TIAGO BLASIUS ALMEIDA ANÁLISE DO PESO CORPORAL EM RELAÇÃO AO PESO DA MOCHILA ESCOLAR EM UMA ESCOLA PRIVADA NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO/SC Tubarão, 2006 TIAGO BLASIUS ALMEIDA ANÁLISE DO PESO CORPORAL EM RELAÇÃO AO PESO DA MOCHILA ESCOLAR EM UMA ESCOLA PRIVADA NO MUNICÍPIO DE TUBARÃO/SC Trabalho de Conclusão de Curso à obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia e apresentado em sua forma final pelo curso de graduação em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina Orientadora: Prof. MSc.Rita de Cassia Clark Teodoroski Tubarão,2006 DEDICATÓRIA Quero dedicar este trabalho a todos os mestres que no decorrer da minha jornada acadêmica, contribuíram para que alcançasse este título de graduação. Gostaria de dedicar este trabalho em especial aos meus pais, por acreditarem em mim e não terem medido esforços para que eu pudesse concluir este curso, sempre incentivando, apoiando tendo paciência e compreensão nos momentos difíceis. AGRADECIMENTOS Primeiramente à DEUS, o qual me deu força para traçar este caminho tão desejado; Aos meus pais maravilhosos Lúcia e Anselmo, por tudo que fizeram, pelos sacríficios que passaram e principalmente pelo amor deles dedicado, contribuindo assim para minha formação, minha sincera homenagem. Ao meu irmão Eduardo pelo apoio juntamente com meus pais superando também sacrifícios para destinar a minha formação; e também é claro a minha namorada Renata pelo apoio, carinho, compreensão, amor e muita paciência nos momentos mais difíceis. A minha orientadora professora Rita de Cássia Clark Teodoroski por sua dedicação e esforço durante o desenvolvimento deste estudo e ainda pelo seu carinho humano. RESUMO Tendo em vista que no período escolar a velocidade do desenvolvimento corporal é grande, muitos fatores podem desencadear alterações no sistema musculoesquelético principalmente na coluna, sendo a mochila escolar uma de muitas causas. Preocupados com a saúde dos alunos, governantes do ministério público do estado de Santa Catarina elaboram a Lei de nº 10759 de 16 de Junho de 1998, a qual prevê que o peso máximo do material escolar transportado por alunos em mochilas, dependendo da série, não poderá ultrapassar 5 ou 10% do seu peso. Com isto realizou-se esta pesquisa do tipo descritiva com o objetivo de analisar o peso corporal em relação ao peso da mochila escolar em uma escola privada do município de TUBARÃO/SC, para verificar se esta lei está sendo exercidas pelos colégios. Para isto, analisou-se o peso corporal e o peso da mochila escolar de 32 alunos da 4º série da escola em estudo, após a mensuração da massa corporal e dos pesos da mochilas de cada aluno observou-se que 69,57% transportam o peso da mochila acima da lei e que 30,43% transportam o peso de acordo com a referida lei. Com isto conclui-se este trabalho, afirmando que maioria dos sujeitos pesquisados estão acima do que é previsto pela lei, e de que esta tem de ser revista pois apesar de possuírem peso diferente eles possuem estatura diferentes, e ainda acredita-se que através da conscientização através de palestras para pais, professores e alunos este problema pode ser minimizado. Palavras-chaves: peso corporal, peso da mochila escolar, postura. ABSTRACT In view of that in the pertaining to school period the speed of the corporal development is great, many factors can unchain alterations in the musculoesqueltico system mainly in the column, being to mochilar pertaining to school one of many causes. Worried about the health of the pupils, governing of the public prosecution service of the state of Santa Catarina elaborate the Law of nº 10759 of 16 of June of 1998, which foresees that the maximum weight of the pertaining to school material carried by pupils in knapsacks, depending on the series, will not be able to exceed 5 or 10% of its weight. With this this research of the descriptive type with the objective was become fullfilled to analyze the corporal weight in relation to the weight of the pertaining to school knapsack in a private school of the TUBARÃO/SC city, to verify if this law is being exerted for the colleges. For this, the corporal weight was analyzed and the weight of the pertaining to school knapsack of 32 pupils of 4º series of the school in study, after the mensuração of the corporal mass and the weights of the knapsacks of each pupil was observed that 69.57% carry the weight from the knapsack above of the law and that 30.43% carry the weight in accordance with the cited law. With this this work is concluded, affirming that majority of the searched citizens is above of what is foreseen by the law, and of that this it has of being reviewed therefore although they to possess different different weight possess stature, and still gives credit that atravs of the concientizao through lectures for parents, teachers and pupils this problem can be minimized. Word-keys: corporal weight, weight of the pertaining to school knapsack, position LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Anatomia da coluna vertebral...........................................................................14 Figura 2 – Músculo reto do abdômen .............................................................................20 Figura 3 – Músculo oblíquo externo.................................................................................21 Figura 4 – Músculo latíssimus..........................................................................................23 Figura 5 – Músculo gastrocnêmio ....................................................................................25 Figura 6 – Músculo tibial anterior ....................................................................................26 Figura 7 – Hiperlordose lombar........................................................................................27 Figura 8 – Hipercifose......................................................................................................28 Figura 9 – Escoliose.........................................................................................................30 Figura 10 – Pasta sem alça ...............................................................................................34 Figura 11 – Mochila de duas alças ...................................................................................35 Figura 12 – Mochila de um alça .......................................................................................35 Figura 13 – Mochila de rodinhas ......................................................................................36 Figura 14 – Balança Filizola ............................................................................................41 Figura 15 – Pesagem dos escolares...................................................................................42 Figura 16 – Pesagem das mochilas escolar .......................................................................42 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Análise percentual dos escolares que estão de acordo ou não com a lei prevista. ...........................................................................................................44 Gráfico 2 – Análise do peso corporal em relação ao peso da mochila de cada sujeito ...............................................................................................................46 Gráfico 3 – Tipos de Mochila...........................................................................................47 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................11 2 COLUNA VERTEBRAL............................................................................................13 2.1 Anatomia ...................................................................................................................13 2.2 Postura .......................................................................................................................14 2.2.1 Postura ideal............................................................................................................15 2.2.2 Manutenção da Postura............................................................................................15 2.2.2.1 Sistema Somatossensorial.....................................................................................16 2.2.2.1.1 Corpúsculo de ruffini.........................................................................................16 2.2.2.1.2 Corpúsculo de pacini .........................................................................................17 2.2.2.2 Sistema visual ......................................................................................................17 2.2.2.3 Sistema vestibular ................................................................................................18 2.2.2.4 Grupos musculares para manutenção da postura ...................................................19 2.2.2.4.1 Músculos abdominais ........................................................................................19 2.2.2.4.1.1 Músculo reto do abdômen...............................................................................20 2.2.2.4.1.2 Músculos oblíquos..........................................................................................21 2.2.2.4.2 Músculos eretores da coluna ..............................................................................21 2.2.2.4.2.1 Músculo grande dorsal....................................................................................23 2.2.2.4.3 Músculos posteriores da coxa ............................................................................23 2.2.2.4.4 Quadríceps ........................................................................................................24 2.2.2.4.5 Gastrocnêmio ....................................................................................................24 2.2.2.4.6 Tibial anterior....................................................................................................25 2.3 Desequilíbrio postural..............................................................................................26 2.3.1 Alterações posturais ................................................................................................26 2.3.1.1 Hiperlordose ........................................................................................................27 2.3.1.2 Hipercifose...........................................................................................................27 2.3.1.3 Escoliose ..............................................................................................................28 2.3.2 Sintomatologias.......................................................................................................30 2.3.2.1 Lombalgias...........................................................................................................30 2.3.2.1.1 Lombalgia mecânica..........................................................................................31 2.3.2.2 Cervicalgias .........................................................................................................31 2.3.2.3 Dorsalgias ............................................................................................................32 2.3.3 Fatores de risco .......................................................................................................33 2.3.3.1 Tipos de mochilas.................................................................................................34 2.4 Lei da mochila ..........................................................................................................36 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA...........................................................................39 3.1 Tipo de pesquisa .......................................................................................................39 3.3.1 Classificação quanto à abordagem ...........................................................................39 3.2 População/amostra...................................................................................................40 3.3 Instrumento utilizado para coleta de dados ............................................................40 3.4 Procedimento utilizado para coleta de dados..........................................................41 3.5 Procedimento para análise e interpretação dos dados............................................43 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ..................................................................44 4.1 Resultados.................................................................................................................44 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................50 REFERÊNCIAS.............................................................................................................52 APÊNDICE – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO ............................................................56 ANEXOS ........................................................................................................................58 ANEXO A – Termo de consentimento livre e esclarecido ................................................59 ANEXO B – Termo de consentimento para fotografias ....................................................62 1 INTRODUÇÃO Tendo em vista que no período escolar a velocidade do desenvolvimento corporal é grande, diversos fatores podem desencadear alterações no sistema músculoesquelético, especialmente na coluna vertebral, dentre as alterações podem ser dadas como exemplo as deformidades como: escolioses, hipercifose e hiperlordose, bem como sintomatologias de lombalgias, dorsalgias e cervicalgias as quais prejudicam o desenvolvimento normal. Sendo assim, a mochila escolar tem sido motivo de preocupação não só dos profissionais da área da saúde , mas também de professores, representantes do governo e principalmente dos pais. Um grande número de orientadores educacionais e crianças não tem a mínima noção do que fazer para evitar os enormes problemas decorrentes dos malefícios espinhais, pois não sabem como carregar as mochilas entre outras situações como sentar nas carteiras. Como este tipo de preocupação passou a interessar representantes governamentais, os mesmos elaboraram uma lei para o peso do material escolar a ser transportado, a fim de tentar solucionar ou prevenir danos futuros aos escolares. A Lei nº 10.759, 16 de Junho de 1998 elaborada pelo Ministério Público do Estado de Santa Catarina prevê que o peso máximo do material escolar transportado por alunos em mochilas, pastas ou similares , dependendo da série, não poderá ultrapassar 5 ou 10% do seu peso. A 4a série do ensino fundamental compreende a faixa etária que varia entre 9 e 11 anos. Nesta etapa da vida, ainda não houve total maturação do sistema músculoesquelético. Sendo assim, qualquer fator de risco ocorrida durante esta fase deve ser imediatamente detectada e eliminada, a fim de prevenir danos futuros ao referido sistema. Em contrapartida, a vida estudantil nesta fase não é só preconizada para o estudo embora seja uma escola privada, onde geralmente esta exige mais dos seus alunos para o estudo, estes escolares geralmente não levam apenas o material didático diário para a escola. Levam materiais extras para a recreação, e estes ajudam a somar o peso da mochila escolar aliada, é claro, ao próprio material escolar. Devido a estes pontos muitas crianças estão freqüentemente submetidas a uma carga intensa quase que diariamente sobre o seu sistema músculo esquelético principalmente na coluna vertebral. A proposta do presente estudo é analisar o peso corporal em relação ao peso da mochila escolar em uma escola privada do município de TUBARÃO/SC. A partir da mensuração da massa corpórea e do peso do material escolar de cada aluno, para verificar se os escolares estão dentro do percentual previsto pela Lei e dependendo do resultados, pretende-se expor medidas de prevenção para a escola em estudo, e ainda conscientizar os escolares e pais sobre o que rege a Lei das mochilas. Para alcançar o objetivo deste estudo, alguns passos foram necessários tais como: descrever a Lei nº 10.759/1998, citar os diferentes tipos de mochilas, descrever as possíveis alterações posturais e ainda verificar quantos escolares estão dentro do percentual previsto na lei. A metodologia utilizada para realização desta pesquisa é classificada como descritiva, onde vai se analisar o peso da mochila em relação ao peso corporal de32 alunos da 4º série de uma escola privada, posteriormente os resultados serão analisados e discutidos em gráficos. Esta pesquisa foi descrita em cinco capítulos, sendo este o primeiro deles; o segundo capítulo faz uma revisão da literatura relacionado ao tema deste trabalho; o terceiro retrata os materiais e métodos bem como o delineamento da pesquisa; o quarto capítulo faz análise e discussão dos resultados; e o quinto capítulo encerra o trabalho com as considerações finais sobre o mesmo. 