2 Cidades O Estado do Maranhão - São Luís, 7 de setembro de 2013 - sábado Ônibus são destruídos por usuários em paralisação surpresa de rodoviários Movimento aconteceu por volta das 16h de ontem, na Rua das Cajazeiras, e pegou de surpresa usuários; reação foi apedrejamento de coletivos e interdição de avenidas; motoristas e cobradores exigem reajustes que não foram pagos Fotos/Biné Morais Placa informativa de rua foi enfiada no para-brisa de coletivo do Cohatrac IV que estava parado na Rua das Cajazeiras Impedidos de seguir viagem no ônibus, usuários pegaram pedras e jogaram contra coletivos na Av. Alexandre Moura Jock Dean Da equipe de O Estado U ma paralisação de advertência feita por motoristas e cobradores na Rua das Cajazeiras, Centro, na tarde de ontem, terminou em vandalismo, após os usuários do sistema de transporte coletivo de São Luís decidirem fazer um protesto contra a manifestação dos rodoviários. A população interrompeu o tráfego nas avenidas Alexandre Moura, Kennedy e Senador João Pedro. Pelo menos 30 ônibus foram depredados, dos quais, quatro foram incendiados. Apenas por volta das 21h o trânsito foi liberado na área e as manifestações tiveram fim. Ninguém ficou ferido durante a manifestação. Por volta das 16h, motoristas e cobradores decidiram parar suas atividades em protesto contra a redução indevida em seus salários. Em maio deste ano, o vencimento dos rodoviários foi reajustado para R$ 1.298,57, no caso dos motoristas, R$ 759,28, para os cobradores, e R$ 779,20, os fiscais. Os salários dos meses de junho e julho foram pagos normalmente, mas o salário referente ao mês de agosto foi reduzido. "Eles calcularam nosso salário pelo valor antigo, R$ 1.177,00, e ainda descontaram o valor do reajuste", afirmou o motorista Alex Bruno Aragão, que trabalha na empresa Menino Jesus de Praga. Por causa da redução dos salários, eles decidiram paralisar as atividades na tarde de ontem, como uma advertência. Os coletivos ficaram estacionados na Rua das Cajazeiras, formando um longo engarrafamento que começava no Anel Viário. Com os veículos parados, os passageiros começaram a descer e seguir a pé em busca de outro tipo de transporte. "Eu estava no ônibus Cohama. Fiquei meia hora esperando eles saírem, mas desisti. Agora vou a pé para a Alemanha", disse Lucivaldo Pinheiro, vigilante. Apedrejamento - Por volta das 17h, um ônibus que opera a linha Santa Clara/João Paulo foi apedrejado por usuários do transporte coletivo revoltados com a paralisação. Houve discussão entre passageiros e rodoviários e os ânimos só se acalmaram após a chegada de uma viatura do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Após conversa com os policiais militares, os motoristas estacionaram os ônibus nas faixas laterais da Rua das Cajazeiras, deixando o corredor central livre para que os demais veículos pudessem trafegar e o trânsito não ficasse paralisado. O mesmo veículo voltou a ser alvo de pedradas várias vezes e, por volta das 18h, os usuários do transporte coletivo que haviam ficado a pé por causa da paralisação decidiram interditar as duas pistas da Avenida Alexandre Moura. Colocando pedras ao longo da via, Revoltados com a paralização dos ônibus, usuários interditaram a Av. Alexandre Moura e impediram passagem de carros Ônibus foi incendiado por usuários revoltados com a paralisação Longa fila de ônibus se formou ao longo da Avenida das Cajazeiras durante cerca de cinco horas de paralisação Mais Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão (Sttrema), a paralisação de motoristas e cobradores não tem apoio da entidade. Dorival Silva, presidente do Sttrema, informou que está prevista uma assembleia geral com a categoria na segunda-feira, dia 9, na qual os trabalhadores deliberarão sobre as providências que serão tomadas, pois os funcionários reclamam que o salário referente ao mês de agosto foi pago sem o reajuste que foi dado para categoria no início do ano. eles impediram que outros veículos seguissem caminho. Um condutor tentou argumentar com as pessoas, mas foi ameaçado de ter o carro apedrejado se insistisse em furar o bloqueio. Apenas ambulâncias tiveram o tráfego liberado, enquanto eles exigiam que os motoristas de ônibus retomassem as viagens. Manifestação de usuários Os usuários de ônibus alegavam que estavam revoltados com o fato de os rodoviários não terem avisado que paralisariam suas atividades, por isso, já que estavam sem o direito de ir e vir, protestavam para chamar a atenção das autoridades para os problemas enfrentados por quem depende Já o superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), Luís Cláudio Siqueira, informou que o sindicato patronal não recebeu nenhuma notificação relacionada com a paralisação de ontem e que os empresários foram pegos de surpresa com o ato de motoristas e cobradores. Já a superintendente de Trânsito da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), Cyntia Fonseca, declarou que o órgão municipal também não foi notificado sobre a paralisação dos rodoviários ocorrida ontem. de ônibus na capital. "Ninguém aqui é contra a manifestação dos motoristas, mas eles poderiam ter avisado com antecedência. A gente teria voltado para casa mais cedo. Nós não temos culpa se eles não receberam salário este mês. Eu moro no Anjo da Guarda e agora não tenho como voltar para casa", reclamou Elias Rabelo Campelo. Uma viatura do Batalhão de Choque (BPChoque) chegou ao local para tentar resolver a situação, mas os três oficiais ficaram esperando reforço chegar para poder dispersar os manifestantes. Muitos condutores, para fugir da obstrução do tráfego, estavam voltando do meio do caminho e desviando pela Rua Raimun- do Vieira da Silva e avenidas Senador João Pedro e Kennedy, que também foram fechadas pelos usuários do sistema de transporte coletivo revoltados. Os PMs tentaram convencer os manifestantes a liberar o tráfego, mas não obtiveram êxito. Com o aumento do clima de tensão, já por volta de 19h, um ônibus da linha Cohatrac/Rodoviária que estava estacionado no cruzamento da Avenida Alexandre Moura com a Kennedy foi apedrejado por um grupo de pessoas que, em seguida, subiu correndo pela Rua das Cajazeiras atirando pedras contra os veículos estacionados ao longo da via, além de atingi-los com chutes e objetos encontrados ao longo do caminho. Homem chuta ônibus da Primor parado na Rua das Cajazeiras Trinta carros - Pelo menos 30 veículos foram alvejados com pedras por um grupo de manifestantes mascarados. Enquanto atiravam pedras e outros objetos contra os coletivos, eles incitavam mais pessoas a fazerem o mesmo. Boa parte dos veículos atingidos ficou com os vidros destruídos. Um veículo da linha Cohatrac IV teve uma placa indicadora de nomes de rua enfiada contra o vidro dianteiro do coletivo. Em quatro deles, os manifestantes jogaram álcool e atiaram fogo, que só não se alastrou porque um grupo de pessoas pegou extintores de incêndio para controlar as chamas. Fim - Somente após a onda de vandalismo ter acabado e dezenas de coletivos terem sido depredados, por volta das 20h, um grupo com cerca de 10 policiais militares chegou para fazer vistoria na Rua das Cajazeiras. Um homem suspeito de ter participado dos atos de vandalismo foi detido para averiguação. Por volta das 21h as duas manifestações chegaram ao fim e o tráfego foi totalmente liberado na área. Os motoristas ainda tentaram impedir que os passageiros voltassem para os coletivos, mas foram orientados pelos PMs a terminarem as viagens que haviam sido interrompidas no meio da tarde.