NELSON SANTANA DA SILVA A GRADUAÇAO EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS E NO EXÉRCITO BRASILEIRO: em busca de efetividade Trabalho de Conclusão de Curso Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientadora: Profa. Dra. Maria Célia Barbosa Reis da Silva. Rio de Janeiro 2014 C2014 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG. _________________________ NELSON SANTANA DA SILVA - Cel Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias Silva, Nelson S. A graduação em universidades públicas e no Exército Brasileiro: em busca de efetividade / Coronel Nelson Santana da Silva. - Rio de Janeiro: ESG, 2014. 45 f.: il. Orientadora: Profa. Dra. Maria Célia Barbosa Reis da Silva Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014. 1. Exército Brasileiro. 2. Universidade Pública Federal. 3. Ensino Superior. I.Título. Em memória a minha saudosa mãe, Maria, esta singela homenagem em reconhecimento pela inspiração para este trabalho, diante da excelência e grandiosidade de todos os seus atos em vida. AGRADECIMENTOS Ao Grande Criador, por ter me agraciado com estes quase cinquenta anos plenos de vida sobre seus braços e em busca de seus passos. À minha amada esposa, Irene, e as minhas duas lindas filhas, Naiara e Tainara, por compreenderem que o tempo que não pude lhes dedicar será recompensado oportunamente. A meu pai Eloy, pelas inúmeras vezes que me incentivou o hábito da leitura, da interpretação, do estudo, e da busca do conhecimento, simplificando permanentemente minha existência pessoal e profissional. Aos meus mestres dos últimos quarenta e cinco anos, em reconhecimento pela consideração, confiança e fidalguia que dispensaram a mim no singelo ato de escreverem no livro branco de minha mente o conhecimento, a sabedoria e a experiência por eles garimpados, durante sua vasta lide docente. Sonho com uma escola que tenha a casa de morada da criança como seu laboratório. A casa é o seu espaço imediato. Ela está cheia de objetos e ações interessantes. Pensar a casa é pensar o mundo onde a vida de todo dia está acontecendo. Numa casa não poderia haver um currículo pronto porque a vida é imprevisível: não segue uma ordem lógica. Os saberes prontos ficariam guardados num lugar, como as ferramentas ficam guardadas numa caixa. As ferramentas são tiradas da caixa quando elas são necessárias para resolver problemas. Assim são os saberes: ferramentas. Ninguém aprende ferramenta para aprender ferramenta. O sentido da ferramenta é o seu uso na prática. O sentido de um saber é o seu uso na prática. Se não pode ser usado não tem sentido. Deve ser jogado fora. Rubem Alves RESUMO Este trabalho de monografia, que tem por título A graduação em universidades públicas e no Exército Brasileiro: em busca de efetividade, tem como objetivos comparar os modelos de graduação dentro do Sistema de Ensino Superior Público Federal e do Sistema de Ensino Universitário das Forças Armadas (FA); identificar as principais diferenças de cada sistema; selecionar modelos para se ofertar um Ensino Superior de qualidade e efetividade; e mostrar aspectos relevantes do ensino superior praticado pelas FA, em especial pelo Exército Brasileiro (EB) e pelas Universidades Públicas Federais (UF), como referencial a Universidade de Brasília (UnB), notadamente na comparação entre os parâmetros curriculares, os métodos de ensino, os currículos e as cargas horárias praticados pelo EB com os das UF. A partir de uma pesquisa bibliográfica e documental de cunho qualitativo/quantitativo foi possível obter dados para análise. Estas análises contribuíram para algumas conclusões. Dentre essas conclusões, pode-se destacar que há um distanciamento entre as práticas docentes do ensino superior militar e do ensino universitário comum, fazendo-se necessário identificar a origem e as consequências de tal defasagem. O trabalho está dividido em quatro seções, sendo a quarta inteiramente voltada às comparações propriamente ditas. Ao final são feitas recomendações no sentido de alinhar as melhores práticas identificadas em cada um dos sistemas buscando, deste modo, uma efetiva solução para o ensino superior no país. Palavras-chave: Exército Brasileiro. Universidade Pública Federal. Ensino Superior. ABSTRACT This research monograph, whose title Graduation in public universities and in the Brazilian Army: in search of effectiveness, aims at comparing the Public College Education System and the Federal University Education System of the Armed Forces; identify the main differences of each system; select models to offer a Higher Education Quality and effectiveness; and show relevant aspects of higher education in the Armed Forces, in particular the Brazilian Army and the Federal Public Universities, as reference the University of Brasilia, especially when comparing the parameters curriculum, teaching methods , curricula and course loads carried by the Brazilian Army with the Federal Public Universities. From a bibliographical and documentary research of qualitative / quantitative nature was possible to obtain data for analysis. These analyzes, along with personal observations, contributed to some conclusions. Among these findings, it can be noted that there is a gap between the teaching practices of military higher education and university education, making it necessary to identify the origin and the consequences of such lag. The work is divided into four sections, the fourth being devoted entirely to the comparisons themselves. At the end recommendations are made to align best practices identified in each of the systems seeking thereby a solution for higher education in the country. Keywords: Brazilian Army. Federal Public Universities. College Education. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Ranquing do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes.......... 12 FIGURA 2 Organograma da Academia Militar das Agulhas Negras ......................... 26 FIGURA 3 Estrutura Organizacional da Universidade de Brasília ........................... 37 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Grade Curricular da Academia Militar das Agulhas Negras ...................... 27 Tabela 2 Complementação de Ensino da Academia Militar das Agulhas Negras .... 27 Tabela 3 Organização da Universidade de Brasília ................................................. 37 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMAN Academia Militar das Agulhas Negras ARWU Academic Ranking of World Universities CA Corpo de Alunos CAEPE Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior CFG Curso de Formação e Graduação CG Curso de Graduação CNPq Conselho Nacional de Pesquisas DCT Departamento de Ciência e Tecnologia DEP Departamento de Ensino e Pesquisa DOU Diário Oficial da União EB Exército Brasileiro EE Estabelecimento de Ensino EME Estado Maior do Exército ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes FA Forças Armadas IME Instituto Militar de Engenharia INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação NERC Normas para Elaboração e Revisão de Currículos OCDE Organisation de Coopération et de Développement Économiques PDI Plano de Desenvolvimento Institucional PISA Programme for International Student Assessment PPI Projeto Pedagógico Institucional PPPI Projeto Político Pedagógico Institucional PUC Pontifícia Universidade Católica QEM Quadro de Engenheiros Militares REUNI Reestruturação e Expansão Universitária SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior UF Universidade Federal UnB Universidade de Brasília UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization USP Universidade de São Paulo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 11 2 HISTÓRICO DA GRADUAÇÃO NO BRASIL...................... 3 O ENSINO SUPERIOR NO EXÉRCITO BRASILEIRO........................... 21 16 3.1 AMBIENTAÇÃO ....................................................................................... 21 3.2 A GRADUAÇÃO NA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS ... 24 3.3 A GRADUAÇAO NO INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA .............. 30 4 O ENSINO UNIVERSITÁRIO NO BRASIL .............................................. 36 4.1 A GRADUAÇÃO NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA .............................. 36 5 LIÇÕES APRENDIDAS ........................................................................... 