Caritas Africa Encontro de Bispos Presidente das Conferências Episcopais e da Caritas em África Kinshasa, República Democrática do Congo - 20-22 Novembro de 2012 A TEOLOGIA DA CARITAS1 (TC/ CS) E DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (DSI), À LUZ DE "DEUS CARITAS EST " E "CARITAS IN VERITATE" Rainer Gehrig, Instituto Internacional de Caridade e Voluntariado João Paulo II. UCAM: Universidade Católica Santo António de Murcia (Espanha) www.ucam.edu 1 Congresso: Identidade e Missão da Caritas A Teologia da caritas1 (TC/ CS) e Doutrina Social da Igreja (DSI), à luz de "Deus Caritas Est " e "Caritas in Veritate" Rainer Gehrig, Instituto Internacional de Caridade e Voluntariado João Paulo II. UCAM: Universidade Católica Santo António de Murcia (Espanha) www.ucam.edu Extracto Caritas - o amor misericordioso de Deus como base, transformando o poder, a inspiração e a encarnação real no trabalho social da igreja (diaconia), revela não apenas uma parte da natureza da Igreja, mas sublinha um guião central da fé cristã, a acção da Igreja, e da vida humana. Neste espaço interdisciplinar reaberto por Bento XVI., a teologia percebe a obrigação e a necessidade de fazer mais claramente uma leitura transversal e declarar uma compreensão mais profunda da Caritas e sua importância para as disciplinas teológicas e as actividades caritativas da Igreja. Tradicionalmente, é um dos temas centrais da ciência da caritas ou teologia da caritas. Neste documento, a tarefa é mostrar a importância desta disciplina para a teologia e a diferença da sua bem estabelecida irmã DSI.. . ã . . Introdução Não é a primeira vez que se faz uma análise da relação entre duas áreas inter-relacionadas de teologia. Historicamente, houve muitos encontros e encontros falhados de ambas as áreas que influenciaram, especialmente no século passado, o desenvolvimento e o perfil de ambas as áreas como disciplinas de teologia2. Para fazer essa reflexão no encontro dos bispos realmente é uma boa oportunidade para promover os aspectos esquecidos da Caritas em vista de nossas actividades de caridade e para responder ao Santo Padre com suas cartas encíclicas " Deus Caritas Est" e "Caritas in Veritate". 1. O que revela a Caritas s Tradicionalmente, o conceito caritas significa a) o amor de Deus transmitido à humanidade por Cristo, no Espírito Santo, que permite as pessoas a serem uma resposta ao amor de Deus e aos vizinhos, b) a acção compassiva dos cristãos nos trabalhos espirituais e materiais de misericórdia para com os pobres e pessoas necessitadas, e, finalmente, c) as 1 Ao preferir o uso da Caritas é por causa da tradição histórica Católica, a actual relevância assinalada pelo Papa Benedito XVI. E deve ser entendido pela dimensão do serviço (diakonia). 2 Este dialogo pode ser observado pelas tensões entre os conceitos da justiça e Caritas. No centésimo aniversário do Rerum Novarum em 1990, o primeiro encontro dos académicos das suas áreas em Freiburg (Alemanha) iniciou-se a inter-relação e a necessidade de reabrir a ligação entre as duas disciplinas (Glatzel & Pompey 1991). O outro encontro foi o Congresso mundial das organizações da Caritas pela Cor Unum em 1991 (veja as contribuições do Pompey 1999; Marx 1999). As outras obras nesta linhas são Hilpert 1997, Junglas 1999 e Marx e Wulsdorf 1999). 2 instituições de caridade da Igreja Católica (cf. Borgmann 1958). A descrição da caritas nos lembra a base teológica clara (trinitária, cristológica e soteriológica), sua implicação para a vida cristã (antropologia) e da dimensão comunitária (eclesiologia). Desde o início da Igreja, estes três aspectos formaram significativamente parte da auto-compreensão (identidade) da fé cristã, a prática comunitária e individual e da missão da igreja - uma missão que tem de ser activamente actualizada e contextualizada em relação com situações sociais, culturais e históricas concretas e em relação directa com a pessoa necessitada. Como este é um processo interactivo, não é surpreendente que possamos encontrar múltiplas formas, sistemas, temas e variações dentro das instituições de caridade da Igreja Católica. Além destas múltiplas articulações, há alguns elementos fundamentais que definitivamente persistem: a actividade caritativa é essencialmente uma relação pessoal e uma expressão de uma fé pessoal cristã, inspirada pelo Espírito Santo (experiência pessoal vivida do amor de Deus em Cristo, DCE 1), é enraizada na comunidade de fé e em sua identidade (Gal 6,10; Ap 2,44s., Phil 2,1-5). Essas actividades também fazem parte