne redundante ou d esneces­
sária e precisa ser repensada.
5. A lg u n s d a d o s p a ra p e n s a r
“ Cada mídia traz seus desafios e, no en ta n to , a sociedade se ad ap ­
t a ” . Paul S affo 12
215
C a p t u r a , a r m a z e n a m e n t o , d is tr ib u iç ã o e s e u im p a c t o s
s o b r e a s p o l í t i c a s d e p r o p r ie d a d e i n t e l e c t u a l
M u ita s coisas serão ditas sobre isso nos capítulos adiante mas é im ­
portante refletir sobre uma em especial: as redes cliente a cliente. Duas
das características de um d ocu m en to digital - sua duplicabilidade sem
sofrer aten uação e sua portabilidade - propiciam que estes sejam d istri­
buídos e com partilhados de m odos alternativos e sem controle. A t u a l­
m ente isso se dá, cada vez mais, por meio das diversas redes P 2 P (peer to
P e e r - parceiro a parceiro, ou cliente a cliente, com o são cham adas em
português) e que, com o o nom e m ostra, im plicam relação de igualdade
entre os dois ou mais usuários envolvidos no com p artilham en to dos ar­
quivos. A tecnologia P2 P é uma maneira eficiente de transferir inform a­
ção eletrônica, via rede, possuindo, entre outras vantagens, o potencial
de reduzir sub stan cialm en te o tem po e os custos, quando com parada
com os sistem as de distribuição baseados em servid ores.13
O mais recente destes protocolos a ganhar notoriedade foi o Napster.
N este m odelo, os com putadores dos usuários cadastrados em um site
“ organizador” faziam um upload de sua lista de arquivos disponíveis (neste
caso, principalmente trilhas sonoras em formato M P3 ) para o banco de da­
dos do servidor Napster e, em troca, acessavam o “ catálogo” do mesmo
banco para descobrir onde residiam arquivos de seu interesse e quais deles
estavam on-line e disponíveis naquele momento. Recebiam tam bém informa­
ções sobre o tipo de conexão que cada um destes potenciais depósitos
possuíam (linhas discadas, dedicadas etc), bem com o outros dados que lhes
permitisse escolher uma fonte de confiança (outro com putador com boa co­
nexão) para seu download, à qual, depois, conectavam-se diretamente.
Im ediatam ente, as gravadoras, as maiores interessadas nos direitos
autorais desse tip o de d ocum entos, e alguns dos autores (p or m eio da
Records Industry 7\ssociation o f A m e rica - R IA ) entraram com diversas
ações legais e conseguiram gradualm ente a extinção do site organizador.
Claro que um novo site poderia surgir im ediatam ente em o u tro lugar no
ciberespaço, mas, a esta altura, novos protocolos P 2 P surgiram , mais
eficientes e to talm en te descentralizados, burlando outra vez as te n ta ti­
vas de con tro lar o trâ n sito de inform ações na rede.
O novo m odelo P2P, independe de um servidor, é totalm en te descen­
tralizado, funcionando com o conceito de “ horizonte". Cada m áquina com
216
este tipo de protocolo vasculha a Internet em busca de outros usuários do
m esm o programa (ou de com patíveis), que tam bém estejam sinalizando
sua disponibilidade, até um lim ite de quatro mil usuários, por exemplo.
Estes quatro mil estão "enxergando” , por sua vez, um outro núm ero sem e­
lhante de m áquinas (bem com o os arquivos que elas estão querendo
disponibilizar) e assim sucessivam ente. O usuário então dispara sua(s)
busca(s), que podem ser de form atos m últiplos (texto, áudio e vídeo). Cada
m áquina, naquele horizonte, que recebe a solicitação confere seu catálogo
pessoal e os catálogos que existem, com o m etadados, dos demais por ela
avistados em seus respectivos horizontes. Isso potencializa enorm em ente
cada pesquisa. Recebidas as “ respostas” , o usuário escolhe de onde fazer
o d o w n lo a d desejado, acom panhando os uploads sim ultâneos, que p o­
dem estar sendo realizados de sua m áquina por outros usuários.
O s d o cu m en to s assim tro cad o s são cópias fiéis do d o cu m en to o ri­
ginal, ficando agora disp on ib ilizad os tam bém no co m p u ta d o r daquele
usuário rem oto. A propriedade intelectual destes d o cu m en to s (arq uivos
de m úsica, vídeo ou texto) não está m ais sob um con tro le centralizado.
M ais ainda, estes pro to co lo s agora perm item segm entar os d o cu m en to s
so licitad os, fazendo o d o w n lo a d sim u lta n e a m e n te de diferentes seg­
m en tos do arquivo desejado, de diferentes usuários, e im ed iatam en te
tornand o estes segm entos disponíveis para ou tros uploads rem otos (ch a ­
m ados de leeches - sangu essugas), o que aum enta g eom etricam en te o
núm ero de fontes, para os dem ais, de onde fazer o dow n load , bem com o
a dificuldade de im pedir sua dissem in ação. Tudo isso com to tal p rivaci­
dade e ano nim idade dos usuários envo lvid os, pois é v irtu a lm e n te im ­
possível descobrir quem está tro can d o o que e onde, d e stru in d o assim
m uitas das velhas hierarquias de poder relacionadas com a inform ação e
seu acesso.
Esta é um a das razões pelas quais tais protocolos foram destacados
neste capítulo, pois o co n h ecim e n to de sua existência pode to rnar to ta l­
m ente fútil im aginar que os direitos autoriais, tal com o existiram no sé­
culo X X , possam ser preservados nesta nova mídia. Sem pre e cada vez
m ais (à m edida que usuários de com pu tad o res de uma geração nascida já
sob a égide do digital crescem ), haverá hackers dispostos a m ostrar sua
m aestria e criar estratégias para atalhar os “ o b s tá c u lo s ” legais que p o s­
sam ser im plem entados.
217
Q u an d o o w w w foi criado (a parte em hiperm ídia da In tern et), as
lim itadas páginas existentes eram acessadas por meio dos links nelas
colocados. Posteriorm ente, surgiram os indexadores, portais etc. Ia-se
para um “ lugar” para buscar a inform ação (m uitos destes cada vez mais
carregados de anúncios e que, basicam ente, procuravam con tro lar o flu ­
xo de inform ação na rede m ediante da venda de posições privilegiadas no
to p o do catálogo personlizado para cada busca, utilizando uma indexação
laica e anárquica).
A nova geração dos program as P2 P ignora estes portais com erciali­
zados e os indexadores com suas lim itações. Ela é desenvolvida por in d i­
víd u o s ou pequenos grupos que se debruçam sobre as fragilidades ou
deficiências das versões P 2 P anteriores, aprim orando-as mais e mais. Por
exemplo, cada com p utador guarda agora um índice dos docum entos avis­
tados nas conexões anteriores, fazendo o processo de busca m uito mais
rápido e eficiente. C om o dizem seus defensores:
A noção de que propriedade intelectual é a mesma coisa que a proprieda­
de de objetos físicos e tangíveis está entranhada na legislação atual [...]
Infelizmente, historicamente, legalmente ou de qualquer outra forma, isto
é simplesmente errado. (Eisgrau)14
O m ais im portante que as redes P2 P fazem é tornar a colocar o fluxo
da inform ação de volta nas m ãos dos usuários, em oposição a um a e c o ­
nom ia do Copyright15 que ten ta arrastar para esta nova mídia um m odelo
proprietário arcaico e inadequado, dem onstrando com isso um com p re­
ensão falha do poder da inform ação em rede. O poder que isto representa
é fantástico. O s dados que estão no H D dos usuários é que se m ostram
valiosos. Portanto, o que é com partilhado é aquilo que de valor se possui.
Cada usuário controla este seu “ co m p artilh am en to ", podendo decidir o
que incluir ou excluir a cada m om ento. Este poder é realm ente diferente
do de com partilhar um a biblioteca digital num a webpage e m erece uma
séria avaliação por parte dos profissionais que estão con scientes da im ­
portância de tornar a inform ação disponível. E, tornando ‘introdução des­
te capítulo, um a reflexão bem-inform ada e im parcial sobre o que é afinal
direito
autoral
o que é direito "in te le c tu a l" e o que é direito “ com er­
cial , bem com o da relevância e da "exequibilidade", se é que tal palavra
218
exista, de seu controle. U m a reflexão que parta do “ reconhecim ento de
que cópias físicas de artefatos com u ns, mas caros, possuem m uito p o u ­
co valor, se uma cópia digital e acessível(ável) dos m esm os já existe’’ 16.
6. O u tra s q u e s tõ e s
A u s ê n c i a d e e s t a n d a r d s p a r a d e s c r i ç ã o d e p á g in a s
O cap ítulo referente às meta-tags certam ente irá discudir com mais
profundidade este tópico. E im p ortante m encionar “ as dificuldades que
essa ausência traz para a localização eficiente das inform ações e no im ­
pacto disso na atu ação do profissional da inform ação, que tem agora de
conhecer m uito mais as ferram entas de pesquisa e o how-to da w eb do
que propriam ente as fontes de inform ação (ao con trário das fontes em
papel). Isso é um a nova perspectiva para o bibliotecário, por dois m o ti­
vos: prim eiro, porque m uda o perfil das suas com petências, com o c o ­
m entei acim a; segundo, porque pode ser um novo m ercado de trabalho,
com o indexador, m esm o que seja exclusivam ente para atender as d e ­
m andas internas de sua in stitu içã o ” l7.
Essa ausência de estandards, resultado da explosão de produção "la ica "
de d ocu m en to s on-line, afastados do con tro le de editoras, bibliotecas e
catálogos comerciais, de forma desorganizada e não-hierárquica, cria pouca
diferença "p e rce p tíve l’’ ao leigo entre do cu m en to s au tênticos, fofocas,
desinform ação, notícia jorn alística e pura especulação. Perm ite tam bém ,
a quem distribui e/ou diponibiliza seus d o cu m en tos no ciberespaço, criar
estratégias “ o c u lta s" para garantir m elhor indexação e acesso, indepen­
dentem ente da autenticidade e da qualidade do co n teú d o distribuído. O
desafio de criar estratégias e m etadados para garantir a confiabilidade e a
ad e q u a d a in d ex ação de d o c u m e n to s em b ib lio te c a s d ig ita is e em
indexadores com erciais, sua procedência de fontes fidedignas, d im in u in ­
do ou até evitan do a anarquia atual dentro de um perspectiva ética e
profissional18, é m ais uma razão para o profissional da ciência da infor­
m ação conhecer os aspectos técn ico s específicos da inform ação digital.
A v o lu b ilid a d e d a W e b
A tu a lm e n te a citação de d ocu m en to s localizados na Internet é algo
m uito com plicado devido à grande rapidez com que d o cu m en tos são p u ­
219
blicados, alterados e rem ovidos. C oletâneas de links de um ou m ais anos
freqüentem ente apresentam uma alta taxa de erro 404: avisos de d o cu ­
m en tos não mais existentes (ou que m udaram de “ lugar” ).
U m das interessantes experiências atuais para adm inistrar de forma
organizada e legal alguns destes problem as é o Open A rchives da Creative
C o m m o n s 19, que pretende definir um espectro flexível de licenças que se
acom odam entre o copyright pleno até dom ínio público, definidos pelo
a u to r do d o cu m en to disponibilizado. A iniciativa tem o ob jetivo de ga­
rantir a divulgação do con h ecim en to científico, que atalha sobre a b u ro ­
cracia da publicação em papel, agilizando a publicação w e b e, ao m esm o
tem po, garantindo a solidez dessa referência, m ediante dos co m p ro m is­
sos dos repositórios em m anter a inform ação disponível.
7. E n c e r r a n d o o c a p ít u lo , e m
a b r il d e 2 0 0 5
A o longo destes p oucos anos de Internet aberta ao público não-acad ê m ico , d ive rso s p a rad ig m as foram p ro p o s to s co m o s u b s titu tiv o s
d aquele(s) que representava(m ) uma biblioteca "tra d icio n a l” , q u an d o da
pré-existência deste vo lu m e explosivo de docum entos digitais. In d iscu ­
tivelm ente, as futuras aquisições da m aioria destas bibliotecas irão in ­
cluir gradualm ente mais e mais docu m en tos digitais. Habilitar seu staff e
seus usuários a utilizar, identificar, avaliar e recuperar estes d o cu m en tos
torna-se uma tarefa hercúlea, mas inadiável.
A tecnologia dos indexadores tam bém evoluiu bastante ao longo des­
tes poucos anos. Em suas versões m ais atuais, com o o V iv ís im o 20 e o
N o rth ern Lig h t21, eles analisam o universo encontrado, buscando as re­
gularidades que perm itam construir subcategorias que m elhor auxiliem o
usuário a encontrar o de que precisa, m ostrando os m apas visu ais dos
critérios selecionados. A ju d a r a aprim orar as versões subseqüentes ta m ­
bém é um desafio para o profissional da inform ação.
A inexorável evolução da tecnologia quase que cotid ian am en te nos
apresenta com novas alternativas, obsoletelizando as anteriores m ais re­
centes. Projetos com o o Liquid Inform atio n 22 m ostram que o próprio
hipertexto o p o rtun izad o pelo H TM L (que superou com eficiência as lim i­
tações hierárquicas da tecnologia anterior, o gopher) vê-se, por sua vez,
con fron tado e talvez obsoletizado por projetos alternativos, que, num
220
futuro próximo, superem lim itações com o a de um link apontar para um
único endereço ou docu m en to. O co n ceito que defendem é o de que in ­
form ação já foi analógica, já foi digital, e agora, pelo m enos m etaforica­
m ente, quer ser “ líquid a” , livre, fluída, m aleável, personalizável. O for­
m ato digital a descolou do suporte. O form ato “ líquido” , um a nova etapa
em sua e v o lu ç ã o , v a i fazê-la e x is tir em um fluxo in in te r r u p to e
desobstruído. Isso porque, segundo afirmam seus criadores em seu site,
a m aioria das atividades relacionadas com a co m u nicação eletrônica pre­
ocupou-se com sua produção e com a disponibilização de seu acesso,
não com as alternativas de processam ento desta inform ação.
Então, o que permanece e o que muda no m undo digital? Esse é um
assunto polêm ico e controverso sobre o qual não há um consenso. N a
desta autora, o mais im portante norteador das decisões éticas, financeiras,
educativas e políticas em relação a inform ação é torná-la disponível.
Se o usuário não encontra o que procura em um determ inado lugar,
volta-se para o u tras opções oferecidas pela rede e, se a biblioteca e n c o n ­
trar-se am arrada e am ordaçada por con ceitos tradicionais e obsoletos,
outras fontes de inform ação eq u ivalen te surgirão rapidam ente. Em p o u ­
cos anos, o público jovem que precisará acessar as bibliotecas terá tid o
pouca experiencia com as originais e com seus artefatos curiosos e o b ­
soletos, o livro im presso.
A luta entre a oligarquia e (o que é visto com o) a anarquia digital ,na
realidade não alteraram m uito o ecossistem a inform acional digital, que
cotid ian am en te se reorganiza no ciberespço, colaborativa ou in d ivid ual­
m en te cria d o , in d ife re n te às lim ita ç õ e s da m ídia a n a ló g ic a . Este s
ecossistem a se desdobra, am plia-se e evolui de forma to talm e n te d es­
centralizada, o que esperam os que tenha ficado claro ao longo deste c a ­
pítulo.
N a Biblioteca do C on gresso A m erican o , assim co m o no resto do
m undo, com issões23 ou ind ivíd uos (professores, estud an tes, profissio­
nais da área) debruçam-se sobre as questões relativas às bibliotecas d i­
gitais e às m udanças em com p o rtam en to s e con h ecim entos exigidas do
profissional que as atenderão. Pode parecer frustrante e desalentador abrir
m ão de paradigmas arduam ente aprendidos e testados e dispor-se a apren­
der novos fatos e habilidades, criando e testan d o hipóteses que refaçam
ou su b stitu am co n ceito s fam iliares, mas não m ais adequados, e refazen­
221
do-os à m edida que a tecnologia evolui. Ind ubitavelm ente novos desafi­
os se apresentam , alguns con ceitos se obsoletizam ao m esm o tem p o em
que novos cam pos se abrem para o profissional da inform ação. Seu s u ­
cesso ou não parece ser, m ais um a vez, diretam ente proporcional ao d o ­
m ínio que ten ham das características da inform ação: agora digital.
222
Notas
I Marcum, D The Future of Cataloging, [online] Address to the Ebsco
Leadership Seminar Boston,'Massachusetts (January 16, 2005) < http://
www.loc.gov/library/reports/CatalogingSpeech.pdf> (tradução da autora)
2Guscott,J.(Editorof Library Futures Quarterl)These EmergingTechnologies
W ill Change Public Libraries [online] (Updated May I, 2001; originally
posted February I, 2001) http://www.libraryfutures.com/freereports/
technology.htm
3 LEVACOV, M. Bibliotecas virtuais [r]evolução?. Ciência da Informação,
Brasília, DF, v.26, n.2, p. 125-135, (maio/ago. 1997)
www.ibict.br/cionline/260297/26029702.htm
4 Fineberg, G. Library Needs a Digital Strategy, [online] Bicentennial
Conference on Bibliographic Control for the New Millennium: Confronting
the Challanges of the Networked Resources and the W eb (data?) http://
www.loc.gov/catdir/bibcontrol/nas I .html
5 Birdsall, W . The Myth of the Electronic Library: Librarianship and Social
Change in America. Westport CT: Greenwood Press, 1994, p. xiii.(tradução
da autora)
6 http://www.ndc.uff.br/textos/vanja_periodicos.pdf
7 Lombardi, J. Academic Libraries in a Digital Age. [online] D-Lib Magazine
(O cto b er 2000) Volum e 6 Num ber 10 ISSN 1082-9873 http://
www.dlib.org/dlib/octoberOO/lombardi/IOlombardi.html
8 ECO, Umberto. AFTERW ORD. “ Isso" (o livro) "substituirá aquilo” (a
catedral), isso é, a informação filtrada e divulgada pela Igreja Católica,
(tradução da autora) http://www.stanford.edu/dept/HPS/HistoryWired/
Eco/EcoAfterword.html
9 BARRETO, Aldo [email protected]“ o processamento técnico está
acabando?” (07-03-2005)
10 Marcum, D The Future of Cataloging, [online] Address to the Ebsco
Leadership Seminar Boston, Massachusetts (January 16, 2005) http://
www.loc.gov/library/reports/CatalogingSpeech.pdf
II D O NIA, R. Death of the Book: An Historian's View of the Digital
Revolution Rebuild [online] http://www.openbook.ba/icsl/papers/
rdonia.htm
12 SAFFO, P apud? Students shun search for information offline [online]
(19-12-2004) (tradução da autora) http://www.filfla.com/newsitem
.php?id= 188
13 http://p2p.libraries.psu.edu/
223
14 "The notion that intellectual property is the same as real or tangible
property has become ingrained in current policy-making bodies and has
become, if not dogma, at least accepted lore. Unfortunately, historically,
legally, and otherwise, it’s ju st w rong", (tradução da autora) http://
www.ala.org/al_onlineTem plate.cfm7Section = mwreports6rTemplate=/
ContentManagem ent/ContentDisplay.cfm £rContentlD=59337#p2p
15 V aid h yan ath an , S. P2P and the future of Inform ation. The new
information ecosystem: Part I : cultures of anarchy and closure, [online]
(27-06-2003)
http://www.opendemocracy.net/themes/article-8-13 19.jsp#
16 LOM BARDI, J. Academic Libraries in a Digital Age. [online] D-Lib Maga­
zine (October 2000 Volume 6 Number 10 ISSN 1082-9873
http://www.dlib.org/dlib/octoberOO/lombardi/IOlombardi.html
17 Grings, Luciana. email pessoal para a autora (20-04-05)
18 http://www.capurro.de/diglib.htm
19 http://creativecommons.org/
20 http://Vivisimo.com
21 http://www.northernlight.com
22W h a t happens when you unleash text? http://www.liquidinformation.org/
23 http://www.cetus.org/acad_lib.pdf
224
Marília Alvarenga Rocha Mendonça
I . In t r o d u ç ã o
Pode-se dizer que um a biblioteca tradicional é uma organização aber­
ta, pois se acha inserida no m eio am b ien te que a cerca, influenciando-o
e, ao m esm o tem p o, sendo influenciada por ele, com p o sta de funções e
atividades relacionadas com a form ação, d esen vo lvim en to e organiza­
ção de coleções (fun ções m eio) e com a dissem in ação e recuperação da
inform ação (funções-fim ), produzindo prod utos e serviço s que satisfa­
çam às necessidades inform acion ais de seus usuários.
D eco rren te deste m eio am b ien te que se transform a cada dia com
um a rapidez cada ve z m aior e do p ro p ó sito de atender às necessidades
dos u su ários, aco m p an h am a m u ta çã o ocorrida na sociedade, im p osta
pelos avan ço s cie n tífico s e tecn o ló g ico s, a biblioteca trad icio n al c o n ­
vive com o surgim en to de um o u tro tipo de b iblioteca, a b iblioteca v ir ­
tual, co n e cta d a à rede e ate n d en d o a um a gam a de u su ário s superior à
da b ib lio teca tra d icio n al, v is to n ão se prender a lim itações im p ostas
pelo tem p o e espaço.
O surg im en to da b iblioteca v irtu a l p roporcionou um a tra n sfo rm a ­
ção no m odus operandi das b iblio tecas, p rin cip alm en te no to c a n te ao
a te n d im e n to ao pú blico, e o b iblio tecário, interm ed iário entre o usu ário
'Professora do Departamento de Ciência da Informação/UFr.
[email protected]
227
e a inform ação, precisa d o m in ar as técn icas bibliográficas ju n ta m e n te
com as novas tecn olo gias, para bem desem penhar seu papel neste n ovo
cenário.
O serviço de referência, por ser o que proporciona esta interface u su á ­
rio/informação, tam bém sofre alterações, decorrentes do surgim ento da
biblioteca virtu al. Surge o serviço de referência digital, que tem por finali­
dade prestar assistência aos usuários, virtualm ente. Ferreira (2004, p.2)
co m e n ta que: “ Fornecer um serviço de referência a u to m a tiz a d o aos
utilizadores da biblioteca e m odernizar o serviço tradicional é um a s su n ­
to com plexo que os bibliotecários têm de enfrentar” .
Refletir sobre o papel que os serviços de referência digital vêm d e­
sem penhando nas bibliotecas torna-se im portante neste m om ento, v is to
a expansão que se delineia no cenário inform acional. C onhecê-los e sa­
ber com o funcionam é im p ortan te para avaliar se esse serviço cum pre o
p ap el do s e r v iç o de re fe rê n cia t r a d ic io n a l. Fazer um re g is tro da
inform atização das bibliotecas e relembrar as origens do serviço de refe­
rência e sua evolu ção é o que se pretende no m om ento.
2. A s
b ib lio te c a s n a e ra d a in fo r m á tic a
Lancaster (1 994) faz referências a m udanças significativas, previstas
desde 1960 nas atividades desenvolvidas pelas bibliotecas, advindas do
em prego da tecnologia, principalm ente nas de circulação, serviços té c n i­
cos e nas relativas à recuperação da inform ação através do assu nto. Por
ou tro lado, m uitas das fontes de inform ação, base para o trab alh o de
referência, foram se transform ando em base de dados inform atizadas que,
aliadas às novas ferram entas de busca disponibilizadas na rede, vieram
transform ar os serviços e p rodutos oferecidos pelas bibliotecas.
Segundo Briquet de Lem os ( 1998, p. 364), desde os idos de 1950, o
com p u tado r com eçou a ser utilizado em serviços bibliotecários e de in ­
form ação, com o na “ produção de listas bibliográficas, em préstim os de
m ateriais e outras atividades de natureza gerencial” e, nos m eados de
1960, os países desenvolvidos já produziam bases de dados bibliográfi­
cos que podiam ser con sultad as a distância. O grande avanço se deu, no
en tan to , com o advento e, mais precisam ente, com o rápido d e se n vo lvi­
m en to da In tern et a partir da década de 90, q u an d o “ p o ssib ilito u a
228
interconexão de com putadores de diferentes m arcas e com diferentes sis­
tem as operacionais, utilizando linhas telefônicas com uns com binadas com
linhas de transm issão de dados de alta velo cid ad e” .
A s bib liotecas e dem ais u nidades de in form ação se beneficiaram
grandem ente das facilidades oferecidas pela Internet, o que veio c o n tri­
buir para facilitar a interm ediação entre o fornecim ento de inform ação e o
usuário, possibilitando que as m esm as cum pram com m aior eficiência
seu papel na sociedade. A s bibliotecas passam a atuar segundo novo
paradigm a, que privilegia a inform ação em detrim ento do d ocu m en to em
si, o acesso ao invés da posse, não se lim itando a local nem se prenden­
do a horários previam ente determ inados e que m uitas vezes foram em p e­
cilhos para os usuários na ob ten ção da inform ação desejada.
Das bases de dados referenciais com eçam a surgir as textuais, ofere­
cendo o texto com pleto dos docu m en tos, ju n ta m e n te com serviços de
fornecim ento de cópias cuja transação ocorre on-line (C o m u t) e que vêm
ao e n co n tro de uma das necessidades dos usuários de hoje em dia, ou
seja, a otim ização do tem p o de espera pela inform ação desejada. A ssim ,
os avanços tecnológicos vêm proporcionando m udanças consub stan ciais
nas bibliotecas: do m odelo tradicional, com o acervo com p o sto, basica­
m ente, por material im presso e áudio-visual, para um acervo eletrônico
e/ou virtual, resultando no surgim ento das bibliotecas eletrônicas.
Cum pre ressaltar a opinião de Day e outros, citados por R o w le y (2002),
que afirm am existir um a variedade m u ito grande de significados a respei­
to de biblioteca eletrônica pelo fato de o referido term o não estar, ainda,
con solidado na área. C on firm an d o esta opinião, Briquet de Lem os afirma
que “ na realidade ainda existe m uita confusão a respeito do que se pode­
ria ch am ar genericam ente de bibliotecas ele trô n icas” . A ssim é que são
enco ntrad o s na literatura diversos term os para designar este tip o de bi­
blioteca, destacando-se, entre eles bibliotecas sem paredes, bibliotecas
em rede, bibliotecas no m icrocom putador, biblioteca lógica, biblioteca
virtual, centro nervoso de inform ação (Corral, citad o por Row ley, 2002).
A o apresentar um significado para biblioteca eletrônica O p p enh eim ,
citado por R o w le y (2002, p. 4), “ descreve-a com o um a coleção organiza­
da e adm inistrada de inform ação num a variedade de m eios (texto, im a­
gem fixa, imagem em m ovim ento, som , ou suas com b in ações), porém
tod os em form ato d ig ita l” , organizada de tal forma que perm ita o acesso
229
do para satisfazer as atuais necessidades inform acionais de transição pelas
quais as bibliotecas convencio nais vêm passan d o” . A ssim é que:
A biblioteca híbrida é designada para agregar diferentes tecnologias, dife­
rentes fontes, refletindo o estado que hoje não é completamente digital
nem completamente impresso, utilizando tecnologias disponíveis para unir,
em uma só biblioteca, o melhor dos dois mundos (o impresso e o digital)
(Garcez e Rados, 2002, p. 47).
Acredita-se que esta seja a situ ação da m aioria das bibliotecas aca­
dêm icas brasileiras, com o está sendo delineado por uma pesquisa em
andam ento, realizada por M arcondes, M endonça; H ughenin (2004), cujo
ob jetivo geral con siste em averiguar se as bibliotecas universitárias bra­
sileiras oferecem o serviço referência d ig ital e em que co n siste este servi­
ço. Segundo Rusbridge, citado por G arcez e Rados (2002, p. 45 ), as bibli­
o te cas híbridas devem proporcio nar “ um a va sta gam a de interfaces,
incluindo diferentes tipos e form atos de in form ação” , integrados entre si,
visand o tornar to d o s os recursos acessíveis aos usuários, em que se des­
tacam a existência de:
• O P A C (O n -lin e Public A ccess C atalo g ) local (telnet/w eb);
• C O P A C (C url Public A ccess C a talo g ) - catálogo unificado telnet/
w eb, isto é, participação em con sórcios para utilização de recursos
de outras bibliotecas:
• C atálo go regional virtu al unificado;
• C D - R O M s e disquetes off-line:
• textos com p letos;
• grupos de dados rem otos;
• grupos de dados locais;
• portais diversos (locais e rem otos de recursos da w e b );
• jornais e livros eletrônicos;
• livros e jo rn ais im pressos;
• coleções especiais, m apas, slides, gravações de áudio e vídeos.
O acesso às inform ações nas bibliotecas híbridas se dá por meio, de
um a adequada estratégia de busca, com a utilização de descritores e c a ­
231
beçalhos que representem com presteza o tem a pesquisado, exigindo
“ co n h ecim en to do assunto, das bases de dados e da bibliografia” (G arcez
e Rados, 2002, p. 50), com a ajuda do bibliotecário ou por um usuário
devidam ente preparado para tal.
O s e r v i ç o d e r e f e r ê n c ia : d a s o r ig e n s à r e f e r ê n c ia d ig it a l
O serviço de referência é uma atividade que, segundo Maciel e M en d on ­
ça (2000), pertence à função encarregada pela dinam ização das coleções,
[...] engajadas no propósito final das bibliotecas, ou seja, o atendimento
aos usuários reais e virtuais, a conquista dos potenciais e a decorrente
dinamização do uso das coleções [...] Compreende todas as atividades
voltadas, direta e indiretamente, à prestação de serviços ao usuário. In­
clui a divulgação de informações gerais sobre a biblioteca [...] assim como
as específicas, voltadas para um segmento específico. Promove o uso do
sistema e de seus recursos e, para isso desenvolve atividades de treina­
mento pessoal de clientes na utilização do acervo, catálogos, bases e o
acesso às bibliotecas virtuais.
H utch ins (1 973) já sentia certa dificuldade em definir trabalho de refe­
rência, considerando com o restritas algumas definições encontradas na
literatura restritas (com o as que consideram apenas o auxílio prestado aos
usuários com os recursos da biblioteca), em contraponto a outras que c o n ­
siderava m uito amplas, com o no caso das definições que consideram que
todas as funções desem penhadas pela biblioteca auxiliam os leitores.
A expressão serviço de referência apareceu, pela primeira vez, em um
texto apresentado a uma conferência, por W illia m B. Child, em m aio de
18 9 1, em que salientava a im portância da experiência no trabalho do biblio­
tecário de referência (Grogan, 2 0 0 1, p. I ) e que deixa clara a im portância do
elem ento hum ano, em sua participação face a face com o usuário.
