Andréia Viana
Bárbara Lima
Laiss Bertola
Rafaela Teixeira
Suicídio

O comportamento suicida pode ser entendido como todo
ato pelo qual o indivíduo causa lesão a si mesmo,
qualquer que seja o grau de intenção letal e de
conhecimento do verdadeiro motivo desse ato.
(Werlang e Botega, 2004)

Esta noção permite conceber o comportamento suicida
como um continuum que inicia com pensamentos de
autodestruição, passa das ameaças e gestos às
tentativas de suicídio e, finalmente, consuma o ato
suicida.

É compreendido hoje como um transtorno
multidimensional, que resulta de uma interação
complexa entre fatores ambientais, sociais,
fisiológicos, genéticos e biológicos.

Independente do ponto de vista pelo qual é
analisado, o comportamento suicida contempla uma
dimensão central relacionada ao sofrimento.

Não é somente uma tragédia no âmbito pessoal, é
também um sério problema de saúde publica.

Em média um único suicídio afeta pelo menos outras
seis pessoas. E se cometido em uma escola ou local
de trabalho, tem impacto em centenas de pessoas.

Em termos globais, a mortalidade por suicídio aumentou
60% nos últimos 45 anos.

900.000 pessoas cometeram suicídio em 2003. E
atualmente estima-se um valor mais próximo a 1 milhão.

Uma morte a cada 40 segundos.

Problemas com sub-registro desse tipo de morte e falta
de uniformidade nos processos de notificação.

Estima-se que as tentativas de suicídio sejam pelo
menos 10 vezes mais freqüentes do que os suicídios
consumados.

Está entre as 10 causas mais freqüentes de morte na
população geral, e entre as duas ou três causas mais
freqüentes em adolescentes e adultos jovens.

Mundo: 16 / 100.000 habitantes

Brasil: 4,9 / 100.000 habitantes

País com baixa taxa de suicídio. No entanto, como se
trata de um país populoso, está entre os dez países
com maiores números absolutos de suicídio.

Em 2004: 7.987 (9ª posição)
Suicídio e Transtornos Mentais
Idade

Mundo: 3ª maior causa de morte entre 15 e 44
anos. Com aumento dos jovens como grupo de
risco

Brasil: crescimento de 35,3% na taxa de
mortalidade por suicídio entre jovens de 15 a 24
anos.

Adolescentes a Jovens adultos e Idosos.
Sexo

Mundo: homens cometem mais suicídio que
mulheres
Brasil:
Homens: 6,6 / 100.000
Mulheres: 1,8 / 100.000
(3 homens para cada mulher)


Mulheres cometem mais tentativas
Métodos
Estado Marital

Solteiros, viúvos ou divorciado.
Ocupação

Veterinários, farmacêuticos, dentistas, médicos e
fazendeiros.
Migração

Imigrantes.
Fatores de Risco









Transtornos mentais (ex: depressão e alcoolismo)
Perdas recentes
Perdas de figuras parentais na infância
Dinâmica familiar conturbada
Personalidade com fortes traços de impulsividade e
agressividade
Certas situações clínicas (ex: doenças terminais, HIV)
Ter acesso fácil a meios letais
Tentativas prévias de suicídio
Ex: sexo masculino, entre 15 e 35 anos ou acima de 75,
extratos econômicos extremos, residentes em áreas urbanas,
desempregados, aposentados, ateus, solteiros ou separados,
migrantes.
Fatores de Proteção








Bons vínculos afetivos
Sensação de estar integrado a um grupo ou
comunidade
Religiosidade
Estar casado ou com companheiro fixo
Ter filhos pequenos
Visão mais otimista da vida
Mulheres: gravidez e maternidade parecem
auxiliar.
Homens: ter uma ocupação, estar empregado,
sentindo-se produtivo
Suicídio entre adolescentes de
Minas Gerais

Belo Horizonte: em 16 anos (1979 a 1995) a taxa de
mortalidade por suicídio aumentou 58,1%, passando
de 4,3 para 6,8 / 100.000 habitantes.

Entre 2000 e 2004 foi detectada um aumento de
47,5% nas taxas de mortalidade por suicídio nos
jovens de 15 a 24 anos.

Problemas de notificação mais acentuados.

Fatores de risco e de proteção

Sexo

“Toda tentativa de suicídio, em especial de um
adolescente, é dirigida a alguém e expressa uma
necessidade de afeto, de amor, de ser ouvido e
reconhecido como pessoa”.
(Abasse et. al.)

Entre 1998 e 2003 o número de internações pelo
SUS decorrentes de tentativa de suicídio foi de
14.443, das quais 55,4% eram do sexo masculino e
44,6% do sexo feminino.