da unidade de martyrialeitourgia-diakonia, e são essenciais para a compreensão de Deus (o amor trinitário 1 Jo. 4,18), a fé (conteúdo e relacionamento), e da Igreja (comunidade de amor, DCE 25a), juntamente com a sua missão-acção (serviço de amor). No meu ponto de vista a Caritas é uma questão teológica central, no entanto, aparece na pesquisa científico-tecnológica como uma organização não envolvida e negligenciada na maioria dos programas formais de ensino académico em nossas faculdades de teologia. Ela aparece principalmente como um capítulo em teologia moral ou ética social cristã3. Infelizmente isso é muito diferente da situação da DSI como uma lição bem estabelecida incluída na maior parte de casos em todos os programas de estudo. Na Alemanha e na Áustria, a situação em algumas faculdades de teologia foi melhor, com cadeiras próprias de "ciência da Caritas" como em Friburgo desde 1925, Münster, Paderborn desde 1910, e mais tarde em Bonn e Passau. Esta situação levou Liese em 1920, a solicitar um programa específico académico sobre o assunto, que recebeu uma grande consideração de um monte de faculdades, que incluiu um programa no currículo. Depois de um amplo e constante crescimento de interesse por este assunto sem clareza nos anos 80 a 90 em que apenas em algumas faculdades mantiveram aulas sobre caritas ou lições próprias. Na verdade, com a reforma Europeia dos estudos universitários no novo milénio, alguns programas na Alemanha foram fechados ou substituídos ou reduzidos a opções de mestrado (Freiburg, Passau, Linz) com novas implicações ou fusões, onde estudas apenas dois programas anuais da ciência da caritas e SDC. No entanto, como um sinal de esperança novos Centros nascem no Leste Europeu (Olomouce, República Checa em 2006) e do Sul (Murcia, Espanha, 2004). 3 Em Junho de 2012 foi feita consulta aos docentes da Teologia da Caritas como parte do treinamento dos programas de Bacharelato que foi publicado no Web site em todas as faculdades de teologia da Espanha (um pais de mais desperdício da tradição católica) e mostrou que todos ensinam sobre a DSI. Somente a São Damasio em Madrid inclui lições específicas sobre amor nos seus programas de licenciatura/mestrado da moral teológica. A ausência de lições diakonicas nas faculdades de teologia foram criticadas nos anos 80 (cf Jurgen Albert 1982; Congresso Germanico da Teologia Pastoral de 1989) 3 2. Desentendimentos frequentes/ equívocos4 A acção caritativa é uma assistência material do passado Na literatura e no entendimento comum das pessoas na sua maioria fora da igreja, mas até mesmo por paroquianos, podemos encontrar o preconceito que a caridade / caritas acção é apenas a ajuda material. Apenas a introduzindo a justiça ela pode ser convertida, ou substituída por um trabalho de promoção da pessoa necessitada. Por exemplo, a Caritas Espanhola introduz no final dos anos 90 o slogan "Estamos trabalhando para a justiça" (Trabajamos por la justicia). . DSI é só teoria - caritas é prática. A DSI mostra uma ampla experiência com mais de cem anos de pensamento social cristão, assente em princípios sociais, lei natural, filosófica e raciocínio teológico com autoridade do magistério papal. Ela aparece como uma grande montanha de teoria. A Teologia da caritas nunca recebeu uma tão extensa dedicação da autoridade papal, mas a igreja sempre manteve uma dinâmica muito prática intensiva e extensiva de caridade através das congregações, associações de leigos, disposições Episcopais e no século 20 as organizações da Caritas em crescimento. . Na minha opinião, mudar essa visão estreita e não histórica, seria importante para fortalecer a pesquisa da teoria da caritas, para torná-la acessível e visível para as nossas instituições de caridade e também para comunicar e mostrar a relevância prática e presença da DSI. A DSI é uma disciplina bem estabelecida e com um perfil claro e uma forte refutação forte pontifício – CT / CS não tem perfil claro e programa académico - há uma falta de apoio papal. Esta questão está mais presente no campo académico e na relação com o desentendimento anterior. As encíclicas "Deus Caritas est" e "Caritas in Veritate" do Papa Bento XVI. Abriam o caminho para reconhecer mais a teologia da caritas e de um grande apoio. Além disso, quero mostrar que não é uma característica única do programa académico na teologia da caritas e tanto para SDC, mas há alguns elementos fundamentais em todos os programas, que têm de estar mais presentes nas nossas faculdades. 