2 COLUNA VERTEBRAL 2.1 Anatomia A coluna vertebral, em toda a sua estrutura, pode ser comparada a um edifício de ossos. É rígida na base sacra, junto aos ossos ilíacos, da bacia, e articula ou seqüência de vértebras. O edifício vertebral, como num todo, trata-se de um órgão em cuja atividade se abriga toda a sustentação do corpo humano. A estabilidade intervertebral depende de ligamentos e de potente ação muscular, para se contrapor ao grande esforço de carga que recebe constantemente. As vértebras se sobrepõem num conjunto harmônico, mantidas por ligamentos firmes e tirante musculares de suspensão, numa seqüência de curvas que se mantém com perfeita estabilidade, (QUINTANILHA, 2002 p. 13-14). A coluna normal é composta de 33 vértebras por discos intervertebrais justapostos, que formam a coluna vertebral. Toda coluna, apoiada sobre o sacro em alinhamento vertical, forma quatro curvaturas fisiológicas. Estas quatro curvaturas são chamadas lordose cervical e lombar com convexidade anterior, cifose dorsal e sacral com convexidade posterior (CAILLIET, 1979 p. 3). Para Bienfait (1995), a coluna é o eixo do corpo, sendo que no plano sagital não é um eixo retilíneo apresenta quatro curvas: cervical, dorsal, lombar e sacra. A curva cervical é convexa para frente, assim como a lombar, e permite a visão horizontal e a fonação. A curva dorsal é reforçada e limitada pelas costelas. Figura 1: Anatomia da coluna vertebral Fonte: Mello (1986) 2.2 Postura A postura é definida habitualmente como o arranjo relativo das partes do corpo. Boa postura é estado de equilíbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de sustentação do corpo contra as lesões ou as deformidades progressivas, independentemente da atitude ( p. ex., ereta, deitada, agachada, inclinada) na qual essas estruturas estão trabalhando ou repousando, (HALL; BRODY, 2001, p.130). A postura é uma posição ou atitude do corpo, formada por meio de arranjo relativo de suas partes para uma atividade específica, ou ainda uma maneira individual de sustentação orientada em função da força de gravidade. (FERNANDES; AMADIO; MOCHIZUKI, 1997 apud MARTARELLO, 2004, p. 27). “Postura é a atitude que o corpo adota, mediante um apoio durante a inatividade muscular, por meio da ação coordenada de vários ligamentos e músculos, que atuam para manter a estabilidade ou para assumir a base essencial, que se adapta constantemente ao movimento a realizar.” (MOMESSO, 1997, p. 19). Para Knoplich (1986), postura envolve o conceito de balanço (equilíbrio), coordenação neuromuscular e adaptação e deve ser aplicado a um determinado momento corporal e para uma determinada circunstância – postura para andar, postura para jogar tênis ou dar a partida para uma disputa de natação. 2.2.1 Postura ideal Momesso (1997, p. 19), caracteriza a postura ideal como um equilíbrio dinâmico dos vários segmentos corporais nos planos sagital, longitudinal e axial, nas sua mais variadas posições, caracterizando-se por um máximo de eficiência fisiológica e biomecânica (ligamentar e tendíneo-muscular), requerendo um mínimo de esforço e tensão. De acordo com Matheney (1997 apud MOMESSO 1997, p. 19), não existe uma só postura melhor para todos os indivíduos. Cada pessoa deve tomar o corpo que tem e tirar o melhor partido dele. A melhor posição é aquela em que os segmentos corporais estão equilibrados na posição de menor esforço e máxima sustentação. Esta é uma questão individual, e ainda Knoplich (1986) afirma que a boa postura está associada com a saúde e vigor físico. 2.2.2 Manutenção da Postura Para melhor compreensão da postura se faz necessários conhecer os componentes que atuam para manutenção da postura. Dentre eles se destacam o Sistema somatossensorial, Sistema Vestibular, Sistema Visual, os corpúsculos de Ruffini e Pacini que além das cadeias musculares que se fazem necessárias para receber informações destes sistemas. 2.2.2.1 Sistema somatossensorial O sistema somatossensorial contribui para o equilíbrio ao fornecer informação acerca da localização relativa das partes corporais. Hall e Brody (2001) relatam que o termo propriocepção reflete a posição estática, e cinestesia se refere à posição durante o movimento. A informação proveniente do sistema somatossensorial tem origem em fontes periféricas, como músculo, cápsula articular e outras estruturas de tecidos moles. O mesmos autores ainda afirmam que o sistema somatossensorial desempenha um papel fundamental na regulação da postura, pois a informação deve ser detectada da periferia através de receptores periféricos e enviadas às áreas centrais para serem processada. Para Cook e Woollacoott (2003), o sistema somatossentivo fornece ao sistema nervoso informações sobre a posição e o movimento do corpo, em referência as superfícies de apoio. Além disso as informações somatossensitivas de todo o corpo relatam dados sobre a relação de diferentes segmentos do corpo uns com os outros. 2.2.2.1.1 Corpúsculo de Ruffini Segundo Souza (2001) são terminações encapsuladas que respondem aos movimentos passivos e ativos, e estão localizados intrinsecamente na rede colagenosa essas adaptações lentas são específicas de cada ângulo e disparam comumente, enquanto a articulação é mantida em um ângulo específico. 2.2.2.1.2 Corpúsculo de Pacini São corpúsculos situados na cápsula articular e nos tecidos conectivos periarticulares; são receptores de adaptação rápida, ativados por movimentos repentinos e velozes, porém fornecem poucas informações em relação ao final da posição da articulação, (SOUZA, 2001). 2.2.2.2 Sistema Visual Conforme Cohen (1999) a visão, um dos sentidos especiais, possui receptores nos olhos que detectam a luz e as diferenças dos padrões luminosos. Muito do que sabemos sobre o mundo externo chega pela visão. Ela é particularmente importante para a relação com os objetos distantes que não podem ser identificados e localizados por outros sentidos. Do ponto de vista evolutivo, as informações da visão tem três utilidades principais: 1) a observação de objetos móveis ou imóveis como alimento potencial, 2) a manutenção da postura adequada, 3) percepção de sua própria posição no espaço. Essas informações podem parecer similares às do sistema vestibular. Os sistemas visual e vestibular contribuem com muita informação acerca da posição do corpo e do movimento no espaço. O sistema visual proporciona informação acerca da posição da cabeça em relação ao meio ambiente e orienta a cabeça a manter uma posição correta (olhos para frente). Esse sistema contribui muito para a postura da cabeça e do pescoço. Ele proporciona, também, informação acerca do movimento dos objetos circundantes, oferecendo, assim, informação acerca da velocidade do movimento. A informação que entra no sistema visual se dirige através do nervo óptico ao núcleo geniculado lateral (NGL) do tálamo e ao colículo superior e, através de poucas fibras, aos núcleos olivares inferiores. O NGL recebe a maior projeção e é o primeiro centro onde é representada a informação proveniente da retina, (HALL; BRODY, 2001). Bricot (2001) afirma que olho assim como o pé, é um captador sensitivo simultaneamente interno e externo do sistema tônico postural; a propriocepção está, por sua vez ligada à atividade muscular extra-ocular e às vias oculocefalogíricas que sujeitam os músculos do pescoço e dos ombros aos olhos. 2.2.2.3. Sistema Vestibular Hall e Brody (2001) descrevem que o sistema vestibular fornece informações acerca da orientação da cabeça no espaço e da aceleração. Qualquer movimento da cabeça, incluindo desvios de peso para ajustar a postura, estimula os receptores vestibulares. O nervo vestibular se projeta para os núcleos vestibulares e para o cerebelo. Os núcleos vestibulares recebem, também influxo de outros sistemas sensoriais, incluindo o sistema visual. Do núcleo vestibular, dois tratos vestíbuloespinhais descem até a medula para o controle postural. As projeções ascedentes incluem fibras para o controle de movimentos oculares e fibra para o tálamo. Do tálamo, as projeções sobem até a cabeça do núcleo caudado e até a área de associação parietal, onde a informação é integrada com outras informações sensoriais. “Quando o sistema vestibular opera normalmente, estamos, em geral, desatentos com relação ao seu funcionamento e quando sua função é interrompida resultam em sensações desagradáveis, as quais normalmente associamos a doença de movimento (ou cinesia).” (BEAR et al 2002, p. 385). O sistema vestibular é responsável por um sentido oculto que as pessoas comuns não tem consciência de possuir e somente o percebem quando torna-se alterado. O último dos sentidos especiais a ser descoberto, o sistema vestibular, detecta o movimento da cabeça. O sistema nervoso utiliza essa informação em quatro tarefas: 1) auxiliar no contole e equilíbrio por meio de agregação de reflexos posturais que mantém a cabeça ereta; 2) para ver claramente durante o movimento, mantendo os olhos direcionados para o alvo desejado; 3) para facilitar a orientação espacial pela sinalização da direção da gravidade e mantendo os limites de alterações de pequenas distâncias da posição; 4) para preparar o reflexo de “lute ou fuja” numa emergência. (COHEN, 1999, p. 149). 