ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE MEIOS FILTRANTES SUBMETIDOS À ALTA PRESSÃO 1 Gabriela Rubim Davoglio, 2 Eduardo Hiromitsu Tanabe, 3 Mônica Lopes Aguiar, 4 José Renato Coury 1 Discente do curso de Engenharia Química da UFSCar-SP Doutorando do PPG-EQ/UFSCar-SP Docente do curso de Engenharia Química da UFSCar-SP 4 Docente do curso de Engenharia Química da UFSCar-SP 2 3 1,2,3,4 Departamento de Engenharia Química – Universidade Federal de São Carlos e-mail: [email protected] RESUMO - O gás natural vem sendo muito utilizado como fonte alternativa de energia, pois ele emite menos poluentes em sua queima. Entretanto, a presença de resíduos nas linhas de produção e transporte tem sido verificada constantemente. A presença de tais resíduos pode acarretar em muitos prejuízos para a indústria química. Apesar da grande aplicabilidade dos filtros na remoção destes materiais particulados, ainda são raros os estudos de filtração de gás natural, devido as suas condições operacionais, porque trabalham com elevadas pressões. Desta forma, pesquisas nessa área são extremamente importantes para se obter maiores conhecimentos no campo do gás natural. Portanto, o presente trabalho teve por finalidade analisar o comportamento do meio filtrante de poliéster sobre a influência de altas pressões no sistema. O material particulado e o meio filtrante utilizados foram, respectivamente, rocha fosfática e tecido de poliéster. O ensaio de filtração foi realizado para três diferentes pressões, 1, 3 e 6 bar, até que fosse atingida uma perda de carga diferencial (espessura da torta) de 10 mbar. Posteriormente, os filtros foram retirados do equipamento, pesados e, em seguida, levados para um processo de embutimento das amostras para uma análise no Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). As curvas de perda de carga em função do tempo mostraram que para uma mesma quantidade de pó depositada no meio filtrante, o aumento da pressão do sistema aumentou a perda de carga no filtro para uma velocidade superficial de 0,05 m/s. Já em relação a porosidade experimental observou-se que o aumento da pressão do sistema tornou as tortas de filtração mais coesas, porém menos resistentes ao escoamento. Palavras-Chave: gás natural, alta pressão, filtração de gases Introdução A preocupação com a poluição do ar é muita antiga, desde a Revolução Industrial ela é citada. Mas foi a partir do século XX, aproximadamete, que a preocupação aumentou exponencialmente. Sabe-se que a grande maioria da população mundial vive nas cidades e, por isso, o estudo da poluição da ar urbano é muito importante. Esta poluição é causada, principalmente, pela queima dos combustíveis fósseis usados pelos automóveis e pelo processo produtivo das indústrias. Uma alternativa que visa diminuir tal poluição é a utilização do gás natural como combustível. A principal vantagem do gás é que ele possui uma queima completa na combustão, ou seja, libera uma menor quantidade de poluentes como óxidos de nitrogênio, dióxido e monóxido de carbono, que são os principais gases responsáveis pela efeito estufa (Alonso, 1999). Outra vantagem do gás natural é que ele reduz os gastos de produção, pois não há necessidade de gastos com manutenção, limpeza e compra de equipamentos antipoluição. Entretanto, um fator inconveniente é que, durante o transporte do gás, vários resíduos ficam retidos na linha de produção e no transporte. Estes resíduos são extremamente prejudiciais para o processo produtivo, pois podem causar desde uma simples diminuição da qualidade do gás produzido até problemas mais sérios como danos em equipamentos, podendo reduzir sua vida útil. Uma maneira de se eliminar tais resíduos é através da filtração, que é uma importante operação utilizada na separação gás/sólido. Esta operação consiste na passagem de uma corrente de gás contendo partículas em suspensão através do meio filtrante. As partículas são depositadas e retidas na superfície do filtro formando a torta de filtração. Após algum tempo, o meio filtrante passa a ser formado pelo filtro e pela torta retida, havendo uma crescente queda de pressão no meio filtrante conforme o pó é depositado. VIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica 27 a 30 de julho de 2009 Uberlândia, Minas Gerais, Brasil Diante do notável crescimento da utilização do gás natural, poucos são os estudos