3. Pontos comuns de DSI e TC / CS 4 O Hilpert 1997 : 18-20 fala outras duas reduzidas maneiras de entendimentos que não podem definitivamente serem mantidas na Teologia depois do Deus Caritas Est: a) “ a Caritas não é um campo semelhante a teologia; não parte central e nem constitucional da Igreja; é somente o trabalho social para engajar novos membros b) é uma área autónoma da Igreja e gerida por proficionais”. 4 Para evitar uma separação artificial das duas as disciplinas, seria importante enfatizar os pontos comuns da DSI e TC / CS. Ambas as disciplinas não são totalmente separadas, mas interligadas: uma precisa da outra para cumprir o seu objectivo: "Eu vim para que tenham vida em abundância". Neste sentido, entendemos que ambas as disciplinas partilham uma antropologia teológica comum, pode-se encontrar, por exemplo, no Compêndio da DSI 2004, n º 105-159: ser uma pessoa à imagem e semelhança de Deus (imago dei) com a sua dignidade humana, liberdade, responsabilidade e sociabilidade etc. Ambas estão trabalhando nas mesmas realidades sociais: a pessoa e suas relações sociais têm o mesmo horizonte escatológico do início do Reino de Deus. Elas têm a mesma missão: construir a civilização do amor. A DSI e TC partilham elementos estruturais comuns: ambos têm a teoria, a prática, a espiritualidade, a dimensão comunitária e universal, pois elas são formas de evangelização (. Cf. Evang Nuntiandi n º 29 31), necessitam de análise, reflexão e pesquisa. Elas são manifestações autênticas da vida da Igreja. No discurso metafórico, podemos dizer que elas são como duas irmãs, ou os dois lados da moeda. No discurso teológico podemos usar a fórmula cristológica de Calcedónia (451) sobre as duas naturezas de Cristo: cada uma delas tem propriedades inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis e elas não são separadas nem divididas. Os seus principais conceitos Caritas e justiça são desassociáveis (CIV n º 6). 4. Principais diferenças entre a DSI e TC / CS. S· A Compreensão da DSI A DSI inicialmente não foi tida como um sistema orgânico, mas com o tempo foi conduzida para um sistema unificado de teologia especial moral social (Laborem exercens cf. n º 3, Sollicitudo rei socialis n º 41). Pode ser descrita nos relatos mais citados de João Paulo II. em SRS n º 41 (1987) como "a formulação certa dos resultados de uma reflexão atenta sobre as complexas realidades da existência humana, na sociedade e na ordem internacional, à luz da fé e da tradição da Igreja. Seu objectivo principal é interpretar estas realidades, examinando a sua conformidade ou desconformidade com as linhas do ensinamento do Evangelho, no homem e na sua vocação, uma vocação que é ao mesmo tempo terrena e transcendente, o seu objectivo é, orientar o comportamento cristão". Como as observações do Compêndio, a DSI reflecte três níveis de ensino teológico-moral: o nível fundamental de motivação, o nível directivo de normas para a vida em sociedade, o nível deliberativo das consciências, chamado para mediar as normas objectivas e gerais em situações sociais concretas e particulares. Estes três níveis definem implicitamente também o método adequado e estrutura epistemológica específica da doutrina social da Igreja. (Compêndio n º 73). Compreensão do TC / CS 5 Comparando diferentes formulações sobre TC / CS5 há alguns elementos fundamentais que os autores partilham e podem ser resumidos nos seguintes itens. - Todos os autores partilham que TC / CS é uma disciplina teológica com um status adequado - Pertence a ciências práticas, ciências da acção. - O campo de estudo é a prática de caridade da igreja. - Permanece em diálogo com outras ciências sociais. - A pesquisa compreende análises empíricas e teóricas dos conteúdos de fé e tradições relevantes para a prática individual e comunitária de caridade e suas formas de organização. Como um exemplo, no contexto de uma instituição de caridade altamente institucionalizado no Sistema Estadual do Bem-Estar da Geman, cito Pompeu 2001 que explica o campo de pesquisa muito claro em suas cinco dimensões (relações directas, as implicações da fé para a instituição de caridade especializada; implicações eclesiológicas e implicações estruturais para a sociedade): 1. Qual é o significado da fé para pessoas em sofrimento e procuradas? 2. Qual é o significado da fé para ajudar as pessoas? (trabalho a tempo inteiro actividade remunerada)? ou 3. Como pode a caridade especial organizada ser avaliada (gestão da qualidade, desenvolvimento de pessoal, etc.)? 4. Que tipo de relação existe entre os três serviços: martyria, liturgia e diaconia da igreja? 