E bom lem brar que, até m eados do século X IX , os estud iosos p o ssu í­
am suas próprias bibliotecas e conheciam m u ito bem o acervo e o c o n ­
teúdo das obras nelas con tid as e, por este m otivo, quase não c o n s u lta ­
vam outras bibliotecas. Por sua vez, os bibliotecários, que amiúde tam bém
eram pessoas eruditas e conheciam in tim am ente o con teú d o dos acervos
colocados sob sua custodia, seriam capazes de ajudar os leitores em
suas pesquisas
(Grogan, 2001, p. 24). N o entanto, este serviço não
232
m ereceu um a posição de destaque nas bibliotecas que, naquele tem po,
tinh am as atividades de aquisição, catalogação, classificação e controle.
O acesso à educação por parte da população e o increm ento da pro­
d ução editorial, segundo Grogan ( 2 0 0 1), contrib u iu para m udanças nos
serviços bibliotecários. C o m a produção bibliográfica em expansão, com
o crescim ento de obras especializadas em diversos assuntos, o controle
bibliográfico por parte dos eruditos ficou m ais difícil, provocando uma
dem anda para a busca por assunto, “ a que os bibliotecários responderam
com m ais catálogos de assu ntos, sistem as de classificação e ajuda pes­
so a l” (G rogan, 2002, p.2-4).
A dem ocratização do ensino, por sua vez, gera novo público leitor
que passou a exigir um novo tip o de biblioteca - a biblioteca pública
m antida com im postos - , principalm ente nas grandes cidades in d u stri­
ais da Grã-Bretanha e dos Estados U n id o s e quando se pode localizar as
origens daquilo que hoje con h ecem os com o serviço de referência. N o
en tan to , co n tin u a Grogan (2 0 0 1), apesar de em 1888 M elvil D e w e y em ­
pregar a term inologia ‘biblioteca de referên cia', o serviço de referência,
com o atividade rotineira das bibliotecas públicas, só veio a se consolidar
no início do século XX.
Em se tratan d o de o u tro s tipos de bibliotecas, as universitárias, por
exemplo, o serviço de referência teve um im pulso com o aliam en to da
pesquisa ao ensino, o que apontou para um a necessidade m aior dos u suá­
rios pela utilização das fontes bibliográficas disponíveis nas bibliotecas,
fato que, no entanto, só ocorreu nos m eados de século XX. Já as bibliote­
cas especializadas foram consideradas "in stitu içõ e s do século X X , cria­
das sob m edida para a finalidade de fornecer serviço de referência e infor­
m ação ” (Grogan, 2 0 0 1 p. 28).
O serviço de referência é aquele realizado face a face com o usuário.
C ostum a-se dizer que é o cartão de visitas da biblioteca, responsável
pela m anutenção dos usuários, ou, com o diriam os administradores, aquele
que garante a fidedignidade dos clien tes à em presa. Para que tal a co n te ­
ça, é necessário prestar um serviço de qualidade, ou seja, um serviço que
atenda às reais necessidades de seus usuários: a inform ação pertinente,
no tem po certo, a um cu sto ótim o.
Para H u tch in s (1 973, p.4), “ o c o n ta to direto com o leitor é o alvo do
trab alh o de referência” . Ele acrescenta que:
233
O trabalho de referência inclui a assistência direta e pessoal dentro da
biblioteca a pessoas que buscam informação para qualquer finalidade e
também as diversas atividades biblioteconômicas destinadas a tornar a
informação tão acessível quanto possível.
Esta atividade que coloca o bibliotecário face a face com o usuário é
m uito sem elhante ao de um professor, pois, além de fornecer inform ação,
preocupa-se em “ o rien tar pessoas na aquisição de co n h e c im e n to s e
prepará-las para que possam , sozinhas, buscar inform ações sem pre que
precisarem ” Mueller, citada por M artu cci (2000, p. 104). M artu cci vai
mais além e consegue sintetizar o papel do bibliotecário de referência
quando diz:
O profissional de referência é aquele cuja atribuição no espaço informacional, especialmente nas bibliotecas, é o atendimento ao público. Seu
fazer cotidiano é a interação com os usuários, chamada na área de pro­
cesso de referência. Sua prática profissional é educativa, ao vivenciar com
os usuários situações de troca, ao informar e ser informado, ao orientar
o uso do espaço, dos instrumentos de recuperação e das fontes e recur­
sos de informação, ao formar habilidades, valores e atitudes para o aces­
so. obtenção e uso da informação (Martucci, 2000, p. 103).
De acordo com Grogan (2 0 0 1, p. 50), "a expressão processo de refe­
rência passou a ser empregada, nos últim os 30 anos, para denom inar, em
sua totalidade, a atividade que envo lve o con sulen te e d u rante a qual se
executa o serviço de referência” , englobando desde a análise da natureza
dos problem as do usuário até o fornecim ento de inform ações capazes de
solucionar estes problem as. Este processo envolve o ito passos que se
iniciam com o surgim ento de um problem a, susceptível de ser resolvido
através da inform ação; a identificação da necessidade de inform ação, às
vezes vaga e indefinida; a form ulação de uma pergunta originária da q u es­
tão apresentada pelo usuário; a questão in icial transform ada na forma de
uma pergunta; a questão negociada que consiste na reform ulação da q u es­
tão, caso haja necessidade de m ais esclarecim entos para se chegar a um a
solução adequada; a estratégia de busca que consiste em “ uma análise
m inuciosa do tem a em questão identificando seus co n ceito s e suas rela­
ções
para, em seguida, ser traduzido em
234
um enunciad o de busca ap ro ­
priado na linguagem de acesso do acervo de inform ações” (Crogan, 2 0 0 1,
p. 53); o processo de busca no acervo de inform ações; a resposta, que
con siste no resultado da busca; a solução é a fase em que se chega à
conclusão de que o resultado foi satisfatório. Todo este processo serve
para lem brar que “ [...] o processo de referência não se torna um esp etá­
culo em que o bibliotecário é o único ator; deve ser um diálogo, com
con sulen te e bibliotecário desem penhando papéis com plem entares do
com eço ao fim ” (Grogan, 2 0 0 1, p. 55).
3. O
s e r v iç o
d e r e f e r ê n c ia d ig it a l
O serviço de referência é um a das atividades da biblioteca que vem
u tilizando as facilidades oferecidas pela tecnologia, principalm ente com
o d esen volvim en to da Intern et e das inúm eras ferram entas que ela ofere­
ce, favorecendo, sobrem aneira, a recuperação da inform ação pelas bib lio­
tecas. S o u to e ou tro s (2004, p. 7) destacam que: “ [...] a im p lantação de
serviço virtu al requer, além do dom ínio das ferram entas de com unicação,
habilid ades pessoais de co m u n ica çã o e c o n h e c im e n to dos recursos
lingüísticos de interação e le trô n ica ". O s serviços de referência digital
podem ser considerados com o uma evolução dos serviços bibliotecários
via Internet e, cada vez mais, praticados pelas bibliotecas, já dizia Márdero
Arellano (2 0 0 1), pensam en to com partilhado por C u en ca e ou tro s (s.d.),
ao se referir ao aten d im en to de questões de referências pelas bibliotecas
acadêm icas e que, segundo ela, seriam as “ pioneiras no uso das novas
tecnologias para o acesso à in form ação” .
De acordo com a opinião de Lankes, citado por Ferreira (2004, p.3):
“ Referência Digital diz respeito a um a rede de co n h ecim e n to s técnicos,
interm ediação e recursos colocados à disposição de alguém que procura
inform ação num am biente em lin h a ” .
Para Ferreira (2004, p. 3), a referência digital apresenta com o anteceden­
tes a própria biblioteca tradicional com seu serviço de referência e estudos
realizados no cam po da ciência da informação e os serviços “A sk A Services”
e [...] “ a utilização de sites de com unidades de peritos associados numa rede
digital, que respondem a questões colocadas através da Internet” .
O serviço de referência tradicional se caracteriza pela transação face a
face com o usuário, quando as necessidades de informação dos usuários
235
podem ser identificadas. Pomerantz e outros (2002, p. 2) com entam que,
desde a criação da W e b , aum entou consideravelmente o número de serviços
de referência que vêm utilizando meios de comunicação eletrônica assíncronos,
para realizar este tipo de interação com os usuários. O s serviços de referên­
cia digital surgiram no final da década de 80, quando as bibliotecas com eça­
ram a disponibilizar seus catálogos na rede, segundo Márdero Arellano (2 0 0 1),
o que veio facilitar a localização de docum entos de uma biblioteca.
N o e n ta n to verifica-se que, na prática, o serviço de referência digital
oferecido pelas bibliotecas se refere, basicam ente, em responder q u es­
tões dos usuários que sentem necessidade de inform ação e que não s a ­
bem co m o encontrá-la por si m esm o, u tiliz a n d o m eios e letrôn icos.
M árdero A re llan o (2 0 0 1, p. 8) acrescenta: “ A tu alm e n te , m u itos desses
serviços estão reduzidos a con sultas enviadas por correio eletrônico, te ­
lefone ou form ulários na W E B , co n sum in d o tem po e exigindo um tra b a ­
lho árduo de pesq uisa.” O p in ião sem elhante apresentam C u en ca e o u ­
tros (s.d.), ao se referirem a bibliotecas acadêm icas: “ O aten d im en to de
questões pela Internet tem sido um a nova op ção para o u su á rio f...]” .
Em recente pesquisa realizada nos Estados U nid o s, cuja coleta de
dados aconteceu no período entre fins de 2001 até início de 2002, por
Pom erantz e outros (2004, p. 4), foi relatado que são poucos os m odelos
de referência digital que adotam procedim entos, com o os em pregados
no balcão de referência tradicional. Inform am ainda que, dentre os s e rv i­
ços de referência digital pesquisados, as práticas mais utilizadas eram o
envio das respostas autom atizadas para os usuários via e-mail e a m a n u ­
tenção de um form ulário na W e b para receber as questões dos usuários,
inclusive, com espaço para inform arem o endereço eletrônico, sem o qual
não é possível retornar ao usuário.
A lg u n s serviços de referência digital arm azenam as perguntas e res­
pectivas respostas em um banco de dados de assu ntos e, quando rece­
bem uma pergunta, a base de dados é autom aticam en te acionada. A lgu ns
desses serviços perm item o acom panham ento do processo registrando/
inform ando a situação do m esm o, ou seja, se trata de uma nova questão,
se recebida e ainda não respondida, se encontra em andam ento. A pesqui­
sa em base de dados das questões previam ente respondidas, segundo
Pom erantz e outros (2004), é tudo que serviços de referência digital dese­
jam , apesar de ser im portante a seleção das questões que podem ser res­
236
pondidas por meio desta ferramenta, ou, por outro lado, referem-se a ques­
tões que necessitam da m ediação hum ana para serem respondidas. Infor­
mam ainda que alguns serviços m antêm os arquivos com as respostas
previam ente respondidas som ente para os especialistas, ao passo que
outros serviços os disponibilizam para tod os os usuários.
M árdero A rellan o (2 0 0 1, p. 7), relata que existem, no exterior, in ú m e ­
ros serviços de con sulta que atendem a um volum e grande de perguntas
diariam ente e
[...] são operados por empresas atendendo à demanda de clientes e se­
guindo os interesses financeiros de seus investidores. Por outro lado es­
tão os serviços de referência digital “Ask-A” não comerciais financiados
por centros de pesquisa e usados por estudantes, pais, educadores e ou­
tros para se conectarem com profissionais experientes da área da
biblioteconomia e serem guiados às melhores fontes de informação e es­
pecialistas de todas as áreas do conhecimento.
C o m o exem plo de algu ns s e rviço s de referência v irtu a l, M árdero
A rellan o (2 0 0 1) cita os seguintes:
• via correio eletrônico;
• A sk A Service, com o o A sk-A -Scientist (recebem perguntas sobre
um a área da ciência via e-mail);
• Ask-A-Librarian - acessado através da homepage da biblioteca.
• Ask-An-Expert - conta com a participação de especialistas (voluntários,
orientadores, bibliotecários e outros) e ” podem ser cham ados de especi­
alistas da informação porque realizam o trabalho similar àquele já esta­
belecido na biblioteca física” (Márdero Arellano, 2 0 0 1, p. 8).
M árdero A re lla n o (2 0 0 1, p. 7) relata que: “ A in d a no início de 2 0 0 1,
n enhum a das 184 bibliotecas brasileiras cadastradas pelo IB IC T no G T de
B ibliotecas V irtu a is ( http://www.cg.org.br/gt/gtbv/alfabetica.htm ) m an ­
tinh a algum serviço de referência que funcionasse 24h e com d istrib u i­
ção s e le tiva do tip o de c o n s u lta s ". A p e sq u isa em a n d a m e n to de
M arcondes, M en don ça e H ughenin (2 0 0 4 ) m ostra, em análise prelim inar
de parte da pesquisa com bibliotecas universitárias brasileiras, alguns
dos serviços/produtos que estão sendo oferecidos:
237
• Levantamento bibliográfico;
• COMUT;
• Pergunte à Bibliotecária;
• Fale conosco;
• Envio de cópias on-line;
• Sugestões;
• Empréstimo entre bibliotecas;
• Sumários correntes;
• Fichas catalográficas;
• Normalização de documentos;
• Dicionário, Enciclopédias on-line;
• Livros e periódicos on-line;
• Informativo: acervo, equipe e serviços;
• Lista de periódicos eletrônicos.
Uma questão que vem preocupando estudiosos desse tema está rela­
cionada à mediação humana no processo de referência digital. O fator
humano sempre foi considerado imprescindível no referido processo, uti­
lizado pelas bibliotecas tradicionais e um dos responsáveis pelo sucesso
das mesmas. Lankes, citado por Ferreira (s.d.), é de opinião que “ é tempo
de colocar um rosto humano na biblioteca virtual” e que o sucesso da
biblioteca virtual depende das pessoas que nela atuam. Ferreira (s.d.)
questiona: "Será que as TIC tornam obsoletas ou dispensável a mediação
humana no Serviço de Referência?” Ferreira continua relatando: “ Um ou­
tro problema formulado por Lankes relaciona-se com a falta de acompa­
nhamento que os bibliotecários têm proporcionado aos utilizadores.”
Torna-se im portante definir o papel da biblioteca digital e do b ib lio te­
cário neste n ovo cenário. Pom erantz e outros (200 4) se referem à diferen­
ça existente entre o aten d im en to a um usuário no balcão de referência de
um a biblioteca tradicional, durante a entrevista de referência, em que o
bibliotecário tem a oportunidade de tornar claras as necessidades de in ­
form ação desse usuário, o que não é possível na referência digital, e a
qu estão inicial apresentada pelo usuário é tu d o que o bibliotecário tem
para trabalhar. Inform am ainda que serviços de referência digital m o s­
tram que, m eios assíncronos não garantem a eles um a boa negociação.
C o m o num a biblioteca tradicional, o planejam ento desse serviço é in d is­
238
pensável, nele incluído o e stu d o de usuário, sem o qual não é possível
conhecér suas necessidades de inform ação e as form as de acesso por
eles desejadas.
4 . C o n s id e r a ç õ e s fin a is
O serviço de referência digital já é um a realidade nas bibliotecas e, no
Brasil, con vive com os serviços trad icionais de referência. Esse serviço
encontra-se vin culad o principalm ente a bibliotecas acadêm icas, p ú b li­
cas e especializadas, com o tam bém a serviços independentes, sendo que
diferentes serviços dem andam práticas diferentes.
Observa-se que, no exterior, com destaque para os Estados U n id o s,
os serviços de referência digital são organizados com a finalidade de res­
ponder questões dos usuários, m uitos deles gerenciados autom aticam ente
e u tilizand o softwares aplicativos d esenvolvidos para tal ou através de
especialistas que são acionados para responderem a questões relativas a
a ssu n to s que dom inam .
N o Brasil, os serviços de referência digital podem ser encontrad os
através de links dispostos nas homepage das bibliotecas e/ou dos siste­
m as de bibliotecas que as abrigam (caso das bibliotecas acadêm icas).
N ota-se um a sem elhança com os serviços de referência de bibliotecas
convencio nais, apresentados em novo form ato: o digital. Encontram -se,
neste caso, as inform ações a respeito das bibliotecas (co m o acervo, ser­
viços, equipe técnica, por exem plo), com o tam bém sobre os serviços
oferecidos por outras instituições. Algu m as bibliotecas perm item o acesso
a d o cu m en to s que se en co ntram em form ato eletrônico/digital e, outras
poucas oferecem o a ten d im en to a q uestões de referência via correio ele­
trônico, com o o caso dos serviços denom inados "Fale c o n o s c o ” ou “ Fale
com o bib lio tecário” .
E im portan te que o serviço de referência digital seja planejado, v is a n ­
do à sua estruturação ideal, com patível com o interesse dos usuários e a
disponibilidade do sistem a, com previsão de uma forma de avaliação pe­
riódica, visando a proporcionar um serviço de qualidade.
Q u a n to ao aspecto da participação hum ana no processo, acredita-se
que co n tinu ará a existir, pois, m esm o em serviços oferecidos virtu a lm e n ­
te, o bibliotecário se faz presente, seja q u an d o disponibiliza inform ações
239
úteis a seus usuários, seja quando aponta as m elhores fontes ou quando
apresenta a resposta certa às questões apresentadas, fruto de seu c o n h e ­
cim ento técn ico especializado, aliado à sua habilidade de lidar com as
ferram entas advindas das novas tecnologias e, principalm ente, de sua
experiência adquirida no desem penho profissional.
Acredita-se que a tendência é que a oferta dos serviços de referência
digital se amplie nas bibliotecas e que se instalem serviços que funcionem
em tempo real, utilizando-se dos chats e das mensagens instantâneas,
entre outros recursos que a tecnologia possa oferecer.
240
Re f e r ê n c ia s
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Anais... Natal: UFRN, 2004. CD-ROM.
242
LuizAtílio Vicentini'
Estamos vivendo um período de transformações tecnológicas, cultu­
rais e sociais. Como estas transformações influenciarão as novas gera­
ções, uma certeza, o acesso ao conhecimento será mais fácil e rápido, o
aprendizado terá uma alavancagem substancial, comparada aos tempos
atuais, aonde enfrentamos no dia a dia o assombro ao conhecimento re­
gistrado e divulgado com tanta rapidez, situação que não poderíamos
imaginar até a 10 anos antes, principalmente para quem vem dos anos
50, 60 e 70.
Peter Druker (1995, p. 43) em seu livro “Administrando em tempos
de grandes mudanças” , resume bem o que significa estas transforma­
ções quando diz:
Numa questão de décadas, toda a sociedade se rearranja - sua visão do
mundo, seus valores básicos, suas estruturas sociais e políticas, suas
artes, suas instituições básicas. Cinqüenta anos depois existe um novo
mundo, e as pessoas nele nascidas não conseguem nem mesmo imaginar
o mundo no qual viveram seus avós e nasceram seus próprios pais.
O cenário tecn oló g ico aponta para a necessidade de m udanças que
pode ser tão significativo quanto à m udança da arquitetura com putacional
do "m a in fra m e ” para o de cliente/servidor ocorrida na década de 80. A
tecnologia atual vem crescendo através do desen volvim en to de sofisticaCoordenador do Sistema de Bibliotecas da UNICAMP. Especialista em sistemas de
informação em ciência e tecnologia, pela PUCCAMP. e gestão de negócios e
tecnologia de informação, pela FCV. [email protected]
dos sistem as de troca de m ensagens, soluções de código aberto e novos
p rotocolos de segurança, facilitando novos tipos de relações com m aior
colaboração e parcerias.
S itu a n d o as bibliotecas desse m ilênio, estas devem dirigir seus esfor­
ços em um n ovo con ceito de estrutura, com a im plantação de bibliotecas
híbridas, trabalhando fundam entalm ente na “ logística da info rm ação” ar­
m azenada, coletada e acessada. Segundo D avenport (1 998),
[...] a informação não pode ser considerada de maneira isolada nas insti­
tuições, e que, às bibliotecas está reservado o papel de repensar suas
atividades e funções, adaptando-se aos novos modelos organizacionais e
extraindo das tecnologias disponíveis o substrato para a melhoria na pres­
. tação de serviços e na utilização eficaz de informações.
A atual convergência digital conduz as bibliotecas, princip alm ente as
universitárias, a buscarem m ecanism os para atualização e recuperação
eficiente de inform ações. O reposicion am ento de m ecan ism os ágeis e
eficazes tom ou força a partir do advento da Internet, cujas tran sfo rm a­
ções filosóficas e as novas form as de relacionam ento advindas com e s­
sas novas tecnologias de inform ação lançaram luzes para m aior difusão
da inform ação científica registrada nas universidades.
A tu a lm e n te , a tendência m undial das unidades de inform ação é d is­
por seus acervos de forma eletrônica/digital, visand o à co n servação e/ou
à d isponibilização de seus con teú d os e o com p artilh am en to de recursos
inform acionais.
N o âm bito de uma universidade que tem com o princípio de atu ação
fom entar o ensino a pesquisa e extensão, a biblioteca digital torna-se
um a ação proativa para que a com unidade acadêm ica possa publicar seus
trabalhos de forma rotineira, por m eio de sistem as via W E B , difundindo o
con h ecim ento, otim izan d o o fluxo de com u nicação científica e reduzindo
o ciclo de geração de novos con h ecim entos.
A Internet destaca-se com o uma grande vitrine para
de inform ação
consum id ores
cada vez m ais sabedores de com o se beneficiarem dessa
tecnologia, no seu dia-a-dia, ta n to no trab alh o q u an to no lazer. A s prin ­
cipais tendências para atender às características exigidas pelo atual c o n ­
sum idor de inform ação são:
244
• auto-serviço: ele é auto-suficiente em seu cam inh o na busca pela
informação;
• integração de tecnologias para facilitar o acesso à inform ação;
• navegação eficiente para localização da inform ação.
I . A
b ib lio t e c a d ig it a l
O d esen volvim ento de um a biblioteca digital parte de um m ovim ento
global em m uitos setores da sociedade, com direcionam ento ao trabalho
virtual e serviços eletrônicos hoje co n sta n te s devido ao grande avanço
das tecnologias de inform ação.
Inovação e difusão do conhecimento, esta é a essência de uma biblioteca
digital. C om esses dois pensamentos, e com o auxilio de tecnologias que
permitam a transferência do conhecimento, não importando a localização físi­
ca do receptor, a estruturação de uma biblioteca digital propõem etapas a se­
rem exploradas, etapas que influenciarão nas atuais funções das bibliotecas,
desde a revisão das instalações físicas, passando pela aquisição e desenvolvi­
mento de coleções, catalogação, classificação e indexação, principalmente no
uso do computador com o instrumento central de difusão da informação.
A criação de um a biblioteca digital deve atender às características
com o bem define C u n h a (1 999, p. 255):
[...] o conceito biblioteca digital aparenta algo revolucionário, mas, na ver­
dade, ele é resultado de um processo gradual e evolutivo. A introdução de
processos digitais nos diversos serviços comumente existentes numa biblio­
teca está provocando impacto, com reflexos positivos e negativos, nas fun­
ções e serviços de uma biblioteca. Não existe uma estratégia única a ser
empregada na implementação de uma biblioteca digital. As estratégias, tal
como as bibliotecas nascem num determinado tempo e, obviamente, so­
frem influências da cultura e das situações econômico-financeiras.
A inform ação com o elem ento principal da necessidade hum ana tornase indispensável para o desenvolvim ento da pessoa. N o livro 7\ inform a­
ção: análise de um a liberdade frustrada, Xifra-Heras (1975, p. 27) afirma:
a informação contribui diretamente para a propagação de conhecimento
e, por conseguinte, para a formação dos indivíduos. Por isso se configur a
245
como uma liberdade individual que se concretiza no direito do homem a
emitir, expressar e receber informações.
A partir desta afirm ação, um in stru m en to com o uma biblioteca digi­
tal m uito con trib u i para a difusão do con h ecim ento e para a form ação
social dos indivíduos.
Como principais componentes em uma biblioteca digital podemos citar:
Coleção/conteúdo
Recursos humanos
-
Equipe multidisciplinar
Capacitação
Padronização
Metadados
MARC
Formato do arquivo digital
Padrão de digitalização
Tecnologia •
^
Hardware
Software
Livre
....Proprietário
Flexibilidade de desenvolvimento
Facilidade de gerenciamento da coleção digital
Linguagem de programação
5
Utilização de protocolos de comunicação para
importação e exportação de dados
Digitalização
Garantia de direito autoral
Preservação do documento digital
2. A s
t e c n o lo g ia s d e in fo r m a ç ã o
U m a das grandes alternativas atuais em tecnologias de inform ação para
estruturação de bibliotecas digitais, é a utilização de software livre (código
246
aberto), viável para que as instituições desenvolvam soluções (serviços e
produtos) com m aior velocidade a um cu sto m uito baixo.
.
O so ftw a re livre pode ser d efin id o a p a rtir das ca ra c te rís tic a s a
seguir:
• O software livre pode ser utilizado, copiado e redistribuído livremente;
• O software livre é distribuído livremente junto com o código fonte;
• Alterações, melhorias, otimizações ou correções efetuadas são obriga­
toriamente distribuídas gratuitamente na nova versão do software.
O software livre propõe total liberdade de criar e inovar. N a Internet os
softwares estão disponíveis a “ cu sto zero". Com o código fonte disponível
e um pouco de conhecim ento é fácil adequá-lo a cada necessidade.
U m a das características necessárias em um a biblioteca digital é a sua
estruturação para integração e interoperabilidade das inform ações dos
d ocu m en tos digitais, por meio de m etadados, possib ilitand o a captura e
d isponibilização dos dados e a sua integração com ou tros bancos digi­
tais e/ou referenciais, u tilizando in stru m en to s tais com o:
• Protocolo Z39.50, ou versões mais novas;
• Protocolo O A I - Open Archives:
• extração e importação de dados em XML;
• extração e importação de dados IS02709;
• formato de descrição M A RC e suas variações.
3. G e s tã o
d a b ib lio t e c a d ig it a l
Deixando a parte os aspectos tecnológicos, o modelo de gestão de uma
biblioteca digital, deve atender acima de tudo às características de cada insti­
tuição, podendo o modelo ser adaptado às reais necessidades de cada institui­
ção, ou seja, totalm ente centralizado, parcialmente descentralizado e total­
mente descentralizado. Na escolha do melhor modelo, é necessário verificar se
a tecnologia a ser utilizada atende a pelo menos dois dos modelos, ser uma
tecnologia flexível que permita adaptações rápidas quando houver necessida­
de de alterações. N unca pensar na criação de uma biblioteca digital com al­
gum produto (software) com características proprietárias, aquele que só per­
mite alterações se o próprio dono do software achar conveniente alterá-lo.
247
Criar uma biblioteca digital com foco no usuário. Saber quais serão os
nossos usuários potenciais é fundam ental no planejam ento dessa bibliote­
ca. N unca se deve pensar que o seu principal usuário será o da sua in stitu i­
ção, pensar assim será um grande erro. A partir da estruturação de uma
biblioteca digital com acesso via Internet, toda categoria de usuário terá
acesso ao d ocum ento publicado, com variados interesses, pessoais, aca­
dêmicos ou até por curiosidade. Nesse sentido, torna-se fundam ental iden­
tificar qual con teú do será trabalhado para construir o banco digital.
Estabelecer um p lanejam ento para a criação da biblioteca digital que
atenda às características a seguir: igualdade do d ocu m en to digital com o
d ocu m en to im presso, acesso direto do usuário à inform ação publicada,
revisão do fluxo de trabalho na biblioteca com os principais envo lvid os,
aplicar co n ceito s de qualidade visand o a m inim izar erros, flexibilidade e
capacitação dos funcionários envolvidos em tod o o processo da b ib lio te ­
ca digital, execução de estu d o s e planejam ento financeiro para garantia
de software, h ard w are e rede para acesso a biblioteca digital.
U m a estratégia para o bom d esen volvim ento de um a biblioteca digi­
tal é a co n stitu içã o de um a equipe m ultidisciplinar, com profissionais de
diversas áreas da instituição, estabelecendo prioridades e m etas, e o mais
im portante: todos devem estar envolvido no projeto da biblioteca digital
a ser estruturada. Esta estratégia deverá abranger os aspectos de:
• recursos hum anos - e n vo lvim en to de colaboradores de to d as as
áreas da instituição;
• recu rso s te c n o ló g ic o s - d e lim ita ç ã o das te cn o lo g ia s a serem
adotadas no desen volvim ento da biblioteca digital;
• recursos m otivacionais - in cen tivo à equipe e colaboradores para o
d esen volvim ento do produto biblioteca digital.
O u tro im portan te trabalho a ser realizado para estruturar um a b ib lio­
teca digital é a con scientização do autor do d o cu m en to e das áreas gera­
doras desses d ocum entos, m ostrando a im portância da divulgação desse
co n h ecim e n to registrado. Este trabalho é co n tín u o , deve procurar m o s­
trar ao autor que o acesso em linha ao docu m en to digital, gratuito e c o m ­
p leto am plia sua difusão, perm itindo que o seu d o cu m en to seja um ve r­
dadeiro in stru m en to para satisfazer a dem anda requerida pelo usuário.
248
Também se deve atentar aos aspectos legais. O direito sobre o d o cu ­
m ento digital será sem pre do autor, garantindo a ele o direito de ve to da
publicação do docu m en to digital. Para facilitar esta questão, pode-se es­
tabelecer prazos para a publicação, m ediante form ulário de autorização
com as seguintes opções ao autor: o p çã o I - autorizo a publicação do
d ocu m en to digital: o p ção 2 - autorizo a publicação do docum ento digital
após dois anos da assinatura desta autorização; o p çã o 3 - consulte-m e
após dois anos da data de assinatura desta autorização para publicação
do d o cu m en to digital. C om a indicação das opções 2 ou 3, o d ocu m en to
digital poderá ter restrição de publicação de dois a quatro anos.
Estabelecer procedim entos para a publicação do d ocu m en to em m eio
eletrônico na biblioteca digital deve ser um o b jetivo a ser seguido. O s
arquivos con ten d o o docu m en to eletrônico deverão estar no form ato com
a extensão que identifique sua estruturação, tais com o:
• P o n to d oc (M S W o rd );
• P o n to ps (post-Script);
• P o n to p d f (A d ob e).
D o cum entos que não estiverem no form ato estabelecido e autorizado
para p ublicação podem não ser aceito. N esse caso, o correto é orientar o
autor na co n versão de seu arquivo/docum ento para um form ato aceito,
ou a própria biblioteca pode assum ir esta responsabilidade. N esse caso,
a biblioteca deve realizar a conversão do arquivo segundo os padrões de
qualidade estabelecidos, observan do a igualdade deste se o d o cu m en to
já existir no form ato im presso.
O conteúdo textual do docum ento deve (preferencialmente) ser salvo em
um único arquivo, no formato autorizado. Também podem ser disponibilizados
docum entos que estivem em mais de um arquivo, os quais deverão ter seus
arquivos nom eados na seqüência que as informações estão dispostas no
formato original do docum ento, que pode ser o impresso. A num eração das
páginas e o conteúdo devem estar em conformidade com o indicado no su ­
mário do docum ento. Im portante tam bém eliminar, dos arquivos eletrôni­
cos, possíveis chaves que restringem o acesso ao conteúdo a ser publicado.