41 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 44 11 1 INTRODUÇÃO Neste início do século XXI, ratifica-se o que parece evidente há anos: que o caminho para o desenvolvimento de um país é o da Educação. O exemplo atual acontece na Coreia do Sul, onde investimentos em larga escala são aplicados em Educação, e as transformações ocorridas superam a mais otimista das expectativas. Há cerca de cinquenta anos, 1960, Brasil e Coreia do Sul eram típicas nações subdesenvolvidas, possuidoras de índices socioeconômicos vergonhosos, com taxas de analfabetismo de 35%. Na época a renda per capita coreana equivalia a do Sudão, e a do Brasil era o dobro. Hoje um verdadeiro abismo separa as duas nações. Segundo a coordenadora do painel de Educação da Revista VEJA, a editora Monica Weinberg: A Coreia exibe uma economia fervilhante, capaz de triplicar de tamanho a cada década. Sua renda per capita cresceu dezenove vezes desde os anos 60, e a sociedade atingiu um patamar de bem-estar invejável. Os coreanos praticamente erradicaram o analfabetismo e colocaram 82% dos jovens na universidade. Já o Brasil mantém 13% de sua população na escuridão do analfabetismo e tem apenas 18% dos estudantes na faculdade. Sua renda per capita é hoje menos da metade da coreana. Em suma, o Brasil ficou para trás e a Coréia largou em disparada. (Revista VEJA, ed. 1892, 2005) O principal indicador dos resultados obtidos pela Coreia do Sul quanto à qualidade de seu ensino está materializado pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA1) que é uma prova aplicada pela Organização de Desenvolvimento Econômico e Cooperação (OCDE)2 para medir o nível de habilidades de estudantes de diferentes países. O exame ocorre a cada três anos para alunos na faixa etária dos 15 anos, idade de acesso ao curso superior. Apesar de não ser um país-membro da OCDE, o Brasil participa do PISA desde 2000. No PISA 2012, a Coreia do Sul obteve 543 pontos contra os 410 do Brasil, colocando-a em 4º lugar no ranking mundial de 65 países participantes, perdendo apenas para China, Singapura e Hong Kong, enquanto ao Brasil coube a Programme for International Student Assessment. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE – do francês Organisation de Coopération et de Développement Économiques) é uma organização internacional de 34 países que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. 1 2 12 vexatória 57ª posição, atrás de países como o Chile, Uruguai, México, Turquia, Cazaquistão, Costa Rica e Emirados Árabes. Fig. 1 - Ranking do PISA 2012. Fonte: Site da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento. Disponível em: <http://www.oecd.org/pisa/keyfindings/pisa-2012-results.htm>Acesso em: abr. 2014. Ranquear as Universidades tem sido um parâmetro utilizado, nacional e internacionalmente, para tornar público os resultados por elas obtidos. Esses dados funcionam como uma espécie de selo de qualidade, e esse processo pode variar de acordo com os parâmetros listados pelas instituições condutoras de cada um dos processos. O Ranquing Universitário Folha, da Folha de São Paulo, utiliza-se de quatro áreas para avaliação — pesquisa, inovação, ensino e mercado de trabalho — enquanto o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) avalia o rendimento dos alunos dos cursos de graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos programáticos dos cursos em que estão matriculados. Na China, mediante critérios notadamente elitista e político, o Ranquing Acadêmico de Universidades Mundiais (ARWU3) usa critérios que levam em conta essencialmente os resultados de pesquisa em detrimento da formação: o número de prêmios Nobel, de medalhas Fields (o equivalente ao Nobel de matemática) e de artigos publicados exclusivamente em revistas anglo-saxãs como "Nature" ou "Science". 3 Academic Ranking of World Universities 13 Desse ranqueamento surge a indagação que norteia este trabalho: seria possível colhermos exemplos de excelência na graduação em Universidades Públicas Federais4 e nas Forças Armadas em busca de um modelo educacional para o país? Segundo Otaíza de Oliveira Romanelli, doutora em Educação pela Sorbonne: [...] o ensino militar e o ensino civil caminham juntos no Brasil desde o século XVII, quando, em 1808, D. João VI fundou a cátedra de Medicina, na Bahia e no Rio de Janeiro, e, em 1819, a cátedra de Engenharia, inserida na Academia Militar e destinada a formar oficiais no Rio de Janeiro. (2001, p. 25). O objetivo geral deste trabalho é analisar comparativamente os modelos de graduação dentro do Sistema de Ensino Superior Público Federal e do Sistema de Ensino Universitário das Forças Armadas, identificando as principais diferenças de cada modelo e quais, ressaltando os exemplos de sucesso para um Ensino Superior de qualidade e efetividade. As seguintes questões norteadoras servem como base para o desenvolvimento deste trabalho: quais as principais características do Ensino Superior no Brasil? em que medida o meio civil se diferencia do meio militar? até que ponto uma junção destes modelos seria possível? As questões foram formuladas em função de alguns argumentos: o primeiro diz respeito a minha formação como oficial do Exército Brasileiro (EB) e como instrutor de Estabelecimentos de Ensino Militares (EE) por mais de trinta anos, acompanhada de minha especialização em Docência Universitária e participação esporádica em cursos e/ou aulas em universidades; o segundo argumento, agora de natureza social, baseia-se que, em todos os níveis da educação brasileira, têm-se buscado soluções para uma melhoria contínua no quadro vigente na atualidade; e o terceiro, conceitual, refere-se à premente necessidade de se tentar atuar, não meramente na área cognitiva, mas também na área afetiva e nas demais correlatas. Segundo Antônio Carlos Will Ludwig, pós-doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) em Metodologia do Ensino e Educação Comparada: [...] a educação militar passa a ter uma grande influência na transformação pessoal, e isso é sentido pelos novos alunos que passam por um processo de despersonalização individual. Eles passam a acatar os valores dominantes da corporação bélica: obediência, disciplina, hierarquia, lealdade, pontualidade, assiduidade etc. (1989, p. 08). 4 Nesse TCC, a Universidade de Brasília foi o objeto de comparação utilizado em virtude do fato de ser ícone de excelência no Brasil além de que Brasília é o domicílio do pesquisador desde 2007. 14 Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque (2003, p. 13), doutor pela tradicional Sorbonne e ex Ministro da Educação, aborda as questões norteadoras no que tange ao modelo para se ofertar uma graduação de qualidade quando diz que “o sistema brasileiro deve atuar no sentido de garantir autonomia a cada entidade, devendo, entretanto, criar um conjunto harmônico, capaz de funcionar com sinergia”, o que evidencia a complexidade e a dificuldade de organização de um Sistema Único de Ensino Superior, visando sistematizar a educação superior no Brasil. Nesse mesmo foco, relevantes são as questões abordadas por João Evangelista Steiner (2005), pós-doutorado por Harvard e professor da USP, no ensaio Diferenciação e Classificação das Instituições de Ensino Superior no Brasil, quando pergunta: “quais instituições deveriam ser agrupadas nas mesmas categorias no universo do Ensino Superior? quais são as semelhanças e as diferenças dessas categorias? como caracterizar suas missões?” Nesse estudo, mesmo considerando a concepção e a posição dos analistas/teóricos referenciados, a legislação federal e a militar não puderam ser desconsideradas, em especial a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Lei nº 9.786, de 8 de fevereiro de 1999, que dispõe sobre o Ensino no Exército Brasileiro, originadas, respectivamente, no Ministério da Educação e no Ministério da Defesa. Foram colhidos os modelos correntes no âmbito do Exército, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e no Instituto Militar de Engenharia (IME) e no meio civil, na Universidade de Brasília (UnB). A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica e documental de cunho qualitativo/quantitativo sobre as questões delimitadas já apresentadas, à luz inicial da posição de quatro analistas/teóricos: Antônio C. Will Ludwig (1998, Democracia e ensino militar), Cristovam Buarque (2003, A Universidade numa encruzilhada), João E. Steiner (2003, Diferenciação e classificação das instituições de ensino superior) e Otaíza de Oliveira Romanelli (2001, História da educação no Brasil), e da seguinte legislação, entre outras: a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Lei nº 9.786, de 8 de fevereiro de 1999, que dispõe sobre o Ensino no Exército Brasileiro, por apresentarem o cabedal jurídico para cada um dos sistemas que foram comparados. 15 Em termos estruturais, este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) está dividido em quatro seções. A seção 1, sob o título O Ensino de Graduação no Brasil, trata dos aspectos gerais da graduação no Brasil definindo suas características básicas e a estrutura atual definida pelo Ministério da Educação (MEC). A seção 2, nomeada O Ensino Superior no Exército Brasileiro, mostra aspectos da educação de nível superior no Exército, iniciando com uma retrospectiva histórica, passando pela evolução contemporânea e abordando especificamente o ensino superior praticado na AMAN e no IME, responsáveis pela graduação no âmbito do EB. A seção 3, intitulada O Ensino Universitário no Brasil, aborda os aspectos do ensino universitário no meio civil com um enfoque nas práticas adotadas pela UnB. A quarta e última seção, Lições Aprendidas, apresenta as comparações entre os modelos de graduação dentro dos sistemas de ensino universitário civil e do ensino universitário militar. Por fim, nas considerações finais, são feitas observações no sentido de alinhar as práticas identificadas em cada um dos sistemas, buscando, deste modo, uma solução para o ensino superior no país. 16 2 HISTÓRICO DA GRADUAÇÃO NO BRASIL No Brasil, o ensino superior teve início de forma pífia em 1550 com a fundação, pelos jesuítas, primeiramente do curso de Artes e Teologia,em Salvador, na Bahia e, em seguida,do curso de Ciências Naturais e Filosofia, ambos com duração de três anos, e abrangendo o ensino de lógica, física, matemática, ética e metafísica. Em 1553, foram transformados em curso de Teologia pura, com duração de quatro anos, visavam à formação de novos religiosos e no curso de Ciências e Filosofia à formação