2.2.2.4 Grupos musculares para manutenção da postura Baseados no relato de Willian, Bandy e Sander (2001 apud MARTARELLO, 2004) há alguns músculos que estão envolvidos na coordenação da estabilidade postural seja no movimento ou apenas para ficar em pé, e reações posturais. Para ficarmos em pé e não termos um desequilíbrio postural dependemos basicamente do sinergismos dos músculos entre o tronco e os membros inferiores, o equilíbrio envolve as ações musculares em torno do quadril, joelho e tornozelo. 2.2.2.4.1 Músculos abdominais “Os músculos abdominais participam em contração para estabilizar as vértebras para resistir ao peso, aplicado as contrações nas extremidades e as forças de reação do solo, mas a sua primordial ação é de sustentação do conteúdo abdominal.” (SMITH; WEISS; KUHL, 2001, p. 441). Segundo Quintanilha (2002, p. 29), a musculatura abdominal, formada pelos músculos oblíquos e reto anterior, é o centro de equilíbrio do nosso corpo. Se compararmos, figurarmente o formato do corpo físico com o de uma estrela de cinco pontas, ao que nos assemelhamos ao abrirmos os membros superiores e inferiores, os abdominais constituem o núcleo central da estrela. Se esse núcleo for firme, as pontas da estrela poderão girar com harmonia e equilíbrio. Caso contrário, suas pontas permaneceram rígidas, descoordenadas e instáveis. Porém a musculatura abdominal não age isoladamente. É dependente do desempenho e da ação de todos os outros grupos musculares. Assim, glúteos, tensor da fáscia, quadríceps, psoas ilíaco e o quadrado lombar são estabilizadores da pelve e conseqüentemente da coluna vertebral. 2.2.2.4.1.1. Reto abdominal “O músculo reto do abdômen é três vezes mais largo superiormente do que inferiormente, é estreito e espesso na sua porção inferior e largo na porção superior. É um músculo longo, estendendo-se do tórax ao púbis, de cada lado da linha mediana (linha Alba).” ( MIRANDA, 2001, p. 281). Pires et al (1990), afirmam que a fraqueza do músculo reto do abdômen resulta em uma diminuição da capacidade de fletir a coluna vertebral, ou seja: trazer de encontro à pelve, na posição supina; já na posição ereta permite a Antero - versão de pelve e uma postura lordótica (convexidade anterior aumentada da coluna lombar). Figura 2: Músculo reto do abdômen Fonte: Dobler (2003) 2.2.2.4.1.2 Músculos oblíquos Nos estudos de Miranda (2001, p. 283), o músculo oblíquo externo, é o maior dos músculos da parede abdominal. Situa-se ântero-lateralmente, com suas fibras orientadas obliquamente no sentido ínfero-medial. O mesmo tem sua origem na face lateral das sete últimas costelas e se insere na crista ilíaca e no púbis. Já o oblíquo interno situa-se abaixo do oblíquo externo, formando ângulos quase retos com as fibras do oblíquo externo, tendo sua origem na fáscia toracolombar e boda medial da crista ilíaca e se insere na borda medial das três últimas costelas. Figura 3: Músculo obliquo externo Fonte: Dobler (2003) 2.2.2.4.2 Músculos eretores da coluna vertebral A extensão do tronco é um movimento importante pra levantar o tronco e manter a postura ereta. Os músculos usados ativamente para estender o tronco também tem papéis dominantes na flexão de tronco, (HAMILL; KNUTZEN, 1999). O mesmos autores supracitado afirmam que vários músculos fazem parte do grupo muscular extensor, porém, podem ser classificados em dois grupos: os eretores da espinha (iliocostal, longo, espinhal) e os posteriores profundos ou paravertebrais (intertransversais, interespinhais, rotadores, multifídio). Os dois grupos musculares correm duplamente para e para baixo na coluna vertebral e agem estendendo quando ativados bilateralmente rodam ou fletem lateralmente quando são ativados em apenas um lado. Os três eretores da espinha constituem a maior massa de músculos contribuindo para extensão do tronco. O movimento de extensão também é produzido pelas contribuições dos músculos vertebrais profundos e outros músculos específico de cada região. Esses músculos profundos contribuem para a geração de extensão de tronco e outros movimentos de tronco e também servem para suportar a coluna vertebral, manter sua regidez e produzir alguns movimentos finos no segmento móvel. (HAMILL; KNUTZEN, 1999, apud EUGÊNIO 2004, f.25). Na flexão de tronco, baseado nos estudo de Calliet (1995), os músculos eretores da espinha alongam-se, na reextensão encurtam-se. Tais músculos exercem também forças compressivas sobra as unidades funcionais. Na flexão, ocorre um significativo alongamento das fibras dos eretores da espinha, conforme vai se alternado sua orientação em relação à coluna vertebral. A musculatura eretora da coluna é mais espessa nas regiões cervical e lombar, sendo estes, os locais onde ocorre a maior parte da extensão da coluna. O músculo multifidio é também mais espesso nessas regiões. O fato de ter mais massa muscular auxilia na geração de uma força extensora maior no tronco. Para Hamill e Knutzen (1999), os músculos eretores da coluna e multifidio possuem de 57% a 62% de fibras musculares Tipo I, mas tem também proporções de fibras do Tipo IIa e Tipo IIb, tornando-os versáteis funcionalmente, podendo gerar movimentos rápidos forçados e, ao mesmo tempo, serem resistentes à fadiga para manutenção de posturas por longos períodos. 2.2.2.4.2.1 Músculo grande dorsal Lippert (1996), afirma que o músculo grande dorsal ou latíssimus dorsal é um músculo largo, localizado nas costas, devido as sua fixações no ilíaco e sacro, o grande dorsal, é capaz de elevar as pélvis se os braços estiverem estabilizados. O mesmo continua descrevendo o músculo grande dorsal como um forte agonista na extensão, adução e rotação interna do ombro, devido ao fato de atravessar a articulação do ombro inferior medialmente em direção do eixo articular. Gold III (1993) afirma que este músculo se insere no úmero, conjuntamante com o trapézio, agem para posicionar o ombro e retraí-lo durante levantamento de cargas. Figura 4: Músculo latíssimus dorsal Fonte: Dobler (2003) 2.2.2.4.3 Músculos posteriores da coxa Os músculos posteriores da coxa são responsáveis anatomicamente e estão envolvidos com a extensão de quadril e flexão de joelho, mas indiretamente eles tem um efeito de dorsiflexão de tornozelo (flexores), Segundo Germain (1991), os músculos posteriores da coxa são: grácil, bíceps femoral, semitendinoso, semimembranoso. • Músculo grácil: tem sua inserção proximal no corpo e ramo inferior do púbis, e inserção distal na parte posterior da face medial da tíbia; • Músculo bíceps femoral: este músculo apresenta duas porções a longa e a curta, onde a longa tem sua inserção proximal na tuberosidade isquiática e a porção curta na linha áspera do fêmur, estas duas porções se fundem distalmente e se inserem na cabeça da fíbula; • Músculo semitendinoso: tem a sua inserção proximal na tuberosidade isquiática e sua inserção distal na superfície medial da parte superior da tíbia; • Músculo semimembranoso: tem inserção proximal na tuberosidade isquiática e sua inserção distal na parte posterior do côndilo medial da tíbia. 2.2.2.4.4 Quadríceps Nos estudos de Smith, Weiss e Kuhl (2001), este músculo tem esta denominação referente a um agrupamento de quatro músculos (reto femoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio), os quais tem como função anatômica de extensão da articulação do joelho. • Reto Femoral: tem origem na espinha ilíaca ântero-superior e se insere na base da patela, e através do tendão patelar se insere na tuberosidade da tíbia; • Vasto lateral: sua origem é no trocanter maior e se insere na borda lateral da patela; • Vasto intermédio: tem origem n face anterior do corpo do fêmur e tem a sua inserção no bordo superior da patela; • Vasto medial: se origina na linha áspera medialmente e bordo medial da patela. 2.2.2.4.5 Gastrocnêmio É um músculo que se localiza na parte posterior da perna, o qual se origina na face posterior dos côndilos femorais e se insere na face posterior do calcâneo, através do tendão de Aquiles, cuja a sua função anatomicamente é de realizar a plantiflexão ou flexão plantar, porém o mesmo funcionalmente contribui para extensão de joelho quando estamos de pé. (LIPPERT,1996,p. 108). Figura 5: Gastrocnêmio Fonte: Dobler (2003) 2.2.2.4.6 Tibial anterior Segundo Germain (1991), este músculo recebe esta denominação devido a sua localização na parte anterior da perna, cuja sua origem é no côndilo lateral e face lateral da tíbia, o qual se insere no osso cuneiforme medial e base do primeiro metatarso e sua função anatômica é de dorsiflexão ou flexão dorsal do pé. Porém quando caminhamos tem função de flexão de joelho mesmo não tendo nenhuma inserção deste músculo no joelho. Para Miranda (2001, p. 411) “[...] músculo longo e espesso, situado na face lateral da tíbia, onde é facilmente palpado é um músculo muito forte, elevando a borda medial do pé durante sua contração.” Figura 6: Músculo tibial anterior. Fonte: Machado (2006) 2.3 Desequilíbrio postural Os estudos de Bricot (2001) relatam que o desequilíbrio postural pode ser considerado uma desarmonia do sinergismo das cadeias musculares que pode acontecer por falha da função dos captadores sensitivos responsáveis por enviar informações ao sistema nervoso central para manutenção da postura. O mesmo autor ainda afirma que os captadores que intervêm prioritariamente no ajustamento postural estático e dinâmico são principalmente, os pés e os olhos. 