N a fo rm atação do d o cu m en to eletrôn ico, levar em con sid eração que
padrão ú n ico facilita no gerenciam en to e na p ad ro nização, porém um a
249
biblioteca digital nunca deve restringir qualquer outro form ato de docu­
m ento a ser publicado. O formato mais usual atualm ente é o PDF. Verificase que a tendência é a disponibilização de diversos tipos de docum entos
em diversos form atos, ou ainda a im plantação do conceito de “ cluster” , um
docum ento texto em form ato PDF, com os anexos desse d ocum ento em
outros form atos de vídeo e sons, anexados ao docum ento texto principal.
U m dos p o n to s relevantes ao se con struir um a biblioteca digital é o
acesso. A partir da sua im plantação, se não houver restrições, o acesso
será universal e trará grandes vantagens conform e as citadas a seguir:
• inform ação organizada;
• confiabilidade;
• m étodos de busca mais abrangentes;
• sem lim itações geográficas;
• sem lim itações de disponibilização do núm ero de volum es;
• preservação dos m ateriais im pressos;
• inform ação com acesso hipertextual;
• apresentação de diversos formatos de docum entos (texto, som, vídeo);
• integração, difusão e dem ocratização do co n h ecim ento.
4 . A r q u it e t u r a d a in fo r m a ç ã o
Todo sistem a de inform ação que possibilite a entrada e recuperação
de dados exige aplicações voltadas a um a arquitetura para a organização
de grandes vo lu m es de inform ação, de forma que os usuários possam ter
acesso rápido e preciso à inform ação desejada.
U m sistem a bem estruturado deve atender às necessidades dos u su á ­
rio s , o fe re c e n d o um a m b ie n te v ir t u a l o r g a n iz a d o , f a c ilit a n d o a
navegabilidade do visitan te, com um a abordagem centrada no usuário,
conduzind o a personalização das interfaces de com u n icação no processo
de recuperação e visualização dos co n teú d o s digitais.
O processo de con stru ção de um a biblioteca digital se torna am plo e
com plexo, sendo necessário um co n h ecim en to da estrutura de sua in sti­
tu ição e da form a com o os docu m en tos são gerados e tram itam pela in s­
titu ição. Por ou tro lado, deve sem pre ser levado em con ta o d esen vo lvi­
m e n to te c n o ló g ic o , sen d o n ecessário possuir, em seus q u ad ro s de
250
funcionários, técnicos de informática devidamente conhecedores de
te c n o lo g ia s para o d e s e n v o lv im e n to a d e q u a d o das ferra m e n ta s de
gerenciam ento e acesso aos d o cu m en tos publicados em form ato digital.
Cam argo (2004) define a estruturação de uma biblioteca digital com o,
Construir uma biblioteca digital envolve coleções de documentos digitais
em vários formatos, mídia e conteúdo e, associados a isso, componentes
de hardware e software que operam em conjunto com diferentes forma­
tos de dados e algoritmos, várias pessoas, comunidades e instituições
com objetivos, política e cultura próprias.
A organização da biblioteca digital, ou seja, a arquitetura da inform a­
ção, co n ceitualm en te, para S tra io to (2002, p. 20):
[...] refere-se ao desenho das informações: como texto, imagens e sons
são apresentados na tela do computador, a classificação dessas informa­
ções em agrupamentos de acordo com os objetivos do site e das necessi­
dades do usuário, bem como a construção de estrutura de navegação e
de busca de informações, isto é, os caminhos que o usuário poderá per­
correr para chegar até a informação.
Em uma biblioteca digital este conceito tam bém é válido. N o m om ento
da organização dos docum entos digitais, deve-se levar em conta a estru tu ­
ra da instituição detentora dos docum entos. A organização pode ser feita
por cam adas ou tópicos, com nom es de áreas, departam entos, setores,
facilitando inclusive o m elhor entendim ento da estrutura da instituição.
U m a arquitetura da inform ação bem elaborada com preende as etapas
de o rg a n iz a ç ã o , c la s s ific a ç ã o e in d e x a ç ã o d o c o n te ú d o , além da
estruturação de canais de ligação para facilitar a navegabilidade entre as
áreas da biblioteca digital e o acesso ao d o cu m en to digital, con struin d o
os cam inh os da inform ação, suas conexões e desdobram entos, a fim de
con trib u ir para a divulgação do co n h ecim e n to registrado e disponível. .
A cultura digital atual nada m ais é do que a adoção por parte dos
indivíduos desta com u nidad e de novos padrões de interação e valores no
m undo on-line. Torna-se necessário desenvolver projetos cada vez mais
c e n tra d o s na re le v â n c ia e na p ra tic id a d e para u tiliz a ç ã o , c ria n d o
m etodologias eficazes de organização e acesso à inform ação digital.
251
A fase de publicação de um d ocu m en to em um banco digital transforma-se em um processo, com um co n ju n to de ações e envo lven d o núm ero
significativo de pessoas.
Etapas de desenvolvimento de um produto WEB, com destaque para a fase da arquitetura da
informação como elemento central do produto on-line
Deve-se ainda levar em conta os aspectos que envolvem o contexto
tecnológico de um am biente W E B e digital, sendo necessário à identifica­
ção detalhada dos elem entos de um produto digital, a partir do h a rd w a re
- quais e q u an to s deverão ser utilizados, s o ftw a re - quais sistem as
operacionais aplicativos serão utilizados e desenvolvidos e finalm ente o
suporte digital - qual o tipo de suporte, arm azenam ento, local físico, mídia,
condições am bientais previsão de reaproveitam ento futuro.
O acesso aos docum entos digitais deve ser livre, não deve existir restri­
ção de visitas ou dow nloads aos docum entos arquivados. O que pode ser
adotado, o controle de dow nloads - O que o usuário da biblioteca digital
está acessando? -, passa a ser uma exigência para execução de downloads.
Esse controle pode ser feito por meio de um cadastro e autorização ao u su ­
ário que irá acessar e fazer dow n load do docum ento digital. C om o em pre­
go de um recurso no software gerenciador da biblioteca digital, o usuário
realiza um breve cadastro, cria uma senha e, a partir desse m om ento toda
vez que ele for acessar ou fazer dow n load de algum docum ento com a se-
252
nha particular, fica registrado naquele docum ento quem acessou ou fez
dow nload. Im portante, este banco deve ficar à parte do banco digital, e só
pode ser acessado pelos adm inistradores da biblioteca digital.
O acesso livre, navegabilidade, interface am igável, possibilidade de
cópia de docum entos sem custo, independentem ente se existe ou não um
controle de d ow n load s aos docu m en tos digitais, não inviabiliza o usuário
na busca pelo con h ecim ento registrado nos docum entos digitais. Todas
estas facilidades atendem a um dos grandes requisitos da Internet, a
usabilidade. Talvez um a das grandes restrições atuais é o tip o de conexão
que o usuário a distância possui em sua estação de trabalho. U m usuário
ao acessar a Internet por meio de um a conexão de baixa velocidade com
certeza terá dificuldades em fazer um d o w n lo a d de um d ocum ento digital,
diferente do usuário que utiliza uma conexão de alta velocidade.
U m detalhe im portante, no m om en to da criação de um a biblioteca
digital, é o uso sim ultâneo de um m esm o docu m en to. Dois usuários d e­
vem poder executar dow n loads de um m esm o d ocu m en to sim u lta n e a ­
m ente sem prejudicar a performance do sistem a.
V o lta n d o à q u estão de quem acessa ou faz dow n load s nos d o cu m en ­
tos digitais. Essa é um a questão inusitada. De acordo com o con ceito de
uso na Internet, tu d o é livre e o acesso é irrestrito. N a realização de um
con tro le sobre d ow n load s nos d ocu m en to s digitais, o con ceito de uso
da Internet não é ferido, e o acesso co n tin u a livre e irrestrito, com um a
inform ação a mais, e os adm inistradores da biblioteca digital e p rincipal­
m ente a in stitu ição poderão saber quem está e de onde está acessando
os d o cu m en to s digitais. Por m eio desses dados, a in stitu ição poderá ter
indicadores de qual con h ecim ento registrado e divulgado pela biblioteca
digital dem onstra m aior interesse. Essa inform ação poderá direcionar mais
ou m enos in vestim en to s em determ inadas áreas, por exemplo. A o m es­
mo tem po, com esse tip o de indicador, passam os a ter um a nova b ib lio­
teca digital, um a biblioteca mais personalizada direcionada ao m aior in ­
teresse da com u nidade usuária.
N esse ponto, retom am os à questão tecnológica. M u ita das atividades
descritas acima serão fáceis de serem im plantadas, se o produto gerenciado
(software) facilitar e tiver flexibilidade suficiente para adaptar-se à neces­
sidade de gerenciam ento não só do banco digital, mas tam bém atender a
m udanças necessárias de forma rápida e eficaz. Assim , é fundam ental •
253
que o software, ao ser desenhado, possua uma estrutura hierárquica que
facilite a adm inistração do fluxo dos docum entos digitais, com atrib u i­
ções bem definidas de “ quem faz o que na biblioteca d igital” .
5 . D ir e tr iz e s p a ra o d e s e n v o lv im e n t o e
g e s t ã o d e u m a b ib lio t e c a d ig it a l
Para o desenvolvim ento de uma biblioteca digital, deve existir a preo­
cupação com aspectos relacionados à qualidade, consistência e credibilidade
do conteúdo disponibilizado e certificação dos dados por m eio da criação
de vínculos autom áticos para coleta de dados com bancos referenciais que
já possuam as inform ações sobre os docum entos registrados.
A estruturação de um a biblioteca digital pode seguir diretrizes b ase­
adas em itens da teoria da qualidade, visan d o a estabelecer indicadores
para que o projeto seja bem-sucedido, tais com o:
Categorias
Desempenho
Conformidade
Durabilidade
Variáveis
Características
Armazenamento dos
Documentos
Integridade do documento digital; espaço em disco;
controle de vírus; facilidade e rapidez na inserção; dados
de conteúdo e informações adicionais; indexação dos
arquivos; integração de dados.
Mecanismo de Busca
Grau de recuperação dos documentos.
Controle de Acesso
Registro de visitas e downloads.
Cadastro de
Visitantes
Identificação dos usuários que acessam as teses e
dissertações.
Estatísticas
Indicadores de visitas e downloads
Atores
Ações realizadas pelos personagens. Definição de quem
faz o que?
Arquitetura do
Informação
Metadados
Nível de organização das informações.
Integração e
interoperabilidade
Utilização de protocolo de comunicação e protocolo de
coleto automática dos metadados (horvestíng); utilização
de tecnologia de software livre.
Implementações
Realização de upgrade de software e hardware.
Segurança
Política de backup; documentação do software e da
metodologia.
Preservação
Político de preservação do documento digital.
Padrões para a descrição dos dados.
A seguir são apresentados em detalhes às categorias e variáveis.
254
I ) D e se m p e n h o - De acordo com G arvín ( 1992), “ as características
operacionais básicas de um produto é responsável pelo seu desem pe­
n h o ” . N o projeto de um a biblioteca digital, podem os identificar as variá­
veis m ais im portantes referentes a esta categoria:
a) A rm a z e n a m e n to s dos D o c u m e n to s - Para o arm azenam ento dos
docu m en tos, o sistem a deve con tem plar em suas funcionalidades alguns
requisitos de controle, necessários para garantia do d esem penho da bi­
blioteca digital:
• con tro le de upload - som ente d ocu m en tos au ten ticad o s são inse­
ridos no banco digital;
• compressão dos arquivos - objetiva a econom ia do espaço ocupado
pelos docum entos, garantindo a performance de acesso ao banco digital;
• identificação de víru s - o servidor deve possuir um sistem a de a n ti­
víru s ativado pelo con tro le de upload, garantindo a integridade do
arquivo inserido, do banco digital e dos dow n load s a serem realiza­
dos posteriorm ente;
• publicação do d o cu m en to - a inserção do d o cu m en to digital deve
ser de fácil e rápida operacionalização. B uscar a integração da biblio­
teca digital com os bancos referenciais (catálog o a u to m atizad o ), que,
por m eio de protocolos de com unicação (ex.: Z39.50), perm ite a tran s­
ferência dos m etadados, evitan d o o retrabalho na descrição dos d o ­
cu m e n to s no banco digital;
• m etadados - a descrição dos docu m en to s na biblioteca digital é
realizada m ediante a m arcação (identificação) dos m etadados que são
extraídos de outras bases referenciais.
b) M e c a n is m o de B u s ca - O m ecanism o de busca é um a das partes
mais im portantes do sistem a. O sistem a deve m anter um a base de dados
própria otim izada para realizar as buscas. Essa característica garante a
performance no tem p o de resposta quando da subm issão de um a p esqui­
sa, ind ependentem ente da quantid ad e de d ocu m en tos no banco digital.
O sistem a recupera palavras encontradas ta n to nos cam p os indexados,
q u an to no con teú d o do docum ento.
c) C a d a s tro de V is ita n te s - O acesso aos d ocu m en to s é liberado
após o preenchim ento do form ulário de registro, ocasião em que o visi-
255
ta n te se identifica com seus dados, criação de login e senha, a u to m a tica ­
m ente au tenticada pelo sistem a.
d) C o n tro le de A c e s so - Possibilidade de registro de todas as visitas e
dow nloads de cada arquivo, com a identificação do usuário que está exe­
cu tan do o dow nload . A pós o primeiro download, o sistema permite ao
usuário a realização de novos dow nloads sem a necessidade de nova au ­
tenticação da senha. Esse controle de acesso perm ite o reconhecim ento
dos docum entos mais visitados.
e) Estatística - Permissão do registro do número de visitas e downloads
realizados por documento. Apresentação dos dados estatísticos dos docu­
mentos mais acessados, por área do conhecim ento, por domínios, instituição
e pelos termos (assuntos) mais utilizados para as buscas no banco digital.
-■ 2) C o n fo r m id a d e - Essa categoria da qualidade é definida em G arvín
(1 992) co m o “ o grau em que o projeto e as características operacionais
de um p roduto estão de acordo com padrões p reestabelecidos” . A pre­
m issa básica da organização de qualquer acervo docu m en tal é a classifi­
cação dos assu n to s por área do con h ecim ento. O u tro exem plo ainda de
in stru m en to norm alizador são os cabeçalhos de assu ntos, os v o c a b u lá ­
rios con trolados ou ainda os thesaurus, utilizados para a indexação em
bases e sistem as de recuperação da inform ação com o requisitos de c o n ­
form idade necessários ao estabelecim ento de especificações técnicas para
a padronização dos dados, que garantam a qualidade do fluxo e da recu ­
peração das inform ações pelos seus usuários:
a) U su á rio s - O gerenciamento das ações desenvolvidas na biblioteca
digital, m ediante a da definição dos possíveis papéis que os usuários (inter­
nos e externos) possam ter dentro do sistema. A atribuição dos papéis dos
personagens (administrador, responsável, colaborador e visitante) permite
a definição das atividades que serão realizadas no am biente da biblioteca
digital de maneira sistêmica e padronizada, perm itindo a descentralização
das tarefas de maneira a garantir a autonom ia controlada de cada papel de­
sem penhado. O sistema deve prever quem faz o que, quando e com o?
b) A rq u ite tu ra da In form ação — O sistem a deve possuir um a e stru tu ­
ra hierárquica para a organização das inform ações que serão definidas em
níveis ( I
nível, 2 ° nível etc.). Para cada especificidade dos assuntos, p o ­
dem-se criar ou tro s níveis, ou seja, um nível pode co n ter um ou mais
256
sub-níveis, dependendo da necessidade. Podem ser previstos tam bém a
definição de categorias que correspondem a tip os de d ocu m en tos v á li­
dos e os lim ites de tam an ho, podendo ainda especificar um ou mais for­
m atos a serem aceitos dentro de cada categoria.
c) M e ta d a d o s - O s m etadados constituem -se em uma nova forma de
estruturar e disponibilizar inform ação eletrônica por m eio da Internet. A
literatura identifica form atos para descrição de dados bibliográficos de
acordo com as recom endações estabelecidas pela norm a IS O 2709 e ta m ­
bém dos m etadados. Inclui inform ações descritas tradicionalm ente, com o
os catálogos de bibliotecas (autor, títu lo, assu n to etc.) e sobre recursos
eletrônicos. Gils (2 0 0 1) relaciona a idéia de m etadados às citações b ib lio­
gráficas, e n tre ta n to seu con ceito torna-se m ais am plo em razão das suas
características: descrever, identificar e definir o recurso eletrônico; ap re­
sen tar diferentes níveis de especificidade, e stru tu ra e com plexidade;
ob jetivan do m odelar e filtrar o acesso, estabelecer term os e condições
para o uso, autenticação e avaliação, preservação e interoperabilidade
das publicações eletrônicas.
d) In te g ra çã o e In te ro p era b ilid a d e - Esses itens são identificados nas
ações de im plem entação de sistem as de acesso, dissem inação e co o p e ­
ração de repositórios inform acionais, convergem para a possibilidade de
os usuários interagirem em recursos inform acionais heterogêneos, ar­
m azenados em diferentes servidores na rede, em um a interface única para
a recuperação das inform ações dem andadas.
3) D u rab ilid ad e - Diz respeito à vida útil do produto e, de acordo com
G arvín (1 992), “ pode-se definir durabilidade co m o o uso proporcionado
por um produto até ele se deteriorar fisicam en te” . A s variáveis e ca racte ­
rísticas identificadas nessa categoria da qualidade da biblioteca digital
são analisadas a seguir:
a) N o v a s im p le m e n ta çõ e s - O projeto da biblioteca digital deve pre­
ver a m édio e longo prazo a realização de upgrade no softw are e hardw are,
ob jetivan do m anter a qualidade do sistem a, independentem ente do cres­
cim ento do seu banco digital.
b) S eg u ra n ça - A adoção de políticas de backup c o n sta n te visan d o a
garantir a integridade física dos d o cu m en to s digitais, e a docu m en tação
do softw are e da m etodologia da biblioteca digital são requisitos fu n d a -
257
m entais para garantir a continuidade no seu desen volvim ento e as m a n u ­
ten ções que se fizerem necessárias. Todo projeto baseado em tecnologia
de softw are livre perm ite o desen volvim ento de novas funcionalidades e
o aperfeiçoam ento do sistem a a medida de suas dem andas.
c) P rese rva çã o do d o cu m e n to digital - N ão existe ainda um a política
de preservação do d ocu m en to digital, em form ato e mídia adequada para
garantir o acesso c o n tín u o dos m ateriais digitais para gerações futuras.
Essa preocupação tem sido objeto de discussões pelos pesquisadores da
área da inform ação e pelos responsáveis dos repositórios q ue utilizam a
W e b com o am biente inform acional.
6. U m a
b ib lio t e c a d ig it a l in t e g r a d a
Para total interoperabilidade de uma biblioteca digital, esta deve estar
integrada nos recursos de conteúdo, hardware, software e metodologia de
publicação. Nesse sentido, apresenta-se a seguir um esquema gráfico de­
m onstrando a dimensão da integração necessária para uma biblioteca digital:
258
A visão de futuro, apontada por diversos especialistas, acena para
um acervo eletrônico/digital, em que o con ceito do acesso deve predom i­
nar sobre o de posse da inform ação.
U m a nova biblioteca coloca-se no atual estágio de d esen volvim ento
tecnológico, a biblioteca digital não deve m ais se preocupar som ente
com o d esen volvim ento de sua coleção local visand o a satisfazer às n e­
cessidades dos usuários presenciais. O s bibliotecários devem estar a te n ­
to s a uma nova realidade na biblioteca, que terá no futuro um enorm e
acervo digital. C om essa m udança, será necessário conhecer os reais
interesses dos usuários, principalm ente o usuário não-presencial.
D evem os pensar na biblioteca digital do futuro, com um a estrutura
mais personalizada e funcional. Personalizada no sentido de conhecer o
seu usuário, o que foi mais acessado, de onde é o usuário, e criar m eca­
nism os de interatividade com este usuário, por exemplo: criando um c a ­
nal de co m u nicação inform ando os novos d o cu m en tos publicados na b i­
blio teca digital sob re o a s s u n to por ele p e sq u isad o a n te rio rm e n te .
Funcional no sentid o de que a sua infra-estrutura con tem p le os requisi­
tos de hardw are, softw are e arquitetura da informação, para perm itir maior
flexibilidade para m udanças e adaptações exigidas em nível in stitucio nal
e de usabilidade.
259
Re f e r ê n c i a s
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DE BIBLIO T EC A S U N IV E R S IT Á R IA S , 13., 2004, Natal. Anais... Natal:
UFRN , 2004. I CD-ROM.
262
Helena Pereira da Silva'
OthonJambeiro"
Angela Maria Barreto
I . In tr o d u ç ã o
Discorrer sobre as com petências do profissional da inform ação no
planejam ento e operação de bibliotecas digitais im plica inseri-las, n e ­
cessariam ente, nas discussões sobre a profunda m udança de urna c u ltu ­
ra analógica para urna cultura digital. Essa m udança está atrelada à eter­
na relação técn ica e cultura, verificada ao longo do d esen volvim ento da
hum anidade.
Sobre essa relação, Capurro, em palestra no 6o C on greso N acion al de
Bibliotecologia y D o cum entación da C olo m bia, em 2000 - cujo tem a foi
“ C ultura Digital e Inform ação no Próxim o M ilê n io ” - lembra O rtega y
G asset, no livro M ed itación de la Técnica (1 965, a p u d Capurro, 2002,
p. I ), que d istingue a técnica em três estágios: a natural; a do artesão; e a
do técn ico . Esta últim a sem pre tem sido a m eta do hom em , nela inserida
'Doutora em engenharia de produção (UFSG, mestre em ciência da informação (1BICT/UFRJ),
professor adjunto do Instituto de Ciência aa Informação. UFBA. [email protected]
"Ph D in communication studies (University of Westminster. U.K). mestre em ciências
sociais (USP). professor titular do Instituto de Ciência da Informação. UFBA. pesquisador.
C do CNPq. [email protected]
‘"Doutora em comunicação (USP). mestre em ciência da informação (PUC/SP). Professor
adjunto do Instituto de Ciência da Informação, UFBA. [email protected]
263
a possibilidade de agir à distância, com o coloca Capurro: urna action in
distans, dem onstrada pelas invenções que unem o hom em com o d is ta n ­
te: com o a pólvora, a bússola, a im prensa etc.
A relação técnica e cu ltu ra é susten tada pelos processos com unicacionais. A o produzir teias de significação para si m esm o, o hom em fu n ­
dam en ta sua vida social nos aspectos da produção, arm azenam ento e
circulação da inform ação e do con teú d o sim bólico. Para isto, utiliza-se
de vários recursos ou m eios técnicos. Thom p son (1 998), ao inserir esta
com preensão em sua discussão sobre a mídia e a m odernidade, diz que
os m eios técnicos em pregados necessitam apresentar algum as caracte­
rísticas, tais com o as de fixação, reprodução e d istan ciam en to tem poral.
O grau de fixação depende do m eio utilizado e liga-se aos m ecan is­
m os de arm azenam ento da inform ação. O atrib u to da reprodução referese à possibilidade de m ultiplicação de form as e con teú d os sim bólicos. A
terceira característica, o distanciam ento espaço/temporal, significa o afas­
tam e n to da forma sim bólica de seu contexto de produção no tem p o e no
espaço. Alterações nestas características redundam na passagem de uma
cu ltu ra analógica para um a cultura digital.
Sabe-se que todos os m eios técn ico s têm relação com os fatores es­
paço e tem po da vida social. A im prensa, por exemplo, é um a técn ica que
co loco u o indivíduo - que tin h a sua capacidade com u nicacional forte­
m en te sincrónica e espacialm ente b astan te restrita - em co n ta to com
essa periferia infinita - em espaço e tem po - de leitores potenciais, com o
sugerido por O rtega (ídem , ibidem ). O surgim ento de n ovas técnicas,
co m o o telégrafo, o telefone, o disco, o rádio, a T V a era das te le c o m u n i­
cações, enfim, tornou o atrib u to tem po/espaço ainda m ais significativo.
C apurro transporta essa idéia para a perspectiva da Intern et e a m u ­
dança do paradigma cultu ral provocada pela técnica das redes digitais,
que não só conectam o indivíduo solitário com uma periferia infinita de
leitores, com o perm item a co m u nicação desses leitores com o autor. Isto
transform a am bos em participantes virtu ais de um diálogo e de um a ação
com u m , que ele denom ina actio digitalis in distans e - o que revoluciona
tu d o - de forma interativa em tem po real.
O u tra possibilidade que a Internet oferece é a da m estiçagem c u ltu ­
ral, um dos m ais fascinantes fenôm enos do m undo atual, ta n to nos as­
p ectos p ositivos de diferenciação e m ú tu o enriq uecim ento co m o nos ne-
264
gativos de hom ogeneização, incluindo, às vezes, políticas do tipo p rote­
cionista ou isolacionista. C om essas proposições, C apurro invoca o s o ­
nho O rtegiano, que se faz realidade agora:
Desde hace anos sueno com um posible curso em que se muestren frente
a frente las técnicas de Occidente y las técnicas dei Ásia (Ortega, 1965,
p.95, apud Capurro, 2002, p.2)
C apurro (2002, p.2) com plem enta que a cultura digital é algo assim
com o um projeto vital em que a técn ica do técnico, cristalizada na figura
do engenheiro, m uda em direção ao que se cham a engenharia do c o n h e ­
cim ento, podendo operar co n ju n ta m e n te com a técnica do espírito, que
pode ser representada em term os m enos idealistas, co m o técnica de
software. N ã o no sen tid o estrito, mas latu senso, para indicar uma forma
de estruturar, desenvolver e com u nicar o saber que oferece p ossibilida­
des específicas de um a actio digitalis in distans, não realizável dessa
m aneira em nenhum ou tro meio.
Estam os, sem dúvida, num con tex to em m utação, onde já não são
mais apenas previsões as m udanças significativas dos papéis profissio­
nais tradicio nalm ente estabelecidos, em particular daquele que era o p ro­
fissional da biblioteca: o bibliotecário. Elas já são reais. N o seu papel
tradicional, a função era estar fisicam ente num espaço físico específico,
processando, arm azenando e recuperando d ocum entos, suportes m a te ­
riais, que o leitor pessoalm ente buscava. Esperava pelo leitor num a a titu ­
de reativa e dentro de um con tex to previsível. U tilizava-se de códigos
con vencio nais na tarefa de m ediar a inform ação ao usuário. Agora, é pre­
ciso considerar que a utilização dos novos m eios técn ico s para fixação e
tran sm issão da inform ação exige novas form as de habilidades, co m p e ­
tên cia s e form as de c o n h e cim e n to , pois em pregam n o vas regras de
codificação.
O s program as de Q u alid ade Total, desenvolvidos para empresas, ter­
m inaram por invadir tam bém o m undo das bibliotecas, despertando os
bibliotecários para um a atitude m ais pró-ativa. A in d a assim , era a c u ltu ­
ra do analógico, em que se previa o aten d im en to de necessidades de
usuários “ ao alcance das m ãos e dos o lh o s ” . A chegada dos m eios digi­
tais e, com eles, da possibilidade de “ esticar os b raços” para m uito além
265
do espaço físico em que atuavam , m udou o foco dos profissionais do
d o cu m en to para a inform ação.
A gora, qu an do o relacionam ento com o usuário se dá via sistem as
autom atizados, um novo cenário da inform ação se configura, in co rp o ­
ran d o d iferen tes atores. É m o m e n to de red efinições, rein ve n çõ es e
rep osicion am entos do profissional e das cham adas bibliotecas digitais.
U rs (2002, p. I) afirma que não se trata de um a m udança determ inada
apenas pelas tecnologias, mas tam bém pelas tendências do m ercado da
inform ação, p rofundam ente alterado por m udanças ocorridas na cadeia
produtiva da inform ação.
Transform ações em m uitas áreas da sociedade se som aram à ascen ­
são das TIC s, foram intensas e atingiram todos os segm entos da socie­
dade do pós-guerra. N as empresas, os form atos organizacionais tra d ici­
onais, fundam entados em forte centralização de poderes, funcionalização,
h ie r a r q u iz a ç ã o e c o m u n ic a ç ã o v e r t ic a liz a d a , a lé m de e x c e s s iv a
burocratização das tarefas, remodelaram-se.
Na atual sociedade, as organizações de trabalho apresentam -se com
grandes e fortes deslocam entos no que se refere à m udança de paradigma,
ao s a s p e c to s e c o n ô m ic o s - que têm d im e n s õ e s m u n d ia is - e à
descentralização de poderes. N este contexto, as inform ações tom am lu ­
gar privilegiado na arena econôm ica e com eça-se a falar em unidades de
informação:
o negócio das unidades da informação é o de disseminar informações
precisas e prestar correta assistência a empresas, para que iniciem, man­
tenham e concluam as necessárias mudanças tecnológicas, comerciais e
gerenciais, logísticas e mercadológicas, que assegurarão sua evolução e
sobrevivência (Ramos, 1996, p. 16).
Vê-se im por à expansão histórica das bibliotecas um novo m om ento,
aquele em que essa antiga instituição se posiciona articulada com os
serviços das unidades de inform ação, o novo setor das organizações e n ­
carregado das funções de gerenciam ento deste in su m o básico de suas
atividades. Am plia-se, pois, o papel do profissional da inform ação, que
passa a desem penhar tarefa adm inistrativa, além das técnicas, v is to que
a inform ação é entendida sob a ótica m ercadológica.
2GG
N este ponto é im portante salientar a forma repetitiva com o aparece a
palavra “ m udança” . Ela acontece em cadeia e é o que permanece nesse
contexto de rápidas transform ações tecnológicas. Isto é, se o perm anente é
a m udança, a capacidade de adaptação deve tam bém permanecer. Deve, na
verdade, se transform ar num programa de existência, com o alerta Capurro
(2003), o que constitui, hoje, um dos maiores desafios da humanidade.
A ssim com o m udança, desafio é um a palavra recorrente em textos
que tratam da relação entre bibliotecários, bibliotecas e T IC s . U rs (2002,
p. I) aponta que as veneráveis in stituiçõ es bibliotecas e seus profissio­
nais estão sendo desafiados a oferecer n ovos serviços e novos atores
diante desse novo m ercado da inform ação. Portanto, qualquer programa
de educação para bibliotecas digitais deve considerar não só as m u d a n ­
ças tecnológicas, mas, principalm ente, as tendências que essas m u d an ­
ças provocam no m ercado da inform ação. O autor relaciona algum as que
necessariam ente devem ser consideradas:
• aos olhos dos clien tes (usuários) as bibliotecas no ciberespaço são
apenas mais um fornecedor no m ercado da inform ação:
• há m uita oferta de recursos e serviços de inform ação nesse mercado;
• há um a grande fragm entação desse m ercado;
• as m udanças tecnológicas são mais rápidas do que se pode imaginar;
• as demandas e expectativas dos clientes (usuários) crescem a cada dia;
• cada vez m ais, am pliam -se as necessidades de se oferecer serviços
de inform ação de valor agregado.