de professores. Os jesuítas disseminaram suas faculdades por São Paulo, Pernambuco, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, que foram ampliadas com a criação do novo curso de Matemática. Essas iniciativas não lograram êxito e tiveram fim no século XVIII, quando o Marquês do Pombal, em nome do rei D. José I, expulsou os jesuítas do Brasil. As faculdades foram fechadas, e os professores dos colégios passaram a ser os sargentos e oficiais das milícias, já que sabiam ler e fazer contas simples. Somente em 1808, com a vinda da Família Real para o Brasil, o ensino superior ressurgiria. O príncipe regente de Portugal, D. João VI, fugiu de Portugal para o além-mar com cerca de 18 mil portugueses da nobreza lusitana, da alta burocracia civil, militar e eclesiástica e, com eles, trouxeram as riquezas da Coroa, os documentos e os livros da Biblioteca Nacional e as Instituições econômicas, financeiras, administrativas e culturais, até então proibidas em solo brasileiro. Segundo Romanelli, D. João VI teve participação efetiva na volta do ensino superior no Brasil. D. João VI não criou Universidades no Brasil, optando pelo sistema de cátedras, unidades de ensino de extrema simplicidade, formadas por professores que, com seus próprios meios, ensinavam seus alunos em locais improvisados, cobrando pelo serviço. Em 1808, D. João VI fundou a cátedra de Medicina, na Bahia e no Rio de Janeiro, e em 1819 a cátedra de Engenharia, embutida na Academia Militar, destinada a formar oficiais no Rio de Janeiro. (1978, p.102). A partir de 1813 as cátedras passaram a se transformar em escolas, academias e faculdades especializadas, em locais fixos, com meios de ensino e com estrutura burocrática não docente. As cátedras de Anatomia e de Cirurgia foram reunidas a outras recém-criadas, originando a Academia de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia. 17 Na área de Ciências Jurídicas, em 1827, D. Pedro I inaugurou as Faculdades Jurídicas em São Paulo e Olinda, esta última posteriormente transferida para Recife. Somente em 1874, já sob a regência de Pedro II, o curso de Engenharia se desvinculou da Academia Militar, surgindo a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, possibilitando a formação de engenheiros civis. No entanto as elites ainda insistiam em enviar seus filhos para estudar em Portugal, França e Inglaterra, sendo este pensamento mantido até o início do século XX. Ainda no final do século XIX, após o término da Guerra do Paraguai, o Brasil viveu uma expansão da economia cafeeira. Construíram-se ferrovias, estradas, portos e fábricas de tecido, como reflexo de uma onda progressista o que acarretou o surgimento de uma classe média urbana ligada ao comércio e ao trabalho operário. A demanda por serviços públicos, como o fornecimento de água e gás, fez crescer o aparelhamento do Estado e passou a exigir profissionais cada vez mais tecnicamente capacitados para atender às reinvindicações da classe média. Neste mesmo sentido, D. Pedro II passou a sofrer pressões dos Barões do Café, que sentiam a necessidade de ampliação do acesso às faculdades. Com o crescimento e a valorização do serviço público, todos almejavam ingressar no funcionalismo sendo a obtenção do bacharelato o principal caminho para isso se concretizar. Em consequência, o número de faculdades começou a aumentar gradualmentee a se desvincular do governo imperial, mas ainda sem se cogitar a criação de Universidades. Nesse período, as faculdades no Brasil seguiam o modelo da Faculdade de Filosofia da Universidade de Berlim5, baseado no livre saber e no ensino da técnica. A partir de então foram criados, pelo Imperador, centros de livre docência, compostos por faculdades de Medicina e Odontologia, Engenharia e Direito, Arquitetura e Serviço Social, e Economia e Jornalismo. Com o advento da República, em 1889, o regime federalista possibilitou a criação de faculdades estaduais públicas e privadas. 5 A Universidade Humboldt é a mais antiga universidade de Berlim, fundada em 1810 como Universidade de Berlim (Universitätzu Berlin) pelo linguista e educador liberal prussiano Wilhelm von Humboldt, cujo modelo universitário influenciou fortemente outras universidades europeias e ocidentais. 18 A adoção da abordagem positivista no ensino pregava que todos os cidadãos deveriam ter igualdade de oportunidades educacionais e, nesse sentido, o ensino superior passou a abranger a educação pública e gratuita, desde que sob fiscalização federal. Os alunos de escolas públicas tinham livre acesso à graduação e, em 1901, esse ingresso ao ensino superior, sem prestar exame, se estendeu também aos oriundos de colégios privados. Esse crescimento da demanda por curso superior possibilitou o surgimento de inúmeros centros de ensino superior privados, mesmo sem possuírem o status de faculdade. Como consequência entre 1891 e 1910, foram criadas no Brasil vinte e sete escolas superiores, dentre as quais: nove de medicina, obstetrícia, odontologia e farmácia; oito de direito, quatro de engenharia; três de economia; e três de agronomia. Com a prosperidade advinda do ciclo da borracha, em 1909, nasceu a Universidade de Manaus, primeira universidade brasileira, apesar de não agregar docência e pesquisa, com os cursos de Engenharia, Direito, Medicina, Farmácia, Odontologia e formação de oficiais da Guarda Nacional na mesma instituição. Porém sua existência foi deveras curta, pois em 1926, com o término do glamour da borracha, foi diluída em faculdades independentes. Em 1911, em resposta à descontrolável oferta de graduados, foi instituída a reforma Rivadário Corrêa, nome do titular do Ministério da Justiça e dos Negócios Interiores, oficializada pelo decreto 8.659 de 5 de abril de 1911, que normatizava o ensino superior, que trouxe como principal mudança a necessidade de exame de admissão para se ter acesso aos cursos de graduação, além da criação de taxas a serem cobradas para esses exames, para a matrícula, emissão de certificado etc. Porém essas medidas não conseguiram reduzir o número de formados pelas faculdades o que acabou por induzir o Presidente Venceslau Bráz a determinar ao novo Ministro da Justiça e do Interior, Carlos Maximiliano, a reestabelecer a ordem no campo educacional e a lançar, em 1915, uma nova reforma educacional. Essa reforma manteve os exames de admissão, passando a chamá-los de exames vestibulares e passou a exigir o certificado de conclusão do curso ginasial que somente poderiam ser emitidos por colégios de cidades com mais de cem mil habitantes e, deste modo, elitizou novamente o acesso às faculdades. 19 Em 1925, pela ineficácia da reforma anterior, foi lançada a reforma Rocha Vaz, nome do presidente do Conselho Superior de Ensino, órgão criado para fiscalizar as instituições superiores, que finalizou o processo de elitização do ensino superior no Brasil e passou a limitar o número de vagas para cada curso, anteriormente ilimitado e com acesso garantido a todos os aprovados no vestibular. Já em 1920, surgira a Universidade do Rio de Janeiro, a primeira universidade de sucesso a perpetuar sua continuidade, que aglutinou as Faculdades Federais de Medicina e Engenharia, mais a Faculdade de Direito, em uma única instituição realmente voltada para o ensino e pesquisa. Minas Gerais, utilizando-se da mesma técnica, juntou as Faculdades de Engenharia, Direito, Medicina, Odontologia e Farmácia para criar a Universidade do Estado de Minas Gerais, dotada de verba pública, em 1927. Esta prática foi oficializada pelo decreto 5.616, de 28 de novembro de 1928, que determinava ser necessário, para se formar uma universidade, agregar no mínimo, três faculdades funcionando ininterruptamente há pelo menos quinze anos. A partir do decreto de 1928, surgiu, em 11 de abril de 1931, uma nova lei (19.851), promulgando o que seria o Estatuto das Universidades Brasileiras, que preconizava que todo curso superior, de instituição pública ou privada, precisava ser credenciado pelo Ministério da Educação para expedir diplomas. A terceira universidade brasileira foi criada em 1934, em Porto Alegre, com orientação totalmente diversa das já existentes, tendo surgido a partir de uma única faculdade, a Escola de Engenharia de Porto Alegre. No mesmo ano surgiu a Universidade de São Paulo (USP) fruto da aglutinação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a Escola Politécnica, a Escola Superior de Agronomia, a Faculdade de Medicina, a Escola de Veterinária e o Instituto de Educação, e, em 1940, foi criada no Rio de Janeiro a primeira universidade privada, a Pontifícia Universidade Católica (PUC). Após o Estado Novo, com os governos populistas, o acesso ao ensino superior foi ampliado pelo surgimento de novas faculdades e universidades privadas e o governo federalizou faculdades privadas e estaduais, criando novas universidades. Em 1950, a Lei Federal nº 1.254 oficializou mais uma reforma na educação. A reforma transformou os professores e funcionários de Universidades vinculadas aos Estados e a União em funcionários públicos, com remuneração e 20 privilégios idênticos aos seus colegas da Universidade do Brasil, a antiga Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os docentes passaram a contar com estabilidade e aposentadoria integral, tendo a obrigação de desempenhar a função docente junto com a de pesquisador. O Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq)6 e a Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (CAPES)7 surgiram, em 1951 a reboque da Reforma de 1950. As leis 5.539 e 5.540 criaram o Estatuto do Magistério Superior Federal, o que na prática facilitava o acirramento do controle do Estado sobre as Universidades, e criou, também, o Conselho Federal de Educação que fragmentou o ensino público e incentivou a iniciativa privada, retirando inúmeras restrições anteriormente existentes. Após a Constituição de 1988, (BRASIL, 1988) apenas em 1995 o governo federal empreendeu uma série de reformas no ensino superior, seguindo orientações da Constituição e da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pela forma do capitulo IV da lei 9.394/96 (BRASIL, 1996). Foram promulgadas novas leis e decretos, porém, a legislação tão somente se preocupou em ampliar o acesso ao ensino superior, sobretudo fomentando o aparecimento crescente de instituições privadas. Pouco foi feito no sentido de fazer cumprir a determinação constitucional da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de obrigar as Universidades privadas a terem pelo menos um terço de seu corpo docente titulado. 