Por volta de 93/94, os irmãos Alexandre e Frederico liam Nietzsche,
escutavam muita música e escreviam letras e poesias. Às vezes passavam o
dia todo em seus quartos lendo e escutando os discos de vinil de seu Pai:
Led Zeppelin, Deep Purple, Rolling Stones, Ten Years After, Jimi Hendrix,
etc.
Certa vez, Xand viu uma poesia de Fred jogada no chão, percebeu logo que
aquilo dava uma letra de música. Decidiram então formar uma banda.
Fred arrumou um violão e começou a tirar os primeiros acordes. Autodidata,
comprava aquelas revistinhas em bancas de jornal e ia tirando as músicas.
Fred ensinava Alexandre a fazer o baixo num violão todo quebrado de uma
corda só. O difícil era conseguir afiná-lo, pois era literalmente quebrado.
O baterista na época era um amigo do bairro onde moravam e a bateria era
toda improvisada. O bumbo era uma caixa de papelão, os pratos eram
tampas de panelas e a caixa, apenas uma lata de tinta.
O entusiasmo e a vontade de fazer um som eram tão grandes, que a falta de
instrumentos não tirava a satisfação e a alegria dos rapazes. Ensaiavam
todos os dias, ou melhor, faziam aquele barulho medonho todos os dias. Até
que resolveram trabalhar para comprar instrumentos de verdade.
Em uns cinco meses de trabalho conseguiram juntar o dinheiro necessário
para comprar uma guitarra, um baixo e dois amplificadores. Arrumaram um
novo baterista (esse com uma bateria de verdade), pois o primeiro batera já
estava bem desanimado com esse negócio de banda.
Leonardo, o irmão caçula, essa época tinha uns dez anos de idade e não
dava ainda para assumir a bateria. Fred passava as noites em claro tocando
guitarra. Segundo ele, havia um quadro do Hendrix em seu quarto, que lhe
dizia se seus solos estavam bem feitos ou não (xarope hein?). Tirava solos
de Alvin Lee, Jimi Hendrix, Jonny Winter, Eric Clapton, etc.
A pressão da família para que trabalhassem e continuassem estudando fez
com que os garotos fossem tentar ser músicos longe de casa. No final do
ano de 94, Xand e Fred pegaram um ônibus de Ribeirão Preto para São
Paulo. Chegando lá, não encontraram passagens para os lugares que
queriam ir. Só conseguiram passagens para Porto Seguro, mesmo assim
eram para dois dias depois. Como só tinham dinheiro para as passagens
ficaram dois dias na rodoviária de São Paulo esperando o ônibus. Dias nem
um pouco confortáveis!
Chegaram em Porto Seguro de mochila e instrumentos nas costas, pegaram
uma balsa e foram parar em Arraial d`Ajuda. Andaram o dia todo a procura
de lugar para fazerem um som, até que no final do dia encontraram um bar
que havia música ao vivo.
Sem nenhum trabalho em mãos para mostrar, os garotos tiveram que passar
por
um
teste.
O
dono
do
bar
disse:
- Aí, os meninos vem aqui hoje à noite e fazem um som, depois a gente
conversa!
À noite chegou e eles tocaram apenas as quatro músicas que tinham
ensaiado. Fizeram só guitarra e baixo, pois Fred tinha vergonha de cantar.
Após o "vasto" repertório, entrou em cena um músico contratado do bar, um
pianista francês formado em música. A química musical foi tanta que Fred e
o "Gringo" levaram o público ao delírio com seus solos e duetos belos e
eletrizantes.
Nesta noite, toda a animação e reconhecimento do público, fez com que se
concretizassem o objetivo e o sonho, ser músico.
Conseguiram pousada + almoço, e em troca, tocavam no bar todas as
noites. Bem melhor do que o primeiro cachê de suas vidas, que foi de R$
3,00 Reais (ficou p/ o baterista pagar o táxi). Um mês se passou na Bahia e
os rapazes voltaram para Ribeirão Preto.
Essa época eles perceberam muita influência de Blues nas bandas que
gostavam, começaram então a correr atrás. O amor pelo Blues foi imediato!
O Blues de Buddy Guy & Junior Wells, B.B. King, Magic Slim, Albert Collins,
Freddie King, Howlin Wolf, John Lee Hooker, Muddy Waters, Albert King,
Elmore James, Jimmy Reed, T- Bone Walker, Lightnin` Hopkins, Otis Rush e
muitos, muitos outros tomaram conta de seus corações e assim, passaram a
tocar o Blues.
Em junho de 95 voltaram para a Bahia, desta vez para morar. Lá
encontraram um baterista e um saxofonista, ambos Argentinos de Córdoba.
Ensaiaram e começaram a tocar pela região toda: Arraial d´Ajuda, Trancoso,
Porto Seguro, Itabela, Salvador, Caraíva.
De volta a Ribeirão Preto em 97, tocaram em vários bares e festas já com
outra formação. E em 98 depois de 6 bateristas passarem pela banda,
Leonardo, o caçula, assume a bateria definitivamente. Leonardo tinha
apenas dois meses de bateria, e já passou a tocar com a banda. Só a
satisfação de fazer um som entre irmãos já estava praticamente perfeito.
Desde 94 foram vários nomes:
94 – Pithecantropus
95 - Speed Blood Blues
96 - Fred Cão Campeiro
97 - Dogs on the Highway
98 - Sun Walk & The Dog Brothers (definitivo)
O nome artístico de Fred passou a ser Sun Walk. Depois de um sonho, ele
acordou com este nome na cabeça. Sonhou que estava andando de
madrugada pela rua com sua guitarra e quando achava um bar para tocar o
dia clareava e iluminava tudo que havia dentro do bar. E Dog Brothers
porque desde criança os irmãos tinham cachorros em casa, e também
julgam ter algo parecido com a cachorrada, fisicamente e espiritualmente!
(vai saber!!!)
Gravações realizadas:
95 - Primeira fita demo com 5 músicas
97 - CD demo com 9 músicas
99 - Primeiro CD Independente com 13 músicas, o "Blues Everyday" (que
vendeu até agora mais de 2000 cópias)
2001 - CD "ao vivo" no Ribeirão Blues Festival 2001
2001 - O segundo CD Independente "To Change The Things"
2004 – O terceiro CD “Blues to feel good”
Sun Walk & Dog Brothers possuem mais de 50 músicas próprias, todas
compostas por Fred Sun Walk. E de 98 para cá, eles continuam tocando
seus sons, e sempre continuarão!!!
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Por volta de 93/94, os irmãos Alexandre e Frederico