Dessa forma, o m undo do trabalho se revolucionou com as Tl Cs. O
próprio significado de trabalho tem registrado im portantes m udanças. O
restrito conceito de posto de trabalho deu lugar ao conceito mais am plo de
ocupação, entendida com o atividade que não se restringe a um grupo de
tarefas aglomeradas e operacionais ou a funções. Ela deve ser entendida
com o um con jun to mais aberto, que evoca os conhecim entos básicos de
uma área, com a característica de poderem ser transferidos do exercício de
uma para o de diversas outras ocupações.(Ferreira H. e outros, 2004)
A transform ação do posto de trabalho em ocupação representa, na
verdade, m udanças distintas: da consideração de trabalhador para indiví­
duo; do trabalho solitário para a valorização da socialização, com o trab a­
267
lho em equipe; da orientação do esforço físico para o do cérebro (Vargas
Zúniga, 2000; 2 0 0 1; Arruda, Marteleto, Souza, 2000). O perfil profissional
exigido nestes novos tem pos de intensa utilização de tecnologias de in­
form ação e com unicação prende-se ao tripé co n h e cim e n to s, h ab ilid ad es
e a titu d e s. Tal perfil não se restringe aos profissionais da inform ação, de
m aneira geral, nem especificam ente aos tradicionais, com o os bib liotecá­
rios. Abrange, na verdade, todos os que exercem algum tipo de atividade
laborai, porque expressa as profundas m udanças do m undo do trabalho, o
que im plica tam bém a necessidade de m udança na relação trabalho-educação, com o colocam Arruda, M arteleto e Souza (2000, p. 15).
' Volta-se, então, à m udança da cultura analógica para a digital, em
que tam bém se insere essa relação trabalho-educação. N a verdade, estam os
d ian te de um novo ethos ético e sociopolítico, irrecusavelm ente inserido
no “ espírito do nosso tem p o ” , no qual tam bém se insere o que se d e n o ­
m ina sociedade da inform ação, baseada nas redes digitais, ou sociedade
do con h ecim ento, que privilegia o saber perante o fazer. A m b as as d e n o ­
m inações são unificadas pelo condicionam ento do sucesso pessoal e social
à aprendizagem con tínu a, num a conform ação de círculo v irtu o so e, por
con seqüência, de um a educação global.
O con ceito de ethos, já utilizado por H om ero e A ristó teles, de acordo
com Lastoria ( 2 0 0 1, p .63), significa a m orada do hom em , isto é, a N a tu ­
reza. U m a vez processada m ediante a ação hum ana, sob a form a de c u l­
tura, ela faz com que a regularidade própria aos fenôm enos naturais seja
tran sp o sta para a dim ensão dos costum es de uma determ inada socied a­
de. A cultura prom ove, então, a sua própria ordenação, ao estabelecer
norm as e regras de conduta, que devem ser observadas por cada um de
seus membros.
Segundo C aniello (2003, p.31-32), o con ceito de ethos, apropriado
pelas ciências sociais por Kroeber e G eertz, tem estreita identidade com
a n oção de Volksgeist (espírito de um povo), elem ento central da filosofia
de Hegel, para quem , o “ espírito de um p o v o ” , ou cultura, estará sem pre
trasp assado pelo “ espírito do tem p o " (Zeitgeist), que lhe im põe lim ita ­
ções e con strangim entos. N a síntese de C aniello (2003, p.32) sobre o
p ensam en to de Kroeber e Geertz, o ethos guarda a marca da estrutura que
conform a a tradição de um povo, seu “ e sp írito ” , m as tam bém com p orta
os influxos da ação dos sujeitos e das pressões conjunturais que interagem
268
com essa estrutura, em um determ inado tem p o histórico. Estam os, por­
tan to , irrem ediavelm ente, inseridos na cu ltu ra digital e adaptar-se a ela é
seguir o espírito do tem po.
2. O
c o n c e it o
Pensar sobre conceitos é um exercício intelectual essencialm ente a ca ­
dêm ico e sem pre dependerá da cultura vigente. O conceito tradicional de
biblioteca, criado num “ tem po de sim plicidade” , com o coloca Peek ( 1998,
a p ud W a ts te in ; Calarco; Ghaphery, 1999), provavelm ente não foi difícil
de ser estabelecido. Etim ológicam ente, biblioteca é uma coleção de li­
vros. C o n ceitu alm en te incorpora vários sentidos, mas basicam ente é um a
coleção de livros organizados a partir de um a estrutura que classifica o
co n h ecim e n to e inserida em um determ inado am biente físico.
A lé m disso, carrega um a im agem con struíd a ao longo do tem p o: o
sacrário do saber, que num a am biência austera convida ao recolhim ento
do pensar. U m am biente m uitas vezes assustador, com seus códigos
indecifráveis aos não iniciados, identificando peças sagradas e disp ostas
em “ v ie la s ” , m uitas vezes mal ilum inadas e propícias a enco ntro s com
“ fan ta sm a s” zelosos do silêncio do seu espaço. C u n ha (1999, p .257)
relem bra tam bém a imagem do poder pela retenção do con h ecim ento,
explorada por U m b e rto Eco em 0 N om e d a Rosa.
A biblioteca tradicional é um a in stitu içã o secular e, sem dúvida, de
grande im portância social. Seu con ceito é prático: coleções organizadas
e encerradas entre paredes. E co m o ponte que liga o universo de usuários
e o va s to m un do das idéias. Tem com o função a coleta, organização e
d issem inação de inform ação, geral e/ou especializada, no âm bito de um a
com u nidad e específica. A ênfase está sem pre no edifício ou na coleção e
não no sen tid o de biblioteca com o um a organização, com o afirm am
W a ts te in ; Calarco: G h aph ery ( 1999, p.346).
A m esm a facilidade de construção não se aplica ao conceito de biblio­
teca digital. Desde a popularização do “ ser digital” de N egroponte (1 995,
apud W a ts te in ; Calarco; Ghaphery, 1999), as coleções de inform ações dis­
poníveis no meio digital vêm recebendo um a atenção cada vez maior. N o
entanto, a nom enclatura e o conceito ainda suscitam controvérsias, com o
pode ser constatado no recente trabalho de Silva; Sá; Furtado (2004).
269
A diversidade de denominações e conceitos é discutida por Watstein;
C alarco; Ghaphery, (1 999) no artigo Digital Library: K eyw ords. O s a u to ­
res relem bram que, já em 1978, Lancaster (p .348) previu a sociedade sem
papel (paperless society), observando a intensa m igração dos processos
inform acionais para os com putadores, desde alguns pioneiros, com o o
M E D L A R S (M edicai Literature A n a lysis and Retrieval System ), em 1965,
e a im portância da rapidez da recuperação nesses sistem as, que em 1975
já co n tavam mais de 500 serviços.
N a verdade, essa previsão de m udança dos repositórios de inform a­
ção rem onta à V an n evar Bush, considerado o precursor da biblioteca d i­
gital. Ele previu esse futuro, em 1945, e apresentou o Mem ex: “ um d isp o ­
sitivo em que o indivíduo arm azenará seus livros, seus registros, suas
anotações, suas com unicações. O dispositivo será m ecanizado de m odo
a poder ser con sultad o com extrema velocidade e flexibilidade” (B u sh ,
1945, a p u d Silva; Sá; Furtado, 2004. I )
A s previsões de Bush se confirm aram com possibilidades talvez não
im aginadas por ele. N o entanto, o papel não desapareceu com o p reco n i­
zava Lancaster. A o contrário, aum entou o volum e em função da facilida­
de de edição e im pressão. M as, cada vez mais, a inform ação sobre as
atividades hum anas e o estoque inform acional migram para o m eio digi­
tal. M u ita s inform ações já não são mais produzidas ou dissem inadas via
papel, com o é o caso da infinidade de títu lo s de periódicos on-line (sem
versão em papel) que estão surgindo. E deve-se salientar: m uitas delas
com acesso gratuito. Isso representa uma significativa m udança cultural,
dado o rom p im ento do m onopólio das editoras m ilionárias, em direção a
tão propalada dem ocratização do acesso ao conhecim ento.
Em recente entrevista, M iguel Ángel M árdero A rellano, técn ico do
Ibict responsável pelo curso de Editoração Eletrônica de Revistas C ie n tí­
ficas, explicou por que cresce, a cada dia, o núm ero de organizações in te ­
ressadas em disponibilizar suas revistas na Internet. A s que já existem
no form ato papel estão m igrando para a rede e novas estão sendo criadas
d iretam ente no form ato digital:
Há uma tendência que aponta para a migração das publicações para o
formato eletrônico. Evidentemente, a publicação em papel jamais desapa­
recerá porque ela tem um propósito para as bibliotecas, para o intercâm­
270
bio de informações. Entretanto, é bom que se note que a divulgação ele­
trônica está tendo uma divulgação muito maior. Especificamente no Ibict,
nós temos verificado que a revista Ciência da Informação começou com
uma certa resistência por parte dos usuários, mas agora o trabalho está
sendo bastante divulgado. Além disso, nós podemos obter estatísticas e
contabilizar não somente os acessos à revista Ciência da Informação
como um todo, mas também constatar que artigo foi mais ou menos
acessado. Outro aspecto muito importante é que aumentou o número de
autores que estão submetendo seus trabalhos e também cresceu o nú­
mero de acessos ao Portal do Ibict, com a divulgação da revista Ciência
da Informação no sistema. (2005, disponível em http://www.ibict.br/
noticia.php?id=82) (grifo nosso)
A fala de Arellano confirma a expressão corrente de que a facilidade
do acesso amplia o potencial de acesso e uso. Além disso, os repositórios
automatizados ou bibliotecas digitais permitem os estudos bibliométricos,
informétricos e cienciométricos de forma ágil e muito mais segura do que
os tradicionais métodos, que demandam muito tempo e imprecisões, por
serem manuais. Esses estudos, que permitem “ descobrir o conhecimen­
to” por meio do cruzamento e análise de dados, ganham importância
cada vez maior. Estão estreitamente relacionados aos indicadores da ati­
vidade científica e tecnológica, que se encontram no centro dos debates,
na perspectiva das relações entre o avanço da ciência e tecnologia, por
um lado, e o progresso econômico e social, por outro, como aponta Macias-Chapula (1998, p. 134).
Esse autor chama a atenção para o fato de que as revisões de políticas
científicas pareceriam inconcebíveis, hoje, sem recorrer aos indicadores
existentes. Se, por muito tempo, o foco das avaliações permaneceu ori­
entado para medir os insumos, como verbas e pessoal de P&D (pesquisa
e desenvolvimento), crescentemente o interesse está se voltando para os
indicadores de resultados (Okubo, 1997; King, 1987, apud MaciasChapula, 1998, p. 134).
Dessa forma, a informetria, de acordo com Tague-Sutcliffe ( 1992, apud
Macias-Chapula, 1998, p. 134), vem ganhando destaque mais recente­
mente entre os cientistas da informação na Europa e Estados Unidos,
como um campo geral de estudo que inclui as áreas mais antigas da
bibliometria e da cienciometria. A bibliometria, termo propagado por
271
Pritchard, em 1969, é o estudo dos aspectos q u an tita tivo s da produção,
d issem inação e uso da inform ação registrada. D esenvolve padrões e m o ­
delos m atem ático s para medir esses processos, usando seus resultados
para elaborar previsões e apoiar tom adas de decisão.
A cienciom etria é o estudo dos aspectos q u an tita tivo s da ciência e n ­
q u an to um a disciplina ou atividade econôm ica. E um segm ento da s o c io ­
logia da ciência, sendo aplicada no desen volvim ento de políticas c ie n tífi­
cas. Envolve estudos q u an titativo s das atividades científicas, incluind o a
publicação e, portanto, sobrepondo-se à bibliom etria. A inform etria é,
portanto, o estud o dos aspectos q u an tita tivo s da inform ação em q u a l­
quer form ato, e não apenas registros catalográficos ou bibliografias, refe­
rente a qualquer grupo social, e não apenas aos cientistas. Pode in co rp o ­
rar, utilizar e am pliar os m uitos estudos de avaliação da inform ação que
estão fora dos lim ites ta n to da bibliom etria com o da cienciom etria. U m a
tipologia para as três disciplinas foi identificada por M cG rath ( 1989, ap u d
M acias-C hapula, 1998, p. 135), com seus objetos de estudo, variáveis,
m étodos e objetivos dispostos no quadro I .
Q uadro 1 -Tipologia para definição e classificação da bibliometria, cienciom etria
• e informetria
Tipoloqia
Objetos de estudo
Variáveis
Métodos
Objetivos
Bibliometria
Livros, documentos,
revistas, artigos,
autores, usuários
Número de
empréstimos
(circulação) e de
citações, freqüência de
extensão de frases, etc.
Ranking, freqüência,
distribuição
Alocar recursos:
tempo, dinheiro, etc.
Cienciometria
Disciplinas, assunto,
áreas, campos
Informetria
Palavras, documentos, bases de
dados
Fatores que diferenciam
as subdisciplinas.
Revistas, autores,
documentos. Como os
cientistas se comunicam.
Análise de conjunto e de
correspondência.
Difere da cienciometria no
propósito das variáveis; por
exemplo, medir a recuperação,
a relevância, o revocação, etc.
Identificar domínios de
interesse. Onde os
assuntos estão
concentrados.
Compreender como e
quanto os cientistas se
comunicam.
Fonte: M acias-Chapula (1998, p. 135)
272
Modelo vetor-espaço; modelos
booleanos de recuperação,
modelos probabilísticos;
linguagem de processamento,
abordagens baseadas no
conhecimento, tesouros
Melhorara a eficiência da
recuperação
0 co n ceito de biblioteca digital deve envolver, então, tam bém esse
sentido de “ celeiro de co n h ecim e n to s” , a partir do cruzam ento de dados
num a rede de conceitos: dados, inform ação, inteligência, co n h ecim ento
- to m a d a de d e c is ã o - d ire c io n a m e n to de p olíticas sociais, econôm icas e
de inform ação. Pacheco; Kern, 2 0 0 1, ap u d Silva; Sá; Furtado (2004, p .6)
apontam a criação da Biblioteca Digital Brasileira - que teve com o p io­
neiro o repositório de teses e dissertações do Program a de Engenharia de
Produção da U niversidad e Federal de San ta C atarina - com o um sistem a
único, que perm ite o acesso à produção científica, além de fornecer d a­
dos bibliom étricos, inform étricos e a m edição de acesso.
W a t s te in ; C alarco ; C h a p h e ry (1 9 9 9 ), tra ta n d o do c o n c e ito e da
polissem ia, fizeram um levantam en to em três bases de dados nas áreas
das ciências da inform ação e da com p u tação , no período 1970-1997.
U saram as bases Library Literature, Inspec e Com pendex, verificando o
período e o núm ero de artigos que aparecem sob cada palavra-chave.
C ham am a aten ção para o fato de que esse estud o é com parativo entre os
diversos term os, diferentem ente da m aioria dos estudos enco ntrad o s na
literatura até aquela época, que tratam dos term os de forma in dependen­
te, sem com pará-los.
A figura I dem onstra a quantidade de artigos no período 19 7 3 - 1986,
no qual as curvas dem onstram claram ente a situação dos term ospaperless
library (biblioteca sem papel) e library o fth e future (biblioteca do futuro),
os prim eiros a surgir. São seguidos, a partir de 1980, por on-line library
(biblioteca “ em lin h a ” ) e a partir de 1984 por lib rary w ithout w a lls (b ib li­
oteca sem paredes).
A figura 2 dem onstra o período de 1987 a 1997, quando o term o on­
line library se m antém , mas em declínio até 1997. Em 1987 surgem os
term os d ataw areh ou se (depósito de dados), v irtu a l lib rary (biblioteca vir­
tual) e eletroctronic library (biblioteca eletrôn ica). Em 1990 com eça a as­
cender, de form a discreta, o term o digital lib rary (biblioteca digital), que
cresce num a curva quase vertical de 1994 até 1996, com um leve declínio
em 1997, m as é o term o que perm anece em m aior evidência até o m o­
mento.
273
Artigos Recuperados
Figura 1 - As raízes das palavras-chave
Fonte: Adaptado de Watstein; C alarco; Ghaphery (1 999, p.345)
Artigos Recuperados
Ano de Publicação
Figura 2 - A predom inância dos termos digital library e dotawarehouse
Fonte: Adaptado de Watstein; C alarco; Ghaphery (1999, p.346)
N a lite ra tu ra n a cio n a l, tra b a lh o s rece n te s d e m o n s tra m q ue as
indefin ições q u an to a term ino logia e co n ce ito perm anecem . M a rtin s
(2 0 0 2 ) no artigo Perspectivas p a ra um a biblioteca no futuro: utopia ou
realidade aborda os seguintes term os: Biblioteca tradicional; biblioteca
eletrônica; biblioteca eletrônica virtual; biblioteca polim ídia; biblioteca
interativa; biblioteca virtu al; biblioteca de realidade virtu al; biblioteca d i­
gital e biblioteca universal.
274
Silva; Sá; Furtado (2004) ainda abordam a diversidade de term ino log i­
as que se referem aos repositórios inform acionais no m eio digital e a
crescente im portância do tem a, a partir do desen volvim ento acelerado da
Internet, desde 1980. C itam que há um a vasta literatura, ta n to nacional
q u an to estrangeira, com inúm eras denom inações para con ceitos d istin ­
tos, e que as expressões m ais recorrentes são biblioteca virtu al e bib lio­
teca digital. Registram os trabalhos de C unha ( 1997) e O hira (2 0 0 1) com o
exem plos de artigos nacionais que narram levantam en to s bibliográficos
sobre o tem a. E apontam para o fato de que várias com unicações são
feitas nos even to s da área da ciência da inform ação e biblioteconom ia,
além do W orkshop Internacional Políticas de Inform ação em Bibliotecas
Digitais. O próprio trabalho foi apresentado ao Sim p ósio Internacional de
Bibliotecas Digitais em 2004, em Campinas-SP.
A s mesmas autoras (Silva; Sá; Furtado, 2004, p. 2), optaram pelo term o
biblioteca digital e explicam que o tem a envolve todos os aspectos de cons­
trução de um banco de dados, com assuntos novos e de abrangência
interdisciplinar. O estudo delas se concentrou em levantam ento nos perió­
dicos Ciência da Informação e Datagramazero - Revista de Ciência da Infor­
m ação e nos anais do Sem inário N a c io n a l de Bibliotecas Universitárias
(S N B U ); do Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Docum entação (C BBD );
e do Integrar - Congresso Internacional de Arquivos. O s artigos encontrados
foram agrupados em quatro eixos tem áticos: I -Conceitos; 2 -Tratamento da
Informação e Metadados; 3- Biblioteca Digital Brasileira (BD ) e a Biblioteca
Digital de Teses e Dissertações; 4- Im plantação de Bibliotecas Digitais.
É significativo o fato de o resultado de um trabalho tão recente (2004),
baseado na análise do uso do co n ceito por autores da área de ciência da
inform ação, apontar para a presença ainda de im precisão. A s autoras c i­
tam com o provável razão para o não-consenso a m ultidisciplinaridade,
que envolve desde a con cepção até a im p lantação da biblioteca digital.
Im p ortante salientar que o estud o destaca o fato de que a form ulação do
con ceito está quase sem pre nas ferram entas e nos processos, sem m e n ­
çã o aos a to re s e n vo lvid o s , co m o os p ro d u to re s de c o n h e c im e n to , os
g erenciad ores - profissio nais de in fo rm ação e a n a lista s - e os u suários.
(Silva; Sá; Furtado, 2 0 0 4 ,p.3). (grifo nosso)
A exem plo de W a ts te in ; Calarco; G h ap h ery ( 1999), fizem os um a c o n ­
sulta na base S cie lo 1, exatam ente no índice de assu ntos, e enco ntram os
275
os seguintes term os dispostos em ordem alfabética: biblioteca digital;
bibliotecas digitais; biblioteca digital m ultilíngüe; biblioteca digital u n i­
versitária; biblioteca do futuro; biblioteca eletrônica; biblioteca híbrida;
biblioteca virtual. N u m a busca por cada um desses term os foram recupe­
rados 4 1 artigos, no período 1997-2004. Todos são da revista C iên cia da
Inform ação, do IBICT, única revista da área indexada na base, até o m o ­
m ento da pesquisa (abril de 20 05 ). A distribuição dos artigos sob cada
term o ao longo do período está dem onstrada no Q u ad ro 2.
Q uad ro 2 - Termos e número de artigos recuperados no índice de assuntos da
Base Scielo 1997-2004
TERM O S
1997
Biblioteca do Futuro
1
Bibliotecas Brasileiras na
Internet
1
Biblioteca Eletrônica
4
Biblioteca Virtual/Eletrônica
1
Bibliotecas Brasileiras na
Internet
1
1998
1999
2000
2002
2001
7
Biblioteca Digital ou
2
Total
1
2
1
1
1
6
1
2
1
Biblioteca Híbrida
Biblioteca Virtual
2004
2003
1
1
2
1
1
1
9
2
9
2
19
Bibliotecas Digitais
Total G eral
-
41
A d em onstração do quadro 2 é a recuperação pelo term o do índice de
assunto. N o e ntanto, feita a avaliação dos títu lo s, verifica-se a in co n sis­
tência do índice de assunto, ou da im precisão do con ceito e da te rm in o ­
logia. Buscando ainda co n statar a utilização do term o b ib lio te ca digital,
o m ais utilizado atualm ente, fizem os o levantam en to desse term o d ireta­
m ente na base da revista C iên cia da Inform ação, no m esm o período do
levantam en to da base Scielo: m eados de abril de 2005. U tilizo u-se o
m ecanism o de busca avançada e apenas no cam p o assunto. O resultado,
apresentado no Q u ad ro 3, a exem plo da base Scielo, aparece entre 1997
e 2004, no en ta n to com resultado de 14 artigos, contra 18 da base Scielo.
Q uad ro 3 - Termos e número de artigos recuperados no índice de assuntos da
base da revista Ciência da Inform ação do Ibict -1 997-2004
TERM O S
1997
Biblioteca Digital
2
-
1998
1999
2000
2001
2002
1
1
7
2
ou Bibliotecas
Digitais
276
2003
2004
Total
1
14
Pelo exposto, está claro que a incon sistên cia perm anece entre a u to ­
res e linguagens de indexação. N esse p o n to é preciso retom ar a questão
da m udança cultural que necessariamente envolve os atores, foco do nosso
interesse aqui. A s outras categorias apontad as pelas autoras, que e n vo l­
vem o tra tam e n to da inform ação no con tex to digital, as ferram entas
te c n o ló g ic a s e o e s ta b e le c im e n to de pad rõ es, fu n d a m e n ta l para a
interoperabilidade necessária à im plantação das bibliotecas digitais e o
com p artilh am en to de dados, são essencialm ente técnicas e necessitam
de equipes m ultidisciplinares. E esse aspecto envo lve novam en te a m u ­
dança cultural. O trabalhar em equipe de forma sinérgica é um desafio
para profissionais que sem pre procuraram estabelecer d om ín ios sem
interação de forma efetiva.
Dada esta realidade, e num a ten ta tiva de síntese con ceituai e de
p osicio nam ento neste trabalho, assum e-se que bibliotecas digitais são
repositórios de inform ação disponíveis nas redes (referenciais ou de tex­
to com pleto, de im agens fixas ou m óveis e de sons), acessíveis de forma
rem ota, de qualquer lugar do planeta. Essa condição está estreitam en te
relacionada com o co n ceito de recuperação da inform ação, d e se n vo lvi­
m ento de ferram entas para esse fim, assim com o ao estab elecim ento e
ad oção de padrões que perm itam a intercam bialidade. O acesso por meio
da vitrin e global em que se transform ou a Intern et está torn an d o real o
so n h o de Paul O tle t e Henri LaFontaine, acalentado desde 1893, quando
organizaram um a conferência para propor o C o n tro le Bibliográfico U n i­
versal. (Taylor, 2004, p.29).
Essas perspectivas ap ontam para a possibilidade de um a biblioteca
digital universal, cuja con strução , por via da interligação de bibliotecas
digitais tem áticas, nacionais, locais, etárias, étnicas, escolares etc. de­
pende de algum as con d ições {core areas), cujo preenchim ento requer
com p etên cias específicas dos profissionais de inform ação. Isto será d is­
cu tid o a seguir.
3 . Á r e a s e s s e n c ia is (c o re a r e a s ) d a b ib lio t e c a d ig it a l:
b a s e s p a ra a s c o m p e t ê n c ia s p r o fis s io n a is
A s considerações sobre bibliotecas digitais e profissionais da infor­
m ação, de acordo com as proposições encontradas, parecem estar v in c u ­
277
ladas à identificação dos aspectos essenciais que devem ser con sid era­
dos nesse novo tip o de biblioteca. Isto, para que sejam traçadas as c o m ­
petências dos profissionais, que além de con h ecim entos teóricos e h a b i­
lidades técnicas, devem ter novas atitudes diante da m udança cultural.
Baw d en ; Vilar; Z abukovec (2004, p. 190) observam que as bibliotecas
estão se tornand o cada vez m ais digitais, e por isso é necessário repen­
sar a idéia de biblioteca com o um lugar. Se a idéia de lugar im plica lo ca ­
lização física, com o ela deve ser agora? Lem bram que a biblioteca co m o
um espaço de quietude e reflexão deve ser revisto com o um am biente que
estim ule a criatividade, palavra de ordem no cenário do n o vo m ercado da
inform ação, onde se inserem as bibliotecas digitais. Esse cenário está
exigindo uma nova abordagem dos program as de form ação para lidar com
a inform ação, que, de acordo com U rs (2 00 2), devem con tem p lar os se ­
guintes aspectos:
• um a perspectiva interdisciplinar;
• estratégias centradas no usuário (leiam -se estratégias
centradas no m ercado);
• a filosofia: “ inform ação co m o recurso” ;
• foco no con teú d o , independentem ente do form ato;
• visão do processo de agregação de valor.
Para traçar os program as de form ação, U rs (2 0 0 2 ) afirma que é fu n d a ­
m ental delinear as áreas essenciais (coreareas) no cam po das bibliotecas
d ig ita is que ele co n sid e ra :
I- U s u á rio da in fo rm a çã o ; 2- R e c u rs o s
inform acionais; 3- Processos de agregação de valor; 4- Tecnologias da
inform ação; 5- G estão da inform ação. A ssim , as com p etên cias do profis­
sional da inform ação devem estar diretam ente relacionadas com os c o ­
nhecim en to s e habilidades classificados dentro de cada área, com o d e­
m onstra o quadro I .
O
quadro, apresentado para o m anejo de bibliotecas digitais, evoca
novam en te a idéia de desafio. A com plexidade de co n h ecim en to s e h ab i­
lidades necessários reforça a idéia da im portância das atitu d es, item que
deve com po r o co n ce ito de com petências necessárias: co n h ecim en to s,
habilidades e atitudes. A flexibilidade será altam ente desejável, vis to que
in variavelm ente é necessário o trabalho de equipes m ultidisciplinares.
278
Quadro 4 - Tarefas e conhecimentos necessários das cinco áreas essenciais (core areas)
Area
Usuário do
informação
Torefas
- Conhecer o usuário
- Identificar e anolisar as necessidades do
usuário
- Realizar entrevistos de referência
- Formular estratégias de busco
Conhecimento e Habilidades Requeridos
- Abordagem teórico referente o estudos de usuários
- Métodos de pesquisa qualitativos
- Métodos de pesquisa quantitativos
• Ferromentol do psicologia
- Estratégias de busca
Recursos
informoCionois
- Identificação
- Avaliação •
- Seleção
- Impressos e eletrônicos
• Natureza e característicos
- Meto-recursos
- Busco e mecanismos de busco
• Normas, Técnicos e procedimentos de avaliação
Processos de
agregação
de volor
- Compilação de bibliografias, bases de
dados
- Desenvolvimento de bibliotecas virtuais
- Design e desenvolvimento de Interfaces
para usuários
- Organização de recursos informacionais
(classificação; catalogação; indexação,
elaboração de resumos)
- Análise e consolidação do informação
- Design e desenvolvimento de conteúdos
eletrônicos
- Desenvolvimento de bibliotecas digitais
- Fundamentos teóricos da organização do conhecimento (lógico,
lingüística, psicologia)
- Paradigmas da organização do conheomento
- Linguagens de indexação, ferramentas e técnicas de representação
do conhecimento;
«
- Recursos de catalogação e descrição: formatos de registro,
meto dados, organização de recursos no Internet
- Unguogens de programação, DBMS
- Ferramentas de autoria; Ferramentas de multimídia e hipermídio
- Publicação eletrônico, SGM L, HTML, DHTML, XML, PDF
- Técnicos de digitalização
Tecnologias
do
informação
- Estudo de sistemas
- Tecnologia da informação poro
levantamentos de mercado
- Identificação e seleção de hardware e
software amigáveis para automação, LANs,
Internet, Intronets, Extranets, etc.
- Ajustes do sistema
- Conversão de dados
- Desenvolvimento e registro de web sites
- Compreensão de Tecnologia de informação e comunicação.
Hardware: computação, telecomunicações, redes e tecnologias de
armazenamento
- Roteadores/processadores de redes, gateways, bridges, etc.,
- Sistemas operacionais: Windows, Unix, Linux
- Sistemas de operação de redes
- Automação de escritórios
- Topologia de redes e protocolos
- O O PS, C , C+ + , Visual Basic, Java, ASP, API, PHP, etc
- C G I scripting longuoges: PERL, Jovo scripting,
- Gestão de web site
- Geração e validação de documentos digitais
• '
- Técnicos de preservação - digital watermorking and digital
signotures
Gestão
da
Informação
- Planejamento estratégico & tático
- Gestão de recursos financeiros e humanos
- Desenvolvimento de sistemas de suporte à
decisão
- Reengenhario organizacional
- Gestão do conhecimento; gestão do fluxo
do informação
- Workflow Gestão do fluxo do trabalho
- Gestão de projetos
- Pesquisa de mercodo
- Preço e marketing
- Avaliação
- Certificação de qualidade
- Teorias e escolos de administração
- Economia do informação
- Psicologia de consumidores
- Princípios ,e técnicos de gestão
- Métodos de previsão
- Princípios de marketing
- Técnicos e ferramentas de pesquisa de mercado
- Estratégias e métodos de marketing
- Ferramentas de gestão de projetos
- Técnicos de orçamentos: técnicos de O R, programação linear,
- Avaliação de performance: técnicos de medido
- Métodos de qualidade total: série ISO 9000 e outros padrões
- Direitos de propriedade e intelectual
Fonte: Tradução livre de: URS (2002, p.2-3)
279
A visão sistêm ica e o com p o rtam en to pró-ativo tam bém são fatores fu n ­
dam entais.