5. Como pode ser demonstrada a plausibilidade do compromisso caritativo na sociedade? Principais diferenças A acção inspirada da Caritas exige não apenas uma reflexão ética sobre a justiça com suas implicações políticas. Não é apenas um juízo ético sobre estruturas justas ou injustas, organizações e instituições, mas uma compreensão mais profunda das relações de ajuda inter-pessoais, as formas organizadas de caridade e do impacto e relevância da fé para estas relações. A TC / CS analisa mais as micro relações (cara-a-cara) de ajuda e mesosytems de actividade da caridade organizada. A DSI se concentra em aspectos políticos nas áreas de economia, política, família, saúde, ecologia, trabalho, etc.) A TC / CS ajuda a DSI a agir em estreita colaboração com as pessoas e sobre as realidades. A DSI ajuda a 5 Pompey 1997; 1999; 2001; Hslinger 2004; Hilpert 1997. 6 TC / CS a incluir princípios sociais na organização de actividades caritativas e faz lembrar a importância social e política da caritas. As diferenças nas áreas de trabalho A TC / CS pesquisa as dimensões materiais, psicológicas e sociais de apoio, com base na motivação de ajuda espiritual e poder. O campo de trabalho é composto pelas existentes relações de ajuda das instituições de beneficência como opus proprium da igreja (DCE n º 29). A DSI promove um compromisso social e político de pessoas ao nível da sociedade através de orientações morais. Diferenças na teoria A TC / CS pesquisa fundamentos bíblicos, as teorias das tradições Patrísticas e doutrina e história da acção caritativa e das instituições de caridade da igreja. Há também uma pesquisa sobre o lugar teológico-sistemático da Caritas em Soteriológica, Eclesiologia, Cristologia e Trindade e sua relevância para o apoio na espiritualidade das actividades de caridade. A DSI pesquisa os mandamentos ético-bíblicos, ordem social, os conceitos de justiça na história da Igreja, os fundamentos filosóficos das decisões éticas e de formulação de princípios sociais no ensino pontifício desde o século 19. Diferenças em relação às disciplinas secundárias A TC / CS opera fortemente em diálogo com as disciplinas não teológicas como a psicologia, a pedagogia, pedagogia social, medicina, saúde e assistência social. A DSI opera fortemente em diálogo com as disciplinas não teológicas, como a sociologia, estatística e política. . Ambas estão fazendo pesquisa teológica e empírica. Diferentes maneiras da mesma missão A mensagem divina em toda a Bíblia nos revela o amor de Deus para com o seu povo e especialmente para as pessoas necessitadas. A acção de Deus requer a resposta do crente e de todo o povo, como manifestações de sua justiça e misericórdia. Caritas justiça e misericórdia são frutos de fé e do testemunho de uma vida sustentada por Deus. Isso revela que a nossa resposta é um acto de fé e para estimular esses actos de fé, a Bíblia oferece "orientação ética" e "prática de caridade concreta". Jesus usou espaços públicos e encontros para dar orientações éticas, como no sermão da montanha e ajudou a pessoas concretas, como sinais da presença real Deus no Seu Reino inicial. Podemos observar a diferença ética entre o Sermão da montanha e a falar sobre o último juízo (Mt 25,31 ss.) ou o samaritano misericordioso (Lc 10,25-37). A TC / CS promove processos concretos de transformação através de práticas baseadas na fé em relações directas de apoio. Essas relações são mais do que ética, baseada num acto de uma espiritualidade soteriológica: a missão é aconselhar, a buscar experiências de raíz (ad inferos) e continuar com as pessoas nos seus processos (Emaús), como Cristo o fez. A DSI promove processos de transformação através da acção ética pela orientação de 7 valores e princípios sociais ao nível pessoal e estrutural: a missão é influenciar politicamente (mobilização, advocacia, organização, etc.) para uma sociedade mais justa. 