Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Educação Física
Trabalho de Conclusão de Curso
Hipotensão no exercício resistido para membros inferiores.
Autor: Mário Jorge Gonçalves de Medeiros
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Flávio de Araújo Bezerra
Brasília - DF
2011
MÁRIO JORGE GONÇALVES DE MEDEIROS
HIPOTENSÃO NO EXERCÍCIO RESISTIDO PARA MEMBROS INFERIORES
Artigo apresentado ao curso de graduação em
Educação física da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para obtenção do
Título de Bacharel em Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo F. de A. Bezerra
Brasília
2011
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RESUMO
O objetivo deste estudo é comparar a pressão arterial pré-exercício e pós-exercício do
treinamento resistido para membros inferiores, em indivíduos treinados e normotensos. A
amostra deste estudo foi composta de 10 adultos, com idade entre 20 e 30 anos (24,5 ± 2,67
anos), praticantes de exercícios resistidos de uma academia situada em Águas Claras - DF. O
treinamento resistido foi composto por um circuito de exercícios para os membros inferiores:
agachamento, leg press 45º, cadeira extensora, mesa flexora e cadeira flexora. Para a análise
estatística utilizou-se uma análise de variância (One way ANOVA). O nível de significância
adotado foi de p<0,05. Ao comparar todos os valores de pressão arterial houve diferença
estatisticamente significativa entre pressão arterial sistólica pré-exercício (113.8 mmhg) em
comparação com a pressão arterial sistólica 30 minutos após o exercício (99 mmhg). O
treinamento resistido é eficaz na redução da pressão arterial pós-exercício, sendo necessário
um tempo de pelo menos 30 minutos para se verificar hipotensão pós-exercício para pressão
arterial sistólica.
Palavras-chave: Hipertensão, Treinamento resistido, Hipotensão pós-exercício.
ABSTRACT
The purpose of this study is to compare pre-exercise and post-exercise blood pressure
for lower limbs resistance training, in trained individuals and normotensive. The study sample
consisted of 10 adults aged between 20 and 30 years (24.5 ± 2.67 years), practicing resistance
exercise in a gym located in Águas Claras - DF. Resistance training consisted of a circuit of
exercises for the legs: squats, leg press 45, leg extension, seated leg curl and lying leg curl.
For statistical analysis we used analysis of variance (One way ANOVA). The level of
significance was p <0.05. When comparing all values of blood pressure there was statistically
significant difference between systolic blood pressure pre-exercise (113.8 mmHg) compared
with systolic blood pressure 30 minutes after exercise (99 mmHg). Resistance training is
effective in lowering blood pressure after exercise, requiring a time of at least 30 minutes to
check for post-exercise hypotension systolic blood pressure.
Keywords: Hypertension, Resistance training, Post-exercise hypotension.
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1 INTRODUÇÃO
A pressão do sangue é definida como a força exercida pelo sangue sobre qualquer
unidade de área da parede do vaso (GUYTON & HALL, 1998). A verificação diária da
pressão arterial é uma forma muito utilizada para prevenir complicações cardiovasculares,
pois, alterações pressóricas terão relação com o trabalho cardíaco e a distensibilidade do
sistema arterial. O modo para se verificar a pressão arterial de maneira indireta é a ausculta.
O ganho de peso excessivo está fortemente associado ao risco de doenças
cardiovasculares. Acredita-se que níveis elevados de sobrepeso corporal trarão valores
elevados de pressão arterial. Possivelmente essa relação será direta, pois, uma ingestão
elevada de gordura implicará em seu aumento não só na composição corporal, mas também
em nível vascular, trazendo em contrapartida alterações nos níveis pressóricos. A obesidade
faz aumentar o risco de uma ligeira inflamação do revestimento interno das artérias, fazendo
aumentar o risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (MCARDLE et al., 2003).
O acumulo de gordura vascular traz complicações cardiovasculares como a hipertensão
arterial. Os riscos de hipertensão, hiperglicemia, níveis elevados de colesterol total e níveis
baixos de colesterol lipoprotéico de alta densidade (HDL) são maiores em indivíduos obesos
(MCARDLE et al., 2003).
Ultimamente tem se provado que até mesmo uma única sessão de exercício físico como
corrida ou treinamento resistido é suficiente para diminuir a pressão arterial pós-exercício a
níveis inferiores aos do pré-exercício, situação chamada de hipotensão pós-exercício
(FORJAZ et al., 2008). Uma situação de hipotensão pós-exercicio pode ajudar a manter a
pressão arterial sobre controle especialmente de indivíduos hipertensos e sua eficácia parece
estar relacionada à intensidade, duração e tipo de exercício (CUNHA et al., 2006).