Q u a n to à adoção de tecnologias não parece ser um com p licad o r sério
para os profissionais da inform ação, relem brando a colocação de Baw d en ;
V ilar; Zabukovec (2 00 4), para quem os profissionais da inform ação sem ­
pre procuram usar as tecnologias disponíveis “ em seus te m p o s ” . O que
significa dizer que a área da inform ação sem pre buscou a tecnologia mais
atualizada para organizar, arm azenar e recuperar a inform ação. Deve-se
salientar que sem pre houve, na verdade, um a preocupação m aior com a
organização dos estoq ues inform acionais, procurando resolver m ais os
problem as operacionais do que as dem andas dos usuários. O s autores
colocam que, dessa perspectiva, as novas tecnologias são co m o as a n te ­
riores, porém o enfoque se redireciona com a m udança, já com entad a, do
m ercado da inform ação, e tam bém porque m udam as dem andas, o que
con seq ü entem ente deve refletir na educação e nas com petências dos pro­
fissionais da inform ação.
N essa perspectiva, C loonan; Dove (2005, p. I) destacam que este é um
bom te m p o para se reto m ar a id eologia clá s sic a das c in c o Leis da
Biblioteconom ia, propagada por Ranganathan: I - livros são para serem usa­
dos; 2- a cada leitor o seu livro; 3- a cada livro o seu leitor; 4- poupe o
tem po do leitor; 5- a biblioteca é um organism o em crescim ento. Eles d es­
tacam que as cinco leis continuam em perfeita consonância com esse novo
m eio digital, para o qual devem adaptar-se os profissionais da informação.
Enfatizam a consideração da 3a lei porque ela tem particular relevância na
crescente proliferação de recursos no meio digital, já que m ecanism os de
recuperação da inform ação com o o Google e o Yahoo são cada vez mais
populares e, a princípio, levam o usuário a encontrar de forma fácil o que
necessitam , ou seja, dispensam a interm ediação do profissional.
N o entanto, a inform ação relevante não é tão facilm ente recuperada
pelo usuário. O s autores enfatizam que é possível, e m esm o necessário,
aplicar a 3 a lei no m eio digital, ou seja, fazer com qu e os recursos
inform acionais estejam de tal forma bem organizados que “ eles encontrem
os seus usuários” , num paralelo a cada livro o seu leitor. Para isso propõem
a consideração de cinco aspectos, que são com entados a seguir:
I
-C onexão m áxim a: construir tan tas possibilidades de acesso qu an to
possíveis, ou seja, m axim izar a possibilidade de localização ao usuário
280
para o que ele necessita. Essa é um a im p ortan te tarefa do profissional
nesse meio, cu jo m aior desafio con tin u a sendo a recuperação da infor­
m ação relevante. Dessa form a, C loo nan; Dove (200 5) apontam que a 3a
lei pode ser subvertida para: “ os recursos inform acionais encontram seus
u su ário s” . N o m eio digital isso é possível com a colocação de links que
levam a recursos sim ilares àqueles que os usuários buscam , a exemplo
do serviço oferecido pela A m azo n .co m , que traça com entários e leva a
o u tro s itens que tratam do assu nto procurado.
2 - C o n stru ir um a “ C o le ç ã o e le trô n ica bem arran jad a: significa a p li­
car a 3a. lei ao princípio da valorização do con teú d o, de forma rápida e
fácil para o usuário, concorrendo com os m ecanism os de busca que tra ­
zem um a avalanche de inform ação. N o e ntanto, ao contrário de m ecan is­
m os com o o Google, a con stru ção de um a “ estrutura de c a m in h o s” deve
ser por esquem as bem elaborados, que con trib u am para um a recupera­
ção relevante. N o s m ecanism os de busca disponíveis na Internet, a a n á ­
lise e a indexação da inform ação são operações autom áticas, realizadas
por robôs. Esses robôs utilizam a técnica de extração de palavras para
representar o co n teú d o do texto analisado. Ela é diferente da técn ica dos
indexadores hum anos, que é a da atribuição, que representa o con teú d o
com term os significativos, m esm o que esses term os não apareçam no
o b jeto analisado, assim co m o outros aspectos que não estão explícitos,
co m o por exemplo: gráficos; figuras; tip o de contexto; tip o de site e o u ­
tros. O u tra lim itação dos indexadores autom áticos é que reconhecem
som ente o texto. A riqueza de inform ações con tid as em im agens, gráfi­
cos e vídeo ficam de fora. A lg u n s program as podem enco ntrar cores e
padrões de im agem , mas nenhum pode fazer deduções e relações de sig­
nificado de um a imagem. Isso é ainda dom ínio som ente dos hum anos,
pois depende de senso crítico, feeling. Essas capacidades ainda não fo­
ram incorporadas aos softwares (Lynch, 1997, apud Silva, 2000). .
3-A b ib lio te ca in visíve l: a expressão W eb Invisible foi cunh ad a por
Sherm an; Price (2 0 0 1, ap u d C loonan; Dove, 2005, p.3), alertando para o
fato de que os m ecanism os de busca deixam grande parte da Internet
sem indexação. Ficam de fora fontes de inform ação valiosas, com o as
governam entais, universitárias e de m ercados m enos visíveis. Algum asin iciativas fazem ten ta tiva s no sentido de levar ou tro s recursos não c o ­
bertos por esses m ecanism os aos usuários, a exem plo do G oogle Print e
281
do O p e n W o r ld C a t da O C L C (On-line C o m p u te r L ib ra ry C en ter). A g ra n ­
de q u e s tã o é q u e esse s recu rso s n ã o são c o n e c ta d o s , o u in te g ra d o s p or
“ c a m in h o s de m ã o d u p la ” . T am b ém em m u ita s b ib lio te c a s d ig ita is isso
a c o n te c e . Existe d e n tro d elas “ sala s fe c h a d a s ” , o n d e c o n te ú d o s ficam
sem a cesso , a ex em p lo d as b ib lio te c a s co m p ared e s. O s c o n te ú d o s p re ­
c is a m e s ta r d is p o n ív e is n u m fluxo c o n tín u o , livre. Para isso é im p o rta n te
a a d o ç ã o de p ad rõ e s de m e ta d a d o s q u e p e rm ite m a in te g ra ç ã o de v á rio s
s is te m a s , o u b ib lio te c a s d ig itais, o u recu rso s in fo rm a c io n a is , a ex em p lo
d o fo rm a to M A R C .
4 - N a v e g a ç ã o e le tr ô n ic a ( e le c tro n ic b ro w s in g ): o s p ro fiss io n a is d e ­
v e m a p ro v e ita r as p o s sib ilid a d e s d o hiperlink. A n a v e g a ç ã o em rede p er­
m ite q u e o le ito r v á de re c u rs o em recu rso de in fo rm a ç ã o , fa z e n d o c o m
q u e ele c h e g u e n o q u e sa b e q u e q u e r e n a q u ilo q u e n ã o c o n h e c e e a te n d e
às su a s n e ce ss id a d e s. A s s im , o s p ro fiss io n a is d e v e m e s te n d e r seu t r a ­
b a lh o no s e n tid o de ligar o m a io r n ú m e ro p o s s ív e l de p eças de in fo rm a ­
ção . O s re cu rso s p o d em ser bem o rg a n iz a d o s e in te g ra d o s , fa c ilita n d o a
n a ve g a ç ã o d o leitor. A s s im é p o ssív e l ligar a u to re s , e d ito re s, livreiros,
p e s q u is a d o re s etc. A facilid ad e de a ce sso e de form a ráp ida é q u e o s
u s u á rio s d as redes e sp e ram . (C lo o n a n ; D ove, 2 0 0 5 , p .4 )
5 - A W e b s e m â n t ic a : o c o n c e ito de W e b s e m â n tic a e s tá e s tre ita ­
m e n te re la c io n a d o à q u e s tã o p rin cip al da a v a la n c h e in fo rm a c io n a l, p o s ­
sível de ser d is p o n ib iliz a d a n o s s is te m a s a u to m a tiz a d o s e lig a d o s em
rede. Essa id éia p ren de-se à fa c u ld a d e h u m a n a d e e s ta b e le c e r s ig n ific a ­
d o s o u c a p tá - lo s o n d e n ã o e s tã o e x p lic ita m e n te c o lo c a d o s . V o lt a m o s ao
ex em p lo da in d ex ação : o s m e c a n is m o s in d ex ad o res falh am na su a tarefa
p o rq u e n ã o p o s s u e m essa facu ld a d e da a b s tra ç ã o e d o feeling, c o m o já
c o lo c a d o . A in fo rm a ç ã o d is p o n ív e l na In te rn e t n ã o e stá c o lo c a d a d e n tro
de e s tru tu ra s s e m â n tic a s . C o m e s se o b je tiv o foi criad a a id éia da W e b
s e m â n tic a , q u e v is a a d e fin ir o s ig n ific a d o da in fo rm a ç ã o a tra v é s de
o n to lo g ia s - d o c u m e n to q u e d e sc re v e um v o c a b u lá rio de te rm o s para
c o m u n ic a ç ã o e n tre h u m a n o s e a g e n te s a u to m a tiz a d o s .
A idéia d is se m in o u - s e p rin c ip a lm e n te d ep o is d o artig o de BernersLee, H endler, Lassila, "T h e Se m an tic W e b ", p u b lic a d o em 2 0 0 1 , na revista
Scie n tific A m e ric a n . Bern ers- Lee é o in v e n to r da W o r ld W id e W e b e a tu a l­
m e n te um d o s d ire to res da W 3 C , o rg an iz a çã o para o d e s e n v o lv im e n to da
W eb , q u e p ro m o v e u m a d as p rin cip ais in ic ia tiv a s para e s tu d o e d e s e n v o l­
282
vimento da Web semântica. Bax (2004) coloca que os autores acima defi­
nem a W eb semântica como uma extensão da W eb tradicional, onde, a
partir do uso intensivo de metadados, espera-se obter o acesso
automatizado às informações, com base no processamento semântico de
dados e heurísticas feitos por máquinas. Para tal, desde 1998, a equipe da
W 3 C (World W id e W eb Consortium) vem trabalhando arduamente no
desenvolvimento de tecnologias avançadas, que visam à representação
estrutural e semântica dos recursos na W eb. Essas tecnologias, aliadas à
teoria de domínios ou ontologias, permitem oferecer um serviço com um
nível maior de qualidade. Dentro destas perspectivas, a W eb será capaz
de tecer uma rede extensa de conhecimento humano, podendo ainda, por
meio do processamento via máquina, inferir novos conhecimentos.
Para Levy (apud Bax, 2004) a W eb semântica como “ ferramenta" é ne­
cessária para o desenvolvimento da inteligência coletiva. Segundo ele, a
semântica da W eb é a elaboração de um sistema de códigos. Não é neces­
sário que as pessoas utilizem uma nova língua - cada um utilizará a sua , mas haverá um software que traduzirá o que está sendo escrito ou dito
para uma língua universal. Ranganathan afirmava que o negócio do biblio­
tecário é adotar todos os métodos possíveis para atrair seu público real e
potencial. No meio digital isso é possível com esse serviço de valor agre­
gado e customizado que amplia as chances do usuário. A 5a lei tem tudo a
ver com a 3a: oferecer serviços é a razão de bibliotecas e bibliotecários.
Quadro 2 - Os Imperativos da Cinco Leis - Antes e Agora
As Leis
Na época de Ranganathan
Atuolmente
Livros são pora
serem usados
Colocar os livros em circulação não
significa o mesmo que compartilhar
Os recursos on-line estão disponíveis onde e
quando forem necessários
A coda leitor o
seu livro
Quebra os borreiros do princípio do
educação (e livros) para todos
Eliminar os obstáculos que impedem os
usuários de fazerem uso efetivo dos recursos
eletrônicos
Para coda livro
o seu leitor •
Abrir os depósitos e preparar
catálogos cruzados eficientes
Integrar recursos eletrônicos num ambiente
virtual de aprendizagem
Poupe o tempo
do leitor
Criar catábgos efetivos para o
localização rápido de um livro em
particular
Prover metabuscodores capazes de oferecer
ao usuário o possibilidade de pesquisar em
todos os recursos disponíveis e links
identificando os melhores fontes
A biblioteca é
um organismo
em crescimento
Ver as bibliotecas como parte de
uma comunidade maior
Oferecer serviços 24 horas, acessíveis de
qualquer lugar, promover o acesso a Web
invisível
Fonte: Cloonan; Dove (2005,p.5)
283
.
Os autores sintetizam a aplicação da 3a. lei no meio digital com as
seguintes proposições:
• implementar tantos caminhos quantos você possa para leitores en­
contrarem qualquer recurso;
• foco em obter recurso que permita um link semântico, não somente
no nível do título mas da palavra e da frase;
• estabelecer portais de assuntos específicos;
• divulgar as partes mais importantes dos recursos informacionais
pelas páginas ou e-mail:
•engajar professores e experts no assunto trabalhado, para estabele­
cer links na biblioteca digital;
• prover as pessoas de serviços de suporte de referência a qualquer
momento, via e-mail ou chats:
• colocar toda a atenção no mercado: fazer tudo que comerciantes
fazem e mais ainda para capturar o interesse daqueles que poderiam
se beneficiar muito de seus recursos eletrônicos, mas podem não
conhecer esses recursos ou não saber usá-los.
• “ alcance” seus usuários onde estiverem, via on-line !
4. Considerações finais
Parece possível colocar um marco de compreensão para a relação bi­
blioteca digital e profissional da informação, tomando como base a teoria
das ‘redes complexas’. Do ponto de vista dessa teoria:
Muitas estruturas ou fenômenos naturais - como nossos pensamentos,
nossos relacionamentos, diferentes sistemas biológicos, o conjunto das
estradas de um país - têm a forma de redes de múltiplas conexões, conhe­
cidas como redes complexas. A pesquisa teórica nessa área vem apontan­
do modelos e propriedades dessas redes, que permitem simular fenôme­
nos naturais e estruturas criadas pelo homem, ajudando a entender melhor
diversos aspectos de nossa vida e do mundo que nos cerca. (Costa, 2005,
p. 34)
Assim, o conceito de biblioteca digital pode se fixar como a organização
da informação de forma customizada e numa complexa rede, ou sub-rede,
284
que ¡nterconecta todos os recursos de informação. Nesse sentido, pode-se
considerar as competências do profissional da informação no papel de
interconector, estabelecendo nós {hubs) de forma a conseguir a máxima
conexão, anunciada por Cloonan; Dove (2005), na observância da 3a lei de
Ranganathan. Na verdade, como observam os autores, essa ação subverte a
3a lei, no sentido de que os recursos vão ao encontro dos seus usuários. É
como se, à medida que o usuário vai entrando, os recursos “ pulassem” ao
seu encontro. É o dar visibilidade à W eb invisível, como também propõem os
autores. E um trabalho de aranha: o tecer infinito de recursos informacionais
e ou interações sociais. A complexidade está, como afirma Costa (2005,
p.36), no grande número de nós e conexões existentes e possíveis.
Estes são novos desafios que se apresentam de forma tão diferente
daqueles que se apresentavam à práxis bibliotecária anterior, amparada
num saber consolidado, até que as mudanças se acelerassem. Desafios
trazidos pela nova cultura e que poderão ser transpostos pela adoção de
novas posturas profissionais que estão a exigir novas competências
conceituais para os trabalhos de análise e resolução de problemas:
• de avaliação dos serviços, do conteúdo e do valor da informação;
• de avaliação das necessidades informacionais do ambiente interno
e externo às organizações;
• de criação de métodos e indicadores para avaliação da qualidade
dos serviços informacionais;
• de criação de pacotes informacionais dirigidos para públicos dis­
tintos etc.
Exigem também competências técnicas, que se expressam nas respos­
tas dadas às tarefas de processamento e gerenciamento da informação:
• de custos, ligados ao acesso à informação on-line, que não se apresenta
de maneira gratuita, como se possa pensar. Há um custo de investimento
na compra de equipamentos, na aquisição de assinaturas de materiais
eletrônicos, no acesso às redes, o que se reflete sobre as novas maneiras
de traçar as políticas de aquisição e de desenvolvimento de coleções;
•para resolver dificuldades na preservação da informação, pois não
há garantia de que o documento acessado num tempo permaneça o
285
mesmo em outro momento;
• de garantia da integridade do documento, sua fluidez (Levacov, 1997).
Mas, não só! São extremamente importantes, para a instauração de
uma nova ética social, as competências interpessoais, relacionais, comunicacionais, que se referem à capacidade de cooperar e trabalhar em equipe
e de conviver com os outros. As competências relacionais se expressam
pelas atitudes que favoreçam o melhor relacionamento entre pessoas,
gerando o espírito de compartilhamento não só de tarefas técnicas mas,
principalmente, engendrando melhores ações no convívio entre as pes­
soas, o que é necessário para a continuidade da existência em sociedade.
286
No t a
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R e f e r ê n c ia s
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289
Hélio Kuramoto'
I.
In t r o d u ç ã o
O surgim ento das tecnologias da inform ação e da com unicação, den­
tre as quais aquelas que suportam a rede Internet, possibilitaram o registro
e a dissem inação de um volum e cada vez mais crescente de informação,
em suas mais variadas formas. Esse fenôm eno não é isolado, ele acontece
em todos os cantos do globo terrestre. N o entanto, a participação brasilei­
ra em sites web, em 1999, segundo Edward T. 0 ’neill, Brian F. Lavoie; Rick
Benett [4], era de 2 % , enq u anto os E U A detinham 4 9 % dos sites w eb pú­
blicos. Ain d a, segundo esses m esm os autores, em 2002 a participação
dos E U A era de 5 5 % , en qu anto a participação brasileira não mais aparecia
na mesma estatística (Gráfico I). Em term os de con teú d os em língua por­
tuguesa, em 1999, segundo esses m esm os autores, haviam cerca de 2 % ,
enquanto em 2002 essa porcentagem caia para I % , m antendo-se a língua
inglesa com os m esm os 7 2 % , tan to em 1999 q u an to em 2002.
A s tecnologias da inform ação e da co m u nicação facilitaram sobre­
m aneira os procedim entos de tratam ento, registro e d issem inação da in ­
form ação por m eio da rede Internet. A lé m das facilidades proporcionadas
por essas tecnologias, estas se tornaram mais baratas e populares. Hoje
"Doutor em ciências da informação e da comunicação pela Université Lumière - Lyon 2,
França. Coordenador geral de projetos especiais e do Programa Biblioteca Digital Brasileira,
do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). [email protected]
não é m ais necessário m uito in vestim en to para se colocar um a base de
dados para co n su lta em linha, via Internet. Deve-se, no en ta n to , ressaltar
que esta é um a realidade para as instituiçõ es localizadas em países d e­
sen volvidos, o m esm o ainda não acontece em países co m o o Brasil. Infe­
lizm en te as bibliotecas e centros de d o cu m en tação das in stituiçõ es de
en sin o superior ou m esm o de in stitu to s de pesquisa ou de ou tro s órgãos
governam en tais não contam com a m esm a facilidade devido aos parcos
orçam en to s de que se dispõem para o tratam ento, orgnaização e d isse­
m inação da informação. E m uitas vezes, quando o fazem, m uitas não ad o­
tam padrões e protocolos que possibilitem a interoperabilidade de seus
recursos de inform ação com outros. N esse contexto, deve-se ressaltar
que m uitas das bibliotecas universitárias autom atizaram os seus acer­
vos, sem , entretan to, adquirir ou im plantar o protocolo Z39 .50 , o qual
perm itiria m anter os respectivos acervos interoperáveis com ou tro s sis­
tem as de inform ação. Existe, p ortanto, um a heterogeneidade de soluções
tecnológicas, a qual vem dificultando o acesso à inform ação.
M a is que as facilidades tecnológicas e as dificuldades orçam entárias,
vale lem brar que o registro, o tratam en to e a dissem inação da inform ação
cièntífica e tecn oló gica são fundam entais para o d esen volvim en to c ie n tí­
fico e tecn o ló g ico do país.
294
Pelo cenário apresentado, conclui-se que há necessidade de iniciativas
que estim ulem o increm ento do registro de conteúdos brasileiros na rede
Internet e, por conseguinte, em língua portuguesa; que facilite o acesso à
inform ação à com unidade científica e tecnológica, em particular, e à socie­
dade em geral; que se assimilem as novas tecnologias da inform ação e da
com unicação para o tratam ento, organização, registro e dissem inação da
inform ação científica e tecnológica, colaborando para a expansão da pre­
sença brasileira na Internet e, principalm ente, para o desenvolvim ento
científico e tecnológico do Brasil. E com esse propósito que o In stitu to
Brasileiro de Inform ação em Ciência (IB IC T ) vem desenvolvendo esforços
para a con strução da Biblioteca Digital Brasileira.
2 . C o n t e x t o c o n c e it u a i
O projeto Biblioteca Digital Brasileira foi concebido com base no c o n ­
ceito de que um a biblioteca digital é um sistem a de inform ação que e n ­
volve coleções com p ostas ta n to por inform ações referenciais (m etadados)
e con teú d o s integrais, q u an to apenas por inform ações referenciais, com
o propósito de facilitar o acesso à inform ação à com u nid ad e científica e
tecnológica brasileira. Essa concepção foi adotada com o propósito de
integrar tam bém as O P A C s (O n-line Public A ccess C atalo g) das bib lio­
tecas u niversitárias brasileiras com vis ta s à futura im plantação de um
serviço de em p réstim o entre bibliotecas via o program a C o m u t.
3. O b je t iv o s
A p ó s a in tro d u ção apresentada nesse docu m en to, talvez fosse d is­
pensável explicitar novam en te os objetivos do projeto da Biblioteca Digi­
tal Brasileira. En tretanto, por uma q u estão de clareza, os ob jetivos serão
enum erados a seguir:
• aum entar a presença brasileira na Internet, por meio do increm ento de
registro e disseminação de docum entos eletrônicos (textos com pletos);
• criar m ecanism os que possibilitem , aos usuários, acessar recursos
inform acionais distribuídos e heterogêneos por m eio de um a interface
única;
295
• integrar recursos informacionais heterogêneos;
• tratar, organizar, registrar e dissem inar a p rod ução cien tífica e
tecn oló gica brasileira.
Esses objetivos sintetizam a preocupação do In stitu to Brasileiro de
Inform ação em C iência e Tecnologia (IBIC T) com a inform ação científica e
tecnológica. A o m esm o tem po em que se preocupa com o au m en to da
presença brasileira na Internet, o In stitu to busca cum prir com a sua m is­
são, que é prom over e estim ular o registro e a dissem inação da produção
científica e tecnológica brasileira.
4 . B ib lio t e c a d ig it a l b r a s ile ir a : s u b p r o je t o s
Para atingir os objetivos estabelecidos para a BD B, foram definidos
q u atro subprojetos, os quais são descritos a seguir:
• Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BD TD )
A BDTD se propõe a registrar, tratar, organizar e a dissem inar parte da
produção científica brasileira, as teses e dissertações.
• Diálogo C ientífico
Essa iniciativa tem o propósito de inovar os procedim entos da c o m u ­
n icação científica, registrando-a e dissm inando-a. O Diálogo C ie n tí­
fico é a recriação do colégio invisível por m eio do uso das tecnologias
da inform ação e da com unicação.
• C atálog o de A n a is de C on gresso Eletrônico
Sub p ro jeto concebido em parceria com o C en tro de Inform ações N u ­
cleares da C om issão N acion al de Energia Nuclear. A idéia dessa in ici­
ativa é o d esen volvim ento de um pacote de softw are que seja capaz
de criar, gerir e publicar anais de congresso em m eio m agnético,
disponibilizando-os em um a biblioteca digital.
•-
• Integração de recursos de inform ação
- Hoje a grande dificuldade encontrada pelos usuários de inform ação é
a desorganização causada pelo crescente vo lu m e de inform ações que é
colocad o disponível na Internet. Para se fazer a m esm a busca em várias
bases de dados, o usuário tem de fazer acesso a cada um dos sites onde
296
se encontram os vários acervos de inform ação. A idéia dessa iniciativa é
o d esen volvim ento de um a única interface de busca que possibilite ao
usuário subm eter uma m esm a busca a várias bases de dados distribuídas
pela rede Internet. Portan to, o d esen volvim ento dessa interface perm itirá
a integração dos vários recursos de inform ação existentes no país, inde­
pendentem ente das tecn olo gias utilizadas pelos provedores a serem in ­
tegrados.
M ais recentem ente, o IBIC T vem trabalhando em um ou tro projeto a
ser integrado à BDB. Trata-se de um servidor de publicações periódicas
eletrônicas. O objetivo dessa iniciativa é colaborar com os editores cientí­
ficos na m anutenção de suas publicações periódicas, oferecendo-lhes um
am biente no qual ele possa publicar e gerir todo o processo de subm issão,
seleção e publicação dos artigos. Para tan to, o IB IC T cu stom izou o pacote
de software Open Jo u rn a l Systems, o qual ganhou a denom inação, em por­
tuguês do Brasil, de Sistem a Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER).
5 . P r in c íp io s
O IB IC T adotou alguns princípios que fundam entam to d o o processo
de d esen volvim ento e im plantação da BD B, os quais seguem:
D e s e n v o l v i m e n t o e u s o p r e f e r e n c ia l
d e s o ftw a re o p en so u rce
A experiência tem m ostrado que as in stituiçõ es m antedoras de acer­
vo s de inform ação enco ntram dificuldades para disponibilizar e dissem i­
nar os seus acervos utilizando as novas tecnologias da inform ação e da
com unicação. A lém disso, essas in stituiçõ es não con tam com quadros
de pessoal especializado em tecnologias da inform ação para o d esen vo l­
vim e n to das ferram entas necessárias. A partir dessa co n statação , o IB IC T
adotou esse princípio com o propósito de transferir os pacotes de software
para que essas in stitu içõ es possam im plantar as aplicações de b ib lio te­
cas digitais, bases de dados etc. A utilização de ferram entas de softw are
proprietário dificultaria o repasse de pacotes de softw are para o u tras ins­
titu ições. A adoção de softw are open source possibilitou, por exemplo, a
d istribuição do pacote de softw are TEDE, pacote para publicação eletrô ­
nica de teses e dissertações.
297
A d o ç ã o d e m o d e lo d is t r ib u íd o
N o m undo de hoje, com as tecnologias da inform ação disponíveis,
não se pode adm itir m odelos centralizados para sistem as de inform ação.
A lém disso, o Brasil tem dim ensões con tinentais e os acervo s de infor­
m ação encontram -se em várias instituições, portanto a adoção de um
m odelo distribuído com tecnologias que possibilitem integrar esses acer­
vo s facilita tod o o processo de sensibilização e valorização dessas in s ti­
tuiçõ es. N esse processo, o IB IC T passa a ter o papel de facilitador e
integrador.
A d o ç ã o d e p a d r õ e s e p r o t o c o l o s d e a m p la a c e i t a ç ã o
in t e r n a c io n a l
Trata-se do principal fundam ento para a obtenção de sucesso em uma
iniciativa com o o da Biblioteca Digital Brasileira. A adoção de padrões e pro­
tocolos de ampla aceitação internacional, com o o XM L, o Dublin Core, per­
mite obter maior interoperabilidade entre os vários sistemas de informação.
6 . M e t o d o lo g ia
O projeto da Biblioteca Digital Brasileira está estabelecido com base
em duas vertentes principais: I) a integração de fontes heterogêneas de
inform ação; 2) a co n stru ção de repositórios para abrigar e dissem inar
con teú d os científicos e tecn oló gico s brasileiros na Internet.
A integração de fontes heterogêneas de inform ação propiciará o d e­
sen volvim en to de um a interface única para acesso às várias fontes de
inform ação existentes no país e no exterior.
Existem basicam ente três protocolos que perm item a busca integrada
a diversas fontes de inform ação: I) Z39 .50 ; 2) HTTP; 3) O A I- P M H .
O protocolo Z 3 9 .5 0 é u tilizado norm alm ente pelas O P A G (On-line
Public Access C atalo g). A maioria dos pacotes d esoftw are para autom ação
de bibliotecas utiliza esse protocolo. Portanto, a m aioria das O PA G pode
ser integrada por m eio desse protocolo.
O p rotocolo H TTP (Hypertext Transfer Protocol) é utilizad o em tod a a
W e b para possibilitar a navegação hipertextual nas páginas ou sites web.
Portan to, tod as as fontes de inform ação que se enco ntram na W eb u tili­
zam esse protocolo.
298
O O A I- P M H (O pen A rch ives In itia tiv e - P ro to c o lo fM e ta d a ta Harvest)
é um p rotocolo utilizado pelos repositorios que utilizam os padrões da
iniciativa de arquivos abertos. Esse protocolo é u tilizado para expor e
capturar m etadados dos repositorios que utilizam o padrão e os ideáis
dos arquivos abertos. Esse protocolo funciona de forma aliada ao HTTP.
C on sid erando a existência de sistem as que oferecem essa facilidade
de integração de fontes de inform ação, os ch am ad os m etabuscadores,
dentre os quais destacam -se o Q u erySe rve r e o M etalib. Por um processo
licitatório, a solu ção que saiu vencedora foi o M etalib. Esse pacote de
softw are é u tilizado por diversas universidades estrangeiras. Trata-se, é
bem verdade, de um a solução proprietária. A té o presente m om ento, não
se identificou qualquer so lu ção de softw are open source que atendesse
às características e funcionalidades oferecidas pelo M etalib.
Para a segunda vertente, a criação de repositórios, foram adotados os
preceitos e padrões do Open A rch vies In itiative (O A I), ten d o em vista o
fato de vários projetos de bibliotecas e repositórios digitais o adotarem ,
inclusive, o bem -sucedido projeto ND LT| D - N etw orked D ig ita l Library
o f Thesis a n d Dissertation. Essa biblioteca digital foi desenvolvida pela
Virginia Tech e integra, em urna biblioteca digital federada m ais de 100
in stituiçõ es de ensino superior, inclusive o IBICT, por m eio da BDTD. O s
resultados ob tid o s pela BDTD têm sido satisfatórios, pois o m odelo m o s­
trou que funciona, tendo o In stitu to conseguido integrar, por m eio de
harvest, a tu alm en te 12 in stitu içõ es de ensino superior. A lg u m a s dessas
instituiçõ es, com o o In s titu to N acion al de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a
U nicam p, apesar de utilizarem pacotes de softw are próprios ou diferen­
tes daquele desenvolvido pelo IB IC T (FED E), conseguiram se integrar à
BDTD pelo fato de terem im plem entado o p rotocolo O A I- P M H e adotado
o padrão de m etadados para descrição de teses e dissertações (MTDBR ). Verifica-se, portanto, o acerto em ter adotado esse m odelo em fu n ­
ção do alto nível de interoperabilidade alcançado.
O s padrões adotados e preconizados pela O A I s ã o : .
• Dublin Core com o padrão de m etadados para descrição dos objetos
digitais;
• Protocolo O A I- P M H -Open A rch ives In itia tive Protocol o fM e ta d a ta
Harvest;
299
• X M L co m o linguagem de m arcação para encapsular os registros
dos o b jeto s digitais.