dedicados à operação de filtração no campo do gás natural, devido à dificuldade em se trabalhar com sistemas em alta pressão. Por esta razão, o objetivo deste trabalho foi investigar o comportamento do meio filtrante de poliéster, da permeabilidade do tecido, a perda de carga e porosidade da torta, em condições de alta pressão. A porosidade é um parâmetro estrutural importante que mede os espaços vazios ("poros") do meio filtrante. Quanto mais poroso for o filtro, maiores as vazões conseguida e mais longa é a vida útil em serviço. A queda de pressão do filtro e a força de remoção da torta são dependentes deste parâmetro no processo de filtração. Coury (1986) desenvolveu um método, denominado de método indireto, que utiliza a equação clássica de Ergun, para estimar a porosidade de tortas de filtração de gases. Revisão Teórica 2 ∆P (1 − ε ) 2 µV f (1 − ε ) ρ g V f = 150. . + 1 , 75 . . L dp d p2 ε3 ε3 Permeabilidade A permeabilidade é a propriedade que indica a maior ou menor facilidade à passagem da corrente de gás através do meio filtrante. A permeabilidade pode ser determinada a partir da equação de Forchheimer, para fluidos compressíveis (Innocentini, 2008): Pe2 − Ps2 µ ρ 2 = vs + vs 2 Pe L k1 k2 ρ= M m .P R.T .Z (2) Sendo Mm a massa específica do gás, P a pressão, T a temperatura, R a constante dos gases e Z o fator de compressibilidade. A velocidade superficial do ar deve ser corrigida através da seguinte equação: v s (T , P) = v s 0. T P0 . T0 P (3) sendo vs (T,P) a velocidade superficial do gás nas condições de temperatura e pressão de interesse; vso a velocidade do gás na temperatura e pressão de referência; T a temperatura e P a pressão. Porosidade sendo ρg a densidade do gás, µ a viscosidade do gás, Vf a velocidade superficial do fluido, dp o diâmetro da partícula (diâmetro de Stokes), L a espessura do meio e ε a porosidade. Coury (1986) considerou a vazão mássica conforme a seguinte equação: (1) sendo Pe e Ps as pressões absolutas antes e depois do filtro, µ a viscosidade do fluido, ρ a densidade do fluido, L a espessura do meio e Vs a velocidade superficial do gás, que é fornecida pela razão entre a vazão volumétrica e a área de seção transversal, que é perpendicular ao escoamento. Os coeficientes k1 e k2 são, respectivamente, as permeabilidades Darciana e NãoDarciana. A densidade de um gás pode ser obtida através da equação geral dos gases, para determinada pressão e temperatura (Delmée, 2003): (4) Q= M t (5) em que M era a massa depositada e t o tempo de filtração, considerando W = M/A (massa de pó depositada por unidade de área), pode-se definir L como: L= Q.t A.ρ p .(1 − ε ) (6) sendo A a área superficial de torta e ρp a densidade das partículas. Substituindo a Equação (6) na Equação (4), tem se a seguinte equação de Ergun em relação ao tempo de filtração: ρ g V f2 ∆P (1 − ε ) µ .Q.V f Q = 150. 3 . + 1 , 75 . . t ε . A.ρ p d p2 ε 3 . A.ρ p d p (7) O primeiro termo da Equação (6) é relativo aos componentes viscosos e o segundo termo é relativo ao componente inercial, sendo este último desprezível no caso de escoamentos puramente viscosos como nos gases. Outros métodos para determinar porosidade foram estudados por Aguiar (1995) e Cheng e Tsai (1998). Aguiar (1995) determinou a porosidade a partir de imagens representativas da seção transversal de tortas de filtração de gases obtidas por um microscópio eletrônico de varredura (MEV) e, posteriormente, analisadas em programas de análises de imagens, sendo este mé- todo denominado de método direto. Cheng e Tsai (1998) determinaram a porosidade usando valores de espessura de tortas medidas em um equipamento a laser e da massa de pó depositada no meio filtrante por unidade de área. Negrini (1999) utilizando o tecido de poliéster e as partículas de rocha fosfática, sobre a condição de pressão ambiente, estimou uma equação relacionando a porosidade da torta e a velocidade superficial do gás, a partir dos dados experimentais, como mostra a equação a seguir: ε = 1 − 0,18.V f0, 41 Figura 1: Foto das partículas de rocha fosfática geradas no MEV, com ampliação de 5000x. (8) Meio Filtrante Sendo ε a porosidade e Vf (cm/s) a velocidade superficial de filtração. Ito (2002) utilizando os mesmos materiais e a mesma condição de pressão ambiente determinou uma equação bastante semelhante ao de Negrini (1999): ε = 1 − 0,32.V f0, 09 (9) Estes resultados