2.3.1 Alterações posturais São definidas por Bricot (2001) como sendo resultado das forças contrárias que agem nas superfícies articulares e pelo excesso de solicitação dos músculos e ligamentos. Isto porque a postura não é regida apenas por um músculos isolado e sim por um conjunto de músculos, ou seja depende da harmonias dos mesmos. O mesmo autor ainda afirma que as alterações posturais são significativamente numerosas em decorrência da desarmonias musculares, dentre elas podemos citar a hiperlordose, hipercifose, escoliose, e como sintomatologias em conseqüência das alterações posturais temos as lombalgias, cervicalgias e dorsalgias. 2.3.1.1 Hiperlordose É o aumento da curva na região cervical ou na região lombar, ou seja, acentuação da concavidade cervical e/ou lombar no plano sagital, associada a uma anteversão da pelve. Estudos comprovam que a anteversão da pelve está associada a um desequilíbrio dos músculos abdominais e glúteos, que estão enfraquecidos e na musculatura lombar que se apresentará encurtada, (PROBLEMA, 2006). A postura lordótica é uma acentuação da curva lombar fisiológica. A postura lordótica é mais acentuada nas mulheres do que nos homens. O aumento da lordose lombar está diretamente relacionado com a inclinação da pelve anteriormente. (MIRANDA, 2001, p. 514) Figura 7: Hiperlordose lombar. Fonte: Dor nas costas (2004) 2.3.1.2 Hipercifose É o aumento da curvatura dorsal fisiológica. Geralmente é compensada por aumento da hiperlordose lombar e cervical. A hipercifose pode ser flexível e ou irredutível. Hipercifose flexível é quando sua correção pode ser obtida imediatamente, por um simples esforço voluntário. Não há formação óssea. Hipercifose irredutível é a que ocorre no adulto e no sedentário, é a ausência da extensão dorsal acarretando limitações em extensão, esta alteração não se corrige pelo esforço muscular, nem pela mobilização manual (PIRES et al, 1990, p. 58). A postura cifótica é caracterizada por uma curvatura na região torácica; normalmente vem acompanhada de uma abdução da cintura escapular (ombros em antepulsão) e uma projeção da cabeça pata frente. (MIRANDA, 2001, p. 516). Figura 8: Hipercifose. Fonte: Dor nas costas (2004) A hipercifose é uma deformidade vertebral no plano sagital, caracterizada por uma flexão excessiva e, em geral, é observada na região torácica, onde produz uma postura de corcunda, ela é mais acentuada em mulheres que em homens, sendo mais prevalente em idade avançada em ambos os sexos, (WHITING; ZERNICKE, 2001). 2.3.1.3 Escoliose Escoliose um termo da antiguidade, usado a primeira vez por Hipócrates, define curvatura anormal da coluna. Este problema esquelético é, primeiramente uma afecção de crianças, cuja coluna está crescendo. Existem numerosas teorias sobre a etiologia da escoliose, mas os verdadeiros fatores causais permanecem desconhecidos; assim na atualidade, esta afecção não pode ser evitada. O tratamento, essencialmente consiste do reconhecimento precoce, correção de curvas existentes e prevenção de ulterior evolução das mesmas. As curvaturas espinhais evoluem em direção lateral, e são acompanhadas por um padrão de deformidade rotatório. A rotação do corpo vertebral é relacionado com a convexidade e a concavidade da curvatura, e é maior na vértebra apical da curva. Na coluna torácica, a ligação costal às vértebras resulta em deformidade do gradeado costal, (CAILLIET, 1979 p. 01). Segundo Souchard e Ollier (2001), as escolioses idiopáticas não tem causa aparente, sabe-se que têm origem hereditária e multifatorial. Dentre os fatores responsáveis pela escoliose idiopática, os autores citam que estes podem acontecer por distúrbios de propriocepção, distúrbios de equilíbrio ou até por distúrbios da glândula pineal. Outro fator que pode estar envolvido diz respeito às anomalias do tecido colágeno, dos discos e dos corpos vertebrais. A grande incidência da escoliose idiopática feminina pode ser explicada por fatores hormonais. A escoliose é o desvio lateral da coluna vertebral e provoca modificação muscular, ligamentar do tecido conjuntivo, dos discos intervertebrais e dos ossos, podendo até comprometer a medula espinhal, pulmões, coração e pelve. É um desvio lateral e rotatório no plano frontal e horizontal. As escoliose são fáceis de corrigir quando os desvios são de pequena intensidade , e em indivíduos jovens, em fase de crescimento, (PIRES et al, 1990, p. 59). Hall e Brody (2001, p. 570), afirmam que a escoliose é uma deformidade complicada que se caracteriza por curvatura lateral e rotação vertebral. Pelo lado côncavo da curva, as costelas se aproximam e, pelo lado convexo, se separam extensamente. À medida que os corpos vertebrais rodam, os processos espinhosos se desviam para o lado côncavo e as costelas acompanham a rotação da vértebras. As costelas posteriores pelo lado convexo são empurradas posteriormente, causando a corcunda costal característica observada na escoliose torácica. As costelas anteriores pelo lado côncavo são empurradas anteriormente. A escoliose pode causar também alterações patológicas nos corpos vertebrais e nos discos intervertebrais. Figura 9: Escoliose. Fonte: Dor nas costas (2004) 2.3.2 Sintomatologias 2.3.2.1 Lombalgias Cailliet (2002, p. 17), afirma que a dor lombar é uma aflição comum, cuja a causa específica e tratamento preciso ainda frustram a profissão médica. A outras doenças do corpo que podem e devem causar dor lombar. Estas condições incluem doenças renais, gástricas, pancreáticas e intestinais, doenças malignas e outras deformidades ósseas, metabólicas e sistêmicas. Esses distúrbios devem ser sempre considerado pelo médico se a dor lombar for diferente, associada a outros sintomas, estranhamento persistente, ou ainda se não responder aos tratamentos- padrão recomendados. 2.3.2.1.1 Lombalgia Mecânica Cailliet (2002, p. 17-18), afirma que a coluna vertebral é uma estrutura mecânica que sustenta o indivíduo durante toda sua vida, desafiando a gravidade ou, pelo menos, estando em equilíbrio com ela, permitindo que o ser humano fique de pé e sente-se, inclini-se, abaixe-se, fique de cócoras, balanceie, volte-se, além disso, funcione durante as atividades da vida diária. É preciso compreender a função normal da coluna vertebral para entender a função anormal, que podem causar dor e incapacitarão. Em algum local dos tecidos da coluna lombar há um ponto ou uma parte que está sendo ou foi irritada, estressada, ofendida, lesada, utilizada de forma inadequada, deteriorada ou, até mesmo doente. A dor pode ter origem nesta lesão dos tecidos. Pode-se avaliar, compreender e reduzir a dor, se for possível esclarecer sua localização. 2.3.2.2 Cervicalgias A cervicalgia é uma entidade que se caracteriza pela dor ao nível da coluna cervical alta, sendo aí incluída a nucalgia ( cefaléia da nuca), (KNOPLICH, 1986 p. 145). Greve e Amatuzzi (1999, p. 260), relatam que a cervicalgia pode ser devido a degeneração do disco cervical, artrose das articulações uncovertebrais cervicais e se desenvolve a partir uma combinação hereditária constitucional e ambientais. As alterações de forame intervertebral, canal vertebral ou artérias vertebrais podem causar a sintomatologia. Os mesmos autores ainda afirmam que quando há comprometimento de raízes nervosas cervicais pode haver hipoestesia uni ou multiradicular, fraqueza e hipotonia muscular, amiotrofias, dor durante os esforços e à compressão das apófises espinhosas vertebrais. Na grande maioria dos doentes, porém, a dor desencadeada não apenas pelas artropatias ou discopatias mas sim por comprometimento de síndrome dolorosa miofacial da musculatura cervical e da cintura escapular. A causa mais comum de afecção no pescoço é a degeneração do disco intervertebral cervical. Isso pode levar a protusão de parte do conteúdo do disco ( prolapso do disco cervical) ou, mais frequentemente, pode surgir alterações osteoartríticas secundárias nas articulações intravertebrais (espondilose cervical), (ADAMS; HAMBLEN, 1994). A etiologia da cervicalgia aguda pode ser um movimento brusco (geralmente de rotação), uma postura forçada durante o sono, o frio intenso, ou a exposição constante a uma corrente de ar (por exemplo, no carro com a janela aberta), (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). De acordo com o autor supracitado, na cervicalgia crônica sua causa é sempre contratura muscular dos extensores do pescoço, isto é, trapézio superior, os esplênios e a musculatura posterior da nuca. Junto com a dor pode-se observar uma retificação da lordose fisiológica e limitação moderada da mobilidade do pescoço. 