O s ideais estabelecidos pela O A I são:
• m odelo distribuído, tam bém cham ado de federado, co m p o sto por
dois atores p rin cip ais1: provedores de dados e provedores de serviços;
O s provedores de dados são os gestores de arquivos de e-prints ou
tam bém dénom in ados de repositórios, aos quais são subm etidos, d ireta­
m ente pelos seus autores, os pre-prints, relatórios técnicos, dentre o u ­
tros tipos de d ocu m en tos. O s provedores de dados tornam disponíveis,
à com unidade, m ecanism os para subm issão ou auto-arquivam ento, res­
ponsabilizam -se pelo arm azenam ento dos trabalhos a longo prazo, preo­
cupam -se com a preservação dos objetos digitais e tornam disponíveis,
para coleta, os m etadados relativos aos trab alh os ou d o cu m en to s p u b li­
cados no seu repositório.
O s provedores de serviços, que tam bém podem caracterizar-se com o
agregadores, são instituiçõ es que se preocupam em coletar os m etadados
arm azenados nos vários provedores de dados, oferecendo um a interface
ou m ecanism o de busca que possibilita aos usuários finais a con sulta ou
busca em um repositório que integra os m etadados coletados a partir de
diferentes provedores de dados.
• auto-su bm issão2 de d o cu m en tos eletrônicos;
• com prom isso de arm azenam ento a longo prazo;
• uso e desen volvim en to de softw are open source3;
• acesso livre à inform ação;
• uso de padrão de m etadados, norm alm ente baseado no Dublin Core;
‘
• coleta de m etadados por m eio de um protocolo de com u n icação
d eno m in ad o p rotocolo de harvesting, tam bém cham ado de O A I- P M H
(O p e n A rch ives In itiative - Protocol o f M etad ata H arvestin g ). Esse
p rotocolo possibilita a interoperabilidade entre os vários provedores
de dados e serviços.
O esquem a de fun cion am ento do m odelo de Open A rch ives é m o stra ­
do na figura I .
300
Figura 1 - Esquema de funcionamento dos Open Archives
N o esquem a da figura I , o leitor pode observar a interoperabilidade
entre um provedor de dados e um provedor de serviço, por meio dos proce­
dim entos de haruest, tam bém cham ado de exposição (por parte dos prove­
dores de dados) e coleta (por parte dos provedores de serviços). Assim ,
verifica-se que os provedores de serviços podem ser caracterizados com o
sendo agregadores, tendo em vista que o m esm o integra os m etadados de
vários provedores de dados. E im portante observar que, nesse procedi­
m ento de haruest, apenas os m etadados são coletados, os conteúdos inte­
grais dos docum entos são m antidos nos provedores de dados. Portanto, o
usuário tem acesso, no provedor de serviço, aos m etadados, por meio dos
quais ele identifica o docum ento que atende à sua necessidade de inform a­
ção e, quando ele tiver interesse em ver o docum ento em texto integral, ele
o verá acionando o link para o provedor de dados, que é o local onde estão
arm azenados os docum entos ou objetos digitais.
U m a outra con statação , a partir do esquem a da figura I , é que um
provedor de serviço pode desem penhar o papel de provedor de dados em
301
relação a um ou tro provedor de serviço, tendo em vista que ele pode
expor os seus m etadados para esse outro provedor de serviço. Esse papel
é o que tem sido desem penhado pelo IB IC T no contexto da Biblioteca
Digital de Teses e Dissertações. O In stitu to é provedor de serviço com
relação às in stitu içõ es de ensino superior, dado que o IB IC T coleta os
m etadados das in stitu içõ es de ensino superior. Por o u tro lado, o IB IC T
desem penha o papel de provedor de dados em relação à NDLTD, dado
que ele expõe os seus m etadados para.a ND LTD coletá-los, inclusive u ti­
lizando um o u tro padrão de m etadados, que é o ETD-M S. O bserva-se,
pela descrição do m odelo, a sua versatilidade e potencial de integração.
D iante do exposto, o IBICT, m ais do que sim plesm ente investir no
m odelo proposto pela Open A rch ives In itiative com o um sub p rojeto da
BD B, conform e proposto inicialm ente porTrista; Café [7], adotou-o com o
m etodologia para a im plem entação de respositórios, ta n to in stitu cio n ais
q u an to term áticos.
7. E s t á g io a t u a l d a b ib lio t e c a d ig it a l b r a s ile ir a
B ib lio te c a
D ig it a l d e T e s e s e D i s s e r t a ç õ e s
O IB IC T praticam ente concluiu o desenvolvim ento da Biblioteca Digital
de Teses e Dissertações (BD TD ), com base no m odelo apresentado na
m etodologia. A n te s de iniciar o desenvolvim ento das tecnologias neces­
sárias para a im plantação da BDTD, o IBIC T con stituiu um com itê denom i­
nado de C om itê Técnico-Consultivo para acom panhar e definir as princi­
pais questões técnicas relativas à BDTD. Assim , uma das primeiras tarefas
foi a definição do padrão brasileiro para descrição de teses e dissertações,
o M TD-BR. Esse padrão foi inicialm ente baseado no padrão da NDLTD, o
ETD-MS, que por sua vez é baseado no Dublin Core. O padrão brasileiro foi
elaborado com vistas à integrar a BDTD a outros sistem as de inform ação
nacional, com o a Plataform a Lattes, o sistema da Capes e o SCIELO . Em
seguida, o In stitu to desenvolveu os seguintes pacotes de software:
T E D E (versão descentralizada) - pacote p a ra
p u b licaçã o eletrônica de teses e dissertações
Essa versão im plem enta a biblioteca digital de teses e dissertações
nas instituições de ensino superior (IES), doravante denom inado de biblio­
302
teca digital de teses e dissertações local. Essa foi a primeira versão desse
pacote de software e con tem pla a p articipação de três atores principais: o
aluno, a secretaria de pós-graduação e a biblioteca da universidade. O
processo de publicação de teses e dissertações se inicia quando o aluno
solicita o agendam ento da defesa da sua tese ou dissertação. N esse m o ­
m ento, a secretaria de pós-graduação atribui uma senha ao aluno, que
inicia a inserção dos dados cadastrais, conform e o M TD-BR. U m a vez
defendida a tese ou dissertação, o aluno faz a sua publicação por m eio do
upload dos arquivos que com p õem a sua tese ou dissertação. A partir
desse m om ento, a secretaria de pós-graduação entra em ação para verifi­
car a conform idade dos dados do aluno e do docu m en to (tese ou disser­
tação ), liberando-os para a biblioteca que os com plem enta com inform a­
ções específicas de biblioteca. A ssim , um a vez que a biblioteca libera o
registro da tese ou dissertação, os m etadados desta tese ou d issertação
tornam -se disponíveis para serem coletados pelo procedim ento de harvest
executado pela BDTD, no IBICT, assim com o para con sulta, em nível lo­
cal, e p osteriorm ente em nível nacional, após o harvest. O m esm o a co n ­
tece, em nível internacional, pela NDLTD.
V e rific o u - se , ao lo n g o d o s p ro c e d im e n to s de tra n s fe rê n c ia de
tecnologia para as IES, capacitação dos seus técnicos e da im plantação,
um a certa dificuldade. Isso ficou com provado ao se observar que, após o
trein am en to de 162 técn ico s de 72 IES, apenas nove deles chegaram efe­
tiva m e n te a im plantar esse pacote em suas universidades.
A conclusão, após avaliação desse processo de repasse de tecnologias
e im p lantação nas IES do m odelo e da m etodologia concebida pela BDTD,
é que existe um a cultura nas IES e que a m etodologia proposta pela BDTD
provoca m udanças de paradigm a, pois o próprio autor é quem se resp on ­
sabiliza por publicar a sua tese ou dissertação. A lém disso, a existência
de três atores envolvid os nos p rocedim entos de publicação das teses e
d issertações exige m aior interação entre esses atores, além de padrões,
procedim entos de con tro le e acom p anh am en to .
O pacote de softw are TED E integra, além dos m ecanism os de p u b li­
cação eletrônica de teses e dissertações, um a interface de busca e o pro­
to co lo de O A I- P M H , com vista s à exposição dos m etadados para os pro­
ced im en to s de harvest. Esse softw are foi escrito em P H P e utiliza o S G B D
M y S Q L , fun cion and o ta n to em am biente Linux q u an to W in d o w s .
303
T E D E Sim plificado
C on sid erando as dificuldades de im plantação da BDTD Local, a p o n ta ­
das anteriorm ente, o IB IC T prom oveu o desen volvim ento do TED E sim p li­
ficando os procedim en tos de publicação das teses e dissertações. A s ­
sim, nessa nova versão, os procedim entos de publicação ficam a cargo da
biblioteca, que se responsabiliza por obter a autorização do alu no para
publicar a sua tese ou dissertação, e tod o o processo de cad astram en to e
publicação da tese é realizado pela biblioteca. O s resultados ob tid o s com
o repasse dessa nova versão estão se m ostrando m ais anim adores, com
m elhor receptividade por parte das IES. Essa nova versão utiliza as m es­
mas tecnologias e plataform a da primeira versão do TEDE.
B D T D / H arvester
Para integrar as várias BDTD locais, o IB IC T im plem entou a BD TD u ti­
lizando o S G B D O racle 9i e a interface de busca em Java. A lé m disso, o
IB IC T cu stom izou o harvester, que é o m ecanism o de softw are responsá­
vel por fazer a coleta de m etadados ju n to às IES que im plantaram o TED E
ou que habilitaram as suas bibliotecas digitais locais de teses e d isserta­
ções com o protocolo O A I- P M H , casos do Inpe e da U nicam p .
O m ecanism o u tilizado pelo IB IC T para im p lantação da BD TD é a rea­
lização de workshops. N o rm alm en te o In s titu to faz a cham ada para esses
workshops com um a média de 30 a 40 vagas, e as IES interessadas in s­
crevem , sem pre em duplas, um técn ico de inform ática e um de inform a­
ção, para que a IES ten ha to tal condição para im plantar a BDTD local.
D iá lo g o C ie n t íf ic o
Esse projeto tem com o base o pacote de software E-prints, desenvolvi­
do pela Southam pton University. Esse software foi custom izado para a lín­
gua portuguesa pelo IBIC T e recebeu a denom inação de Diálogo Científico.
Trata-se de umso/tuvare que implementa os padrões e ideais da OpenArchives
Initiative. Portanto, é um a ferramenta que permite criar um repositório de
dados, portanto, um provedor de dados ao qual o pesquisador pode subm e­
ter os seus trabalhos, tais com o pré-prints, relatórios técnicos, artigos. Além
da facilidade de auto-arquivam ento, esse pacote de software oferece as se­
guintes facilidades: auto-arquivam ento de com entários a um determ inado
trabalho publicado no repositório, publicação de novas versões de um de­
304
term inado trabalho, consulta em linha e exposição de meta dados para os
procedimentos de harvest por parte dos provedores de serviços.
Assim , o Diálogo C ien tífico propõe uma nova m odalidade de c o m u ­
nicação científica que perm ite m aior interação entre os autores e os leito ­
res, criando, de um a certa forma, um colégio invisível virtu al cujos pares
estão espalhados pelo m undo integrados por m eio da rede Internet.
O IB IC T vem estim ulan d o a criação de repositórios de dados nas v á ­
rias áreas do con h ecim ento. N o caso de as instituiçõ es não terem uma
infra-estrutura apropriada, o In s titu to oferece a possibilidade de h osp e­
dar os repositórios utilizando a sua infra-estrutura tecnológica.
C a tá lo g o d e A n a is d e C o n g r e s s o E le t r ô n ic o
Esse sub projeto está sendo realizado pelo C en tro de Inform ações
N ucleares da C o m issão N acion al de Energia N uclear (C IN / C N E N ). N esse
contexto, o C IN / C N E N cu stom izou o pacote de softw are Open Conference
System, o qual foi desen volvid o pela U n ive rsity o f British C olu m b ia, no
âm bito do projeto Pu b lic Knowledge Project, coordenado pelo professor
Jo h n W illin sk y. Trata-se de um softw are open source co n stru íd o em c o n ­
sonância com os padrões e ideais da O A I. U tiliza, portan to, o co n ju n to
de m etadados Dublin Core, assim com o o protocolo O A I- P M H . Essa fer­
ram enta perm ite a gestão de tod o o processo de organização de um evenr
to científico, oferecendo as seguintes facilidades: criação de página web
do evento, auto-arquivam ento (subm issão) de trabalhos, controle do flu­
xo de avaliação dos trabalhos subm etidos (w o rkflow ), avaliação desses
trabalhos e publicação dos anais eletrônico do even to na web.
N a adoção dessa ferram enta pelos organizadores de even to s científi­
cos, estes desem penharão o papel de provedores de dados e o C IN / C N E N
desem penhará o papel de provedor de serviço, por m eio da criação e
m anutenção a u to m ática de um C atálogo de A n a is de C ongresso Eletrô­
nico, conform e apresentado no esquem a da figura I .
O C IN / C N E N atribuiu a essa ferram enta a d enom inação de Sistem a
O n-Line de A c o m p a n h a m e n to de Conferências (S O A C ).
In t e g r a ç ã o d e R e c u r s o s d e I n f o r m a ç ã o
A integração de recursos de inform ação será realizada por m eio de
um a interface que está em d e sen vo lvim en to , u tilizan d o o pacote de
305
softw are M ET A LIB . Essa ferram enta de softw are possui os protocolos: i)
Z39 .50 , o qual perm ite a busca distribuída em várias fontes de inform a­
ção, em especial as O P A C s ; ii) O A I- P M H , o qual perm ite realizar o a
coleta (iharvest) de m etadados, consolidando-os em um a base de dados
que fica disponível para co n su lta em linha: iii) http, protocolo u tilizado
para navegação na W eb. Essa últim a m odalidade de p rotocolo exige p ro­
gram ação de seripts para que se possa sim ular um usuário entrando em
uma página W e b para fazer um a determ inada con sulta em uma d eterm i­
nada fonte de inform ação. Essa program ação é feita em linguagem Perl.
A idéia, portanto, é criar uma interface para facilitar ao usuário o acesso
às fontes de informação, sem que ele tenha de entrar em cada uma delas
pessoalmente, ou seja, é o próprio Metalib que fará a subm issão das con sul­
tas de um determinado usuário às fontes de informação por ele escolhidas.
8 . C o n s id e r a ç õ e s f in a is
Além dos ob jetivos estabelecidos para a BD B, esse projeto busca a
inovação tecnológica e a consolidação da com p etên cia nacional no d e­
sen volvim ento e uso das n ovas tecnologias da inform ação e da c o m u n i­
cação. A B D B co n ta com o apoio da Finep, que concedeu um fin an cia­
m ento para a aquisição de um a infra-estrutura tecnológica (h ard w are e
softw are) capaz de suportar as aplicações planejadas, assim com o para o
desen volvim ento das tecnologias necessárias e seu repasse às in s titu i­
ções participantes.
Esse projeto propiciou ao Brasil tornar-se o q u into país em núm ero de
repositórios de Open Archives, à frente do Brasil estão E U A , Reino U n i­
do, A lem an h a e C anadá. N o m esm o nível do Brasil está a França, com 18
repositórios. Essa posição poderá ser m elhorada, se todas universidades
que adotaram o TED E, assim com o o p rotocolo O A I- P M H , inscreveremse no ranking ( http://archives.eprints.org/eprints.php?action= brow se).
A lé m da iniciativa de teses e dissertações, diversas revistas brasileiras
vêm adotando o SEER . N esse caso, o Brasil se colocará na terceira ou
segunda posição.
A lé m das ações inicialm ente planejadas, o IB IC T vem trab alhand o em
outras ações que foram concebidas mais recentem ente, m otivadas pelas
atividades de prospecção tecnológica, as quais possibilitaram a identifi­
306
cação de ou tros pacotes de software, com o o D SPA C E, o FED O R A e o
C D Sw are . A identificação e absorção dessas tecnologias perm itirão ao
IB IC T cum prir a sua principal m issão, que é a de registrar e dissem inar a
produção científica e tecnológica brasileira.
A utilização, por exemplo, do DSpace ou do Fedora pelas bibliotecas
universitárias com o propósito de abrigar a produção técnico-científica da
sua respectiva universidade possibilitará, no futuro, a geração de um c a tá ­
logo contendo toda a produção técnico-científica brasileira. Por outro lado,
o uso intensivo do SEER, pacote de software custom izado a partir do Open
Jo u rn a l Systems, certam ente dará origem a um catálogo nacional de pu bli­
cações seriadas. Essa iniciativa, com binada com articulações políticas que
recom endem a publicação preferencial, por parte dos pesquisadores, em
repositórios Open Archives, poderá tornar o Brasil mais independente das
publicações e repositórios estrangeiros. Essa é uma grande oportunidade
para países, com o o Brasil, despontarem com o um dos países produtores
de inform ação, e não apenas consum idor com o o era no século passado.
Essa autonom ia representará uma grande econom ia para o país.
Dessa m aneira, a identificação, ab sorção e cap acitação técnica no
uso e d e se n vo lvim e n to de sistem as de inform ação com base nos p a­
drões e ideais da O A I co n stitu iu o grande aprendizado prop orcionad o
pelo projeto B ib lio teca Digital Brasileira. Esse projeto, além de cum prir
as m etas propostas, prom oveu a in ternalização de tecn olo g ias e sua d is­
tribuição à com unidade provedora de inform ação em ciência e tecnologia,
além dé cria r c o m p e tê n c ia té c n ic a no u so e d e s e n v o lv im e n to de
tecn olo g ias da in form ação e da co m u n ica çã o aplicadas ao tra ta m e n to e
d issem in ação da inform ação.
307
N o ta s
1 Segundo Sompel e Lagoze, participaram da Convenção de Santa Fé dois
tipos de atores: data providers e service providers, os quais são definidos
como “ a data provider is the manager of an e-print archive, acting on
behalf of the authors submitting documents to the archive. As pointed
out above, the data provider of an open archive will, at least, provide a
submission mechanism, a long-term storage system and a mechanism
that enables third parties to collect data from the archive: A service
provider is a third party, creating end-user services based on data stored
in e-print archives. For instance, a service provider could implement a
search engine for mathematical e-prints stored in archives worldwide".
? Auto-submissão é uma facilidade oferecida pelos sistemas que permite aos
autores submeterem os seus trabalhos diretamente nos provedores de dados.
■ 3 Entende-se por software open source aquele cuja distribuição acompa­
nha o seu código fonte. Isso significa que o usuário tem, além do código
de máquina do software, o seu código fonte, o que lhe dá condições para
alterar e adequar o software segundo as suas necessidades e eventual­
mente distribuí-lo. Normalmente esses pacotes de software são livres de
custo, mas eventualmente eles podem ter um custo associado, segundo
os serviços que são oferecidos vinculados ao software.
R e f e r ê n c ia s
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vandesompel-oai/02vandesompel-oai.htm, Acesso em I I mar. 2005.
309
Fredric M ic h a e l Litto
*
A educação a distância no Brasil cresce aos trancos e barrancos em
quase tod os os setores educacionais e está usando tod os os sistem as
tecnológicos de apresentação - material im presso, rádio, televisão, áudio
e videocassetes, cd-roms, Internet e videoconferência. A única exceção
se refere à educação superior, um a vez que um a política centralizada de
certificação de âm bito nacional perm ite que forças conservadoras da c o ­
m unidade educacional que relutam em reconhecer as realizações recen­
tes de educação a distância reprim am seu c re s c im e n to .1 C om o tem po,
essa situação m udará, com certeza, para melhor. M as, até lá, instituiçõ es
de ensino superior no país co n tin u arão a ganhar experiência com os pro­
blem as envolvidos na adm inistração de program as de ensino a distância,
em bora o façam em a área de legalidade um ta n to som bria, um a vez que
práticas realm ente co m u n s em ou tro s países são proibidas no Brasil por
regulam entos federais. A com plexidade no con tro le de atividades ed u ca­
cionais num país tão grande em área (8 .5 1 1.965 km2) em população (1 80
m ilhões de h ab itan tes) torna a “ calib ração” do que realm ente acontece
no território nacional extrem am ente difícil, se não im possível.
O Brasil tem um núm ero reduzido dos seus jovens m atriculado no e n ­
sino superior: aproxim adam ente 3.5 milhões de estudantes (cerca de 100
' Professor titular aposentado da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo, coordenador científico da "Escola do Futuro da USP" e presidente, desde 1995. da
ABED-Associação Brasileira de Educação à Distância(ABED).
311
mil dos quais no nível pós-bacharelato). Urna vez que não existem recursos
financeiros para a construção de urna centena de cam pi necessários para a
expansão da educação superior no Brasil, o país precisaria investir em urna
universidade aberta a distância” . M as 30 tentativas de criar, nos últim os
30 anos, urna tal instituição, de tam anho sucesso em outras partes do mundo,
falharam, quando ainda no papel. Há, sem dúvida, um a necessidade para
investim ento na inform ação e na tecnologia da informação em todos os
níveis de educação no Brasil para superar esses problemas. N as 1.900 ins­
tituições de ensino de terceiro grau, as bibliotecas têm um total de 32.2
m ilhões de volum es (não com putando duplicatas de uma mesma obra, ge­
ralm ente adquiridas para com pensar a impossibilidade de aquisição pelos
estudantes), e, quando dividim os esse núm ero pelo total de estudantes,
chegam os a uma chocante baixa média de 9.2 livros por estudante. C o in ci­
dentemente, havia, em 2004, um total de 3 6 7 .8 13 computadores conectados
à Internet nas m esm as instituições, dando uma média de 9.5 estudantes
por computador. Se não houvesse com putadores conectados à Internet nas
casas de alguns estudantes e instrutores, seria apropriado perguntar se o
Brasil espera entrar de fato na sociedade do conhecim ento nesse século.2
Estudos recentes da U n esco e associações de editores locais confir­
mam a situação calam itosa de outros tipos de bibliotecas e livrarias no
Brasil. Cham ado de "patin ho feio” do sistema escolar, a falta de bibliotecas
escolares, suplantada som ente pela falta de laboratórios de ciências, é pre­
dom inante em todo o país. Bibliotecas públicas são tam bém uma grande
incógnita, com estatísticas governam entais afirm ando a existência de cerca
de 4 mil dessas instituições, mas não oferecendo inform ações sobre os
critérios de inclusão, se 300, 3.000, 30.000 ou mais livros. A m aioria das
autoridades sugere, inform alm ente, que talvez não haja mais que 250
in stituiçõ es com acesso pú blico livre a coleções com mais de 30 mil
v olum es. O ite n ta p orcento dos usuários de bibliotecas públicas, de acor­
do com as e statísticas, são estudan tes, e a m aioria das in stituiçõ es não
possui fonte regular de recursos para aquisição, dependendo, p rin cip al­
m ente, de doações, e estão a costum ad as a um estad o co n s ta n te de
desatualização. Finalm ente, há em todo o país som ente 1.500 livrarias (o
ideal seria 10 mil, segundo estu d o s da U n e sco ), concentradas em gran­
des cidades. De fato, 8 9 % dos m unicípios brasileiros não têm n en hu m a
livraria.3
312
Há cerca de 22 m ilhões de com p u tadores pessoais em uso no Brasil
em 2004, o que significa que cerca de 1 2 % da população os usa, e há
aproxim adam ente 14 m ilhões de usuários da Intern et ( 8 % da população),
som ente 8 16 mil dos quais tem acesso à banda larga, e há 2.2 m ilhões de
hosts na W eb. Esses núm eros colocam 0 Brasil bem atrás da m aioria das
nações desenvolvidas e resultam de dois fenôm enos: a baixa renda da
m aioria da população brasileira e 0 fato de o português, sua língua n aci­
onal, representar som ente 0 ,7 % do co n teú d o da W eb, oferecendo, assim,
pouco in cen tivo para acesso.4
Essa "letargia” se reflete tam bém na presença, ou falta de presença, de
com putadores e da Internet em escolas de educação primária e secundária.
Há um total de 176.880 escolas públicas e privadas no país, com um total
de 48.5 m ilhões de estudantes (o dia escolar é tipicam ente apenas de q u a­
tro horas de duração, e m uitas escolas públicas funcionam em três ou q u a­
tro turnos). 8 0 % ( 14 1.508) dessas escolas têm eletricidade, e 5 0 % (88.887)
têm uma linha telefônica. V in te e sete porcento (48.671) das escolas têm
com putador (um total de 276.988 m áquinas, 8 0 % deles em escolas parti­
culares) e 11 % (1 9.434) têm acesso à W eb). Isso representa uma média de
5.7 com putadores em cada escola, e 174 estudantes por com putador.5Exa­
m inando esse triste cenário, fica claro que a maioria dos investim entos em
tecnologia e educação tan to no setor público quanto no privado está co n ­
centradas em hardware, software e treinam ento de professores, e não em
conteúdo, o que seria a força m otriz para justificar a aquisição de co m p u ta­
dores e da Internet em educação em tod os os níveis. Sem bom material
(bom no sentido de útil para o aprendizado), apresentado com bom uso da
língua local, e não som ente chats e outros desvios dos modelos padrão de
escrita) não podem os esperar que exista m otivo para a maioria das pessoas
se preocupar com com putadores e a Internet no processo de aprendizagem.
Por isso, foi com grande satisfação que um grupo de investigadores
da Escola do Futuro, laboratório de pesquisa interdisciplinar da U n iv e rs i­
dade de São Paulo, recebeu, em abril de 1997, a notícia de que seu pedido
de sub venção da Fundação A T & T em N o va York para a criação de uma
“ biblioteca virtu al para o estu d an te brasileiro” tin h a sido aprovado. A
subvenção, decidida por um seleto painel de especialistas organizado
pelo Intern atio nal C ou ncil for O p en and D istance Learning (IC D E) forne­
ceu U S$ 100 mil para 0 projeto e pouco depois, outra subvenção de U S$
313
40 mil da Secretaria de C ultura do Estado de São Paulo perm itiu o início
de um processo de “ inclusão cu ltu ra l” que con tin u a até hoje, início de
2005. O s passos iniciais foram um a dem onstração clara da o b servação
hoje corrente de que, se no passado gastavam -se 2 0 % do tem p o de um
projeto no seu planejam ento e 8 0 % em seu desenvolvim ento, hoje em
dia, devido à grande com plexidade que nos cerca, o reverso é, na m aioria
da vezes, o caso: 8 0 % para planejam ento e m eram ente 2 0 % para execu­
ção do que foi planejado. O grupo de pesquisa levou mais de um ano para
organizar os aspectos docum entais, tecnológicos e dos fluxos das ta re ­
fas antes de efetivam ente "en trar no ar” .
A s tarefas iniciais foram as seguintes: I . form ação do tim e de p esq u i­
sadores: 2. fixação de parcerias internas e externas: 3. estab elecim en to
de princípios para negociar questões sobre direitos de propriedade in te ­
lectual: 4- aquisição de h ard w are, softw are e ou tros m ateriais; 5. criação
de espaços de trab alh o e rotinas que conduzem à produtividade; 6. c o n s ­
tru ção de interface do usuário; 7. iniciação de busca de p atrocínio para o
projeto após april de 1998. A equipe era form ada por um coordenador
geral, um especialista em interfaces na rede, um especialista em design
gráfico, um coordenador de produção e vários assisten tes de iniciação
científica para a digitação de dados, correspondência com usuários e
o u tras tarefas im portantes. Teve início tam bém a troca de idéias com a
in stitu içã o associada, parte da proposta original, a U n iv e rs ity o f British
C olu m bia, do C anadá, na pessoa do d ou tor Tony Bates, renom ado e s tu ­
d ioso e profissional de educação a distância, que con co rd ou , g e n tilm en ­
te, em servir co m o avaliador form ativo do projeto.
O s objetivos gerais iniciais do projeto: I . fornecer textos com pletos de
obras clássicas e de difícil aquisição da cultura brasileira adequados para
estudantes do ensino básico (obras literárias e históricas, obras de referên­
cia, atlas, imagens, sons e vídeos); 2. aperfeiçoar as habilidades heurísticas
de estudantes e professores; 3. aum entar o desejo de im plantar co m p u ta ­
dores e acesso à rede nas escolas; 4. estudar o verdadeiro uso no dia-a-dia
da biblioteca virtual pela sua com unidade de usuários; 5. investigar os as­
pectos de custo-benefício de uma tal coleção de materiais em m ultim eios
que oferece apoio ao ensino a distância formal ou informal.
U m a im portan te parceria “ in terna” foi firmada com o M u seu de A r ­
queologia e Etnologia da U niversid ade de São Paulo, que cedeu para a
314
Biblioteca V irtu a l im agens valiosas de cerâm ica, cocares e ou tros artefa­
tos culturais dos povos indígenas brasileiros. O u tra parceria externa im ­
portante foi firmada com a Fundação Roberto M arin h o do Rio d e ja n e iro ,
em sociedade com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp) e a agência de nível nacional Serviço Social da Indústria (Sesi),
que, ju n to s desenvolveram o Telecurso 2000, cursos com p letos do en si­
no fundam ental e m édio, d istribuidos por m eio de program as de tele vi­
são em circuito aberto e m ateriais im pressos disponíveis em bancas de
jornais em tod o o país.6
Criado principalm ente para adultos já envolvidos em atividade econ ô­
mica, mas com escolaridade incom pleta (o trabalhador médio no Brasil
ainda tem apenas seis ou sete anos de educação formal) e desejosos de
com pletála por meio de ensino a distância em tem po parcial, o programa
Telecurso 2000, em 2004, teve mais de 600 mil alunos matriculados. Com
ajuda do superintendente do programa, professor M arcos Formiga, a Fun­
dação Roberto M arinho deu à Biblioteca V irtu al do Estudante Brasileiro
permissão para usar todo o material do curso já em forma digital, que co n ­
tinua sendo, até hoje, um a das partes mais acessadas da Biblioteca.
O u tra colaboração foi firmada com a V o zo te ca (biblioteca de vozes)
de Luiz Ernesto M. K aw all, um colecionador independente de sons do
passado do Brasil, especialm ente gravações de personalidades políticas
da p rim e ira e s e g u n d a m e ta d e s do s é c u lo X X . E s sa s g ra v a ç õ e s
disponibilizadas digitalm ente pela Biblioteca V irtu a l perm item aos e s tu ­
dantes ir além do livro de texto tradicional, o u vin d o, de fato, os estilos
oratórios de figuras históricas cujos nom es estão co n sta n te m en te na sua
presença em livros de texto, nom es de ruas e m esm o nas palavras de
canções populares.
O u tro s planos foram feitos, m as, devido às dificuldades de finan cia­
m ento, nunca foram im plantados. Talvez valha a pena listá-los aqui c o m o .
sugestão para outros que porventura queiram criar bibliotecas virtu ais
desse tipo. Esperávam os originalm ente, por exemplo, ter a inform ação
básica na Biblioteca V irtu a l em português e navegação dentro da base de
dados em português, inglês, espanhol e, talvez, até m esm o em francês,
perm itindo assim , aos estud an tes de diferentes partes do m undo que se
interessam por Brasil e sua cultura, acesso ao m aterial. M as os recursos
disponíveis para fazer isso nunca foram suficientes. Igualm ente, espera­
315
va-se criar um a interface para usuários com três eixos: localização (m apa
m undi - ao clicar em algum lugar, aparece tu d o o que a ele se refere na
base de dados); tem po (um a barra de tem p o deslisante); tóp ico (p a la ­
vras-chave de acesso a to d o s os arquivos), mas isso não foi possível. A
equipe tam bém não foi capaz de dar início a um setor Frequently-Asked
Q u e s tio n s (F A Q ), capaz de perm itir aos usuários obter m uitas respostas
a suas questões referentes à Biblioteca.