5. Por que a ciência caritas em nossas faculdades de teologia? A Caritas é um lugar teológico privilegiado, um dos sinais de identidade e natureza da comunidade de fé (Igreja) e um testemunho prático da nossa fé - deve haver uma resposta da igreja com um lugar real na sua identidade, sendo prática, reflexões e até mesmo também nos centros de formação. Algumas razões neste contexto são: O Concílio Vaticano II. recuperado de uma eclesiologia dinâmica, onde podemos entender a Igreja de Cristo como uma igreja da caritas (Ecclesiam caritatis LG 8,9; 23) e a realização histórica do mistério do amor de Deus para a humanidade com a sua missão especial para o mundo (GS n 45a º) . A Caritas é como um prisma para entendermos a nossa fé e a Igreja - um resultado da compreensão mais profunda da caritas que expandem a ideia moral da caritas. Neste sentido, podemos entender melhor os esforços de Bento XVI com suas cartas encíclicas a) para incluir os aspectos antropológicos da Caritas em nossa visão da Caritas, a sua conexão divina e a relevância da acção de caridade, e b) a eclesiologia radical que caritas é a igreja e não uma actividade adicional. Igreja mais do que nunca precisa do testemunho das obras de amor para ser credível no nosso mundo (Centesmius Annus n º 57). Isso significa que a mensagem social do Evangelho tem de ser convertida em acção por todos os cristãos, e de uma forma mais radical, que a Igreja em si é caritas diaconia. Para esta tarefa precisamos de investigação, de formação e de canais de comunicação. Dentro da complexidade do nosso mundo e da profunda crise da humanidade, a colaboração da Igreja e forte compromisso com programas específicos locais e comunidades baseadas nas actividades de cararidade com o mundo em questões sociais, precisam ser inspiradas e guiadas pelos Bispos como pais dos pobres e pastores da Igreja local (DCE n º 32). Os Bispos, directores de organizações, os voluntários e funcionários pagos precisam de apoio teológico e profissional em suas funções e tarefas especialmente a formação do coração (DCE n º 31). Portanto, o perfil de centros de TC / CS não é apenas a pesquisa intra teológico académico e transdisciplinar, mas, mais formação e avaliação tendo em vista as necessidades profissionais e espiritual do pessoal. Isso significa que para intensificar a experiência de que a Caritas na verdade é o poder que transforma a vida e passar a vivê-la como a mais profunda expressão de um humanismo cristão (CIV n º 78), que promove um desenvolvimento humano integral. Alguns dos benefícios para o campo académico A TC / CS torna presente que a Cáritas faz parte da teologia e da formação e ajuda a teologia a encarnar no campo prático da fé baseada nas relações de ajuda. Ela complementa as aulas estabelecidas de DSI e evita a separação artificial de dimensões básicas do testemunho-liturgia-diaconia da comunidade. A TC / CS anima a comunidade para viver a sua diaconia, e traz de volta Caritas nos discursos sobre a fé. Ela oferece o apoio teológico-científico prático para a Igreja, ajuda a entender mais os sinais do nosso tempo e o que a redenção significa em situações de sofrimento. Contra apenas processos de profissionalização técnica nas nossas instituições de caridade, a TC / CS enraíza-as na identidade espiritual da acção caritativa. 8 Conclusão Se Deus é amor, se caritas é o mandamento social mais importante, se está realmente "no coração da Doutrina Social da Igreja " (CIV n º 2), se “a verdadeira misericórdia é a fonte mais profunda da justiça..., e só o amor (inclusive o amor benevolente que chamamos "misericórdia") é capaz de restituir o homem a si mesmo ... a mais perfeita encarnação de "igualdade" entre as pessoas e, portanto, também a encarnação mais perfeita da justiça como bem "(Dives in misericórdia n º 14), e se a Igreja pode ser entendida como caritas (Lumen Gentium n º 8, 9 e 23) e, finalmente, se "Caritas Christi urget nos" (2 Cor 5,14-15), é muito difícil de entender, que a DSI está sozinha em nossas faculdades, que há apenas poucas propostas da TC / CS em nossos programas de formação teológica estabelecidos. Há uma clara necessidade de garantir uma orientação teológica prática, formação e apoio para nossas instituições de caridade. Neste sentido, este documento não quer apenas descrever a situação real do TC / CS em teologia, mas para dar algumas inspirações e motivações com vista a dar alguns passos para uma presença mais forte da caritas em nossas faculdades e programas de formação. Referências Albert, J. (1983): „Diakonik – Geschichte der Nichteinführung einer praktisch-theologischen Disziplin“. In: Pastoraltheologie 72, pp.164-177. Glatzel, N.; Pompey, H. eds. (1991): Barmherzigkeit oder Gerechtigkeit? Zum Spannungsfeld von christlicher Sozialarbeit und christlicher Soziallehre. Freiburg: Lambertus. Haslinger, H. (2004) „Was ist Caritaswissenschaft?“ In: Theologie und Glaube, 94-2, pp.145-164. Hilpert, K. (1997): Caritas und Sozialethik. Elemente einer theologischen Ethik des Helfens. Paderborn: Ferdinand Schöningh. Junglas, M. (1999): „Neue Ansätze zur Begründung kirchlicher Caritas. 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