6 O CNPq, o Conselho Nacional de Pesquisa, a partir de 1971 nomeado como Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, apesar de manter a sigla, foi criado para incentivar e financiar as pesquisas dentro do âmbito universitário. 7 A CAPES, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, destinada a estimular e fiscalizar, assim como financiar, os cursos de pós-graduação stricto e lato senso (mestrado e doutorado) nas Universidades. 21 3 O ENSINO SUPERIOR NO EXÉRCITO BRASILEIRO 3.1 AMBIENTAÇÃO O Sistema de Ensino do Exército tem por objetivo qualificar os recursos humanos necessários à ocupação de cargos previstos e ao desempenho de funções definidas na estrutura organizacional do Exército Brasileiro. A fim de atender a sua finalidade, obedece ao processo gradual, constantemente aperfeiçoado, de educação continuada, desde os estudos e práticas mais simples, até os elevados padrões de cultura geral e profissional, devendo assegurar a seu pessoal, por meio dos diferentes cursos, base humanística, filosófica, científica e tecnológica, política e estratégica para permitir o acompanhamento da evolução das diversas áreas do conhecimento, o interrelacionamento com a sociedade e a atualização constante da doutrina militar. Os cursos e programas de grau universitário ou superior, mantidos pelo Exército, possuem diversas diplomações e titulações, equivalentes às conferidas à educação superior nacional. No nível de graduação, situam-se os cursos de graduação e formação, graduação universitária, desde que o aluno conclua o curso com aproveitamento e preencha as demais exigências contidas nos regulamentos dos estabelecimentos de ensino, receberá o título de Bacharel. A progressiva e ascendente trajetória de produção de conhecimento presenciada no século que passou e nesse início de milênio conduz a uma nova direção em termos de ensino. A rapidez com que as informações são processadas, difundidas e recuperadas cria novas necessidades individuais e organizacionais e precipita uma série de mudanças de paradigmas em diversos setores da sociedade. Nos dias de hoje, quando se fala em grandes capacidades gerenciais, procura-se um perfil de profissional diferente do buscado há poucas décadas. Da mesma forma, atributos como criatividade, flexibilidade, capacidade de adaptação e iniciativa, nunca foram tão valorizados, superando, em muitos momentos, outros atributos como experiência e capacidade de cumprir currículos volumosos ou mesmo memorizar seu conteúdo, indispensáveis em um passado recente. Tal realidade, inegável, tem ocupado os estudos e as práticas dos profissionais da educação, tanto nas escolas, quanto nas empresas que promovem treinamentos para o seu pessoal. 22 A produção acelerada de novos conhecimentos, e a consequente aplicação dos princípios descobertos na elaboração de novas tecnologias traz reflexos poderosos para todos os campos da atividade humana: o político, o econômico, o militar, o educacional etc. Assim, o militar da atualidade, obrigatoriamente, deve estar apto a participar de operações altamente descentralizadas, pois as largas frentes de combate, a variada disponibilidade de meios, a imprevisível capacidade de reação do inimigo e o largo emprego de meios eletromagnéticos condicionam esse procedimento. Outra habilidade precípua imposta ao militar contemporâneo é a capacidade de decidir de forma rápida e em todos os escalões. É fácil constatar que essa aptidão é um corolário natural das operações descentralizadas. As mudanças aceleradas desta era tornam, rapidamente, obsoletos e superados os conhecimentos, as tecnologias e os padrões de comportamentos, individuais e organizacionais. Desse modo, o saber, as habilidades e as atitudes atualmente aceitos têm um alcance limitado no tempo e não podem se constituir na base cognitiva e afetiva para as decisões, para os planejamentos e para as formulações de políticas a serem projetadas daqui a dez anos. A evidência dessa questão conduz à primeira adequação a ser feita na pedagogia a ser aplicada. Trata-se da necessidade de prevalência da educação geral, entendida como a formação geral necessária a acompanhar e a compreender a evolução científica e tecnológica, bem como, as modificações dos padrões de comportamentos individuais e organizacionais. O ensino de formação de oficiais deve possibilitar ao educando um conjunto de conhecimentos capazes de acompanhar a evolução da sociedade, das ciências e da profissão militar ao longo de sua carreira. Quando não é possível delimitar, com relativo grau de precisão, quais serão as fronteiras do conhecimento nos próximos dez anos é vital que se organize um "core" de conhecimentos, que deve servir de núcleo para entender as inovações que, provavelmente, ocorrerão, mas que, no momento, não podem ser prognosticadas com um grau relativo de certeza, que permitam elaborar um programa educacional. 23 O sistema de ensino tradicional não poderá fazer frente à velocidade, cada vez mais acelerada, com que novos conhecimentos são produzidos, e as inovações tecnológicas ocorrem em todos os campos da atividade humana. Somente uma atitude voltada para o auto aperfeiçoamento minimizará os efeitos da aceleração na produção do conhecimento. Para isso, torna-se necessário estabelecer mecanismos de motivação e dotar, ainda no ambiente escolar, o aluno com estratégias que lhe permitirão, no seu futuro profissional, desenvolver o seu auto aperfeiçoamento. Segundo Valeriano Mendes Ferreira Costa, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, [...] as inúmeras tentativas de enquadramento do ensino militar numa perspectiva estritamente profissional fracassaram por duas razões básicas: primeiro, a ausência de um Estado-Maior do Exército (EME) que integrasse a elite dos oficiais em torno de uma doutrina militar e de um projeto institucional da corporação, o que impediu o controle institucional do Exército sobre o ensino militar; já o segundo motivo estava na inexistência de controles institucionais possibilitando espaço para as pressões corporativas do quadro docente que desejava manter o “alto nível” acadêmico e científico do ensino militar, refletindo também a forte demanda por uma ampliação das vagas no ensino superior. (1996, p 32). A expressão "aprender a aprender" de Paulo Freire (2001, p. 85) não pode permanecer apenas como uma declaração de intenções, inócua, mas deve ser consequente e envolver um conjunto de estratégias que são de fato aprendidas no EE, e permitir o autodesenvolvimento, o autodidatismo, capaz de possibilitar um crescimento pessoal e profissional continuado. Paralelamente a essa decisão de operacionalizar o conceito de "aprender a aprender", devem ser implantados mecanismos de incentivo, que promovam a vontade do auto aperfeiçoamento. Dentro deste contexto, e buscando formar o profissional criativo, dotado de iniciativa e que busque constantemente seu auto aperfeiçoamento, o Exército Brasileiro realizou, na década de 90, um diagnóstico em seus estabelecimentos de ensino a partir do qual iniciou um processo, denominado "Modernização do Ensino no Exército". O processo de Modernização teve suas primeiras diretrizes publicadas na Portaria nº 25, de 06 de setembro de 1995, do Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP), e vem sendo regulamentado por diversas portarias subsequentes e implica 24 em várias ações por parte dos EE, algumas delas gerando profundas mudanças de paradigmas. Entretanto, quando se fala em mudanças, dificilmente podem ser evitados termos como: receios, bloqueios, reações e traumas. É da natureza humana adotar tais posturas e, no caso de instituições seculares e tradicionais como o Exército, é natural que estas reações se potencializem. Assim sendo, os estabelecimentos de ensino do Exército vêm buscando estimular seus quadros a adotarem uma atitude aberta às mudanças, sem,contudo, deixar de apreciá-las criticamente e avaliar constantemente seus resultados. Somente desta forma, o Ensino no Exército poderá levar a termo as necessárias mudanças mantendo os níveis de excelência que sempre foram sua marca. 