O u tro s problemas de natureza genérica capazes de desencorajar al­
guns futuros criadores de bibliotecas virtuais foram encontrados: I . a a u ­
sência notável de uma tradição de trabalho de grupo em pesquisa nas h u ­
m an id a d e s, pelo m en o s c o m o a ve m o s no B rasil, c o n s ta n te m e n te
atorm entando as tom adas de decisão e a produção; 2. a escolha de técnica
de entrada de dados tam bém impediu o desenvolvim ento do trabalho leitura óptica de caracteres de textos se m ostrou não ser prática, e a
digitalização dobrada de quase todos os textos foi tom ada com o norma; 3.
o problema das m uitas m udanças ortográficas que ocorreram na língua
portuguesa no correr dos últim os 100 anos e a inabilidade de os jovens
estudantes de hoje entenderem textos nos form ato ortográfico e gramatical
originais exigieram m uita reformatação; 4. a existência de m enos m aterial
em dom ínio público disponível do que se esperava, obrigando o grupo a
buscar novas soluções. Editoras resistiam ao uso gratuito de seu material
na Internet, m esm o com o apoio da associações de classe. Em vez da “ acei­
tação por a ta ca d o ” que nós esperávam os da parte das editoras, com a
perm issão de colocar na Intern et suas obras esgotadas, a equipe teve de
se engajar num a “ operação va re jista ” , conseguindo, só ocasionalm ente,
perm issão na base de títu lo a títu lo. Esperava-se que um sem inário sobre
propriedade intelectual, novas tecnologias de com u nicação , e a e d u c a ­
ção, em associação com um a organização nacional de editoras, ia ser
benéfico, mas isso ainda não aconteceu, talvez porque os setores im p li­
cados ainda não reconhecerem a im portância do tema.
Finalm ente, esperava-se ter um a rica área de atividades paradidáticas
d entro da Biblioteca V irtu a l, com referência ao m aterial audiovisual e tex­
tual dentro da coleção. Tais atividades paradidáticas incluiriam role-playing
games, troca de inform ação entre pares, co n su lta a especialistas im p or­
tan tes pela Intern et e co n su lta a outras bases de dados. Há, na verdade,
um a troca de idéias ativa e proveitosa entre professores sobre currículo,
316
atividades na sala de aula e bibliografia, mas isso ainda não atingiu o
estágio de um sistem a poderoso de apoio originalm ente im aginado.
A Biblioteca V irtu a l do Estudante Brasileiro está disponível g ratu ita ­
m ente a tod os os interessados 24 horas por dia, sete dias por sem ana,
por meio do W o rld W id e W e b (w w w .b ib virt.fu tu ro .u sp .b r). Seu co n te ú ­
do está dividido em três seções: a coleção, atividades e sugestões para
fontes de pesquisa. A coleção co n siste de textos com p letos de obras
literárias e d o cu m en to s históricos, artigos de periódicos científicos, im a ­
gens, sons e softw are. M ais de 300 obras da literatura brasileira em d o ­
m ínio pública estão d isponíveis pelo índice de autor, títu lo e gênero, e
m uitas delas são “ baixáveis” para com p u tadores e palm tops. Resenhas
de m uitas dessas obras estão tam bém disponíveis, bem com o cinco obras
com pletas da literatura internacional traduzidas para o português (Lew is
Carrol, Alexandre Dum as Fils, Georg Büchner, and H enry Rider Haggard).
Há, tam bém , um link para a célebre biblioteca virtual Gutenberg, uma cole­
ção digital existente há 30 anos, e possuindo agora mais de 10 mil obras
literárias, em 16 diferentes línguas, todas elas em texto integral. A seção
de imagens (a maioria em form ato JP E G ) inclui m uitos dos desenhos ab un ­
dantes em cores d e je a n Baptiste Debret, o francês que visitou o Brasil no
período de 1816-1831 e deixou um rico relato pictórico da vida econôm ica e
social na sociedade colonial. Desenhos dos diferentes pássaros do Brasil e
fotografias da enorm e variedade de frutas do Brasil estão presentes, bem
com o uma grande coleção de clipart especialm ente organizada para jovens
estudantes. A seção de sons (em Real A udio, M P3 , M ID I e R A M ) deve
m uito à colaboração de Luiz Ernesto M. Kaw al, que forneceu as gravações
de eventos históricos, personalidades e políticos do passado, bem com o
fam osos jingles espots de publicidade da mídia de décadas atrás. U suários
podem escolher entre gravações que registraram a primeira vo z gravada no
Brasil, vozes das revoluções de 30 e 32, da II Guerra Mundial, da História
do Rádio no Brasil, Brasil nos cam peonatos m undiais de futebol, com p osi­
tores de Bossa N ova, e a história do sam ba e de fam osas escolas de samba.
U m a área divertida de pesquisa m usical oferece fotografias, partituras e a
gravação de sons de 14 diferentes instrum entos de percussão do Brasil.
Há, tam bém , um a pequena (m as em crescente d esen volvim ento) coleção
de “ livros falad o s” , incluindo m uitas obras de literatura, preparada para
pessoas com deficiência visual, e disponível para tod os os interessados,
317
graças à cooperação da Fundação Dorina Nowill e da Auditeca Kaete
Heymann da Comunidade Shalom de São Paulo.
Uma considerável coleção de revistas científicas, difíceis de serem
encontradas, está também disponível, cedida pelos editores interessa­
dos em ajudar futuras gerações de estudantes: Revista Brasileira do Ensi­
no de Física, Revista do Professor de Matemática, Física na Escola, Revista
do Departamento de Qeografia, Educação e Pesquisa, Sinopse -7\ Revista
do Cinema e outras.
Entre “ materiais especiais” , encontram-se tesouros como uma cole­
ção de mais de 80 entrevistas gravadas no período de 1984-1989 com
importantes cientistas brasileiros, e várias dezenas de entrevistas
“ baixáveis” de vídeo com importantes figuras como Paulo Freire (suas
entrevistas são um absoluto hit, recebendo um milhar de “ baixadas” por
semana). Alberto Dines.Juscelino Kubtscheke líderes das tribos Araweté
e Krenakarore da região amazônica, entre outros. Espalhado por toda a
coleção, encontra-se um amplo material representando ricas tradições
folclóricas brasileiras em textos, imagens e sons.
A área reservada para “ atividades” enfatiza interatividade com os
usuários, bem como entre os próprios usuários, especialmente com ex­
periências relacionadas ao uso da Biblioteca Virtual no processo ensino/
aprendizagem. Há um “quadro de mensagens” para anúncios e trocas de
idéias, sugestões, noticiário de eventos, um calendário cultural, e uma
Caça de Tesouro Online Anual, que estimula estratégias de busca criati­
va de informação dentro da Biblioteca Virtual e resulta em premiações
(geralmente palmtops e livros doados por livrarias locais). Etcetera é uma
seção que cita fontes adicionais de pesquisa disponíveis na Web, bem
como os endereços de bibliotecas e livrarias reais no país, complemen­
tando as fontes disponíveis na Biblioteca Virtual.
Vistos como um todo, os conteúdos da Biblioteca Virtual refletem seu
desenvolvimento: com exceção do extensivo e bem organizado material
do Telecurso 2000, o restante é, mais precisamente, uma maravilhosa mis­
celânea de conhecimento, informação e sabedoria incomum. Devido à fal­
ta de financiamento consistente desde o término das doações iniciais,
fomos tolhidos por severas restrições sobre direitos autorais. Mesmo as­
sim, acabamos gostando do crescimento não-linear, exponencial e eclético
em várias direções. Mas, responsáveis pelo desenvolvimento da Bibliote-
318
ca V irtu al, assum im os seus defeitos e falhas e deleitam o-nos com o gran­
de uso dado, apesar da irregularidade de seu acervo. Esperam os pelo dia
em que as virtudes da Biblioteca V irtu a l e sua im portância estratégica
sejam reconhecidas por agências financiadoras generosas, que perm itirão
realizar os m elhoram entos necessários. Im pacientes, contudo, com o so ­
m ente os m em bros da equipe de uma nova biblioteca podem ser, envo lve­
mo-nos em ação para m udar o nom e Biblioteca V irtu a l do Estudante Bra­
sileiro para Biblioteca V irtu a l do Estudante da Língua Portuguesa, pois
assim será possível crescer mais, incluindo m aterial educativo dos oito
países na Europa, Am érica do Sul, África e Á sia, onde o português é a
língua principal, recebendo de, e reencam inhando para cada país, m aterial
para o ensino e o entreten im en to que poderá ser entendido por todos.
Em 2 0 0 1, Luciana Salgado, uma estudante no Programa de M estrado da
Escola de Com unicações e A rtes da U niversidade de São Paulo, fez um
estudo de alguns aspectos da Biblioteca V irtual. Sua tese tentou determ i­
nar se a Biblioteca V irtu al havia atingido seus objetivos originais e qual o
perfil de seus usuários.7Em 2 0 0 1, o núm ero médio diário de usuários dis­
cretos excedeu 5 mil. N o decorrer dos três anos subseqüentes, a Biblioteca
Virtual recebeu seis troféus “ l-Best” votados pelos internautas brasileiros
por excelência no conteúdo nas categorias de educação e treinam ento, e
arte e cultura, e seu núm ero diário de usuários cresceu para 15 mil. C o n tu ­
do, os resultados da investigação de 2 0 0 1 m erecem atenção.
De setem bro de 20 00 a 25 de fevereiro de 2001, um q u estion ário
con ten d o 37 itens preparado por Salgado ten tan d o determ inar o perfil de
usuários e a natureza de sua satisfação ou insatisfação foi colocad o no
site da Biblioteca V irtu a l, ob ten d o um total de 528 respostas, das quais
479 foram efetivam ente usadas para o estudo. O s resultados do le va n ta ­
m ento trouxeram algum as surpresas: para um site planejado para e s tu ­
dantes de prim eiro e segundo graus, os usuários eram um ta n to mais
velhos: 10-13 anos de idade, 7 .0 % ; 14-17 anos, 2 0 .9 % ; 18 - 2 1 anos, I 7 .4 % ;
2 2 - 15 anos, 15 . 1% ; 26-29 anos. 2 0 .9 % ; 30-39 anos, 18 .3 % ; acim a de 40
anos 11.7 % . U su ário s m orando em capitais de estados eram 5 0 ;8 % , e os
do interior, 4 9 .2 % . U su á rio s residentes em cidades com população s u ­
perior a I m ilhão de h abitantes eram 4 3 ,0 % do total, en q u an to os m ora­
dores de cidades acim a de 500 mil hab itantes eram 14%, h ab itan tes de
cidades entre 500 mil e 100 mil habitantes, 2 2 .0 % , os de cidade com
319
m enos de 100 mil hab itantes, 14-0% , e os de cidades com m enos de 10
mil habitantes, 7 .0 % . Estu dantes de escolas primária e secundária ab ran ­
giam 3 7 ,8 % dos usuários, e n q u a n to estudantes de nível universitário
abrangiam 2 3 ,8 % do total. Estudantes do sexo m asculino eram 5 0 .7 % e
do fem inino 4 9 .3 % . Estudantes de escolas públicas representavam 5 0 ,7 %
do to tal e os de escolas privadas 4 9 ,3 % . Estudantes do Estado de São
Paulo co n stitu íam 4 3 ,0 % dos usuários, os de M inas G erais 10 ,0 % , os do
Rio de Janeiro, 8 ,0 % , e os do Paraná, 7 ,0 % . A renda m ensal fam iliar infor­
mada foi bem mais alta do que o esperado: até R $ 3 0 0 ,0 0 ,3 ,3 % ; R$ 3 0 1,00
a R$ 600,00, 3 ,3 % ; R$ 601,00 a R$ 1.200,00, 14 ,7% ; R$ 1.200,00 a R$
3.000.00, 17,45; R$ 3.0 01 ,00 a R$ 6.000,00, 3 ,3 % ; R$ 6.001,00 a R$
10.0 00 .00 , 11,2 % ; R$ 10 .0 0 1,00 a R$ 20.000,00, I 7 ,4 % ; acim a de R$
20.000.00, 10 ,4 % .8 A o serem perguntados de onde acessavam a Internet,
os usuários responderam o seguinte: de suas casas, 7 2 ,1% ; do trabalho,
17 .4 % ; da escola 5 .4 % ; da casa de am igos ou parentes, 3 , 1% ; da b ib lio­
teca 1,7 % . Também, 8 4 ,4 % responderam que usaram a Biblioteca V irtu a l
para estudo e pesquisa, e n q u an to 8 .4 % indicaram prazer, e 7 .2 % , relação
com o trabalho.
Talvez digno de preocupação e atenção no futuro seja o fato de 5 7 ,3 %
terem respondido que seus professores pediram pesquisa na Web. mas não
deram orientação; 2 5 ,4 % disseram que os professores deram uma orienta­
ção mínim a; 17 ,3 % indicaram que seus professores deram orientação in i­
cial para sua pesquisa na W eb. Q u an d o perguntados se seus professores
os encorajavam a fazer pesquisa usando a Internet, houve respostas dife­
rentes da parte de estudantes de escolas públicas e privadas:
■
“ Todos os seus professores encorajaram sua pesquisa na W e b ?": Dez
por cen to dos estu d an tes das escolas públicas deram resposta positiva,
e n q u a n to som ente 8 ,0 % dos estudantes de escolas privadas responde­
ram afirm ativam ente; “ A lg u n s professores?” 5 0 ,0 % dos estud an tes de
escolas públicas e 4 4 ,0 % dos de escolas privadas confirm aram p o sitiva ­
m ente; "N e n h u m professor?” ; 4 0 ,0 % dos estud an tes de escolas públicas
e 4 8 ,0 % dos de escolas privadas responderam p ositivam ente.
Em relação à general satisfação geral dos usuários com a Biblioteca
V irtu a l, 5 7 ,0 % responderam afirm ando que encontraram exatam ente o
que estavam procurando, e n q u a n to 4 4 , 1% afirmaram que “ n orm alm en ­
te ” enco ntravam o que procuravam . A pergunta sobre se foram capazes
320
de localizar o m aterial desejado dentro da biblioteca: 3 4 ,4 % responde­
ram “ sem pre” : 4 4 ,4 % responderam “ quase sem pre” ; 1 5 ,7 % responde­
ram “ algumas ve ze s"; 8 ,4 % responderam “ raram ente” ; e 7,45 responde­
ram “ n un ca” . Se ou não o m aterial encontrado na Biblioteca correspondeu
às necessidades de sua pesquisa: 5 7 ,0 % responderam que encontraram
“ exatam ente o que p rocu ravam ” ; 12 , 1% acharam o m aterial “ m uito so ­
fisticad o” ; e 3 0 ,9 % acharam o m aterial “ um ta n to sim p lório” . Se ach a ­
vam que o m aterial procurado na Biblioteca V irtu a l poderia ser en co n tra ­
do facilm ente em outras fontes, 3 6 ,9 % disseram que isso seria possível,
3 3 ,8 % disseram que “ às vezes achavam isso ” ser verdadeiro, 13 ,6 % d is­
seram que era difícil, e 3 ,5 % disseram que nunca era o caso.
N a ordem de im portância para os usuários, o acervo da Biblioteca foi
assim avaliado: literatura, m aterial didático, m aterial paradidático, sons
e im agens. C om relação à navegação d entro da Biblioteca, 9 0 ,4 % relata­
ram não ter tido dificuldade, 9 ,4 % sentiram dificuldade; 4 8 ,5 % relataram
usar o Internet Explorer 5x, en q u an to 19 ,2 % responderam usar Internet
Explorer 4x. Em relação à forma em que eles leram o m aterial encontrad o
na biblioteca, 2 8 ,0 % leram diretam ente na tela; 13 ,4 % im prim iram dire­
tam ente en q u an to se achavam ligados à Internet; 3 4 ,3 % “ baixaram ” para
leitura posterior on-screen, e 2 3 ,2 % baixaram para posterior im pressão e
leitura. Salgado concluiu que o público destinatário original da Biblioteca
V irtu a l tinha na verdade sido alcançado, mas o aspecto de “ acesso livre e
irrestrito à W e b " tornou o m esm o co n teú d o disponível para um público
m u ito m aior do que o originalm ente visado. Estudantes universitários e
vestib u land o s parecem ter usado a Biblioteca V irtu a l com o uma maneira
de ter acesso “ sem -livros” às leituras exigidas para as quais sua fonte
financeira era inadequada. Ela tam bém concluiu que, embora m elhorias
pudessem ser feitas em relação à interface entre o usuário e o sistem a,
em geral, os usuários pareciam satisfeitos com a estrutura e a natureza
do acesso ao con teú d o da Biblioteca.
O
núm ero reduzido de bibliotecas escolares, bibliotecas públicas e
livrarias no Brasil, claram ente incom patível com as necessidades de uma
econom ia baseada em con h ecim ento, e as verbas públicas disponíveis
no passado e aparentem ente no futuro para retificar essa situ ação ob ri­
gam aqueles preocupados com a produtividade futura do Brasil e sua
capacidade de com p etir globalm ente a experim entar com soluções para
321
problem as sociais baseadas nas novas tecnologias da com u nicação . A
m aior parte da inform ação na W e b está em inglês, portanto com acesso
lim itado para estud an tes de países com outras línguas principais. Países
em d esen vo lvim en to precisam usar novas tecnologias do tip o usado no
projeto da Biblioteca V irtu a l do A lu n o de Língua Portuguesa, quer vista
com o um site independente na W eb ( “stand a lo n e "), quer com o “ sistem a
de a p o io ” para estud an tes m atriculados em cursos on-line. O s benefícios
a seram atingidas são os seguintes: ( I ) dar ao estud an te acesso à sua
própria literatura nacional, iconografia e sons do passado; (2) e stim ular a
leitura e a pesquisa em coleções de fontes nacionais online; (3) ajudar a
ju stificar o cu sto da com pra e m an u ten ção de com putadores e acesso à
W eb em escolas e centros com u nitários, oferecendo, em língua local, in ­
form ação útil para o aprendizado. Isso, por sua vez, dim inui as diferenças
entre o aprendizado nas zonas rural e urbana e prom ove, em geral, um a
m elhor e susten tável qualidade de vida.
322
No t a s
1Litto, Fred ri c (2002). The Hybridization of Distance Learning in Brazil —
An Approach Imposed by Culture. International Review of Research in
Open and D istance Learning: 2, 2 [iuicode: http://w w w .icaap.org/
iuicode? 149.2.2.6 Accessed 15 April 2004].
2 Para estatísticas tratando da população, indicadores sociais nacionais,
educação e condições de vida, ver o site do Instituto Brasileiro de Geogra­
fia e Estatística [www.ibge.gov.br Acessado 15 de maio de 2004.] Para
estatísticas mais específicas sobre educação fundamental e média ver
Dataescolabrasil; Edudatabrasil; Censo Escolar 2004: e Sinopse Estatística
da Educação Básica 2003, e educação pós-secundária Sistema de Infor­
mação da Educação Superior (SiedSup); Cadastro de Cursos e Institui­
ções da Educação Superior, ver o site do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira [www.inep.gov.br Acessado 19 de
maio de 2004]. Ver também: Fredric M. Litto, org. Campus Computing
Report.Br 2004. Computação e Tecnologia de Informação nas Instituições
de Ensino Superior no Brasil. São Paulo: Altana, 2005.
3Sobre bibliotecas e livrarias ver Cecília Jorge, "Brazil, a Nation that D oesn't
Read” Brazzil Culture, June 2004 [www.brazzil.com/2004/html/articles/
jun04/p 109jun04.htm Acessado 17 de maio de 2004.]; Ottaviano De Fiori,
"As políticas do livro" [www.minc.gov.br/textos/olhar/politicaslivro.htm
Acessado 15 de maio de 2004]: “ Estudo revela que cerca de mil cidades
brasileiras não têm bibliotecas” [26/4/04] Notícias de 17 de junho de 2004.
A judaBrasil [www.ajudabrasil.org/noticias.asp? ¡dnoticia=50]; e Joseana
Paganin e, “ Câdê o L e ito r?” [< w w w 2 .u n iv ille . ed u.br/biblioteca/
boletim Junho2002/PAGANINE. htm> Acessado 17 de junho de 2004].
4 Informativo INEP, Ano 2, No 38, 11 Mai 2004 [www.inep.gov.br/infor­
mativo/informativo38.htm Acessado 17 de junho de 2004].
5 Marcos Dantas Loureiro, secretário de Educação a Distância, Ministério
da Educação do Brasil, “ O Ministério da Educação e a EAD: Visão Geral
em, Legislação Atual" Seminário Internacional de Educação a Distância,
Brasília, U N ILEG IS, 9 de junho de 2004. Ver também Fredric M. Litto
(1998), “ Culture and Entropy at the Interface of Freedom of Expression
and the N ew Com m unications Technologies” in Freedom of Expression
and the N ew Communications Technologies, eds. Michèle Paré and Peter
Desbarats (Montreal, Canadá: U N ESC O and IQ Coletif), pp. 201-09.
6 Oliveira, J.B.A ., Moura Castro, C. e Verdisco, A. (2003). Education by
Television: Telecurso 2000. In J. Bradley (Ed.). The Open Classroom. Distance
Learning In and Out of Schools. London and Sterling, VA: Kogan Page,
pp. 133-145.
323
7 Luciana Salgado, “ A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro da Escola
do Futuro da Universidade de São Paulo: Um Estudo da sua Estrutura e
dos Seus Usuários” , Dissertação de Mestrado, Escola de Comunicações e
Artes, Universidade de São Paulo, 2001. Ver também Fredric M. Litto,
“ Digital Libraries, Developing Countries, and Continuing Education” ,
Continuing Higher Education Review (Harvard University), Vol. 68, Fall,
2004, pp. 78-86.
8 Em dezembro, 2000, um dólar norteamericano valia aproximademente
R$ 2.00.
324
Sueli Mara S. P. Ferreira‘
Patricia Cristina N. Souto"
I . In tr o d u ç ã o
A busca por m aior efetividade na tom ada de decisões com base em
co n h ecim e n to científico tem sido progressivam ente influenciada pelo
am adurecim ento na inserção e adoção das tecnologias da inform ação e
de com unicação. Som ado a isso, o acesso, uso e com p artilh am en to de
info rm ação técn ico -científica qualificada têm viab ilizad o, agilizado e
p otencializado os processos de planejam ento, gestão, pesquisa e ensin o
em tod as as áreas de con h ecim ento.
V á rio s desafios, neste cenário dinâm ico, contribuem para a exaustão
e insuficiência dos m odelos atu ais de gestão da inform ação: usuários
m ais experientes e exigentes; m udanças na com u n icação científica; m u l­
tip licação de form atos dos ativo s digitais nas in stituiçõ es acadêm icas;
s u rg im e n to da In ic ia tiv a de A c e s s o A b e r t o 1; g e s tã o e s e g u ra n ç a
"Coordenadora da Portcom/lntercom e do Núcleo de Pesquisa "Design de Sistemas Virtuais
Centrado no Usuário". Professora doutora do Departamento de Biblioteconomia e
Documentação da ECA/USP. [email protected]
"Pesquisadora da Portcom/lntercom e do Núcleo de Pesquisa "Design de Sistemas Virtuais
Centrado no Usuário". Aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Comunicação, área de concentração em ciência da informação e documentação.
[email protected]
operacional das fontes inform acionais; preservação dos objetos digitais;
necessidade de replicação de serviços para prover acesso global; o fo rta­
lecim ento da co m p u ta çã o ubíqua e dos am bientes de sistem as de infor­
m ação em rede, dentre outros.
A s bib lio tecas d igitais, dian te destes desafios, vêm alterand o seu
esco p o e função, tra n sce n d e n d o a ênfase na organização, d istrib u ição e
recuperação da in form ação, passand o a se posicio nar c o m o um a m b i­
ente integrado de inform ação com foco no apoio aos processos de apren­
dizagem , a resolu ção de problem as e a c o n s tru ç ã o de c o n h e c im e n to
in d ividual e co le tivo . Feng e ou tros (2 0 0 5 ) acredita "que o futuro das
bib lio tecas digitais vai além do a rm a ze n a m e n to e do registro e passa a
ser um am b ien te de criação, aq uisição , co m p a rtilh a m e n to e p rop ag a­
ção do co n h ecim e n to ".
N este m esm o sentido, C olem an e o u tro s (200 2) considera as b ib lio­
tecas digitais co m o sendo um am biente integrado pela com p o sição de
espaços de inform ação, de aprendizado e de interação. O "espaço de in ­
form ação" se com põe de coleções (o b jetos digitais cada vez m ais c o m ­
plexos e heterogêneos), serviços (descoberta da inform ação, busca, id en ­
tificação, criação de m etadados), ferram entas para o uso da inform ação
(an otação, personalização, alertas etc.) e interfaces. O "espaço de ap ren ­
dizagem " se com põ e de estrutura e com b in ações dos e entre os objetos
digitais do espaço de inform ação com foco no aprendizado do usuário,
incorporando a recuperação de inform ação contextualizada, interativa e
controlada de acordo com os estilos de aprendizado dos usuários. O
"espaço de interação" proporciona situ ações e recursos que libertam o
usuário das lim itações físicas para a interação, proporcionando os b ene­
fícios das co m u n id ad e s e interação virtu a l (in tera tivid ad e síncrona e
assíncrona) e a co n stru çã o co n jun ta de con h ecim ento.
A op eracionalização deste novo co n ce ito de biblioteca digital, mais
focada em se colocar co m o um espaço de aprendizagem e interação, tem
sido tem a de discussão e reflexão por vários autores. D entre eles, Feng
(2 0 0 1, 2002, 2004) delineia um m odelo de biblioteca digital que envolve
duas dim ensões que se com plem entam :
326
Figura 1 - Modelo de Biblioteca Digital proposto por Feng (2001, 2002, 2004)
• Dimensão "Cognitivo Tático": é entendida como o "espaço docu­
mental" onde se priorizam os processos cog nitivos tático s (com por­
tam ento de busca/searching e de exploração/brouvsing) dos usuários
proporcionando agilidade e facilidade na recuperação de d o cu m en ­
tos. Sua base está na gestão docum ental e inform acional e nos pro­
cessos de arm azen am en to e distribuição.
• Dim ensão "C o g n itivo Estratégico": é entendida com o o "espaço do
con h ecim ento" onde se priorizam os processos cog nitivos estratégi­
cos (busca de soluções inteligentes para problem as inform acionais
de alta com plexidade) dos usuários, proporcionando a correlação e
inter-relação de inform ações em term os sem ânticos, tem áticos, lógi­
cos, físicos, dentre outros.
A viabilização destas novas perspectivas, que expandem a atuação
das bibliotecas digitais, só é possível com a convergência e integração
das atividades, dos serviços, das práticas, das funções, dos procedim en­
tos, dos con teú dos, das tecnologias, bem com o com a participação dos
atores envolvidos em cada um dos processos de gestão da inform ação.
U m a das estratégias apontad as pela literatura para atender a estas exi­
gências é federar as bibliotecas digitais.
Segundo Arrns (2000), o term o biblioteca digital federada "descreve um
grupo de organizações, trabalhando ju n tas formal ou informalmente, que
327
concordam em assum ir uma série de serviços e padrões com uns, buscando
a interoperabilidade entre elas. O s parceiros em uma federação podem ter
diferentes plataformas tecnológicas, desde que implementem serviços co m ­
patíveis com os padrões determ inados. N ecessitam concordar tan to com
os padrões tecnológicos com o com as políticas e diretrizes (incluem nor­
mas de direitos autorais, segurança, privacidade e acordos financeiros)".
Pirri e ou tros (2 0 0 2 ) e G on çalves, France e Fox (2 0 0 1) com p lem en tam
este co n ceito agregando a idéia de que um a Federação se refere à c o m p o ­
sição ou união de várias bibliotecas digitais independentes ou a u tô n o ­
mas, distribuídas na Internet e organizadas por tem as ou recursos esp e­
cíficos, que form am um a rede de bibliotecas com interface de acesso único
e in te g rad o à gran de q u a n tid a d e e h ete ro g e n eid ad e de in fo rm a çã o
estruturada, sem i-estruturada e não-estruturada (vídeos, apresentações,
im agens, sons, gráficos etc.).
A proposição de uma federação de bibliotecas digitais para a c o m u ­
nidade lusófona em ciências da co m u n icação é resultado do processo
evo lu tivo das atividades, serviços e produtos desenvolvidos pela Portcom
/ Rede de Inform ação em C iên cias da C om un icação dos Países Lusófonos,
criada em 19 8 1 pela Intercom / Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da C om un icação. Este d o cu m en to apresenta o projeto da fede­
ração e d e ta lh a o m o d e lo p ro p o s to d esd e sua c o n c e p ç ã o a té sua
operacionalização e gestão.
2 . H is t ó r ic o r e s u m id o d a P o r t c o m
A carência e dispersão de fontes bibliográficas específicas para a área
de ciências da com u n icação e as dificuldades enfrentadas pelos p esq u i­
sadores para ter acesso ao co n h ecim e n to acum ulado fizeram com que,
em 19 8 1, fosse criado pela Intercom um cen tro de d o cu m en tação d e sti­
nado a coletar e processar a produção científica em ciências da c o m u n i­
cação.
Em 1988, apoiado pela U n e s co 4, este C en tro amplia seu escopo p as­
sando a servir de pólo centralizador e gerenciador da produção técnica e
científica lusófona. C om o decorrência da experiência adquirida e das a ti­
vidades desenvolvidas, depois de 1999 a Portcom (já postulada com o rede
de inform ação) passa a assum ir o papel de agente integrador e articulador
328
de políticas, ações e instrumentos que normalizam e implementam estra­
tégias para o desenvolvimento e uso de recursos e competências lusófonas
em ciências da comunicação. Como resposta a este novo papel surge o
projeto de criação da federação que ora se apresenta.
3. Projeto da Federação
O projeto da Federação de Bibliotecas Digitais Lusófonas em Ciên­
cias da Comunicação engloba as seguintes etapas:
Figura 2 - Etapas do Projeto da Federação de Bibliotecas Digitais Lusófonas em Ciências da
Comunicação
Análise do ambiente de uso da informação
Visando diagnosticar, mapear e entender o contexto informacional
brasileiro em comunicação, a equipe da Portcom5 desenvolveu pesquisa
junto a I 17 bibliotecas e centros de informação de universidades públi­
cas e privadas, cobrindo todas as regiões brasileiras.