foram bastante satisfatórios para determinação da porosidade, pois dá a possibilidade de se correlacionar a porosidade de tortas de filtração, que é um parâmetro extremamente difícil de ser determinado, com uma variável do processo de fácil acesso, como a velocidade superficial de filtração. MATERIAIS E MÉTODOS Nesse item serão apresentadas as características do meio filtrante e do material particulado, os procedimentos dos ensaios de filtração e do cálculo da permeabilidade, o tratamento das amostras e a análise das mesmas e da determinação da porosidade experimental. Material particulado O material particulado utilizado foi a rocha fosfática, fornecida pela FOSFÉRTIL S/A, com diâmetro médio volumétrico de partículas de 20 µm, obtido no contador de partículas Malvern Mastersizer. A massa específica foi de 2.9x103 kg/m3, obtida no aparelho de picnometria a Hélio, modelo Micromeritics Accupyc 1330. A Figura 1 apresenta a imagem das partículas de rocha fosfática gerada no MEV, com ampliação de 5000 vezes. Através da Figura 1 nota-se que as superfícies das partículas de rocha fosfática são bastante irregulares. Rodrigues (2006) caracterizou estas partículas e observou que esfericidade foi de 0,73. O meio filtrante utilizado nos ensaios de filtração foi o tecido poliéster (PT), cedidos pela empresa GINO CARCIARI e suas principais características e propriedades físicas estão apresentados na Tabela 1. A Figura 2 mostra a superfície do tecido gerada no Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), com uma ampliação de 50 vezes. Tabela 1: Características dos meios filtrantes. Meio Filtrante Poliéster *Especificação 1016P *Contextura Feltro agulhado 2 *Gramatura (g/cm ) 550 **Diâmetro da fibras (µm) 21,0 **Porosidade Superficial 0,81 Permeabilidade Meio -8 5,90.10 2 Filtrante (m ) ** Dados fornecidos:* Fabricante ** RODRIGUES (2006) Figura 2: Foto da superfície do tecido de poliéster gerada no MEV, com ampliação de 50x. Observa-se nesta figura que o tecido de poliéster apresenta alguns pontos de fusão sobre a superfície. Este tratamento é de grande importância, pois evita que as partículas insiram dentro do meio filtrante, aumentado o seu tempo de vida útil. Equipamento O equipamento utilizado nos ensaios de filtração era constituído por um alimentador de pó do tipo rosca (para simular os resíduos no gás), um compressor de alta pressão ligado a três filtros para limpeza do ar, um secador de ar, um filtro absoluto, válvulas rotativas e manômetros, um suporte para o meio filtrante e um contador de partículas acoplado a um sistema de aquisição de dados. Um esquema do equipamento está ilustrado na Figura 3. de alimentação do pó foi ajustada através de um variador de velocidade. A velocidade de filtração utilizada nos experimentos foi de 0,05 m/s, tendo as pressões do sistema variadas em 100, 300 e 600 kPa. Para cada ensaio, a perda de carga máxima admitida no filtro foi de 1000 Pa. Um sistema de aquisição de dados, associado ao equipamento, coletava os valores da perda de carga, do tempo de filtração, da pressão do sistema e da vazão de ar. Tratamento das amostras Após o fim dos ensaios, os tecidos passaram por cinco etapas de tratamento para possibilitar a análise em microscópio eletrônico de varredura (MEV). Primeiramente, o tecido foi submetido a um fluxo de vapor adesivo, para fixar as partículas nas fibras. Em seguida, o tecido foi colocado sobre uma esponja encharcada com resina, para ser endurecido em estufa, a 60 °C, por 48 hs. O tecido então era cortado, em pedaços de 1,0 x 1,0 cm e as amostras eram embutidas em uma resina termorrígida. A amostra embutida era lixada e polida, conforme técnicas de metalografia, para posterior análise em MEV. Maiores detalhes deste tratamento podem ser obtidos em Aguiar (1995) Determinação da porosidade experimental 1)Válvula tipo esfera 2)Regulador de pressão 3)Manômetro 4)Compartimento do pó 5)Visor de acrílico 6)Rosca para transporte do pó 7)Motor redutor 8)Suporte 9)Filtro de linha 10)Filtro absoluto 11)Contador Figura 3: Bancada de ensaios de filtração. Procedimento Experimental Ensaios para determinação da permeabilidade Para determinar a permeabilidade, o meio filtrante de poliéster foi fixado na unidade experimental, ajustando a pressão do sistema em 100 kPa e variando a vazão volumétrica do gás de 10 a 50 L/min. Os valores de perda de carga em