2.3.2.3 Dorsalgias A região dorsal por apresentar menos mobilidade é a que tem menor número de casos de artrose. Entretanto, as dores na região dorsal estão muito freqüente associadas a patologias mais raras: tumores (principalmente metastáticos), tuberculose, herpes zóster, achatamento de vértebras, etc., (KNOPLICH, 1986 p. 145). Poderão ser causas de dorsalgia a frouxidão ligamentar, as posturas mantidas por muito tempo (seja em flexão de tronco, como acontece nos agricultores, ou nas datilografas, seja com braços elevados como no caso das cabelereiras), a sobrecarga (por transporte de peso, em especial quando não se dividem as cargas), e aos fatores psícossociais ( estados de ansiedade e personalidades emocionalmente lábeis contribuem para que o paciente somatize seu estado de ânimo através de uma dorsalgia), (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). 2.3.3 Fatores de risco Dentre os fatores de risco se destacam principalmente a sobrecarga sobre a coluna vertebral como as mochilas escolares, onde as mesmas contêm material escolar as quais a maioria dos escolares carregam dia-dia para o colégio. Noone et al (1993 apud BRACCIALLI; VILARTA, 2000), descrevem que o transporte de uma carga externa assimétrica, durante um tempo significativo, por crianças e pré-adolescentes, seria um dos fatores contribuidores do aparecimento de curvas escolióticas. Mostram ainda que crianças podem ter uma resultante força muscular ineficiente para equilibrar a carga externa, recorrendo à inclinação lateral da coluna para suportar a carga. Existem também outros fatores como os ambientais e comportamentais levam a deformidades músculoesquelética durante a infância, diante dos ambientais podemos citar os moveis inadequados para os escolares, já os comportamentais estaria ligada ao sedentarismo, ou inatividade. Deformidades muscúloesqueléticas como pé varo e pé cavo contribuem para danos ascendentes na coluna vertebral, porém enfocamos mais neste trabalho como principal fator etiológico a sobrecarga do material escolar sobre a coluna vertebral. 2.3.3.1 Tipos de Mochila Existem várias maneiras de carregar o material escolar. Pode-se apenas carregar nas mãos os livros, cadernos e afins como também utilizar dispositivos auxiliares como mochilas ou pastas escolares, (NASCIMENTO, 2005). As mochilas escolares diferem em forma, e em sua forma de manusear a quais interfere diretamente na postura corporal. Dentre os tipos existentes de mochila podemos citar alguns como: • Pasta sem alça: constitui-se de uma mala ou bolsa sem alça, na qual o indivíduo transporta como um bloco único seu material, podendo ser carregada em um lado do tronco sustentada pelas mãos, ou entrelaçada à frente do tronco. Figura 10: Pasta sem alça. Fonte: Mochila (2006) • Mochila com duas alças: trata-se da verdadeira versão da mochila de alpinista, com alças que se apóiam entre os ombros, fazendo com que o material carregado seja apoiado na coluna torácica, algumas apresentam cintas que circundam o tronco com fechamento na parte anterior próximo ao abdômen, para fixar a mochila nas costas, e evitar o atrito durante o balanço. Figura 11: Mochila com duas alças. Fonte: Mochila (2006) • Mochila de uma alça: é uma versão atual da mochila, a qual não oferece tanta estabilidade quanto a original, ele é apresentada como uma mochila que é sustentada também no tronco através de uma única alça que fica apoiada em um dos ombros cruzando o corpo pela frente até a base da mochila no lado contralateral ao apoio do ombro. Figura 12: Mochila de uma alça Fonte:Mochila (2006) • Mochila de rodinhas: foi uma adaptação dos engenheiros ergonômicos para as crianças que carregavam excesso de peso, atualmente essas mochilas são mais comercializadas para as crianças. Essa mochila tem o mesmo modelo da mochila desenvolvidas pelos alpinistas, diferenciando-se apenas por um suporte fixado à mochila com rodinhas. Foi desenvolvidas para evitar a sobrecargas da coluna, isto é, se carregada de maneira correta. O ideal segundo os fabricantes é que leve a mochila de rodinhas à frente do corpo e não puxando ela atrás do corpo. Figura 13 : Mochila da carrinho. Fonte: Mochila (2006) 2.4 Lei da mochila Hoje em dia muitas crianças estão apresentando problemas no sistema músculoesquelético principalmente na coluna vertebral, e como já foi mencionado nos itens acima um dos fatores agravante é a carga excessiva que os mesmos transportam em sua mochilas escolares. Este tipo de preocupação passou a ser não só dos profissionais da saúde mas também dos governantes ou seja, de políticos que lesgislam nosso país. Contudo os mesmos elaboram uma lei dispondo sobre o peso máximo tolerável do material escolar a ser transportado, cada estado possui sua própria lei sendo que descreverei apenas a do estado de Santa Catarina os outro apenas serão citados como por exemplo: Rio Grande do Sul rege a lei nº 42/48, 1998; no Rio de Janeiro lei de nº 2772 de 25 de Agosto de 1997 entre outros como o município de Santos também preocupado com esta situação elaborou a lei de nº 2.084 de 17 de Fevereiro de 2003; a de Santa Catarina rege a lei de nº 10.759 de 16 de Junho de 1998, onde diz que: Art. 1º O peso máximo total do material escolar transportado diariamente por alunos do pré- escolar e 1º grau em mochilas, pastas e similares não poderá ultrapassar: I - 5% do peso da criança do pré-escolar; II - 10% do peso do aluno do 1º grau. Art. 2º Caberá à escola, através de seus coordenadores, a definição do material escolar a ser transportado diariamente. Art. 3º O material que exceder o peso máximo permitido deverá ficar guardado em armários fechados individuais ou coletivos. § 1º No caso dos armários coletivos será designado pela escola um responsável pela abertura do mesmo no início das aulas, e seu fechamento ao final das mesmas. § 2º Não poderá ser feito nenhum tipo de cobrança pela guarda do material. Art. 4º O desrespeito ao limites de peso previsto nesta Lei implicará na atribuição das seguintes penalidades à escola transgressora: I - advertência; II - multa de 40 UFIR's por aluno com excesso de material escolar. Parágrafo único. No caso dos estabelecimentos públicos de ensino, a multa poderá ser substituída por punição ao coordenador responsável e à direção da escola nos termos do Estatuto dos Servidores Públicos Civis. Art. 5º É obrigatória a afixação das normas contidas nesta Lei em local visível aos alunos, pais e docentes. Art. 6º A execução da presente Lei fica a cargo da Secretaria de Estado da Educação e do Desporto. Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário. 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA Este capítulo descreve o delineamento da pesquisa que, segundo Gil (1995, p. 70), refere-se ao planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla, ou seja, neste momento, o investigador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se o tipo de estudo, a população, os instrumentos e os procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados. 3.1 Tipo de pesquisa Trata-se de uma pesquisa descritiva, a qual segundo Rauen (1999, p.25) “[..] objetiva conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la. Ela se interessa em descobrir a realidade e observar os fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. Além disto, ela pode se interessar pelas relações entre variáveis, e desta forma, aproxima-se das pesquisas experimentais.” 3.1.1 Classificação quanto à abordagem “A pesquisa quantitativa é aquela que, utilizando instrumentos de coleta de informações numéricas, medidas ou contadas, aplicados a uma amostra representativa de um universo a ser pesquisado, fornece resultados numéricos, probabilísticos e estatísticos” (ALMEIDA; RIBES, 2000, p. 98). A presente pesquisa terá uma abordagem quantitativa pois a mesma, pretende mensurar quantos escolares estão ou não dentro da Lei das Mochilas, e ainda representá-los em gráficos. 3.2 População/amostra A população do estudo foi formado por escolares da 4a série do ensino fundamental, tendo uma amostra de 32 alunos ,compreendendo a faixa etária entre 9 e 11 anos de idade, da 4a série do ensino fundamental de uma escola privada do município de Tubarão/SC. Esta foi população foi escolhida porque o professor da disciplina de Educação Física desta turma fazia parte do Projeto Fisioterapia na Escola da Unisul, e indicou a mesma para a realização desta pesquisa. 