Os resultados mais relevantes desta pesquisa apontaram o seguinte: gran­
de concentração de bibliotecas na região Sudeste, seguido da região Sul,
Nordeste, Centro-Oeste e Norte: a existência de poucas bibliotecas setoriais
dedicadas (ou específicas) a ciências da comunicação; imensa diversidade de
serviços e produtos com automação total ou parcial; grande variedade de
329
softwares em uso; inexistência de tesauro e/ou vocabulário controlado em
português em ciências da com unicação; predominância de livros nos acer­
vos; ausência de revistas científicas lusófona indexadas; ausência de publi­
cações não tradicionais (filmes, vídeos etc) no acervo; participação m ajoritá­
ria em redes de serviços e/ou produtos genéricos (tipo C om ut e C C N ).
Tais resultados, som ados a revisão de literatura e análise das ferra­
m entas tecn oló gicas disponíveis, forneceram as condições necessárias
para o detalh am en to do projeto con ceituai da Federação de Bibliotecas
Digitais Lusófonas.
C o n c e p ç ã o e s t r a t é g ic a d a F e d e r a ç ã o (p r o je t o c o n c e it u a i)
A Federação é concebida estrategicam ente com base no m odelo do
Feng (2004, 2002, 2 0 0 1), privilegiando e alinhand o sua atu ação às duas
d im ensões propostas - "cogn itivo tático " e "cogn itivo estratégico". Desta
forma, alicerça-se em várias prem issas, tais com o:
• escopo do público-alvo - atuar com todos os atores envolvidos no
processo de gestão da inform ação técnica, acadêm ica e científica,
categorizados como produtores, gestores de fontes, gestores de conteú­
do, distribuidores de conteúdo e comunidade em geral;
• alinhamento ao público-alvo - se alinhar continuamente às necessida­
des e comportamentos informacionais dos diferentes públicos-alvo para
subsidiar as atividades e processos de tomada de decisão nos âmbitos de
planejamento, desenvolvimento, implementação, gestão e evolução;
• acesso público e universal - enfatizar o alinhamento das atividades
com a filosofia do Movimento do Acesso Livre e a socialização da infor­
mação técnico-científica;
• política de conteúdo - obedecer a critérios, normas e padrões interna­
cionais de qualidade para organização e tratamento do conteúdo. Incorporar conteúdos estruturados e não-estruturados, fontes tradicionais e
não-tradicionais, formatos e suportes heterogêneos que favoreçam tan­
to a dimensão "cognitivo tático" como a "cognitivo estratégico";
• política de serviços: desenvolver serviços que atendam às dimensões
"cognitivo tático" e "cognitivo estratégico";
• política de tecnologias - privilegiar a utilização de software livre, com
base no p ro to co lo O A I- P M H (Open A rc h iv e Initiatiue-Protocol for
Metadata Harvesting), especialmente customizados para as questões de
interoperabilidade:
330
• gestão da federação - adotar um modelo de gestão compartilhada
(descentralização e co-responsabilidade), valorizando as especificidades
de cada biblioteca federada, garantindo sua autonomia e criando estraté­
gias de motivação para cooperação contínua. Flexibilizar o desenvolvi­
mento de bibliotecas em torno de eixos: geográfico (estado, região, país),
temático (áreas especializadas da comunicação) e processual (metodologia,
tecnologia, procedimentos).
D e s e n v o l v i m e n t o d o m o d e lo o p e r a c io n a l p a r a a F e d e r a ç ã o
O m odelo operacional da Federação é determ inado pela adoção do
protocolo de transferência O A I- P M H , que por sua vez foi selecionado em
função dos valores agregados aos parceiros/bibliotecas federadas e aos
usuários finais. Para as bibliotecas parceiras, o uso do protocolo garante
interoperabilidade4, proporciona facilidade e reduz cu sto s na im plem en­
tação. Para os usuários finais, viabiliza, por meio de um a interface única,
o acesso e uso integrado de inform ações e serviços advindos de m ú lti­
plas bibliotecas digitais (L IU , 2002: SH I, 2004).
O protocolo O A I- P M H adota o conceito de "provedores de dados (PD )"
e "provedores de serviços (PS)". Segundo IB IC T (s.d.), os "provedores de
dados adm inistram sistem as que m antêm repositório de dados e supor­
tam o Protocolo O A I- P M H com o m eio de expor m etadados para serem
coletados por provedores de serviço ou agregadores, e os provedores de
serviço (PS ) usam m etadados coletados a u to m aticam e n te dos provedo­
res de dados, via o Protocolo O A I- P M H , com o base para oferecer prod u ­
tos e serviços de valor agregado".
Esta Fed eração id e n tific a c o m o p ro ve d o re s de d ad o s p arceiro s
in stitucio nais e/ou individuais que adm inistrem repositórios em uma ou
mais área de ciências da com unicação, com um ou m ais tip o e suporte de
fontes, e que se dispõem a adotar o protocolo O A I- P M H para in tercâm ­
bio de seus m etadados. O papel de provedor de serviço é exercido, in ici­
alm ente, pela Portcom /lntercom , que assum e a responsabilidade de de­
sen vo lve r e im p le m e n ta r o co le ta d o r dos m eta d a d o s dos parceiros/
provedores de dados e oferecer interface unificada de busca.
V isa n d o a oferecer suporte m etodológico, procedim entos de trabalho
e te cn o lo g ia s esp ecíficas para aq uelas in s titu iç õ e s in teressad as em
im plem entar bibliotecas digitais com coleções digitais diversificadas (tipo
de fonte ou de tem ática) e com serviços alinhados as dim ensões "cognitivo
331
tático" e "cognitivo estratégico", a Federação projetou e desenvolveu vá­
rios módulos.
Figuro 3 - Modelo operacional da Federação de Bibliotecas Digitais Lusófonas em Ciências da
Com unicação
Módulo Revcom - Coleção eletrônica de
revistas científicas lusófonas5
A Revcom abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos
publicados em países de língua portuguesa e tem como objetivo contribuir
para o desenvolvimento da pesquisa científica lusófona, por meio do aperfei­
çoamento e da ampliação dos recursos de disseminação, publicação e avaliação
dos seus resultados, fazendo uso intensivo da publicação eletrônica.
Este módulo pressupõe uma série de atividades estrategicamente de­
finidas para sustentar e fortalecer a atuação da Federação e, em
contrapartida dos parceiros, ante às dimensões "cognitivo tático" e
"cognitivo estratégico". Tais atividades englobam o seguinte: fomentar e
articular a discussão e elaboração de indicadores e critérios de qualidade
para a publicação científica da área de ciências da comunicação entre toda
a comunidade científica; repassar à comunidade científica um modelo ca­
paz de subsidiar a melhoria do padrão editorial das publicações nacio­
332
nais; aum entar a visibilidade, a acessibilidade e a credibilidade nacional e
internacional da publicação científica em ciências da com unicação dos
países de língua portuguesa; increm entar o im pacto da produção científi­
ca lusófona, atu ando diretam ente no processo de com unicação científica.
Iniciado em 2002 com uso da m etodologia Scielo6, hoje adota o S is te ­
ma Eletrô nico de Editoração de R e vistas (S EER ), q ue foi trad u zid o e
cu stom izad o pelo IB IC T baseado no softw are d esenvolvido pelo Public
K n o w le d g e Project (O p e n Jo u rn a l S y s te m s ) da U n iv e rsid a d e B ritish
C olu m bia ( http://www.pkp.ubc.ca/ojs/). Este sistem a tem com o objetivo
dar assistência aos editores científicos em cada uma das etapas do pro­
cesso de edição dos periódicos científicos, desde a subm issão e avalia­
ção dos co n sultores até a publicação on-line e sua indexação. O s siste ­
mas de gerenciam ento do periódico podem ser definidos de acordo com
suas próprias políticas de publicação (A rellan o , 2004).
N este m ódulo, os parceiros/provedores de dados são os editores cien ­
tíficos de revistas publicadas por associações de pesquisa e/ou programas
de pós-graduação. Eles são convidados, m otivados e instigados a utilizar o
aplicativo SEER (custom izado para a área de com unicação pela equipe da
Portcom ) para o gerenciam ento de suas respectivas revistas.
M ó d u lo /¡rena Científica
A ren a C ientífica é um repositório de e-prints1, inspirado em um dos
m odelos de negócio instituído pela O penA rchives Initiatiue8 para viabilizar
um sistem a de co m u nicação científica eletrônica baseado no auto-arqui­
va m e n to de textos com p letos pelos autores de forma a garantir o acesso
livre e perm anente em m eio eletrôn ico e espelhar a produção científica de
um a ou mais in stituiçõ es e/ou áreas da com unicação.
Este m ódulo, fortem ente em basado nas dim ensões cog nitivas d efini­
das para a Federação, tem com o proposta "ser um espaço de construção,
reconstrução, com p artilham en to e d istribuição de co n h ecim ento e in te li­
gência visan d o a otim izar a colaboração e co m u nicação entre pesquisa­
dores lusófonos da área das ciências da com unicação, increm entar o c i­
clo de geração de novos co n h ecim en to s e prom over acesso integrado à
produção científica da área (Ferreira, 2 0 0 2 )9.
Foi im plem entado com o software DICI (Diálogo Científico), versão bra­
sileira e custom izada pelo IBIC T do software Eprints 7\rchive desenvolvido
333
pelo Sou th am p to n U n ive rsity na Inglaterra (http://w ww .eprints.org). Este
softw are prom ove um espaço virtual para o autodepósito de textos inédi­
tos (papers, trabalhos de eventos, etc) ou já publicados (capítulos de li­
vros, artigos de periódicos, etc), bem com o para se pesquisar, com entar e/
ou avaliar os textos depositados pelos pares.
O produto deste m ódulo está disponível no próprio Portal da Portcom
para uso dos estudantes de pós-graduação, docentes e pesquisadores (co n ­
siderados produtores de con teú do e tam bém usuários de inform ação cien ­
tífica) da área de ciências da com unicação.
M ó d u lo Reposcom - Repositórios Institucionais
em C iências d a C o m u n icação
O R e p o sco m b u sca oferecer um m e c a n is m o fácil e ágil para o
arm azenam ento, a divulgação e o acesso à produção intelectual em texto
com p leto (form ato estruturad o ou não estru tu rad o) de instituiçõ es. A
im p lem entação de repositorios locais, regionais e/ou nacionais con trib u i
para o a u m e n to da visibilidade e im pacto desta produção, além de garan­
tir a preservação da m em ória científica da área.
Este m ódulo focaliza a prod ução técnica científica do corpo docente,
discente e pesquisadores de in stitu içõ es parceiras, seja ela com p o sta de
publicações tradicionais com o não tradicionais (m onografias, livros, c a ­
pítulos de livros, dissertações e teses, relatórios, artigos de periódicos,
filmes e vídeos entre o u tros). Foi desen volvid o com base no softw are
Dspace (http://w w w .dspace.0rg/faqs/#w hat), sistem a de fonte aberta d e­
s e n vo lvid o pelo M a s s a c h u s e tts In s titu te o f T e ch n o lo g y (M IT ) e pela
H ew lett-Packard (H P ) que foi trad uzido para o português e cu stom izad o
pela própria equipe da Portcom .
O p rod uto deste m ódulo está disponível para que os parceiros in te ­
ressados (bibliotecas, núcleos de pesquisa, program as de pós-gradua­
ção, associações dentre o u tros) im plem entem repositórios para gerenciar
a p rodução científica dos seus associados ou participantes.
M ó d u lo Provedor de Serviços - Harvester
M ó d u lo em fase de d esen vo lvim en to e im plem entação. Seu propósito
é desenvolver e im plem entar autom aticam ente um coletador de m etadados
para servir com o provedor de serviço s na Federação.
334
Este provedor está sendo desenvolvido de acordo com norm as e p a­
drões de norm alização e descrição com patíveis com o protocolo Dublin
Core, visand o à oferta de m ecanism o de busca integrada por m eio de
interface única com oferta de serviços de valo r agregado ao usuários par­
ceiros e/ou finais da Federação (serviço de N e w s , Boletins de A lerta, Ser­
viço s de Personalização, N o ta s em D ocum entos, dentre outros). C om o
estratégia de im plem entação, o coletador está sendo pensando para a
busca integrada dos co n teú d o s disponíveis nos softwares: Dspace; Seer,
O JS , D ICI e Eprints. Posteriorm ente, será iniciada a integração com pro­
v e d o re s de d a d o s / p a rc e iro s co m p la ta fo rm a s d is tin t a s , m as q u e
im plem entem o protocolo O A I- P M H , conform e definição da Federação.
N este m om ento, estão sendo analisados os sistem as P K P / Public
K n o w le d g e Project (O p e n Jo u rn a l S y s te m s ) da U n ive rsid a d e B ritish
C olum bia ( http://www.pkp.ubc.ca/ojs) e o A R C - A Cross A rch ive Search
Service ( http://arc.cs.odu.edu) para futura integração e im plem entação
do provedor de serviço.
D e s e n v o lv im e n to
im p le m e n ta ç ã o
d e e s tr a t é g ia s d e
da Fe d e ra çã o
A im plem entação da Federação, com o um todo, tem sido feita com a
articulação de diversificadas ações, tais com o:
• identificação, sensibilização e form alização de parcerias com diversi­
ficadas instituiçõ es lusófonas de ensino, pesquisa e/ou profissionais;
• definição co n jun ta q u a n to a forma de participação dos provedores
de dados/parceiros;
• im plantação dos m ódulos de provedores de dados e provedor de
serviço: concepção, m etodologia, tecnologias, treinam ento e ca p a ci­
tação de Recursos H um an os, testes e pré-testes;
• m on ito ram ento, análise de resultados e correção de rumos.
Para a implementação das Bibliotecas Digitais Federadas, pelos provedo­
res de dados/parceiros, foram definidas as seguintes estratégias específicas:
• os provedores de dados/parceiros poderão im plem entar um ou mais
m ódulos propostos pela Federação, ou participar apenas da coleta
335
autom ática de m etadados por m eio da instalação do p rotocolo O A I
em seus respectivos am bientes;
• a equipe da Portcom assum e a gestão das coleções parceiras para
os M ó d ulo s Revcom e Reposcom , em regime de "incubação", durante
período experim ental;
• especificam ente para o m ódulo Revcom , os critérios de qualidade
de avaliação das revistas científicas em ciências da co m u n icação se­
rão adaptados dos critérios Q u a lis da Capes;
• ainda em relação ao m ódulo Revcom , a equipe da Portcom assum e
a conversão para su p o rte eletrôn ico da coleção retrospectiva de 2 0 0 1
a 2004 das revistas brasileiras classificação N ível N acion al A no Sis• tem a Q u alis da Capes;
* • • referente ao m ódu lo A rena, a equipe da Portcom tem buscado fo ­
m entar parcerias com m em bros de N ú cle o s de Pesquisas, em espe­
cial dos N ú cleo s da Intercom , para a geração colab orativa de c o n h e ­
cim ento científico u tilizand o este espaço com o am biente facilitador e
integrador de suas atividades de pesquisa e produção.
• para todos os m ódulos foram preparados m anuais de p rocedim en­
tos e esquem a para auxiliar na cap acitação e tre in am e n to de equipes
dos provedores de dados/parceiros.
A articulação da Federação com a Portcom e Intercom é parte im por­
tan te da estratégia de im plem entação, ten d o em vista que, neste m om en ­
to, esta é a executora, fom entadora da Federação bem com o a gerenciadora
do portal que dá acesso a todo estes serviços e atividades.
A té o m om ento, já foram formalizadas parcerias com seis revistas bra­
sileiras e duas portuguesas. A s brasileiras são as seguintes: Revista Brasi­
leira de Ciências da C om unicação d a Intercom: Revista C om unicação &
Sociedade da U niversidade M etodista de São Bernardo do Cam po; Revista
C ontracam po da U niversid ad e Federal Flum inense; Revista Famecos da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e a Revista Q aláx ia
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A s revistas portuguesas
são: Revista C om unicação & Sociedade da Universidade do M in h o e M edia
eJornalism o do C entro de Investigação Media e Jornalism o.
A tu a lm e n te estão "incubados", no Portal da Portcom , repositórios
in stitu cio n a is de to d o s os 22 núcleos de pesquisas da Intercom e ainda
336
do N ú cleo de C o m u n icação O rganizacional da ECA/USP. Inicia-se agora
a im plem entação de repositórios in stitucio nais pelos representantes re­
gionais da Po rte o m 11 em suas respectivas in stituiçõ es de origem visand o
a atuar com o com unidades-piloto em regime experim ental.
G e s tã o da F e d e ra çã o
A gestão das atividades e m ódulos propostos pela Federação adota o
m odelo de gestão com partilhada, no qual cada parceiro m antém sua iden­
tidade in stitucio nal e program ática, valoriza-se o espírito de cooperação
e co-responsabilidade, privilegia-se a ausência de hierarquia, a co m p le ­
m entaridade e interdependência em prol do interesse do todo.
Tais valores levaram à definição de um a estrutura organizacional para
a Federação em C iências da C o m u n icação co n stitu íd a por com itê c o n s u l­
tivo, com itê operacional e secretaria executiva.
• Com itê Consultivo - define e valida política e estrategicamente as deci­
sões da Federação de Bibliotecas Digitais Lusófonas em Ciências da C o ­
municação, estabelece padrões e critérios de funcionamento, analisa e
aprova o plano de trabalho, coordena a divisão de trabalho entre as insti­
tuições, identifica oportunidades egaps informacionais, propõem indica­
dores de desempenho dos produtos e serviços oferecidos e articula fontes
de financiamento para projetos específicos. É com posto por representan­
tes de instituições fortemente comprometidas com o desenvolvimento do
ensino, pesquisa e extensão na área de ciências da com unicação10.
• Com itê Operacional - im plem enta e coordena bibliotecas digitais
locais, regionais e/ou nacionais nas instituições parceiras a partir da
m etodologia da Federação, opera as fontes de inform ação descentra­
lizadamente, m antém os conteúdos atualizados, participa de reuniões
e capacitações técnicas com os demais parceiros para definir estraté­
gias e acom panhar os ajustes e desenvolvim entos m etodológicos e/ou
tecnológicos. A participação neste C o m itê é aberta às instituições
lusófonas de ensino e pesquisa, desde que manifestem volun tariam en ­
te ou por con vite o interesse em participar com o provedora de dados/
parceira e aderir aos padrões e modelos de qualidade estabelecidos.
• Secretaria Executiva - garante o pleno fun cio n am en to da Biblioteca
Digital Federada, coordena e prom ove a Federação, gerencia o fu n cio ­
337
n am en to efetivo do C o m itê C o n su ltivo organizando reuniões perió­
dicas, m antém a integridade e co n sta n te avaliação dos trabalhos, de­
sen volve padrões e critérios de qualidade, capacita equipes, assegura
a atu alização co n sta n te das ferram entas e produtos, coordena e a tu ­
aliza co n sta n te m e n te a ferram enta de busca que integra os c o n te ú ­
dos das bibliotecas digitais federadas etc. N e s te m om ento, a equipe
da Portcom /lntercom (co m p o sta por bibliotecários, analistas e e s ta ­
giários e ainda por seus representantes regionais) é quem assum e a
Secretaria Executiva da Federação.
O espaço de encontro entre as com unidades de ambas, as áreas ciência
da informação e ciências da com unicação, para discussão e troca de experi­
ências sobre as demandas e ofertas e para as reuniões dos Com itês desta
Federação é mantido sistemática e anualm ente durante os Congressos Brasi­
leiros prom ovidos pela Intercom. N este evento (que conta anualm ente com
participação de 3 a 4 mil pessoas) são realizadas reuniões de trabalho, ofici­
nas para treinam entos de novos parceiros e m ódulos e, principalmente, o
Endocom / Encontro de Informação em Ciências da Com unicação.
Q uad ro 1 - Temas discutidos no Endocom - 2000 a 2005
Ano
Evento/Local
Discussão em pauto ou módulo em pauta
Principal Palestrante
2000
X Endocom /UNAm -ManousAM
Multicuhuralismo e a sociedade
da informação.
2001
XI Endocom Uniderp- Com po
Grande - Mato Grosso do Sul
Diagnóstico da informação brasileiro no área de
Comunicação.
Lançamento do Porto/ do PORTcom
200 2
XII Endocom Uneb - Salvador
200 3
XIII Endocom PU C - Belo
Horizonte - M G
Diagnóstico da Informação brasileira no óreo de
Comunicação.
Lançamento do módulo Arena
Panorama Mundial dos Revistos Científicas
Lançamento do módulo REVcom
Dr. Eduardo Tadoo Takahashi
- Coordenador do Progromo
do Sociedade da Informação,
M CT, Brasil
Dr. Rauf Fuenfes Navarro,
coordenador da Comnet-Al e
Professor do ITESO, México.
Dro. Sue/i M oro S.P. Ferreira Coordenadora da
Portcom/lntercom e Professora
da USP, Brasil.
Dr. E h y Garcia - Diretor do
IBICT, Brasil
2004
XIV Endocom PUC - Porto
Alegre - RS
200 5
XV Endocom UERJ - Rio de
Janeiro - RJ
A biblioteca digital fortalecendo o comunicação, os
acontecimentos e a memória lusófono em ciências do
comunicação
Lançamento do módulo REPoscom
Discussão sobre o Movimento do Acesso Livre
Formalãoçõo do Federoçóo de Bibliotecas Digitais
338
Dr. Daniel Jones Universidade de Barcelona,
Espanha
M Sc Eh y Rodrigues Universidade do Minho,
Portugol
Dr Jeon Oaude Guedón Universitv of Toronto, Canadá.
N o s últim os anos, o Endocom tem sido um dos pontos-chave na es­
tratégia e gestão da Portcom e seus produtos, tendo em vista o am biente
propicio que se tem criado para a troca de experiências, revisão e va lid a ­
ção sistem ática e periódica dos serviços e produtos e divulgação dentre
a com unidade de novas ten dências e inovações. A n o a ano cresce o n ú ­
m ero de pesquisadores, alunos e profissionais que participam , apresen­
tam seus trabalhos e utilizam o Encontro para trocar experiências e forta­
lecer as redes de relacionam ento. O s tem as discutidos nos encontros
desde o início do projeto da Federação estão indicados no quadro I .
4 . P r ó x im o s p a s s o s
C om o m odelo da Federação definido e as várias m etod ologias e
tecnologias já construídas, a Federação passa a focar-se no fom ento, arti­
culação e im plem entação de bibliotecas digitais federadas lusófonas (p ro ­
vedores de dados) em in stitu içõ es de ensino, pesquisa e extensão em
ciências da com unicação.
A am pliação desses provedores de dados/parceiros fortalece a neces­
sidade de realização de estudos de usos e de acom panham ento, análise
de resultados dos m ódulos desenvolvidos e im plantados, assim com o de
enriquecim ento de con teú d o, serviços e tecnologia.
O
acom panham ento da evolução tecnológica e a análise de pertinência
de novos softw are e aplicativos tam bém com põem o quadro de ações
que devem ser co n tin u a m e n te realizadas para garantir que a Federação
m anten ha a eficiência e a sustentabilidade de sua operação.
A Federação tam bém desenvolverá e integrará novos con teú d os e ser­
viço s, em co n ju n to com seus parceiros e com o foco nas dim ensões
"cognitivo tático " e "cogn itivo estratégico" do m odelo adotado.
Igualm ente im portan te e necessário na evolução das atividades da
federação é o d esen volvim ento de uma ferram enta de indexação, com o
tesauro e/ou vocabulário controlad o para a área de ciências da c o m u n ica ­
ção, em português (aten d end o a tod as as especificidades dos países
lusófonos).
A lé m desses tem as, a preservação digital, direitos autorais e acessi­
bilidade tam bém estão na pauta de d iscussão e de execução e deverão
ser tratado s nas próxim as etapas de d esen volvim ento da Federação.
339
No ta s
1Budapest Open Access Initiative URL: http://www.soros.org/openaccess/
read.shtml
2 Por esta ocasião, a Unesco implantou redes de informação em várias
áreas do conhecimento. Em ciencias da comunicação, além da Portcom,
surgiram a Rede C O M N ET (internacional) e a COMNET-AL (América Lati­
na). sendo que estas duas últimas foram extintas em 1998.
3 Pesquisa desenvolvida em 2000 com urna equipe formada pelos representan­
tes regionais da rede Portcom, sob a coordenação da professora doutora Sueli
Mara S. P. Ferreira. Representantes: Elizabeth Heitor Pinto da Uam (região
Norte): Maria das Graças Targino Moreira Guedes da UFPi (região Nordeste):
Maria Auxiliadora Andrade Echegaray da UFG (região Centro-Oeste); llce Gon­
çalves Milet Cavalcanti do IBICT/UFRJ (região Sudeste): Ida Regina ChittoStumpf,
da UFRGS (região Sul) e Normanda Miranda Kiyotani da ECA/USP,
4 O objetivo da interoperabilidade é construir serviços de forma coerente
para os usuários, a partir de componentes que são distintos técnica e
administrativamente em diferentes organizações (A RM S, 2002).
5 URL: http://revcom.portcom.intercom.org.br
6 Diante das dificuldades de customização e adequação da metodologia
SCIELO/BIREME às especificidades da área de comunicação, optou-se por
estacionar temporariamente as atividades de marcação do conteúdo e
iniciar uma atuação diretamente no fluxo editorial, descentralizando o
processo de tratamento dos conteúdos.
7 W arner (2003, p. 2) esclarece que, segundo Paul Ginsparg, e-print é um
trocadilho do termo preprint - em português pré-publicações. Mas o ter­
mo apareceu pela primeira vez na página '/)Igebraic Qeometry E-Prints',
criada por Dave Morrison, da Duke University. em fevereiro de 1992.
Morrison, por sua vez, atribui a alcunha à Greg Lawler.
8 Open Archives Iniciative - A Iniciativa de Arquivos Abertos (Open
Archives Initiative - O A I) desenvolve e promove padrões de interopera­
bilidade para facilitar a disseminação de conteúdo científico. Surgiu em
outubro de 1999, em Santa Fé, N e w México. Mais detalhes http://
www.openarchives.org/documents/FAQ.html
9 Representantes Regionais do Portcom: identificar
10 Atualm ente os membros deste Com itê são representantes das seguin­
tes o rg a n iz a çõ e s: (a ) In te rco m /So cie d a d e B ra s ile ira de Estu d o s
Interdisciplinares em Com unicação; (b) Lusocom/Federação Lusófona de
Ciências da Comunicação; (c) Representante da área de Ciências Sociais
Aplicadas da Capes; (d) Representante da área de Com unicação junto
ao C N Pq; (e) Programa de Apoio a Publicações Científicas da Fapesp; (f)
Compos - Associação dos Programas de Pós Graduação em Ciências da
Comunicação; (g) Abecom - Associação Brasileira de Escolas de C om u­
nicação; (h) C B B U - Com issão Brasileira de Bibliotecas Universitárias.
" O s representantes regionais atuais da Portcom: Região Sul - professo­
ra doutora Patrícia Marchiori/UFPr; Região Sudeste - professora Eloísa da
Conceicão Principe de Oliveira/UFRJ/IBICT; Região Centro-Oeste - Miguel
Ângelo Arellano/ IBICT; Região Nordeste - professor doútor Marcos
Galindo; Região Norte - professora doutora Célia Regina Simonetti/UFAm.
R e f e r ê n c ia s
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apresentada no SN B U , Natal. U R L:http://www.bczm.ufrn.br/snbu2004/
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Tech, v. 21, n. 2, p. 151-158.
As autoras agradecem a colaboração de Simone W eitzel, Silvia Francisca
L. Gonçalvez e Roberto Seiti Yamashiro, respectivamente pesquisadora,
bibliotecária e bolsista de iniciação científica, membros da equipe da
Portcom para o desenvolvimento da Federação.
342
Este livro foi publicado no formato 17x24cm
Fontes G oudySans LT B T , QoudySans M D BTeArcadeAcentuada
Miolo em papel 75 g/m2
Tiragem: 200 exemplares
Impresso no Setor de Reprografia da EDUFBA
impressão de capa e acabamento: ESB Serviços Gráficos
LIDIA B. TOUTAIN
Doutora em Filosofía
pela Universidad
León (Espanha). Mestre
em Biblioteconomia.
Atua na área da informação,
tendo dirigido e coordenado diversos
projetos na área da COT, na Secretaria de
Planejamento, Ciência e Tecnologia do
Estado da Bahia. Foi diretora do Sistema
Estadual de Bibliotecas Públicas da
Bahia. Coordenou o Mestrado
Interinstitucional em Ciência da
Informação oferecido pela Unb por meio
de convênio com a UFBA. Primeira
coordenadora do Curso de Mestrado em
Informação Estratégica da EBD/UFBA.
Atualm ente é professora e ViceCoordenadora do Programa de PósGraduação em Ciência da Informação
no ICI/UFBA.
LUÍS SA YÃ O
Físico, Mestre e Doutor
em Ciência da Informação.
Chefe do CIN - Centro de Informações
Nucleares da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (C N EN ).
Representante do Brasil no INIS International Nuclear Information
System, Agência Internacional de
Energia Atômica.
Cordenador da Red Regional
de Información en el Area Nuclear
(R RIA N ).
Membro da Câmara Técnica do
Documento Eletrônico (CTDE)
do Conselho Nacional de Arquivos
(C O N A R Q ).
Caso pudéssemos viajar no tempo, possivelmente veríamos pessoas
discutindo acaloradamente os impactos da imprensa de tipos móveis em suas
atividades e funções. Aproximadamente 500 anos depois somos desafiados,
como os monges copistas de então, a desbravar e adaptar nossas práticas a
uma "nova tecnologia", que se coloca a serviço da memoria, da informação e
do entretenimento.
A velocidade das mudanças sociais, as dimensões simbólicas da informação e
a crescente individualização dos mecanismos de comunicação humana
tornam esta tarefa ainda mais complexa. Disponibilizar conteúdo em redes
eletrônicas não é apenas romper barreiras de tempo e espaço. Tampouco é,
por si só, uma quebra de paradigma nas condições de apreensão de
conhecimentos. Uma sociedade da informação apenas se configurará, de fato.
quando as exclusões físicas e intelectuais de acesso forem superadas; quando
a produção, consumo e disponibilidade de conteúdos informativos forem
sustentados por critérios transparentes de qualidade; e quando houver efetivo
comprometimento ético quanto ao uso de expressões intelectuais produzidas
por terceiros. Tais condições - entre outras - devem necessariamente compor
o pano de fundo das ações relativas à criação de bibliotecas digitais.
A Universidade Federal da Bahia (U FBA ) e o Instituto Brasileiro de Informação
em Ciência e Tecnologia (IBICT) oferecem um espaço extremamente oportuno
para que prestigiados especialistas destaquem facetas contextuais,
tecnológicas, de gestão e uso destes ambientes, além da descrição de
experiências de significativa relevância para os interessados no assunto.
Considerando a dinâmica do tema e a carência de textos em língua
portuguesa, espera-se que esta coletânea estimule outras iniciativas que, em
conjunto, constituam amplo repertório teórico-prático para a comunidade de
profissionais da informação.
Profa. Dra. Patrícia Zeni Marchiori
UFPR/SCSA/DECiÇI
[email protected]
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