função do tempo foram coletados com o auxílio do sistema de aquisição de dados, sem adição de nenhum material partículado. Este procedimento foi repetido para as pressões de 200 até 600 kPa. De posse dos dados de perda de carga, e das propriedades do fluido como a viscosidade e densidade do ar, foi possível determinar a permeabilidade do meio filtrante através da Equação de Forchheimer (equação 1). Ensaios para obtenção das curvas de filtração Para a realização dos ensaios de filtração, colocou-se as partículas de rocha fosfática no compartimento de armazenamento, onde a vazão A Figuras 4 e 5 mostram as imagens das tortas de filtração geradas no MEV. Estas imagens foram analisadas através do programa Image Pro Plus 4.5. Neste programa utilizava-se um recurso de binarização de imagens, para transformar a imagem real em apenas dois níveis de cores: pontos claros (as partículas) e os pontos escuros (espaço poroso). Com a área de cada ponto quantificada foi possível então determinar a porosidade experimental para cada pressão do sistema utilizada. Torta de filtração Interior do meio filtrante Figura 4: Imagem torta-tecido gerada no MEV, ampliação de 100x (a) (b) Figura 5: Imagens da torta de filtração: a) Gerada no MEV, ampliação de 1000x e b) Binarizada no programa Image Pro Plus 4.5. Resultados e Discussões Permeabilidade darciana k1 (m 2) 1,40E-10 1,20E-10 1,00E-10 8,00E-11 6,00E-11 4,00E-11 2,00E-11 0,00E+00 0 200 400 600 800 Pressão do sistema (KPa) Figura 7: Permeabilidade Darciana (k1) em função da pressão do sistema. Cálculo da permeabilidade do meio filtrante Para o cálculo da permeabilidade do meio filtrante foram obtidas as curvas de perda de carga em função da velocidade superficial do gás, alterando-se a pressão do sistema, como mostra a Figura 6. 9,00E-05 Permeabilidade darciana k2 (m) Nesta seção serão apresentados os resultados experimentais da perda de carga, dos coeficientes de permeabilidade do filtro e da porosidade da torta experimental no tecido de poliéster tratado. 8,00E-05 7,00E-05 6,00E-05 5,00E-05 4,00E-05 3,00E-05 2,00E-05 1,00E-05 0,00E+00 0 200 400 600 800 Pressão do sistema (KPa) (Pe2-Ps2 )/2PeL (Pa/m) 1,60E+05 Figura 8: Permeabilidade não Darciana (k2) em função da pressão do sistema 1,40E+05 1,20E+05 P=100 kPa 1,00E+05 P=200 kPa 8,00E+04 P=300 kPa 6,00E+04 P=400 kPa 4,00E+04 P=500 kPa 2,00E+04 P=600 kPa 0,00E+00 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 Velocidade superficial do ar (m/s) Figura 6: Curvas de perda de carga em função da velocidade superficial do ar. Analisando a Figura 6 observou-se que um aumento na velocidade superficial do gás ocasionou um aumento na queda de pressão no filtro, como já era de se esperar. Já para um aumento na pressão do sistema verificou-se que ocorre também um aumento na queda de pressão diferencial do filtro. As Figuras 7 e 8 apresentam o comportamento da permeabilidade Darciana e nãoDarciana (k1 e k2) para diferentes meios filtrantes em função da pressão do sistema estudada. Verifica-se nas Figuras 7 e 8 que as permeabilidades k1 e k2 estão diminuindo com o aumento da pressão do sistema. Isto mostra que a alteração nas propriedades do fluido provocadas pelo aumento da pressão, como a viscosidade e densidade do gás, diminuem a permeabilidade no meio filtrante, dificultando o escoamento do gás através do meio filtrante. Ensaios de filtração Na Figura 9 estão apresentadas as curvas da perda de carga em função da massa de pó depositada por unidade de área, para três diferentes pressões do sistema. A partir da Figura 9 verificou-se que a perda de carga está aumentando juntamente com o aumento da pressão do sistema, ou seja, o meio filtrante satura mais rapidamente com o aumento da pressão. Percebeu-se também que as curvas de filtração têm um comportamento crescente e que, à medida que a massa de pó depositada no tecido vai aumentando, elas se interceptam em um determinado ponto. Tal comportamento crescente pode ser explicado através do cálculo da resistência específica da torta (K2), mostrado na Tabela 2. Observa-se que conforme ocorre o aumento da pressão do sistema, as tortas de filtração tornam-se menos resistentes ao escoamento. O cruzamento das curvas ainda não pode ser explicado, mas será estudado em trabalhos futuros. Perda de carga diferencial (Pa) 1000 900 800 Observa-se na Tabela 1 conforme ocorre um aumento da pressão do sistema, a porosidade experimental diminui. Isto mostra que o aumento da pressão do sistema torna as tortas de filtração mais comprimidas e resistentes ao escoamento do fluido Aplicando-se a Equação (8) encontrada por Negrini (1999) para velocidade de 0,05 m/s, observa-se que o valor de porosidade encontrado foi de 0,65. Já para Equação (9) determinada por Ito (2002) a porosidade calculada foi de 0,63. Logo, pode-se verificar que para ambas as equações os resultados foram muito próximas ao encontrado experimentalmente neste trabalho para pressão de P=1bar. Isto mostra que a técnica utilizada apresenta boa reprodutibilidade dos dados. 