3.2 A GRADUAÇÃO NA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS “Cadetes, ides comandar, aprendei a obedecer” Na atividade de ensino-aprendizagem, o cadete desenvolve conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos necessários ao Bacharel em Ciências Militares e ao prosseguimento da carreira militar. Ao longo dos cinco anos de formação, o cadete recebe uma base técnico-militar, por meio de instruções e exercícios de adestramento, para que possa, como futuro oficial, exercer as funções de comandante e líder de pequenas frações (pelotão e seção) e de subunidade (companhia, bateria e esquadrão). As atividades de ensino são executadas diretamente pelas Seções de Ensino, pelos Cursos e pelas Seções de Instrução. A reunião dos diversos conhecimentos adquiridos permitirá ao futuro oficial ocupar um papel importante entre a elite cultural brasileira, bem como compreender a importância do militar na sociedade e no desenvolvimento do país. A busca constante da modernidade e da excelência do ensino faz com que se desenvolvam, a cada dia, técnicas para aperfeiçoar o ensino na Academia Militar, que é um berço de tradição em educação no Brasil. A Academia Militar das Agulhas Negras tem sua origem em 1792, com a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho —primeira escola militar das Américas. Ela foi instalada na cidade do Rio de Janeiro, pelo Conde de Resende, aquele que empresta seu nome à cidade onde hoje se encontra a AMAN. 25 Com a vinda do Príncipe D. João e sua corte para o Brasil, foi inaugurada, em 23 de abril de 1811, a Academia Real Militar, criada por "Carta de Lei" de 4 de dezembro de 1810. O primeiro comandante foi o Tenente-General Carlos Antônio Napion. Essa Academia foi instalada no mesmo local da anterior e foi chamada também de Casa do Trem da Artilharia, hoje Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. A Casa do Trem destinava-se à guarda do "trem de artilharia", conjunto de apetrechos bélicos usados na defesa da cidade, e, mais tarde, abrigou o Arsenal de Guerra. Em 1812, a Casa do Trem foi transferida para o largo de São Francisco, local que oferecia melhores condições para o exercício da arte da guerra. Com a Independência do Brasil, em 1822, passou a chamar-se Imperial Academia Militar e, durante o Período Regencial, denominou-se Academia Militar da Corte. Em 1858, foi transferida para a Praia Vermelha, ali permanecendo até 1904. Com a necessidade de se aprimorar a formação combatente dos oficiais do Exército, foi criada, em 1906, a Escola de Guerra, em Porto Alegre-RS, onde permaneceu até 1910. Em 1913, objetivando unificar todas as escolas de guerra e de aplicação, foi criada a Escola Militar do Realengo, que formou a elite dos oficiais do Exército por quase quarenta anos. Com a necessidade de se aperfeiçoar a formação do oficial para um Exército que crescia e se operacionalizava, foi criada, em Resende, Estado do Rio de Janeiro, em 1º de janeiro de 1944, a Escola Militar de Resende, que passou a chamar-se, em 1951, Academia Militar das Agulhas Negras. O Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, que, no posto de coronel, havia comandado a Escola Militar do Realengo (1930-1934), foi o grande idealizador da AMAN. Ele escolheu o local da nova sede e participou do projeto que a tornaria uma realidade. Merece citação, entre outras realizações do então Coronel José Pessôa, o resgate do título de "Cadete", que fora abandonado quando da Proclamação da República, a adoção dos uniformes históricos e a criação do Espadim de Caxias, em uso até nossos dias. Atualmente a estrutura organizacional da AMAN segue o organograma abaixo: 26 Fig. 2 – Organograma da Academia Militar das Agulhas Negras. Fonte: Site da AMAN. Disponível em: <http://www.aman.ensino.eb.br/index.php/informacoes/organograma> Acesso em: abr. 2014. O ensino objetiva, ao final do curso, a graduação do bacharel em Ciências Militares, com a qualificação para a ocupação de cargos militares e o desempenho de funções próprias de tenente e capitão não aperfeiçoado, propiciando ainda uma formação cultural homogênea e o embasamento necessário ao prosseguimento da carreira. O estudo das Ciências Militares, na AMAN, tem por finalidade a formação doutrinária e a preparação dos planejadores e gestores dos recursos colocados à disposição da Força Terrestre para o cumprimento de sua missão constitucional. A duração dos cursos da AMAN é de 5 (cinco) anos e possui a carga horária a seguir descrita: 27 Tab. 1 – Grade Curricular da Academia Militar das Agulhas Negras. Fonte: Site da AMAN. Disponível em: <http://www.aman.ensino.eb.br/index.php/informacoes/oensino/grade-curricular> Acesso em: abr. 2014. Tab. 2 – Grade da Complementação de Ensino da AMAN. Fonte: Site da AMAN. Disponível em: <http://www.aman.ensino.eb.br/index.php/informacoes/oensino/grade-curricular> Acesso em: abr. 2014. 28 Os cursos da AMAN são estruturados em três fases distintas: na 1ª fase, correspondendo ao ano realizado na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas-SP, tem por finalidade iniciar a formação do combatente básico; na 2ª fase, correspondendo ao 1º ano na AMAN, tem por objetivo complementar a formação básica do cadete, com a aquisição de conhecimentos comuns a todos os cursos, habilitando-o ao prosseguimento na 3ª Fase; e na 3ª fase, correspondendo aos 2º, 3º e 4º anos, que tem por objetivos complementar a formação dada ao cadete, habilitando-o para o desempenho de cargos de tenente e capitão não aperfeiçoado das Armas (Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações), do Serviço de Intendência e do Quadro de Material Bélico; e orientar o futuro oficial quanto ao prosseguimento dos estudos necessários para os cargos de capitão aperfeiçoado e para os de postos mais elevados. Os cursos da AMAN têm, ainda, por objetivo formar uma personalidade militar básica, com estrutura ética sólida e fortes atributos de chefia, liderança, iniciativa, disciplina, responsabilidade e espírito de trabalho em grupo, que permita a absorção correta da vivência como oficial, visando ao desenvolvimento continuado do chefe militar. Na atividade de ensino-aprendizagem, o cadete desenvolve conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos necessários ao prosseguimento da carreira militar. A busca constante da modernidade e da excelência do ensino faz com que a Divisão de Ensino desenvolva, a cada dia, técnicas para aperfeiçoar o ensino na Academia Militar, que é um berço de tradição e educação no Brasil. As características do novo milênio acenam com a necessidade de participação ativa do discente em seu processo de aprendizagem. Assim, torna-se necessário que o docente deixe o estilo tradicional de professor dono do conhecimento, puramente difusor do conteúdo e atento tão somente aos aspectos cognitivos de seus alunos, fugindo do cognitivo apenas em sua tarefa de disciplinador, passando a ser facilitador no processo de construção do conhecimento por parte de seus alunos. Deve passar a ver seus alunos de uma forma holística, como um ser complexo e individualizado, com características cognitivas, psicomotoras e afetivas, mas inserido em um grupo que o influencia e que é influenciado por ele. O Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx) criou o conceito de atividade não presencial: "é aquela atividade, incluída na carga horária 29 da disciplina, destinada à realização de tarefas desta disciplina pelos discentes, sem a presença do docente, em local determinado ou não pelo docente, em horário determinado pelo EE”. É prevista no Plano de Sessão, conforme consta das Normas para Elaboração e Revisão de Currículos (NERC) do DECEX. No caso específico da AMAN, devido a particularidades relativas ao espaço físico, o local para estas atividades é pré-definido. A importância desse tipo de atividade está no fato de permitir ao cadete, sozinho ou no grupo, construir o conhecimento sobre determinado problema. A atividade não presencial desafia o aluno à solução de situações-problemas e promove a busca do conhecimento por conta do aluno, ainda que acompanhado à distância pelo professor. A técnica de ensino tipo palestra, muito empregada na AMAN, tem seu valor no processo ensino- aprendizagem, mas não pode ser utilizada como único recurso. Na palestra há uma tendência de que o docente fale muito e o aluno pouco, de que o centro das atenções seja o docente e que o aluno mantenha uma atitude passiva ante o conhecimento. O desenvolvimento do auto aperfeiçoamento, no discente, requer novas técnicas de ensino que façam o aluno ser mais ativo em sala de aula, na busca do conhecimento. O professor deve ser, antes, um especialista da aprendizagem de modo a possibilitar, de fato, o desenvolvimento dos alunos, e não meramente um especialista de uma área do conhecimento. O 4º ano dos cursos da AMAN possui peculiaridades que o distingue dos demais. Há um grande predomínio das disciplinas a cargo do Corpo de Cadetes, ocasionando um maior envolvimento nas atividades que poderiam ser classificadas como propriamente militares. Durante esse ano são desenvolvidos módulos temáticos de diversos tipos de operações táticas. Esses módulos se dividem em semanas de preparação, desenvolvimento e aplicação, quando então são realizados exercícios no terreno de emprego combinado das armas, quadro e serviço. No segundo semestre, ocorre o Estágio Prático em Corpo de Tropa. Os futuros aspirantes a oficial têm a oportunidade de aplicar parte dos ensinamentos colhidos na AMAN no dia a dia dos quartéis, tendo contato com material de emprego militar e pessoal que enriquecem sua formação. Concluídos estes cinco anos de ensino superior profissionalizante, o cadete é declarado aspirante a oficial, estando apto a exercer suas funções como oficial do EB em quaisquer Organização Militar do território brasileiro. 