Faixa etária dos 10 aos 19 anos = 16,2% do total das
internações.

Sendo que o sexo feminino apresentou taxas superiores
tanto entre os 10 aos 14 anos e do 15 aos 19 anos.

Métodos: auto-intoxicação e uso de objeto cortante e
perfurante

De 1980 a 2002, ocorreram 1.253 causas de morte por
suicídio na faixa etária de 10 a 19 anos.

Baixa taxa de suicídio (inferior a 5 / 100.000)
Suicídio e a relação com a
genética:

Componente genético como um fator importante
para a pré-disposição

Relacionam-se com a modulação através do
aumento da manifestação do comportamento
impulsivo e impulsivo-agressivo

Relação com a atividade serotoninérgica e o
comportamento impulsivo e auto-agressivo
Suicídio e Transtornos da
Personalidade:
Pesquisas mostram que o comportamento suicida
está muito relacionado ao comportamento impulsivo
e impulsivo-agressivo. De fato, mais do que a metade
dos casos que cometem suicídio preenchem critérios
diagnósticos para transtornos da personalidade do
grupo B, principalmente transtorno da personalidade
borderline e anti-social, dois quadros caracterizados
pela importante presença de traços impulsivos e
agressivos.
Transtorno da Personalidade
Narcisista:





Pessoas que se sentem superiores e não suportam
avaliação social negativa
Sempre esperam uma maior valorização por parte
das outras pessoas
Costumam ter problemas existenciais
Enfrentam de forma mais sever a chegada da "crise
da meia idade"
Se frustram facilmente
O padrão de comportamento dos narcisistas pode
levá-los a situações como o abuso de álcool ou outras
substâncias psicoativas e a um quadro depressivo
maior
Transtorno da Personalidade
Borderline:






Possuem um modo imprevisível de agir
Não consideram as conseqüências futuras de seus
atos
Têm baixo controle sobre o comportamento
impulsivo
Tendência a adotar comportamentos autodestrutivos
Estabelecem relações interpessoais muito instáveis
Experienciam sentimentos de vazio combinados com
instabilidade de humor



Medo do abandono pode levar a ações
impulsivas e esforços frenéticos
Muito comum o abuso de substancias
psicoativas
Co-morbidade com transtornos do humor
Alguns atos auto-destrutivos praticados pelos
portadores desse transtorno: bater-se, cortar,
arranhar, queimar-se, abusar de medicamentos,
se expor à situações perigosas.
Transtorno da Personalidade
Esquiva:
Desejam a interação social, mas temem a avaliação
negativa, a humilhação e a rejeição
 Experimentam um maior grau de sofrimento
psicológico
 Se consideram inaptos socialmente e inferiores.
pessoas desprezíveis
 Têm uma imagem problemática de si mesmos
 Baixa auto-estima

Preocupam-se excessivamente com o que os outros
pensam dele
 Apresentam oscilações do humor
 Sentimentos de vazio, despersonalização, solidão e
tristeza

Esses indivíduos podem desenvolver um quadro
depressivo o que é um dos fatores que contribui
para o aparecimento da ideação e do
comportamento suicida. A falta de apoio familiar
pode ser decisiva para uma menor ansiedade,
tensão crônica e desenvolvimento de depressão
Transtorno de Personalidade
Histriônica:

As
pessoas
com
esse
transtorno
buscam
constantemente ser o centro das atenções. Para
atingirem esse objetivo se portam de maneira a
sempre
agradar
os
demais
e
apresentam
comportamentos inadequados, e uma aparência
encantadora e sedutora.

São muito sensíveis a rejeição.

Podemos ver a tentativa de suicídio como uma forma
de chamar a atenção e não como uma finalidade de
realmente se matar, atingir êxito na tentativa. A
tentativa também pode estar relacionada com a
impulsividade.
Transtorno de Personalidade
Anti-social:
As pessoas com TPAS caracterizam-se por buscar
ativamente o reforço por meio de sua realização
pessoal.
 É um tipo de personalidade agressiva.
 Apresentam comportamento impulsivo.
 Desprezo as normas sociais.
 Não são capazes de fazer planos a longo prazo.
 Necessidade de controlar o ambiente.


A tentativa de suicídio em quem apresenta
esse transtorno se relaciona com o
comportamento
agressivo
e
com
a
impulsividade, incapacidade de planejar seus
comportamentos a longo prazo e de não
analisar as conseqüências de seus atos.