700 Conclusões 600 500 P=100 KPa 400 P=300 KPa 300 P=600 KPa 200 100 0 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 Massa de pó depositada por unidade de área (Kg/m2) Figura 9: Curvas de perda de carga em função da massa de pó depositada por unidade de área. Observou-se ainda que, para uma mesma massa de pó depositada, a perda da carga foi maior para a pressão de 6 bar, ou seja, ocorreu um aumento na resistência ao escoamento provocada pelo aumento da pressão do sistema, conforme observados nas Figuras 6 e 7. Tal resistência faz com que a massa de pó depositada no meio filtrante seja um pouco menor para a pressão de 6 bar quando comparados as outras pressões do sistema, para uma mesma perda de carga do elemento filtrante. Porosidade experimental Os resultados da porosidade experimental obtidos através do programa Image Pro-Plus 4.5 estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2 – Valores da Porosidade Experimental (ε) e a Resistência Específica da torta (K2). P=100 KPa ε=0,64 K2=103422 P=300 KPa ε =0,62 K2=86750 P=600 KPa ε =0,60 K2=65530 A partir dos resultados obtidos foi possível apresentar as seguintes conclusões: - A perda de carga aumenta com o aumento da velocidade superficial do gás e também com o aumento da pressão do sistema. - As permeabilidades k1 e k2 estão diminuindo com o aumento da pressão do sistema. Isto indica que as alterações nas propriedades do fluido, como a viscosidade e a densidade, dificultam o escoamento do gás através do meio filtrante. - O aumento da pressão do sistema proporcionou um aumento da perda de carga diferencial para uma mesma quantidade de massa de pó depositada no meio filtrante. - A porosidade experimental diminuiu com o aumento da pressão do sistema. Isto mostra que as tortas de filtração estão mais coesas. - Aplicando as Equações 8 e 9 para determinar a porosidade, os resultados apresentaram-se muito próximos do valor obtido neste trabalho, para a pressão de 1 Bar Agradecimentos Á CNPQ pelo apoio financeiro, à Gino Cacciari pelo fornecimento do meio filtrante, Henkel pelo fornecimento da resina PMS 10 e à Fosfértil pelo fornecimento da rocha fosfática. Bibliografia Aguiar, M.L., “Filtração de ar em filtros de tecido: deposição e remoção da camada de pó formada”. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, 1995. Alonso, P. S. R., “O Gás Natural na Matriz Energética Brasileira: avaliação global de seus impactos, estratégias para disseminar sua utilização e criação de um suporte de tecnologias para o Brasil”, Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 1999. Brito, A.B.N., Azevedo, S.G.R., Tanabe, E.H., RICCO, E.J., Coury, J.R., Aguiar.M.L. “ Gas filtration at high pressure”. 10th International Chemical and Biological Engineering Conference, Chempor 2008. Cheng, Y.H., Tsai, C., “Factors influencing pressure drop through a dust cake during filtration”. Aerosol Science and Technology, v.29, n.4, p.315-328, 1998. Delmée, G. J., “Manual de medição de vazão”, 3ª ed., Ed. Blücher, 2003. Innocentini, M. D.M., Rodrigues, V. P., Romano, R. C.O., Pileggi, R. G., Silva, G. M.C., Coury, J. R. “Permeability optimization and performance evaluation of hot aerosol filters made using foam incorporated alumina suspension”, Journal of Hazardous Materials, in press, 2008. Ito, L. X. “Estudo da porosidade de tortas de filtração de gases”. Dissertação Mestrado.Universidade Federal de São Carlos, 2002. Negrini, V.S. “Determinação da porosidade de tortas de filtração de gases”. Trabalho de gradução, UFSCar-SP, 1999. Rodrigues, K. B. “Filtração de gases: estudo da deposição de diferentes tortas de filtração em diferentes meios filtrantes”. Tese Doutorado. Universidade Federal de São Carlos, 2006.