30 3.3 A GRADUAÇÃO NO INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA O IME é um estabelecimento de ensino do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) responsável, no âmbito do Exército Brasileiro, pelo ensino superior de Engenharia e pela pesquisa básica. Ministra cursos de graduação, pósgraduação e extensão universitária para militares e civis. Insere-se no Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército, cooperando com os demais órgãos, por meio da prestação de serviços e pela execução de atividades de natureza técnico-científicas. O Instituto coopera, pelo ensino e pela pesquisa, também para o desenvolvimento científicotecnológico do País. (Plano de Gestão - Planejamento Estratégico Organizacional 2003/2006) Em 15 de janeiro de 1699, o Rei de Portugal sancionou uma Carta Régia, criando um curso de formação de soldados técnicos no Brasil-Colônia. O objetivo era capacitar homens na arte da construção de fortificações, a fim de promover a defesa da Colônia contra as incursões de outras nações. O capitão engenheiro Gregório Gomes Henriques, nesse mesmo ano, ministrou a primeira Aula de Fortificação em território brasileiro. De 1710 a 1829, o Forte de São Pedro, na cidade de Salvador, sediou a Aula de Fortificação e Artilharia, sendo o sargento-mor engenheiro José Antônio Caldas um dos professores. Enquanto isso, em 1718, havia, no Recife, uma Aula de Fortificação em que se ensinavam as partes essenciais de um curso de matemática. Em 1795, foi criada no Recife uma Aula de Geometria, acrescida, em 1809, do estudo de Cálculo Integral, Mecânica e Hidrodinâmica, lecionados pelo capitão Antônio Francisco Bastos. A Academia Real Militar (1811) mudou de nome quatro vezes: Imperial Academia Militar, em 1822; Academia Militar da Corte, em 1832, Escola Militar, em 1840 e Escola Central, a partir de 1858. Ali se formavam não apenas oficiais do Exército, mas, principalmente engenheiros, militares ou civis, pois a Escola Central era a única escola de Engenharia existente no Brasil. Com a vinda da missão francesa ao Brasil, na década de 20, foi criado o Curso Provisório de Química para especializar farmacêuticos no ramo da indústria química de interesse das Forças Armadas. Entretanto, a complexidade crescente das tarefas conduziu à criação da Escola de Engenharia Militar que iniciou seus cursos em 11 de agosto de 1930, formando sua primeira turma em 1934, da qual figuram 2 engenheiros químicos. Desde então, em todas as bases de evolução do ensino da engenharia militar (1934 31 – Escola Técnica do Exército; 1960 – Instituto Militar de Engenharia) figurou sempre o Departamento de Engenharia Química, formando ano após ano, em fluxo constante, engenheiros químicos. Sob a influência norte-americana, foi criado o Instituto Militar de Tecnologia (1949). Iniciavam-se, então, programas de estudo, pesquisa e controle de materiais para a indústria. Antevendo as futuras necessidades do país no setor nuclear, a Escola Técnica do Exército iniciou, em 1958, um Curso de Pós-Graduação em Engenharia Nuclear. Da fusão da Escola Técnica do Exército com o Instituto Militar de Tecnologia, em 1959, nasceu o atual Instituto Militar de Engenharia (IME). O Instituto destaca-se por ter formado inúmeras gerações de engenheiros, civis e militares, que muito contribuíram para o desenvolvimento nacional, não só no desempenho exclusivo da atividade profissional, mas também na qualidade de professores ou mesmo de fundadores de instituições de ensino espalhadas pelo imenso Brasil. O domínio das mais variadas tecnologias tornou-se fator determinante no desenvolvimento e soberania das nações. Por isso, as atividades de ensino e de pesquisa desenvolvidas pelo IME são estratégicas e vitais para um país vocacionado a ser uma potência mundial. Reconhecido como um centro de excelência no ensino da engenharia, o IME tem o compromisso de formar recursos humanos qualificados para atender as necessidades nacionais. Para conduzir essa tarefa, o IME conta com um corpo docente do mais alto nível, composto por professores, mestres e doutores de reconhecida reputação acadêmica, muitos deles pós-graduados em instituições estrangeiras. Devido ao seu potencial, muitas vezes o Instituto é chamado a participar de estudos e de pesquisas nas esferas governamental e privada, visando ao desenvolvimento dos mais variados projetos. A opção pelo serviço ativo permite que o formando siga a carreira militar até atingir o posto de General de Divisão. Os formandos, que optam pela reserva, podem, ao final do curso, realizar um estágio de até seis anos como Oficiais da Reserva convocados. Após esse período, retornam ao mercado de trabalho, com uma importante bagagem profissional. Dessa forma, o Exército contribui na criação 32 de reais oportunidades de trabalho para um mercado cada vez mais exigente e qualificado. A síntese do pensamento moderno indica que as instituições que não se preocuparem com o domínio da tecnologia e da comunicação social estarão condenadas ao fracasso no século XXI. Nesse sentido, o IME tem buscado capacitar recursos humanos para atender às crescentes demandas nacionais no campo da Ciência e Tecnologia, visando romper o hiato tecnológico que separa o Brasil das grandes potências. As atuais gerações de engenheiros militares buscam inspiração nos seus antecessores para dar continuidade ao passado de realizações e manter a posição de importante polo produtor e irradiador da cultura técnica, em parceria com as comunidades acadêmica nacional e internacional. Respaldado numa tradição secular e na busca constante da modernidade, o IME se constitui em peça fundamental para a Engenharia Militar no compromisso de vencer os limites que cerceiam a tecnologia nacional. O curso de graduação do IME transcorre em cinco anos. O Curso Básico tem por finalidade preparar os alunos para cursar as diferentes especialidades oferecidas pelo IME, fornecendo-lhes as fundamentações: científica, técnica e humanística, essenciais para o início da formação dos futuros engenheiros. Para o Curso de Formação e Graduação (CFG), destinado aos alunos oriundos do meio civil e que concluíram o 2º Grau, o Curso Básico tem a duração de 2 (dois) anos. Já para o Curso de Graduação (CG), que recebe oficiais egressos da AMAN, o Curso Básico tem a duração de 1 (um) ano. Isto ocorre porque estes oficiais já cursaram parte das disciplinas ministradas pelo Curso Básico ao longo de sua formação naquela Academia. Os oficiais das nações amigas matriculados no IME realizam o curso com o CFG ou com o CG, de acordo com sua formação prévia. Além disto, o Curso Básico ministra para as diversas especialidades as seguintes disciplinas: Administração (30h), Gestão Ambiental (30h) e Direito (30h esta disciplina é ministrada para o 4o ano de Engenharia de Fortificação e Construção e para o 5º Ano das outras especialidades). O Curso Básico é o responsável pela maioria das disciplinas que compreendem o núcleo de conteúdos básicos para os cursos de Engenharia exigidos pelo Conselho Nacional de Educação. 33 Dos engenheiros formados pelo IME, espera-se que tenham não apenas uma formação técnica sólida, mas também uma formação ética e humanista e um forte senso de responsabilidade social. Como primeira fase de um curso de graduação em engenharia, cabe ao Curso Básico realizar atividades que atendam a estas destinações. O IME considera o ensino fundamental em engenharia extremamente importante, possibilitando que os engenheiros graduados tenham uma forte formação politécnica. Assim, o Curso Básico enfatiza o estudo da Matemática, da Física, da Química e da Computação, de modo a fornecer aos alunos as ferramentas técnicas necessárias ao prosseguimento de seu curso, não importa a especialidade. Disciplinas como Projeto Inglês e Redação Científica e atividades como o Programa de Estímulo à Leitura contribuem para o aprimoramento dos atributos ligados à área afetiva e constituem parte essencial do processo de formação humanista do futuro engenheiro. Os cursos desenvolvidos atualmente pelo IME são: O Curso de Engenharia de Fortificação e Construção desenvolve atividades de ensino e pesquisa na área da Engenharia de Fortificação e Construção, buscando atender prioritariamente às necessidades da força terrestre. Oferece o Curso de Graduação em Engenharia de Fortificação e Construção, aos moldes de Cursos de Engenharia Civil lecionados em outras Instituições de Ensino Superior. O corpo docente é de reconhecida qualificação, contando inclusive com a colaboração de profissionais de renome da engenharia nacional, com vistas à formação de recursos humanos capacitados para atuação nas mais diversas áreas da Engenharia de Construção. O Curso de Engenharia Eletrônica propicia aos seus alunos uma sólida formação técnico-profissional voltada à análise, à concepção, ao projeto e a implementação de equipamentos que compõem os mais diversificados sistemas de comunicações, de guerra eletrônica, de automação e controle. A par dessas características técnico-profissionais, o referido curso também valoriza aspectos relacionados à gestão de processos de operação, de manutenção e de fabricação de equipamentos eletrônicos de um modo geral. O Curso de Engenharia de Comunicações propicia aos seus alunos uma sólida formação técnica e viés profissional voltado à análise, à concepção, ao dimensionamento, ao projeto e implementação de sistemas