Segundo Dalgalarrondo há maior risco de
comportamento suicida em pessoas com as
seguintes
características:
pessoa
fria,
insensível, irresponsável, que não sente
remorso, agressiva, que mente de forma
recorrente e que se aproveita dos outros.
Prevenção do comportamento
suicida

OMS – Prevenção do Suicídio: Um
Manual para Médicos Clínicos Gerais

Brasil – Diretrizes Brasileiras para um
Plano Nacional de Prevenção do
Suicídio

Prevenção do Suicídio – Manual dirigido a
profissionais das equipes de saúde mental
Aspectos psicológicos no suicídio
Características
Ambivalência: Muitas vezes aqueles que tentam o
suicídio querem alcançar a morte mas também viver.
Impulsividade: O impulso de cometer o suicídio pode
ser transitório e durar alguns minutos ou horas.
Normalmente é desencadeado por eventos negativos
do dia-a-dia.
Rigidez / Constrição: A consciência da pessoa funciona
de forma dicotômica, tudo ou nada. Pensam no
suicídio como a única maneira de sair do problema.
Sentimentos de quem pensa se
matar
Quando perguntar sobre o suicídio

Quando você percebe que a pessoa tem o
sentimento de estar sendo compreendida.

Quando a pessoa está confortável falando de seus
sentimentos.

Quando a pessoa está falando de sentimentos
negativos de solidão, desamparo.
Formas de chegar ao assunto
suicídio
Perguntar:





Você se sente triste?
Você sente-se desesperado?
Você sente que ninguém se preocupa com você?
Você sente que a vida não vale mais a pena ser
vivida?
Já pensou que seria melhor estar morto ou tem
vontade de morrer?
Perguntas que ajudam a
quantificar o risco
Forma de lidar com o paciente

Paciente de baixo risco:
Aquele já teve alguns pensamentos suicidas
mas não fez nenhum plano.
- Oferecer apoio emocional.
- Trabalhar os sentimentos suicidas.
- Focalizar os aspectos positivos da pessoa.
- Encontrar a pessoa em intervalos regulares até
que ela receba tratamento adequado.

Paciente de médio risco:
A pessoa tem pensamentos e planos, mas não
tem planos de cometer suicídio imediatamente.
- Focalizar os sentimentos de ambivalência.
- Explorar alternativas ao suicídio.
- Elaborar um contrato com o paciente.
- Encaminhar a um psiquiatra.
- Entrar em contato com a família, amigos e orientá-los
sobre medidas de prevenção ao suicídio.

Paciente de alto risco:
A pessoa tem um plano definido, tem os meios
para fazê-lo e planeja fazê-lo prontamente. Muitas
vezes já tomou algumas providências prévias e
parece estar se despedindo.
- Nunca deixar a pessoa sozinha.
- Fazer um contrato e tentar ganhar tempo.
- Encaminhar a um serviço psiquiátrico de urgência.
Indicação ao profissional de
saúde
O que fazer
O que não fazer
Trauma, dor e ato: o olhar da
psicanálise sobre uma
tentativa de suicídio
Mônica Macedo, Blanca Werlang
Referências

Abasse, M., Oliveira, R., Silva, T., Souza, E. (2009). Análise epidemiológica da mortalidade por
suicídio entre adolescentes em Minas Gerais, Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, 14(2), pp. 407-416.

Barlow, D. (2008). Psicopatologia – Uma abordagem integrada. São Paulo: Cengage Learning.

Botega, N., Werlang, B., Cais, C., Macedo, M. (2006). Prevenção do comportamento suicida.
PSICO, Porto Alegre, PUCRS, 37(3), pp. 213-220.

Caballo, V. (2008). Manual de Transtornos de Personalidade. São Paulo: Livraria Santos Editora.

Macedo, M., Werlang, B. (2007). Trauma, dor e ato: o olhar da psicanálise sobre uma tentativa de
suicídio. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 10(1), pp. 86-106.

Ministério da Saúde – Brasil (Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio), Organização PanAmericana da Saúde, Universidade Estadual de Campinas. Prevenção do suicídio: manual dirigido
a
profissionais
das
equipes
de
saúde
mental.
Disponível
em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_prevencao_suicidio_saude_mental.pdf

OMS. (2000). Prevenção do suicídio: Um Manual para Médicos Clínicos Gerais.

Prieto, D., Tavares, M. (2005). Fatores de risco para suicídio e tentativa de suicídio: incidência,
eventos estressores e transtornos mentais. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 54(2), pp. 146-154.

Tureki, G. (1999). O suicídio e sua relação com o comportamento impulsivo-agressivo. Revista
Brasileira de Psiquiatria, Genética, 21.
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