Estudo de Cunha et al., (2006) sobre exercícios contínuos realizados a 30%, 50% e 80%
do volume de oxigênio de pico demonstrou não haver diferença no nível de hipotensão pósexercício em normotensos. Em contrapartida tem se proposto que intensidades de treinamento
diferentes, como treinamento intervalado a 50% e 80% da freqüência cardíaca de repouso,
resultam em valores também diferentes de hipotensão pós-exercício (CUNHA et al., 2006).
Há literatura relatando a relação entre prática de exercícios aeróbios e hipotensão pósexercício. O esclarecimento de algumas variáveis é o inicio para prescrição de exercícios com
a finalidade terapêutica e preventiva (LIZARDO et al., 2007).
As alterações hemodinâmicas dependem de variáveis como quantidade de massa
muscular envolvida, numero de repetições, tipo de treinamento e intervalo de repetição assim
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como das variáveis intensidade, volume e ordem dos exercícios nos treinamentos resistidos
(VELOSO et al., 2010). Exercícios resistidos envolvendo grandes massas musculares como a
musculatura dos membros inferiores apresentam hipotensão pós-exercício mais significativo e
duradouro, em relação a exercícios envolvendo a musculatura dos membros superiores
(LIZARDO & SIMÃO, 2005).
Estudo de Jannig et al., (2009) demonstrou o efeito hipotensor no exercício resistido em
indivíduos hipertensos, mas não em indivíduos normotensos.
O objetivo deste estudo é comparar a pressão arterial pré-exercício e pós-exercício do
exercício resistido para membros inferiores, em indivíduos treinados e normotensos.
.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A amostra deste estudo foi composta de 10 adultos, com idade entre 20 e 30 anos (24,5
± 2,67 anos), normotensos, praticantes de exercícios resistidos a um ano de uma academia
situada em Águas Claras - DF. Os dados foram coletados no período vespertino. Cada um dos
participantes fez uma sessão de exercícios resistidos. A fim de minimizar eventuais riscos,
utilizou-se um monitor cardíaco antes, durante e após os exercícios com a finalidade de se
verificar? as freqüências cardíacas. O estudo foi submetido ao comitê de Ética em pesquisa da
Universidade Católica de Brasília e o numero do projeto foi 111/2011. Após a aprovação, os
participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido informando benefícios
e riscos possíveis envolvidos na coleta de dados.
O treinamento resistido foi composto por um circuito de exercícios para os membros
inferiores: agachamento, leg press 45º, cadeira extensora, mesa flexora e cadeira flexora. Para
cada exercício o indivíduo executou 4 séries com 8 repetições máximas em cada série. O
indivíduo passou pelos 5 exercícios sem descanso entre eles e com pausa para descanso de 2
minutos entre cada série.
As pressões arteriais sistólicas e diastólicas pré-exercício e pós-exercício serão
verificadas pelo pesquisador na sala de repouso da academia utilizando o método
auscultatório, com esfigmomanômetro e estetoscópio. As pressões arteriais foram verificadas
antes da atividade física não permitindo que os testes fossem realizados em indivíduos
hipertensos (pressão acima de 139 por 89 mmhg).
O Estetoscópio é posto sobre o inicio da artéria ulnar, enquanto um manguito de
pressão sanguínea é inflado em torno do braço. A pressão no manguito é primeiro, elevada
bem acima da pressão sistólica arterial. Enquanto essa pressão estiver mais alta do que a
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pressão sistólica, a artéria braquial permanece em colapso e nenhum sangue flui para dentro
do segmento inferior da artéria durante qualquer parte do ciclo da pressão. Então, a pressão do
manguito é reduzida gradativamente. Assim que ela cai abaixo da pressão sistólica, o sangue
passa pela artéria comprimida pelo manguito e pode-se começar a escutar sons de batidas
leves no inicio da artéria ulnar (GUYTON & HALL, 1998).
Hipotensão pós-exercício é definida pela redução da pressão arterial após o exercício a
valor menor que o de pressão arterial de repouso.
Para a aferição da pressão arterial após os exercícios, os participantes permaneceram
sentados e tiveram suas pressões medidas 5, 10, 20 e 30 minutos após o exercício.
Utilizou-se uma estatística descritiva para apresentar os valores de pressões arteriais
obtidos. Para verificar alguma possível diferença estatisticamente significativa entre estes
valores foi utilizada análise de variância (One way ANOVA). O teste post-hoc de Tukey foi
utilizado para identificar as diferenças significativas. O nível de significância adotado foi de
p<0,05.
RESULTADOS
Ao comparar todos os valores de pressão arterial em relação às pressões arteriais
sistólicas houve diferença estatisticamente significativa entre pressão arterial sistólica préexercício em comparação com a pressão arterial sistólica 30 minutos após o exercício
(P=0.038).