3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados A coleta de dados se deu através da utilização de uma balança da marca Filizola para a pesagem da massa corporal e também do material escolar, bem como ficha de identificação elaborado pelo próprio autor que segue em apêndice para identificar os tipos de mochilas e dados pessoais dos escolares. Figura 14: Balança Filizola utilizada para pesar os escolares e as mochilas. 3.4 Procedimentos utilizados para a coleta de dados Primeiramente foi esclarecido aos alunos e professores da escola o objetivo da pesquisa, após serem informados e voluntariamente concordarem com os objetivos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que segue em anexo A utilizado no projeto de extensão “Fisioterapia na Escola” e o Termo de Consentimento para fotografias em anexo B. Posteriormente o que foi colocado acima, foram pesadas as mochilas e a massa corporal de cada aluno no próprio colégio, em horário previamente agendado com o professor responsável da turma. A pesagem da massa corporal e das mochilas foi realizada em um único dia, e posteriormente foi realizada a análise e interpretação dos dados. Figura 15: Pesagem dos escolares. Figura 16: Pesagem das mochilas escolares. 3.5 Procedimentos para análise e interpretação dos dados O peso corporal em relação ao peso da mochila escolar foram analisados e interpretados através de gráficos e ainda em um programa de Software STATDISK, afim de verificar se os alunos estavam dentro do percentual previsto na Lei. 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS Neste capítulo serão apresentados e discutidos os dados, conforme observado durante a pesquisa. 4.1 Resultados 80% 70% ACIMA DA LEI 69,57% (16) 60% 50% DE ACORDO COM A LEI 30,43% (7) 40% 30% 20% 10% 0% 1 Gráfico 1: Análise percentual dos escolares que estavam de acordo ou não com a lei prevista. A amostra da pesquisa foi composta por 32 alunos da 4a série do ensino fundamental de uma escola privada de Tubarão/SC. Dos 23 alunos que utilizam mochila com uma ou duas alças, 7 (30,43%) transportam de acordo com a referida lei, porém 16 (69,57%) carregam o material acima do peso máximo previsto, conforme apresentados no gráfico 1. De acordo com Bego (2006), carregar muito peso “todo santo dia” é um perigo para o esqueleto em pleno crescimento. Desvios posturais como, hiperlordose, hipercifose e/ou escoliose, são o que o estudante pode ganhar com isso. A musculatura que sustenta a coluna agüenta até uma determinada carga (em geral 10% do peso corporal), se passar disso, as conseqüências serão: cansaço físico, comprometimento da postura e lesões. Segundo Schettino (2005), o peso exagerado das mochilas escolares gera uma sobrecarga mecânica no corpo dos estudantes. O material muito pesado leva a criança a fazer um esforço além do que ela poderia suportar, o que pode trazer transtornos como estresse muscular e dores. Para Moral, Sánchez e Marín (2006), no transporte de carga os músculos se vêem obrigados a uma série e ajustes posturais, que exigem contrações isométricas que, se repetem ou se mantém no tempo, ocasionando distúrbios circulatórios e químicos a nível intramuscular que terminarão por ocasionar as chamadas contraturas. Outro aspecto a ser observado é a modificação da postura que meninos e meninas realizam para compensar as cargas da mochila. Ao efetuar essa manobra se desloca mais adiante, aumentando a lordose fisiológica, acrescentando por sua vez o ângulo sacro alterado. Esta modificação estresse no deslizamento das vértebras L5-S1. Os discos vertebrais se comprimem também quando se permanece em pé, em razão da gravidade. Se a posição for acompanhada com cargas, especialmente assimétricas trabalhos que exijam rotação da coluna, condução, sustentação ou elevação de peso acima da cabeça-, ocorre uma forte pressão nos discos. E essa pressão pode ser aumentada mais ainda se os indivíduos apresentarem um quadro com desvios e/ou encurtamentos, (ACHOUR JUNIOR, 2004, p.71). PESO CORPORAL/ PESO MOCHILA 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 SUJEITOS DE PESQUISA 10% PESO CORPORAL PESO DA MOCHILA Gráfico 2: Análise do 10% peso corporal em relação ao peso da mochila de cada sujeito. No gráfico 2 podemos analisar o 10% do peso corporal de cada sujeito da pesquisa em ralação ao peso da mochila escolar dos mesmos. Um dos fatores importantes é saber por quanto tempo estes escolares que estão acima do peso permitido pela lei carregam as mochilas, pois mesmo um aluno que carrega pouco peso, porém por muito tempo pode ter alterações iguais aquele escolar que transporta o material escolar além do previsto pela lei. Lovato e Silva (2004) relatam que os problemas de deformidades na postura são causados por inúmeros fatores, mas sem dúvida alguma o peso das mochilas é um fator extremamente evidente. Os mesmos acrescentam que a fase mais crítica é no período em que a criança está na fase de maior crescimento, quando dizemos que ela “esticou”. Ela ainda ressalta que o agravante é o ato repetitivo, uma vez que a criança carrega o material cinco vezes por semana, ao longo de muitos anos. Os autores acima lembram que o peso excessivo da mochila faz com que a criança ou adolescente incline seu corpo para o lado ou para frente. As conseqüências vão desde uma escoliose – inclinação lateral da coluna; hiperlordose – aumento da curvatura lombar (concavidade localizada na região da cintura) e hipercifose – aumento da curvatura localizada na região dorsal (corcunda). Da mesma forma, afirma Bardini (2006) que “[...] o esforço excessivo nas costas pode ocasionar o desvio postural, levando a doenças como a escoliose ou sobrecarga ou desgaste de disco lombar”. 70% 59,37% 60% 50% 40% 28,13% 30% 20% QUARTA SÉRIE 12,5% 10% 0% 1 ALÇAS 2 ALÇAS RODAS Gráfico 3: Tipos de mochilas. No gráfico 3 estão representados os tipos de mochila dos 32 escolares, sendo que dentre eles , 4 (12,5%) alunos tem mochila com uma alça, 19 (59,37%) possuem mochilas com duas alças e 9 (28,13%) com rodas. A criança sempre carrega a mochila ou os materiais de um lado apenas, sobrecarregando o lado oposto. Mesmo estando nas costas, se muito pesada, a mochila projeta o corpo para frente e o centro de gravidade muda de lugar, forçando algum ponto da coluna que não suporta peso, (LOVATO; SILVA, 2004). De acordo com os mesmos, as malas com rodinhas poderiam ser a alternativa, mas também possuem agravantes. O primeiro é quanto ao tamanho do cabo, que precisa ser adequado ao tamanho da criança. Depois, esbarra-se com problemas estruturais, como calçadas desniveladas, buracos, escadas, fazendo com que nesses casos a mochila, ou a pasta escolar, mesmo com rodinhas, sejam levadas nas costas. No transporte de cargas é conveniente transportar a carga em linha vertical próxima do centro de gravidade do corpo. Assim, o trabalho, de balanceamento é reduzido e as exigências musculares de natureza estática diminuídas. Por isso o transporte de uma carga com uma canga ou cinta entorno do ombro, é uma forma fisiológica conveniente. Menos interessante é o carregamento da carga em frente ao corpo, porque através disto inúmeros músculos do abdômen são sobrecarregados estaticamente, (GRANDJEAN, 1998). O transporte de objetos pesados deverá ser evitado ao máximo, prevenindo sempre uma sobrecarga. Como alternativa podem se empregar carrinhos, sendo preferível empurrálos a arrastá-los, já que o arrastar provoca uma hiperlordose a qual se acrescenta um componente rotatório pelo fato de se utilizar uma das mãos. Também quando a utilização de sacolas ou bolsas de mão será recomendada sua substituição por mochilas ou pastas, (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). Núñez e Vasquez (1988 apud MANGUEIRA, 2004), em estudo com 2000 escolares observaram que 99% deles conduziam seu material numa pasta e apenas 1% em mochila, que, de acordo com os autores seria o mais correto. Deve-se conscientizar o indivíduo da necessidade de suprimir todas as cargas suportadas das quais não estava absolutamente consciente de suas implicações, e no caso em que seja obrigado a carregar peso, recomenda-se dividi-lo entre os dois braços, em casos, por exemplo, de sacolas de bolsa de mão, (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). Não foram discriminados as alterações posturais da população desta pesquisa, mas, segundo LEITE (2005), que a hipercifose e a escoliose são as alterações mais comum encontradas como deformidades na coluna vertebral além de dores nas costas do referido sistema diante do excesso de peso pelo material escolar. De acordo com o mesmo autor dados da Organização Mundial de Saúde indicam que 85% das pessoas têm, tiveram ou terão um dia dores nas costas provocadas por problemas de coluna. Crianças e adolescentes em fase de crescimento permanecem em grande parte de seu tempo realizando atividades em posição estática sentadas por longos períodos, seja na sala de aula, em atividades e em casa. Posturas inadequadas durante períodos prolongados de tempo, quando não corrigidas, podem-se tornar-se maus hábitos, levando o indivíduo eventualmente ao desenvolvimento de alterações posturais, (SÁ; LIMA, 2003). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da análise dos resultados obtidos na pesquisa, pode-se concluir que a maioria dos escolares estava acima da lei prevista pelo ministério público de Santa Catarina, porém esta lei tem que ser revista, pois estes escolares além de possuir peso diferente, eles possuem altura diferente apesar da faixa etária ser praticamente a mesma. Com as aulas recomeçando, é hora dos pais começarem a se preocupar com o peso das mochilas. Nesta pesquisa evidenciou-se que o excesso de material escolar leva apresenta alterações posturais, criando condições de prejuízos significativos ao sistema músculoesquelético. De acordo com dados obtidos nota-se que a maioria dos escolares não conhece a lei e também, por conseguinte nem seus pais, e que a escola em estudo não se interessa muito por esta legislação, a qual se preocupa com a saúde de seus alunos. Para tentar evidenciar a lei que prevê o peso máximo do material escolar transportado por cada aluno, faz-se necessário medidas preventivas como por exemplo a realização de palestras para alunos, pais, professores no início de cada ano letivo, no que se diz respeito a este assunto, além de conscientizar a escola adotar o uso de armários escolares para incentivar estes alunos transportarem somente o necessário diariamente e ainda uma outra medida talvez seria refazer a parte didática para que os mesmos passem a transportar menos peso. Considera-se que para os fisioterapeutas a escola seja o local ideal para iniciar o trabalho de prevenção e evidenciar a atuação da fisioterapia nesta área, onde ainda poucos profissionais não conseguem implantar-se, pois apenas no papel de reabilitação eles não serão reconhecidos. Assim, é essencial que esta prática possa se estender além das experiências acadêmicas, já que o mercado de trabalho exige cada vez mais profissionais com atuação nos três níveis de atenção à saúde da população. REFERÊNCIAS ACHOUR JÚNIOR, A. Bases para exercícios de alongamento: relacionado com a saúde e no desempenho atlético. Landline: Ideograph, 1996. ADAMS, J. C.; HAMBLEN, D.L. Manual de ortopedia. 11. ed. São Paulo: Artes Médicas, 1994. ALMEIDA, T.L.; RIBES, L. Pesquisa quantitativa ou qualitativa: adjetivação necessária. Organizado por Ernani Lampert. Porto Alegre: Sulina, 2000. BARDINI, J. Mochila pesada. Disponíveel em: <http:www.santacasasjc.com.br/noticias.php?sid=71> Acesso em: 17 maio 2006. 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Biomecânica da lesão musculoesquelética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. APÊNDICE FICHA DE IDENTIFICAÇÃO FICHA DE IDENTIFICAÇÃO NOME:_______________________________________________ SEXO:___________ IDADE:___________________ SÉRIE__________ TURNO:____________________ PESO:____________________ ESTATURA:__________________________________ DATA: ______/________/________ TIPO DE MOCHILA a) Mochila de uma alça ( ) somente material escolar (inclui penal) ( ) além do material b) Mochila com duas alças ( ) somente material escolar (inclui penal) ( ) além do material c) Mochila de rodas ( ) somente material escolar (inclui penal) ( ) além do material d) Pastas, fichário ou Outro(s) _____________________ ( ) somente material escolar (inclui penal) ( ) além do material Estagiário Professor responsável ANEXOS ANEXO A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Observação: Em caso de pessoas legalmente não autônomas ou com capacidade de decisão diminuída, este termo de consentimento deve ser assinado pelo seu responsável legal. Projeto de Extensão Fisioterapia na Escola Gostaria de obter todas as informações sobre este estudo: a- tempo que terei de ficar disponível; b- quantas sessões serão necessárias (com dia e horário previamente marcados); c- detalhes sobre todos os procedimentos; d- local onde será realizado; e- equipamentos ou instrumentos que serão utilizados; f- se preciso vestir alguma roupa ou sapato apropriado; g- quaisquer outras informações sobre o procedimento do estudo a ser realizado em mim. a- Aproximadamente 10 minutos. b- Será necessária apenas uma avaliação para registro do peso corporal, estatura e peso da mochila escolar, em horário previamente agendado com a professora da turma. c- Inicialmente é preciso responder a uma ficha com dados de identificação. Em seguida, sem o calçado, subir na balança para verificação do peso corporal e da estatura. Pesar a mochila completa e depois apenas com material didático. d- A avaliação será realizada no Colégio São José. e- Serão utilizados os seguintes instrumentos: balança com medidor de altura e máquina fotográfica digital. f- A roupa utilizada para a avaliação é o uniforme escolar, porém sem o calçado. g- A professora responsável pela avaliação estará presente para responder todos os questionamentos. Quais as medidas a serem obtidas? Quais os riscos e desconfortos que podem ocorrer? Quais os meus benefícios e vantagens em fazer parte deste estudo? Peso e altura do aluno e peso da mochila escolar. Esta avaliação não oferece risco à saúde nem desconforto. O aluno irá saber o seu peso corporal, sua estatura e o peso da mochila escolar que transporta para a escola. Quais as pessoas que estarão me Professora e estagiários do Projeto de Extensão acompanhando durante os Fisioterapia na Escola do Curso de Fisioterapia procedimentos práticos deste estudo? da UNISUL, bem como o professor de Educação Física da escola. Existe algum questionário que preciso preencher? Sou obrigado a responder a Apenas a ficha de identificação antes da todas as perguntas? avaliação. É importante responder para o cadastro da turma. Existe algum registro fotográfico? Sou Sim, apenas para registrar a avaliação realizada. obrigado a participar? PESSOA PARA CONTATO: NÚMERO DO TELEFONE: (48) 9113-3444 Profª Rita Teodoroski ENDEREÇO: (pesquisador responsável) [email protected] TERMO DE ESCLARECIMENTO Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a respeito de meu filho(a) serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições serão feitas em meu filho(a) ____________________________________________________. Declaro que fui informado que posso retirar meu filho(a) do estudo a qualquer momento. Nome por extenso (pais ou responsável): RG: Local e Data: Assinatura: TERMO DE CONSENTIMENTO Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que concordo que os dados coletados durante a mesma sejam utilizados para fins de divulgação no meio científico (congresso, publicação em revistas, etc.). Assinatura: Adaptado de: (1) South Sheffield Ethics Committee, Sheffield Health Authority, UK; (2) Comitê de Ética em pesquisa - CEFID - Udesc, Florianópolis, BR. ANEXO B TERMO DE CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIA UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS Eu _____________________________________________________________ pai (mãe) do aluno(a) _________________________________________________, autorizo que o grupo de pesquisadores relacionados abaixo obtenha fotografia de meu filho(a) para fins de pesquisa científica, médica e/ou educacional. Eu concordo que o material e informações obtidas relacionadas ao trabalho em anexo possam ser publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos científicos. Porém, a criança não será identificada, tanto quanto possível, por nome ou qualquer outra forma. As fotografias ficarão sob a propriedade do grupo de pesquisadores pertinentes ao estudo e sob sua guarda. Nome dos pais ou responsáveis: ______________________________________________ RG: ______________________________________________ Endereço: ______________________________________________ Assinatura: ______________________________________________ Equipe de pesquisadores: - Profª MSc. Rita de Cassia Clark Teodoroski - Coordenadora do Projeto de Extensão Fisioterapia na Escola do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Campus Tubarão; - Estagiários do referido Projeto. Local e data onde será realizado o estudo: Local: Colégio São José. Data: horário previamente agendado com a professora da turma. Adaptado de: Hospital de Clínicas de Porto Alegre / UFRGS