Abordagens e métodos do ensino da história da África e dos Africanos no Brasil Resgate da história dos marginalizados - Baseado nos dispositivos da legislação educacional brasileira; - Promoção da Igualdade racial e étnica no país; - LDB 9394/96, lei 10639/03 e 11.645/08 - Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana de 2004; Representações da etnia negra na história brasileira - Oriundas do século XIX: partilha da África na disputa imperialista; - Visões ligadas à miséria (existência e essencial) - Corrupção entre os grupos étnicos e guerras; - Ligados a barbárie e longe da civilização; - Pouco reconhecimento da organização cultural e costumes dos povos africanos; - Esteriotipização ou demonização das heranças culturais africanas: ‘muito afro e pouca África’ Métodos mais comuns de estudo da África e dos Africanos na história 1. Eurocentrismo 2. Vitimização 3. Afrocentrismo 4. Identidade Africana Eurocentrismo - Surge a partir da segunda guerra mundial; - A história da Europa: chave central de compreensão da história do ocidente – História Geral. - Paradigma de compreensão das história da África e da Ásia; - Constituição dos livros didáticos e dos currículos mínimos; Como se estuda história da África neste método? - Analisar, refletir e problematizar às questões relativas à cultura, sociedade e política a partir do modelo europeu Certo x errado Avançado x atrasado - A ideia do conceito de estado e suas questões políticas, sociais e econômicas; - Pesquisas e autores europeus desta linha: A utilização de linguagem e de representações esteriotipadas sobre a África e seus elementos com o intuito de diminuição de poder e estrutura dos reinos e impérios africanos e de suas culturas; - Comparação dos Reinos africanos com os reinos da natureza – atraso; - Falta de acordo na classificação dos grupos étnicos africanos: Reinos? Império? Estado? - Conceito de tribo: utilizado pelos autores para organizar as diversas situações complexas das sociedades africanas. Vitimização Africana - Abordagem do estudo da África a partir da análise das relações entre as sociedade europeias e africanas - Os grupos africanos como passivos diante das ações europeias no continente; - Teoria da Dependência (John Thornton): o subdesenvolvimento dos países africanos seria resultado exclusivo da exploração europeia sobre o continente europeu ao longo da história. - Esta corrente relativiza os estudos sobre a África por alguns motivos: a) Ignora a história da África antes do tratado de Berlim (antiga e medieval) b) Homogeiniza o continente africano como um bloco monolítico de etnias; c) Ignora a condição das sociedade africanas ocidentais saarianas do período moderno (parecidas com a Europa); d) Elimina a ideia de um poder e autonomia entre os grupos étnicos existentes no continente; e) Ignora os avanços tecnológicos, militares e comerciais existentes nos reinos africanos; f) Busca explicar o caráter ideológico de subordinação entre Europa e África; g) Não leva em consideração a escravidão como prática comum do continente e sim apenas como fruto da ganância mercantilista; Enfim: desqualifica a participação dos africanos no comércio, ignora os conflitos internos e o constitui como o papel social de ‘vítima’ da história do ocidente. NEGATIVO Afrocentrismo - Supervalorização dos africanos como sujeitos principais da história geral; - Oposição ao eurocentrismo; - As heranças culturais dos povos africanos contrapõem-se a visão historiográfica eurocêntrica; - Busca de um novo posicionamento: a história da África como a nova história mundial, tendo como ponto de partida o continente africano. - Primeiro militante desta nova forma de construção da história africana: Marcus Garvey (1912) – Jamaicano e intelectual residente na Inglaterra - Fundador da Associação Universal para o Progresso Negro (AUPN) - 1914 - Objetivos principais desta associação: Promoção da consciência e da unidade negra;libertação do domínio colonial; criação de estabelecimento de ensino para negros para ensino de sua cultura e desenvolver o comércio nos países despossuídos pela Europa. - Corrente se desenvolve na Inglaterra - Busca mudanças no sistema de ensino inglês: valorização das etnias africanas e mostra a superioridade (primeira) da cultura africana e de seus descendentes; PERIGO: Etnocentrismo africano sobre o restante das histórias das outras etnias ocidentais e orientais. Identidade Africana - Surgida no final do século XIX - Autores de descendência negra passam a postular laços com o continente africano - Surge a ideia de descendência africana: resgatar a história dos povos africanos é compreender uma identidade própria; - Criação do sentimento Nativista do Século XX no estudo sobre África: valorização da cultura africana em reação à imposição da cultura externa (no caso, europeia) - Alexander Crummell (1898) – figura central na discussão desta visão de África na América; - Americano, depois de viver 20 anos na Liberia (1835), volta ao EUA com a ideia de que todos os grupos etnicos africanos deveriam se juntar em um uma única nação africana; - Defendia o elemento natural (pele) como agregador dos sujeitos e seus grupos; - Construção de uma história comum a todos os grupos étnicos; - Oposição entre brancos e negros; - Política de ensino de história que permeia o imaginário acadêmico dos EUA. (afrodescendência) Problemas historiográficos deste método - Identidade ontológica para os povos africanos: trata todos iguais, desde os Egipcios até os negros escravizados na América; - Os valores ocidentais utilizados como parâmetros de compreensão da realidade no continente africano; - As oposições claras entre a escolha de uma metodologia da história da África declinada para um etnocentrismo ora europeu ora africano. Como utilizar ou criar um método de ensino de história da África para o contexto brasileiro?