de comunicações, bem 34 como à gestão de processos de operação, manutenção e fabricação de equipamentos de comunicações. O Curso de Engenharia Elétrica propicia aos seus alunos uma sólida formação técnico-profissional voltada à análise, à concepção, ao projeto dos mais diversificados sistemas elétricos. A par dessas características técnico-profissionais, o referido curso também valoriza aspectos relacionados à gestão de processos de operação, de manutenção e de gerência em obras civis e de infraestrutura elétrica. A seção de ensino de Engenharia Mecânica e de Materiais do Instituto Militar de Engenharia oferece os cursos de Engenharia Mecânica e de Armamento, Engenharia Mecânica e de Automóvel e Engenharia de Materiais. Esses cursos têm por finalidade a formação específica em engenharia mecânica ou engenharia dos materiais, para os alunos do 3º ao 5º ano do Curso de Graduação (CG) e do Curso de Formação e Graduação (CFG). O Curso de Graduação em Engenharia de Materiais forma um engenheiro generalista e funciona em regime seriado semestral com duração de 5 anos. Ao longo do curso, o aluno desenvolve diversos trabalhos práticos em laboratório e realiza visitas técnicas às indústrias para a complementação pedagógica de sua formação. Além das disciplinas tradicionalmente oferecidas em cursos de Engenharia de Materiais, o curso inclui em seu currículo assuntos específicos tais como Seleção de Materiais e Análise de Falhas, Controle da Qualidade, Controle da Produção e Gestão de Projetos. As missões do Curso de Engenharia Cartográfica, associadas às do Instituto, estão relacionadas com a formação, especialização e aperfeiçoamento de recursos humanos em nível superior na área de Engenharia Cartográfica, para atender às necessidades da engenharia militar e cooperar, pelo ensino e pela pesquisa, para o progresso do Exército Brasileiro e do país, participando do esforço nacional de desenvolvimento de pessoas, projetos e pesquisas. A Seção de Ensino (Departamento Acadêmico) Engenharia de Computação no IME tem como objetivo produzir conhecimento e formar recursos humanos nos níveis de graduação e pós-graduação. A qualidade dos alunos formados é comprovada, entre outros qualificadores, por meio de suas colocações no mercado de trabalho. Os egressos do IME ocupam posição de destaque em indústrias, universidades e institutos de pesquisa. 35 O aluno concludente da graduação é nomeado oficial engenheiro militar da ativa ou da reserva, integrando, portanto, o Quadro de Engenheiros Militares (QEM) do Exército Brasileiro. Aliado aos cursos de engenharia funciona o Corpo de Alunos (CA), que tem a responsabilidade de transmitir os conhecimentos militares, para formar o caráter e a personalidade do futuro Oficial Engenheiro Militar, seus instrutores, formados pela AMAN, possuem embasamento teórico e prático, e conseguem com isso passar experiências vividas na caserna. O perfil do profissional formado pelo IME apresenta características diferenciadas. Dentre elas, a que mais se destaca é a capacidade analítica, marca que acompanha o profissional desde sua seleção como estudante da Instituição. Acostumado a lidar com situações adversas, o engenheiro formado pelo IME está apto a desenvolver projetos, solucionar problemas e liderar situações que exijam este tipo de preparo. Atualmente, os engenheiros formados pelo IME atuam nas mais diversas áreas da sociedade: indústrias, consultorias, bancos de varejo e de investimentos, etc. O campo de atuação também varia, passando por engenharia, administração, economia, finanças, docência, dentre outros. A presença dos profissionais formados pelo IME nesta diversidade de indústrias e funções corrobora com o prestígio e consideração que o mercado tem por estes profissionais, reconhecendo-os como diferenciados. 36 4 O ENSINO UNIVERSITÁRIO NO BRASIL 4.1 A GRADUAÇÃO NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA A Universidade de Brasília (UnB) foi inaugurada em 21 de abril de 1962. Nos dias atuais possui 2.445 professores, 2.630 técnicos-administrativos e 28.570 alunos regulares e 6.304 de pós-graduação. É constituída por 26 institutos e faculdades e 21 centros de pesquisa especializados. Realiza 109 cursos de graduação, sendo 31 noturnos e 10 à distância. Há ainda 147 cursos de pós-graduação stricto sensu e 22 especializações lato sensu. Os cursos estão divididos em quatro campi espalhados pelo Distrito Federal: Darcy Ribeiro (Plano Piloto), Planaltina, Ceilândia e Gama. Os órgãos de apoio incluem o Hospital Universitário, a Biblioteca Central, o Hospital Veterinário e a Fazenda Água Limpa. Conforme consta no site institucional da universidade, em seus campi são ministrados os seguintes cursos: - Campus Darcy Ribeiro (Plano Piloto): Administração, Agronomia, Arquitetura e urbanismo, Arquivologia, Artes Cênicas, Artes Plásticas, Biblioteconomia, Ciência da Computação, Ciência Política, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Ciências Farmacêuticas, Ciências Naturais, Ciências Sociais, Computação, Comunicação social, Desenho Industrial, Direito, Educação Artística, Educação Física (bacharelado e licenciatura), Enfermagem e Obstetrícia, Engenharia de Redes de Comunicação, Engenharia Elétrica, Engenharia Florestal, Engenharia Mecânica, Engenharia Mecatrônica, Engenharia Química, Estatística, Filosofia, Física, Geografia, Geologia, Gestão do Agronegócio, História, Letras, Letras – Tradução, Matemática, Medicina, Medicina Veterinária, Música, Nutrição, Odontologia, Pedagogia, Pedagogia para Professores em Exercício no Início da Escolarização, Programa Especial de Formação Pedagógica, Química, Relações Internacionais, Serviço Social, Teoria Crítica e História da Arte. Campus Planaltina: Bacharelado em Gestão do Agronegócio, Licenciatura em Ciências Naturais, Gestão Ambiental. Campus Ceilândia: Farmácia, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Gestão de Saúde, Terapia Ocupacional. Campus Gama: Engenharia Aeroespacial, Engenharia de Energia, Engenharia de Eletrônica Automotiva, Engenharia de Software. 37 Atualmente a Universidade de Brasília possui pesada estrutura organizacional e está subdividida conforme se segue: Decanatos Institutos e Faculdades Departamentos Assessoria Secretarias Órgãos complementares Centros Hospital Universitário Hospital Veterinário Biblioteca Central Fazenda Órgãos Diversos Campi 7 26 55 1 6 5 21 1 2 1 1 9 4 Tab. 3 – Organização da Universidade de Brasília. Fonte: Site da UnB. Disponível em <www.unb.br/sobre/organização>. Acesso em: 28 abr.14. Fig. 3 – Estrutura Organizacional da Universidade de Brasília. Fonte: Site da UnB. Disponível em <www.dpo.unb.br/organogramaunb>. Acesso em: 28 abr.14. 38 A Universidade de Brasília tem como missão ser uma universidade comprometida com o saber e a busca de soluções de problemas do País e da sociedade, educando homens e mulheres para o compromisso com a ética, com os direitos humanos, o desenvolvimento socioeconômico sustentável, a produção de conhecimento científico, cultural e tecnológico, dentro de referenciais de excelência acadêmica e de transformação social. A visão de futuro da UnB é ser uma das três maiores universidades federais do país e referência como: instituição de excelência acadêmica, integrada internacionalmente às diversas áreas do conhecimento; inovadora na geração, disseminação, aplicação e gestão do conhecimento; padrão na gestão pública moderna, integradora, transparente e democrática; e instituição humanizadora que ofereça à comunidade universitária qualidade de vida, infraestrutura adequada e boa relação entre as pessoas. Segundo consta no Planejamento Estratégico Organizacional da Universidade, os desafios que ela se propõe a superar a fim de cumprir sua visão de futuro são: 1. Aperfeiçoar a gestão de pessoas por meio da recomposição do quadro permanente, ampliação das atividades de formação e capacitação, valorização dos servidores e criação de condições de trabalho atrativas. 2. Construir consensos necessários em torno da missão da Universidade, respeitando a diversidade ideológica: internalizar a utopia original, favorecer a coesão, compartilhar compromissos, superar a fragmentação e competitividade internas. 3. Ter programa permanente de tecnologia da informação que aumente e promova a modernização da gestão de processos e o desenvolvimento do ensino, da pesquisa, extensão e gestão universitária. 4. Superar os limites salariais dos servidores. 5. Implantar modelo de gestão voltado à superação dos limites burocráticos e da falta de objetividade na solução de problemas e ao reconhecimento dos espaços deliberativos institucionais. 6. Promover o reordenamento da ocupação espacial dos campi para distribuir adequadamente o crescimento da comunidade universitária. 7. Conquistar graus de autonomia que permitam maior liberdade na gestão dos recursos. 