Em relação às pressões arteriais diastólicas não houve diferença estatisticamente
significativa entre os valores de pré-exercício e os valores 5,10,20 e 30 minutos pós-exercício.
Estudos mostram a necessidade de um tempo maior que 30 minutos para redução da
pressão arterial diastólica talvez por esse motivo não houve hipotensão pós-exercício em
relação as pressões arteriais diastólicas desse estudo.
As médias dos valores de pressão arterial sistólica pré-exercício aos 5,10,20 e 30
minutos pós-exercício foram respectivamente 113.8mmhg, 108.5mmhg, 103.4mmhg,
100mmhg e 99mmhg. Estes valores estão apresentados na Figura 1.
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Pressões sistólicas
115
PAS
110
105
Pressões sistólicas
100
95
90
Pré sist 5' sist
10' sist 20' sist 30' sist
Tempo
*P<0,05
Figura 1: Média dos valores de pressão arterial sistólica pré-exercício e pós-exercício.
As médias dos valores de pressão arterial diastólica pré-exercício aos 5, 10, 20 e 30
minutos pós-exercício foram respectivamente 69mmhg, 66mmhg, 64.3mmhg, 60.6mmhg e
59.5mmhg. Estes valores estão apresentados na Figura 2.
Pressões Arteriais Diastólicas
70
68
PAD
66
64
Pressões Arteriais
Diastólicas
62
60
58
56
Pré
Diast
5'
Diast
10'
Diast
20'
Diast
30'
Diast
Tempo
*P<0,05
Figura 2: Médias dos valores de pressão arterial diastólica pré-exercício e pós-exercício.
DISCUSSÃO
Neste estudo verificou-se uma redução da pressão arterial sistólica e diastólica
comparando os valores das médias das pressões arteriais de repouso e pós-exercício. Porém,
para a pressão arterial sistólica, só foi encontrada diferença significativa quando se comparou
a pressão pré-exercício com a pressão 30 minutos após o exercício. Quanto à pressão arterial
diastólica, esta não teve variação estatisticamente significativa em nenhum momento após o
exercício.
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No estudo de Maior et al., (2009) a pressão arterial sistólica pós-exercício apresentou
redução a partir de 12 minutos, redução de 5.75% (p<0,001). Aos 48 minutos a pressão
reduziu em 11.35% (p<0,001). A pressão arterial diastólica teve redução significativa a partir
de 36 minutos pós-exercício (6,7%; p<0,005).
Em um estudo comparando hipotensão pós-exercício entre membros inferiores e
membros superiores houve redução da pressão arterial sistólica pré-exercício em relação à
pressão arterial sistólica de repouso aos 10, 30, 40, 50 e 60 minutos após o exercício de
pressão de pernas. No exercício bíceps banco scott só houve redução significativa aos 50
minutos após o exercício para pressão arterial sistólica. Já em relação à pressão arterial
diastólica após o exercício não houve diferença significativa em nenhum momento (SANTOS
et al., 2007).
Um estudo comparando as pressões arteriais com grupos executando diferentes
volumes de treinamento resistido em hipertensos, sendo um treino com uma série e outro
treino semelhante com três séries, verificou uma redução da pressão arterial sistólica pósexercício em relação à pré-exercício, com redução significativa aos 40 minutos para o treino
com uma série apenas. Não houve diferença significativa para pressão arterial diastólica. Já no
treino de maior volume, houve uma redução significativa de pressão arterial sistólica para
todos os valores pós-exercício 10 a 60 minutos. Quanto à pressão arterial diastólica, houve
redução significativa aos 30 e 50 minutos após o exercício (MEDIANO et al., 2005).
Outro estudo verificando as pressões arteriais pós-exercício em diferentes métodos de
treinamento encontrou diferença entre o método alternado por segmento, onde se alternam os
grupos musculares em um treinamento resistido, e o localizado por segmento, onde se repete
o segmento no treinamento resistido. No segundo método houve diferença significativa a
partir de 60 minutos após o termino do exercício e esta se manteve até 120 minutos. Já no
treinamento alternado por segmento houve diferença significativa aos 60 minutos após o
termino do exercício, mas nos tempos subseqüentes de 90 e 120 minutos, a pressão voltou a
valores próximos dos valores de repouso (ROMERO et al., 2005).
CONCLUSÃO
O treinamento resistido é eficaz na redução da pressão arterial pós-exercício, sendo
necessário pelo menos 30 minutos para se verificar hipotensão pós-exercício para a pressão
arterial sistólica. Há necessidade de mais estudos para se determinar a quantidade certa de
exercícios resistidos, numero de séries e intensidade para obter melhor resultado hipotensivo
em relação ao exercício.
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Mário Jorge Gonçalves de Medeiros