39 8. Promover a internacionalização da UnB com ênfase no intercâmbio científico, cultural e artístico e na mobilidade de estudantes, docentes e técnicosadministrativos, com vistas ao conhecimento multidisciplinar. O Projeto Pedagógico Institucional (PPI) da UnB, criado em 1962, data da inauguração da Universidade, como Plano Orientador da Universidade de Brasília, foi o resultado do trabalho de duas comissões de planejamento coordenadas pelo Professor Darcy Ribeiro. O Projeto aborda como a UnB deveria se constituir e, sobretudo, apresenta orientações a serem cumpridas desde o seu funcionamento. O PPI de 1962 trata, em sua essência, de aspectos acerca da criação da UnB, sua estrutura e organização autônoma, baseada na integração de três modalidades de órgãos: os institutos centrais, as faculdades e os órgãos complementares, definindo suas competências e funcionamento. O plano define, ainda, o modelo de administração da Universidade, seus órgãos auxiliares, estimativa de matrículas e formas de acesso, corpo docente, programa de cursos, plano de obras, programa financeiro, entre outros elementos. Em 2010, momento de forte reestruturação e de expansão da Universidade, inclusive com a criação de novos campi, identificou-se a necessidade de revisão do atual projeto pedagógico da Instituição, o qual foi sendo construído ao longo do processo histórico da UnB. Neste mesmo ano foi formada a Comissão Coordenadora dos Trabalhos do Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI), composta pelas seguintes subcomissões: história; missão, função, valores, princípios e perfil do egresso; princípios pedagógicos fundantes da Universidadeensino; pesquisa e extensão; formação profissional – graduação e pós-graduação; avaliação e indicadores; desenvolvimento profissional: docentes e técnicosadministrativos; e gestão institucional democrática e participativa. Essa Comissão elaborou o Texto de Referência para a construção do PPPI com o objetivo de reunir os diagnósticos feitos a partir dos seminários “UnB em Reestruturação”, realizados em 2009. Esse documento de referência estabelecia como desafio principal do PPPI, entre outros, a indicação das concepções sobre as quais a Universidade e para as quais a sociedade está se dirigindo, explicitando qual a relação que se pretende construir entre elas. A elaboração do novo PPPI da Universidade configurou-se, portanto, como uma das grandes metas institucionais inseridas no Programa de Reestruturação e Expansão Universitária (REUNI). Para isso, durante o ano de 40 2009, foram realizados seminários e fóruns para discussão acerca das estratégias para a construção do PPI, envolvendo docentes, servidores e discentes. Para 2011, planejou-se a redação do documento final, com a continuidade dos trabalhos em um processo democrático e participativo, a fim de que a diversidade, a complexidade, a criatividade e as expectativas da Universidade e da sociedade estivessem ali traduzidas, possibilitando que, nesse novo PPPI, a Universidade de Brasília reconheça-se e seja reconhecida. Em 07 de julho de 2011 a UnB, por meio da proposta de Projeto Político Pedagógico Institucional, reafirmou os seus ideais fundantes e se lançou para os próximos 50 anos, em consonância com sua missão de “Ser uma universidade comprometida com o saber e a busca de soluções de problemas do País e da sociedade, educando homens e mulheres para o compromisso com a ética, com os direitos humanos, o desenvolvimento socioeconômico sustentável, a produção de conhecimento científico, cultural e tecnológico, dentro de referenciais de excelência acadêmica e de transformação social. Em face da realidade da instituição e das dificuldades enfrentadas pela Universidade, no âmbito do sistema de planejamento, cabe destacar os principais aspectos negativos como: os instrumentos de avaliação desatualizados; a interrupção da pesquisa de egressos, em 2005; dificuldades no processo de tramitação do planejamento das unidades nos seus respectivos colegiados; atrasos na elaboração do plano institucional de auto avaliação da UnB; alta rotatividade de pessoal nas unidades e necessidade de aperfeiçoamento do modelo de matriz de variáveis utilizado na alocação de recursos para a área acadêmica. 41 5 LIÇÕES APRENDIDAS Ao desenvolver este Trabalho de Conclusão de Curso como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), A graduação em universidades públicas e no Exército Brasileiro: em busca de efetividade, foi percebido que face à complexidade desta comparação, em virtude da dificuldade em se estabelecer parâmetros e/ou critérios objetivos, os pesquisadores que, porventura, tenham se manifestado sobre ele são escassos. As instituições escolhidas para análise, do lado militar a Academia Militar das Agulhas Negras e o Instituto Militar de Engenharia, e do lado civil a Universidade de Brasília são ícones em seus cenários e até de renome internacional em termos de excelência. As congruências destacadas neste trabalho se baseiam no passado e no presente. Historicamente ambos os seguimentos caminharam lado a lado com as tendências mundiais, seguindo a escola inglesa, a francesa e a americana e adotando os parâmetros considerados adequados à nossa cultura brasileira. Vencida a fase histórica, a legislação brasileira, como a Lei de Diretrizes e Bases, por exemplo, passou a nortear a evolução do Ensino Superior tanto no meio militar quanto no meio civil. Esta nova impulsão veio distanciar os dois tipos de ensino, em especial no que se refere ao produto final esperado: os formandos. Os formados sob a égide do Ensino Militar concluem seus cursos já empregados e com seus objetivos de vida bem definidos, sua formação foi muito além da área cognitiva e com uma carga imensa no lado afetivo e na formação do caráter dos profissionais. Os formados no meio civil saem para o mercado de trabalho com um significativo distanciamento entre seu conhecimento técnico-científico e aquilo que lhes será cobrado profissionalmente. Muitos se afastarão de sua formação e atuarão em área totalmente diversa daquela para qual estudaram tanto. Este “desmotivante” início de carreira os conduzirá ao mecanicismo de trabalhar por trabalhar e não por dedicação e amor a sua profissão. As divergências entre os dois tipos de ensino são estruturais e necessitariam de uma vontade política muito forte para aproximá-los, além de uma reengenharia em ambos os sistemas. O grande distanciamento entre o Ensino Universitário Público e o Ensino Superior Militar tem origem na evolução histórica de ambos os seguimentos da 42 sociedade. Enquanto o Ensino Militar na AMAN e no IME obedece ao processo gradual, constantemente aperfeiçoado, de educação continuada, desde os estudos e práticas mais simples, até os elevados padrões de cultura geral e profissional, devendo assegurar a seu pessoal, base humanística, filosófica, científica e tecnológica, política e estratégica para permitir o acompanhamento da evolução das diversas áreas do conhecimento, o inter-relacionamento com a sociedade e a atualização constante da doutrina militar, o Ensino Universitário na UnB se recente da necessidade de tornar o PDI mais objetivo e didático, com o intuito de facilitar sua divulgação à comunidade acadêmica e com a dificuldade de conscientização da comunidade universitária da aplicação do PDI como efetivo instrumento de planejamento das atividades acadêmicas e administrativas. Os parâmetros curriculares, os métodos de ensino, os currículos e as cargas horárias praticados tanto pelo EB quanto pelas UF procuraram sempre atender as demandas nacionais e internacionais trazendo deste modo reflexos diretos na relação ensino aprendizagem. O corporativismo acadêmico permitindo o empreguismo de parentes e próximos e a desvairada ambição pelo lucro foram aos poucos contaminando o academicismo civil e levando ao quadro atual de formar quantidade ao invés de qualidade. A estrutura criada pelas escolas militares, o objetivo do ensino militar, a preparação do docente militar, a seleção dos alunos, os regimes de internato, a dedicação exclusiva do corpo docente, a carga horária e a tradição, presente em todas as atividades castrenses, e que não estão presentes na UnB criam, em conjunto, uma lacuna entre as duas modalidades de ensino. As divergências estruturais vão desde a estrutura física até a estrutura pedagógica. Em termos físicos, as Escolas Militares são construídas para abrigar o aluno por 24 horas e está apta a atender de forma integral as necessidades deste discente, quer seja em termos alimentares, psicológicos, desenvolvimento físico e até médico. A estrutura de ensino além de ser compartimentada e especifica possui como arcabouço um apoio por vezes bem maior do que o próprio corpo docente. Quanto ao objetivo do ensino militar depreende-se que está sendo realizada a formação daqueles que irão substituir os docentes, os chefes e os diretores. Não há a possibilidade de concorrência direta entre formados e formandos 43 visto que todas as carreiras são estruturadas em forma vertical, sendo muito remota esta possibilidade. A certeza do exercício futuro da profissão é também um incentivo a aprendizagem. Em termos práticos alguns modelos de ambos os lados até poderiam ser compartilhados, mas seria necessária uma aprofundada pesquisa de campo para, primeiro, selecionar estes modelos e, segundo, formatá-los para que pudessem ser adotados pelas referidas instituições. 44 REFERÊNCIAS ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. Organograma da AMAN. Disponível em: <http://www.aman.ensino.eb.br/index.php/informacoes/organograma> Acesso em: abr. 2014. ______ . Grade Curricular da AMAN. Disponível em: <http://www.aman.ensino.eb.br/index.php/informacoes/o-ensino/grade-curricular> Acesso em: abr. 2014. ______. Grade da Complementação de Ensino. Disponível em: <http://www.aman.ensino.eb.br/index.php/informacoes/o-ensino/grade-curricular> Acesso em: abr. 2014. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Seção 1, p. 1. BRASIL. Decreto nº 8.659, de 5 de abril de 1911. 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